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A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

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A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
A função social do contrato é um princípio recente que deve ser considerado pelo intérprete na aplicação dos contratos, tornando-se um dos pilares da teoria contratual. Essa função social cabe como limitação dos princípios tradicionais, especialmente da autonomia da vontade. Em condições de conflito entre autonomia privada e interesse social, deve permanecer esse último, mesmo que essa restrição atinja a própria liberdade de não contratar, como ocorre nas hipóteses de contrato obrigatório.
 Segundo Gonçalves, o art. 421 do Código Civil
“Subordina a liberdade contratual à sua função social, com prevalência dos princípios condizentes com a ordem pública. Considerando que o direito de propriedade, que deve ser exercido em conformidade com a função social, proclamada na Constituição Federal, se viabiliza por meio dos contratos, o novo Código estabelece que a liberdade contratual não pode afastar-se daquela função”. (2012, p. 52).
A aplicação da função social está vinculada a dois elementos: 
Individual, que diz respeito à satisfação dos interesses dos contratantes; 
E outro, público, que é o interesse da coletividade sobre o contrato.
Ainda segundo Gonçalves, “a função social do contrato somente estará cumprida quando a sua finalidade – distribuição de riquezas – for atingida de forma justa, ou seja, quando contrato representar uma fonte de equilíbrio social”. (2012, p. 26).
É necessário salientar que a função social do contrato é uma cláusula geral, exatamente como a que ordena um comportamento condizente com a probidade e boa-fé objetiva. Caberá ao juiz valer-se como recurso valores jurídicos, sociais, econômicos e morais para resolver no caso concreto. Segundo Nery Junior, sendo “normas de ordem pública, o juiz pode aplicar as cláusulas gerais em qualquer ação judicial, independente de pedido da parte ou do interessado, pois deve agir ex officio”. (2003, p. 416-417).
Para Araken de Assis, o contrato cumprirá a sua função social “respeitando sua função econômica, que é a de promover a circulação de riquezas, ou a manutenção das trocas econômicas, na qual o elemento ganho ou lucro jamais poderá ser desprezado, tolhido ou ignorado, tratando-se de uma economia de mercado”. (2007, p. 85-86).
Por meio disso, observa-se que todo contrato que dificulta o “movimento natural do comércio jurídico” e que afeta os demais integrantes a sociedade na obtenção dos seus bens rompe sua função social.
Venosa ainda ressalta que “a função social do contrato que norteia a liberdade de contratar, segundo o art. 421, está a indicar uma norma aberta ou genérica, a ser preenchida pelo julgador no caso concreto”. (2013, p. 397). Explica que na Modernidade, a chamada liberdade de contratar tinha um viés burguês, pois procurava fazer com o contrato possibilitasse a aquisição da propriedade. Já na modernidade, essa autonomia da vontade é substituída pela autonomia privada, resultante da própria modificação de conceitos sobre a propriedade.
CONCLUSÃO
A ordem jurídica brasileira que vem se transformando ao longo dos anos proporciona vários avanços na construção de um direito menos individual e mais coletivo, perceptível a partir de análises doutrinária e jurisprudencial. Por mais que o princípio da função social seja novo no ordenamento pátrio, nota-se a sua essencialidade para a concretização de uma justiça mais efetiva, bem como para a implementação da equidade e do desenvolvimento da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, Araken de. Comentários ao Código Civil Brasileiro. Volume V. Coord. De Arruda Alvim e Thereza Alvim. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Volume III: Contratos e Atos Unilaterais. 9. ed., São Paulo: Saraiva, 2012.
NERY JUNIOR, Nelson. Contratos no Código Civil – Apontamento gerais. In: O novo Código Civil: Estudos em homenagem ao Professor Miguel Reale. Coord. de Domingos Franciulli Netto, Gilmar Ferreira Mendes e Ives Gandra da Silva Martins Filho. São Paulo: LTr, 2003.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Volume II – Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo: Atlas, 2013.

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