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28 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II Unidade II Como já foi dito anteriormente, a necessidade de aprimorar e adquirir novas práticas de ações nas organizações para vislumbrar a manutenção e o crescimento da sua produção e da fidelização dos clientes vem ao encontro dos processos e dos conceitos da qualidade, que vão dar possibilidades para que todo o processo ocorra. A motivação necessária para a melhoria da qualidade é decorrente da necessidade de prover valores e satisfação aos clientes. Toda organização deve ser consciente de que as práticas podem ser executadas com mais eficiência e eficácia, com isso, todos se beneficiam, desde os clientes, a organização, seus membros e a sociedade. A melhoria contínua da qualidade aumenta a capacidade dos membros da organização em contribuir, crescer e superar‑se. Essa busca incessante pela primazia da qualidade nem sempre é simples, devido à variedade e à complexidade dos elementos que estão presentes e devem ser considerados. É preciso ter um compromisso intenso no sentido do aprimoramento constante da competência profissional. Torna‑se necessário, portanto, sustentar esse esforço com técnicas que possam facilitar a análise e o processo de tomada de decisão. Nesse ambiente se enquadram as Ferramentas da Qualidade, como meio de facilitar o trabalho daqueles que são responsáveis pela condução de um processo de planejamento ou de análise e solução de problemas, visando à qualidade. Figura 9 – Caixa de ferramentas Um dos precursores das Ferramentas da Qualidade foi Walter Andrew Shewhart (1891‑1967), idealizador da técnica conhecida como PDCA (Plan, Do, Check, Act) ou traduzindo para o português: PFVA (Planejar, Fazer, Verificar, Agir). 29 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Figura 10 – PDCA Na análise das Ferramentas da Qualidade, é importante perceber que, embora algumas possam ser consideradas de simples ação, todas elas têm os seguintes objetivos: • Tornar fácil a visualização e o entendimento dos problemas. • Sintetizar o conhecimento e as conclusões. • Possibilitar o desenvolvimento da criatividade. • Tornar possível o conhecimento do processo. • Fornecer elementos para o monitoramento dos processos. • Permitir a melhoria dos processos. • Facilitar o planejamento e a tomada de ações preventivas. Saiba mais Leia o artigo: CORDEIRO, J. V. B. de M. Reflexões sobre a gestão da qualidade total: fim de mais um modismo ou incorporação do conceito por meio de novas ferramentas de gestão? Revista da FAE, Curitiba, v. 7, n. 1, 2004. Disponível em: <https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/431>. Acesso 29 maio 2017. O conhecimento e o uso das técnicas e das Ferramentas da Qualidade são importantes e essenciais para a implantação do sistema de Gestão da Qualidade, tais ferramentas são necessárias para analisar 30 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II fatos e auxiliar na tomada de decisão. A fundamentação e o objetivo de utilizá‑las é chegar a um grau de eficiência/eficácia em uma determinada atividade ou processo, permitindo à organização o sucesso na sua vida futura. Existem várias ferramentas e técnicas que podem ser utilizadas para auxiliar a organização nesse processo. São elas: Carta de controle Diagrama de Causa e Efeito Diagrama de dispersão Estratificação Fluxograma Folha de verificação Diagrama de Pareto Histograma Matriz GUT 5W2H Ciclo PDCA Brainstorming Ferramentas Figura 11 – Ferramentas da Qualidade De acordo com Seleme (2010), a importância das ferramentas para qualidade está na sua efetiva utilização no desenvolvimento das metodologias utilizadas para a identificação e a eliminação das falhas de processo. Nesse item, vamos abordar algumas ferramentas básicas para a qualidade, tais como: 5 Ss, 5W2H, fluxograma, entre outras. Há ferramentas de geração de ideias, como brainstorming, brainwriting e benchmarking. E também ferramentas para análise e tomada de decisão, que englobam a matriz de decisão ou matriz GUT e matriz SWOT. 31 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Essas ferramentas, segundo Carpinetti (2016), podem ser classificadas de acordo com suas finalidades, conforme quadro a seguir: Quadro 2 – Principais finalidades das Ferramentas da Qualidade Finalidade Ferramenta Identificação e priorização de problemas Amostragem e estratificação Folha de verificação Histograma, medidas de locação e variância Diagrama de Pareto Gráfico de tendência, gráfico de controle Mapeamento de processo Matriz de priorização Estratificação Diagrama espinha de peixe Diagrama de afinidades Diagrama de relações Relatório das três gerações (passado, presente, futuro) Elaboração e implementação de soluções Diagrama árvore Diagrama de processo decisório 5W2H 5 Ss Verificação de resultados Amostragem e estratificação Folha de verificação Histograma, medidas de locação e variância Diagrama de Pareto Gráfico de tendência, gráfico de controle Fonte: Carpinetti (2016, p. 75). Vamos analisar as ferramentas que são utilizadas no gerenciamento e na tomada de decisão, que possibilitam aos gestores o monitoramento e acompanhamento dos seus processos. Lembrete O uso das Ferramentas da Qualidade requer profissionais capacitados e que conheçam a maneira correta para aplicá‑las no momento certo, pois senão corre‑se o risco de ter resultados incorretos e inesperados. 32 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II 3 FERRAMENTAS PARA GERENCIAMENTO E TOMADA DE DECISÃO 3.1 5W2H De acordo com Seleme (2010), a ferramenta 5W2H traduz a utilização de perguntas que iniciam com as letras W e H (na língua inglesa), no qual também se encontra o significado de cada uma delas. As perguntas têm como objetivo gerar respostas que esclareçam o problema a ser resolvido ou que organizem as ideias na resolução de problemas. Seleme (2010) destaca, no quadro a seguir, o modelo conceitual dessa ferramenta: Quadro 3 Pergunta Significado Pergunta instigadora Direcionador What? O quê? O que deve ser feito? O objeto Who? Quem? Quem é o responsável? O sujeito Where? Onde? Onde deve ser feito? O local When? Quando? Quando deve ser feito? O tempo Why? Por quê? Por que é necessário fazer? A razão/o motivo How? Como? Como será feito? O método How much? Quanto custa? Quanto vai custar? O valor Fonte: Seleme (2010, p. 42). De acordo com Marshall Junior et al. (2012) essa ferramenta é utilizada principalmente no mapeamento e na padronização de processos na elaboração de planos de ação e no estabelecimento de procedimentos associados a indicadores. Logo, o 5W2H é uma ferramenta de apoio gerencial, pois define responsabilidades, métodos, prazos, objetivos e recursos associados. Como vimos anteriormente, o 5W2H representa as iniciais das palavras, em inglês, why (por quê?), what (o quê?), where (onde?), when (quando?), who (quem?), how (como?) e how much (quanto custa?). Vamos verificar, no quadro a seguir, como aplicar essa ferramenta. 33 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Quadro 4 – Ferramenta5W2H Plano de ação Setor: Serviços de Apoio e Logística Responsável: João Objetivo: Reduzir custos internos de geração de fotocópias em 30% O quê? (What) Quem (Who) Quando (When) Onde (Where) Por quê? (Why) Como (How) Custos (How much) Reavaliação de contratos e negociação com fornecedores Joana Até 15‑4‑X Em nossa empresa e nos fornecedores Há suspeitas de as cláusulas de desconto por volume não estarem compatíveis com o mercado Comparação com outros contratos (mercado) e pesquisa junto a fornecedores alternativos Remuneração de 100 horas de técnicos + R$ 2 mil em despesas diversas Estabelecimento de maior rigor nas autorizações Paulo Até 10‑5‑X Nos departamentos e nos cargos com poder de autorização Há muitas cópias particulares e também documentos que poderiam circular por e‑mail Conversas com as chefias e responsáveis pela análise de fluxos de tarefas Remuneração de 150 horas de técnicos Centralização dos serviços Carlos Até 25‑6‑X Na administração central Para facilitar a implementação de controles Realocação das máquinas e colaboradores do setor Remuneração de 120 horas de técnicos + R$ 5 mil em obras e mudança Fonte: Marshall Junior et al. (2012, p. 79). Para o planejamento de determinada atividade gerencial, é necessário responder os sete questionamentos citados, com clareza e objetividade, em seguida, elaborar um quadro explicativo sobre tudo o que foi planejado, conforme observamos no quadro anterior. A planilha utilizada pode ser configurada da maneira que achar melhor (linhas, colunas, cores etc.), mas deve sempre seguir o modelo de especificar, ao máximo, todas as etapas do processo. Caso contrário o 5W2H perde a sua função. Exemplo de aplicação Você precisa elaborar um Plano de Ação para implantar o Sistema de Gestão da Qualidade. Utilize a ferramenta 5W2H para essa atividade. Quadro 5 Plano de ação Perguntas Respostas 1. O que fazer? 2. Quem fará? 3. Quando será feito? 4. Onde será feito? 34 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II 5. Por que será feito? 6. Como será feito? 7. Quanto custará? A ferramenta 5W2H é uma das mais fáceis de ser implementada e traz grandes benefícios para os gestores e suas atividades organizacionais. Lembrete O 5W2H é uma ferramenta de apoio gerencial, pois define responsabilidades, métodos, prazos, objetivos e recursos associados. 3.2 Fluxograma De acordo com Marshall Junior et al. (2012), o fluxograma é uma representação gráfica que permite a fácil visualização dos passos de um processo. Apresenta a sequência lógica e de encadeamento de atividades e decisões, de modo a se obter uma visão integrada do fluxo de um processo, seja ele técnico, gerencial ou administrativo. Essa ferramenta permite a realização de análise crítica para identificar falhas e oportunidades de melhoria. Segundo Costa Neto e Canuto (2010), o fluxograma deveria ser a primeira das ferramentas básicas para a qualidade, pois a sua análise permite identificar a inter‑relação de todas as atividades, o que possibilita uma melhor visualização e compreensão do processo. O fluxograma é uma Ferramenta da Qualidade que tem como finalidade identificar e representar a sequência do caminho real e ideal para um produto ou serviço, com o objetivo de identificar os desvios. Também chamado de gráfico de procedimentos ou gráfico de processos, é uma ilustração gráfica sequencial de todas as etapas de um processo, mostrando de forma rápida como cada etapa é relacionada. A documentação do fluxo das atividades é realizada utilizando‑se de símbolos para denotar os diferentes tipos de operações em um processo, proporcionando melhor visualização do funcionamento, com os objetivos de garantir a qualidade e aumentar a produtividade. Vamos verificar quais são os símbolos utilizados para a construção do fluxograma. 35 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Terminal Documento Executante Decisão Arquivo Conector de página Conector de rotina Sentido de circulação Operação Material Figura 12 – Símbolos mais utilizados em fluxogramas De acordo com Seleme (2010), os objetivos principais do fluxograma são: padronização na representação dos procedimentos, maior rapidez na descrição dos métodos, facilitação da leitura e do entendimento, facilitação da localização da informação e identificação dos aspectos mais importantes a serem observados, maior flexibilidade e melhoria do grau de análise realizada pelo gestor. As aplicações do fluxograma podem: • Melhorar a compreensão do processo de trabalho. • Mostrar os passos para a realização dos trabalhos e das ações relacionadas à organização. • Criar normas de padrão de trabalho. Exemplo de aplicação A empresa Alfa efetuou a compra de 500 resmas de papel A4, que serão entregues no almoxarifado para armazenamento. Faça o fluxograma para o recebimento desse material, considerando: • entrada no almoxarifado; • envio da nota fiscal para o departamento financeiro. Utilize os símbolos destacados na Figura 12 para a elaboração do fluxograma. 3.3 Metodologia 5 Ss A metodologia 5 Ss, conforme destaca Seleme (2010), é uma ferramenta de origem japonesa, os cinco sensos foram traduzidos para a língua portuguesa para que essa ferramenta fosse aplicada nas fábricas, nos escritórios e em outros sistemas produtivos. Além de implementar a ordem organizacional, essa metodologia eleva a capacidade de discernimento do indivíduo. 36 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II No quadro a seguir, destacamos o significado de cada um dos 5 Ss. Quadro 6 Senso Significado 1o Seiri Senso de descarte ou liberação de áreas. 2o Seiton Senso de organização. 3o Seiso Senso de limpeza. 4o Seiketsu Senso de higiene, arrumação, padrão. 5o Shitsuke Senso de ordem ou disciplina. Fonte: Seleme (2010, p. 39). A partir do significado de cada S, conforme descrito no quadro, vamos verificar como eles são aplicados na organização. Seiri – senso de descarte De acordo com Seleme (2010), esse senso determina que sejam fornecidos aos funcionários os conhecimentos necessários para que tenham o discernimento entre o que é útil ao seu trabalho e o que não é. Esse senso possibilitará: • Ganho de espaço, com o descarte dos materiais que não são necessários. • Facilidade de limpeza e manutenção. • Melhor controle dos estoques. • Redução de custos. • Preparação do ambiente para aplicação dos demais conceitos de 5 Ss Figura 13 – Ambiente de trabalho 37 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Seleme (2010) destaca que o objetivo desse senso na organização do trabalho é que, no decorrer do dia a dia, não seja preciso que o funcionário se preocupe em desviar de uma cadeira que não deveria estar ali ou com uma ferramenta que não é utilizada no setor e também está lá. Por sua vez, Lobo (2010) enfatiza que ter senso de utilização é identificar equipamentos, ferramentas, utensílios, informações e dados necessários e desnecessários, descartando ou dando a devida destinação àquilo considerado desnecessário ao exercício das atividades. O autor destaca que guardar constitui instinto natural das pessoas, portanto o senso de utilização pressupõe que, além de identificaros excessos e/ou desperdícios, estejamos preocupados em identificar o porquê do excesso, de modo que medidas preventivas sejam adotadas para evitar que o acúmulo desses excessos volte a ocorrer. Na terminologia da qualidade denominamos essa ação de bloqueio das causas. Lobo (2010) coloca que esse conceito pode ser aplicado em casa (na cozinha, na despensa, na geladeira, no quarto das crianças etc.). Por exemplo, basta verificar aquele espaço em casa onde se coloca tudo que não serve, os brinquedos quebrados, a roupa velha, as revistas e jornais que jamais serão lidos novamente, entre outros. O autor destaca, na figura a seguir, o que deve ser observado para o descarte quando da aplicação desse senso. Usados constantemente Manter no local de trabalho Usados ocasionalmente Necessários Desnecessários Manter um pouco afastado Usados raramente (mas necessários) Manter em depósito afastado Potencialmente úteis Transferir para onde forem úteis Sem uso potencial Vender/dispor imediatamente Figura 14 – Classificação de objetos Observe que o primeiro passo é a classificação, separando os objetos necessários e desnecessários, o ideal, nesse momento, é utilizar caixas onde possam ser colocados para descarte. A próxima etapa é identificar, na caixa de objetos necessários, aqueles que são usados de forma contínua e devem ser mantidos no local, por exemplo, um par de tênis, daqueles que são usados ocasionalmente, bem como os objetos que são usados de vez em quando, mas não podem ser descartados pois são necessários, um sapato social, por exemplo. Ainda, deve‑se levar em consideração a forma de armazenagem desses objetos, no caso dos objetos necessários, observar a ordem de prioridade da sua utilização. 38 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II Por outro lado, os objetos desnecessários devem ser classificados em potencialmente úteis, bem como os objetos sem uso potencial, que podem ser vendidos ou também doados a terceiros. Exemplo de aplicação Vamos colocar em prática esse senso? Verifique, na sua casa ou na empresa em que você trabalha, esses espaços citados por Lobo (2010) e descubra o que precisa ser descartado. Utilize como parâmetro a classificação apresentada na Figura 14. Seiton – senso de organização Figura 15 – Organização Seleme (2010) destaca que o segundo S (Seiton) diz respeito à organização, logo, além de serem úteis, os objetos e os materiais devem estar nos locais apropriados, ou seja, todas as coisas devem estar disponíveis de maneira que possam ser acessadas e utilizadas imediatamente. Como resultados do senso de organização, podemos destacar a economia de tempo, a facilidade na localização das ferramentas a serem utilizadas no ambiente de trabalho e a redução de pontos inseguros, pois os materiais estarão organizados nos devidos locais. Da mesma forma, segundo Seleme (2010), as ações advindas da aplicação desse senso possibilitam ao funcionário formar um pensamento ordenado e estruturado em direção à prática de suas atividades. Seiso – senso de limpeza Segundo Lobo (2010), ter senso de limpeza é eliminar a sujeira ou objetos estranhos para manter limpo o ambiente (paredes, armários, teto, piso etc.), bem como manter dados e informações atualizados para garantir a correta tomada de decisões. 39 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Figura 16 – Limpeza De acordo com Seleme (2010), esse senso corresponde à limpeza, ou seja, define a importância de eliminar a sujeira, resíduos ou mesmo objetos estranhos ou desnecessários ao ambiente. Além da abordagem tradicional de visualização do ambiente, esse senso permite, segundo Seleme (2010), que sejam monitorados elementos que, ao se mostrarem sujos, indicam problemas, como no caso de equipamentos com vazamentos e quantidade de sobra de material além do normal. Para tanto, Lobo (2010), destaca que o mais importante nesse conceito não é o ato de limpar, mas o ato de não sujar. Isso significa que, além de limpar, é preciso identificar a fonte de sujeira e suas respectivas causas, de modo a evitar que ocorra (bloqueio das causas). Nesse sentido, o autor destaca os passos a seguir para aplicação desse senso. Quadro 7 – Seiso: senso de limpeza Definir responsável por áreas. Definir horário para realização da limpeza. Educar para não sujar. Treinar os operadores para que conheçam completamente o equipamento que usam. Criar lista de verificação dos pontos que merecem atenção especial durante a limpeza. Fonte: Lobo (2010, p. 83). Seiketsu – senso de higiene, arrumação e padrão Conforme aborda Seleme (2010), esse senso consolida as ações, pois não basta obter apenas a organização e a limpeza, é preciso buscar a melhor organização e a mais eficiente limpeza. Assim sendo, é preciso que os recursos disponíveis sejam utilizados da melhor maneira possível, com objetivo de obtenção do melhor resultado. 40 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II Por outro lado, Lobo (2010) destaca que ter senso de saúde e higiene significa criar condições favoráveis à saúde física e mental, garantir ambiente não agressivo e livre de agentes poluentes, manter boas condições sanitárias nas áreas comuns (lavatórios, banheiros, cozinha, restaurante etc.), zelar pela higiene pessoal e cuidar para que as informações e comunicados sejam claros, de fácil leitura e compreensão. Shitsuke – senso de disciplina ou ordem Seleme (2010) destaca que o quinto senso vai além das ações realizadas, fazendo com que os funcionários agora transfiram para si próprios a postura do cotidiano de trabalho obtida com os quatro sensos anteriores. Com isso, o resultado obtido será: • Mais qualidade, produtividade e segurança no trabalho. • Trabalho diário agradável. • Melhoria nas relações humanas. • Valorização do ser humano. • Cumprimento dos procedimentos operacionais e administrativos. Esse senso é o que consolida os quatro anteriores, propiciando, assim, um ganho permanente à organização. Já Lobo (2010) coloca que ter o senso de autodisciplina é desenvolver o hábito de observar e seguir normas, regras, procedimentos, atender a especificações escritas ou informais. Esse hábito é o resultado do exercício da força mental, moral e física. Poderia ainda ser traduzido como “querer de fato”, “ter vontade de”, “predispor‑se a”. Seleme (2010) enfatiza que os cinco sensos desempenham um papel fundamental nas organizações, mas não somente nelas. É uma ferramenta que pode ser aplicada em escritórios, ambientes prestadores de serviços que trabalham com o público, sistemas logísticos de transporte e distribuição, hospitais, entre outros setores. Observação É importante que os sensos sejam aplicados na sequência em que foram apresentados. 41 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Segundo Seleme (2010), o sucesso na implementação dos cinco sensos depende de um programa de manutenção das ações propostas, por isso, não devem ser realizados uma única vez, mas de forma contínua. Tais ações também devem ser incentivadas pela alta direção como parte de uma abordagem estratégica implantada pela organização. Exemplo de aplicação Agora que você já conhece os 5 Ss, vamos colocar em prática essa ferramenta. 1) Verifique na empresa em que você trabalha, estuda, ou na sua residência o que precisa ser organizado. 2) Escolha umaárea, setor ou ambiente e coloque em prática os 5 sensos. 3) Faça uma lista dos resultados obtidos em cada etapa. 4) Envolva outras pessoas no processo. 3.4 Matriz GUT Essa ferramenta é utilizada na priorização de problemas e na análise de riscos. A matriz GUT é a representação de problemas, ou riscos potenciais, através de quantificações que buscam estabelecer prioridades para abordá‑los, visando minimizar os impactos. Segundo Marshall Junior et al. (2012), os problemas são arrolados e analisados sob os aspectos de gravidade (G), urgência (U) e tendência (T). Usualmente, atribui‑se um número inteiro entre 1 e 5 a cada uma das dimensões (G, U, T), correspondendo o 5 a maior intensidade e o 1 a menor; a seguir, multiplicam‑se os valores obtidos para G, U e T, a fim de se obter um valor para cada problema ou fator de risco analisado. Os problemas ou fatores de risco que obtiverem maior pontuação serão tratados prioritariamente. Tabela 1 – Matriz GUT Problema G U T G x U x T 1. Concepção do imóvel em não conformidade com as expectativas do mercado. 5 4 1 20 2. Demora na formação do grupo de investidores. 5 5 5 125 3. Retração dos investidores por tendências macroeconômicas. 4 3 3 36 4. Desistência de 25% dos investidores durante a execução da obra. 5 5 2 50 5. Esfriamento do mercado imobiliário. 4 3 3 36 6. Mão de obra adequada não disponível no momento requisitado. 5 5 3 75 42 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II 7. Planejamento de custos inconsistentes, com incorrência em gastos não orçados. 4 3 3 36 8. Planejamento de compras inconsistente. 5 3 2 30 9. Aumento do preço de insumos básicos e acabamento 5 5 4 100 10. Longos períodos de chuvas. 4 3 2 24 Fonte: Marshall Junior et al. (2012, p. 78). Ao analisarmos a matriz GUT, representada na tabela anterior, observamos que os itens 2 e 9 apresentam a pontuação maior, o que representa um risco maior, portanto, devem ser tratados prioritariamente pelo gestor. 4 FERRAMENTAS DE GERAÇÃO DE IDEIAS 4.1 Brainstorming e suas variações De acordo com Marshall Junior et al. (2012), o brainstorming é um processo de grupo em que os indivíduos emitem ideias de forma livre, sem críticas, no menor espaço de tempo possível. Segundo Oliveira (2014), o brainstorming, comumente conhecido no Brasil como “tempestade de ideias”, é uma ferramenta destinada à geração de ideias/sugestões criativas para os problemas organizacionais. É um processo de grupo em que os indivíduos emitem ideias de forma livre, em grande quantidade, sem críticas e no menor espaço de tempo possível. Com o brainstorming pretende‑se liberar os membros da equipe de formalismos que inibem a criatividade e, portanto, reduzem as opções de soluções e meios para resolver problemas. Nele fomenta‑se a diversidade de opiniões e ideias. Brainstorming é uma técnica muito utilizada em várias organizações para resolver problemas específicos, para desenvolver novas ideias ou projetos, para agrupar informações e para estimular o pensamento criativo. Ela será sempre desenvolvida em grupo e envolverá a contribuição espontânea de todos os participantes. É um método que foi criado nos Estados Unidos pelo publicitário Alex Osborn, usado para testar e explorar a capacidade criativa de indivíduos ou grupos, principalmente nas áreas de relações humanas, publicidade e propaganda e em dinâmicas de grupo. 43 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Figura 17 – Brainstorming Muitas soluções criativas e inovadoras para diversos problemas específicos, em que há a necessidade de rompimento de paradigmas, são alcançadas com a utilização de brainstorming. O clima de envolvimento e motivação gerado por ele assegura melhor qualidade nas decisões tomadas pelo grupo, maior comprometimento com a ação e um sentimento de responsabilidade compartilhado por todos. Não existe restrição para o uso desta ferramenta, todas as pessoas da empresa podem utilizá‑la devido a sua facilidade de entendimento e de aplicação. Porém, o sucesso da aplicação do brainstorming exige que sejam seguidas regras, principalmente em relação à condução do processo, que deve ser feita por uma única pessoa. Essa ferramenta é usada para gerar um grande número de ideias em curto período de tempo e pode ser aplicada em qualquer etapa do processo de solução de problemas, sendo fundamental na identificação e na seleção das questões a serem tratadas e na geração de possíveis soluções. Mostra‑se muito útil quando se deseja a participação de todo o grupo e focaliza a atenção do usuário no aspecto mais importante do problema. Exercita o raciocínio para englobar vários ângulos de uma situação ou de sua melhoria. Serve como “aditivo” num processo de solução de problemas, especialmente se: • As causas do problema são difíceis de identificar. • A direção a seguir ou as opções para a solução do problema não são aparentes. Observação Brainstorming significa tempestade cerebral ou tempestade de ideias. É uma expressão inglesa formada pela junção das palavras brain, que significa cérebro, intelecto, e storm, que significa tempestade. 44 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II 4.1.1 Tipos de brainstorming Estruturado Nesse modelo, todas as pessoas do grupo devem dar uma ideia a cada rodada ou “passar a vez” até que chegue sua próxima vez. Isso geralmente obriga até mesmo a pessoa tímida a participar, mas pode, também, criar certa pressão sobre a pessoa. Não estruturado Nessa forma, os membros do grupo simplesmente dão as ideias conforme elas surgem em suas mentes. Isso tende a criar uma atmosfera mais relaxada, mas também há o risco de dominação pelos participantes mais extrovertidos. Regras do brainstorming Ao utilizar essa ferramenta na organização, busca‑se a qualidade e a eficiência. Mas para que isso se torne realidade, algumas regras devem ser seguidas, inclusive para que o processo seja realizado com mais facilidade e eficácia, assim, deve‑se: • Enfatizar a quantidade e não a qualidade das ideias. • Evitar críticas, avaliações ou julgamentos sobre as ideias. • Sempre apresentar as ideias tais como elas surgem na cabeça, sem rodeios, elaborações ou maiores considerações. Não deve haver medo de “dizer bobagem”. As ideias consideradas “loucas” podem oferecer conexões para outras mais criativas. • Estimular todas as ideias, por mais “malucas” que possam parecer. • Utilizar as ideias dos outros, ou seja, “pegar carona” nas ideias dos outros, criando novas ideias a partir delas. • Escrever as palavras do participante. Não interpretá‑las. A técnica de brainstorming propõe que um grupo de pessoas se reúna e utilizem seus pensamentos e ideias para que possam chegar a um denominador comum, a fim de gerar ideias inovadoras que levem um determinado projeto adiante. Nenhuma ideia deve ser descartada ou julgada como errada ou absurda, todas devem estar na compilação das ideias ocorridas no processo, para, depois, evoluir até a solução final. 45 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Saiba mais Sobre o brainstorming, leia: SANTO, R. Brainstorming: tempestade de ideias (BS‑TI) ou como tirar seu time do “cercadinho mental”. [S.l.]: BTE, Sebrae, 2005. Disponível em: <http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/ bds/bds.nsf/741A876FE828908203256E7C00614A23/$File/NT00002206. pdf>. Acesso em: 29 maio 2017. REY,B. Como fazer um brainstorming eficiente. Exame.com, São Paulo, jul. 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/ como‑fazer‑um‑brainstorming‑eficiente/>. Acesso em: 29 maio 2017. Passos para desenvolver o brainstorming 1 – Inicie com o problema Toda reunião deve começar com a definição clara do problema. Ela determina o propósito do brainstorming. Ao longo do encontro, as pessoas devem se ater a esse assunto sem perder o foco. 2 – Quem e para quê? Antes de começar, tenha certeza de que o grupo tem conhecimento profundo sobre as necessidades dos interessados em encontrar uma solução. Essa é uma das mudanças do novo modelo: saber exatamente quais são os objetivos. 3 – Ambiente favorável Garanta que as pessoas se sintam confortáveis no local em que o brainstorming será realizado. Considere, até, conduzir o processo fora do contexto do ambiente de trabalho – isso pode levar as pessoas a pensar de maneira diferente. 4 – Inspire‑se Minutos antes do início, é importante orientar os participantes a “alimentar a mente”. Revisar tudo o que se sabe sobre o problema ou ler um estudo de caso sobre a solução. 5 – Ideias nascem na mente Grupos não têm mente. Portanto, antes de iniciar, é interessante que cada participante desenvolva suas próprias propostas para o problema e que elas sejam anotadas e registradas. Pode‑se, por exemplo, 46 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II instigar os participantes a pensar sobre alternativas para cada objetivo do brainstorming, pedindo que eles indiquem qual é a melhor delas. 6 – Discussão coletiva Para evitar que uma ou duas pessoas dominem a conversa, deixando ideias de lado, a recomendação é que sejam usadas todas as anotações dos participantes envolvidos, feitas na etapa anterior. Isso garante que ninguém fique sem voz. Outra ideia é que o moderador do brainstorming nunca deixe uma pessoa apresentar todas as suas alternativas de uma vez. Ele deve circular perguntando se há alguma sugestão que não foi discutida, para que todos participem. 7 – Abra a torneira de ideias Quantidade produz qualidade. É preciso acumular o máximo de ideias para que se possam descartar as ruins e medianas e ficar com as boas. 8 – Ideias selvagens Não faça julgamentos (principalmente precipitados) sobre as ideias que forem apresentadas pelo grupo. O julgamento tende a interromper o fluxo da criação. Isso deve ser recomendado no início do processo. A técnica deve permitir a fluência total de ideias, com bom humor, e nada de críticas ou julgamentos sarcásticos sobre a sugestão do colega. Não pode haver censura: alguém estimula a todos e anota as “pérolas” (e as “abobrinhas” também). Essa ferramenta é muito utilizada na etapa de planejamento, para realização do diagnóstico situacional, o que permite a diversidade de opiniões e o favorecimento para o desenvolvimento de equipes. Marshall Junior et al. (2012) destaca as seguintes características para o brainstorming: • favorecimento da capacidade de autoexpressão, livre de inibições ou preconceitos da própria pessoa ou de qualquer outra do grupo; • liberação da criatividade; • desenvolvimento da capacidade de aceitar e conviver com diferenças conceituais e multidisciplinares; • ausência de julgamento prévio; • registro das ideias; 47 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA • desenvolvimento da capacidade de síntese; • delimitação de tempo; • ausência de hierarquia durante o processo. O autor destaca, ainda, três fases típicas no brainstorming: • Apresentação do assunto, problema ou situação de forma clara e objetiva. • Geração e documentação das ideias. • Análise e seleção das ideias. No quadro a seguir, demonstramos de forma resumida os passos para a realização do brainstorming. Quadro 8 – Passos para o brainstorming Fase Passo Descrição 1 1 Escolhe‑se um facilitador para o processo que definirá o objetivo. 2 Formam‑se grupos de até dez pessoas. 3 Escolhe‑se um lugar estimulante para a geração de ideias. 4 Os participantes terão um prazo de até dez minutos para fornecer suas ideias, que não devem ser censuradas. 2 5 As ideias deverão ser consideradas e revisadas, disseminando‑se entre os participantes. 6 O facilitador deverá registrar as ideias em local visível (quadro, cartaz etc.), esclarecendo novamente o propósito. 3 7 Deverão ser eliminadas as ideias duplicadas. 8 Deverão ser eliminadas as ideias fora do propósito delimitado. 9 Das ideias restantes devem ser selecionadas aquelas mais viáveis (se possível, por consenso entre os participantes). Fonte: Seleme (2010, p. 56). O quadro anterior apresenta, de forma bem simples, como você poderá utilizar essa ferramenta em um treinamento para sua equipe, ou até mesmo no decorrer de uma reunião de trabalho, quando da realização de diagnóstico para determinada ação a ser desenvolvida na organização. Outra forma conhecida do brainstorming é denominada de brainwriting, cuja exposição de ideais se dá por meio da escrita. 48 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II 4.2 Brainwriting Segundo Seleme (2010), além das ideias escritas em um documento, o brainwriting permite que todos, sem qualquer favorecimento, possam expressar suas ideias no papel, evitando constrangimentos por aqueles que são inseguros ou tímidos. Figura 18 Veja a seguir um exemplo de brainwriting: Quadro 9 – Exemplo de brainwriting Problema: Movimentar um carro de algum modo, exceto com motores a explosão por gasolina. Área das ideias Movimentar com motores a explosão por álcool. Movimentar com motores que utilizam hidrogênio. Utilizar tração animal para movimentar o carro. Movimentar com motores que utilizam diesel. Movimentar com motores que utilizam GNV. Fonte: Seleme (2010, p. 57). Lembrete O significado de brainstorming é tempestade de ideias. 4.3 Análise SWOT (Matriz) Segundo Zogbi (2013), a análise SWOT, que é a abreviatura, em inglês, de strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats (ameaças), é uma ferramenta de marketing muito conhecida e difundida em várias matérias, que vão do próprio marketing a gestão, economia e planejamento. 49 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Forças (Strengths) Oportunidade (Opportunities) Fraquezas (Weaknesses) Ameaças (Threats) SWOT Figura 19 – Matriz SWOT Na figura apresentada, à margem vertical dos quadrantes, podemos observar que as forças e as fraquezas correspondem às características do ambiente interno da empresa, ou seja, aquilo que podemos controlar, melhorar, descartar, corrigir etc. Por outro lado, segundo Zogbi (2013), as oportunidades e ameaças correspondem às características do ambiente externo da empresa, aquilo que não podemos controlar, mas que afeta diretamente o negócio. Vale destacar, ainda, que sobre essas características não temos domínio, mas podemos contorná‑las, estimulá‑las, ou nos adaptar. Vamos observar o exemplo de SWOT, citado por Zogbi (2013): Produtos diferenciados Endereço bom Marca conhecida Gestão jovem Novo sócio investidor Novas urbanizações próximas Mau atendimento Falta estacionamento Preços pouco competitivos Dívida com o banco Aumento de impostos Retração da economia Ajuda Am bi en te in te rn o Am bi en te e xt er no AtrapalhaFigura 20 Com base nessas informações, os gestores podem marcar reuniões e criar um plano específico para tratar cada assunto. Ansoff (1977 apud PEREIRA; KICH, 2011) considera a análise interna como uma avaliação da capacidade da empresa de alcançar seus objetivos, por isso a coloca como um dos primeiros passos do planejamento estratégico. 50 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II Por outro lado, para Oliveira (2001a apud PEREIRA; KICH, 2011), a análise interna tem por finalidade colocar em evidência as deficiências e qualidades da empresa que está sendo analisada, ou seja, os pontos fortes e fracos da empresa devem ser determinados diante de sua atual posição no mercado. Ainda segundo Oliveira (2001a apud PEREIRA; KICH, 2011), os pontos fortes são as variáveis internas e controláveis que propiciam uma condição favorável para a empresa, em relação a seu ambiente, enquanto os pontos fracos são definidos como as variáveis internas e controláveis que provocam uma situação desfavorável para a empresa, em relação ao seu ambiente. Exemplo de aplicação Supondo que a empresa em que você trabalha definiu, no seu planejamento estratégico, a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Faça a análise do ambiente interno e externo da organização para a implantação desse projeto. 4.4 Benchmarking Segundo Seleme (2010), essa é uma ferramenta fácil de explicar, mas difícil de implementar, pois sua utilização deve considerar as melhores práticas de mercado, ou seja, as usadas pelas melhores empresas, e tais práticas, se adequadas, devem ser aplicadas na organização. De acordo com Carpinetti (2016), o termo benchmarking é normalmente usado sem tradução, ainda que uma possível tradução, não literal, seria “avaliação competitiva”. Esse termo foi apropriado pela área de gestão de negócios a partir do paralelo estabelecido com o processo de definição de uma referência geográfica, ou benchmark, em estudos de topografia e demarcação geográfica. Possivelmente, o conceito de benchmarking foi desenvolvido a partir dos japoneses, que usavam o termo dantotsu, que significa se esforçar para ser o melhor dos melhores. A primeira empresa ocidental a adotar essa prática foi a Xerox, que comparou seus produtos e processos das fábricas americanas com a empresa japonesa Fuji‑Xerox, pertencente ao grupo, e, posteriormente, com outras empresas japonesas concorrentes. O benchmarking é um processo de boas práticas, em que uma determinada organização investiga, de forma sistemática, quão competitivos são seus processos frente aos dos concorrentes, através da comparação com outras empresas integrantes do mesmo ambiente em que ela está incluída. Esse processo deve ser contínuo, visando sempre à comparação entre produtos/serviços e práticas empresarias, preferencialmente de empresas líderes do seu mercado. É utilizado para identificar as melhores práticas e, posteriormente, adequá‑las à realidade da empresa. As informações obtidas através desse processo são extremamente valiosas, devendo ser tratadas como tal. É um processo de aprendizado com o outro, sendo possível analisar e identificar o que está sendo feito de forma errada. 51 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Observação É importante saber que a cópia pura e simples de práticas e estratégias, neste processo, pode ser fatal para a organização. Assim, podemos dizer que o benchmarking é a procura contínua pelo ponto de referência para medição de competências dentro do seu negócio. A seguir, listaremos alguns outros pontos importantes a considerar sobre o assunto, fique atento. Os principais benefícios do benchmarking são: • Sintonizar a empresa com as melhores práticas do mercado. • Aperfeiçoar a cultura do melhoramento contínuo da empresa. • Melhorar a comunicação empresarial. • Profissionalizar os processos da empresa. • Obter melhor visão dos processos e, consequentemente, melhores oportunidades para terceirização de alguns desses processos. • Diminuir o número de erros. • Reduzir custos. 4.4.1 Classificação do benchmarking Conforme destaca Carpinetti (2016), existem vários tipos de benchmarking, que podem ser classificados quanto ao objeto de estudo e quanto à natureza do parceiro. Quanto ao objeto de estudo, existem dois tipos fundamentais: Benchmarking de processo Benchmarking de produto Figura 21 52 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II Benchmarking de produto É o tipo de benchmarking mais praticado. A prática do benchmarking começou com benchmarking de produto. A prática mais comum é as empresas fazerem benchmarking sem declarar que o fazem. Essa prática de analisar o produto do concorrente e incorporar conceitos, soluções e tecnologias dos concorrentes é limitada pelas proteções legais das patentes. Mas o esforço de dissecar o produto do concorrente e, por meio de uma engenharia reversa, reproduzir os atributos do produto concorrente é, na maioria das vezes, limitado pela falta de conhecimento sobre as tecnologias dos processos de fabricação. Benchmarking de processo Quando o objeto de estudo é o “como fazer”, o benchmarking é classificado como de processo, e inclui processos produtivos e de gestão. Algumas classificações diferenciam benchmarking de processo e benchmarking estratégico. O benchmarking de processo, especialmente processos de gestão e estratégico, tornou‑se mais comum a partir da formalização do benchmarking como prática gerencial. Carpinetti (2016) também destaca que outra classificação para diferenciar os tipos de benchmarking é quanto à natureza do parceiro, que pode ser: interno, concorrente direto, do mesmo setor ou de setores distintos, como segue: Quadro 10 – Tipos de benchmarking Classificação Significado Benchmarking interno Cada vez mais comum em grandes corporações. Por meio da intranet da empresa, as diferentes unidades distribuídas geograficamente disponibilizam as informações relacionadas a suas melhores práticas, os benchmarks da organização. É um tipo de benchmarking de processo que pode ser relacionado a processos produtivos ou de gestão de unidades de negócio diferentes. Os responsáveis pelas melhores práticas são estimulados a disponibilizar as informações sobre como se conseguiu obter resultados superiores. As facilidades de troca de informações, o dever de compartilhar as melhores práticas e o baixo custo associado a essas práticas tornam esse tipo de benchmarking mais viável e mais eficaz. Benchmarking competitivo Quando a comparação é com um concorrente direto, denomina‑se benchmarking competitivo. O benchmarking competitivo é desenvolvido com o objetivo de comparar o desempenho da empresa em relação aos seus competidores. Nesse tipo de benchmarking, comparam‑se produtos, processos produtivos e de gestão. Apesar de empresas concorrentes fazerem a comparação de produtos, serviços, preços e outras informações para lançar estratégias competitivas, a realização de projetos de benchmarking em que haja uma relação de cooperação e compartilhamento de informação sobre melhores práticas é muito difícil de acontecer, pelo fato de as empresas perceberem essa troca de experiência como uma ameaça a sua sobrevivência. Benchmarking funcional Quando a comparação é com empresas do mesmo setor, mas não concorrentes, denomina‑se benchmarking funcional. Nesse caso, o objetivo é comparar processos produtivos e de gestão similares. Esse tipo de benchmarking também é bastante viável. Por exemplo, empresas fabricantes de autopeças, nãoconcorrentes, mas pertencentes à mesma cadeia produtiva, podem estabelecer uma parceria para trocar experiências sobre práticas de desenvolvimento de fornecedores, capacitação de pessoas ou projetos de melhoria Seis Sigma. Nesse tipo de benchmarking, não é difícil encontrar potenciais parceiros, mas os projetos são mais pontuais, menos sistemáticos, que no caso de benchmarking interno. 53 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA Benchmarking genérico É aquele em que empresas de setores de atuação distintas fazem comparações e trocam experiências sobre processos de suporte. Por exemplo, uma indústria pode trocar experiência com um banco no que se refere à gestão de recursos humanos ou sobre gestão de informação. Fonte: Carpinetti (2016, p. 225). Passos no desenvolvimento do benchmarking • Definição do projeto de benchmarking. • Escolha da referência. • Determinação dos métodos de mensuração. • Coleta de dados. • Análise dos dados. • Apresentação dos resultados. • Discussão dos resultados, com a escolha de metas e melhorias nos procedimentos. • Criação de planos de melhoria e controle dos novos procedimentos. • Monitoração e progresso do projeto. Com a aplicação dos passos, deve ser possível saber se, com as novas técnicas, as escolhas foram adequadas, obtendo‑se uma melhoria nos sistemas que caminham em direção à implementação da qualidade na organização. Vejamos os passos básicos para a realização de um estudo de benchmarking. Segundo Carpinetti (2016), independentemente do tipo de benchmarking, o seu processo de realização começa com a identificação da necessidade de melhoria e a decisão pela condução de benchmarking como caminho a seguir. A partir daí, o processo de benchmarking inclui, basicamente, os passos demonstrados na figura a seguir: 1. Conhecer objeto de estudo 2. Identificar fontes de informação e parceiros 3. Fazer comparações e trocar experiências 4. Definir ações, implementar e rever progresso Figura 22 54 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II Vamos analisar cada uma dessas etapas, segundo Carpinetti (2016): • Conhecer objeto de estudo (produto ou processo): nesta etapa, o objetivo é levantar todas as informações sobre o produto ou o processo com vistas à comparação com outros. Para isso, podem ser coletadas informações sobre desempenho, com dados quantitativos ou qualitativos, sobre como as atividades são realizadas e quais são os problemas existentes. Quanto maior o conhecimento sobre o produto ou o processo e suas limitações, melhor será a capacidade da equipe em explorar o parceiro de benchmarking. • Identificar fontes de informação e parceiros de benchmarking: nesta etapa, o objetivo é identificar fontes de informação sobre desempenho de produtos ou processos que sirvam como comparativo e fontes de informação sobre possíveis parceiros. As fontes de informação podem ser: literatura especializada; serviços prestados por entidades setoriais; seminários e serviços de benchmarking oferecidos por empresas ou associações. Atualmente, existem vários serviços de benchmarking disponíveis pela internet. • Fazer comparações e trocar experiências: nesta etapa, o objetivo é conhecer, na prática, processos e produtos do parceiro, com o objetivo de identificar o que o parceiro faz de diferente que se julgue como uma melhoria do produto ou processo e que possa ser apropriado. • Definir ações, planejar, implementar e rever progresso: nesta última etapa, o objetivo é realizar a melhoria com base na experiência trazida do parceiro. Envolve planejamento, implementação e revisão de progresso. De acordo com Carpinetti (2016), apesar de essas etapas serem requeridas para a realização de um projeto de benchmarking, o rigor e o formalismo com que cada uma delas é desenvolvida são bastante variáveis. Por exemplo, dependendo do tipo de benchmarking, a identificação do objeto de melhoria, fontes de informação e parceiros pode ser bastante imediata, dispensando maiores formalismos do método. Além disso, muitas vezes, o benchmarking acontece de forma acidental, não planejada. Por exemplo, pode acontecer de uma ação de melhoria de um produto ou processo ser concebida a partir de uma troca de informação casual, com um cliente, um fornecedor, ou mesmo com um colega de profissão. Portanto, muitas melhorias decorrentes de benchmarking podem não ter seguido esse roteiro. Saiba mais Verifique os casos de sucesso das empresas ganhadoras do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ): CASES de sucesso. FNQ, São Paulo, 2016. Disponível em: <http://www. fnq.org.br/informe‑se/artigos‑e‑entrevistas/cases‑de‑sucesso>. Acesso em: 29 maio 2017. 55 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA 4.4.2 Outras considerações sobre o benchmarking O benchmarking, como todo processo da empresa, envolve custos. Por isso, é importante que a empresa tenha ciência de que haverá custos de viagem para visitas técnicas, custos com tempo que a empresa vai ter que dispor de funcionários, custos com o desenvolvimento e a manutenção de um banco de dados etc. Além de um bom relacionamento com outras empresas do mesmo ramo. Outro detalhe importante é que nem sempre copiar um novo processo pode garantir a melhoria de um processo de sua empresa, nem sempre detalhes técnicos estão ligados a melhor prática, assim como existem, também, outros fatores, como o ambiente interno e a motivação dos colaboradores. Deve haver muito cuidado com a implantação das melhorias advindas das observações no processo de benchmarking e é importante ter a ciência de que tudo pode ser adaptado a sua empresa, porém, nem tudo é necessário. Resumo Nesta unidade vimos as Ferramentas da Qualidade que são utilizadas para o gerenciamento e tomada de decisão. As organizações utilizam essas ferramentas para avaliação de seus processos e para a definição de planos de ação, alinhadas às diretrizes da organização. Vimos, também, nesta unidade, as ferramentas básicas da qualidade, como o 5W2H e os cinco sensos (5 Ss). E, ainda, as Ferramentas da Qualidade que podem ser utilizadas para geração de ideias, como o brainstorming, o brainwrinting e o benchmarking. Vimos, por exemplo, que a aplicação do cinco sensos (5 Ss) deve ser contínua, ou seja, a busca pela melhoria tem que ser permanente. Essa é uma ferramenta que pode ser utilizada tanto pelas organizações, independentemente do ramo de atuação, como por qualquer pessoa, no seu ambiente familiar. Exercícios Questão 1. (Enade 2015) Uma empresa vende assinaturas de transmissões online de eventos esportivos e culturais exclusivamente para smartphones. Em meio a diversas mudanças tecnológicas e de hábitos de consumo, como o advento da televisão pay per view e o crescimento do mercado de smartphones e tablets, os executivos dessa empresa realizaram uma pesquisa de mercado que apontou que as pessoas não compram mais de uma mídia para um mesmo evento. Um diagnóstico estratégico, realizado por meio de uma análise SWOT, identificou as forças e fraquezas e as ameaças e oportunidades para a empresa nesse cenário. 56 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II Com base nessa situação hipotética, avalie o diagnóstico estratégico, realizado por meio de análise SWOT, descrito nas afirmações a seguir. I – A televisão pay per view é uma concorrente da empresa e representa uma ameaça ao seu negócio. II– A atuação da empresa com a venda de assinaturas de transmissões online para smartphones representa uma oportunidade para seu negócio. III – O crescimento do mercado de smartphones é um ponto forte para a empresa. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta Justificativa: como a televisão pay per view é um aspecto externo à empresa e ela pode tirar clientes, ela deve ser considerada uma ameaça ao negócio da empresa. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: a venda de assinaturas de transmissões online para smartphones é o negócio da empresa. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: o crescimento do mercado de smartphones é um aspecto externo à empresa. Como o negócio da empresa é a venda de assinaturas de transmissões online para smartphones, o aumento deste mercado representa uma oportunidade de negócio. Questão 2. (Enade 2015) Uma forma simples de verificar o desempenho competitivo de um produto (bem ou serviço) é relacionar os atributos que o qualificam e atribuir notas ao seu desempenho em relação aos concorrentes e à relevância para os clientes. 57 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE - CONTROLE E MELHORIA A Matriz Importância versus Desempenho, representada a seguir, mostra o posicionamento de dois atributos de um aparelho eletrônico. O ponto A representa o processo de fabricação com baixa emissão de carbono, e o ponto B, a quantidade e a distribuição geográfica da rede de assistência técnica do fabricante. Sabe‑se, ainda, que o produto apresenta baixo índice de defeitos de fabricação. Melhor que O mesmo que Zona de excesso Zona apropriada Linha mí nima de desempe nho Zona de melhoria Zona de urgênciaPior que Menos importante Qualificador Importância Clientes Baixa Alta Ganhador de pedido De se m pe nh o 8 9 8 7 6 5 4 3 2 1 7 6 5 4 3 2 1 A B Co nc or re nt es Figura 23 ‑ Matriz importância x desempenho Com base na análise do gráfico, avalie as afirmações a seguir, relativas ao desempenho competitivo do produto. I – A rede de assistência técnica do aparelho eletrônico não supera a disponibilizada, em média, pelos concorrentes, mas isso não constitui fator negativo na imagem do produto no mercado. II – A redução na percepção do mercado com relação à importância de uma produção com baixa emissão de carbono compromete a avaliação do produto. III – O fabricante deve investir igualmente na ampliação da importância dos dois atributos para os clientes. IV – A ação mais apropriada para o aumento do desempenho do produto é a ampliação da quantidade de assistências técnicas e a melhor distribuição geográfica delas. É correto apenas o que se afirma em: A) III. 58 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 3 0/ 06 /1 7 Unidade II B) IV. C) I e II. D) I e IV. E) II e III. Resolução desta questão na plataforma.