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Problema 02 – Transtornos Parafílicos Felipe Santos Arruda Referências: Compêndio de Psiquiatria, Kaplan 11ª ed, 2017. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM V). Parafilias: Parafilias ou perversões são estímulos ou atos sexuais que apresentam desvios dos comportamentos sexuais normais, mas que são necessários para que algumas pessoas experimentem excitação e orgasmo. De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 5ª edição (DSM-5), o termo “transtorno parafílico” é reservado para aqueles casos em que uma fantasia ou um impulso sexualmente desviante foi expresso de modo comportamental. Indivíduos com interesses parafílicos podem experimentar prazer sexual, mas são inibidos na resposta a estímulos normalmente considerados eróticos. A sexualidade da pessoa parafílica está sobretudo restrita a estímulos ou atos desviantes específicos. As pessoas que experimentam ocasionalmente comportamento parafílico (p. ex., episódio infrequente de dominação ou vestir fantasias), mas são capazes de responder a estímulos eróticos mais típicos, não são vistas como tendo transtornos parafílicos. Os transtornos parafílicos podem variar de um comportamento quase normal até um comportamento destrutivo ou doloroso para a pessoa, para a pessoa e o parceiro e até um comportamento considerado destrutivo ou ameaçador à comunidade em geral. O DSM-5 lista pedofilia, frotteurismo, voyeurismo, exibicionismo, sadismo sexual, masoquismo sexual, fetichismo e travestismo com critérios diagnósticos explícitos em razão de sua ameaça aos outros e/ou porque são parafilias bastante comuns. Existem muitas outras que podem ser diagnosticadas. Uma parafilia é clinicamente significativa se a pessoa atuou essas fantasias ou se essas fantasias causam sofrimento acentuado ou dificuldades interpessoais ou problemas relacionados ao trabalho. Entretanto, quando a fantasia não foi atuada, o termo “transtorno parafílico” não deve ser aplicado. Nas parafilias já listadas, com exceção da pedofilia, são acrescentados os especificadores “em ambiente protegido” (quando a fantasia não pode ser facilmente atuada devido a circunstâncias como estar em uma instituição) ou “em remissão completa” (quando o paciente não atuou as fantasias por cinco anos e não ocorreu prejuízo no funcionamento interpessoal ou profissional em um ambiente não protegido por cinco anos). Uma fantasia especial, com seus componentes inconscientes e conscientes, é o elemento patognomônico da parafilia, sendo excitação sexual e orgasmo fenômenos associados que reforçam a fantasia ou o impulso. A influência dessas fantasias e suas manifestações comportamentais frequentemente se estendem além da esfera sexual para invadir a vida das pessoas. As principais funções do comportamento sexual humano são auxiliar nos vínculos, criar prazer mútuo em cooperação com um parceiro, expressar e estimular o amor entre duas pessoas e procriar. Os transtornos parafílicos implicam comportamentos divergentes, uma vez que esses atos envolvam agressão, vitimização e unilateralidade. Os comportamentos excluem ou prejudicam outras pessoas e perturbam as ligações potenciais entre as pessoas. Além do mais, os scripts sexuais parafílicos com frequência servem a outras funções psíquicas vitais. Eles podem aliviar a ansiedade, refrear agressão ou estabilizar a identidade. A parafilia é classificada em dois grupos para melhor definição dos sintomas. O primeiro grupo de transtornos baseia-se em preferências por atividades anormais. Esses transtornos são subdivididos em transtornos do namoro, os quais se assemelham a componentes distorcidos do comportamento de namoro (transtornos voyeurista, exibicionista e frotteurista), e transtornos da algolagnia, os quais envolvem dor e sofrimento (transtornos do masoquismo sexual e do sadismo sexual). O segundo grupo de transtornos baseia-se em preferências por alvo anômalo. Esses transtornos incluem um que tem como alvo outros seres humanos (transtorno pedofílico) e dois que têm outros alvos (transtornos fetichista e transvéstico). Epidemiologia: As parafilias são praticadas por apenas uma pequena porcentagem da população, mas a natureza insistente e repetitiva do transtorno resulta em uma alta frequência desses atos. Dessa forma, uma grande proporção da população tem sido vitimizada por pessoas com transtornos parafílicos. Foi sugerido que a prevalência de parafilias seja significativamente mais alta do que o número de casos diagnosticados em instituições de clínica geral, com base no grande mercado comercial da parafernália pornográfica parafílica. Não se sabe como muitos dos consumidores desse material atuam as fantasias parafílicas ou não conseguem responder aos estímulos eróticos típicos. Entre os casos identificados legalmente de transtornos parafílicos, a pedofilia é o mais comum. De todas as crianças, 10 a 20% foram molestadas até os 18 anos de idade. Como uma criança é o objeto, o ato é levado mais a sério e é feito maior esforço para monitorar o criminoso do que em outros transtornos parafílicos. Pessoas com exibicionismo que se exibem publicamente para crianças pequenas também costumam ser presas. Aquelas com voyeurismo podem ser presas, mas seu risco não é grande. Das mulheres adultas, 20% foram alvo de pessoas com exibicionismo ou voyeurismo. Masoquismo sexual e sadismo sexual estão sub-representados em todas as estimativas de prevalência. O sadismo sexual em geral chama atenção apenas em casos sensacionalistas de estupro, brutalidade e assassinato por luxúria. Os transtornos parafílicos excretórios são raramente reportados porque a atividade acontece, de modo habitual, entre adultos, com consentimento, ou entre prostituta e cliente. As pessoas com fetichismo em raras ocasiões são envolvidas pelo sistema legal. Aqueles com travestismo podem ser presos algumas vezes por perturbação da paz ou outros delitos se forem obviamente homens vestidos com roupas de mulheres, mas a prisão é mais comum entre aqueles com transtornos de identidade de gênero. Zoofilia como um verdadeiro transtorno parafílico é rara. Conforme em geral definido, as parafilias parecem ser, em grande parte, condições masculinas. O fetichismo quase sempre ocorre em homens. Mais de 50% de todas as parafilias têm seu início antes dos 18 anos. Pacientes com parafilia frequentemente têm 3 das 5 parafilias, seja de forma concomitante, seja em momentos diferentes. Esse padrão de ocorrência é especialmente o caso com exibicionismo, fetichismo, masoquismo sexual, sadismo sexual, fetichismo transvéstico, voyeurismo e zoofilia. A ocorrência de comportamento parafílico atinge o auge entre 15 e 25 anos e declina de maneira gradual. O DSM-5 sugere que a designação de parafilia seja reservada para aqueles que estão acima de 18 anos para evitar patologizar a curiosidade sexual normal e a experimentação ocasional na adolescência. Em homens com mais de 50 anos, atos parafílicos criminosos são raros. Aqueles que ocorrem são praticados isoladamente e com um parceiro cooperativo. Etiologia: Fatores Psicossociais: No modelo psicanalítico clássico, as pessoas com parafilia não conseguiram completar o processo normal do desenvolvimento em direção ao ajustamento sexual, mas o modelo foi modificado por novas abordagens psicanalíticas. O que distingue uma parafilia de outra é o método escolhido por uma pessoa (em geral homem) para lidar com a ansiedade causada pela ameaça de castração pelo pai e a separação da mãe. Embora sua manifestação seja bizarra, o comportamento resultante possibilita uma saída para os impulsos sexuais e agressivos que de outra forma teriam sido canalizados para o comportamento sexual normal. A falha na resolução da crise edípica pela identificação com o pai agressor (paraos meninos) ou a mãe agressora (para as meninas) resulta na identificação imprópria com o sexo oposto ou uma escolha imprópria do objeto para catexia libidinal. A teoria psicanalítica clássica sustenta que transexualismo e fetiche transvéstico são transtornos porque cada um envolve identificação com o genitor do sexo oposto em vez de com o genitor do mesmo sexo; por exemplo, acredita-se que um homem que se vista com roupas de mulher se identifique com sua mãe. Exibicionismo e voyeurismo podem ser tentativas de acalmar a ansiedade de castração porque a reação da vítima ou a excitação do voyeur reassegura à pessoa parafílica que o pênis está intacto. O fetichismo é uma tentativa de evitar a ansiedade deslocando os impulsos libidinais para objetos inapropriados. Uma pessoa com um fetiche por sapatos nega inconscientemente que as mulheres perderam seus pênis por meio da castração, vinculando a libido a um objeto fálico, o sapato, que simboliza o pênis feminino. As pessoas com pedofilia e sadismo sexual têm necessidade de dominar e controlar suas vítimas para compensar seus sentimentos de impotência durante a crise edípica. Alguns teóricos acreditam que escolher uma criança como objeto de amor seja um ato narcisista. Pessoas com masoquismo sexual superam seu medo de lesão e seu sentimento de impotência mostrando que são refratárias a danos. Outra teoria propõe que o masoquista dirige a agressão inerente a todas as parafilias para si mesmo. Embora desenvolvimentos recentes em psicanálise coloquem mais ênfase no tratamento dos mecanismos de defesa do que em traumas edípicos, a terapia psicanalítica para pacientes com parafilia permanece coerente com a teoria de Sigmund Freud. Outras teorias atribuem a evolução de uma parafilia a experiências precoces que condicionam ou socializam as crianças para cometerem um ato parafílico. A primeira experiência sexual compartilhada pode ser importante nesse aspecto. Ser molestada quando criança pode predispor uma pessoa a aceitar o abuso continuado quando adulto ou, de maneira inversa, se tornar uma abusadora de outras pessoas. Além disso, experiências precoces de abuso que não são especificamente sexuais, como agressão, enemas ou humilhação verbal, podem ser sexualizadas por uma criança e formar a base para uma parafilia. Tais experiências podem resultar no desenvolvimento de uma criança erotizada. O começo de um transtorno parafílico pode resultar de pessoas usando como modelo para seu comportamento a conduta de outras pessoas que realizaram atos parafílicos, da simulação de comportamento sexual representado na mídia ou relembrando eventos do passado carregados emocionalmente, como ter sido molestado. A teoria da aprendizagem indica que fantasiar interesses parafílicos começa em idade precoce, e, como as fantasias e os pensamentos pessoais não são compartilhados com os outros (que poderiam bloqueá-los ou desencorajá-los), o uso e o mau uso de fantasias e impulsos parafílicos continuam inibidos até mais tarde na vida. Só então as pessoas começam a perceber que tais interesses e impulsos parafílicos são incompatíveis com as normas sociais. Nesse momento, no entanto, o uso repetitivo dessas fantasias tornou-se arraigado, e os pensamentos e comportamentos sexuais já se associaram ou ficaram condicionados às fantasias parafílicas. Fatores Biológicos: Diversos estudos identificaram achados orgânicos anormais em pessoas com parafilias. Nenhum deles usou amostras aleatórias dessas pessoas; em vez disso, investigaram amplamente pacientes com parafilia que foram encaminhados a grandes centros médicos. Entre esses pacientes, aqueles com achados orgânicos positivos incluíam 74% com níveis hormonais anormais, 27% com sinais neurológicos acentuados ou leves, 24% com anormalidades cromossômicas, 9% com convulsões, 9% com dislexia, 4% com estudo eletrencefalográfico (EEG) anormal, 4% com transtornos mentais importantes e 4% com deficiência mental. A questão é se essas anormalidades estão causalmente relacionadas a interesses parafílicos ou se são achados incidentais que não têm relevância para o desenvolvimento de parafilia. Testes psicofisiológicos foram criados para medir o tamanho volumétrico do pênis em resposta a estímulos parafílicos e não parafílicos. Os procedimentos podem ser de utilidade no diagnóstico e no tratamento, mas são de validade diagnóstica questionável porque alguns homens são capazes de suprimir sua resposta erétil. Diagnóstico e Características Clínicas: No DSM-5, os critérios para transtorno parafílico requerem que o paciente tenha vivenciado excitação intensa e recorrente com sua fantasia desviante por pelo menos seis meses e tenha atuado o impulso parafílico. A presença de fantasia parafílica, no entanto, ainda pode causar sofrimento a um paciente, mesmo que não tenha havido qualquer elaboração comportamental. A fantasia que causa sofrimento contém material sexual incomum relativamente fixo e apresenta apenas pequenas variações. A excitação e o orgasmo dependem da elaboração mental, senão da encenação comportamental da fantasia. A atividade sexual é ritualizada ou estereotipada e faz uso de objetos degradados, desvalorizados ou desumanizados. Para se caracterizar como transtorno parafílico e não apenas uma parafilia o paciente deve cumprir tanto o critério A (que especifica a natureza de cada parafilia) e B (especifica suas consequências negativas). Voyeurismo (302.82 ou F65.3): Voyeurismo, também conhecido como escopofilia, é a preocupação recorrente com fantasias e atos que envolvem a observação de pessoas que ignoram estar sendo observadas e que estão nuas, despindo-se ou em meio a atividade sexual. A masturbação até o orgasmo costuma acompanhar ou se segue ao evento. O primeiro ato voyeurista em geral ocorre durante a infância, e a parafilia é mais comum em homens. Quando pessoas com voyeurismo são presas, a acusação via de regra é de vadiagem. Critérios Diagnósticos: A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa ao observar uma pessoa que ignora estar sendo observada e que está nua, despindo-se ou em meio a atividade sexual, conforme manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos. B. O indivíduo colocou em prática esses impulsos sexuais com uma pessoa que não consentiu, ou os impulsos ou as fantasias sexuais causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. O indivíduo que se excita e/ou coloca em prática os impulsos tem, no mínimo, 18 anos de idade. Especificar se: Em ambiente protegido: Esse especificador é aplicável principalmente a indivíduos institucionalizados ou moradores de outros locais onde as oportunidades de envolvimento em comportamento voyeurístico são limitadas. Em remissão completa: O indivíduo não colocou em prática os impulsos com pessoa que não consentiu, e não houve sofrimento ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas da vida do indivíduo por pelo menos cinco anos enquanto em um ambiente não protegido. Características Diagnósticas: Os critérios diagnósticos para o transtorno voyeurista podem ser aplicados tanto a indivíduos que revelam de forma mais ou menos aberta esse interesse parafílico quanto àqueles que categoricamente negam qualquer excitação sexual decorrente da observação de pessoa que ignora estar sendo observada e que está nua, despindo-se ou em meio a atividade sexual, apesar de evidências objetivas substanciais do contrário. Se indivíduos que revelam o interesse também relatam sofrimento ou problemas psicossociais devido a suas preferências sexuais voyeuristas, eles podem ser diagnosticados com transtorno voyeurista. No entanto, se eles não relatam sofrimento,o que fica provado pela ausência de ansiedade, obsessões, culpa ou vergonha acerca desses impulsos parafílicos, e não apresentam prejuízo em outras áreas importantes do funcionamento devido a esse interesse sexual, além de suas histórias psiquiátricas ou legais indicarem que não colocam tal interesse em prática, pode-se dizer que esses indivíduos têm interesse sexual voyeurista, mas não se deve diagnosticá-los com o transtorno. Indivíduos não confessos incluem, por exemplo, aqueles que sabidamente espionam repetidas vezes pessoas que ignoram estar sendo observadas e que estão nuas ou envolvidas em atividade sexual, mas que negam quaisquer impulsos ou fantasias referentes a tal comportamento sexual e que podem relatar que esses episódios conhecidos de observação de pessoas nuas ou em atividade sexual foram todos acidentais e não sexuais. Outros podem revelar episódios passados de observação de pessoas nuas ou em atividade sexual que ignoram estar sendo observadas, mas contestar qualquer interesse sexual significativo ou contínuo nesse comportamento. Visto que esses indivíduos negam ter fantasias ou impulsos de observar outras pessoas nuas ou em atividade sexual, eles também rejeitam sentir sofrimento subjetivo ou prejuízo social por tais impulsos. Apesar de sua atitude de não revelação, tais indivíduos podem ser diagnosticados com transtorno voyeurista. Comportamento voyeurista recorrente constitui respaldo suficiente para voyeurismo (por atender ao Critério A) e, simultaneamente, demonstra que esse comportamento de motivação parafílica está causando dano a outros indivíduos (por atender ao Critério B). Espionar de forma "recorrente" pessoas que ignoram estar sendo observadas e que estão nuas ou envolvidas em atividade sexual (i.e., múltiplas vítimas, cada uma delas em uma ocasião distinta) pode, via de regra, ser interpretado como a presença de três ou mais vítimas em ocasiões distintas. A existência de menos vítimas pode ser interpretada como atendendo a esse critério caso tenha havido múltiplas ocasiões de observação da mesma vítima ou caso existam evidências que corroborem um interesse distinto ou preferencial na observação secreta de pessoas nuas ou em atividade sexual que ignoram estar sendo observadas. Deve- se ressaltar que vítimas múltiplas, conforme sugerido, representam condição suficiente, embora não necessária, para o diagnóstico; os critérios podem ser também atendidos se o indivíduo admite interesse sexual voyeurista intenso. O período de tempo do Critério A, que indica que os sinais ou sintomas de voyeurismo devem ter persistido pelo menos por seis meses, deve também ser entendido como uma orientação genérica, e não um limite rígido, de modo a assegurar que o interesse sexual na observação secreta de pessoas que ignoram estar sendo observadas e que estejam nuas ou em atividade sexual não seja meramente transitório. A adolescência e a puberdade costumam aumentar a curiosidade e a atividade sexuais. Para reduzir o risco de patologização do interesse e comportamento sexuais normais durante a adolescência puberal, a idade mínima para o diagnóstico do transtorno voyeurista é 18 anos (Critério C). Desenvolvimento e Curso: Atos voyeuristas são os mais comuns entre os comportamentos sexuais com potencial de desrespeito às leis. A prevalência do transtorno na população é desconhecida. No entanto, com base em atos sexuais de voyeurismo em amostras não clínicas, a prevalência mais alta possível durante a vida para o transtorno é de aproximadamente 12% no sexo masculino e 4% no feminino. Em geral é durante a adolescência que indivíduos do sexo masculino com transtorno voyeurista costumam se dar conta, pela primeira vez, de seu interesse sexual por observar secretamente pessoas que ignoram estar sendo observadas. A idade mínima, entretanto, para um diagnóstico de transtorno voyeurista é 18 anos, pois existe grande dificuldade em diferenciar esse transtorno da curiosidade e de atividade sexuais relacionadas à puberdade e adequadas à idade. A persistência do voyeurismo com o passar do tempo não está clara. O transtorno, no entanto, por definição exige um ou mais de um fator contribuinte que pode mudar com o tempo, com ou sem tratamento: sofrimento subjetivo (p. ex., culpa, vergonha, frustração sexual intensa, solidão), doença psiquiátrica, hipersexualidade e impulsividade sexual, prejuízo psicossocial e/ou a propensão para agir sexualmente, espionando pessoas nuas ou em atividade sexual que ignoram estar sendo observadas. Assim, o curso do transtorno voyeurista pode variar com a idade. Fatores de Risco e Prognóstico: Temperamentais. O voyeurismo é precondição necessária para o transtorno voyeurista; assim, os fatores de risco para voyeurismo devem também aumentar a taxa do transtorno voyeurista. Ambientais. Abuso sexual na infância, abuso de substâncias e preocupação sexual/hipersexualidade foram sugeridos como fatores de risco, embora a relação causal para voyeurismo seja incerta, e a especificidade, indefinida. Diagnóstico Diferencial: Transtorno da conduta e transtorno da personalidade antissocial: O transtorno da conduta em adolescentes e o transtorno da personalidade antissocial são caracterizados por comportamentos adicionais antissociais e contra as normas, e o interesse sexual específico de observar secretamente pessoas que ignoram estar sendo observadas e que estão nuas ou envolvidas em atividade sexual deve estar ausente. Transtornos por uso de substância: Os transtornos por uso de substância podem envolver episódios voyeuristas isolados por indivíduos intoxicados, mas não devem envolver o interesse sexual típico em observar secretamente pessoas nuas ou envolvidas em atividade sexual que ignoram estar sendo observadas. Assim, fantasias, impulsos e comportamentos sexuais voyeuristas recorrentes que ocorrem também quando o indivíduo não está intoxicado sugerem possível presença de transtorno voyeurista. Comorbidades: Comorbidades conhecidas no transtorno voyeurista baseiam-se amplamente em pesquisas com homens suspeitos de ou condenados por atos envolvendo a observação secreta de pessoas nuas ou em atividade sexual que ignoram estar sendo observadas. Assim, essas comorbidades podem não se aplicar a todos os indivíduos com o transtorno. As condições que ocorrem como comórbidas com o transtorno incluem hipersexualidade e outros transtornos parafílicos, particularmente o transtorno exibicionista. Os transtornos depressivo, bipolar, de ansiedade, por uso de substância, de déficit de atenção/hiperatividade, da conduta e da personalidade antissocial são também condições comórbidas frequentes. Exibicionismo (302.4 ou F65.2): Exibicionismo é o impulso recorrente de expor os próprios genitais a um estranho ou a uma pessoa que não espera o fato. A excitação sexual ocorre como antecipação da exposição, e o orgasmo é provocado pela masturbação durante ou após o evento. Em quase 100% dos casos, os exibicionistas são homens que se expõem a mulheres. A dinâmica dos homens com exibicionismo é afirmar sua masculinidade mostrando seu pênis e observando as reações das vítimas – susto, surpresa e aversão. Nesse transtorno parafílico, os homens inconscientemente se sentem castrados e impotentes. As esposas de homens com exibicionismo com frequência substituem as mães a quem os homens eram apegados em excesso durante a infância ou, ao contrário, por quem eram rejeitados. Em outras parafilias relacionadas, os temas centrais envolvem derivativos de olhar ou mostrar. Critérios Diagnósticos: A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa decorrente da exposição dos próprios genitais a uma pessoa que não espera o fato, conforme manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos. B. O indivíduo colocou em práticaesses impulsos sexuais com uma pessoa que não consentiu, ou os impulsos ou as fantasias sexuais causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Determinar o subtipo: (1) Excitado sexualmente pela exposição dos genitais a crianças pré-púberes. (2) Excitado sexualmente pela exposição dos genitais a indivíduos fisicamente maduros. (3) Excitado sexualmente pela exposição dos genitais a crianças pré-púberes e a indivíduos fisicamente maduros. Os subtipos do transtorno exibicionista baseiam-se na idade e na maturidade física dos indivíduos que não consentem a quem o indivíduo prefere expor a genitália. Os que não consentem podem ser crianças pré-púberes, adultos ou ambos. Esse especificador deve ajudar a focar atenção adequada em características de vítimas de indivíduos com o transtorno exibicionista para evitar que um transtorno pedofílico concomitante passe despercebido. No entanto, indicações de que o indivíduo com transtorno exibicionista excita-se sexualmente ao expor sua genitália a crianças não devem excluir um diagnóstico de transtorno pedofílico. Características Diagnósticas: Os critérios diagnósticos para transtorno exibicionista podem ser aplicados tanto a indivíduos que mais ou menos abertamente revelam essa parafilia quanto àqueles que negam categoricamente qualquer atrativo sexual em expor os genitais a pessoas que não esperam o fato, apesar de evidências objetivas substanciais do contrário. Se indivíduos que revelam seus interesses também relatam dificuldades psicossociais em razão de suas atrações ou preferências sexuais por expor, eles podem ser diagnosticados com transtorno exibicionista. Diferentemente, se declaram ausência de sofrimento (exemplificada por ausência de ansiedade, obsessões e culpa ou vergonha acerca desses impulsos parafílicos), não apresentam prejuízos em outras áreas importantes do funcionamento, e se suas histórias psiquiátricas ou legais indicam que não colocam em prática esses interesses sexuais, tais indivíduos podem ser caracterizados como tendo interesse sexual exibicionista, mas não podem ser diagnosticados com o transtorno. Exemplos de indivíduos que não relevam seus interesses incluem aqueles que se expõem repetidas vezes a pessoas que não esperam o fato em ocasiões distintas, mas que negam impulsos ou fantasias sobre tal comportamento sexual e informam que os episódios conhecidos de exposição foram todos acidentais e não sexuais. Outros podem revelar episódios passados de comportamento sexual envolvendo exposição genital, mas refutar qualquer interesse sexual significativo ou contínuo em comportamentos do tipo. Como esses indivíduos negam ter impulsos ou fantasias que envolvem a exposição da genitália, acabam também negando sentimentos de sofrimento subjetivo ou prejuízo social em decorrência de tais impulsos. Essas pessoas podem ser diagnosticadas com o transtorno exibicionista apesar do autorrelato negativo. Comportamento exibicionista recorrente constitui respaldo suficiente para exibicionismo (Critério A) e simultaneamente representa que esse comportamento com motivação parafílica está causando dano a outros (Critério B). Exposição genital "recorrente" a outros que não esperam o fato (múltiplas vítimas, cada uma em uma ocasião distinta) pode, via de regra, ser interpretada como a presença de três vítimas ou mais em ocasiões distintas. Menos vítimas é um dado que pode ser interpretado como atendendo a esse critério caso tenha havido múltiplas ocasiões de exposição à mesma vítima ou caso haja evidências corroborativas de um interesse forte ou preferencial em expor os genitais a pessoas que não esperam o fato. Deve- se ressaltar que vítimas múltiplas, conforme sugerido anteriormente, constituem condição suficiente, mas não necessária, para o diagnóstico, já que os critérios podem ser atendidos pelo reconhecimento do indivíduo de um interesse sexual exibicionista intenso com sofrimento e/ou prejuízo. O período de tempo do Critério A, que indica que os sinais e sintomas exibicionistas devem ter persistido por pelo menos seis meses, deve também ser entendido como uma orientação geral, e não um limite rígido, de modo a assegurar que o interesse sexual em expor os próprios genitais a outros que não esperam o fato não é meramente transitório. Isso pode ser expresso por evidências claras de comportamentos ou sofrimento repetidos por um período não transitório inferior a seis meses. Desenvolvimento e Curso: É desconhecida a prevalência do transtorno exibicionista. Entretanto, com base em atos sexuais exibicionistas na população em geral ou em amostras não clínicas, a prevalência mais alta possível do transtorno em indivíduos do sexo masculino é de 2 a 4%. A prevalência do transtorno no sexo feminino é ainda mais incerta, mas se acredita que seja muito mais baixa do que no masculino. Homens adultos com o transtorno exibicionista frequentemente relatam que se tornaram conscientes pela primeira vez do interesse sexual em expor a genitália a pessoas que não esperam o fato durante a adolescência ou mais tarde em comparação com o período típico do desenvolvimento do interesse sexual normal em mulheres ou homens. Embora não exista idade mínima exigida para o diagnóstico de transtorno exibicionista, pode ser difícil diferenciar comportamentos exibicionistas de curiosidade sexual adequada à idade em adolescentes. Impulsos exibicionistas parecem surgir na adolescência ou no início da vida adulta, mas se sabe muito pouco sobre sua persistência ao longo do tempo. Por definição, o transtorno exibicionista exige um ou mais de um fator contribuinte, o qual pode mudar com o tempo, com ou sem tratamento: sofrimento subjetivo (p. ex., culpa, vergonha, frustração sexual intensa, solidão), doença psiquiátrica, hipersexualidade e impulsividade sexual, prejuízo psicossocial e/ou a propensão a atos sexuais de exposição da genitália a pessoas que não esperam o fato. Assim, o curso de um transtorno exibicionista pode variar com a idade. Da mesma forma que outras preferências sexuais, o avanço da idade pode estar associado à redução das preferências e do comportamento sexual exibicionista. Fatores de Risco e Prognóstico: Temperamentais: Visto que o exibicionismo é uma precondição necessária para o transtorno exibicionista, os fatores de risco para exibicionismo devem também aumentar a taxa de transtorno exibicionista. História antissocial, transtorno da personalidade antissocial, abuso de álcool e preferência sexual pedofílica podem aumentar o risco de recidiva sexual nos indivíduos exibicionistas. Assim, transtorno da personalidade antissocial, transtorno por uso de álcool e interesse pedofílico podem ser considerados fatores de risco para transtorno exibicionista em indivíduos do sexo masculino com preferências sexuais exibicionistas. Ambientais: Abuso sexual e emocional e preocupação sexual e hipersexualidade na infância foram sugeridos como fatores de risco para o exibicionismo, embora a relação causai entre eles seja incerta, e a especificidade, ainda não esclarecida. Diagnósticos Diferenciais: Os diagnósticos diferenciais potenciais para transtorno exibicionista ocorrem por vezes como transtornos comórbidos. Assim, é necessário avaliar separadamente as evidências para o transtorno exibicionista e outras condições possíveis. Transtorno da conduta e transtorno da personalidade antissocial: Transtorno da conduta em adolescentes e transtorno da personalidade antissocial são caracterizados por comportamentos adicionais de descumprimento de normas e comportamentos antissociais, sem estar presente o interesse sexual específico na exposição dos genitais. Transtornos por uso de substância: Transtornos por uso de álcoole substância podem envolver episódios exibicionistas isolados por parte de indivíduos intoxicados, mas não devem envolver o interesse sexual típico de expor os genitais a pessoas que não esperam o fato. Assim, fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais exibicionistas recorrentes que ocorrem também quando o indivíduo não está intoxicado sugerem possível presença do transtorno exibicionista. Comorbidades: Comorbidades conhecidas do transtorno exibicionista baseiam-se amplamente em pesquisas com indivíduos condenados por atos criminosos envolvendo exposição da genitália a indivíduos que não consentiram com isso. Assim, essas comorbidades podem não se aplicar a todos os indivíduos que atendem aos critérios para um diagnóstico de transtorno exibicionista. As condições que ocorrem em comorbidade com o transtorno em taxas elevadas incluem transtornos depressivo, bipolar, de ansiedade e por uso de substância; hipersexualidade, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, outros transtornos parafílicos e transtorno da personalidade antissocial. Transtorno Frotteurista (302.89 ou F65.81): Frotteurismo costuma ser caracterizado por um homem esfregando seu pênis contra as nádegas ou outras partes de uma mulher totalmente vestida para que atinja o orgasmo. Outras vezes, ele pode usar as mãos para tocar em uma vítima que não consentiu. Os atos em geral ocorrem em locais cheios, em particular no metrô ou em ônibus. As pessoas com frotteurismo são extremamente passivas e isoladas, e essa é com frequência sua única fonte de gratificação sexual. A expressão da agressão nessa parafilia está bem clara. Critérios Diagnósticos: A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa resultante de tocar ou esfregar-se em pessoa que não consentiu, conforme manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos. B. O indivíduo colocou em prática esses impulsos sexuais com pessoa que não consentiu, ou os impulsos ou as fantasias sexuais causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Características Diagnósticas: Os critérios diagnósticos para transtorno frotteurista podem se aplicar tanto a indivíduos que, de forma relativa, revelam livremente essa parafilia quanto àqueles que negam de forma categórica qualquer atrativo sexual em tocar ou esfregar-se em indivíduo que não consente, independentemente de evidências objetivas consideráveis do contrário. Se indivíduos que revelam a condição também relatam prejuízo psicossocial devido a suas preferências sexuais por tocar e esfregar- se em pessoa que não consente, eles podem ser diagnosticados com o transtorno frotteurista. Diferentemente, se declaram ausência de sofrimento (demonstrada por ausência de ansiedade, obsessão, culpa ou vergonha) acerca desses impulsos parafílicos e não apresentam prejuízo em outras áreas importantes do funcionamento devido a seu interesse sexual, e se suas histórias psiquiátricas ou legais indicam que não colocam em prática esse interesse, podem ser caracterizados como tendo interesse sexual frotteurista, mas não devem receber o diagnóstico de transtorno frotteurista. Indivíduos que não revelam seu interesse incluem, por exemplo, aqueles que sabidamente apresentaram comportamento de tocar ou esfregar-se em pessoa que não consentiu em ocasiões distintas, mas que contestam quaisquer impulsos ou fantasias relativas a esse comportamento. Tais indivíduos podem relatar que os episódios identificados de tocar e esfregar-se em pessoa que não consente foram todos sem intenção e não sexuais. Outros podem revelar episódios passados de tocar e esfregar-se em indivíduos que não consentem, mas contestar qualquer interesse sexual maior ou persistente nisso. Uma vez que essas pessoas negam ter fantasias ou impulsos de tocar e esfregar-se em outras, consequentemente rejeitam sentir-se em sofrimento ou psicologicamente prejudicadas por esses impulsos. Apesar da posição não reveladora, esses indivíduos podem ser diagnosticados com transtorno frotteurista. Comportamento frotteurista recorrente constitui respaldo satisfatório para frotteurismo (por atender ao Critério A) e demonstra também que esse comportamento motivado por parafilia está causando dano a outros (por atender ao Critério B). O tocar e esfregar-se de forma "recorrente" em pessoa que não consente (i.e., múltiplas vítimas, cada uma em uma ocasião distinta) pode, via de regra, ser interpretado como a presença de três vítimas ou mais em ocasiões distintas. Menos vítimas é um dado que pode ser interpretado como atendendo a esse critério caso tenha havido múltiplas ocasiões de tocar e esfregar-se no mesmo indivíduo que não consente ou caso haja evidências que corroboram um interesse forte ou preferencial por tocar ou esfregar-se em indivíduos que não consentem. Deve-se ressaltar que vítimas múltiplas constituem condição suficiente, mas não necessária, para o diagnóstico, já que os critérios podem ser atendidos pelo reconhecimento do indivíduo de um interesse sexual frotteurista intenso, com sofrimento e/ou prejuízo clinicamente significativos. O período de tempo do Critério A, que indica que os sinais e sintomas frotteuristas devem ter persistido por pelo menos seis meses, deve também ser entendido como uma orientação geral, e não um limite rígido, de modo a assegurar que o interesse sexual em tocar ou esfregar-se em pessoa que não consente não é transitório. Assim, a parte da duração do Critério A pode também ser satisfeita caso existam evidências claras de comportamentos recorrentes ou sofrimento por um período mais curto, mas não transitório. Desenvolvimento e Curso: Atos frotteuristas, incluindo tocar ou esfregar-se em outro indivíduo sem ser convidado para tal, podem ocorrer em até 30% dos homens adultos na população em geral. Cerca de 10 a 14% dos adultos do sexo masculino atendidos em contextos ambulatoriais para transtornos parafílicos e hipersexualidade têm uma apresentação que atende aos critérios diagnósticos para o transtorno. Assim, ainda que a prevalência de transtorno frotteurista na população seja desconhecida, é improvável que ela exceda a taxa encontrada em contextos clínicos selecionados. Adultos do sexo masculino com transtorno frotteurista frequentemente relatam que durante a fase final da adolescência ou no início da vida adulta é que tiveram consciência, pela primeira vez, de seu interesse sexual em tocar furtivamente pessoas que não consentiam. Crianças e adolescentes, no entanto, podem também tocar ou esfregar-se em outras pessoas que não o desejam na ausência de um diagnóstico de transtorno frotteurista. Ainda que não exista idade mínima para o diagnóstico, o transtorno pode ser de difícil diferenciação do comportamento do transtorno da conduta sem motivação sexual em indivíduos mais jovens. A persistência do frotteurismo com o passar do tempo não está clara. O transtorno, contudo, por definição, requer um ou mais de um fator contribuinte capaz de mudar com o tempo, com ou sem tratamento: sofrimento subjetivo (p. ex., culpa, vergonha, frustração sexual intensa, solidão), doença psiquiátrica, hipersexualidade e impulsividade sexual, prejuízo psicossocial e/ou a propensão a colocar em prática a sexualidade por meio do tocar ou esfregar-se em pessoas que não dão consentimento. Assim, o curso do transtorno frotteurista pode variar com a idade. Tal como outras preferências sexuais, o avanço da idade pode estar associado à redução de preferências e comportamentos sexuais frotteuristas. Fatores de Risco e Prognóstico: Temperamentais: Comportamento antissocial não sexual e preocupação sexual/hipersexualidade podem ser fatores de risco não específicos, embora a relação causal com frotteurismoseja incerta, e a especificidade, não esclarecida. O frotteurismo, entretanto, é precondição necessária para transtorno frotteurista; assim, os fatores de risco para frotteurismo devem também aumentar a taxa do transtorno. Diagnóstico Diferencial: Transtorno da conduta e transtorno da personalidade antissocial: Transtorno da conduta em adolescentes e transtorno da personalidade antissocial são caracterizados por comportamentos adicionais de desrespeito às normas e antissociais, e o interesse sexual específico em tocar ou esfregar-se em indivíduo que não consente deve estar ausente. Transtornos por uso de substância: Transtornos por uso de substância, particularmente aqueles associados a estimulantes como cocaína e anfetaminas, podem envolver episódios frotteuristas isolados por parte de indivíduos intoxicados, mas não devem envolver o interesse sexual contínuo típico em tocar ou esfregar-se em pessoas que não esperam tal fato. Assim, fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais frotteuristas recorrentes que ocorrem quando o indivíduo não está intoxicado sugerem possível presença de transtorno frotteurista. Comorbidades: Comorbidades conhecidas no transtorno frotteurista baseiam-se amplamente em pesquisas com indivíduos do sexo masculino suspeitos de ou condenados por atos criminais envolvendo o tocar ou esfregar-se com motivações sexuais em indivíduo que não consentiu. Assim, essas comorbidades podem não se aplicar a outros indivíduos com diagnóstico de transtorno frotteurista baseado em sofrimento subjetivo relativo a seu interesse sexual. Condições que ocorrem de forma comórbida com o transtorno frotteurista incluem hipersexualidade e outros transtornos parafílicos, especialmente transtorno exibicionista e transtorno voyeurista. Transtorno da conduta, transtorno da personalidade antissocial, transtornos depressivos, transtornos bipolares, transtornos de ansiedade e transtornos por uso de substância também ocorrem de forma concomitante. Diagnósticos diferenciais potenciais para transtorno frotteurista ocorrem por vezes como transtornos comórbidos. Portanto, é geralmente necessário avaliar as evidências para transtorno frotteurista e possíveis condições comórbidas como questões separadas. Masoquismo Sexual (302.83 ou F65.51): O masoquismo recebe esse nome em referência às atividades de Leopold von Sacher-Masoch, um novelista austríaco do século XIX cujos personagens sentiam prazer sexual ao serem abusados e dominados por mulheres. De acordo com o DSM-5, as pessoas com masoquismo sexual têm uma preocupação recorrente com impulsos e fantasias sexuais envolvendo o ato de serem humilhadas, espancadas, amarradas ou submetidas a sofrimento. Um especificador acrescentado a esse diagnóstico é “com asfixiofilia”. Também denominada asfixia autoerótica, trata-se da prática de atingir ou aumentar a excitação sexual por meio da restrição da respiração. As práticas sexuais masoquistas são mais comuns entre homens do que entre mulheres. Freud acreditava que o masoquismo resultasse de fantasias destrutivas voltadas contra si. Em alguns casos, as pessoas só conseguem se permitir experimentar sentimentos sexuais quando ocorre punição pelos sentimentos. As pessoas com masoquismo sexual tiveram experiências na infância que as convenceram de que a dor é um pré-requisito para o prazer sexual. Aproximadamente 30% daqueles com masoquismo sexual também têm fantasias sádicas. O masoquismo moral envolve a necessidade de sofrer, mas não é acompanhado de fantasias sexuais. Critérios Diagnósticos: A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa resultante do ato de ser humilhado, espancado, amarrado ou vítima de qualquer outro tipo de sofrimento, conforme manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos. B. As fantasias, os impulsos sexuais ou os comportamentos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Especificar se: Com asfixiofilia: Quando o indivíduo se envolve na prática de conseguir excitação sexual por meio da restrição da respiração. Características Diagnósticas: Os critérios diagnósticos para transtorno do masoquismo sexual existem com o intuito de serem aplicados a indivíduos que admitem livremente ter tais interesses parafílicos. Esses indivíduos admitem abertamente excitação sexual intensa resultante do ato de serem humilhados, espancados, amarrados ou vítimas de qualquer outro tipo de sofrimento, conforme manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos. Se também relatam dificuldades psicossociais devido a suas atrações ou preferências sexuais de serem humilhados, espancados, amarrados ou vítimas de qualquer outro tipo de sofrimento, podem ser diagnosticados com transtorno do masoquismo sexual. Diferentemente, se declaram ausência de sofrimento, exemplificado por ansiedade, obsessões, culpa ou vergonha em relação a esses impulsos parafílicos, e não são impedidos por eles de buscar outras metas pessoais, podem ser caracterizados como tendo interesse sexual masoquista, mas não devem ser diagnosticados com transtorno do masoquismo sexual. O período de tempo do Critério A, que indica que os sinais e sintomas de masoquismo sexual devem ter persistido por um período mínimo de seis meses, deve ser entendido como uma orientação geral, e não um limite rígido, para assegurar que o interesse sexual em ser humilhado, espancado, amarrado ou vítima de qualquer outro tipo de sofrimento não é meramente transitório. O transtorno pode, no entanto, ser diagnosticado no caso da manutenção do interesse sexual masoquista por um tempo claramente continuado, ainda que mais curto. O uso intenso de pornografia envolvendo o ato de ser humilhado, espancado, amarrado ou vítima de qualquer outro tipo de sofrimento é por vezes uma característica associada ao transtorno do masoquismo sexual. Desenvolvimento e Curso: A prevalência na população do transtorno do masoquismo sexual é desconhecida. Na Austrália, foi estimado que 2,2% dos indivíduos do sexo masculino e 1,3% dos do sexo feminino estiveram envolvidos em práticas sexuais sadomasoquistas nos últimos 12 meses. Indivíduos com parafilias relataram idade média do surgimento do masoquismo de 19,3 anos, embora antes, inclusive na puberdade e na infância, existam também relatos de aparecimento de fantasias sadomasoquistas. Muito pouco é conhecido sobre a persistência ao longo do tempo. O transtorno do masoquismo sexual, por definição, requer um ou mais de um fator contribuinte que pode mudar com o tempo, com ou sem tratamento. Estes incluem sofrimento subjetivo (p. ex., culpa, vergonha, frustração sexual intensa, solidão), doença psiquiátrica, hipersexualidade e impulsividade sexual e prejuízo psicossocial. Assim, o curso do transtorno possivelmente varia com o passar do tempo. É provável que o avanço da idade cause o mesmo efeito redutor sobre a preferência sexual envolvendo masoquismo sexual encontrado em outros comportamentos sexuais parafílicos ou normofílicos. Diagnósticos Diferenciais: Muitas das condições que podem ser diagnósticos diferenciais para transtorno do masoquismo sexual (p. ex., fetichismo transvéstico, transtorno do sadismo sexual, hipersexualidade, transtornos por uso de álcool e substância) ocorrem, por vezes, também como diagnósticos comórbidos. Assim, é necessário avaliar cuidadosamente as evidências de transtorno do masoquismo sexual, mantendo a possibilidade de outras parafilias ou outros transtornos mentais como parte do diagnóstico diferencial. Masoquismo sexual na ausência de sofrimento (i.e., transtorno ausente) também é incluso no diagnóstico diferencial, visto que as pessoas que apresentam os comportamentos podem estar satisfeitas com suaorientação masoquista. Comorbidades: Comorbidades conhecidas com transtorno do masoquismo sexual baseiam-se amplamente em indivíduos em tratamento. Transtornos que ocorrem de forma comórbida com transtorno do masoquismo sexual tipicamente incluem outros transtornos parafílicos, como o fetichismo transvéstico. Sadismo Sexual (302.84 ou F65.52): O DSM-5 define sadismo sexual como a excitação sexual recorrente e intensa ocasionada pelo sofrimento físico e psicológico de outra pessoa. O indivíduo deve vivenciar esses sentimentos por pelo menos seis meses e deve ter colocado em prática as fantasias sádicas para receber um diagnóstico de transtorno de sadismo sexual. As pessoas que negam elaboração comportamental de suas fantasias parafílicas e que dizem não sofrer de angústia ou dificuldades interpessoais ou sociais como consequência de suas parafilias são designadas com interesse identificado por sadismo sexual. O início do transtorno costuma ser antes dos 18 anos, e a maioria das pessoas com sadismo sexual é do sexo masculino. De acordo com a teoria psicanalítica, o sadismo é uma defesa contra o medo de castração; esses indivíduos fazem às outras pessoas aquilo que temem que lhes aconteça e obtêm prazer com a expressão de seus instintos agressivos. A denominação do transtorno provém do Marquês de Sade, um escritor e oficial do exército francês do século XVIII que foi várias vezes aprisionado por seus atos sexuais violentos contra mulheres. O sadismo sexual está relacionado ao estupro, embora o estupro seja mais adequadamente considerado uma expressão de poder. Alguns estupradores sádicos, no entanto, matam suas vítimas depois de fazerem sexo (os assim chamados assassinatos por luxúria). Em muitos casos, essas pessoas têm esquizofrenia subjacente. John Money acredita que os assassinos por luxúria sofram de transtorno dissociativo e talvez tenham uma história de trauma encefálico. Ele lista cinco causas contribuintes para o sadismo sexual: predisposição hereditária, mau funcionamento hormonal, relações patológicas, história de abuso sexual e presença de outros transtornos mentais. Critérios Diagnósticos: A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa resultante de sofrimento físico ou psicológico de outra pessoa, conforme manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos. B. O indivíduo coloca em prática esses impulsos com pessoa que não consentiu, ou os impulsos ou as fantasias sexuais causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Características Diagnósticas: Os critérios diagnósticos para transtorno do sadismo sexual existem com o intuito de serem aplicados tanto aos indivíduos que admitem livremente ter tais interesses parafílicos quanto àqueles que negam qualquer interesse sexual no sofrimento físico ou psicológico de outra pessoa, apesar de evidências objetivas substanciais do contrário. Indivíduos que abertamente admitem interesse sexual intenso no sofrimento físico ou psicológico de outras pessoas são chamados de "indivíduos confessos". Se relatam também dificuldades psicossociais devido a atração ou preferências sexuais no sofrimento físico ou psicológico de outro indivíduo, podem ser diagnosticados com o transtorno do sadismo sexual. Diferentemente, se declaram ausência de sofrimento, exemplificado por ansiedade, obsessões, culpa ou vergonha em relação a esses impulsos parafílicos, não são impedidos por eles de buscar outras metas e se suas histórias psiquiátricas ou legais indicam que não os colocam em prática, podem ser caracterizados como tendo interesse sexual sádico, mas não atendem aos critérios para transtorno do sadismo sexual. Exemplos de indivíduos que negam qualquer interesse no sofrimento físico ou psicológico de outra pessoa incluem aqueles que sabidamente infligiram dor ou sofrimento a múltiplas vítimas em ocasiões distintas, mas negam impulsos ou fantasias acerca de tal comportamento sexual e podem alegar que os episódios conhecidos de agressão sexual tenham sido sem intenção ou não sexuais. Outros podem admitir episódios passados de comportamento sexual que tenham envolvido infligir dor ou sofrimento em um indivíduo que não consentiu, mas sem relatar qualquer interesse sexual significativo ou continuado no sofrimento físico ou psicológico de outra pessoa. Visto que esses indivíduos negam ter impulsos ou fantasias envolvendo excitação sexual por meio da dor e do sofrimento, consequentemente também negariam sentimentos de sofrimento subjetivo ou prejuízo social causados por tais impulsos. Essas pessoas podem ser diagnosticadas com o transtorno do sadismo sexual apesar de seu autorrelato negativo. Seu comportamento recorrente constitui respaldo clínico para a presença da parafilia do sadismo sexual (por atender ao Critério A) e, ao mesmo tempo, demonstra que seu comportamento de motivação parafílica está causando sofrimento clinicamente significativo, dano ou risco a outras pessoas (por atender ao Critério B). Sadismo sexual recorrente envolvendo outros que não consentem (i.e., múltiplas vítimas, cada uma em uma ocasião distinta) pode ser interpretado, via de regra, como a presença de três ou mais vítimas em ocasiões distintas. Menos vítimas é um dado que pode ser interpretado como atendendo a esse critério caso haja múltiplas ocasiões em que tenham sido infligidos dor e sofrimento à mesma vítima ou caso haja evidências que corroborem interesse forte ou preferencial na dor e no sofrimento envolvendo múltiplas vítimas. Deve-se observar que múltiplas vítimas, conforme sugerido anteriormente, representam condição suficiente, mas não necessária, para o diagnóstico, já que os critérios podem ser atendidos se o indivíduo admite interesse sexual sádico intenso. O período de tempo do Critério A, que indica que os sinais e sintomas de sadismo sexual devem ter persistido por um período mínimo de seis meses, deve, ainda, ser entendido como uma orientação geral, e não um limite rígido, para assegurar que o interesse sexual de infligir dor e sofrimento a vítimas que não consentem não é meramente transitório. O diagnóstico, no entanto, pode ser feito quando há um período claramente continuado, embora mais curto, de comportamentos sádicos. O uso intenso de pornografia envolvendo o ato de infligir dor e sofrimento é, por vezes, uma característica associada ao transtorno do sadismo sexual. Desenvolvimento e Curso: A prevalência do transtorno do sadismo sexual na população é desconhecida e amplamente baseada em indivíduos em contextos forenses. Dependendo dos critérios para sadismo sexual, a prevalência varia muito, desde 2 até 30%. Entre condenados por atos sexuais nos Estados Unidos, menos de 10% apresentam sadismo sexual. Entre indivíduos que cometeram homicídios por motivação sexual, as taxas de transtorno do sadismo sexual variam de 37 a 75%. Indivíduos com sadismo sexual em amostras forenses são quase exclusivamente do sexo masculino, embora uma amostra representativa da população australiana tenha informado que 2,2% dos homens e 1,3% das mulheres disseram ter-se envolvido em atividades sadomasoquistas no ano anterior. As informações sobre o desenvolvimento e o curso do transtorno do sadismo sexual são muito limitadas. Um estudo informou que as mulheres se davam conta da orientação sado- masoquista no início da vida adulta; já outro estudo informou que a idade média do surgimento do sadismo em um grupo de homens ficou em 19,4 anos. Enquanto o sadismo sexual por si só é provavelmente uma característica para toda a vida, o transtorno do sadismo sexual pode oscilar de acordo com o sofrimento subjetivo do indivíduo ou a sua propensão de causar dano a outras pessoas que não o consentem.O avanço da idade pode ter o mesmo efeito redutor sobre esse transtorno que tem em outros comportamentos sexuais parafílicos ou normofílicos. Diagnóstico Diferencial: Muitas das condições que podem ser diagnósticos diferenciais para o transtorno do sadismo sexual (p. ex., transtorno da personalidade antissocial, transtorno do masoquismo sexual, hipersexualidade, transtornos por uso de substância) ocorrem, por vezes, também como diagnósticos comórbidos. Assim, é necessário avaliar cuidadosamente as evidências de transtorno do sadismo sexual, mantendo a possibilidade de outras parafilias ou transtornos mentais como parte do diagnóstico diferencial. A maior parte dos indivíduos ativos em redes comunitárias que praticam comportamentos sádicos e masoquistas não expressa qualquer insatisfação com seus interesses sexuais, e seu comportamento não atende aos critérios do DSM-5 para transtorno do sadismo sexual. Interesse sádico, mas não o transtorno do sadismo, pode ser considerado no diagnóstico diferencial. Comorbidade: Comorbidades conhecidas com transtorno do sadismo sexual baseiam-se amplamente em indivíduos (quase todos do sexo masculino) condenados por atos criminosos envolvendo atos de sadismo contra vítimas que não o consentiram. Assim, essas comorbidades podem não se aplicar a todos aqueles indivíduos que jamais se envolveram em atividade sádica com vítima que não consentiu mas que atendem aos critérios para um diagnóstico de transtorno do sadismo sexual com base em sofrimento subjetivo relativo a seu interesse sexual. Transtornos que são comumente comórbidos com o transtorno do sadismo sexual incluem outros transtornos parafílicos. Pedofilia (302.2 ou F65.4): Pedofilia envolve impulsos sexuais recorrentes, ou excitação, direcionados para crianças até 13 anos de idade, por um período de pelo menos seis meses. As pessoas com pedofilia têm pelo menos 16 anos e são pelo menos 5 anos mais velhas do que as vítimas. Quando um perpetrador no fim da adolescência está envolvido em relacionamento sexual continuado com uma criança de 12 ou 13 anos, o diagnóstico não se justifica. A maioria dos molestamentos de crianças envolve carícias genitais ou sexo oral. A penetração vaginal ou anal de crianças ocorre com pouca frequência, exceto em casos de incesto. Embora a maior parte das crianças vítimas que vêm a público seja de meninas, esse achado parece ser produto do processo de encaminhamento. Os agressores relatam que, quando tocam uma criança, a maioria (60%) das vítimas é de meninos. Essa cifra contrasta muito com as cifras da vitimização de crianças sem toque, como espiar pela janela e exibicionismo; 99% de todos esses casos são perpetrados contra meninas. O DSM-5 acrescenta os seguintes especificadores a um diagnóstico de transtorno pedofílico: atração sexual por indivíduos do sexo masculino; atração sexual por indivíduos do sexo feminino; ou atração sexual por ambos. Das pessoas com pedofilia, 95% são heterossexuais, e 50% haviam consumido álcool em excesso no momento do incidente. Além de sua pedofilia, um número significativo dos perpetradores está concomitantemente ou esteve previamente envolvido em exibicionismo, voyeurismo ou estupro. O incesto está relacionado à pedofilia pela escolha frequente de uma criança imatura como objeto sexual, pelo elemento sutil ou explícito da coerção e, ocasionalmente, pela natureza preferencial da ligação adulto-criança. Critérios Diagnósticos: A. Por um período de pelo menos seis meses, fantasias sexualmente excitantes, impulsos sexuais ou comportamentos intensos e recorrentes envolvendo atividade sexual com criança ou crianças pré-púberes (em geral, 13 anos ou menos). B. O indivíduo coloca em prática esses impulsos sexuais, ou os impulsos ou as fantasias sexuais causam sofrimento intenso ou dificuldades interpessoais. C. O indivíduo tem, no mínimo, 16 anos de idade e é pelo menos cinco anos mais velho que a criança ou as crianças do Critério A. Nota: Não incluir um indivíduo no fim da adolescência envolvido em relacionamento sexual contínuo com pessoa de 12 ou 13 anos de idade. Determinar o subtipo: Tipo exclusivo (com atração apenas por crianças). Tipo não exclusivo. Especificar se: (1) Sexualmente atraído por indivíduos do sexo masculino. (2) Sexualmente atraído por indivíduos do sexo feminino. (3) Sexualmente atraído por amb.os Especificar se: Limitado a incesto. Características Diagnósticas: Os critérios diagnósticos para transtorno pedofílico existem com o intuito de serem aplicados tanto a indivíduos que revelam abertamente essa parafilia quanto àqueles que negam qualquer atração sexual por crianças pré-púberes (em geral, 13 anos ou menos), apesar de evidências objetivas substanciais do contrário. Exemplos de revelação dessa parafilia incluem reconhecer abertamente interesse sexual intenso por crianças e a indicação de que o interesse sexual por crianças é maior ou igual ao interesse sexual por indivíduos fisicamente maduros. Se essas pessoas também se queixam de que suas atrações e preferências sexuais por crianças lhes estão causando dificuldades psicossociais, podem ser diagnosticadas com transtorno pedofílico. No entanto, se relatam ausência de sentimentos de culpa, vergonha ou ansiedade em relação a esses impulsos, não apresentam limitação funcional por seus impulsos parafílicos (conforme autorrelato, avaliação objetiva ou ambos), e seu autorrelato e sua história legal registrada indicam que jamais colocaram em prática esses impulsos, essas pessoas, então, apresentam orientação sexual pedofílica, mas não transtorno pedofílico. Exemplos de indivíduos que negam atração por crianças incluem aqueles que sabidamente abordaram sexualmente múltiplas crianças em ocasiões distintas, mas negam quaisquer impulsos ou fantasias sobre comportamento sexual envolvendo crianças, podendo alegar, ainda, que os episódios conhecidos de contato físico foram todos sem intenção e não sexuais. Outros podem admitir episódios anteriores de comportamento sexual envolvendo crianças, embora neguem qualquer interesse sexual significativo ou continuado por elas. Visto que essas pessoas podem negar experiências, impulsos e fantasias envolvendo crianças, também podem negar sentir sofrimento subjetivo. Tais indivíduos podem, ainda, ser diagnosticados com transtorno pedofílico apesar da ausência de sofrimento autorrelatado, desde que haja evidências de comportamentos recorrentes persistindo por seis meses (Critério A) e de que colocaram em prática os impulsos sexuais ou tiveram dificuldades interpessoais em conseqüência do transtorno (Critério B). A presença de múltiplas vítimas, conforme discutido anteriormente, é suficiente, mas não necessária, para o diagnóstico; isto é, o indivíduo pode ainda atender ao Critério A apenas por admitir interesse sexual intenso ou preferencial por crianças. O Critério A, que indica que os sinais e sintomas de pedofilia devem ter persistido por seis meses ou mais, pretende assegurar que a atração sexual por crianças não é meramente transitória. O diagnóstico, porém, pode ser feito caso haja evidência clínica de persistência continuada da atração sexual por crianças mesmo quando a duração de seis meses não pode ser determinada com precisão. O uso intenso de pornografia que mostra crianças pré-púberes é um indicador diagnóstico útil do transtorno pedofílico. Trata-se de uma situação específica do caso geral de que os indivíduos podem optar pelo tipo de pornografia que corresponde a seus interesses sexuais. Desenvolvimento e Curso: A prevalência na população do transtorno pedofílico é desconhecida. A prevalência mais alta possível para o transtorno entre os indivíduos do sexo masculino é de cerca de 3 a 5%. Nos do sexo feminino, a prevalência é ainda mais incerta, embora possivelmente seja uma fraçãopequena daquela observada no sexo masculino. Homens adultos com transtorno pedofílico podem relatar que perceberam o interesse sexual forte ou preferencial por crianças por volta do período da puberdade - o mesmo período de tempo em que aqueles que mais tarde preferem parceiros fisicamente maduros percebem o interesse sexual por mulheres ou homens. Tentar diagnosticar transtorno pedofílico na idade em que ocorre a primeira manifestação é problemático, devido à dificuldade, durante o desenvolvimento da adolescência, de diferenciá-lo do interesse sexual adequado à idade por colegas ou da curiosidade sexual. Assim, o Critério C exige, para o diagnóstico, idade mínima de 16 anos e pelo menos cinco anos mais que a criança ou crianças do Critério A. A pedofilia em si parece ser uma condição para toda a vida. O transtorno pedofílico, porém, inclui necessariamente outros elementos que podem mudar com o tempo, com ou sem tratamento: sofrimento subjetivo (p. ex., culpa, vergonha, frustração sexual intensa ou sentimentos de isolamento) ou prejuízo psicossocial ou a propensão a agir sexualmente com crianças, ou ambos. O curso do transtorno, portanto, pode oscilar, aumentar ou diminuir com a idade. Adultos com o transtorno pedofílico podem relatar percepção do interesse sexual por crianças que antecedeu o início do comportamento sexual envolvendo crianças ou a autoidentificação como pedófilo. A idade avançada possivelmente diminui a frequência de comportamento sexual envolvendo crianças, da mesma forma que diminui aquele com motivação parafílica ou normofílica. Fatores de Risco e Prognóstico: Temperamentais: Parece existir interação entre pedofilia e comportamento antissocial, de modo que indivíduos do sexo masculino com ambos os traços apresentam maior propensão a agir sexualmente com crianças. Assim, o transtorno da personalidade antissocial pode ser considerado um fator de risco para transtorno pedofílico em homens com pedofilia. Ambientais: Homens adultos com pedofilia frequentemente relatam terem sido sexualmente abusados quando crianças. Ainda não está claro, porém, se essa correlação reflete uma influência causai do abuso sexual na infância sobre a pedofilia na vida adulta. Genéticos e fisiológicos: Visto que a pedofilia é condição necessária para transtorno pedofílico, todo fator que aumenta a probabilidade de pedofilia também aumenta o risco de transtorno pedofílico. Há algumas evidências de que perturbação do neurodesenvolvimento na vida intrauterina aumenta a probabilidade de desenvolvimento de orientação pedofílica. Marcadores Diagnósticos: Medidas laboratoriais psicofisiológicas do interesse sexual, que algumas vezes são úteis para o diagnóstico do transtorno pedofílico no sexo masculino, não são necessariamente úteis para o diagnóstico do transtorno no feminino, mesmo diante da disponibilidade de um procedimento idêntico (p. ex., tempo de visualização) ou de procedimentos análogos (p. ex., pletismografia peniana e fotopletismografia vaginal). Medidas psicofisiológicas do interesse sexual podem, algumas vezes, ser úteis quando a história do indivíduo sugere a possível presença de transtorno pedofílico, mas ele nega atração forte ou preferencial por crianças. Entre essas medidas, a mais pesquisada e usada há mais tempo é a pletismografia peniana, embora a especificidade e a sensibilidade do diagnóstico possam variar de um local para outro. O tempo de visualização, com uso de fotografias de pessoas nuas ou minimamente vestidas como estímulo visual, é também empregado para o diagnóstico do transtorno pedofílico, especialmente em combinação com medidas autorrelatadas. Profissionais da saúde mental dos Estados Unidos, no entanto, devem estar conscientes de que a posse de tais estímulos visuais, mesmo para fins diagnósticos, pode violar a legislação do país no que se refere à posse de pornografia infantil, deixando esse profissional suscetível a processo criminal. Diagnóstico Diferencial: Muitas das condições que podem ser diagnósticos diferenciais para transtorno pedofílico podem também, por vezes, ocorrer como diagnósticos comórbidos. E, portanto, necessário avaliar as evidências para transtorno pedofílico e outras condições possíveis como questões separadas. Transtorno da personalidade antissocial: Esse transtorno aumenta a probabilidade de que uma pessoa que tenha atração principalmente pelo corpo humano maduro venha a aproximar-se de uma criança, em uma ou algumas ocasiões, com base na disponibilidade relativa. O indivíduo frequentemente demonstra outros sinais desse transtorno da personalidade, como o desrespeito recorrente às leis. Transtornos por uso de álcool e substância: Os efeitos desinibidores da intoxicação podem também aumentar a probabilidade de que uma pessoa principalmente atraída pelo corpo humano maduro se aproxime sexualmente de uma criança. Transtorno obsessivo-compulsivo: Há alguns indivíduos que se queixam de pensamentos e preocupações egodistônicas acerca de possível atração por crianças. A entrevista clínica, em geral, revela ausência de pensamentos sexuais sobre crianças durante estados elevados de excitação sexual (p. ex., próximo do orgasmo durante masturbação) e, por vezes, outras ideias sexuais intrusivas egodistônicas (p. ex., preocupações com homossexualidade). Comorbidades: Comorbidades psiquiátricas do transtorno pedofílico incluem transtornos por uso de substância, transtornos depressivo e bipolar, transtorno de ansiedade, transtorno da personalidade antissocial e outros transtornos parafílicos. Os dados relativos a transtornos comórbidos, no entanto, são oriundos principalmente de indivíduos condenados por crimes sexuais envolvendo crianças (quase todos homens), podendo não ser passíveis de generalização a outros indivíduos com transtorno pedofílico (p. ex., indivíduos que jamais se aproximaram sexualmente de uma criança, mas que atendem aos critérios para o diagnóstico de transtorno pedofílico com base em sofrimento subjetivo). Fetichismo (302.81 ou F65.0): No fetichismo, o foco sexual é em objetos (p. ex., sapatos, luvas, calcinhas e meias) que estão intimamente associados ao corpo humano ou a partes não genitais do corpo. Esse último foco é às vezes denominado parcialismo. O fetiche particular usado está associado a alguém intimamente envolvido com o paciente durante a infância e tem uma qualidade associada a essa pessoa amada, necessária ou até mesmo traumatizante. De modo habitual, o transtorno se inicia na adolescência, embora o fetiche possa ter-se estabelecido na infância. Depois de instituído, o transtorno tende a ser crônico. A atividade sexual pode ser voltada para o fetiche em si (p. ex., masturbação com ou dentro de um sapato) ou o fetiche pode ser incorporado à relação sexual (p. ex., a exigência de que sejam usados sapatos de salto alto). O transtorno é encontrado quase exclusivamente em homens. De acordo com Freud, o fetiche serve como um símbolo do falo para pessoas com medo inconsciente de castração. Os teóricos da aprendizagem acreditam que o objeto esteja associado à estimulação sexual em estágio precoce. Critérios Diagnósticos: A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa resultante do uso de objetos inanimados ou de um foco altamente específico em uma ou mais de uma parte não genital do corpo, conforme manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos. B. As fantasias, os impulsos sexuais ou os comportamentos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. Os objetos de fetiche não se limitam a artigos do vestuário usados em travestismo/crossdressing (como no transtorno transvéstico) ou a dispositivos especificamente criados para estimulaçãogenital tátil (p. ex., vibrador). Especificar. Parte(s) do corpo. Objeto(s) inanimado(s). Embora indivíduos com transtorno fetichista possam relatar excitação sexual intensa e recorrente provocada por objetos inanimados ou por uma parte específica do corpo, não é incomum a ocorrência de combinações não mutuamente exclusivas de fetiches. Assim, um indivíduo pode ter transtorno fetichista associado a um objeto inanimado (p. ex., roupas íntimas femininas) ou a um foco exclusivo em uma parte do corpo intensamente erotizada (p. ex., pés, cabelos), ou seu interesse fetichista pode atender a critérios para várias combinações desses especificadores (p. ex., sapatos, meias e pés). Características Diagnósticas: O foco parafílico do transtorno fetichista envolve o uso persistente e repetido ou a dependência de objetos inanimados ou um foco altamente específico em uma parte do corpo (geralmente não genital) como os elementos principais associados à excitação sexual (Critério A). Um diagnóstico de transtorno fetichista deve incluir sofrimento pessoal clinicamente significativo ou prejuízo na função psicossocial (Critério B). Objetos de fetiche comuns incluem roupa íntima feminina, calçados masculinos ou femininos, artigos de borracha, roupas de couro ou outras peças de vestuário. Partes do corpo altamente erotizadas associadas ao transtorno fetichista incluem os pés, os dedos dos pés e os cabelos. Não é incomum que os fetiches sexualizados incluam tanto objetos inanimados quanto partes do corpo (p. ex., meias e pés sujos). Em virtude disso, a definição de transtorno fetichista agora reincorpora o pcircialismo (i.e., foco exclusivo em uma parte do corpo) em seus limites. O parcialismo, antes considerado um transtorno parafílico sem outra especificação, havia sido historicamente incorporado ao fetichismo antes do DSM-III. Muitos indivíduos que se autoidentificam como praticantes do fetichismo não necessariamente relatam prejuízo clínico associado a seus comportamentos fetichistas. Essas pessoas podem ser caracterizadas como tendo um fetiche, mas não um transtorno fetichista. Um diagnóstico de transtorno fetichista exige atendimento simultâneo tanto ao comportamento do Critério A quanto ao sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento que constam no Critério B. O transtorno fetichista pode ser uma experiência multissensorial, incluindo segurar, sentir o gosto, esfregar, inserir ou cheirar o objeto de fetiche durante a masturbação, ou ainda preferir que o parceiro sexual vista ou utilize o objeto de fetiche durante os encontros sexuais. Há, ainda, alguns indivíduos que podem adquirir grandes coleções de objetos fetichistas altamente desejados. As parafilias geralmente começam na puberdade, mas os fetiches podem se desenvolver antes da adolescência. Uma vez estabelecido, o transtorno fetichista tende a apresentar um curso continuado que oscila em intensidade e em frequência dos impulsos ou do comportamento. Questões Diagnósticas: Relativas à cultura: O conhecimento e a avaliação adequada dos aspectos normais do comportamento sexual são fatores importantes a serem investigados para o estabelecimento de um diagnóstico clínico de transtorno fetichista e para distinguir um diagnóstico clínico de um comportamento sexual socialmente aceitável. Relativas ao gênero: Não há relatos sistemáticos da ocorrência de transtorno fetichista no sexo feminino. Em amostras clínicas, esse transtorno é relatado quase exclusivamente em indivíduos do sexo masculino. Consequências Funcionais: Prejuízos típicos associados ao transtorno fetichista incluem disfunção sexual durante relacionamentos amorosos recíprocos, quando o objeto de fetiche ou a parte do corpo preferida não está disponível durante as preliminares ou o coito. Alguns indivíduos com o transtorno podem preferir atividade sexual solitária associada à(s) sua(s) preferência(s) fetichista(s) mesmo durante envolvimento em relacionamento amoroso e recíproco importante. Embora o transtorno fetichista seja relativamente incomum entre criminosos sexuais presos com parafilias, homens com o transtorno podem roubar e colecionar seus objetos de desejo fetichistas particulares. Tais indivíduos foram presos e acusados de comportamentos antissociais não sexuais (p. ex., invasão, roubo, assalto) que são principalmente motivados pelo transtorno fetichista. Diagnóstico Diferencial: Transtorno transvéstico: O diagnóstico mais próximo do transtorno fetichista é o transtorno transvéstico. Conforme observado nos critérios diagnósticos, o transtorno fetichista não é diagnosticado caso os objetos de fetiche se limitem a artigos de vestuário usados exclusivamente durante o ato de vestir-se como o outro sexo (como no transtorno transvéstico) ou caso o objeto de estimulação genital tenha sido feito para esse fim (p. ex., um vibrador). Transtorno do masoquismo sexual ou outros transtornos parafílicos: Fetiches podem ocorrer concomitantemente com outros transtornos parafílicos, sobretudo "sadomasoquismo" e transtorno transvéstico. Quando um indivíduo tem fantasias sobre "ser obrigado a vestir-se como o outro sexo" ou se envolve em tais atividades ou, ainda, atinge excitação sexual principalmente por meio da dominação ou da humilhação associadas a tal fantasia ou atividade repetida, o diagnóstico de transtorno do masoquismo sexual deve ser feito. Comportamento fetichista sem transtorno fetichista: O uso de um objeto de fetiche para excitação sexual na ausência de qualquer sofrimento ou prejuízo da função psicossocial ou de outra conseqüência adversa associada não atende aos critérios para transtorno fetichista, visto que o limite exigido pelo Critério B não é atendido. Por exemplo, um indivíduo cujo parceiro sexual compar tilha ou é bem-sucedido em incorporar seu interesse em acariciar, cheirar ou lamber pés ou dedos dos pés como elemento importante de preliminares não é diagnosticado com transtorno fetichista. Da mesma forma, não seria diagnosticado um indivíduo que prefere, não tendo sofrimento ou prejuízo, comportamento sexual solitário associado a uso de roupas de borracha ou botas de couro. Transtorno Transvéstico (302.3 ou F65.1): Transvestismo, anteriormente denominado fetichismo transvéstico, é descrito como fantasias e impulsos sexuais de se vestir com roupas do sexo oposto como um meio de excitação e como um adjunto da masturbação ou do coito. O diagnóstico é dado quando as fantasias transvésticas foram atuadas por pelo menos seis meses. O DSM5 requer especificadores com um diagnóstico de transtorno transvéstico: com fetichismo é acrescentado se o paciente for excitado sexualmente por tecidos, materiais ou peças de vestuário; com autoginefilia é acrescentado se o paciente for sexualmente excitado por pensamentos ou imagens de si mesmo como mulher. O transvestismo costuma se iniciar na infância ou no começo da adolescência. Com o passar dos anos, alguns homens com transvestismo querem se vestir e viver sempre como mulheres. Muito raramente, mulheres querem se vestir e viver como homens. Esses indivíduos são classificados, no DSM-5, como pessoas com transtorno transvéstico e disforia de gênero. Em geral, uma pessoa veste mais de um artigo do vestuário do sexo oposto; com frequência está envolvido um guarda-roupa inteiro. Quando um homem com transvestismo está travestido, a aparência de feminilidade pode ser impressionante, embora não seja, via de regra, até o grau encontrado no transexualismo. Quando não estão vestidos com roupas de mulheres, os homens com esse transtorno podem ter aparência e ocupação masculinas. O cross-dressing pode se apresentar em diversos graus, desde a forma solitária, deprimida, carregada de culpa, até uma afiliação social egossintônica a uma subcultura transvestida. A síndrome clínica de transvestismo
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