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Disciplina Bases Biológicas do Comportamento Interações psicológicas e somáticas entre sistema imunológico e o SNC prof.daniwey.fmu@gmail.com Escola de Ciências da Saúde Objetivos da aula Conhecer os princípios básicos do funcionamento do sistema imunológico Relacionar os efeitos psicossomáticos relacionados ao sistema imunológico Bibliografia KAPLAN, HI; SADOCK,BJ; GREEB, JA. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. P 68-71 Sistema imune (SI): reconhecimento do próprio e não próprio Antígeno: substâncias estranhas que induzem uma resposta imunológica. Podem ser proteínas e polissacarídeos, moléculas presentes em bactérias, vírus, protozoários, helmintos, toxinas, pólen, etc. Anticorpo: molécula de imunoglobulina formada por células do SI (plasmócitos) na presença de um antíngeno (específico) Autotolerância: que é a capacidade do sistema imunológico do indivíduo distinguir o que é próprio (self) daquilo que não é próprio (non-self). Quando o Sistema Imunológico não funciona: Tolerância: incapacidade de responder a um antígeno mesmo após ter sido exposto. Autoimunidade: falha na autotolerância que resulta na produção de anticorpos contras as próprias células Imunidade inata e adaptativa (adquirida) Célula verde = macrófago que ingeriu um microorganismo e apresenta para um linfócito Condições da SINÁPSE IMUNOLÓGICA: é específica: complementariedade (avidez) e interação reversível (afinidade) O anticorpo apresenta o “sítio de ligação” que se liga ao EPÍTOPO do antígeno = ativa células imunitárias Causas das doenças AI Doença autoimune Susceptibilidade genética: gêmeos com diabetes tipo 1 (20% monozigóticos e 5% dizigóticos). Infecção ou por lesão (resposta incorreta): a célula T deixa de reconhecer o corpo – amplifica a resposta pela ativação de “células apresentadoras de antígenos” (APCs) teciduais Doenças autoimunes x sexo Origem das doenças autoimunes: Similaridade na sequência de aminoácidos entre proteínas de microrganismos infecciosos e proteínas humanas Mimetismo molecular Interações entre o sistema imunológico e o SNC 1950-1960: estresse aumentava a morbidade e a mortalidade em resposta a eventos estressores. Questão: gravidade do estressor, momento de exposição e se é agudo ou crônico? Resulta em diferentes respostas: “camundongos submetidos a choque de rede elétrica, 1 a 3 dias antes da infecção de células tumorais induzida pelo vírus do sarcoma murinho de Maloney, exibiram diminuição do tamanho e da incidência do tumor. Em contrapartida, aqueles expostos a choque elétrico 2 dias após a injeção de células tumorais exibiram aumento no tamanho e número de tumores” Estresse e doença São pacientes que fazem “fugas somáticas”. Apresentam pobreza do mundo simbólico, havendo pouca elaboração psíquica. Pensamento é do tipo operatório, aprisionado ao concreto e à orientação pragmática, tendo pouca ligação com o seu inconsciente. 1919: Tohru Ishigami: primeira observação científica da possível relação entre distúrbios emocionais e resistência do hospedeiro (Ishigami, T. (1919) The influence of psychic acts on the progress of pulmonary tuberculosis. American Review of Tuberculosis, 2, 4701-4706) 1956 Hans Selye cunhou o conceito de estresse – antes era denominado síndrome geral de adaptação, hoje conhecida como síndrome do estresse. Este conceito diminui a importância do conflito psíquico no papel etiológico e se dirige cada vez mais a uma etiologia multifatorial. Entre as variáveis sociais: status socioeconômico até a exposição a substâncias tóxicas ambientais. Psicossomático Depressão maior: o estresse ativa vias inflamatórias, enquanto suprime o sistema imune através das citocinas pró-inflamatórias. A depressão maior também é com frequência associada com ativação inflamatória induzida por estresse relacionada a proliferação de linfócitos. Transtorno bipolar: Indivíduos com transtorno bipolar apresentam alterações imunes frequentemente observadas no contexto de depressão unipolar. Pacientes bipolares, sobretudo quando maníacos, apresentam concentrações plasmáticas aumentadas de citocinas inflamatórias. Esquizofrenia: Infecção viral (rubéola, influenza) explica alguns casos de esquizofrenia (encefalite viral durante o neurodesenvolvimento). Os dados incluem: (1) nascimentos de pacientes no fim do inverno e no início da primavera = infecção viral perinatal durante o pico de doenças (outono e inverno), (2) epidemia viral no útero e desenvolvimento posterior de esquizofrenia, (3) esquizofrenia em áreas urbanas densamente povoadas (transmissão de patógenos virais), (4) taxa de infecção mais alta para certos vírus em pacientes com esquizofrenia ou em suas mães e (5) citocinas = autoimune. Transtornos psiquiátricos relacionados ao Sistema Imune Autismo: a relação entre anormalidades imunológicas e os sintomas neurocomportamentais da doença permanece controversa. A alegação de que o transtorno é desencadeado por vacinas da infância não foi fundamentada por estudos epidemiológicos recentes, e as terapias para autismo baseadas no sistema imune não têm-se mostrado eficazes. Doença de Alzheimer: Há evidências de que o sistema imune contribui para sua patogenia. Placas amiloide estão associadas com proteínas de resposta imune. A ideia de que processos inflamatórios estão envolvidos na doença de Alzheimer foi apoiada por estudos recentes que mostraram que a utilização de longo prazo de anti-inflamatórios não esteroides se relaciona negativamente ao desenvolvimento da doença. HIV/AIDS: doença imunológica associada a uma variedade de manifestações neurológicas, incluindo demência. A encefalite por HIV resulta em anormalidades sinápticas e perda de neurônios no sistema límbico, nos gânglios da base e no neocórtex. Esclerose múltipla: doença desmielinizante, caracterizada por lesões inflamatórias disseminadas na substância branca relacionada ao rompimento da barreira hematencefálica e a infiltração de células T, células B, células plasmáticas e macrófagos Transtornos psiquiátricos relacionados ao Sistema Imune Alois Alzheimer (1906) Demência causada pela morte de neurônios Tratamento inicial retarda o avanço da doença Perda de memória, confusão mental (passado e presente), alucinações auditivas, regressão mental Alterações nas neurofibrilas do citoesqueleto dos neurônios por depósitos de proteína beta-amiloide e emaranhados neurofibrilares = enruga o axônio impedindo o P.A. – causando morte dos neurônios (placas senis) Morte dos neurônios não é homogênea mas afeta áreas do córtex relacionadas com a memória e funções executivas MEMÓRIAS SECRETAS (Remember) 2013| Canadá, Alemanha Síndrome da fadiga crônica: etiologia e patogenia controversas. Sintomas frequentes: fadiga persistente, depressão e distúrbios do sono. Testes da função imunológica = ativação como de imunossupressão. Avaliações neuroendócrinas indicam que pacientes podem ter hipocortisolemia, devido à ativação comprometida do eixo HHA. Embora uma infecção viral aguda quase sempre preceda o início da síndrome, nenhum agente infeccioso foi responsabilizado por causá-la Doença de Lyme: doença do carrapato em que as perturbações do sono e a depressão são comuns. Infecção bacteriana pode invadir o SNC e causar encefalite e sintomas neurológicos. Essa condição é notável porque parece produzir uma série de transtornos neuropsiquiátricos, incluindo ansiedade, irritabilidade, obsessões, compulsões, alucinações e déficits cognitivos. Síndromeda Guerra do Golfo: condição controversa com manifestações inflamatórias e neuropsiquiátricas. Tem sido atribuída a estresse de combate, armas químicas (p.ex., inibidores da colinesterase), infecções e vacinas. Dado o impacto do estresse na neuroquímica e nas respostas imunológicas, esses mecanismos patogênicos não são mutuamente excludentes. Transtornos psiquiátricos relacionados ao Sistema Imune 1. Doenças órgão-específicas: • Esclerose Múltipla • Miastenia Grave • Doença de Graves • Tireoidite de Hashimoto 2. Doenças auto imunológicas sistêmicas: • Lúpus Eritematoso sistêmico • Artrite Reumatoide Doenças autoimunológicas Gêmeos idênticos 30-50% (significa que é multifatorial), enquanto o risco dos dizigóticos é de 4-5%. Isso só confirma que a EM não é uma doença hereditária nem transmissível, mas existe predisposição genética! Miastenias gravis Anticorpos atacam receptores de acetilcolina, causa fraqueza e fadiga anormalmente rápida dos músculos voluntários. Músculos mais susceptíveis: nervos cranianos e em 50% dos casos músculos oculares. Pode surgir após evento estressante, como infecção e anestesia. Os indivíduos afetados podem apresentar timoma (tumor do timo). A doença raramente é fatal, mas pode ameaçar a vida quando atinge os músculos da deglutição e da respiração órgão-específicas Doença de Graves Hipertireoidismo: Ac atacam os receptores nas células da tireoide para o TSH aumentando sua secreção mimetizando-o, o que leva à ativação contínua da tireoide, aumento de T3, T4 e reduzindo o TSH. A expressão da doença também é multifatorial e depende da interação entre gene e ambiente órgão-específicas Tireoide de Hashimoto Predisposição genética e fator ambiental: resposta imune anormal às células da glândula tireoide, tanto do ponto de vista humoral como celular (redução da tireoide) órgão-específicas Lúpus eritematoso sistêmico: ("lúpus“ [latim] = lobo, refere-se à erupção cutânea no rosto semelhante a uma Borboleta que lembra as marcas brancas no focinho de um lobo; “Eritematoso" [grego] = vermelho, referindo-se à coloração vermelha da erupção cutânea. (inflamação): forma "leve" acomete o tecido cutâneo-articular e pode envolver outros órgãos. Mulheres mais suscetíveis que homens (10:1). Fatores genéticos + Fatores hormonais + Fatores ambientais (exposição a UV-B e medicamentos como procainamida, hidralazina, clorpromazina, isoniazinas, practolol e metildopa). Taxas altas de morbimortalidade: anticorpos são produzidos contra diversas células do corpo = inflamação nos vasos sanguíneos (vasculite). Com consequências mais sérias se atinge os rins (transplante) e o sistema neurológico (derrames ou desenvolver problemas psiquiátricos ou psicomotores). Forma grave ou agudo atinge menos de 20% dos portadores da doença Doenças autoimunes sistêmicas Doença inflamatória crônica sistêmica que afeta sobretudo as articulações periféricas (falta de colágeno). A prevalência de AR em indivíduos que têm um irmão com AR é de quatro a oito vezes maior que na população geral Inflamação crônica das articulações sinoviais com destruição progressiva de estruturas cartilaginosas e ósseas Possíveis causas: • Fatores hormonais (3:1 em mulheres entre 35 a 50 anos). • Agentes infecciosos como Mycoplasma • Vírus da Rubéola, CMV, Herpes, Parvovírus B19, EBV e Mycobacterium tuberculosis. Mecanismo imunológico: Líquido sinovial fica cheio de neutrófilos, macrófagos e células dendríticas A prevalência de AR em indivíduos que têm um irmão com AR é de quatro a oito vezes maior que na população geral Artrite reumatoide Doenças autoimunes sistêmicas Questionário para o filme “Óleo de Lorenzo” 1) Qual é a doença abordada no filme? Que tipo de alteração metabólica é ocasionada pela doença? 2) Que tipo de tecido/sistema a doença afeta? Explique 3) Qual é o tipo de herança genética da doença? 4) Qual foi a primeira terapia indicada pelo médico de Lorenzo? Porque ela não deu resultados positivos? 5) No que consistia o primeiro “óleo” utilizado pelos pais de Lorenzo? Quais foram os resultados obtidos com a sua utilização? 6) O que constituí o “óleo de Lorenzo”, utilizado até hoje em pacientes diagnosticados com a doença? 7) Qual a importância dos simpósios realizados pelos pais de Lorenzo?
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