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AÇÃO DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA FAMíLIA DA COMARCA DE.../ SP.
..., brasileira,..., portadora da cédula de identidade R. G. Nº..., inscrita no CPF sob o nº..., residente e domiciliada na Rua..., por seus advogados e procuradores que ao final esta subscrevem, mandato incluso, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no § 3º do artigo 226, da Constituição Federal de 1988;Lei 8.971 de 29 de dezembro de 1994; Lei 9.278 de 10 de maio de 1996; artigo 1.723 caput, § 1º do Código Civil propor:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO
E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL
em face de ..., brasileiro, Oficial Administrativo, portador da cédula de identidade R. G. Nº..., inscrito no CPF sob o nº..., residente e domiciliado à Avenida...,..., pelos motivos fáticos e razões de direito a seguir aduzidos:
DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
A REQUERENTE requer a Vossa Excelência que lhe seja concedido os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, conforme dispõe o artigo 4º da Lei 1060/50, haja vista não dispor de condições financeiras para suportar custas e despesas processuais sem prejuízo próprio, conforme declaração de hipossuficiência econômica anexada
DOS FATOS
DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL
Requerente e Requerido, se conheceram e iniciaram o namoro no ano de 1981, época em que...
Requerente e requerido, passaram a conviver em união “more uxório”, primeiramente em uma residência alugada, posteriormente na casa da mãe do Requerido.
No ano de..., nasceu a segunda filha do casal,..., certidão de nascimento anexa, período em que já haviam construído 2 (dois) cômodos nos fundos da casa da mãe do Requerido.
Requerente e Requerido trabalhavam juntos na..., porém a situação financeira do casal ainda era difícil.
Ressalte-se, Excelência, que o relacionamento entre requerente e requerido protraiu-se no tempo, o que retrata indubitavelmente a estabilidade da relação com animus de constituir família,....
Viveram juntos por mais de 30 (trinta anos) anos, e assim o fizeram pública e continuamente, representando para amigos e parentes uma família perfeita.
Socialmente sempre se apresentaram como marido e mulher, mantendo convivência estreita com os familiares e amigos como comprovam as fotografias anexadas, Seguro de vida em nome do Requerido, tendo como beneficiária a Requerente, bem como cópia do instrumento particular de compromisso de compra e venda de imóvel assinado pelo requerido no ano de 2009, quando da compra do imóvel, onde na qualificação de estado civil pode se verificar a declaração de UNIÃO ESTÁVEL com a Requerente.
Infere-se ainda que, correspondências em nome do Requerido e Requerente são encaminhadas para o endereço onde vivam o casal.
Por todo exposto nesta exordial é devido o reconhecimento da União Estável existente entre as partes, posto ter havido vida em comum pública e duradoura por mais de 30 (trinta) anos.
DISSOLUÇÃO DA UNIÃO: MOTIVOS JUSTIFICADORES
Os desentendimentos entre o casal, começam com a melhora na situação financeira do Requerido. Certa ocasião,...
O requerido adotou o costume de repreendê-la preferencialmente na frente dos filhos, colocando-a em situação vexatória e humilhante, vez que se utilizava de palavras ofensivas e de baixo calão, e em altos brados dizia que ela era “uma velha e barriguda”, esquecendo-se que a requerente abdicara de sua vida para dedicar-se aos filhos e ao companheiro, tornando-se insuportável a vida ao seu lado.
O Requerido deixou o lar do casal e passou a viver em outro endereço, embora ainda frequente o imóvel onde vive a Requerente e seus filhos, tendo em vista, que ainda possui as chaves da casa, sob a alegação de que ainda é dono, pressionando a requerente com esta atitude.
Ante as condutas humilhantes impostas à Requerente, quais sejam: tratamento indigno, chegando ao extremo de receber e atender e efetuar ligações para a suposta amante, inclusive em frente aos filhos do casal, total abandono, e outros motivos de foro íntimo, influenciaram a vida em comum, tornando-a insuportável, rompendo-se o vínculo que se formara há mais de 30 (trinta) anos.
DO DIREITO
DA CONVIVÊNCIA “MORE UXORIO” E O RECONHECIMENTO DA UNIÃO PRETENDIDA
Conforme bem balizaram os fatos, REQUERENTE e REQUERIDO conviveram pública e socialmente como se marido e mulher fossem, desde 1985, e juntos, constituíram família; empenharam-se na educação dos filhos e na administração do lar conjugal, conforme preceitua o Código Civil em seu artigo 1.723 caput, e artigo 1º da Lei Federal 9.278/96, senão vejamos:
Código Civil, art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. (grifo nosso)
Lei Federal 9.278/96, artigo 1º – É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família. (grifo nosso)
O instituto da união estável passou por transformações ao longo dos anos, e o que hoje se nota é o crescente número dessas uniões, fato que fez com que o legislador constituinte demonstrasse a preocupação em reconhecer a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, como dispõe § 3º do artigo 226, da Constituição Federal de 1988, e os artigos 1.723 e seguintes do Código Civil e as leis 8.971/94 e 9.278/96, bem como julgados que a acolhem:
União estável, configuração
União estável. Affectio maritalis e coabitação. Entidade familiar. O relacionamento entretido pelos litigantes configurou união estável, cuja característica é a de assemelhar-se ao casamento, indicando uma comunhão de vida e de interesses, ficando evidenciada a affectio maritalis e sendo apta para produzir sequelas de ordem patrimonial albergadas pela Lei n. 8.971/94 e Lei n. 9.278/96 (TJRS, Ap. Cível n. 70.005.876.354, rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcelos Chaves, DOERS 12.05.2004). (RBDFam 25/120)
Por esses motivos, e por estarem presentes os requisitos legais, há que ser declarada a UNIÃO ESTÁVEL entre a REQUERENTE e o REQUERIDO, desde 1985 para que, em decorrência desta, surtam os efeitos legais pertinentes.
DA DISSOLUÇÃO
Toda a base de nossa família, culturalmente construída e sedimentada, repousa na monogamia, que, pelo menos em tese, dá suporte à estabilidade e moralidade de que se deve revestir o casamento.
A ruptura da sociedade conjugal, ocorreu por culpa exclusiva do Requerido em face do descumprimento dos deveres impostos aos cônjuges e companheiros, ou seja, fidelidade.
O mais valoroso dos deveres conjugais, é sem dúvida, o da fidelidade recíproca. Assim, a comprovada conduta desonrosa do Requerido de manter uma relação extraconjugal faz desaparecer o “affectio maritalis”, esvaziando totalmente a relação conjugal.
Após comprovada a união estável, e não havendo mais, qualquer possibilidade de reconciliação ante os argumentos fáticos e de direito, os quais demonstram que a REQUERENTE não possui mais condições de prorrogar a união demonstrada, requer de Vossa Excelência que sua DISSOLUÇÃO SEJA DECLARADA DESDE FEVEREIRO DE 2014.
DA GUARDA E DA REGULAMENTAÇÃO DAS VISITAS
É certo que o deferimento judicial de guarda visa, precipuamente, regularizar a situação de fato existente, propiciando melhor atendimento da criança em todos os aspectos, nos termos do art. 33 da Lei 8069/90.
No caso presente, o que deve ser levado em consideração, primordialmente, é o interesse da criança, que já é mantida pela Requerente, sua genitora, desde o seu nascimento.
Diante dos fatos solicita a regulamentação do direito de vista do Requerido em finais de semanas alternados.
DA PARTILHA
Em relação à formação do patrimônio que se quer ver partilhado, é indubitável que a REQUERENTE colaborou na constituição do mesmo. Sempre trabalhou de forma remunerada, contribuindo para a manutenção e despesas familiares. Ainda, trabalhandonos afazeres domésticos ao longo destes 30 anos de convivência, em prol do crescimento econômico da família constituída no curso da união estável.
Ressalte-se que a REQUERENTE, cumpriu ainda, em conjunto com o REQUERIDO, as obrigações inerentes a guarda, sustento e educação dos filhos, além de ter se empenhado na condução e manutenção da família, zelando para que permanecesse íntegra.
Argumenta-se para tanto, a aplicabilidade do artigo 5º da Lei n. 9.278/96, abaixo transcrito:
Art. 5º Lei 9.278/96 - Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito.
No mais, por dispositivo legal, pode-se reiterar que na união estável, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS, conforme preceitua o artigo 1.725 do Código Civil Brasileiro:
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
Embora queira se comprovar que a aquisição onerosa do patrimônio adveio do esforço comum entre a Requerente e o Requerido entende o Superior Tribunal de Justiça que:
Jornada STJ 115: “Há presunção de comunhão de aquestos na constância da união extramatrimonial mantida entre os companheiros, sendo desnecessária a prova do esforço comum para se verificar a comunhão dos bens”.
Corrobora com a afirmativa:
União estável. Sociedade de fato. Partilha de bens adquiridos com o produto do esforço comum. Regras observáveis. Súmula n. 380. Lei n. 9.278/96. Art. 5º. Aplicação. Provada a existência de união estável e, no seu curso, a aquisição de bens, pelos companheiros, impõe-se, uma vez rompido o relacionamento more uxorio, a declaração de extinção da sociedade de fato e a partilha dos bens adquiridos com o produto do esforço comum. Não se exige que a contribuição para a formação do patrimônio comum seja direta; basta a indireta, como a do trabalho doméstico e a da administração do lar. Presume-se, até prova em contrário, o esforço comum, na aquisição de bens adquiridos na vigência da união estável, satisfatoriamente comprovada. À míngua de prova em contrário, presume-se, também, que os parceiros contribuíram, em igual medida, para a formação do patrimônio comum (TJRJ, Ap. Cível n. 2000.001.00850, rel. Des. Wilson Marques, DORJ 14.02.2002). (RBDFam 13/139)
Vez que resta configurado o “esforço comum”, e estando presentes os requisitos legais exigidos, como relatados e demonstrados, traz-se ao presente feito, a relação de bens a serem partilhados, tendo em vista que foram adquiridos pelo esforço em comum na constância da declarada união estável:
Ante os fatos bem como as provas documentais apresentadas, salvo melhor juízo, são suficientes para comprovar a UNIÃO ESTÁVEL HAVIDA ENTRE AS PARTES, bem como a FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO, adquiridas de forma onerosa e com o esforço em comum de ambos.
A contrario sensu, a falta de condições para continuidade da vida em comum apontampara a DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL, dela decorrendo a regulamentação de guarda dos filhos menores e a partilha dos bens.
DOS PEDIDOS
Ex positis, requer-se:
Declarar a EXISTÊNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL entre REQUERENTE e REQUERIDO, a partir de 1985, para que surta seus efeitos legais;
Declarar a DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL a partir de fevereiro de 2015;
A citação do requerido no endereço supraindicado, para que, querendo, conteste a presente no prazo legal, sob pena de revelia;
Seja intimado o douto representante do Ministério Público para que se manifeste no presente feito.
Seja julgado procedente o pedido, para que seja deferida a guarda unilateral dos filhos menores a sua genitora, ora Requerente.
Sejam fixadas visitas para o genitor, nos termos requeridos;
A concessão do benefício da Justiça Gratuita, por não possuir a requerente, renda suficiente para movimentação da máquina judiciária, portanto, impossibilitada de custear o processo sem o prejuízo de seu sustento e de sua família, tudo em conformidade com o artigo 1º. § 2º da Lei 5.478/68;
O arbitramento dos honorários advocatícios, por apreciação equitativa, em razão do labor profissional, artigo 20 § 4º do Código de Processo Civil;
Seja condenado o Requerido ao pagamento das custas e despesas processuais;
Que as diligências do senhor Oficial de Justiça, se realizem nas formas previstas no artigo 172, §§ 1º e 2º do Código de Processo Civil.
Reconhecer o direito à meação dos bens móveis e imóveis adquiridos de forma onerosa, durante a constância da união estável, conforme fundamentado acima.
DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial pelo depoimento pessoal do requerido, sob pena de confissão, juntada de documentos, oitiva de testemunhas, cujo rol apresenta ao final desta e que deverão comparecer em audiência mediante intimação, perícia e demais que se fizerem necessárias para o bom andamento do feito.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa, o valor de...
Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, XX de xxx de xxx
ADVOGADO
OAB/SP: _______

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