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Psicologia nas organizações Aula 6 - A percepção nos processos de seleção e treinamento INTRODUÇÃO A percepção de todos os processos psicológicos constitui o mais básico, viabilizando a captação de estímulos e o ajuste das pessoas aos mesmos. Neste processo contam as nossas capacidades sensórias e o armazenamento de memória (as nossas experiências) que permitem a nós darmos significados a tudo o que entra em contato conosco. Fatores de ordem interna, como a personalidade e emoções, e de ordem externa (os estímulos ambientais) influenciam, sobremaneira, o modo de percebermos as pessoas e as situações. No meio corporativo, as percepções que temos uns dos outros, de nosso papel a desempenhar e até do valor que nos é atribuído exercem influência sobre nosso desempenho e sobre as relações estabelecidas com as pessoas. O modo de percebermos os outros define se eles serão afetos ou desafetos no trato interpessoal, além de interferirem em nossa conduta nos meios aos quais nos inserimos. Na seleção, bem como nos treinamentos corporativos, a percepção dos agentes e dos respectivos candidatos às vagas e/ou colaboradores conta muito para o êxito de cada um dos processos, bem como para o bom ajustamento às demandas envolvidas em cada um deles. Estudaremos a percepção e seu universo de variáveis que definem nosso “trânsito” satisfatório ou não, focando a esfera organizacional. OBJETIVOS Definir percepção. Analisar fatores de influência no processo perceptivo. Analisar o ajustamento que a percepção viabiliza das pessoas às situações. Compreender a percepção social como lente que define a qualidade de relação das pessoas no trato interpessoal. Um agente de seleção, durante um processo seletivo (glossário), é naturalmente motivado a aprovar e reprovar pessoas para as vagas a serem preenchidas. Imagem: twins_nika / Shutterstock Fonte da Imagem: Fora as características do perfil profissiográfico (glossário) apresentado (traços avaliados como necessários para o bom desempenho de um cargo), podem ocorrer interferências no modo de o examinador preencher as vagas, especialmente se algum candidato possui alguma condição que ganhe o seu favoritismo. Neste caso, não haverá imparcialidade no processo seletivo. PERCEPÇÃO Fonte da Imagem: Aha-Soft / Shutterstock Bowditch e Buono (1992, citados em BERGAMINI, 2005, p. 108) observam que a percepção social constitui um processo que viabiliza a ligação entre pessoas e situações e pessoas e pessoas. A qualidade das interações estabelecidas entre os indivíduos depende da lente perceptiva que cada um faz do outro, da situação e até dos próprios papéis desempenhados. A percepção, de todos os processos humanos, constitui o mais básico, pois viabiliza a adaptação das pessoas aos estímulos percebidos (glossário), fazendo com que estas possam atuar de modo ajustado às situações. Nossas roupas são escolhidas em adequação às situações e ao clima e nosso comportamento tende a ser compatível com o ambiente percebido e o papel desempenhado. Rodrigues (2000) atenta para a percepção social como processo que define a qualidade das interações que estabelecemos no meio social. Bergamini (2005) chama a atenção para o efeito dos estereótipos (glossário) na percepção de pessoas e cita alguns processos decorrentes desse fenômeno. PERCEPÇÃO E INTERAÇÃO PESSOAL As interações estabelecidas entre as pessoas no social merecem nossa atenção, uma vez que: Supomos que a aparência de uma pessoa reflete seu estado emocional interior ou seu sentimento (HASTORF; SCHENEIDER; POLEFKA, 1973, p. 18). Onde há suposição, portanto, pode haver distorção. No meio corporativo, nos processos de seleção e treinamento, a percepção é um processo que pode incorrer em erro por parte de seus agentes e dos candidatos/colaboradores. Entre os fatores geradores de erro mais comuns, por parte das organizações, estão: A escolha de métodos que não avaliam a contento as diferenças individuais, tanto no caso das avaliações para seleção quanto no dos métodos empregados para treinamento; O despreparo do avaliador para corrigir as distorções quando estas acontecem (BERGAMINI, 2005). Fonte da Imagem: WAYHOME studio / Shutterstock Já por parte de candidatos/colaboradores, o erro mais comum é o de se candidatarem a papéis cujo perfil não lhes é apropriado. Há quem não saiba exatamente o que gosta de fazer profissionalmente. Na dúvida, as escolhas não costumam ser assertivas. Além disso, quando o mercado de trabalho é escasso, a probabilidade de escolha por funções incompatíveis com as próprias características aumenta. Bergamini (2005) observa que: A única solução para esse tipo de problema é preparar o avaliador para que ele seja capaz de reconhecer as diferenças individuais, sem projetar nos avaliados características que sejam suas... O avaliador deverá acompanhar, com o passar do tempo, os efeitos das avaliações que fez sobre os subordinados e suas consequências no dia a dia do trabalho”.(p. 114) Com relação ao colaborador/candidato, cabe observar se este demonstra motivação real por seu papel atual ou futuro (se for o caso de processo seletivo). Parte disso pode ser avaliado pelo empenho que o mesmo revela para realizar o trabalho em si e/ou para conquistar uma vaga. Bergamini (2005) conclui: “como se todas as distorções perceptivas não bastassem, um processo de simpatias e antipatias reforça a tendência e também influencia os resultados da avaliação do outro”. (p. 114) Tal processo define quem será ou não nosso amigo; no caso do trabalho, quem será ou não nosso colega. Ainda Bergamini (2005) e Robbins (2005), ambos são consensuais ao observarem que não existe “objetividade nos processos de avaliação de desempenho de pessoas”, o que pode incluir seleção e treinamento. “O ser humano é essencialmente um ser subjetivo, emocional antes de racional (glossário) e deixará sempre a sua marca pessoal em tudo o que faz”. (BERGAMINI, 2005, p. 114) Fonte: Iveta Angelova / Shutterstock Robbins (2005) observa que em alguns países as entrevistas inexistem nos processos seletivos por considerarem que este tipo de prática é tendenciosa, sob o ponto de vista de atuação do agente, no que se refere à condução da interação entre candidato e entrevistador. Por esta razão, não se confia no julgamento do mesmo, entendendo-se que a percepção naturalmente favorece aquele com quem se estabeleceu empatia. Já o uso das informações acerca das qualificações educacionais é uma prática universal na triagem de candidatos a trabalho. Fonte da imagem: aliaksei kruhlenia / Shutterstock TREINAMENTO Quando o assunto é, especificamente, treinamento, Robbins observa que as grandes vantagens para a realização dos mesmos são: A promoção de aperfeiçoamento; Melhora da autoeficácia e, consequentemente, da estima do colaborador. Os métodos de aprendizagem utilizados neste tipo de programa, para obtenção de êxito, devem privilegiar as diferenças dos colaboradores, o que passa pela percepção do agente responsável. ATIVIDADE PROPOSTA A percepção é um processo que influencia sobremaneira os agentes de seleção e os colaboradores de empresas que primam por educação continuada. É um processo muito bem aproveitado quando os lados a percebem como ______________. Resposta Correta Glossário PROCESSO SELETIVO Processo de captação de recursos humanos para os meios organizacionais. Compreende análise curricular, entrevistas, testes para avaliação de conhecimentos específicos, testes de simulação de desempenho, dinâmicas de grupo etc. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO Reúne qualificação mínima exigida para o desempenho de funções profissionais mais habilidades específicas e traços de personalidade. As empresas costumam ter “bonecos” montados conforme o perfil desejado para cada função. ESTÍMULOS PERCEBIDOS No processo perceptivo participam todas as capacidades sensórias, as que conhecemos, desde muito cedo,como sentidos (visão, audição, paladar, olfato e sentido dérmico). O pleno funcionamento destes viabiliza com que informações ambientais cheguem a nós, sendo interpretadas pelo cérebro. SENSAÇÕES Myers (2006) afirma que “para representar o mundo em nossas cabeças devemos detectar a energia física do ambiente e codificá-la em sinais neurais, um processo tradicionalmente chamado sensação” (p. 137) A sensação consiste na captação de estímulos, nas capacidades restritas aos órgãos sensoriais. Na medida em que estes estímulos viram informações (pois já houve decodificação sobre os mesmos por parte do cérebro), temos a percepção. DISTORÇÕES Acontecem distorções perceptivas de situação ou estímulo quando a percepção não é compartilhada por “todos” que estão próximos ao(s) mesmo(s). As distorções podem ser motivadas por fatores emocionais (o que inclui traços de personalidade e estado emocional), doenças que interferem na captação dos estímulos; privações sensoriais (quando temos afetadas as nossas capacidades sensórias); processos específicos à percepção social como os estereótipos, crenças, preconceitos etc. e uso de drogas (ilícitas ou não). ESTEREÓTIPOS Constituem rótulos atribuídos às pessoas e/ou situações geralmente com a função de manipulação respectiva da identidade e situação. Estereótipos podem ser relacionados a gênero (mulher é sexo frágil0, cultura, região (nordestinos são rudes), raça (os tnegros são mais fortes para rabalho braçal), orientação sexual (pessoas homossexuais não são confiáveis), condição econômica etc. EMOCIONAL ANTES DE RACIONAL Daniel Goleman (1995), ao lançar o conceito de inteligência emocional em 1995, defende a ideia de que o Homem é um ser emocional. Se assim não fosse, não existiria reação a assaltos, discussão em trabalho quando se põem em risco o próprio cargo e destratos a pessoas queridas.
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