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Processo de Produção Jornalistica Aula 03

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PROCESSO DE PRODUÇÃO 
JORNALÍSTICA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.a Alessandra Lemos Fernandes 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, aluno! Agora que você já sabe que existem diferentes modos de 
produção de uma reportagem, chegou o momento de estudar, em detalhes, 
como executar cada etapa da atividade jornalística. Vamos fazer um passeio por 
cada passo que deve ser dado para resultar em um conteúdo de qualidade para 
o público. 
Para isso, você deve aprender como avaliar se um fato que chega até 
você deve ser foco de uma reportagem, como apurar e checar se essa notícia é 
verídica e descobrir novas informações sobre aquele acontecimento. Além disso, 
vamos conhecer algumas orientações para escolher as pessoas que devem ser 
consultadas e entrevistadas para se obter dados relevantes para sua matéria. 
Nem todas as informações são confiáveis e desconfiar do que se ouve é uma 
característica essencial para um bom jornalista. 
Na aula de hoje, também falaremos do chamado “gancho jornalístico”, ou 
seja, a definição do aspecto sobre o qual será abordado determinado tema. Essa 
definição ocorre principalmente na etapa de pré-produção, chamada de pauta, e 
é confirmada durante o trabalho de produção. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Talvez você já tenha passado pela desagradável situação de alguém te 
contar alguma coisa que você acreditou e depois descobriu que aquilo não era 
verdade. Puxa, que situação, não é mesmo? Ou ainda você possa rapidamente 
pensar em pelo menos uma pessoa que você conheça que tudo que ela fala, 
você logo desconfia. Por outro lado, pense agora em alguém que você sabe que 
pode confiar e tudo que ela fala é verdade, pois ao longo dos anos e da amizade, 
você já teve provas de que essa pessoa é confiável. 
No dia a dia do jornalista é assim também. Nem tudo que contam para 
gente é verdade. Muitas informações chegam até a redação, mas precisam ser 
verificadas para sabermos se é verdade — ou se é realmente do jeito que 
 
 
3 
contaram. Para isso, precisamos de fontes, pessoas que confiamos e que vamos 
consultar para saber mais detalhes e checarmos a veracidade das informações. 
Atualmente, com a facilidade da divulgação de conteúdo via sites e redes 
sociais, a apuração e checagem da informação os são principais aspectos que 
diferenciam uma informação considerada jornalística. O jornalista também atua 
como responsável pela seleção das informações e deve analisar o que merece 
— ou não — ser noticiado. Desse modo, o público que decide acessar 
determinado jornal, telejornal, rádio jornal ou revista terá o conteúdo selecionado 
para ele. 
Infelizmente nem todos os profissionais fazem corretamente a sondagem, 
a apuração dos fatos e a seleção deles — o que gera algumas críticas à 
imprensa. Mas seu objetivo como estudante de jornalismo deve ser conhecer a 
importância e saber executar cada etapa de produção, para garantir uma 
informação útil e de qualidade para quem for ter acesso ao conteúdo que você 
produzir. 
TEMA 1 - PRINCIPAIS ETAPAS DO JORNALISMO — PRÉ-PRODUÇÃO, 
PRODUÇÃO, EDIÇÃO E PÓS-PRODUÇÃO 
Não existe uma receita única de como se fazer jornalismo. As variáveis 
são múltiplas: o estilo do jornalista, as normas do veículo de comunicação, o tipo 
de veículo (se impresso, TV, web ou rádio), características regionais, condições 
financeiras e até valores éticos. Desse modo, apresentaremos nesta aula uma 
proposta de etapas a serem seguidas pelo jornalista para a produção de uma 
reportagem. 
Para isso, usaremos como base ideias de autores consagrados por seus 
estudos e experiência prática no jornalismo diário, como: Felipe Pena (2008), 
Luiz Costa Pereira Junior (2009), Mario L. Erbolato (2008) e Nilson Lage (2004). 
Classificamos desse modo, as seguintes etapas, segundo a tabela a seguir: 
Quadro 1 – Etapas de produção de uma reportagem jornalística 
Etapa Atividades 
Pré-produção 
Informação ou pista inicial 
Sondagem 
 
 
4 
Apuração 
Seleção dos fatos 
Seleção das fontes 
Preparação da pauta 
Produção 
Coleta de dados 
Entrevistas 
Fotojornalismo 
Checagem 
Seleção das informações 
Redação do texto 
Edição 
Revisão 
Seleção e cortes de elementos do texto 
Redação de textos destaques: títulos, subtítulos e manchetes 
Pós-produção 
Layout da notícia 
Diagramação ou “espelhamento” da edição 
Arte final 
Envio para edição, publicação ou veiculação 
Fonte: A autora 
 
Durante esta e as próximas rotas desta disciplina, vamos esmiuçar cada 
uma dessas etapas e suas atividades, para que você possa saber o que fazer 
para executá-las. Por hora, é importante que você leia com atenção esta tabela 
e entenda que cada passo é fundamental para uma reportagem de qualidade 
para o público. 
Curiosidade 
Os atentados de 11 de setembro de 2001 foram alvo da cobertura de 
jornalistas do mundo todo. A transmissão ao vivo das Torres Gêmeas atingidas 
e depois ruindo ao chão chocaram milhares de pessoas. Não foi uma cobertura 
de rotina e várias informações desencontradas acabaram sendo divulgadas 
indicando a falta de apuração diante da suposta emergência de dizer algo ao 
público. A velocidade acabou dando lugar ao erro. Pereira Junior (2009) registra 
que os jornais do dia seguinte ao atentado divulgaram as diferentes informações, 
especialmente sobre o número de mortos no World Trade Center (WTC). Veja o 
quadro: 
Quadro 2 – Número de mortos no WTC segundo jornais brasileiros 
Veículo de comunicação Número mortos em 12/09/2001 
Agora São Paulo 10 mil 
Jornal do Brasil “Milhares” de mortos 
Folha de S. Paulo 6 mil 
O Globo 6 mil 
O Estado de S. Paulo 6 mil 
Fonte: Pereira Junior (2009, p. 67), adaptado. 
 
 
5 
 
Qual era a informação correta? Nem 10 mil, nem 6 mil. O número exato 
de vítimas nas torres de Nova Iorque foi 3.025. Mas sabe quanto tempo levou 
para as autoridades confirmarem o número de mortes? Um ano. 
A alternativa seria divulgar os dados como estimativa e deixar claro ao 
público que o número exato de mortos não havia sido confirmado. Mas essa 
avaliação preliminar precisaria ser divulgada por uma fonte confiável e não ser 
um mero “chutômetro”. 
Que tal relembrar a reportagem divulgada pelo Jornal Nacional daquele 
dia histórico? Nem todas as informações estavam confirmadas. Pesquise por 
reportagens de telejornais, do 11/01/2011, e confira! 
 
TEMA 2 - A PRÉ-PRODUÇÃO JORNALÍSTICA: PAUTA E SONDAGEM INICIAL 
Chegou a hora de você aprender com mais detalhes da primeira etapa de 
atividades que vão resultar em uma notícia: a chamada pré-produção. Para isso, 
observe o quadro a seguir: 
Quadro 3 – Atividades da pré-produção jornalística 
Etapa Atividades 
Pré-produção 
Informação ou pista inicial 
Sondagem 
Apuração 
Seleção dos fatos 
Seleção das fontes 
Preparação da pauta 
Fonte: A autora 
A pré-produção começa a partir de uma alguma informação inicial, uma 
pista ou uma ideia de tema discutida dentro da redação. O jornalista pode passar 
por um local e ver uma determinada obra, por exemplo. A partir desse fato inicial, 
surge a ideia de uma reportagem sobre o crescimento da construção civil. Mas 
será que cresceu? Será que vale uma notícia? Lembre-se do que vimos nas 
rotas anteriores: para ser notícia precisa ser algo atual, que contenha novidades, 
que desperte interesse público ou curiosidade. 
 
 
6 
A informação ou pista inicial pode ser uma denúncia que o jornalista 
recebe, uma sugestão de reportagem enviada por um assessor de imprensa, um 
aviso da Polícia Militar sobre a uma operação especial. Trata-se do passo 1, ou 
seja, a informação de onde parte a investigaçãojornalística. 
O passo 2 será a sondagem, que também pode ser chamada de pesquisa 
ou exploração inicial do tema. No caso da ideia de se fazer uma matéria sobre 
construção civil, ligar para o sindicato das construtoras seria uma forma de 
sondar se o número de obras está em crescimento, em queda ou estável. A 
Prefeitura da cidade também pode fornecer dados sobre os alvarás para obras 
— que podem ajudar nessa pesquisa indicando a relevância do assunto. 
No caso de pautas não programadas, como a cobertura de um acidente, 
a sondagem ocorre antes mesmo do repórter chegar no local do ocorrido. Da 
redação, a equipe que atua nessa pré-produção (geralmente formada por 
pauteiros, produtores e apuradores) fazem essa sondagem inicial, levantando os 
primeiros dados sobre local, envolvidos, incidentes anteriores que se comparem 
com esse e outras informações necessárias. Essa exploração inicial será base 
para o repórter que pode ser deslocado para cobrir o fato in loco. 
Aqui entra o passo 3, que é a apuração. Embora a gente saiba que não 
existe uma verdade única sobre os fatos e sim uma construção de sentidos, é na 
apuração que a gente busca as informações mais precisas sobre o fato a ser 
investigado. Vale ressaltar que essa apuração — na pré-produção — é feita na 
maioria das vezes de dentro da redação, com ligação para órgãos públicos, 
entidades representativas de classe, instituições que darão mais dados sobre 
aquele tema que será alvo de reportagem — se as informações forem 
confirmadas, é claro. O rigor nessa apuração envolve ouvir mais de uma versão 
do fato e só usar o dado da reportagem se ele for respaldado, ou seja, 
confirmado, como lembra Pereira Junior (2008, p. 72). 
É comum, dentro da rotina de uma redação, a ligação do público fazendo 
denúncias, como por exemplo, que não há médicos em um determinado posto 
de saúde. É a informação inicial, indicada no passo 1. Antes de mandar um 
repórter no local para averiguar, são realizados os passos 2 e 3. Liga-se para o 
posto, para a secretaria da saúde, tenta-se outros moradores do local para saber 
 
 
7 
se aquela informação procede antes de deslocar a equipe de reportagem. 
Lembra que falamos sobre as empresas jornalísticas? São empresas, não 
querem gastos à toa que diminuam a margem de lucro. Essa pesquisa inicial se 
deve a necessidade de informação para o repórter, mas tem também sua lógica 
no capital. 
Na pré-produção, outra atividade é o passo 4, seleção dos fatos 
levantados durante a sondagem e apuração. Reúnem-se os dados pesquisados 
para, a partir disso, tomar outra decisão: quem serão os entrevistados da 
matéria? Quem serão ouvidos para a reportagem? Trata-se do passo 5, a 
seleção de fontes. Falaremos mais sobre fontes no próximo item, mas, por hora, 
é preciso saber que essa seleção ocorre durante a etapa de pré-produção. 
Saiba mais 
MODELO DE PAUTA 
 
Cabeçalho 
Data: (em que foi redigida a pauta) 
Nome do pauteiro: 
Nome do repórter: 
Tema da pauta (também chamada de retranca, especialmente no rádio ou TV): 
 
Dados de marcação 
Data e Horário: (quando será a entrevista) 
Fonte: (nome completo e função do(s) entrevistado(s) 
Endereço: (local da entrevista) 
Contato: (telefone, e-mail, formas de contatar a fonte) 
 
Informações sobre o tema/fato: 
O texto deve ser uma conversa informal entre pauteiro e repórter expondo o 
objetivo da pauta e todos os dados levantados: pista inicial, informações pesquisadas 
e apuradas, perfil das fontes. 
O pauteiro também deve informar ao repórter o dead line (data e horário de entrega 
da reportagem pronta) e tamanho (caso haja definição anterior). 
 
Bom trabalho! 
 
 
8 
Veja a seguir um dos modelos de pauta usados pelos veículos 
jornalísticos: 
TEMA 3 - A SELEÇÃO E ABORDAGEM DAS FONTES 
Dentro do processo de pré-produção, há o processo de seleção das 
fontes. Porém, antes de explicar como escolher uma fonte, é importante retomar 
o conceito do que é fonte. 
Uma vez decidido o tema da reportagem e o que será investigado dentro 
daquele assunto, é preciso levantar dados sobre o fato. Mas como descobrir 
essas informações? Por meio das chamadas fontes de informações. A seguir, 
elencamos algumas das possíveis fontes, segundo Nilson Lage (2004, p. 45-46): 
 Notícias já publicadas em rádio, jornal, televisão ou na web — 
podem conter dados relevantes de histórico sobre o caso ou tema em 
questão. 
 Releases e sugestões de pauta enviadas por assessorias de 
imprensa — informam sobre eventos, decisões, assinaturas de protocolo, 
descobertas, anúncios governamentais ou empresariais e os mais 
variados assuntos que partem de uma empresa, instituição ou órgão 
público. 
 Dados que chegam ao conhecimento do repórter por outros 
jornalistas, profissionais de outras áreas ou público em geral — o buraco 
na rua, a corrupção em uma estatal, um assalto. Pessoas entram em 
contato com o jornalismo para informar sobre diferentes acontecimentos. 
 Cartas, telefones, e-mails do público ou de qualquer outra origem 
— com a intenção de informar sobre um acontecimento, complementando 
os dados que chegam ao conhecimento do repórter por outros jornalistas, 
profissionais de outras áreas ou público em geral. 
 Um comerciante, um camelô, o motorista do ônibus, uma pessoa 
que passa na rua, a testemunha de um fato — qualquer indivíduo pode 
ser fonte de informação. 
 Páginas na internet — clicando “google” é possível ter acesso a um 
número vastíssimo de informações sobre muitos (se não, todos) os 
assuntos. 
 
 
9 
 
No próximo tópico falaremos sobre confiabilidade, credibilidade e 
interesses dessas fontes, ou seja, não é porque a pessoa passa uma informação 
significa que aquilo é verdadeiro. Mas, antes de falarmos nisso, é importante 
saber que é a fonte, pessoal ou de instituição pública ou privada, quem repassa 
os dados para o jornalista produzir reportagens. 
O contato com essas fontes pode ser feito de diferentes formas. A mais 
comum é por meio de entrevistas feitas pessoalmente, por telefone, via e-mail 
ou aplicativos de mensagens. Mas é possível ter acesso a um dado recorrendo 
às informações disponibilizadas em um site, por exemplo. 
Para se elaborar uma pauta, é preciso que o jornalista detenha um 
conhecimento geral sobre quem são as autoridades ou órgãos que respondem 
por determinado tema. Por exemplo: se quero falar sobre dados da agricultura, 
quem devo procurar para entrevistar sobre o assunto? Pode ser a secretaria ou 
o ministério da agricultura, um agrônomo ou até um economista especialista em 
agronegócio. Algumas vezes, as três opções são necessárias, dependendo da 
pauta. 
Para pensar 
Você já pensou se você fosse enviado para cobrir uma sessão no Senado 
Federal, em Brasília? O que você perguntaria para o presidente da Casa? Aliás, 
você sabe o nome do presidente do Senado e os principais assuntos que têm 
sido debatidos no Congresso Nacional? Se sua resposta é não, está na hora de 
ler mais jornais e se informar mais sobre diferentes áreas. Jornalista bom é 
jornalista bem informado, curioso, que sabe e gosta de fazer perguntas! Com 
esses ingredientes, você produzirá sempre boas entrevistas. 
 
TEMA 4 - PRODUÇÃO: CONTATOS E CREDIBILIDADE DAS FONTES 
Uma vez selecionadas as fontes, marcadas as entrevistas e elaboradas 
as pautas, chega a hora do contato direto com a fonte, geralmente feito pelo 
repórter. No entanto, é preciso ter claro algumas máximas: 
 
 
10 
a) “Quem conta um conto aumenta um ponto”. 
b) Não é porque a pessoa viu o fato que ela sabe a verdade 
sobre ele. Relato é diferente de fato, pois envolve o ponto de vista da 
testemunha. 
c) Há diferentes intenções e interessesenvolvidos quando uma 
fonte é abordada por um jornalista. 
d) Fontes podem mentir. 
Os quatro itens citados querem mostrar que uma reportagem não deve ter 
uma única fonte. Mais uma de uma e o máximo de versões possíveis darão ao 
repórter uma clareza maior sobre o ocorrido ou o tema e levará a uma matéria 
mais precisa. 
Aldo Schimitz (2001, p. 23), propõe uma matriz de classificação das fontes 
de notícias, confira a reprodução apresentada a seguir: 
Quadro 4 – Classificação das fontes de notícia. 
Categoria Grupo Ação Crédito Qualificação 
 
Primária 
Secundária 
Oficial 
Empresarial 
Institucional 
Popular 
Notável 
Testemunhal 
Especializada 
Referencial 
Proativa 
Ativa 
Passiva 
Reativa 
Identificada 
Anônima 
Confiável 
Fidedigna 
Duvidosa 
Fonte: Aldo Schimitz (2011, p. 23). 
Na primeira coluna, podemos observar uma categoria de fontes segundo 
a natureza. As fontes primárias são aquelas que tiveram contato com o fato e as 
secundárias não. Aqui, não se trata de confiabilidade, mas de a pessoa ter 
presenciado ou não um ocorrido. 
Exemplo: Assalto no Centro Histórico da cidade. 
 Comerciante assaltado é entrevistado  fonte primária 
 Policial que atendeu a ocorrência  fonte primária 
 Especialista em segurança pública que fala sobre o aumento 
da violência urbana  fonte secundária 
 
 
 
11 
Apenas o comerciante e o policial estiveram no local do crime. Por isso, 
estão na categoria de fonte primária. O especialista em segurança não esteve 
lá, mas entende muito do assunto, pois é estudioso do tema. É interessante ouvi-
lo, mas nesse caso, ele é uma fonte secundária. 
Na segunda coluna do quadro, o autor classifica as fontes segundo seu 
grupo. Vamos às descrições: 
Oficial — fonte que fala em nome do Governo ou órgão público. 
Empresarial — fonte que fala em nome de uma empresa privada. 
Institucional — representante de uma instituição, ONG, sindicato ou 
conselho de classe. 
Popular — pessoas em geral que podem prestar informação sobre 
diferentes assuntos. 
Notável — também chamados de famosos, que são alvo de entrevista por 
serem pessoas de renome e fama. 
Testemunhal — presenciou o fato e foi testemunha do ocorrido. 
Especializada — especialista no assunto e pode comentar o fato. 
Referencial — mais do especialista no tema, essa fonte é referência 
naquele assunto, como um Prêmio Nobel, por exemplo. 
Saiba mais 
Um dos casos mais famosos de fonte anônima (também chamada de off-
the-record ou “gravador desligado”, em tradução literal) é o Watergate, 
escândalo político do início da década de 1970 que veio a público por meio de 
uma série de reportagens do jornal norte-americano Washington Post. Os 
informantes não foram divulgados na época pelo jornal, mas suas informações 
culminaram na renúncia do então presidente Richard Nixon. 
 
 
 
12 
Para saber mais sobre o caso, que também foi retratado pela literatura e 
pelo cinema na obra Todos os Homens do Presidente, pesquise sobre o assunto! 
 
TEMA 5 - O GANCHO JORNALÍSTICO 
Para finalizar esta rota sobre “Etapas e processos”, é preciso ainda 
ressaltar um aspecto importante da produção jornalística: a definição do 
chamado “gancho”. Há diversos temas e assuntos que podem ser alvo da 
cobertura da imprensa, mas ao definir a pauta e produzir a matéria é preciso 
deixar claro qual é o aspecto sobre aquele assunto que será abordado. É preciso 
estabelecer — ou descobrir por meio da investigação jornalística — qual é o foco 
que deverá ser dado a essa notícia. 
Pereira Junior (2009, p. 79), cita o exemplo do tema “crise brasileira na 
educação”. Isso é tema, não é pauta. Para ser pauta, é preciso definir o gancho, 
ou seja, qual o acontecimento real, novo e de interesse público. Se eu tenho a 
informação de que falta professor em um bairro da periferia da capital, isso é um 
gancho para falar da crise da educação. 
Vamos a outro exemplo: a chegada do frio. Com certeza, você já deve ter 
assistido, ouvido ou lido alguma matéria sobre esse assunto. O frio é em si não 
é notícia. Mas com um gancho atual pode fazer com que o tema se torne uma 
pauta. Algumas possibilidades a ser levantadas na apuração para verificar a 
existência de um gancho: 
 aumentou o número de casos de pneumonia em decorrência 
do frio? Se aumentou ou diminuiu, a estatística pode ser um gancho. 
 o que os meteorologistas preveem sobre o inverno: rigoroso 
ou não? Dependendo da resposta, pode ser um gancho para as 
pessoas se prepararem. 
 doenças típicas do frio: novas descobertas (se existirem) 
sobre prevenção de gripes e resfriados. Lembre-se, entanto, que para 
ter gancho jornalístico e se tornar notícia necessariamente precisa 
apresentar algo diferente do que já foi abordado ou com nova 
abordagem. 
 
 
13 
 
Importante também notar que diante de um fato, cada veículo de 
comunicação pode escolher um gancho, ou seja, uma diferente abordagem 
sobre o tema. Uma marcha de trabalhadores, por exemplo, pode receber 
cobertura de um jornal com o gancho das bandeiras do momento, que poderia 
ser hipoteticamente o aumento da mobilização de assalariados preocupados 
com o desemprego. Já outro jornal poderia cobrir a marcha com o enfoque do 
uso de dinheiro público para financiar eventos como esse, que seriam 
promovidos por sindicato de trabalhadores ligados a determinados partidos 
políticos. Ou seja, um teve como gancho bandeiras do movimento e outro o 
financiamento da manifestação. 
Sugestão de leitura 
O artigo Onde está o gancho, apresentado em um Congresso de Ciências 
da Comunicação (Intercom, 2012), traz uma discussão interessante sobre o 
gancho jornalístico. Que tal pesquisar sobre o artigo para aprofundar seus 
conhecimentos sobre o tema? 
 
TROCANDO IDEIAS 
Na aula de hoje, discutimos sobre as etapas da produção jornalística. 
Entre elas, a pré-produção em que, a partir de um tema ou informação inicial, se 
levanta informações sobre o assunto a fim de definir se vale fazer uma notícia 
para que se elabore uma pauta. 
Que tal trocar uma ideia sobre um tema recorrente na imprensa, que é o 
mosquito aedes aegypti? Consegue propor três diferentes possibilidades de 
gancho jornalístico para esse assunto? 
Entre no fórum, disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem, para 
trocar informações e ideias sobre as possibilidades de gancho jornalístico. 
 
 
14 
NA PRÁTICA 
Vamos fazer um estudo de caso buscando compreender o processo de 
produção jornalística, aplicando os conhecimentos da aula na elaboração de 
uma pauta. 
1. Comece pesquisando pela notícia Insegurança gera protesto na 
barreirinha, depois leia a reportagem que será estudada e que será base para 
a pauta. 
2. Com base no texto, elabore a pauta que daria origem a essa 
matéria jornalística, usando os dados contidos nela. 
3. A pauta deve incluir o tema (também chamado de retranca) e os 
dados de marcação. Horários e locais podem ser fictícios, mas a escolha das 
fontes deve seguir a lógica da matéria já publicada. 
4. Nas informações e na proposta para a repórter, deixe claro o 
gancho jornalístico usado, além das sugestões de perguntas e fotos. 
5. Para identificar os itens acima, relembre os conceitos das aulas 
sobre pré-produção jornalística, fontes e gancho jornalístico. 
6. Liste a sua resposta para cada pergunta deste caso. 
SÍNTESE 
Nesta aula aprendemos como avaliar se um fato deve ser foco de uma 
reportagem, e caso seja, como apurar e checar se essa notícia é verídica e 
descobrir novas informações sobre aquele acontecimento. Além disso, 
compreendemos como dever ser feita a escolha das pessoas que devem ser 
consultadas e entrevistadaspara se obter dados relevantes para uma matéria. 
Também conhecemos a função do gancho jornalístico, que define o 
aspecto sobre o qual será abordado determinado tema, este ocorrendo 
principalmente na etapa de pré-produção, chamada de pauta, e confirmada 
durante o trabalho de produção. 
 
 
15 
 
REFERÊNCIAS 
ERBOLATO, Mario L. Técnicas de codificação em jornalismo: redação, 
captação e edição no jornal diário. São Paulo: Editora Ática, 2008. 
LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa 
jornalística. São Paulo: Record, 2008. 
PENA, Felipe. Teoria do jornalismo. São Paulo: Contexto, 2008. 
PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia: métodos de 
investigação na imprensa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
_____. Guia para edição jornalística. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
SCHIMITZ, Aldo Antônio. Fontes de notícias: ações e estratégias das 
fontes no jornalismo. Florianópolis: Combook, 2011. Disponível em: 
<http://www.cairu.br/biblioteca/arquivos/Comunicacao/Fontes_noticias.pdf> 
Acesso em 21 jan 2016.

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