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MONOGRAFIA MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 1 21/03/2011 16:39:02 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................................................1 2. IMPLICAÇÕES DA RESISTÊNCIA BACTERIANA .................................................................................................................................3 3. EPIDEMIOLOGIA DA RESISTÊNCIA BACTERIANA .............................................................................................................................4 3.1. Bactérias resistentes aos antibióticos ........................................................................................................................................5 3.2. Bacilos Gram-negativos não fermentadores da glicose .............................................................................................................5 4. ESTRATÉGIA PARA A OTIMIZAÇÃO DE MEROPENÉM COM UMA NOVA POSOLOGIA EM INFUSÃO PROLONGADA ....................6 5. MEROPENÉM – UM ANTIBIÓTICO CARBAPENÊMICO ....................................................................................................................10 5.1. Características químicas ...........................................................................................................................................................10 5.2. Modo de ação: interação com a síntese da parede celular ......................................................................................................12 5.3. Perfi l farmacocinético – metabolismo e excreção ....................................................................................................................13 6. USO CLÍNICO DE MEROPENÉM ........................................................................................................................................................14 6.1. Racional para a prescrição de meropeném em doses elevadas (2 g), em infusão prolongada de 3 horas ..............................15 7. EVIDÊNCIAS DAS VANTAGENS DA DOSE DE MEROPENÉM 2 g ADMINISTRADA COMO INFUSÃO DE 3 HORAS ......................19 7.1. Estudos farmacocinéticos clínicos.............................................................................................................................................19 7.2. Farmacodinâmica de meropeném – “Simulação de Monte Carlo” ..........................................................................................30 8. SEGURANÇA .....................................................................................................................................................................................32 9. INDICAÇÃO .......................................................................................................................................................................................33 10. MODO DE USAR E CUIDADOS DE CONSERVAÇÃO DEPOIS DE ABERTO ......................................................................................34 11. RECONSTITUIÇÃO, COMPATIBILIDADE E ESTABILIDADE .............................................................................................................34 12. POSOLOGIA .....................................................................................................................................................................................34 13. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................................................................35 14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................................................................................35 15. BULA DE MEROMAX® ....................................................................................................................................................................37 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 2 21/03/2011 16:39:04 1. INTRODUÇÃO Os antibióticos e outros agentes antimicrobianos têm salvado milhões de vidas e aliviado o sofrimento de muitos pacientes no mundo todo. A escolha do antimicrobiano adequado é um ponto-chave que condiciona em grande parte a evolução do paciente e o sucesso do tratamento. A mortalidade aumenta signifi cativamente com antibioticoterapia inicial inadequada.1 A taxa de mortalidade hospitalar de pacientes septicêmicos que receberam antibio- ticoterapia inicial inadequada foi estatisticamente maior que a verifi cada em pacientes com terapia adequada (61,9% vs. 28,4% respectivamente)2. O tratamento antimicrobiano adequado requer conhecer os patógenos potencialmente envolvidos e considerar as resistências locais. Em 2004 foi publicado, pela Sociedade de Doenças Infecciosas da América (ISDA- Infectious Diseases Society of America), um documento cujo título: “Bad bugs, no drugs: as antibiotic disco- very stagnates, a public health crisis brews” que descreve os pro- blemas da resistência bacteriana e a falta de novos antibióticos para tratar as infecções graves, alerta para diversas refl exões importantes do ponto de vista da saúde pública, tais como: 1 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 1 21/03/2011 16:39:05 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 2 Aproximadamente 2 milhões de pessoas adquirem infecções • bacterianas nos hospitais americanos a cada ano, e 90.000 pessoas morrem como resultado deste fato; Os patógenos resistentes lideram os altos custos no sistema • de saúde, porque para a sua erradicação frequentemente são necessários medicamentos mais caros e internações hospitalares mais prolongadas; A descoberta de novos antibióticos está diminuindo. As • principais indústrias farmacêuticas estão voltando os seus interesses para doenças crônicas e problemas relacionados ao estilo de vida; A pesquisa de novos fármacos é cara, arriscada e consome • muito tempo. Um programa de pesquisa e desenvolvimento agressivo iniciado hoje, certamente precisaria de dez anos ou mais, e um investimento estimado em torno de US$ 800 milhões a US$ 1,7 bilhão para que um novo fármaco seja produzido e comercializado; As infecções em unidades de terapia intensiva (UTIs) são • um problema importante da prática médica. A permanência em UTIs, particularmente pelo uso de antibióticos, é acompanhada de uma probabilidade crescente de infecção hospitalar, com consequente aumento da mortalidade. O aumento da resistência bacteriana cria diversas inconveniências, incluindo a utilização de antimicrobianos mais tóxicos e que, em muitos casos, têm menor efi cácia e aumentam os custos. Nem todos os antibióticos se comportam da mesma maneira1; dentro do grupo de antibacterianos carbapenêmicos existem diferenças signifi cativas. Esta família de antimicrobianos está representada por ertapenem, imipenem e meropeném. Segundo estudos comparativos, o mero- peném demonstrou, em diferentes patologias infecciosas, atividade superior frente à cefepima3; já o ertapenem não é recomendado o seu uso na unidade de terapia intensiva, em virtude da resistência da Pseudomonas aeruginosa e da Acinetobacter baumannii, além disso, com o ertapenem estão surgindo cepas resistentes a algumas ente- robactérias (Klebisiella penumoniae e Enterobacter cloacae), o que é raro para imipinem e meropeném.3 Uma recente revisão de metanálise4 sobre o tratamento de infec- ções graves com meropeném e imipenem, concluiu que o merope- ném é signifi cativamente mais efetivo que o imipenem/cilastati- na em termos de resposta clínica e bacteriológica, e também está associado com muito poucos eventos adversos. Uma outraavaliação recente, realizada em 2006, demonstrou que meropeném apresenta melhor índice custo-efetividade que imipenem/cilastina no tratamento de pacientes com infecções graves em UTIs. O custo geral para meropeném foi mais baixo que para imipenem, em virtude de uma taxa de resposta clínica e bacteriológica mais elevada que com o imipenem, o que signifi ca que menos pacientes permaneceram em ambiente de UTIs, locais que geralmente envolvem alto custo hospitalar.5 Diversos programas de pesquisa global são realizados com a fi na- lidade de comparar a atividade dos agentes antimicrobianos em vários centros hospitalares de pequisa; entre esses programas, destacam-se o MYSTIC, de âmbito global e para a América do Sul, e o OPTMA, que foi criado com o objetivo de fornecer uma visão dos antibióticos e posologias empíricas para o tratamento de infecções nosocomiais comuns.6,7 Diversos estudos clínicos foram realizados com o intuito de avaliar o uso clínico de meropeném, administrado nas faixas de concentração que variam de 1,5 g a 3,0 g (não superiores a 6 g diários); tais dosagens alcançaram respostas clínicas e bacte- riológicas iguais ou superiores aos regimes de antibióticos com multifármacos para o tratamento de infecções intra-abdominais, infecções respiratórias, infecções do trato urinário, infecções obs- tétricas e ginecológicas e sepse resultante de infecções no trato geniturinário, trato respiratório inferior e infecções abdominais8-17 provocadas por inúmeros patogénos com CIMs (concentração ini- bitória mínima, ou MIC = sigla em inglês) intermediários e com CIM de 0,6 a 1,0 µg/mL. Diversos relatos publicados descreveram o sucesso de meropeném no tratamento de meningite por P. aeru- ginosa18,19,20,21, assim como no tratamento de meningite causada pelos patógenos H. infl uenzae e N. meningitidis; meropeném, na dosagem de 2 g por via intravenosa a cada 8 horas, mostrou-se efetivo no tratamento da meningite18,22. Meropeném 2 g por via intravenosa também foi efetivo em pacientes criticamente enfer- mos com sepse, em pacientes com fi brose cística e exacerbações agudas pulmonares23,24,25. Os estudos mostraram que meropeném é um fármaco seguro e muito efetivo, utilizado para o tratamento das infecções discutidas anteriormente. Algumas estratégias para reduzir o tempo, o risco de pesquisa e o desenvolvimento de novos fármacos são frequentemente utiliza- MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 2 21/03/2011 16:39:05 3 das, pois os candidatos a esta estratégia já foram extensivamen- te estudados e clinicamente experimentados, como é o caso de meropeném.9,18,26-29 Os conceitos de farmacocinética e farmacodi- nâmica (PK/PD)7,25,30-35 permeiam estas tentativas de otimização das propriedades farmacodinâmicas de meropeném, com o obje- tivo de demonstrar o seu impacto na remissão de infecções muito graves associadas à patógenos com resistência de intermediária a elevada.23,24,36 O meropeném apresenta características farmacológicas tais como: excelente perfi l de toxicidade (diarreia, 1,9%; rash, 1%; náusea, 1%; trombocitose, 1,9%; baixa incidência de convulsão, 0,38% e boa tolerabilidade em altas doses)37,38, que fazem de me- ropeném um fármaco candidato para ser administrado em altas doses por infusão prolongada.23,39,40 Maximizar os parâmetros farmacodinâmicos do T>CIM pode ser feito aumentando a dose, mantendo o mesmo intervalo entre as doses fi xas ou expandin- do o tempo de administração da infusão endovenosa (~ 3 horas), para favorecer o tempo de exposição, otimizar a cobertura micro- biológica e propiciar a máxima ação bactericida.25, 34, 35 A simulação de Monte Carlo é um método probabilístico utilizado para analisar a meta farmacodinâmica de antibióticos, que incor- pora os fatores de variabilidade dos parâmetros farmacocinéticos estimados, regimes de doses e dados de distribuição das CIMs para calcular a probabilidade de atingir a meta farmacodinâmica mais apropriada (exemplo: a probabilidade de atingir o percen- tual de T>CIM>40%, que deve ser correlato com a máxima ação bactericida para o meropeném.7,24,34 Os dados de farmacocinética utilizados na simulação de Monte Carlo derivam tanto de pacien- tes como também indiretamente de publicações de estudos com pacientes ou com voluntários sadios.34 As informações geradas a partir desta simulação permitem discriminar diferenças poten- ciais no perfi l farmacodinâmico de vários regimes posológicos de meropeném, que têm sido usados entre populações de bactéria. Para infecções moderadas causadas por Enterobacteriaceae, a infusão de meropeném permite o uso de doses de 500 mg por infusão intermitente a cada 8 horas, entretanto, para infecções mais graves presumidamente causadas por espécies de Acine- tobacter ou Pseudomonas aeruginosa, a dose de 2 g em infusão prolongada de 3 horas, a cada 8 horas, é recomendada devido a elevada meta bactericida para atingir esses patogênos e a habili- dade desta infusão em propiciar adequada exposição contra iso- lados com resistência intermediária. Assim, quando os princípios farmacodinâmicos são propriamente aplicados nas estratégias de doses de meropeném, os resultados clínicos e microbilógicos podem ser otimizados.34 2. IMPLICAÇÕES DA RESISTÊNCIA BACTERIANA Nas últimas décadas, a resistência antimicrobiana entre os pató- genos vem aumentando rapidamente em todo o mundo, particu- larmente é a principal causa de infecções adquiridas no ambiente hospitalar, e é um tema de debate mundial, pois continuamente está relacionado com morte.24 É um fator contribuinte para a mor- bidade e mortalidade do paciente. A resistência bacteriana para agentes betalactâmicos resultam de inúmeros mecanismos que podem ser intrínsecos ou adquiridos.26 Entretanto, a redução da suscetibilidade para os carbapênemicos é menos comum que para outros antibióticos betalactâmicos, mesmo para patógenos como a Pseudomonas aeruginosa, que expressam múltiplos mecanis- mos de resisitência. Além disso, tem aumentado o número de relatos de patógenos que adquiriram carbapenemases41 e, apesar do uso em larga escala de meropeném, ainda não há dados de resistência clinicamente signifi cativa para Pseudomonas aerugi- nosa, Klebsiella, Enterobacter ou Serratia ssp.26,41-43 Dados da literatura internacional mostram que as unidades de terapia intensiva (UTIs) são ambientes propícios para o aparecimento e dis- seminação da resistência microbiana. Pacientes internados nestas unidades e centros de terapia intensiva, geralmente são muito graves e muitos destes são submetidos a vários procedimentos invasivos, em que a necessidade da utilização de antibióticos de amplo espec- tro de ação faz parte dos procedimentos terapêuticos para combater a virulência de cepas altamente resistentes, como no caso do com- plexo Burkholderia cepacia, que não raro é preciso a combinação de múltiplos antibióticos como estratégia de tratamento.24,25,29,44,45 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 3 21/03/2011 16:39:06 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 4 A resistência natural ou intrínseca faz parte das caracte- rísticas biológicas primitivas dos microrganismos, e é obser- vada em uma determinada espécie bacteriana em relação a diferentes antimicrobianos. Resulta de genes cromossômicos que codificam a existência, na célula, de estruturas ou me- canismos que impedem o antibiótico de agir em seu receptor ou que codificam a falta do sítio de ação do fármaco ou ainda que determinam a existência de receptores inadequados para a ligação com uma substância específica.46 A resistência adquirida a umdeterminado antimicrobiano é aquela que surge em uma bactéria primitivamente sensível a um antimicrobiano. Refere-se, portanto, ao aparecimento, em deter- minado momento, de exemplares de uma espécie bacteriana que não mais sofrem a ação de fármacos que antes eram efetivos contra a população original desta bactéria. A resistência adquiri- da pode ter uma origem genética levando a modifi cações na es- trutura ou no funcionamento do mecanismo celular, bloqueando a ação dos antimicrobianos. Logo, a resistência adquirida é o tipo de resistência mais importante e está diretamente relacionada com microrganismos resistentes na gênese de quadros clínicos infecciosos e, como consequência, do agravamento do prognósti- co, da elevação do custo do tratamento, além da sua importância na modifi cação da ecologia ambiental.46 Os genes de resistência intrínseca habitualmente conferem pequena permeabilidade da parede celular à penetração dos fármacos antimicrobianos. Adicionalmente, a aquisição de novos genes de resistência determina a produção de betalactamases, enzimas capazes de inativar os antibióticos betalactâmicos, in- clusive os carbapenêmicos; a produção de enzimas inativadoras de aminoglicosídeos; e a ativação do mecanismo de efl uxo, que retira os fármacos do meio intracelular, como relatado principal- mente para as quinolonas, mas que pode ocorrer com outros an- timicrobianos.46 Na antibioticoterapia, as concentrações sanguíneas e tissulares são dependentes da dose administrada. Além disso, as concen- trações variam na dependência do antibiótico administrado, via de administração e capacidade de eliminação (metabolismo e excreção) do paciente que está sendo tratado. O efeito de um antibiótico sobre um microrganismo está diretamente relacio- nado com a concentração atingida no meio em que se encontra o patógeno, ou seja, no sítio da infecção. Tais concentrações podem ser limitadas em virtude de manifestações de intoxica- ção e outros efeitos adversos relatados para o fármaco. Logo, a utilização clínica de um antibiótico é determinada não só em função das concentrações inibitórias necessárias para eliminar o patógeno infectante, mas também em função das concentrações que podem ser atingidas no organismo, com o mínimo de efeitos adversos para o paciente.47,48 Neste contexto, para o sucesso e efetividade da antibioticotera- pia, é fundamental a escolha do antibiótico adequado, baseada na sensibilidade do patógeno, na utilização de doses efetivas para garantir a erradicacão do patógeno pela administração correta do fármaco escolhido. 3. EPIDEMIOLOGIA DA RESISTÊNCIA BACTERIANA A terapêutica das infecções causadas por bactérias Gram-negati- vas não-fermentadoras constitui-se atualmente num desafi o, exi- gindo o conhecimento epidemiológico e microbiológico do local em que se situa o paciente. É, portanto, fundamental a vigilância epidemiológica, a valorização da atividade das comissões de con- trole de infecção hospitalar, o adequado aparelhamento material e a qualidade técnica dos laboratórios de microbiologia, para o estabelecimento da terapêutica mais efi caz para o tratamento dessas infecções.46 O programa MYSTIC (Meropenem Yearly Susceptibility Test Information Collection) é um programa de pesquisa global, realizado anualmente, com o objetivo de comparar a ativida- de de diversos agentes antimicrobianos em vários centros de pesquisa. Este programa visa determinar o padrão de susceti- bilidade das bactérias Gram-negativas que causam infecções nosocomiais em pacientes hospitalizados, a fim de prevenir e MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 4 21/03/2011 16:39:06 5 controlar as infecções causadas por microrganismos resisten- tes.7,24 Os centros participantes deste programa no Brasil, no ano de 2003, estavam localizados nas cidades de São Paulo (7 centros), Rio de Janeiro (2 centros), Minas Gerais (1 centro), Rio Grande do Sul (4 centros), Paraná (2 centros), Santa Cata- rina (1 centro), Bahia (2 centros) e Brasília (1 centro).7 Dados brasileiros de 1999, quando do ínicio do programa MYSTIC, permitem compará-los com os dados obtidos em 2003: pode-se observar que a resistência microbiana vem aumentando de forma expressiva no Brasil, com destaque para os centros de terapia intensiva. Dos microrganismos relatados em 2003 por esse pro- grama de vigilância, o que foi isolado com maior frequência foi a Pseudomonas aeruginosa, contabilizando 30,3% de todas as es- pécies isoladas, seguida pela Escherichia coli (18,6%), Klebisiella pneumoniae (16,9%), Acinetobacter baumannii (8,8%) e Entero- bacter cloacae (7,1%). A frequência de Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii tem aumentado signifi cantemente, quando comparada com a primeira edição do MYSTIC, realizada no Brasil em 1999, demonstrando que os índices de resistência são um tanto quanto maiores do que os obtidos por outros pro- gramas de vigilância realizados mundialmente.7 Dentre os microrganismos-alvo da antibioticoterapia com mero- peném 2 g encontram-se a Pseudomonas aeruginosa e a Acineto- bacter baumannii, que apresentaram altos índices de prevalência e formas de resistência conforme relatado pelo MYSTIC 2003. 3.1. Bactérias resistentes aos antibióticos O desenvolvimento dos fármacos antimicrobianos produziu uma decisiva redução na morbidade e na mortalidade de inúmeras doenças infecciosas. Porém, o uso inadequado e em larga escala dos antibióticos para o tratamento e profi laxia em infecções humanas, e o seu uso com outras fi nalidades, além da médica, como administração para os animais com fi ns terapêuticos, profi - láticos e de promoção do crescimento, assim como na agricultura com fi nalidades similares, podem ter favorecido a seleção de mi- crorganismos resistentes, que conduziu à presente situação, na qual os antimicrobianos estão perdendo a sua efi cácia.40,43,49-56 3.2. Bacilos Gram- negativos não fermentadores da glicose Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii Entre as bactérias não fermentadoras da glicose, a Pseudomo- nas aeruginosa e o Acinetobacter baumannii vêm ganhando importância nos últimos anos, não só pela maior frequência da sua participação como agentes causadores de infeccões graves, como também pela resistência às substâncias antimicrobianas. Estas bactérias são habitantes normais do meio ambiente, sendo encontradas no solo, na superfície de objetos, sobre a pele e ves- timenta de seres humanos, e se caracterizam por sua resistência intrínseca a múltiplos antimicrobianos. Sua participação nos pro- cessos infecciosos do homem e de outros animais, habitualmente relaciona-se a pacientes com alterações imunológicas, ou quebra de barreira, confi gurando-os como patógenos oportunistas na maior parte das vezes, embora não exclusivamente.46 A Pseudomonas aeruginosa é um microrganismo frequentemente encontrado nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), e é um dos principais patógenos das bacteremias por microrganismos Gram- negativos. Este microrganismo é causador de múltiplos processos infecciosos, sendo os de origem nosocomial e, em especial os relacionados com o uso de dispositivos externos, os de maior re- levância em ambiente de UTIs.46 Até a década de 1960, dentre os antimicrobianos existentes, a Pseudomonas aeruginosa só se mostrava sensível à ação das polimixinas, sendo reconhecida por sua resistência natural às diferentes classes de antimicrobianos disponíveis. Posterior- MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 5 21/03/2011 16:39:06 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 6 mente, com a descoberta de novas substânciasantimicrobianas, verifi cou-se a sensibilidade desta bactéria a alguns aminoglicosí- deos (gentamicina, amicacina, tobramicina, netilmicina), às car- boxipenicilinas e ureidopenicilinas, e a algumas cefalosporinas de terceira geração, sobretudo a ceftazidima, às cefalosporinas de quarta geração, aos carbapenêmicos, ao aztreonam e às fl uoroquinolonas. No entanto, a facilidade deste microrganismo em adquirir resistência, por fenômenos de mutação, conjugação, transposição e indução, tornou a ação dos antimicrobianos ob- soleta, como no caso da carbenicilina, ou imprevisível, como é o caso da ceftazidima ou da gentamicina.46,57 Nos últimos anos, a resistência da P. aeruginosa aos antimi- crobianos vem se acentuando em todos os países, especial- mente no ambiente hospitalar, sendo descritos surtos de in- fecções hospitalares por isolados multirresistentes, inclusive no Brasil. Este aumento da resistência está possivelmente relacionado ao uso maciço46 e indiscriminado58 de antimicro- bianos, principalmente em ambiente hospitalar que, além de fatores como a pressão seletiva, selecionando e concentrando os microrganismos resistentes, exerce papel indutor, desre- primindo genes de resistência não manifestos em condições normais, sem exposição aos antimicrobianos.46 O meropeném (na dosagem de 2 g, EV a cada 8 horas) pode ser utilizado no tratamento das patologias ocasionadas por Pseudo- monas aeruginosa no caso de troca do tratamento convencional ou no caso de resistência conhecida.25,59,60 Os betalactâmicos(a) demonstram alcançar sua máxima capacidade bactericida quando administrados de forma continuada e em doses máximas59; em particular para este microrganismo, por ser de difícil erradicação do trato respiratório.60,61 As mesmas considerações são aplicáveis ao Acinetobacter bau- mannii, cuja participação em infecções hospitalares, sobretudo em UTIs, é preocupante em virtude da elevada resistência a múl- tiplos antimicrobianos. Os fármacos ativos contra este patógeno frequentemente limitam-se a polimixinas, carbapenêmicos, cipro- fl oxacino e sulbactam (disponível em associação com a ampicili- na), não sendo raro o encontro de multirresistência.46 O Acinetobacter baumannii é raramente encontrado em comuni- dades isoladas. No entanto, tornou-se um importante patógeno nosocomial - surtos em hospitais têm sido descritos em várias áreas geográfi cas, e este microrganismo tem se tornado endêmi- co em algumas delas.57 O A. baumannii não possui exigências de crescimento (cresce em várias temperaturas e diversas condições de pH). A capacidade deste microrganismo de espalhar-se, e sua persistência nos hospitais, são devidas a facilidade surpreenden- te com a qual adquire resistência antimicrobiana e sua facilidade de sobreviver na maioria dos ambientes.57,62 Este microrganismo utiliza diversas fontes para obtenção de energia, o que o torna a espécie persistente tanto em condições úmidas quanto secas nos ambientes hospitalares, consequentemente, contribuindo para a sua transmissão. Esta persistência, combinada com sua resistên- cia intrínseca a muitos agentes antimicrobianos, contribui para a sobrevivência do microrganismo no meio, permitindo que ele se espalhe nas instalações hospitalares.57 Hoje em dia, a maioria dos isolados nosocomiais mundiais de Acinetobacter baumannii é altamente resistente a grande parte dos antibióticos modernos, tornando o tratamento das infecções causadas por este patogê- no um desafi o para a medicina.62 A probabilidade de isolados de A. baumannii de pacientes hospitalizados está relacionada com fatores temporoespaciais (características ecológicas extrínsecas), tais como pressão de colonização, taxa de enfermeira(o)/paciente e outras características das alas do hospital e às características individuais dos pacientes como fatores de risco.57 4. ESTRATÉGIA PARA A OTIMIZAÇÃO DE MEROPENÉM COM UMA NOVA POSOLOGIA EM INFUSÃO PROLONGADA Tentativas para reduzir o tempo de pesquisa e o desenvolvimento farmacêutico de novos fármacos são frequentemente associadas com um aumento do risco. Entretanto, o reposicionamento (a) Os betalactâmicos se classifi cam desta maneira por possuírem uma estrutura nuclear comum: um anel betalactâmico. São eles: penicilinas, cefalosporinas, carbapenêmicos e monobactâmicos. MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 6 21/03/2011 16:39:06 7 de fármacos já existentes oferece a possibilidade de fugir deste dilema. Especifi camente, o risco de desenvolvimento é reduzi- do porque os candidatos ao reposicionamento foram estudados em diversos estágios do desenvolvimento clínico e, portanto, os perfi s farmacocinéticos e de toxicidade já são conhecidos.63 Uma das formas de fazer o reposicionamento de fármacos anti- microbianos é por meio da otimização dos parâmetros farmacoci- néticos e farmacodinâmicos, para melhorar o seu desempenho e prevenir a resistência microbiana.63 A farmacodinâmica (PD) e a farmacocinética (PK) do antimicro- biano são dados importantes a ser levados em conta no estabe- lecimento da posologia dessa classe de fármacos, pois a CIM do antibiótico, a penetração tecidual, seu metabolismo e sua excre- ção são fatores que levam ao sucesso terapêutico. As proprieda- des farmacocinéticas de um fármaco determinam a fl utuação das concentrações no sítio da infecção no decorrer do tempo. Já os parâmetros farmacodinâmicos defi nem a atividade mi- crobiológica de um agente anti-infeccioso focando seus efeitos biológicos, em particular a inibição do crescimento e morte dos patógenos. Os parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicos podem ser interrelacionados47 através dos índices PK/PD e, desse modo, ambos podem determinar os regimes posológicos adequa- dos para os antimicrobianos.48 Entre os diversos fatores que podem contribuir para o desenvol- vimento da resistência bacteriana aos agentes anti-infecciosos, o mais importante é a exposição repetida do patógeno a con- centrações subinibitórias do antibiótico, ou seja, concentrações menores do que a concentração ideal (ótima) para atingir o mi- crorganismo e provocar a sua eliminação.47 Neste contexto, a utilização dos índices PK/PD para determinação da posologia representa um avanço no sentido de reduzir a inci- dência de resistência aos antimicrobianos. Nos índices PK/PD, os parâmetros farmacocinéticos e farmaco- dinâmicos formam um vetor interligado que, em última análise, descrevem a relação entre a dose e o efeito do antimicrobiano. Se por um lado, a farmacocinética descreve as características de absorção, distribuição, metabolismo e eliminação do fármaco no organismo humano, por outro, a farmacodinâmica se refere às ações deste mesmo fármaco no corpo, inclusive a seus efeitos terapêuticos e, no caso de antimicrobianos, à ação do fármaco sobre um determinado microrganismo.22,36,64 O principal parâmetro farmacodinâmico utilizado para caracteri- zar a atividade antimicrobiana é a CIM, e corresponde a menor concentração capaz de inibir o crescimento bacteriano. Este parâmetro é determinado in vitro através da exposição do mi- crorganismo a concentrações crescentes do antibiótico no meio de cultura. A menor concentração capaz de inibir o crescimento visível é defi nida como CIM. Por este método pode-se determinar, também, a concentração bactericida mínima do medicamento (CBM ou MBC, em inglês) Para isto, fazem-se repiques do mi- crorganismo presente nos tubos que continham concentrações do fármaco superiores àquela determinada como sendo a CIM, e verifi ca-se qual a menor concentração em que os repiques não mostram crescimento.46 Essa concentraçãoé defi nida como CBM. Outros parâmetros far- macodinâmicos são usados em estudos com antimicrobianos, e se baseiam na duração dos efeitos bactericidas em associação com a CIM para aquele fármaco. Tais parâmetros são: efeito antibiótico persistente ou efeito pós-antibiótico (PAE, do inglês persistent ou pos-antibiotic effect), que é a persistência do efeito, mesmo após a concentração do fármaco ter caído a níveis sub- inibitórios (abaixo da CIM), taxa de morte bacteriana e taxa de desenvolvimento de mutantes resistentes.47 Entre os parâmetros farmacocinéticos de interesse para os an- timicrobianos, pode-se destacar a área sob-a-curva de concen- tração sérica/tempo (AUC), o pico de concentração sérica ou concentração máxima na corrente circulatória obtida após a admi- nistração de uma dose do fármaco (Cmáx.), a quantidade de tempo em que a concentração sérica do fármaco permanece acima da CIM (%T>CIM), o tempo de meia-vida sérica do fármaco e sua penetração tecidual. A probabilidade de alcançar o sucesso MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 7 21/03/2011 16:39:07 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 8 clínico e/ou o resultado microbiológico desejado, ou seja, a erra- dicação do microrganismo pode ser determinada pelas diferentes medidas de exposição relativa à concentração inibitória mínima (CIM) do organismo infectante, defi nidas pelos índices PK/PD como, por exemplo, o tempo acima da CIM (%T>CIM), a razão da área sob-a-curva pela CIM (AUC/CIM) ou a razão do pico de concentração plasmática por CIM (Cmáx./CIM). 22 A utilização dos índices PK/PD, para defi nir a posologia dos anti- microbianos, teve um impacto signifi cativo sobre a escolha e os regimes de doses usados no tratamento de infecções, particular- mente nas infecções respiratórias comunitárias e hospitalares. Os parâmetros PK/PD são úteis para a otimização da terapêutica com antimicrobianos, especialmente hoje em dia, em razão do aumento das resistências a estes fármacos. Estas relações PK/ PD também são importantes na prevenção da seleção e dissemi- nação de cepas resistentes.22,36,40 A partir dos estudos das correlações PK/PD, foi possível classi- fi car os antimicrobianos em tempo-dependente e concentra- ção-dependente. Os antimicrobianos tempo-dependentes são aqueles que têm sua ação regida pelo tempo de exposição das bactérias as suas concentrações séricas e teciduais. Os fármacos da superclasse dos betalactâmicos, tal como o meropeném, são exemplos claros de antimicrobianos tempo-dependentes, pois não apresentam efeito pós-antibiótico signifi cativo, com raras exceções. Para estes antimicrobianos, a erradicação bacte- riana é atingida quando as concentrações livres destes fármacos permanecem cerca de 40% a 60% do intervalo entre as doses acima da CIM do agente infectante. A ação destes antimicrobia- nos independe dos níveis séricos elevados que eles venham a atingir, mas dependem do tempo que as concentrações permane- cem acima da concentração inibitória mínima da bactéria causa- dora da infecção que está sendo tratada.22,34,36,39,40,47 Os antimicrobianos concentração-dependentes são aqueles em que a erradicação bacteriana depende fundamentalmente das concentrações elevadas que estes antimicrobianos atinjam no soro e nos tecidos. Aqui, a ação não depende do tempo que estes antimicrobianos permaneçam acima da concentração inibitória mínima da bactéria em questão, mas sim da relação entre seus picos séricos ou áreas sob-a-curva de concentração sérica com a CIM do patógeno em questão. Nesta classe estão as fl uoroquino- lonas e os aminoglicosídeos, para os quais se obtém erradicação bacteriana quando a razão entre suas curvas de concentração/ tempo do fármaco livre e respectivas CIMs excedem o valor de 30 para patógenos respiratórios comunitários, e de 125 para os hospitalares.22,26,34,36,40 A (Tabela 1) mostra um resumo da classifi cação dos antimicrobia- nos em tempo ou concentração-dependentes. Tabela 1. Resumo das características farmacodinâmicas dos agentes antimicrobianos. Característica Farmacodinâmica Agentes antimicrobianos representativos Objetivos do regime Parâmetros correlacionados com a efi cácia clínica Concentração- dependente aminoglicosídeos, fl uoroquinolonas, metronidazol Concentrações máximas Cmáx./CIM e AUC/CIM Tempo-dependente carbapenêmicos*, penicilinas, cefalosporinas, aztreonam Máximo tempo de exposição %T>CIM * carbapenêmicos: meropeném, imipenem-cilastatina. Adaptado de Burgess DS. Chest 1999 47 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 8 21/03/2011 16:39:07 9 A representação gráfi ca da Figura 1 mostra a diferença entre os antibióticos concentração-dependentes e os antibióticos concen- tração-independentes ou tempo-dependentes. Para os fármacos concentração-dependentes (aminoglicosídeos, fl uoroquinolonas), o parâmetro mais previsível da efi cácia terapêutica é a razão entre o pico de concentração plasmática do fármaco e a CIM (Cmáx./CIM) ou a razão entre a área sob-a-curva e a CIM (AUC/CIM).47 Para os fármacos tempo-dependentes, como os antibióticos betalac- tâmicos, o parâmetro-chave associado com o sucesso clínico é a porcentagem de tempo em que os níveis dos fármacos no sítio da infecção excedem a CIM (T>CIM). Entre os agentes betalactâmi- cos, existem diferenças na fração dos intervalos entre as doses nos quais as concentrações dos fármacos necessitam estar acima da CIM para alcançar a eliminação máxima da população micro- biana (potencial bactericida máximo).32 A porcentagem do tempo acima da CIM > 40% e 60% geralmente correlaciona -se com o alto índice de cura. O tempo > CIM necessário para alcançar a atividade bacteriana máxima pode diferir dependendo do fármaco e do patógeno.47 Para o meropeném, o método mais simples de maximizar as pro- priedades farmacodinâmicas é aumentar tanto a dose quanto a frequência de administração, demonstrando que melhora sig- nifi cativamente o perfi l farmacodinâmico quando se aplica em infusão prolongada de 3 horas.34 Figura 1. Indicadores da Erradicação Bacteriana para os antimicrobianos concentração -dependentes (painel da esquerda) e tempo- dependentes (painel da direita). Indicadores da Erradicação Bacteriana: Perfis farmacocinéticos/farmacodinâmicos Picos de Concentração Plasmática/MIC T>MIC MIC MIC Aminoglicosídeos Antibióticos Betalactâmicos: Carbapenêmicos (Meropeném, Imipenem), Penicilinas, Cefalosporinas Adaptado de: www.rxkinetics.com “A PK/PD approach to antibiotic therapy”.65 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 9 21/03/2011 16:39:07 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 10 A maximização do efeito antimicrobiano deve ser buscada em todas as situações com os instrumentos clínicos que estive- rem à disposição. Alguns desses instrumentos dependem ex- clusivamente de nosso conhecimento sobre os fármacos, seus mecanismos de ação e o processo infeccioso em si. Dentre os instrumentos que estão ao alcance do clínico para maximizar a eficácia clínica e microbiológica dos antimicro- bianos, estão as estratégias de dosagem e as vias de adminis- tração e de duração dos tratamentos.22, 36,40 O entendimento das características farmacodinâmicas de um determinado antibiótico pode fornecer indicação na direção do melhor regime de dosagem para a sua utilização. Para os antimicrobianos concentração-dependentes, uma única dose diária pode ser suficiente para erradicar os patóge- nos. Para os antimicrobianos tempo-dependentes, o objetivo é maximizar o tempo em que os níveis dos fármacos no sítio de infecção são maiores que a CIM. Uma maneira de alcançaresse objetivo é através da infusão contínua ou prolongada do fármaco, que fornece um T>CIM se comparado com a admi- nistração intermitente do tipo bolus. A duração aumentada do efeito antibiótico pode ser particularmente importante em pa- cientes imunocomprometidos ou no tratamento de patógenos com CIM elevada; além do ponto de vista microbiológico, o uso apropriado dos métodos do modelo farmacodinâmico mais recentes pode minimizar a emergência de resistência e otimi- zar os resultados clínicos para o paciente.40,64 5. MEROPENÉM - UM ANTIBIÓTICO CARBAPENÊNICO Os carbapenêmicos são antibióticos originariamente naturais, produzidos por diferentes espécies de Streptomyces, atualmente produzidos de maneira sintética. A presença de um anel carbape- nêmico dá a estas substâncias a propriedade de agir com elevada potência contra microrganismos Gram-positivos e Gram-negati- vos. Possuem um amplo espectro de atividade antimicrobiana66, sendo estáveis à hidrólise pela enzima ESBL (enzima betalac- tamase de espectro estendido) e pelas enzimas cromossomais AmpC β-lactamases, em virtude da presença de uma cadeia hi- droxietila em sua estrutura molecular. Estas propriedades fazem dos carbapenêmicos agentes muito efetivos para o tratamento de infecções bacterianas graves.26,38,46 O meropeném tornou-se um dos mais importantes antibióticos betalactâmicos da subclasse carbapenem usado para tratar uma infi nidade de infecções graves que ameaçam a vida, possui uma potente atividade bactericida contra patogênos Gram-negativos, Gram-positivos e anaeróbios.38,39 5.1. Características químicas O meropeném é um antibiótico pertencente à classe dos carbepe- nêmicos, partilhando com o imipenem a presença de um radical hidroxietil no carbono 4, mas diferindo em apresentar novas cadeias no carbono 2 e 3 (Figura 2A). O anel β-lactâmico lhe confere a alta afi nidade pelas penicilino- lactamases (PBPs) e o C3 é responsável pelo seu ultralargo es- pectro de atividade bactericida (Figura 2B). Adicionalmente, a presença de um grupamento metila no carbono 1 lhe confere su- fi ciente estabilidade frente à ação das dihidropeptidases renais, dispensando a coadministração de inibidores desta enzima38,46 tornando desnecessário associá-lo a cilastatina. Possui excelente atividade contra a maioria dos microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos, o que pode ser explicado pela sua facilidade de penetrar os microrganismos, em virtude de sua pequena estrutura, de caráter zwitterion. Possui estabilidade para todas as betalactamases e uma boa afi - nidade pelas proteínas que ligam à penicilina (PBP), além de sua reduzida atividade convulsivante.38,67 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 10 21/03/2011 16:39:07 11 Figura 2A. Estrutura química do meropeném. Adaptado de: Tavares, W. 2001 Figura 2B. Desenho explicativo da molécula de meropeném Adaptado de Cottagnoud P. CMLS 2003. 1) o hidroximetil na cadeia lateral em confi guração trans protege o anel betalactâmico e sustenta a estabilidade contra a ação das betalactamases. 2) o anel betalactâmico confere alta afi nidade pelas Ps, estrutura de ligação de todos os antibióticos betalactâmicos 3) o núcleo de carbapenem é responsável pelo ultralargo espectro de atividade bactericida. 4) o grupo metil no C1 propicia consideravelmente mais resistência para a DHP-1 renais que o imipenem. 5) o C2 substituinte é responsável pela sua alta atividade contra P. aeruginosa e outras bactérias Gram-negativas e, além disso, pode contar com a reduzida atividade pró-convulsivante. Possui atividade antimicrobiana tempo-dependente, ou seja, seu sucesso clínico depende do percentual de tempo em que os níveis do fármaco no sítio da infecção excedem a CIM (T >CIM). Uma maneira de prolongar a %T>CIM é através da infusão prolongada do fármaco, que fornece um tempo prolongado acima da CIM, ao se comparar com a administração EV em bolus. Como menciona- do anteriormente, a duração acentuada do efeito antibiótico pode ser particularmente importante em pacientes imunocomprometi- dos, com infecção grave ou no tratamento de patógenos com a CIM alta. Para o meropeném, 40% do tempo de intervalo de dose ou mais acima do CIM se correlaciona com o potencial bacterici- da máximo do fármaco e com a cura clínica.22,35,36,40,68-70 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 11 21/03/2011 16:39:08 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 12 5.2. Modo de ação: interação com a síntese da parede celular Como todos os outros antibióticos betalactâmicos, a ação bactericida do meropeném é baseada na inibição do último passo na síntese da parede celular dos patógenos. A rígida estrutura da parede externa à membrana plasmática é comum a todas as bactérias e tem a função principal de manter a sua integridade. O principal componente da estrutura da parede celular é o peptidoglicana construído de acordo com o padrão similar para todas as bactérias. A síntese da parede celular é um processo de múltiplas interações enzimáticas.38 Resumi- damente, os precursores, os peptídeos dissacarídeos, são transpor- tados através do plasma para a membrana e incorporados à parede celular. O passo fi nal é a construção das ligações peptídicas entre as cadeias glicanas. Esta reação é possível pela ação das transpep- tidases que atua em uma ação em rede de transpeptidação tridimen- sional e confere a sua defi nitiva rigidez estrutural da parede celular. Todas as enzimas envolvidas no último passo da síntese da parede celular, como exemplo: as transpepdidase e as carboxipeptidases estão ancoradas na membrana celular e são também chamadas de proteínas ligadas à penicilina (PBPs), uma vez que elas são covalen- temente ligadas e inativadas pelos antibióticos betalacâmicos. Por exemplo: S. pneumoniae possui seis PBPs com peso molecular e função semelhantes. As PBPs de alto peso molecular são 1A, 1B, 2A e a 2X. As PBP 2B e 3 são de baixo peso molecular. O modo de ação do meropeném basicamente é inativar essas enzimas (PBPs), por preencher as múltiplas tarefas das PBPs na parede celular. Meropeném possui variáveis afi nidades para PBPs específi cas de diferentes bactérias. Meropeném tem mais alta afi nidade pelas PBPs 2 e 3 que o imipenem.38,71 Graças a sua es- trutura única, sua boa penetração através da membrana celular de bactérias Gram-negativas e a sua alta afi nidade pelas PBPs, o meropeném é efetivo contra a maioria dos patôgenos bacterianos humanos. Com base na CIM, a atividade de meropeném está re- sumida na Tabela 2. Tabela 2. Atividade do meropeném contra bactérias selecionadas clinicamente importantes. Microrganismos Número CIM50 (mg/L) CIM90 (mg/L) Gram-positivo aeróbios Methicillin-susceptible staphylococci Staphylococcus aureus 5.258 0,13 0,25 Staphylococcus epidermidis 1.431 0,25 4 Methicillin resistant staphylococci Staphylococcus aureus 608 4 32 Staphylococcus epidermidis 352 4 16 Staphylococcus pyogenes 486 0,008 <0,06 Staphylococcus pneumoniae (PenS) 1.442 0,016 0,13 Staphylococcus pneumoniae (PenR) 272 0,5 1 Enterococcus faecalis 2.222 4 8 Cepas fastidiosas Haemophilus infl uenzae 1.829 0,06 0,13 Neisseria meningitidis 171 0,008 0,03 Moraxella catarrhalis 386 <0,008 0,008 Gram-negativo aeróbios Escherichia coli 7.658 0,03 <0,06 Citrobacter freundii 1.330 <0,06 0,13 Klebsiella pneumoniae 2.911 <0,06 0,06 Enterobacter cloacae 2.590 0,06 0,25 Serratia Marcescens 1.619 0,06 0,25 Proteus mirabilis 2.551 0,06 0,13 Não fermentadoras Acinetobacter calcoaceticus 589 0,5 2 Pseudomonas aeruginosa 5.946 0,5 4 Burkholderia cepacia 433 2 8 Anaeróbios Bacteroides fragilis1.868 0,13 0,5 Veillonella parvula 41 0,03 0,13 Peptostreptococcus anaerobius 174 0,25 1 Peptostreptococcus magnus 151 0,13 0,25 Clostridium perfringens 462 0,08 <0,06 Clostridium diffi cile 256 1 2 Pen/S: Susceptível/penicilina/resistente; CIM50/90: concentração necessária para inibir o crescimento em 50/90% das cepas isoladas. Adaptado de Cottagnoud P. CMLS 2002 38 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 12 21/03/2011 16:39:08 13 5.3 Perfi l farmacocinético - metabolismo e excreção O meropeném é quatro vezes mais resistente à DHP-I (diidropep- tidase I) do que o imipenem. In vitro, o meropeném reagindo com DHP-I produz um composto com um anel betalactâmico aberto, resultante de uma mistura dos isômeros 1-pirrolina e 2-pirrolina. O mesmo metabólito é produzido por hidrólise química sob condi- ções ácidas (pH< 2) e alcalinas (pH>13).72 O meropeném tem farmacocinética linear, tanto na AUC como no pico da concentração plasmática. O meropeném penetra rapida- mente e se distribui largamente dentro dos tecidos e fl uidos cor- porais. O valor médio do pico da concentração plasmática (Cmáx.) de uma dose de 1 g EV em voluntários sadios foi de 0,54 a 6,39 mg/L no trato respiratório, de 2,01 a 14,6 mg/L no tecido intra- abdominal e de 5,3 a 8,76 mg/L na pele e estruturas da pele. Meropeném também penetra no LCR, embora como com outros betalactâmicos, a permeabilidade é maior em pacientes com meningite.21,26,73 O efeito inibitório sobre os microrganismos é ob- servado quando a concentração plasmática está acima da CIM aproximadamente entre 33% a 40% no intervalo das doses.26 O meropeném é predominantemente excretado pelos rins, com uma combinação de fi ltração glomerular com secreção tubular ativa. Os estudos in vitro demonstraram que o meropeném é estável à enzima diidropeptidase humana (DHP-1), localizada na margem da escova renal, uma vez que a excreção urinária deste fármaco é de 54% a 79% da dose de 1 g administrada, além de 19% a 20% serem excretadas como métabólito betalactâmico aberto microbiologicamente inativo.26 Portanto, não há necessidade de se coadministrar um inibidor de diidropeptidase com meropeném.26,74 E esta é uma das grandes vantagens do meropeném, e a sua síntese representou um avanço na área de desenvolvimento dos carbapenêmicos.(Galles, 2002). Um cuidado importante em virtude da alta eliminação por excre- ção renal é o ajuste das doses de meropeném em pacientes com insufi ciência renal.75,76 A redução no clearance não renal de meropeném, que ocorre quando a função renal diminui, é um indicativo de que o rim pode ser um local de metabolismo. A tendência à redução no clearance não renal de meropeném quando foi coadministrado com a probe- necida, signifi ca que o túbulo renal proximal pode estar envolvido no metabolismo de meropeném. O metabolismo de meropeném é responsável por 19% e 27% do clearance plasmático do fármaco. O anel betalactâmico aberto pode ser produzido por três mecanismos: hidrólise química, metabolismo extrarrenal e metabolismo renal via DHP-I. A hidrólise química ocorre sobre condições fisiológi- cas simuladas in vitro na temperatura de 37ºC, consequente- mente, resultando tempos de meia-vida no meropeném de 11 horas no plasma e 8 horas na urina. O único metabólito identifi cado do meropeném é o ICI 213,689, o qual é produzido por hidrólise do anel betalactâmico e é inativo do ponto de vista bacteriológico.77 A administração de probeneci- da com o meropeném não alterou o tempo de meia-vida urinária do ICI 213,689, cuja exposição a este metabólito não se altera em administrações repetidas de meropeném, e também não existem maiores variações na excreção de ICI 213,689 após administração repetida em pessoas com função renal normal. O metabolismo e a excreção de meropeném foram estudados utili- zando o meropeném marcado com carbono 14. A radioatividade foi rapidamente excretada com 95,4% da dose recuperados na urina em 8 horas após a administração da dosagem. Esta excreção rápida é consistente com a falta observada de acúmulo em múltiplas dosa- gens. De um modo geral, 99% da dose foram recuperados na urina, com um adicional de 2,1% recuperados nas fezes. Adicionalmente, pacientes com doença renal em estágio avança- do, que sofreram nefrectomia, apresentaram metabólitos do me- ropeném no plasma. Uma vez que estes tipos de pacientes não apresentam “virtualmente” clearance renal, foi concluído que o meropeném sofre metabolismo ou degradação extrarrenal.78 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 13 21/03/2011 16:39:08 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 14 6. USO CLÍNICO DE MEROPENÉM O tratamento de patógenos resistentes está se tornando cada vez mais difícil, e poucos agentes antimicrobianos novos contra bactérias Gram-negativas, tais como a Pseudomonas aeruginosa, estão em desenvolvimento. Portanto, o melhor caminho para combater a resistência e for- necer uma terapia efetiva está em otimizar o uso de antimicro- bianos atualmente disponíveis, dentre os quais destacam-se os carbapenêmicos. A classe dos antibióticos carbapenêmicos (meropeném, imipe- nem, ertapenem, biapenem e panipenem) são fármacos de uso EV de amplo espectro, frequentemente reservados para a terapia empírica de pacientes com doenças graves ou contra microrga- nismos multirresistentes.34 O objetivo de administrar antibióticos tempo-dependentes, como os carbapenêmicos em um regime de infusão prolongada, é uma tentativa de otimizar o T>CIM, otimizando, assim, os resultados clínicos dos pacientes, prevenindo a emergência de organismos resistentes, ajudando a manter a efi cácia do fármaco e fornecen- do um benefício farmacoeconômico por muitos anos.22,31,36,40,70 O meropeném está indicado para o tratamento de infecções intra- abdominais, meningite bacteriana, sepse, exacerbação pulmonar em pacientes com fi brose cística, pneumonia associada à ventila- ção mecânica, e tem se mostrado efetivo e seguro no tratamento de patologias do trato respiratório inferior, pele, infecções no trato urinário, infecções ginecológicas, bem como na terapia em- pírica em pacientes com neutropenia febril.9,13,15,16,23,25,59-61,65,66,79-84 É hoje um antibiótico de referência para infecções hospitalares graves, graças a sua estrutura peculiar, boa penetração através da membrana externa das bactérias, em especial para as Gram- negativas com alta afi nidade pelas PBPs(b), o que o faz efi caz contra a maioria dos patógenos bacterianos.38,81 Dentre os antibióticos avaliados pelo MYSTIC em 2003, destaca- se o meropeném, cujo índice de suscetibilidade foi de 97,1% contra as espécies isoladas de Acinetobacter baumannii (n = 137) com o CIM50 de 1 µg/mL e CIM90 de 2 µg/mL. Os isolados de Pseudomonas aeruginosa (n = 470) tiveram um índice de suscetibilidade de 64% para o meropeném com CIM50 de 1 µg/ mL.7 Estes resultados estão demonstrados na Tabela 3. (b) PBP – Penicillin Binding Protein: Proteínas de ligação da penicilina – são enzimas bacterianas que representam o sítio de ação dos betalactâmicos, e por esta razão foram denominadas proteínas ligantes de penicilina. Tabela 3. Padrão de suscetibilidade do A. baumannii e da P. aeruginosa, porcentual dos microrganismos suscetíveis (S), intermediários (I) e resistentes (R), CIM50 e CIM90 (µg/mL) de meropeném - Programa MYSTIC 2003. % µg/mL Espécie S I R CIM50 CIM90 P. aeruginosa (n = 470) 64 2,1 33,9 1,0 > 32 A. baumannii (n = 137) 97,1 0,0 2,9 1,0 2,0 Adaptado de Kiffer C, et al. Bras J Infec Dis 2005.7 Por apresentar uma ampla faixa de dosagens utilizada na prática clínica (0,5 a 2 g), um bomperfi l de segurança que inclui poucos efeitos adversos no sistema nervoso central (SNC) em doses altas, como também a ausência de toxicidade gastrintestinal re- lacionada com a infusão, o meropeném permite uma fl exibilidade de posologias que propicia aos clínicos e intensivistas maximizar o seu uso em diferentes situações clínicas graves.16,24,25,87 A exposição de microrganismos aos fármacos antimicrobianos betalactâmicos (%T>CIM) pode ser maximizada por qualquer um dos seguintes métodos: aumento da dose, aumento da frequência de administração (por exemplo, de 8 em 8 horas, para 6 em 6 horas), prolongamento da duração da infusão ou pela combinação de todos esses métodos.69,88 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 14 21/03/2011 16:39:08 15 6.1. Racional para a prescrição de meropeném em doses elevadas (2 g), em infusão prolongada de 3 horas A aplicação adequada dos princípios farmacodinâmicos para otimizar a posologia dos antimicrobianos, permite aumentar a exposição do microrganismo ao fármaco, melhorar o desfecho clínico e microbiológico e pode reduzir a emergência de resis- tência aos antimicrobianos. Com esta hipótese, o programa OPTAMA (Optimizing Pharma- codynamic Target Attainment Antibiograme) usando os dados do MYSTIC [Meropenem Yearly Susceptibility Test Informa- tion Collection] foi utilizado com o objetivo de fornecer uma visão dos antibióticos e posologias empíricas para tratar os patógenos nosocomiais comuns. A probabilidade de obter um alvo farmacodinâmico crítico foi determinada a partir das simulações de Monte Carlo. Foram comparados os seguintes fármacos: imipenem, ceftazidima, cefepima, associação piperacilina/tazobactam e ciprofloxaci- no contra os isolados clínicos de E. coli, K. pneumoniae, A. baumannii e P. aeruginosa coletados de pacientes hospitaliza- dos em UTIs em sete cidades do Brasil, durante o programa de vigilância MYSTIC 2002 na América do Sul.89 Para realizar este trabalho, os autores utilizaram os dados mi- crobiológicos do MYSTIC 2002 e parâmetros farmacocinéticos dos antimicrobianos testados, relatados na literatura para vo- luntários sadios. Foram simuladas diferentes posologias para os fármacos in- vestigados. Para o meropeném, foi testado 1 g EV de 8/8 h para todos os patógenos. A probabilidade de obtenção do alvo farmacodinâ- mico crítico para os fármacos betalactâmicos (%T>CIM) entre 20% e 100% foi testada. Para o meropeném assumiu-se que o alvo foi atingido quando %T>CIM de 40% foi obtido. As distribuições da CIM e as porcentagens de suscetibilidade de meropeném, imipenem, ceftazidima, cefepima, piperacili- na/tazobactam e ciprofloxacino utilizados no estudo para os patógenos A. baumannii e P. aeruginosa, estão representadas na Tabela 4. A tabela apresenta os porcentuais de distribuição de cada CIM, ou seja, quanto porcento há de cada patógeno em cada uma das CIMs. Através destes dados foi elaborada a Simulação de Monte Carlo. A Figura 3 indica a probabilidade de obtenção de cada alvo farmacodinâmico crítico estipulado para antibióticos be- talactâmicos investigados.89 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 15 21/03/2011 16:39:09 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 16 Tabela 4. Porcentagem de suscetibilidade (% S) e distribuições da CIM para vários antimicrobianos testados contra A. baumannii e P. aeruginosa durante o Programa MYSTIC 2002 na América do Sul.7, 89 Espécie-antimicrobiano %S Porcentagem de isolados suscetíveis ao CIM (µg/mL) 0,008 0,016 0,03 0,06 0,12 0,25 0,5 1 2 4 8 16 32 64 128 256 A. baumannii (n=128) meropeném 73 0 0 0,8 1,6 3,1 9,4 10,2 35,9 7,8 3,9 0 1,6 4,7 21,1 0 0 Imipenem 73 0 0 0 0 3,1 18,8 14,8 17,2 16,4 2,3 1,6 0,8 2,3 19,5 1,6 1,6 Ceftazidima 27 0 0 0 0 0 0 0 0,8 3,9 18,8 3,1 8,6 16,4 6,6 0,8 41,4 Cefepima 31 0 0 0 0 0 0 2,2 1,1 15,1 6,5 6,5 18,3 30,1 6,5 4,3 9,7 Piperacilina/tazobactam 30 0 0 1,6 0 0,8 0 0,8 3,1 9,4 7,8 8,6 3,9 6,3 9,4 3,1 45,3 Ciprofl oxacino 34 0 0 0,8 3,1 8,6 14,1 1,6 5,5 2,3 0,8 3,1 3,1 3,1 52,3 0 1,6 P. aeruginosa (n=233) meropeném 59 0 0,4 0,4 10,3 9,9 7,3 14,6 8,2 5,2 3,0 1,7 5,6 6,9 26,6 0 0 Imipenem 60 0 1,7 0 0,4 0,9 1,7 7,7 28,3 15,5 3,9 3,0 4,7 5,2 27,0 0 0 Ceftazidima 55 0 0 0 0 0,4 0,9 3,9 24,5 12,9 9,0 3,4 7,3 6,4 5,6 1,7 24,0 Cefepima 55 0 0 0,6 0 0,6 1,8 3,0 18,2 8,5 8,5 13,9 17,0 5,5 4,2 0,6 17,6 Piperacilina/tazobactam 66 0 0 0 0 0 0,4 0,9 0,9 13,7 9,9 9,0 9,4 11,6 10,3 3,9 30,1 Ciprofl oxacino 45 0,4 0,9 1,7 13,7 14,2 6,4 5,2 3,0 1,7 2,2 0,4 3,4 8,2 37,3 0 1,3 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 16 21/03/2011 16:39:09 17 Figura 3A. Probabilidade de obtenção do alvo farmacodinâmico em vários %T>CIM para os antibióticos betalactâmicos contra Acinetobacter baumannii e contra Pseudomonas aeruginosa (Figura 3B).90 400 0,00 0,10 1,00 10,0 100,0 1.000,0 20 30 50 70 80 9010 60 100 % T>MIC Pr ob ab ili da de d e al ca nc e da m et a Figura 3B. 400 0,00 0,10 1,00 10,0 100,0 1.000,0 20 30 50 70 80 9010 60 100 % T>MIC Meropeném 1000 mg cada 8h Imipenem 1000 mg cada 8h Ceftazidima 2000 mg cada 8h Cefepima 2000 mg cada 12h Piperacilina/tazobactam 4,5 g cada 12h Pr ob ab ili da de d e al ca nc e da m et a Ao analisar o gráfi co da (Figura 3A), podemos verifi car que os antibióticos piperacilina/tazobactam e ceftazidima, nas doses recomendadas, atingem metas farmacodinâmicas mínimas pre- estabelecidas (50% T>CIM) em menos de 40% das vezes na po- pulação estudada de Acinetobacter baumannii. Logo, estes antibióticos muito provavelmente não são capazes de tratar as patologias ocasionadas pelo A. baumannii neste am- biente epidemiológico. Já meropeném 1 g, imipenem 1 g e cefepima 2 g, embora tratem de 65-70% dos Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa, no nosso ambiente epidemiológico deixam de tratar de 35-30% dos patógenos. Portanto, a conclusão dos autores é de que não parece haver uma terapia empírica efi caz para estes patógenos no ambiente epidemiológico estudado, que inclui também o Brasil.90 Nesse contexto, os carbapenêmicos nas doses habitualmente usadas nos países que fi zeram parte deste estudo, e em particular o meropeném na dose de 1 g de 8/8 horas, foram os antimicro- bianos que alcançaram as mais altas probabilidades de resultado contra o A. baumannii (73%) e um dos mais elevados para a P. aeruginosa (59%). Entretanto, é preciso ressaltar que nenhum antimicrobiano, nas doses usuais convencionais, apresentou obtenção de metas farmacodinâmicas (no caso do meropeném 40% T>CIM) satis- fatórias para o ambiente microbiológico simulado pelo modelo proposto (simulação de Monte Carlo). Este fato reforça a tese de que doses mais elevadas de me- ropeném deveriam ser usadas em ambientes epidemiológicos semelhantes.90 O mesmo tipo de estudo foi realizado para a América do Norte, o OPTAMA North America edição 2002, no qual também foram utilizados dados da pesquisa MYSTIC com isolados de 20 hos- pitais geograficamente distribuídos entre os Estados Unidos, México e Canadá.24 Nos países da América do Norte, a realidade é diferente daquela mostrada pelo OPTAMA South America. No programa OPTAMA North America, o meropeném 1 g tratou aproximadamente 90% dos isolados de A. baumannii e P. aeruginosa, conforme demons- trado na Figura 4. MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 17 21/03/2011 16:39:09 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 18 Com esses dados, pode-se conferir que em outros ambientes, distantes da realidade sul-americana, os carbapenêmicostiveram um melhor desempenho terapêutico e demonstrou efi cácia contra A. baumannii e P. aeruginosa, nas dosagens de 1 g. Isto se dá em virtude das diferenças substanciais nas distribuições das CIMs entre as diversas regiões do mundo.24 Figura 4A. Probabilidade de alcance da meta farmacodinâmica para os betalactâmicos contra A. baumannii (Figura A) e P. aeruginosa (Figura B).24 6020 0 60 50 40 30 20 10 70 80 90 100 40 50 80 9030 70 100 % T>MIC Meropeném 1000 mg cada 8h Imipenem 1000 mg cada 8h Ceftazidima 2000 mg cada 8h Ceftazidima 1000 mg cada 8h Cefepima 2000 mg cada 12h Cefepima 1000 mg cada 12h Piperacilina/tazobactam 3,375 mg cada 6h Piperacilina/tazobactam 3,375 mg cada 4h Pr ob ab ili da de d e al ca nc e da m et a (% ) Figura 4B. 6020 0 60 50 40 30 20 10 70 80 90 100 40 50 80 9030 70 100 % T>MIC Pr ob ab ili da de d e al ca nc e da m et a (% ) Como descrito anteriormente, é evidente a existência de diferen- ças entre os diversos ambientes epidemiológicos com relação ao comportamento da resistência bacteriana, mediante isto, se faz necessário estratégias de dosagens, em particular para os beta- lactâmicos, que podem melhorar a performance destes antimicro- bianos sugerindo benefícios clínicos. Tal assertiva é verdadeira para qualquer ambiente epidemiológico, mas torna-se fundamen- tal para aqueles em que haja alta prevalência de patógenos resis- tentes com CIMs elevadas, como ocorre no Brasil. Uma das estratégias é através da infusão prolongada para admi- nistrar o meropeném, conforme observado na Figura 5. A infusão prolongada aumenta a %T>CIM de meropeném. Figura 5. Perfi s simulados de concentração versus tempo referente ao meropeném 2 g administrado por infusão de 30 minutos e infusão prolongada.31,34 0 0,1 100 10 1 1000 108642 Tempo (h) Co nc en tra çã o (µ g/ m L) 2 g infusão prolongada 2 g infusão de 30 minutos MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 18 21/03/2011 16:39:10 19 7. EVIDÊNCIAS DAS VANTAGENS DA DOSE DE 2 g DE MEROPENÉM ADMINISTRADA COMO INFUSÃO DE 3 HORAS 7.1 Estudos Farmacocinéticos Clínicos Situação 1: Farmacocinética de meropeném em voluntários sadios após administração de 0,5 g e 2 g de 8/8 horas por infusão prolongada de 3 horas.91 Neste estudo randomizado, cruzado, aberto, participaram 6 voluntá- rios saudáveis do sexo masculino. O objetivo do estudo era avaliar os parâmetros farmacocinéticos de meropeném administrado nas doses de 0,5 g e 2 g por infusão prolongada durante um período de 3 horas, a cada 8 horas. O estudo foi realizado no steady state. Para confi rmar que o steady state havia sido alcançado, as concentrações séricas do fármaco foram comparadas no tempo t = 0 h, imediatamen- te antes da terceira dose (0,32 ± 0,17 µg/mL para a dosagem de 0,5 g, e 1,92 ± 0,99 µg/mL para a dosagem de 2 g) e no t = 8 h após a terceira dose (0,22 ± 0,11 µg/mL para a dosagem de 0,5 g e 1,58 ± 0,53 µg/mL para a dosagem de 2 g). O perfi l sérico foi determinado para a terceira dose administrada em cada posologia. A ausência de diferenças signifi cativas no t = 0 e t = 8 h confi rmou o estado de equilíbrio para as duas dosagens (p>0,05). Os perfi s plasmáticos médios obtidos podem ser visualizados na Figura 6. Os parâmetros farmacocinéticos para cada voluntário em cada dosagem foram determinados e os valores médios obtidos encon- tram-se na Tabela 5.91 Tabela 5. Parâmetros farmacocinéticos de meropeném administrado nas doses de 0,5 g e 2 g como infusão prolongada por 3 horas.91 Parâmetros meropeném 0,5 g 8 h 3x/dia meropeném 2 g 8 h 3x/dia Média Desvio-padrão Média Desvio- padrão AUC 0-8 (µg/ml.h) 28,35 2,86 126,65 28,81 t1/2 (h) 0,92 0,12 1,02 0,19 Cmáx.-ss (µg/ml.h) 9,71 0,76 39,76 6,39 Clearance (L/h) 15,58 1,66 15,24 3,79 Vss(L) 21,16 2,62 22,30 1,52 Figura 6. Perfi l de concentração sérica por tempo referente ao steady state médio do meropeném 2 g e 0,5 g administrados em infusão contínua por 3 horas 4 0 0,01 0,1 1 10 100 2 6 8 Tempo (h) Co nc en tra çã o (µ g/ m L) meropeném 0,5 g meropeném 2 g29 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 19 21/03/2011 16:39:10 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 20 Os dados obtidos indicaram que, quando o meropeném é admi- nistrado por infusão prolongada por 3 horas, mostra proporcio- nalidade entre dose e concentrações, uma vez que os valores de Cmáx-ss e AUCss são 4 vezes maiores para a dose de 2 g do que os obtidos para a dose 0,5 g. A proporcionalidade entre as doses de 0, 5 e 2 g confi rma a linearidade farmacocinética para esta faixa de doses.91 Esse estudo também avaliou o tempo que as concentrações séricas foram superiores ao CIM. Para tanto, os autores consi- deraram o breakpoint de resistência estabelecido para merope- ném pelo “National Committee for Clinical Laboratory Standards” (atual Clinical Laboratory Standard Institute – CLSI), que é > 4 µg/ mL para P. aeruginosa e S. aureus. A meta de pelo menos 30% do tempo do intervalo entre as doses acima deste CIM (%T>CIM) é considerada como alvo terapêutico para o meropeném. Deste modo, a infusão por 30 minutos das doses de 0,5 e 2 g resultam em %T>CIM de 30% e 58%, respectivamente. Estas mesmas doses administradas por infusão prolongada de 3 horas resulta em metas farmacodinâmicas de 43% e 73%, respectivamente. Quando o CIM90 de 32 µg/mL e 16 µg/mL para espécies de Acinetobacter e P. aeruginosa é utilizado, apenas a infusão por 3 h garantiu %T>CIM superior a 30% para P. aeru- ginosa, sendo de 32% para a dose de 0,5 g e 48% para a dose de 2 g. Para Acinetobacter, apenas a dose de 2 g, nas duas formas de administração (infusão de 30 min e 3 h) garantiu %T>CIM em torno de 19% do tempo de intervalo.91 Os resultados obtidos neste estudo indicam que a dose de 2 g, administrada como infusão contínua por 3 h, apresenta o melhor potencial de cura para infecções com microrganismos menos sen- síveis, pois garante %T>CIM superiores. Situação 2: Uso de meropeném em pneumonia associada ao uso de ventiladores mecânicos.92 O uso de ventiladores mecânicos (equipamentos que auxiliam o processo respiratório via oral ou traqueia) e pode aumentar o tempo de permanência dos pacientes com pneumonia no leito hospitalar. Em seu trabalho intitulado “Fatores de risco para pneu- monia associada à ventilação mecânica - Estudo de caso-contro- le”, o infectologista Lourival Marsola, presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) ligado à Universidade do Pará, descreve que pacientes que utilizam o ventilador mecânico correm sérios riscos de adquirir uma pneumonia hospitalar.92 O estudo realizado mostra que a probabilidade de um paciente adquirir pneumonia aumentam entre 6% e 21% na presença de ventilação mecânica, e depende do tempo em que o paciente per- manece hospitalizado. O risco é cumulativo e a probabilidade aumenta entre 1% e 3% a cada dia de internação. No trabalho foram avaliados, em 19 meses, 42 pacientes que fi zeram uso de ventiladores mecânicos e, dentre estes, 21 apresentaram pneumonia.92 O objetivo principal do tratamento da pneumonia associada ao uso de ventiladores mecânicos está no início da antibioticotera- pia apropriada tão rápido quanto possível, com a fi nalidade de diminuir a taxa de mortalidade relacionada às infecções noso- comiais.83,93,94 Situação 3: meropenémadministrado em infusão prolongada para tratar infecções graves do SNC por Gram-negativo.21 Paciente 1: Com 61 anos, sexo feminino, 1,67 m com 82 quilos foi submetida à ressecção de condrossarcoma no sinus caverno- so. Após 8 dias da cirurgia, foi instalado um shunt ventriculope- ritoneal e, 4 dias depois, a paciente apresentou febre de 38,8°C e concomitante agravamento de seu estado geral e mental. Foi colhida uma amostra do líquido cerebroespinhal (LCR) que eviden- ciou uma contagem de leucócitos com 1.000 células/mm3 (normal ≤5 colônias/mm3) e 93% de neutrófi los. Foi instituído tratamento empírico com vancomicina 1 g IV a cada 12 horas, piperacilina- tazobactam 4,5 g a cada 6 horas e gentamicina 5 mg intraventri- cular a cada 24 horas. MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 20 21/03/2011 16:39:10 21 Após 24 horas com este esquema de antibiótico, a contagem de leucócitos do líquido cerebroespinhal baixou para 202 células/ mm3. Mas a cultura do líquor obtida antes da antibioticoterapia empírica constatou o crescimento de P. aeruginosa. Este micror- ganismo era sensível à piperacilina, cefepima, gentamicina e meropeném. Após consulta e discussão do caso com um especialista em doenças infecciosas, o tratamento foi alterado de piperacilina- tazobactam para MEROPENÉM 2 g a cada 8 horas, uma vez que, apesar de piperacilina-tazobactam, continuava sendo detectado patógeno Gram-negativo no LCR. Cada dose de meropeném foi infundida em infusão prolongada durante 3 horas. A gentamicina intraventricular continuou sendo utilizada na mesma dose. Os esquemas de gentamicina e mero- peném foram 5 a 10 dias respectivamente. A CIM de merope- ném para as cepas isoladas de P. aeruginosa foi de 0,19 µg/mL, determinado por E-teste-padrão do Laboratório de Microbiologia Clinica (AB Biodisk, Solna, Suécia). As amostras de sangue e líquido cerebroespinhal foram colhidas após administração de 9 doses de meropeném para determinar as concentrações de equilíbrio estável (steady state) no plasma e no líquido cerebroespinhal da paciente. Esta avaliação foi realizada com o propósito clínico de assegurar que o tratamento estava no nível ótimo. Foram coletadas amostras de sangue nos momentos 0 (justamente antes de ser iniciada a 10ª infusão), 1, 3, 4,6, 6,4 e 8 horas após o início da 10ª infusão. O líquido cerebroespinhal foi colhido através de punção lombar 6,4 horas após o início da 10ª infusão. Todas as amostras foram enviadas ao Centro de Pesquisa Anti-in- fecciosa e de Desenvolvimento (Hartford, CT) onde as concentra- ções de meropeném foram determinadas através de um método validado de HPLC (cromatografi a líquida de alta defi nição). As curvas-padrão de meropeném, tanto no plasma como no líquido cerebroespinhal, foram lineares (coefi ciente de correlação [r] = 0,997) acima da faixa de concentração de 0,25- 50 µg/ml. Concentrações de meropeném: Durante a avaliação farmacocinética de meropeném, a concentra- ção de creatinina da paciente foi 0,6 mg/dL. A clearance de crea- tinina estimada foi de 92 mL/min. A paciente não acusou efeitos adversos relacionados à infusão de meropeném e não ocorreram convulsões. A concentração máxima (Cmáx.) atingiu 91,98 µg/mL após 3 horas (Tmáx.), que corresponde à concentração ao fi nal da infusão (Figura 7). A Cmín. foi de 1,3 µg/mL pouco antes e de 2,0 µg/mL após 8 horas da administração da 10ª dose. A similaridade destas duas concentrações verifi ca que o estado de equilíbrio (steady state) de meropeném foi atingido nesta paciente. Os parâmetros de farmacocinética calculados foram a área sob-a-curva AUC/AAC de 0-8 horas = 303,6 mg.hora/L, a meia-vida de eliminação 1,0 hora, volume de distribuição 9,8 L e a clearance 6,58 L/hora. A concentração de meropeném no LCR na 6,4 hora da coleta após o início da 10ª infusão foi 3,8 µg/Ml.21 Comparando este resultado com a concentração plasmática simultâ- nea de 5,03 µg/mL, o LCR: a média do plasma é de 0,76:1. O T>CIM de meropeném, tanto no LCR como no plasma para esta paciente foi de 100%, e com isto ela se recuperou da grave infecção. Figura 7. Concentração do estado de equilíbrio estável e concentração no líquido cerebroespinhal no paciente 1. 0 0,1 100 10 1 1000 108642 Tempo (horas) Lo g1 0 C on ce nt ra çã o (µ g/ m L) Meropeném plasmático Meropeném no LCR Adaptado de Capitano B, et al. Pharmacotherapy 2004, 21 MEROMAX001_08 LANÇAMENTO - Monografia_Mar-2011_AF.indd 21 21/03/2011 16:39:11 Monograf ia do P roduto : MEROMAX ® 22 Esta curva mostra a concentração plasmática máxima de mero- peném (91,98 µg/mL) a cada período de 3 horas de infusão pro- longada, e também o estado de equilíbrio de meropeném entre o plasma e o líquido cerebroespinhal para um período de 8 horas depois da administração da décima dose. Paciente 2: Com 38 anos, sexo masculino submetido à ressec- ção de tumor epidermoide. Houve complicação do pós-operatório devido à recidiva da meningite causada por S. marcescens. Ele recebeu dois cursos de antibioticoterapia por 6 semanas com aparente resolução da infecção. No entanto, 3 meses após a con- clusão da antibioticoterapia, o paciente apresentou evidências de meningite quando foi constatado um abscesso intracerebral. Nas amostras do líquido cerebroespinhal e do abscesso, houve crescimento de S. marcescens. A CIM de meropeném para este patógeno foi de 0,094 µg/mL. Em um esforço para esterilizar o líquido cerebroespinhal do paciente, administrou-se meropeném endovenoso 2 g a cada 8 horas, por infusão prolongada durante 3 horas. Prosseguiu-se o tratamento com meropeném até completar 8 semanas, em virtude da presença de abscesso intracerebral. A concentração bactericida mínima (CBM) do meropeném para este patógeno não foi estimada pelo laboratório de microbiologia clínica. Foram colhidas amostras de sangue e do líquido cerebroespinhal (LCR) 7,5 horas após o início da infusão de meropeném, para avaliar o estado de equilíbrio (steady state) entre a Cmín. sérica e concentrações no LCR. As concentrações de meropeném foram determinadas pelo método HPLC, da mesma maneira que foi uti- lizado para a paciente 1. Concentrações de meropeném: No momento da avaliação da concentração de meropeném, o nível da creatinina plasmática do paciente foi de 0,6 mg/dL; o peso e a altura do paciente eram, respectivamente, 118 kg e 183 cm. A clearance de creatinina estimada foi de 192 mL/minuto. O paciente não apresentou eventos adversos relacionados à infusão de meropeném, como também não ocorreram convulsões. A con- centração de meropeném no plasma e também no LCR foi de 0,77 e 0,81 µg/mL, respectivamente. A concentração do LCR foi similar à plasmática mostrando resultados semelhantes àqueles obtidos na paciente 1, e para este paciente o LCR foi esterilizado confor- me a meta de tratamento instituído. Os autores concluíram que meropeném, administrado em infusão pro- longada nestes dois pacientes, se mostrou como uma ótima terapia para infecções nosocomiais do SNC por Gram-negativos, apresen- tou uma boa penetração no LCR com erradicação dos patógenos em ambos os pacientes, promovendo um resultado clínico positivo.21 Situação 4: Comparação da farmacodinâmica de meropeném administrado em infusão pro- longada de 3 horas ou em bolus em pacien- tes com pneumonia associada à ventilação mecânica.82 A análise farmacodinâmica tem sido usada em regimes de an- tibioticoterapia para maximizar o efeito antibactericida. Visando avaliar a efi cácia de meropeném para tratar pneumonias asso- ciadas com o uso de ventiladores mecânicos,
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