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A QUESTÃO AGRÁRIA NO NOVO MUNDO

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ALISSON OLIVEIRA DA SILVA 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
 
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A QUESTÃO AGRÁRIA NO NOVO 
MUNDO 
 
1. INTRODUÇÃO A DISCIPLINA 
O problema da posse e uso das terras na América Latina é um nó INDESLINDÁVEL, ou seja, 
nunca será desfeito (problema). 
O texto 1: Condução a uma crítica a visão ideológica do neoliberalismo da década de 1990. O 
neoliberalismo trouxe de novo para humanidade que o mundo deve ficar “inalterado” em 
relação as desigualdades. 
 
Liberalismo: Século XIX e início do século XX. 
Neoliberalismo: Década de 90 
 
O modelo neoliberal de que o mundo ficará inalterado favorece aos mais ricos, pois, se 
permanece inalterado, quem é pobre continua pobre e sem-terra, e quem é rico permanece 
rico ou cada vez mais rico. 
“... os dirigentes nunca fizeram ou quase nunca fizeram nada para corrigir.” Como um dirigente 
não faz nada e não se torna omisso? – Ampliando o problema em benefício próprio. O setor 
que detêm as terras nos países latino americanos manipula o Estado para que o Estado atenda 
as exigências dele. 
 
> REVOLUÇÕES MEXICANAS: ZAPATISTA. Ocorreram na época do liberalismo econômico no 
CAMPO, já que na América Latina só teremos populações urbanos após a implantações da 
indústria, que ocorrerá por volta da década de 50, e no caso do Brasil, na era Vargas. Foram as 
revoluções mexicanas que mostraram para nós, que os problemas sociais na América Latina, 
tinha com base o LATIFÚNDIO, e a concentração de terra. 
- Até as revoluções mexicanas, quem dizia que a América Latina era pobre? A Inglaterra. Uma 
das suas justificativas era que nossa população era mestiça. 
“A luta se materializa entre as comunidades agrárias indígenas.” Quando alguém da américa 
espanhola escreve “comunidade indígena”, temos que entender como comunidade pobre. 
Pois não temos uma população pobre característica como nos outros países latinos. 
Essas comunidades pobres no México criaram bolsões de resistência, principalmente no 
estado de Chiapas, que é o Estado mais pobre do México. Esses bolsões de resistência lutam 
pela redistribuição da terra. Do outro lado, temos grupos industriais voltados para a produção 
de insumos agropecuários e detentoras de grandes extensões de terra, como a Monsanto 
(produz sementes), polícia e exército. Essa força armada é tanto militar, quanto paramilitar, 
tendo algumas ações do exército que se tem influências de polícias particulares contratadas 
por grupos industriais. ESSES GRUPOS ESTÃO LIGADOS A AVANÇOS RECENTES DA POLÍTICA 
NEOLIBERAL DOS ANOS 90. 
 
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EXÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL 
É o segundo movimento popular no mundo mais importante no que tange a luta de 
distribuição de terras, sendo mais importante o MST. 
Esse movimento não fica localizado nas cidades, e algumas vezes no ano, ele vai a cidades e 
fazem desfiles como esse: 
 
Como movimento social, ele possui uma particularidade muito legal: Maioria de mulheres no 
exército Zapatista, e em proporção, maioria das mulheres também estão nos cargos de direção 
do movimento. 
O principal líder do movimento Zapatista, é o subcomandante MARCOS (Zorro, herói bem 
romântico). 
Esse movimento é tão importante, que em 1994, ele assumiu o domínio de boa parte do 
território mexicano. O exército mexicano, e o exército dos EUA cercaram o movimento com a 
iminência de dizimar o movimento social. Entretanto, a intelectualidade do mundo se 
manifestou não ocorrendo a invasão militar, porém, durante o processo de desmilitarização do 
exército, o governo mexicano fez um acordo com o Marcos: O governo não dizimaria o 
movimento social, desde que lutassem por vias legais, ou seja: criação de um partido político. 
O candidato a presidência do México foi o subcomandante Marcos (“candidatura” imposta e 
não de escolha do partido), não vencendo as eleições e queimando o filme do movimento 
social, pois alegavam que eles tinham apenas interesse de dominar a política local e não 
interesse social. 
 
NENHUM PAÍS POSSUI TERRA TÃO CONCENTRADA QUANTO O BRASIL. O quadro de 
distribuição de terras nos países latino-americanos é muito menos concentrado que no Brasil. 
 
Incialmente a disputa pela distribuição de terras se deu entre RICOS X RICOS e logo após, 
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RICOS X POBRES. A luta entre ricos x ricos no Brasil, veio do processo de colonização até a 
década de 50, que buscavam dominar cada vez mais extensão da terra. 
Porque os colonizadores ao chegar na América Latina, procuraram monopolizar a maior 
quantidade de terra possível? – Herança ideológica do Feudalismo. Os países tinham economia 
MERCANTIL, mas com ideias feudalistas. Espanha e Portugal eram os países mais atrasados da 
Europa. 
Ambos foram vanguarda na navegação devido a Escola de Sales localizada em Portugal. Na 
época quem dominava a navegação eram os povos árabes e o ÚLTIMO país a ser desocupado 
pelos árabes na Europa foi PORTUGAL, então eles não tiveram tempo de levar a Escola junto, 
deixando todo o conhecimento de navegação em Portugal. 
Na sociedade feudal, a posse de terra era relacionada ao prestígio. Era dividida em 3 classes: 
A) Clero: Não tinham riqueza. 
B) Nobreza: Possuem riqueza e mandam. Tinham a função de guerrear e a outra função de 
ócio. 
C) Servos: Trabalhadores. 
Nobre na verdade não guerreava, sendo os servos a força militar do sistema feudal. Servo se 
sujeita ao nobre. 
Nobre quando derrotado em disputa de terra não continuava sendo nobre, tomando a fonte 
de riqueza, a terra. Quanto mais terra, mais servos para irem para guerra, mais poder militar. 
Quem via para o Brasil para colonizar as terras? – A baixa nobreza. A nobreza que só possui 
nome e não possui mais riquezas. 
As terras foram dividas para os CAPITANIEIROS, que eram os nobres ricos. Os nobres que não 
possuíam dinheiro, vinham para colonizar a terra e EFITIVAMENTE produzir. 
Porém, de onde vinha o dinheiro para que esse nobre falido montasse um Engenho que cana-
de-açúcar, já que era caro e ele tinha que comprar escravos? – Esses nobres buscam dinheiro 
com banqueiros holandeses. 
O nobre português começa a produzir no Brasil já endividado. Para ganhar mais dinheiro, os 
banqueiros holandeses se aproveitavam que os mares eram vigiados apenas 3 vezes ao ano, 
sendo impossível a exportação da cana fora desses períodos por causa de piratas no mar e 
colocavam o prazo de vencimento dos empréstimos ANTES da época de exportação para 
Europa. Isso fazia com que os produtores tivessem que vender o açúcar no Brasil, as casas 
comerciais desse açúcar no Brasil eram em sua maioria holandesas. Os holandeses então 
compravam o açúcar e estocavam. O transporte era feito por portugueses, que entravam na 
Europa via Holanda. Os holandeses não tinham nenhum risco e ficavam com a maior parte do 
lucro do açúcar. 
ISSO É VIGENTE ATÉ HOJE: O Brasil é o maior produtor de café, porém o maior beneficiador é a 
Alemanha. O Brasil fica com os problemas ambientais e sociais da produção de café. A 
Alemanha apenas dita o valor que quer comprar o produto, dando a característica de 
dependência de nossa economia. 
- O dono das terras no Brasil continua sendo RICO no contexto local por possuir terras, mas no 
contexto MUNDIAL continua sendo pobre. Isso devido a produção de açúcar nas Antilhas 
Holandesas e a queda do preço do açúcar na Europa, falindo ainda mais o produtor de açúcar 
no Brasil. 
 
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Antes de uma produção voltada para o lucro e capitalista, a nobreza portuguesa tinha uma 
mentalidade feudal e visava ter o prestígio por possuir posse de terras e deter o poder político 
em sua região. 
A nobreza do Brasil produz devido a um acordo com a Coroa, a Lei de Sesmarias, que dizia que 
qualquer pessoa poderia ter acesso à terra, desde que produzisse. Por isso nessa época a 
nobreza vai produzir sem a ideia de que produção daria lucro e sim para ter a posse da terra. 
Os servos aqui no Brasil eram todos que não possuíam a posse da terra. Poderia ser índio, 
branco, escravo liberto, etc. 
Para sobreviver, todos os que não possuíam terra, tinham que se sujeitar ao proprietário da 
terra e produzir para ele, dividindo a produção (maior parte) com o dono da terra. Esses “sem-
terra” então compravam alimentos do dono da fazenda e com isso criaram a ideia de 
PATERNALISMO devido ao fato do dono não ter obrigação de manter o servo na terra. 
Porque o senhor de engenho não usava escravos como força militar? – Os escravos eram 
caros, se ela vai pra guerra e morre, o senhor de engenho perde dinheiro. Já o trabalhador 
livre era facilmente substituído. 
Domínio das terras = Monopolização das terras. Quanto mais terra, mais poder político e 
econômico. 
 
PADRE CÍCERO: Atuação forte. Dominou militarmente disputas entre dois coronéis, 
conseguindo intermediar os conflitos usando Lampiões. Ele conseguiu dominar várias 
extensões de terras dessa forma e deixavam pessoas produzirem nela de forma semelhante a 
servidão. 
AS PESSOAS NÃO VOTAVAM NA IDEIA E SIM NA PESSOA. Se pendura até hoje. 
Quem é eleito no Brasil: O deputado mais votado ou o da coligação mais votado? – Pode 
acontecer de um deputado mais votado não ser eleito, sendo um sistema eleitoral injusto e 
antidemocrático. 
CORONELISMO: Ainda existe no Brasil, não o coronelismo fenômeno histórico, e sim 
coronelismo fenômeno político. 
2. SEGUNDA PARTE DA AULA 
 Tráfico de escravos era mais lucrativo que atividades rurais, porém, o traficante de 
escravos não tinha nenhum prestígio no meio social. 
 Noção de prestígio nunca se desvinculou do poder econômico e posse de terras. 
 Mineração também trazia mais lucros que atividades rurais. 
 RIQUEZA PLEBEIA. 
Até início do século XX, o novo rico era o novo plebeu. 
SOCIEDADE ARISTROCRATICA. 
TRABALHO = PENALIZAÇÃO. 
Instituição de trabalho compulsório: Quem não tem a posse da terra se sujeita ao domínio do 
dono. Quem trabalha na sociedade de engenho é o escravo e o trabalhador livre. O 
trabalhador livre é mais penalizado que o escravo, pois não há lugar pra ele na sociedade. Foi 
esse trabalhador livre que produziu o alimento no Brasil Colônia. 
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Até hoje é a mesma dinâmica social. O abastecimento interno do Brasil continua sendo 
mantido pela agropecuária familiar. Os latifúndios produzem alimentos para exportação. 
ATENÇÃO: NO BRASIL NUNCA EXISTIU FEUDALISMO. MAS FOMOS GUIADOS POR UMA 
IDEOLOGIA FEUDAL. POSSUINDO UMA ECONOMIA CAPITALISTA E OS SISTEMAS DENTRO DE 
SUA PROPRIEDADE, POR NÃO HAVER TRABALHADORAS ASSALARIADOS, SENDO UM 
COMPORTAMENTO PRÉ-CAPITALISTA. 
Por que a escravidão no Brasil não foi uma escravidão de índios? – Tráfico dava lucro. Os índios 
no Brasil eram uma população pacifica e possuíam o hábito de cunhadismo. Eles 
estabeleceram uma relação de cunhadismo com os Europeus. 
Em 1500 o Brasil foi descoberto, e o primeiro engenho foi criado em 1573. Nesse tempo a 
população indígena foi reduzida devido a guerras e doenças. 
Pelourinho: Tráfico de escravos > Onde chegavam os escravos da África. 
A disputa entre fazendeiros era pela mão-de-obra LIVRE. Por isso houve vários tipos de 
trabalhos compulsórios pela América. A primeira em nosso país foi a escravidão que existe até 
hoje. 
Escravidão no Brasil, segundo José de Alencar, é trazer o negro da África e aprisiona-lo na 
fazenda. Muito comum na região da Amazônia. 
Porque as pessoas não querem que tenha trabalho escravo? – Pela legislação do país, uma 
propriedade que se encontre trabalho escravo, deve ser tomada e entregada para 
redistribuição de terras. Por isso há uma tentativa de não caracterizar oficialmente o trabalho 
escravo em novo país. 
Outro tipo de trabalho compulsório: Encomenda > Terra das tribos passou a ser terras do 
colonizador, em troca, o colonizador para não matar os índios, permitiu que ele trabalhasse 
um dia de graça para eles. No entanto, isso não foi por bondade do colonizador, pois se os 
índios trabalhassem nas minas de prata todos os dias, eles teriam uma sobrevida de 1 mês. 
Esse sistema NUNCA existiu no Brasil. 
Inquilinismo: O inquilino tinha que prestar favores para o dono da terra alguns dias na 
propriedade. O regime assalariado era muito mais baixo que o normal para a região em 
questão. O que o ‘inquilino’ produz e vende, abastece o barracão. O proprietário da terra 
vendia “fiado” no barracão. 
Peonagem por dívida: O trabalhador antes de começar a trabalhar, ele recebe um 
adiantamento, e trabalha para pagar essa dívida. Porém a dívida só aumenta e ele trabalha de 
graça para a fazenda/indústria. 
3. PERÍODO PÓS-INDEPENDÊNCIA DOS PAÍSES LATINO-AMERICANOS. 
Elite faz a independência do país. Essa independência não contribuiu para melhorar o quadro 
da concentração de terra, no caso do Brasil, só piorou a questão da concentração de terra. No 
caso dos demais países latino-americanos, a concentração de terra pouco mudou em relação 
ao período colonial. 
O Brasil entrou em uma política externa com a Inglaterra mais agressiva de quando estávamos 
em época colonial com Portugal. O chamado neocolonialismo. 
Reformas liberais: Reforma feita pela elite para elite. Sendo reformas extremamente 
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conservadoras. 
Essas reformas foram feitas pelos filhos de latifundiários que foram estudar na Europa 
(Inglaterra) e voltaram com as ideias liberais da Inglaterra. 
O atraso latino-americano segundo a Inglaterra, era devido a preguiça do povo latino. Além 
disso, era divido ao catolicismo, já que a religião da Inglaterra era o protestantismo. 
Desconfiando do poder da técnica, com a aversão a nova tecnologia. Quem não podia instalar 
indústria pelo pacto colonial, segundo ingleses, tinha aversão a tecnologia. 
Terras foram disponibilizadas para empresas capitalistas modernas. 
 Lei de Terras (1850): Qualquer pessoa poderia ter acesso à terra, desde que 
comprassem a terra. Porém o valor era alto e os pobres não tinha condições de 
comprar. 
 As pessoas “posseiros” que vivam em terras que eram compradas, passavam a viver na 
terra da Casa Grande, pois não existia êxodo rural na época por não haver cidades. 
 Todos os países latino-americanos possuem uma Lei de Terras muito semelhante ao 
brasileiro. 
 A lei de terras garantia que o dono de grandes propriedades não precisasse de 
RECOMPRAR.

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