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5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 NA PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL FERROVIÁRIO: Das ameaças à oportunidade de uso futuro. ANJOS, Claudiana Cruz dos 1. UFPE. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Avenida da Arquitetura, s/n. Cidade Universitária. Recife-PE. E-mail: claudiana.anjos@iphan.gov.br RESUMO O presente artigo se propõe a analisar como as ameaças à integridade física do patrimônio cultural ferroviário, bem como o interesse de uso futuro do mesmo se constituíram como motivações importantes para a proposição de sua proteção em âmbito federal. A partir da pesquisa sobre a referida proteção no âmbito da dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco percebeu-se que, juntamente com os atributos e valores culturais e sociais associados aos bens ferroviários, o risco de seu desaparecimento físico e memorial acabaram por figurar também como fundamento para a desejada tutela, por meio do Tombamento ou da valoração cultural por meio da Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário. Como as ameaças ou a possível utilização futura do acervo ferroviário são tratadas pelos proponentes da referida tutela, bem como pela instituição quando de sua decisão, considerando os respectivos instrumentos legais, colaboram para o entendimento não só desse patrimônio, sua configuração e especificidades, como também das possibilidades de sua preservação. Aspectos que ajudam a definir o rol dos bens ferroviários reconhecidos como patrimônio cultural em nome da sociedade brasileira e da memória ferroviária, conformando ou não uma rede de memórias e bens. Palavras-chave: patrimônio ferroviário; proteção; conservação; ameaças; novo uso. 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 1. Introdução Mesmo os lugares desativados ainda podem oferecer evidências materiais vinculadas à história do trabalho e do desenvolvimento tecnológico, científico e urbano, bem como das habilidades e da vida social dos trabalhadores e suas comunidades, sendo, portanto, áreas carregadas de representações simbólicas e de memórias que permitem compreender sua leitura relacionada aos demais componentes da rede (Freire, 2015, p. 40). Para o desenvolvimento da pesquisa1 sobre a proteção do Patrimônio Cultural Ferroviário no Brasil foi realizado o levantamento dos bens tutelados em âmbito federal. De acordo com a Lista dos Bens Tombados são 1.264 os bens protegidos nessa esfera pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sendo, destes, 87 conjuntos urbanos. Desse total, os bens ferroviários perfazem o número de 15, compreendendo edificações, conjuntos urbanos ou arquitetônicos, infraestrutura ou equipamentos urbanos, acervos ou coleções. Outros 21 processos referentes a bens ferroviários foram indeferidos pelo Iphan; 19 se encontram em instrução; um está desaparecido; e um encontra-se com notificação de tombamento provisório. A partir desses dados observou-se que os pedidos de tombamento abertos pelo Instituto se concentram em dois grandes períodos: o primeiro, da segunda metade da década de 1970 a 1990; e o segundo, dos primeiros anos do século XXI até 2015, data do último processo de tombamento de bem ferroviário aberto na instituição. Os referentes a esse segundo momento são objeto da referida pesquisa e subsidiam a presente análise. Os mesmos perfazem um total de 12 processos, compreendidos por quatro tombamentos e oito processos indeferidos. A estes somam-se outros quatro, dois identificados como de um período intermediário (entre os anos 2001 e 2003), e outros dois referentes a bens com processos abertos nos anos de 1989 e 1997, mas que foram efetivamente tombados após a instituição da nova política de preservação dos bens ferroviários, conforme tabela a seguir. No caso, a Lei nº 11.483/2007 que confirmou a liquidação da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) e estabeleceu outros parâmetros legais e institucionais para a preservação e 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 proteção dos bens ferroviários, por meio da Lista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (LPCF). Quadro 1 – Processos analisados 2. Outras motivações para a proteção dos bens ferroviários Ao longo da identificação dos valores associados aos bens ferroviários pelos proponentes do tombamento federal percebeu-se que outras motivações também se somavam às apropriações culturais e sociais para justificar tal proteção, quais sejam: as ameaças à existência dos bens que se pretendia preservar e a possibilidade de uso futuro dos mesmos, o que poderia significar sua descaracterização ou transformação. Tais motivações acabaram por incorporar ao interesse de preservação outros significados e questões relacionadas à gestão desses bens, como a definição de seu uso e destinação, e ainda a adequada adoção dos instrumentos legais para a referida proteção: o tombamento, nos termos do Decreto Lei nº 25/37 ou a valoração cultural por meio da inscrição na Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário (LPCF), criada pela Portaria Iphan nº 407/10. A partir dos processos analisados, deferidos e indeferidos, tem-se que os riscos ou ameaças ao patrimônio em questão compreendem desde os efeitos desestatização, privatização e desmonte da ferrovia ao possível desaparecimento ou descaracterização em decorrência de projetos e intervenções incompatíveis. Em geral, estes riscos são caracterizados nos pedidos de tombamento como um “prejuízo irremediável” para a história e memória ou como uma “descaracterização irreversível” dos espaços, edificações e acervos. 1 Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco. 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 Apresenta-se a seguir como essas ameaças aparecem nos processos e como as mesmas, em certa medida, refletem a trajetória da rede ferroviária brasileira, bastante marcada pela desativação de sua operação, conformando, assim, um capítulo importante de sua história, e, em decorrência desta, a possibilidade de voltar a exercer uma função social por meio de novos usos. Em relação a estes últimos cabe destacar que sua definição assumiu papel primordial para o alcance da proteção e preservação dos bens ferroviários em decorrência do dever de “receber e administrar os bens móveis e imóveis” advindos da atividade ferroviária, considerados significativos para a preservação de sua memória por seus valores “artístico, histórico e cultural”, e, portanto, “zelar por sua guarda e manutenção”, estabelecida pelo artigo 9º do supracitado diploma legal (BRASIL, 2007). 2.1 As ameaças à integridade física e memorial De acordo com os processos analisados a iminência da privatização da empresa responsável pela operação ferroviária no Brasil, a RFFSA, a paulatina desativação ou desestatização de trechos ferroviários, e, consequente desmantelamento de seus bens móveis e imóveis, cada vez mais se configuraram como ameaças reais aos bens ferroviários entre os anos de 1990 e 2000, cuja expressão maior era o abandono ou uso inadequado, como alertara a Federação das Associações dos Engenheiros Ferroviários em sua denúncia ao Iphan sobre a situação do conjunto ferroviárioque compunha o Museu do Trem do Rio de Janeiro-RJ: A história nos tem mostrado que no período pós desestatização das malhas da RFFSA, que teve início no segundo semestre de 1995 [...] locomotivas, carros de passageiros e demais materiais rodantes, bem como bens de pequeno porte [...] deixados em pátios e oficinas sem segurança foram vendidos, saqueados, incendiados, furtados, enfim sofreram todo tipo de vandalismo possível e, com isto, boa parte de nossa memória histórica ferroviária se perdeu. (IPHAN, 1382-T-97, p. 139) Ao passo em que se constituíam iniciativas para assegurar a preservação dos acervos históricos (como o Preserfe2 e a organização de centros de preservação), muitas outras ações voltadas para sanear as dívidas da empresa contribuíam para o desmonte de seu patrimônio histórico e cultural. Os processos referentes aos acervos de bens móveis e 2 Programa de Preservação do Patrimônio Histórico Ferroviário, desenvolvido pela empresa RFFSA, por meio de seus técnicos, até a década de 1990, período de sua desestatização. 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 imóveis do Museu do Trem-RJ e da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, em Jundiaí- SP seriam exemplos das consequências desse momento de incertezas da RFFSA. Ambos tiveram os pedidos de tombamento iniciados quando a empresa ainda se encontrava ativa e buscavam a proteção de seus bens como defesa à ameaça da extinção, preocupação que permeou toda a instrução dos dois processos. No caso do Museu do Trem-RJ, em 1996, quando da primeira análise sobre o pedido de tombamento já se registrava que era de “domínio público que a Rede Ferroviária Federal encontra-se em processo de privatização, o que acarreta incertezas quanto à continuidade das atividades do PRESERFE e do próprio Museu Ferroviário” (IPHAN, 1382-T-97, p. 28). Novamente em 2001 constatou-se que “o bem em tela corre risco iminente de destruição, pois a Rede Ferroviária está em processo de extinção e planeja fechar o museu, sem que se saiba o destino que vai ser dado aos prédios e acervo do museu” (Ibidem, p. 82). Em Jundiaí-SP, a iminência da venda dos bens móveis e imóveis da Companhia Paulista e a ocupação inadequada de suas edificações constituíam as principais ameaças ao conjunto. De acordo com o pedido de tombamento de 2000, em razão do processo de liquidação “o acervo ferroviário paulista encontra-se sob ameaça de sofrer graves danos, descaracterizando-o” (IPHAN, 1485-T-01, p.54). Estes danos seriam os “desfalques por descura da proprietária, cuja orientação é das mais agressivas à preservação da memória coletiva, privilegiando apenas o valor de mercado do acervo” (Ibidem). Situação que motivou a mobilização de instituições e, especialmente, dos grupos que ocupavam as edificações, juntamente com o museu ferroviário, que paulatinamente estavam sendo retirados do local ou tendo suas atividades reduzidas com vistas ao esvaziamento das edificações para a venda: “esperamos que a ocupação das edificações históricas ferroviárias venha a ser mais digna e compatível com seu inestimável valor cultural” e que esta não fosse definida a partir “de interesses alheios à preservação da memória e do acervo histórico ferroviário em questão” (Ibidem, p. 4 e 8). A expectativa era a de que o tombamento federal e estadual do conjunto e acervo abrigado no mesmo, requeridos em caráter de urgência, fossem capazes de evitar sua descaracterização, seja por “reformas desastrosas” ou pelo desmembramento do “patrimônio histórico ferroviário do Museu da Companhia Paulista” por meio da venda em “lotes ou parcelas” (IPHAN, 1485-T-01, p. 4 e 47). 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 Neste processo, os atos de vandalismo e a oferta dos bens em leilão foram analisados pelo técnico do Iphan/SP como uma estratégia para reforçar a eliminação desse sistema de transporte. A imagem da ferrovia hoje, ao contrário do que foi no passado, está associada a coisa pública, no sentido atualmente empregado para designar tudo o que respeita ao Serviço Público, sujeito a uma campanha deliberada que tenciona identificá-lo com tudo que representa o pior – incapacidade administrativa, mau gerenciamento, incompetência técnica [...] Tudo isso para ‘justificar’ a falência desse sistema de transporte e indicar a necessidade de sua eliminação. (IPHAN, 1485-T-01, p. 116) Nesta oportunidade o mesmo parecerista também se manifestou sobre a importância da conciliação dos interesses em relação aos remanescentes desse sistema: Fica aqui, portanto, registrada (mais uma vez) a necessidade de se pensar em conciliar os interesses da preservação com os do planejamento, de maneira que memória e desenvolvimento presente e futuro deixem de representar interesses antagônicos e conflitos em que apenas um dos lados possa sair vencedor. (Ibidem) Em Teresina-PI, o direcionamento do interesse do transporte ferroviário para o rodoviário e a paulatina desativação do transporte de passageiros teriam conduzido à mudança de uso da Ponte Metálica João Luís Ferreira para o rodo-ferroviário e de pedestres. O transporte ferroviário perdeu a importância em detrimento do rodoviário [...] As nossas linhas ferroviárias não sofreram adaptações para acompanhar a modernização do setor. [...] A ponte, entretanto ficou entre nós e se impôs como uma marca da cidade. O seu uso mais intenso é hoje o transporte rodoviário, fazendo a ligação entre Teresina e a vizinha cidade de Timon. (IPHAN, 1557-T-08, p. 9) Neste processo o autor do pedido de tombamento destacou que ”na sua vida diária, do vai- e-vem de pessoas, carros e trens” estaria assegurada a conservação da ponte, cuja convivência entre as modalidades de circulação e transporte passaria a fazer parte da sua história, sendo um atributo e uma resposta para sua conservação (Ibidem). Mas, paralela à consolidação dessa adaptação à realidade, a implantação do sistema de transporte ferroviário urbano de passageiros – metrô - acabou por se constituir em uma oportunidade e, ao mesmo tempo, em um dano aos bens ferroviários localizados na capital do Piauí. A ruptura do pátio do conjunto da Estação Ferroviária, também em Teresina, seria resultado dessa mudança, “o rebaixamento dos trilhos rompeu a perspectiva da esplanada e a interligação entre os edifícios do conjunto” (Ibidem, p. 8). De acordo com documento técnico 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 que acompanhava o pedido de tombamento este rebaixamento teria contribuído para “o ofuscamento da importância do conjunto para a população” (Ibidem, p. 3). Dano que se estendeu à ponte metálica com a ampliação do sistema, conforme documento produzido pela representação do Iphan/PI aos Ministérios Públicos Estadual e Federal, A obra, da forma como está proposta, irá criar uma barreira entre o limite do tecido urbano e o rio Parnaíba, interferindo negativamente nesta paisagem, sobretudo sobre a ponte metálica João Luís Ferreira, símbolo da cidade e indiscutível patrimônio cultural da comunidade, dificultando a sua visão e destruindo área de amenidade formada pela linha de carnaúbas plantadas pelo homem no canteiro central da Avenida Maranhão. (IPHAN, 1300-T-89, p. 101) Ameaça que acabou se concretizando dada a morosidade do processo de tombamento, afetando a área de entorno definida para o bem, conforme outro documento do Iphan/PI de 2007 que atualizava os dados sobre o mesmo, com vistas à sua continuidade Cumpre-nosainda informar que foi construída, no canteiro central da Avenida Maranhão, a linha elevada do metrô [...] dentro da poligonal de entorno [...] Apesar da interferência negativa na ambiência do bem e de diminuir muito a sua visibilidade quanto ao trecho da Avenida Maranhão que margeia o centro de Teresina, esta Superintendência mantém sua posição quanto a poligonal anteriormente definida, [...] mantém-se a possibilidade de exercer um maior controle sobre futuras intervenções nesta área. (Ibidem, p. 191) Em Campo Grande-MS, uma consequência da desativação das atividades ferroviárias estaria representada pela Feira Central da cidade, “edificação exótica no contexto do complexo ferroviário” (IPHAN, 1536-T-06, p. 157). Mas, apesar dessa interferência, haveria ainda uma unidade no complexo ferroviário em razão da presença da linha férrea e das edificações que o compõe, o que contribuía para “reforçar a unidade do complexo ferroviário” (Ibidem, p. 157-158). Assim como nos processos deferidos supra apresentados, nos pedidos de tombamento indeferidos, a desativação da rede e abandono de suas estruturas, com reflexos nas condições físicas das edificações e equipamentos, em geral precárias, se mostraram determinantes para motivar o desejo e a urgência das medidas de proteção ou para lamentar a perda dessa parcela da história local. Os trechos a seguir extraídos do processo referente à Estação de Boquim-SE demonstram o reflexo dessa perda em municípios mais afastados dos grandes centros. A estação se encontra deteriorada, ruindo em silêncio, já com boa parte do seu telhado caindo, a caixa d’água sem a atenção que lhe são devidas [...]. Agora, é o caos e o abandono que se enxergam ali em detrimento do seu 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 valor histórico e da riqueza que ainda hoje desliza pelos seus trilhos. (IPHAN, 1631-T-11, p. 4) [...] A fixação do pessoal ao longo da linha férrea, como obrigatoriedade e regra àqueles trabalhadores, fez com que lugares como Tebaida, Fazenda Bica, Murta, Batinga entre outros exemplos apenas para citar a linha de Sergipe, distantes de centros urbanos, tivessem um grande fluxo de pessoas e, consequentemente, de construções ferroviárias no entorno da estação no seu período de apogeu [...] Atualmente, existem apenas ruínas em grande parte destes locais citados. Ruínas como marcos de memória de um tempo em que a ferrovia e as Marias-Fumaças levaram promessas e vida e progresso ao sertão do Brasil. (Ibidem, p. 32) Desse modo, a eminência da perda do patrimônio ou da memória pela ausência de sua proteção compunha também os argumentos dos pedidos para tombamento (e respectivas análises), sendo um fator de grande relevância para a atuação ou não do Iphan. Esse risco poderia se materializar pela inação refletidas no abandono, falta de uso ou proteção do bem; ou pela iminência de transformação. A primeira situação pode ser exemplificada também com as estações de Guaratiba e da Quinta da Boa Vista, ambas no estado do Rio de Janeiro, em que os respectivos pedidos de tombamento se justificavam pela possível perda da memória histórica que “ao longo dos anos tem sido dilapidada sem o mínimo temor legal”, em “desrespeito à Memória deste País, e à própria História” (IPHAN, 1638-T-11, p. 1 e 4). A segunda materialização dos riscos supracitados tem nos processos referentes ao Sistema de Bondes de Santa Teresa-RJ e Pátio Ferroviário das Cinco Pontas, em Recife-PE sua expressão. No abaixo assinado O bonde que queremos para Santa Teresa percebeu-se a preocupação com as condições de operação e segurança3 do sistema frente às propostas de requalificação previstas pelo governo do estado, exigia-se a melhoria da operação dos bondes, devendo estes “receber manutenção adequada em sua infraestrutura” (IPHAN, 1506-T-03, s.p.), reduzindo-se, assim, os problemas gerados pelos ônibus e intenso trânsito de automóveis nas ruas do bairro. No processo do pátio ferroviário em Recife-PE a ocupação da área por um “conjunto de 12 arranha-céus” foi apresentada como uma potencial ameaça, pois a execução desse projeto poderia resultar na descaracterização de “um dos mais importantes cartões postais de Recife” e na “perda de um espaço público e edificações históricas em prol de interesses particulares de grupos econômicos” (IPHAN, 1730-T-15, p. 478). Neste, evocou-se a 3 Destaca-se que ocorreram acidentes graves com os bondes enquanto o processo de tombamento tramitava no Iphan. 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 Constituição Federal de 1988 que determina ser coibida ameaça e o risco de perda do patrimônio cultural, cabendo ao Estado agir preventivamente. Preocupação reiterada nos comentários dos assinantes das petições para tombamento feitas via rede mundial de computadores pelos movimentos sociais Ocupe Estelita e Direitos Urbanos, em que os argumentos se voltavam para o reconhecimento da importância histórica e cultural do pátio; pelo possível uso social e de lazer que o mesmo poderia receber como espaço público; em apoio aos movimentos que promoveram ocupações e discussões junto à sociedade e instituições, inclusive de ensino, e; principalmente, contra o projeto previsto para o local. A referida iminência da perda estaria, portanto, diretamente vinculada ao potencial de descaracterização do bem - em consequência de futuras intervenções - ou ao estado de conservação do mesmo – decorrente da inação supramencionada, sendo este, outro aspecto de grande influência na proteção ou não do bem. 2.2 Uso futuro: oportunidade ou ameaça Nos processos referentes a bens tombados, se verificou que a possível transformação dos espaços ferroviários - pátios ou esplanadas -, também podiam se constituir em ameaças, sendo estes espaços os mais afetados pelas intervenções de requalificação urbana, em geral, propostas pelas instâncias locais. Em Campo Grande-MS, os conflitos identificados estariam na remoção de trechos de linha férrea e de um viaduto ferroviário para dar lugar a vias públicas e a alteração do desenho urbano para implantação de passeios e praças. Para o Iphan-MS, os trilhos eram entendidos como uma “cicatriz histórica”, como um “dado histórico imutável e insubstituível dentro do contexto do tombamento”, portanto, necessário para o entendimento do complexo, assim, “sua retirada inviabiliza o tombamento”. Para a Prefeitura, proponente das alterações urbanas, estes se constituíam em uma barreira à mobilidade e à segurança dos transeuntes, a esse respeito questionou o Iphan sobre “os conflitos entre a manutenção da história e a qualidade do espaço urbano” (IPHAN, 1536-T-06, p. 418). Em Teresina-PI, as ameaças estariam no “grande interesse que o pátio ferroviário e suas edificações despertam” nas instituições públicas (federal, estadual e municipal) para sua ocupação, e as possíveis mudanças no sistema viário local “com adoção de obras de infraestrutura de grande porte” (um viaduto). Ambas com significativo potencial de impacto 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 na área proposta para tombamento, sendo “necessário garantir a proteção desse conjunto em regime de urgência”, condição que, a priori, asseguraria uma rápida tramitação do pedido de tombamento (IPHAN, 1557-T-08, p. 2). A partir das observações4 acima verificou-se ainda que os proponentes (entre eles os agentes da instituição) tinham ciência dos efeitos negativos da fragmentação do espaçoferroviário. Desse modo, sua manutenção constituir-se-ia, além de objeto de defesa com vistas à preservação, uma referência de suma importância para a definição dos perímetros de tombamento e entorno dos conjuntos e bens que se pretendia proteger. A exemplo dos processos referentes aos conjuntos de Teresina-PI e Campo Grande-MS, em que os respectivos perímetros seguiam os limites de cada pátio, neste último, incluindo a linha férrea por ser uma referência espacial importante, inclusive para manutenção da relação entre as edificações históricas do complexo. Nesses processos, apesar da gravidade das ameaças identificadas, percebeu-se que as instituições conseguiram conciliar os respectivos interesses, no caso, os de natureza preservacionista e os de renovação urbana, de modo que as ameaças presentes nos novos usos não chegaram a se efetivar ou não foram suficientes para afetar o bem a proteger. Interessante que em Campo Grande-MS os elementos de disputa não eram as edificações ou o espaço onde se inseriam, e sim trechos de linha compreendidos por trilhos, dormentes e taludes. Para o Iphan “sem a manutenção do elemento físico – trilho – o tombamento não se faz justificável”, para a Prefeitura “a atual conformação do local não traz boas lembranças para a população local” (IPHAN, 1536-T-06, p. 417). Para esta, o papel do tombamento federal deveria ser o de “agregar valores e somar com a possibilidade” de obtenção de recursos financeiros por meio de programas federais, e “não de ocupa-se da impossível recolocação dos trilhos”, ou seja, “o tombamento federal é bem-vindo, todavia, desde que não atravanque os projetos ora em fase de execução” (Ibidem, p. 415). A inclusão dos trilhos na proposta de tombamento seria, então, considerada um excesso (visto que isto não se observa em outros tombamentos) e uma postura tardia: “não se aceita o tombamento dos trilhos, pois os mesmos foram retirados há anos e o IPHAN não se manifestou, foi omisso à época” (Ibidem). De todo modo, houve uma conciliação dos órgãos. 4 Outra natureza de ameaça foi identificada no processo referente à Estação Ferroviária de Joinville-SC. De acordo com a ata da reunião do Conselho Consultivo esta se configuraria pelas melhorias oferecidas pela modernidade. O patrimônio estaria ameaçado “não por fragilidade inerente à técnica construtiva, mas por apelos da 'mídia' sempre a proclamar melhorias em nome de uma pretensa modernização portadora de conforto urbano utópico”. Nesse sentido, o tombamento seria “essencial para evitar a destruição que ameaça oferecendo ilusórias 'melhorias' e conhecer, amar e cultuar a memória edificada de nossa História pretérita” (IPHAN, 2007, p. 24-25). Neste processo a estação ferroviária é apenas uma entre as tipologias de bens tombados, não sendo possível averiguar o quanto essa ameaça a afetaria especificamente. 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 Por parte do Iphan através da modificação da área do tombamento onde houve a remoção de trilhos, posto que as permanências eram mais significativas que as perdas, e do outro lado, a adequação dos projetos de requalificação para atender aos requisitos de preservação estabelecidos para o complexo. A discussão sobre esse patrimônio se daria, portanto, na esfera urbana, ou seja, na relação dos elementos que compõem o complexo com este contexto, como alertado por Kühl (1998; 2008). Nesse sentido, seria a infraestrutura operacional da ferrovia a impactar a cidade – leito de linha, e não suas edificações. O contrário do observado no caso do Museu do Trem- RJ, em que o interesse do município se voltava para uma grande área ferroviária que, por não exercer uma função social naquele momento, teve sua importância história reduzida pelas destruições promovidas pelo ente local, processo a que voltaremos a frente. Dessa discussão sobre a compatibilização da manutenção desses elementos históricos e as melhorias urbanas pretendidas pelas instituições locais se extraiu não só o sentido da proteção pretendida, como também a questão do uso\destinação dos bens e espaços ferroviários. Como visto, essa questão pode aparecer nos processos por meio das ameaças supracitadas ou em uma perspectiva de futuro para esses bens e espaços, assumindo o Iphan o papel de intermediário para o alcance desse futuro bem-sucedido. Nos processos indeferidos o uso futuro do bem ferroviário aparece também como uma expressão da valorização desse patrimônio e da possibilidade de seu “ressurgimento”, o que poderia ocorrer por meio do uso turístico e cultural ou do uso institucional. Ao primeiro estaria associado um “valor turístico” ou de uso a ser explorado, conforme aparecera nos processos referentes à Vila Belga, em Santa Maria–RS e Quissamã-RJ, ambos com projetos de uso propostos pela municipalidade ou estado. Em Boquim–SE e Capristano–CE era a cessão da estação à Prefeitura e uma intervenção para abrigar instituição local os meios de valorização do patrimônio. Estaria, então, associada ao interesse de preservação a possibilidade de um adequado uso futuro do bem. No pátio ferroviário de Recife-PE a questão do adequado uso e destinação do bem ferroviário foi colocada como parte importante do processo de gestão da paisagem industrial urbana, e, portanto, do planejamento urbano, situação alertada por Rufinoni (2013), o que, nesse caso, poderia levar ao Iphan grandes dificuldades de atuação5. 5 O Iphan se absteve de participar de decisões importantes para o centro de Recife, como a construção das torres gêmeas no Cais Santa Rita, por encontrarem-se fora do entorno dos bens tombados isoladamente pelo órgão. 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 No caso dos bens tombados, o Conjunto da Estação de Teresina-PI pode ser considerado exemplar da percepção do potencial de uso futuro do bem como argumento e oportunidade para a preservação e proteção pretendidas. Aspecto que esteve presente ao longo de todo o processo, inclusive no parecer do conselheiro relator do tombamento, para quem a valorização do conjunto se devia, “não só por sua posição privilegiada na malha urbana”, mas principalmente por estar “conectado a uma ferrovia ainda ativa”, referindo-se ao metrô, e “cercado por uma grande área verde e livre, em terreno plano”, no caso, o pátio ferroviário (IPHAN, 1557-T-08, p. 107). A construção conjunta de uma proposta de uso para o pátio, transformando-o em “um parque urbano com alguns equipamentos culturais”, assegurando assim “uma baixa densidade de ocupação por novas edificações e alta densidade de áreas verdes” (Ibidem, p. 2) e o uso adequado das edificações históricas existentes no mesmo constituíam-se em argumento para a solicitação da proteção federal, o que fora referendado em todas as instâncias por onde o processo tramitou, diferente do que ocorrera no pátio de Recife-Pe supracitado. Para o Iphan/PI, conforme dossiê de tombamento: Uma grande área livre no coração de Teresina que, por sua localização estratégica, deve garantir a complementaridade da proposta de uso cultural para os imóveis da RFFSA. Assim, essa área deve ter também uma destinação cultural, sendo transformado em parque urbano. (IPHAN, 1557- T-08, p. 4) A referida proposta conjunta se desenvolveu em resposta à ameaça de compartimentar o pátio ferroviário e suas edificações entre as três esferas de governo. Desse modo, o conjunto composto por edificações e área livre foi apreendido e tratado pelo Iphan mais como estratégia,através de uma destinação e usos adequados, que por seus atributos ou significados culturais. Assim, a preocupação com sua adequada destinação e utilização, revelaria também a percepção dos agentes envolvidos sobre o papel do espaço onde se desenvolvia a atividade ferroviária na contemporaneidade, ou seja, como área de grande potencial para melhoria de espaço urbano. Essa leitura, embora tenha expressado uma visão parcial sobre esse conjunto ferroviário, acabou por influenciar na construção dos argumentos para seu tombamento, e integrou a política de preservação desenvolvida pelo Iphan a partir de 2007 com a Lei nº 11.483. Por fim, cita-se novamente o processo referente ao Museu do Trem-RJ como uma síntese da relação entre as ameaças ao patrimônio ferroviário, a percepção do mesmo pelos 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 proponentes e agentes públicos envolvidos na sua proteção, e ainda, com as intervenções nos espaços ferroviários em nome da melhoria urbana. Seu desenvolvimento foi marcado por três questões interrelacionadas: a identificação do acervo de bens móveis a ser acautelado; a abrangência do tombamento, e, em consequência, a dificuldade em definir a denominação do bem a proteger. Esta dificuldade de titulação refletia, portanto, a indefinição do que interessava preservar. Indefinição esta bastante marcada por eventos externos, leia-se ameaças, pela incapacidade do Iphan em lidar com os mesmos, e pautada, sobremaneira, em uma preocupação com as condições físicas das edificações naquele momento, postura que, nesse caso, se mostrou mais determinante que propriamente a importância histórica reconhecida nesse bem. Diante da fragilidade da RFFSA, pela iminência de sua extinção, e da morosidade do Iphan em responder às questões acima, e, efetivamente concluir a instrução do processo de tombamento6, a construção de um estádio de futebol em área definida como entorno do museu se concretizou, com a perda de parte do terreno do museu e demolição parcial do Complexo de Oficinas de locomoção do Engenho de Dentro localizadas em seu entorno, e que compunha com o prédio do museu um importante conjunto ferroviário. Assim, o objeto do tombamento e sua área de entorno foram redefinidos, ficando restritos ao acervo, galpão e terreno que o abriga. Situação similar à que ocorreu com a ponte metálica de Teresina-PI, onde a área de entorno fora alterada com a implantação da linha elevada do metrô, com prejuízos à paisagem urbana compreendida pela ponte devido à redução da percepção visual da mesma ao rio e suas margens. Mas, diferente desta, no caso do Museu do Trem-RJ não somente seu entorno fora afetado pela ameaça externa, e sim o próprio bem a proteger. Em parecer de 2007 do Iphan/RJ sobre este tombamento, quando o referido estádio já havia sido concluído, o impacto causado pela obra foi observado pela mesma parecerista que considerou “inoportuno” o tombamento das oficinas supracitadas, por sua condição física e avançado estado de abandono, e que definiu o terreno do próprio museu como área de entorno. Para a mesma, fazia-se forçoso reconhecer, Sobretudo, neste momento em que a população foi chamada a desviar seu foco de atenção para uma nova, gigantesca e polêmica construção que ocupou os espaços lindeiros ao museu, decorrendo daí todo o risco de ver subtraída boa parte da historicidade e do significado do qual a antiga oficina 6 Iniciado em 1997, análises técnicas em 1997, 2002, 2003, 2004, 2007 e 2010, análise Conselho Consultivo em 2011 e conclusão em 2014 com a inscrição no livro do tombo Histórico. 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 se acha imbuída. Nada, afinal, que não pudesse ser previsto, mediante a edificação de um estádio olímpico e que trouxe, uma nova conotação para o lugar. (IPHAN, 1382-T-97, p. 328) Conotação esta marcada por novas relações espaciais que ali se desenharam a partir do referido empreendimento. De acordo com a mesma, Não resta dúvida quanto ao incômodo decorrente das obras que ali se fizeram, haja vista a própria mutilação pela qual passou o terreno do museu, cumprindo-nos informar do impacto visual causado pela presença do estádio e sua relação com a edificação do museu. Verificamos que o projeto do estádio, além de ter esmagado mais de 100 anos de nossa história ferroviária, resultou em uma construção de grandes proporções e fora da escala urbana local. (Ibidem) Um posicionamento que revelou a passividade do Iphan, posto que todos os impactos acima constatados eram passíveis de identificação desde a fase de projeto, o que a instituição tinha ciência. De fato, o impacto do projeto sobre a área das oficinas propriamente dita é considerável, uma vez que a nosso ver, o desmonte e, sobretudo a transferência de vários galpões que compõem aquele grupo de oficinas, fragilizará substancialmente o conjunto. (Ibidem) 3. Conclusões Por todo o exposto, percebe-se que as edificações e conjuntos ferroviários sofrem pressões muito similares – abandono, perda da integridade física, mau uso, ou são objeto de transformação indiscriminadas -, cuja intensidade varia em razão de sua participação no espaço urbano ou do interesse que desperta, seja pela ocupação, seja pelo incômodo causado pelo abandono. As ameaças e oportunidades ora apresentados contribuem também para compreensão da importância que a definição da destinação e usos adequados do bem ferroviário assumiu nas políticas de preservação desenvolvidas pelo órgão federal, marcadas pela definição da destinação do bem como condição para a proteção pretendida. Nota-se também que o risco da perda se mantém como uma constante no interesse de preservação de bens culturais, situação bastante evidente no caso ferroviário por sua história de desmobilização e abandono, a que é somado seu potencial de reutilização, 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/09/2018 talvez, como uma especificidade, conforme apontado por Soto e Ganges (2009), para quem, o patrimônio industrial é, ao mesmo tempo, presente, passado e futuro: Presente porque existe em uma realidade, às vezes como símbolo de identidade coletiva e outras como um “espaço em branco” de nossas cidades, seja por falta de conhecimento ou por considerá-lo um elemento desagradável ou inseguro. Passado enquanto testemunho, um acumulador de heranças, um lugar onde se materializam as experiências, as aspirações, os erros ‒ fonte de conhecimento ‒ de nossos antepassados. Futuro porque será parte desse legado, desse patrimônio, que deixaremos para as sociedades vindouras, convertido ou não em um recurso. (Ibidem, p. 16) Desse modo, os novos usos do patrimônio ferroviário ou sua capacidade de reutilização pode conduzir à reintegração de sua função social ou a outras formas de perda, cabe aos detentores desse patrimônio e às instituições de preservação a escolha do caminho a trilhar. 4. Referências BRASIL. Decreto Lei nº 25 de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/legislacao/Decreto_25_de_30_11_1937.pdf>.Acesso em: 02.fev.2017. ______. Lei nº 11.483, de 31 de maio de 2007. Dispõe sobre a revitalização do setor ferroviário, altera dispositivos da Lei no 10.233, de 05 de junho de 2001, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 31 mai.2007. 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