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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena Disciplina Teoria da Aprendizagem Tema Behaviorismo – A teoria Comportamental de Skinner Professor Lucilene Garcia de Farias Introdução Neste tema, estudaremos o conceito de aprendizagem e as noções básicas da hierarquia do desenvolvimento cerebral. Também, visualizaremos um panorama histórico dos principais estudiosos que influenciaram e continuam contribuindo para gerar novos conceitos e conhecimentos sobre o processo de ensino-aprendizagem. Especialmente, vamos nos aprofundar na teoria comportamental de Skinner — o Behaviorismo. Assista ao primeiro vídeo da professora e entenda por que é importante estudarmos e refletirmos sobre esse assunto. (Vídeo disponível no material on-line) Problematização Você é aluno de Psicologia do primeiro ano de faculdade. Com seus colegas de turma, passa horas sentado, em frente a uma pequena caixa de madeira, assistindo a uma novela de camundongos sedentos, aprendendo novos comportamentos para alcançar míseras gotas de água. A novela é imprevisível e, por vezes, você pode assistir ao final feliz: o ratinho descobrindo, ao acaso, a sua almejada gota de água. Mas depois, o pobre animal tem de praticar verdadeiros malabarismos até conseguir matar a sua sede novamente. Isso quando não passa pelo dissabor de receber algum choque elétrico. Você, por outro lado, tem de estar atento e anotar exatamente tudo o que mal pode ainda perceber — das nuances comportamentais no farejar daqueles roedores, às suas sutis reações fisiológicas, os novos comportamentos que surgem, aqueles que se repetem ou se modificam sempre que uma nova variável ou estímulo são introduzidos. Sua tarefa é analisar todas as possíveis CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 associações entre os estímulos que introduz e as respostas dos curiosos ratinhos. A essa altura, você, que sempre idealizou a compreensão dos mistérios e encantos humanos, em meio a um semestre inteiro analisando minuciosamente comportamentos de ratos, particularmente, está se perguntando: por que escolhi Psicologia? Podem ratos ser como humanos? Quais suas sensações? E o raciocínio? Eles têm sentimentos? No fundo, você sabe que jamais conseguirá descobrir o que se passa na cabeça dos ratinhos. Nessa grande dúvida e na pressa de terminar logo o período, você resolve, então, distrair-se durante todo o semestre. Como? Imaginando-se como o rato. Transforme a caixa dos bichinhos em uma sala comum e as míseras gotas de água numa deliciosa cesta, com todos os seus alimentos favoritos. Você está morrendo de fome, não de sede, certo? Para dar mais emoção, alguém se aproxima, venda seus olhos e coloca você dentro da sala que acabou de imaginar. Ao retirar a sua venda, para a sua surpresa, eis que a maravilhosa cesta com seus alimentos favoritos se encontra ali, à sua disposição. Você olha para todos os lados e pensa: isso está muito bom para ser verdade, não vou me arriscar. Mas você é um rato e, claro, arrisca-se! Corre para a cesta e se lambuza todo, de tudo o que vê pela frente! Está, agora, muito feliz e satisfeito. Alguém se aproxima, pega você e leva embora. É outro dia. Lá está você, novamente, com fome. Alguém se aproxima venda seus olhos e devolve-o à sala dos seus sonhos gastronômicos. Mais uma vez, a cesta a esperá-lo. Você nem pensa, corre e come tudo de uma só vez! Você está muito satisfeito. Alguém o retira da sala novamente. Então, é outro dia. Certo, você já aprendeu, não é? Pulamos essa parte e vamos direto para a cesta. Dessa vez, não. Algo novo surge na sala: uma escada. Mas você não está nem um pouco interessado nela. Além disso, está morrendo de fome e, sem perda de tempo, corre para a cesta deliciosa! Nesse momento, o inesperado acontece: você leva um tremendo choque, fica atordoado, desconcertado e, depois, irritado, pois não conseguiu alcançar seu CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 costumeiro alimento. Você não aceita. Não consegue entender ou acreditar. Por isso, bravamente, tenta de novo. Mas leva outro choque. Agora, você está confuso e, arriscaria dizer, muito triste ou chateado. Afinal, está morrendo de fome, em frente a um mar de delícias, sem poder sequer pegar uma migalha. Você não está satisfeito e, pior, ninguém vem retirá-lo dessa sala sem graça. Você está na sala de castigo. Não tem mais nada a fazer. Está resignado, pois já tentou de tudo para alcançar sua comida. Só que, também, não tem mais nada a perder. Assim, finalmente, você se interessa pela escada e resolve se distrair um pouco. Sobe-a, um pouco apreensivo, mas agora, já está mais atento e cuidadoso. A escada, repentinamente, desemboca numa ponte móvel. Você sente um pouco de medo, porém, é da sua natureza ser curioso, vai bem devagarinho. De repente, para seu susto ou surpresa, abre-se um buraco na ponte e você cai dentro da sua amada cesta de alimentos. Isso sem levar nenhum choque. Que alívio! Que Maravilha! Você come sem parar, talvez, de medo, de susto ou de prazer, quem vai saber? Você está muito satisfeito. Alguém se aproxima e leva-o embora. Mais uma vez, você está na mesma sala de alimentos, faminto, deparando-se com a escada e a cesta. Mas, agora, está muito esperto. Você se lembra de tudo o que aconteceu e sobe confiante a escada, avança mais na ponte móvel, prevê um buraco a qualquer momento e, sem grande susto, pula na cornucópia de delicias. Palmas! Você aprendeu! Entretanto, o que você aprendeu? Quais fatores determinaram ou influenciaram o seu aprendizado de subir a escada para obter os alimentos? Por que você desistiu ou aprendeu a não mais correr para a cesta? O que acha que o impulsionou a subir a escada novamente? Se o experimento continuasse, como será que você agiria se retirassem a premiação de alimentos ao subir a escada e, sem que você soubesse, também fosse eliminado o choque elétrico ao correr para os alimentos? Você não precisa responder agora. Vamos para o nosso tema de estudo e, ao final, voltamos a falar sobre isso. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 (Vídeo disponível no material on-line) Introdução aos conceitos de aprendizagem A aprendizagem A aprendizagem reflete um processo complexo de mudança de atitudes, no modo de ver, analisar, compreender, interferir e influenciar o mundo. Dessa forma, está sempre associada à experiência e depende de fatores internos (biológicos, neurológicos, comportamentais, emocionais) e externos (relacionais, ambientais e sociais). Estamos constantemente e de forma simultânea aprendendo e ensinando, desde o momento em que nascemos até o final da vida. A aprendizagem implica naturalmente em sua complementação — o ato de ensinar. Enquanto aprendo, sou, também, um agente da aprendizagem, um modelo e um desafio em minha interação com o outro e o ambiente. Construímos e reconstruímos o saber. Ensino e aprendizagem coexistem simultaneamente e, nessa inter-relação, avançamos rumo ao conhecimento. O processo da aprendizagem exige uma estruturação maturacional biológica; e neurologistas alertam que é preciso considerar o amadurecimento dessas estruturas cerebrais para a aquisição do aprendizado: "Comportamentos e cognição são habilidades que se aprimoram na medida em que o cérebro se desenvolve." (Farias e Cordeiro, 2010). A hierarquia do desenvolvimento cortical O texto que você lerá a seguir é uma citação dos pesquisadores Farias e Cordeiro, “Transtornos mentais em crianças e adolescentes: mitose fatos” (2010), que o ajudará a compreender melhor o desenvolvimento do nosso sistema nervoso central. Vamos a ele! A evolução cronológica do desenvolvimento do SNC ocorre de uma maneira bem ordenada. Inicia-se com as estruturas mais primitivas e inferiores (tronco, bulbo, mesencéfalo) que são responsáveis por funções vitais como a respiração e batimentos cardíacos, seguindo com as estruturas mais complexas do Neocórtex, que controlam funções superiores como a Linguagem e o Pensamento Abstrato. A CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 hierarquia do desenvolvimento cortical segue então no sentido posterior-anterior, começando no lobo occipital e se estendendo paulatinamente em direção à região frontal. Essas características geram repercussões em habilidades cognitivo-comportamentais nas diferentes fases do desenvolvimento; visão, audição, linguagem, atenção e habilidade reflexiva vão sendo progressivamente aprimoradas. Por exemplo, a atenção e a habilidade reflexiva, são funções desempenhadas principalmente pelo córtex pré-frontal, última das regiões do cérebro a amadurecer. Como consequência, somente em uma idade próxima aos 06 anos é que a maioria das crianças possui maturidade cerebral para concentrar-se em um determinado estímulo abstraindo-se de outros durante um tempo adequado que lhes propiciem compreensão e aprendizagem. Também é nesta faixa etária que a maturidade cerebral permite à criança refletir sobre determinados estímulos... Como exemplos, duas importantes áreas cerebrais estão estreitamente relacionadas com as habilidades da Leitura e Escrita - As áreas de Wernicke e Broca. A área de Wernicke refere-se à integração do estímulo visual com o auditivo. É na área de Wernicke que se adquire consciência do significado daquilo que se ouve e vê. É também a área da interpretação global da linguagem verbal e simbólica (área do processamento da Leitura). Uma lesão nessa área, por exemplo, pode ocasionar um tipo peculiar de dislexia, na qual o indivíduo é capaz de ver as palavras e, mesmo assim, não ser capaz de compreender seu significado. A região de Broca é responsável pela organização da resposta motora de executar a articulação da fala ou de retransmitir a outros centros motores a execução de atos manuais, é a área de processamento da Escrita. Como você viu, o comportamento e a cognição são habilidades que se aprimoram na medida em que o cérebro se desenvolve. Nesse contexto, é muito importante, ao participar do processo de ensino-aprendizagem, considerar a cronologia do amadurecimento do sistema nervoso e suas implicações nas capacidades e limitações do indivíduo, ao longo dos estágios de seu desenvolvimento. Os pesquisadores e neurologistas Farias e Cordeiro complementam que as experiências proporcionadas pela interação com o meio ambiente impulsionam o amadurecimento das estruturas cerebrais. Eles relatam que inúmeras teorias foram elaboradas, ao longo do tempo, discutindo-se o peso da influência dos fatores genéticos e ambientais para explicar os comportamentos. Atualmente, há mais consenso entre os cientistas de que os fatores genéticos e os ambientais têm uma relação de interdependência e não podem se sobrepor para explicar comportamentos. Assim, eles explicam: "Apesar dos genes CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 estabelecerem as bases neuroanatômicas e neuroquímicas do desenvolvimento cerebral, são os estímulos ambientais, durante um período sensível e crítico da plasticidade neuronal, que irão guiá-los." (2010). Para se aprofundar no assunto, leia “Transtornos mentais em crianças e adolescentes — mitos e fatos” (2010), dos pesquisadores Maria Lúcia Cordeiro e Antônio Carlos de Farias:. Para concluir seus estudos sobre o desenvolvimento do nosso sistema nervoso central, assista ao vídeo da professora “Evolução cronológica do desenvolvimento cerebral”. (Vídeo disponível no material on-line) Teorias da aprendizagem — breve panorama histórico Muitos estudiosos se diferenciaram, ao longo do tempo, em suas maneiras de conceber e estudar o processo de ensino-aprendizagem. Uns enfatizaram a aprendizagem exclusivamente como produto dos estímulos ambientais, influenciada por reforços positivos ou negativos, que poderiam ser observáveis por meio de mudanças nos comportamentos. Outros buscaram se aprofundar em como o processo de aprendizagem se dá interiormente. Conhecer essas teorias é fundamental para a prática educacional e para a elaboração de novos caminhos pedagógicos e métodos de ensino para diversos aspectos do conhecimento. O quadro panorâmico a seguir pode nos ajudar a visualizar essa construção histórica do desenvolvimento das teorias da aprendizagem, ao longo desses 90 anos. Nele, estão ilustrados alguns dos mais influentes pesquisadores que impactaram e contribuíram com suas teorias nas práticas de ensino até hoje. Não se preocupe. Vamos nos aprofundar em cada um deles no decorrer desse curso. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Panorâmica Histórica do Desenvolvimento das Teorias da Aprendizagem O quadro Teorias da Aprendizagem, que você viu anteriormente, serve como referência e resumo de toda a disciplina. Então, analise-o com bastante atenção. As teorias da aprendizagem vêm sendo construídas por dois grupos de estudiosos: behavioristas e construtivistas. O Behaviorismo reinou como principal referencial teórico-prático da Psicologia Educacional nas décadas de 20 e 60. Nessa época, destacaram-se Ivan Pavlov e John Watson que influenciaram os estudos de Frederic Skinner — representante clássico das teorias comportamentais. Entre as décadas de 50 e 60, emergia na Europa a preocupação de Henri Wallon em enfatizar a afetividade humana, como ingrediente fundamental do processo da aprendizagem. Mas a grande revolução cognitivista aconteceu entre as décadas de 70 e 80, inicialmente com Albert Bandura, que desenvolveu a Teoria Cognitiva Social. Depois, Jean Piaget trouxe relevante contribuição para a compreensão das questões educacionais, com a Teoria do Construtivismo Psicogênico. Finalmente, nessa época, Levi Vygotsky enfatizou a importância social da linguagem ou comunicação no desenvolvimento cognitivo do indivíduo, em sua Teoria Sociointeracionista. Os trabalhos de Piaget e Vygotsky são compreendidos como teorias complementares e têm fundamentado o trabalho de inúmeros pesquisadores da atualidade na elaboração de métodos construtivistas de ensino-aprendizagem, tais como o da psicóloga argentina Emilia Ferreiro e seu famoso estudo sobre Alfabetização; Jerome Bruner e as Teorias da Instrução e Método de Aprendizagem por Descoberta; David Ausubel e a Aprendizagem Significativa; e, finalmente, a revolucionária teoria de Howard Gardner — que avançou em defesa de oito tipos de inteligências potenciais encontradas nos seres humanos, elaborando a famosa Teoria das Inteligências Múltiplas. Para entender melhor como as teorias da aprendizagem vêm sendo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 construídas, não deixe de assistir ao vídeo da professora. (Vídeo disponível no material on-line) Behaviorismo Os behavioristas, estudiosos que defendem as teorias comportamentais, estabeleceram a observação de estímulos e respostas (E-R) como um padrão para compreender os processos de aprendizagem. O Behaviorismo foi a corrente teórica que regeu ou moldou todas as práticas e teorias da Psicologia da Aprendizagem durante, aproximadamente, 40 anos, entre as décadas de 20 e 60. Ivan Pavlov e seu experimento clássico de condicionamento Na década de 20, o cientistaIvan Pavlov, em seu clássico experimento com cães sobre condicionamento, constatou que mesmo um comportamento reflexo, como a salivação, poderia ser manipulado ou ensinado, quando associado a um estímulo externo. Pavlov verificou que o comportamento reflexo dos cães, de forte salivação ao receberem comida, poderia acontecer não apenas ao receberem o alimento. O pesquisador utilizou uma campainha que era acionada algumas vezes antes da apresentação dos alimentos aos animais. Com isso, constatou que eles começaram também a salivar fortemente ao ouvir a campainha. Ao novo comportamento reflexo de salivação, condicionado pelo estímulo da campainha seguido da liberação do alimento, Pavlov nomeou de Reflexo Condicionante. Posteriormente, Pavlov pôde observar que os cães deixaram de apresentar a resposta salivar ao ouvirem a campainha, sem que houvesse a liberação do alimento. Dessa maneira, constatou que, assim como se pode estabelecer uma resposta, pode-se também extingui-la por meio da manipulação dos estímulos ou reforços. “A Extinção no Condicionamento Clássico de Pavlov é compreendida como um comportamento que não persistirá se o reforçador deixar de existir ou for retirado” (D´AVILA BACARJI & PERES CAMPOS). O trabalho de Pavlov impulsionou novos estudos experimentais sobre a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 influência dos reforços ou estímulos externos, interferindo ou manipulando a aquisição de novos comportamentos, como os dos pesquisadores americanos David Watson e Frederic Skinner. Skinner e o desenvolvimento da Teoria Comportamental Tratar de Skinner é falar de comportamento, de estímulos e respostas (E-R), de análises de causas e efeitos visíveis. É delimitar e manipular algumas variáveis ou estímulos que, possivelmente, podem interferir ou influenciar a aquisição de novas respostas ou comportamentos. O psicólogo da universidade de Harward, Frederic Skinner, foi fortemente influenciado pelos estudos clássicos sobre condicionamento, que concederam ao cientista bielo-russo Ivan Pavlov o prêmio Nobel de Medicina, em 1904. Skinner também se aprofundou em estudos experimentais, perseguindo alguns trabalhos nomeados como behavioristas, pelo neuropsicólogo David Watson. Nosso psicólogo fez inúmeros experimentos com animais, principalmente camundongos, observando seus comportamentos livres e exploratórios. Depois, a manipulação desses comportamentos por meio do condicionamento de novas respostas — reforços positivos (geralmente com água ou alimentos) ou aversivos (liberação de choque elétrico em pequenas voltagens). Esses experimentos o direcionaram para o aprofundamento dos estudos experimentais com pessoas, tornando-o um representante clássico das teorias comportamentais ou behavioristas. Os trabalhos originais de Skinner constam como base para todas as teorias associacionistas da atualidade. Para saber mais sobre a vida e a obra de Watson, acesse o link: htpp://www prof2000.pt/users/Isis/psique/unidade1/objecto/Watson.html Na década de 50, Skinner desenvolveu uma máquina de ensinar, propondo um novo método baseado na instrução programada. A máquina apresentada ao aluno trazia um conteúdo criteriosamente programado, dentro de uma sequência crescente de dificuldade. Cada sequência realizada era CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 seguida por um reforço ou feedback imediato do professor, para que o aluno pudesse avançar ou não para outras fases. Por meio dessa máquina, Skinner ilustrou seus principais conceitos ou as concepções de sua teoria comportamental aplicada à aprendizagem, por exemplo, enfatizando a importância de um planejamento sistematizado das instruções a serem repassadas aos alunos. Essas instruções deveriam, sempre, seguir uma sequência de atividades, baseadas na ordem de dificuldade do conteúdo e seguidas de reforços pelos professores — além da constância dos exercícios e da prática pelo aluno para reforçar a aprendizagem. Assista ao vídeo indicado no link a seguir e veja o que Skinner fala sobre sua máquina de ensinar: https://www.youtube.com/watch?v=vmRmBgKQq20 O Behaviorismo aplicado à educação A aprendizagem, seguindo a Teoria Behaviorista, é a aquisição de novos comportamentos; e o comportamento é fruto de um condicionamento. O professor representa aquele que deve incentivar o aprendizado por meio de seus estímulos. Os comportamentos desejados são reforçados ou incentivados; e os não desejados são punidos por reforços negativos. Essa conduta deve ser repetida de forma mecanizada, até que o comportamento desejado se automatize. O método se apoia na memorização do conteúdo. A aprendizagem acontece unilateralmente do professor para o aluno e o conhecimento é recebido passivamente. O professor é capaz de compreender se o aluno aprendeu o conteúdo por meio da observação dos comportamentos operantes do aluno (ações observáveis). Nesse sentido, os fenômenos mentais A máquina de ensinar de Skinner pode ser considerada uma precursora dos inúmeros programas atuais ou métodos de ensino desenvolvidos para computador. Também, dos padrões de muitos jogos virtuais, que repetem o clássico padrão Skinner de recompensas ou punições para o avanço de etapas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 devem ser discutidos como padrões de comportamentos. O modelo de Skinner ainda é muito utilizado em treinamentos específicos de alguns cursos técnicos que demandam memorização. A prática favorece a fixação do conteúdo. Não mais de forma radical, mas ainda hoje, é muito frequente a educação sob a forma de positivações. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Revendo a problematização Diante da sua experiência imaginária na sala de alimentos, você logo pôde aprender que o estímulo aversivo com choque elétrico, provavelmente, determinou a extinção do seu comportamento de correr para a cesta. Por outro lado, o reforço positivo ou premiação de se ganhar alimento ao subir a escada, possivelmente, impulsionou o seu comportamento de subi-la novamente. Mas e se o experimento continuasse? Dessa vez, retirando a premiação de alimentos ao subir a escada e, sem que você soubesse, também o choque elétrico ao correr diretamente para a cesta. Como será que você agiria? a. Subiria as escadas uma, duas, três vezes ou mais para tentar obter os alimentos, mas evitaria correr diretamente para a cesta. b. Correria para a escada, como de costume, mas acharia muito estranho não receber mais os alimentos. Tentaria subi-la, novamente, algumas vezes, até me certificar de que não mais obteria a comida daquela maneira. Pensaria que a cesta não estaria ali à toa, mas teria de descobrir uma nova maneira de me comportar para alcançá-la. Possivelmente, iria tentar novos comportamentos, mas não voltaria a correr diretamente para os alimentos. c. Com o tempo, deixaria de subir a escada para tentar receber meus alimentos. Afinal, não estaria mais os recebendo daquela maneira. Ficaria receoso de voltar a correr para os alimentos, mas minha fome seria maior do que a experiência anterior do choque elétrico. Então, arriscaria a correr para a cesta. Ratos, como humanos, são muito espertos, curiosos e, muitas vezes, impulsivos quando estão com fome. Parecem não pensar quando estão diante de alimentos. Mas a experiência lhes ensina; e eles aprendem rapidamente, por meio de punições ou premiações, a melhor resposta ou comportamento para continuarem vivos. Os reforços, tanto positivos quanto negativos, parecem proporcionaro aprendizado de novos comportamentos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Síntese Em nossa aula, refletimos sobre o conceito de aprendizagem, tema central de nossa disciplina. Contextualizamos o processo do ensino- aprendizagem nos últimos 90 anos, ilustrando os principais nomes envolvidos na construção desse saber. Nesse processo histórico, introduzimos os conceitos básicos da neurociência sobre a concepção da aprendizagem, como resultante da nossa interação com o meio ambiente e, paralelamente, ao amadurecimento das nossas estruturas cerebrais. Especialmente, entendemos os conceitos básicos da teoria que reinou, por 40 anos, como referencial teórico e prático educacional — o Behaviorismo, a teoria comportamental de Frederic Skinner e a teoria do condicionamento, que aborda estímulos e respostas observáveis (E- R). Seguindo os rumos da história, a partir da próxima aula, vamos recordar o movimento construtivista, que emergiu com força nas décadas de 70 e 80 para conduzir os novos rumos do ensino-aprendizagem. (Vídeo disponível no material on-line) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Referências CORDEIRO, M.L, Farias, A.C.; MARTINS, L.F, Costa, M.T, Almeida, S. V. Brincar para Aprender — A Neurologia e a Pedagogia no Processo de Aprendizagem, 2015. CORDEIRO, M.L, Farias, A.C. Transtornos Mentais em Crianças e Adolescentes: Mitos e Fatos. Curitiba: Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro, 2010. MOREIRA, Marco Antônio. Teorias de Aprendizagens. São Paulo: EPU, 1995. LAKOMY, A. M. Teorias da Aprendizagem. Curitiba: IBPEX, 2008. CAMPOS, J.A.P. Psicologia da Educação. São Paulo: Centro Universitário Claritiano, 2013. Skinner Fala sobre a Máquina de Ensinar. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vmRmBgKQq20>. Acesso em 16/10/2015. Teoria de Aprendizagem de Skinner. Disponível em: <Luishttp://www.infoescola.com/pedagogia/teoria-de-aprendizagem-de- skinner/>. Acesso em 16/10/2015. Watson e o Behaviorismo. Disponível em: <prof2000.pt/users/Isis/psique/unidade1/objecto/watson.html>. Acesso em 16/10/2015. D´avila Bacarji & Peres Campos — Diferentes Abordagens Teóricas da Psicologia (EaD). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Atividades Com relação ao significado de aprendizagem, analise as proposições a seguir e assinale a alternativa correta. a. Aprendizagem é um conceito estático, no qual o indivíduo é um produto relativamente mecânico do seu ambiente. Precisa de condicionamentos e reforços para adquirir o conhecimento. b. Aprendizagem é um processo biológico que resulta de uma maturação biológica ou esforço pessoal. c. Aprendizagem reflete um processo complexo de mudança de atitudes, no modo de ver, analisar, compreender, interferir e influenciar o mundo. Dessa forma, está sempre associada à experiência e depende de fatores internos (biológicos, neurológicos, comportamentais, emocionais) e externos (relacionais, ambientais e sociais). d. Aprendizagem é um processo de aquisição de conhecimento que acontece até a vida adulta. Na velhice, o indivíduo deixa de aprender e começa a repensar o que já aprendeu. Segundo os neurocientistas Farias e Cordeiro, o comportamento e a cognição são habilidades que se aprimoram na medida em que o cérebro se desenvolve. Nesse contexto, é muito importante ao educador considerar a cronologia do amadurecimento do sistema nervoso e suas implicações nas capacidades e limitações do aluno, ao longo dos estágios de seu desenvolvimento. Dessa maneira, considere as proposições a seguir e assinale a única afirmativa incorreta. a. A evolução cronológica do desenvolvimento do SNC ocorre de uma maneira desordenada. Inicia-se com as estruturas mais complexas do neocórtex, que controlam funções superiores como a linguagem e o pensamento abstrato. b. A hierarquia do desenvolvimento cortical segue no sentido posterior- anterior, começando no lobo occipital e se estendendo paulatinamente em CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 direção à região frontal. Essas características geram repercussões em habilidades cognitivo-comportamentais, nas diferentes fases do desenvolvimento. c. A atenção e a habilidade reflexiva são funções desempenhadas principalmente pelo córtex pré-frontal, última das regiões do cérebro a amadurecer. d. As áreas de Wernicke e Broca estão estreitamente relacionadas com as habilidades da leitura e escrita. A área de Wernicke se refere à integração do estímulo visual com o auditivo. É a área do processamento da leitura. A região de Broca é responsável pela organização da resposta motora de executar a articulação da fala, é a área de processamento da escrita. Considerando o clássico experimento de Ivan Pavlov sobre condicionamento, por meio do estudo da salivação de cães, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. I – Mesmo os comportamentos reflexos podem ser manipulados ou ensinados, quando associados ou pareados com um estímulo externo. II – Ivan Pavlov nomeou Reflexo Condicionado ao comportamento de salivação dos cães imediatamente ao receberem a comida. III – Assim como se pode estabelecer uma resposta, pode-se também extingui-la por meio da manipulação desses estímulos ou reforços. IV – Entende-se como extinção um comportamento que não persistirá se o reforçador deixar de existir ou for retirado. a. Somente a afirmação I está correta. b. As afirmações I, III e IV estão corretas. c. Somente as afirmações I e II estão corretas. d. Somente as afirmações I e III estão corretas. Por meio da máquina de ensinar, Skinner pôde ilustrar as principais concepções de sua teoria comportamental, que poderiam ser aplicadas à CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 aprendizagem. Pensando nisso, indique V (para afirmativas verdadeiras) e F (para afirmativas falsas). Depois, assinale a alternativa com a sequência correta. ( ) Skinner enfatizou a importância de um planejamento sistematizado das instruções a serem passadas aos alunos, sugerindo que elas deveriam sempre seguir uma sequência, baseada na ordem de dificuldade do conteúdo, e ser seguidas de reforços pelos professores. ( ) Skinner enfatizou, por meio da máquina de ensinar, que a constância dos exercícios e a prática do aluno reforçam a aprendizagem. ( ) A aprendizagem ocorre quando um novo comportamento é adquirido, reforçado por um estímulo, positivo ou negativo. ( ) A motivação é irrelevante no processo de aprendizagem. Assinale a alternativa com a sequência correta: a) V, V, V, F. b) F, F, V, V. c) V, V, F, F. d) F, V, F, V. Os behavioristas estabeleceram a observação de estímulos e respostas (E- R) como um padrão para buscar a compreensão dos processos da aprendizagem. Segundo a Teoria Behaviorista, é incorreto afirmar que: a. O professor deve conceber que o aluno só pode apreender um determinado conhecimento se estiver intelectualmente maduro e, assim, preparado para recebê-lo. b. O professor representa aquele que deve incentivar o aprendizado por meio de estímulos. Os comportamentos desejados devem ser incentivados; os não desejados punidos por reforços negativos. c. O professor é capaz de compreender se o aluno aprendeu o conteúdo por meio da observação de comportamentos operantes (as ações CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 observáveis). Nesse sentido, os fenômenos mentais devem ser discutidoscomo padrões de comportamentos. d. A aprendizagem acontece unilateralmente do professor para o aluno; e o conhecimento é recebido passivamente. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line.
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