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Resumo Historiografia brasileira

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A historiografia é um campo de estudos que procura refletir sobre a própria produção historiográfica, ou seja, sobre a história da história, ou ainda, os pressupostos teóricos e as condições de produção em que estão envolvidos os estudos feitos pelos historiadores.
Podemos concordar que nossa história começa com o primeiro documento oficial de que dispomos sobre o encontro entre os índios com os marinheiros do Império português. Estamos falando da Carta de Pero Vaz de Caminha, enviada para o Rei de Portugal.
O maior historiador que produziu durante o período colonial brasileiro foi Antonil, um jesuíta italiano, ele descreveu com notável embasamento histórico a realidade econômica da Colônia, identificando com destaque a produção de açúcar e das demais atividades econômicas. Obra: “Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas”.
Após a morte de Antonil, Vilhena (português) analisou metodicamente a sociedade brasileira na qual estava inserido, apontou suas contradições básicas, seus paradoxos visíveis entre a opulência e a miséria, a existência de uma burocracia corrupta e pensadores idealistas que povoavam a Salvador de sua época. Vilhena constatou a superpopulação de Salvador. Identificou que tanto o sangue como o trabalho manual separavam as pessoas, quem trabalhava com as mãos ou que tinham sangue mestiço já estavam desfavorecidos e impedidos de ascensão social na cidade de Salvador, aquilo que Vilhena chamou das duas máculas, do sangue e do trabalho.
Na América Portuguesa, um espaço privilegiado de produção historiográfica foram as academias eruditas, como as “Academias dos Esquecidos” e a “Academia dos Renascidos”, fundadas em Salvador em 1724 e 1759, respectivamente. Ambas foram objeto de estudo da historiadora Íris Kantor.
IHGB: Os Institutos históricos e geográficos no Brasil foram pioneiros no levantamento, na coleta e na sistematização da documentação histórica, levantamentos geográficos e estudos etnográficos e linguísticos.
Foram responsáveis pela produção de um saber científico na época em que a história reivindicava para si um estatuto de cientificidade, que fosse fundado em vasta e sólida pesquisa documental. Esse esforço foi direcionado para a elaboração de uma ideia de nação, notadamente, durante o período imperial, e seguiram produzindo durante o período republicano.
A elaboração desse projeto nacional reunia, no plano político e institucional, a defesa da Monarquia com o elogio da centralização política. Completava esse projeto a defesa do catolicismo como alicerce da construção cultural da nacionalidade.
A leitura da história empreendida pelo IHGB está, assim, marcada por um duplo projeto: dar conta de uma gênese da nação brasileira, inserindo-a contudo numa tradição de civilização e progresso, ideias tão caras ao iluminismo.
O IHGB fez uma história conforme o modelo europeu, e que vislumbrava na educação, um dos elementos essenciais na construção de uma identidade ideológica das elites que deveriam conduzir o projeto nacional brasileiro.
Foi com esse espírito que Von Martius apresentou o seu artigo "Como se deve escrever a História do Brasil", em 1843 e que foi publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1845.
Von Martius: Salientou a importância do índio e do negro para a construção da sociedade brasileira, bem como a necessidade histórica de se conhecer e interpretar os seus costumes, as suas línguas e mitologias;
Apontou a necessidade de se construir um discurso historiográfico sobre os elementos do cotidiano, tanto do colono português, do escravo africano e do índio, somente assim seria factível a compreensão dos mecanismos históricos do período colonial brasileiro.
Von Martius continuava assegurando ao branco a primazia e a responsabilidade de conduzir a civilização brasileira.
Ele afirma que a história do Brasil é impulsionada por um movimento civilizador impulsionado pela ação da metrópole e capaz de anular os impulsos bárbaros de negros e índios.
O projeto de Von Martius descortina as orientações políticas e culturais que se pretendia para o Brasil de então: uma posição eurocêntrica e a idéia de pertencimento à esfera da civilização cristã europeia.
Varnhagen (escola metódico-documental) - o principal historiador produzido pelo IHGB; ele concentrou-se na documentação oficial como fonte histórica, além de ser o iniciador da crítica histórica no Brasil levada a cabo de forma científica, com sua obsessão pela busca de documentos, em especial, aqueles presentes em arquivos na Europa.
Varnhagen entende o Brasil comandado por uma elite nacional branca, católica, que será a fiadora dos conceitos de "progresso", "civilização" e "evolução".
Sua obra História Geral do Brasil valoriza a presença e a colonização portuguesa no Brasil.
Pretendeu produzir uma ”verdade histórica" sobre o Brasil narrando os eventos tal como se passaram.
Seu pensamento considera o índio como vagabundo, violento e bárbaro.
Havia algumas diretrizes centrais que deveriam nortear os trabalhos no interior do IHGB:
Coletar e publicar documentos relevantes para a história do Brasil;
Incentivar os estudos de natureza histórica;
Manter relações com instituições congêneres (é o caso do Institut Historique de Paris);
Incentivar a criação de institutos históricos nas províncias.
Temas IHGB: Temas: O meio, seus habitantes, relato das primeiras expedições exploradoras, as capitanias hereditárias, vida cotidiana, as relações entre os colonos e indígenas, as invasões holandesas, a vinda da Corte portuguesa.
Capistrano de Abreu - o “Heródoto do Povo Brasileiro”. Suas obras deram destaque ao povo e a sua formação étnica.
A abordagem de Capistrano vai pôr em destaque temas sobre o cotidiano, a intimidade, procurando ressaltar a individualidade e a singularidade das ações humanas.
Capistrano é um historicista e recusa o positivismo.
Capistrano fará do povo brasileiro o sujeito da sua história.
Valorizou o conceito de “cultura” no lugar do conceito de “raça” e por isso pode ser considerado um precursor de Gilberto Freyre e de Sérgio Buarque de Holanda. 
Capistrano buscou valorizar a contribuição da cultura indígena, pondo em destaque o Brasil mameluco e sertanejo mais do que mulato e litorâneo. Foi adentrando o território brasileiro que o colonizador se transformou e plasmou uma identidade propriamente brasileira. Prioridade a história indígena.
Enquanto Varnhagen defendeu o projeto português, Capistrano defenderá o projeto brasileiro.
Os paulistas são os mamelucos e Capistrano destaca que o brasileiro é, primeiramente, um mestiço de índio e branco, pois o mestiço de negro e branco é litorâneo e dominado pelo mundo português.
Balanço populacional feito pelo Capistrano: No interior existe o predomínio do mameluco. No litoral e minas predomina o mulato. Os negros são maioria no litoral. No sul, os brancos é que constituem a maioria.
O sujeito da história do Brasil não é mais o da história do Estado Imperial, mas é a história do povo brasileiro com toda a sua diversidade e a busca pela construção de uma unidade.
Capistrano não faz um elogio da colonização portuguesa, tampouco enfatiza a colonização do litoral. O sujeito de sua história não é o Estado Imperial, mas um povo mestiço, que ocupa o interior do país.
Gilberto Freyre: foi um dos pioneiros do culturalismo no estudo da sociedade brasileira. Opôs-se ao racismo, que considerava o mestiço uma forma degenerada e defendeu a tese de que a mistura de raças imprimia força e riqueza cultural ao povo brasileiro.
Em seu livro Casa Grande & Senzala (1933) aborda a temática da escravidão colonial e patriarcalismo. Estudou as características socioculturais dos povos formadores da sociedade brasileira sob a ótica do relativismo, valorizando a mestiçagem, antes depreciada, e a contribuição do negro, antes ignorada. Através da exteriorização da intimidade da sociedade colonial, revelou o contexto em que foram criados os antagonismos que compõem a ordem social no Brasil de hoje.
Gilberto Freyrefez em Casa-grande & Senzala uma interpretação das relações sociais e do cenário cultural do Brasil colonial tomando como ponto de partida sua terra natal. Sua interpretação foi elaborada a partir da influência da antropologia cultural norte-americana, presente na sua formação acadêmica.
A formação de antropólogo incorporou em seu texto aspectos de literatura e ciência social, repleto de vinculações ao universo afetivo presente no contexto e no ambiente cultural nordestino-brasileiro.
Um dos autores que mais influenciou Freyre foi o antropólogo "Franz Boas". Outros teóricos que também exerceram influência na sua obra foram "Dilthey" e "Weber".
Freyre aponta o contato com a moral cristã, feita pelos jesuítas e que se tornariam os maiores elementos destruidores da cultura nativa.
O modelo econômico adotado pela família patriarcal foi essencial na formação da sociedade brasileira. A mescla não seria só racial, mas também cultural.
A religiosidade era dinâmica, incorporava plasticidade, adaptabilidade e sincretismos.
Escolheu a pluralidade metodológica como condutora da construção de sua cientificidade.
Ele seria um dos primeiros a fazer uso da escola dos annales, utilizando:
O recurso à interdisciplinaridade; 
À diversificação e ampliação dos documentos, a serem considerados históricos; 
À busca de entendimento das relações humanas no plano da mentalidade coletiva; 
 Deu visibilidade às contribuições da cultura negra na formação da sociedade brasileira.
Teorias que lançavam mão da noção de raça influentes na época de Gilberto Freyre: Monogenismo e Poligenismo. 
Freyre foi bastante criticado pela construção da experiência colonial brasileira como um “paraíso tropical”. Ele teria construído uma sociedade em que não haveria conflitos sociais. 
Flexibilidade, a convivência harmônica dos contrários, cristianismo maleável, o intercâmbio, a miscigenação seriam elementos que nos marcam como povo.
Para Sérgio Buarque de Holanda a ausência da um projeto colonizador e de um empreendimento metódico, racional dos portugueses é a única razão de todas as mazelas que a sociedade brasileira sofria, a falta de coesão social total deficiência na organização política.
O trabalho de Sérgio Buarque de Holanda se fundamentou na teoria social weberiana em em Ranke.
Sérgio Buarque crítica a indolência do português, destaca a tradição da nobreza e da religião católica, explicita a visão do trabalho como sendo pejorativa e depreciada.
Na obra Raízes do Brasil, o fator histórico é essencial para esclarecer o Brasil, se afastando das teorias de diferenciação entre raças.
Sérgio Buarque sugere que os valores tradicionais e familiares predominam sobre a dimensão política.
A herança cultural portuguesa é o que Sérgio Buarque de Holanda quer superar enquanto essa herança portuguesa é o que Gilberto Freyre quer manter.
O traço que melhor define esse neoportuguês seria a noção de “homem cordial” e “jeitinho brasileiro”, oriundo de Portugal e que se consolidou como um traço definido do caráter do brasileiro. Isso só atrasa o desenvolvimento brasileiro. Relações familiares se sobressaindo, não há ideia do público separado do privado.
Caio Prado Jr. - maior historiador marxista brasileiro. Questionou os motivos que não conduziram o Brasil para uma revolução burguesa, nem para uma revolução comunista.
Somente as classes sociais, que foram as protagonistas das conquistas sociais, poderiam dar o devido valor às forças produtivas e fortalecer o desenvolvimento nacional.
Foi um pensador metódico e acadêmico, capaz de identificar e fornecer explicações sobre a produção das desigualdades em meio às diversidades e contradições sociais do processo histórico brasileiro.
Para ele, a passagem do feudalismo para o capitalismo não existiu, pois a situação colonial já estava ligada ao capitalismo desde seus princípios.
Esse autor assinalou a importância e a necessidade de uma política de industrialização para o desenvolvimento econômico do Brasil.
Escola de Annales (modelo durkheimiano/ Fernand Braudel/ estruturalismo) permitiu que as linhas de demarcação entre as ciências sociais, antes, rígidas se tornassem porosas, com uma área específica mantendo diálogo com a outra sem que cada uma perdesse por isso sua identidade própria. Por isso a importância da interdisciplinaridade.
A revista francesa foi fundada em 1929, para o Brasil sua fundação é relevante, pois ainda hoje a historiografia francesa é a que mais exerce influência teórico-metodológica sobre os historiadores brasileiros.
Propuseram desde 1929 ultrapassar a visão positivista da história como mera crônica de acontecimentos, substituindo o tempo breve da história dos fatos e dos acontecimentos pela análise dos processos de longa duração, com o propósito de tornar compreensível as dimensões das civilizações por meio do estudo das mentalidades.
O fazer história como ciência desafiou a constituição de produzir um entendimento sobre as novas e antigas práticas sociais dos novos e antigos sujeitos históricos em suas diversas manifestações.
O compromisso da história com a realidade atinge domínios nunca antes pensados e as amarras se desprendem, passando a poder se lançar a reflexão histórica sobre todos os temas no intuito de fornecer ou pelo menos tentar fornecer a todas as perguntas sobre a história e a realidade histórica que sejam formuladas.
No intercâmbio com a antropologia, a história propõe que os documentos são vestígios nas mãos do historiador.
Criticando a historiografia metódica do século XIX, os annales propuseram uma historiografia dedicada aos processos históricos de longa duração e mais interessada nas estruturas sociais e econômicas do que nos sujeitos individualizados.
Surge com força nessa historiografia o conceito de “civilização brasileira”, que veio substituir a “nação brasileira”, que durante quase cem anos foi o fundamento da escrita da história desenvolvida nos quadros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado em 1838.
A partir da metade do século XX a cultura historiográfica ocidental passou a ser caracterizada por aquilo que se convencionou chamar de crise do racionalismo historiográfico.
Esse movimento de crise relaciona-se diretamente às experiências das guerras mundiais, que esvaziaram o otimismo através do qual a modernidade se relacionou com a ciência.
A partir de 1980, com a expansão da pós-graduação e com o contato com os debates narrativistas do “giro linguístico”, ganha cada vez mais terreno na universidade. 
Autores interessados da discussão narratisvista: Hayden White, Michel de Certeau, Michel Foucault, Roger Chartier, Jacob Gorender, Ciro Flamarion Cardoso, Nelson Werneck Sodré.
Todos esses autores, de alguma forma, tomam o “fazer historiográfico” como problema e o discurso do historiador como uma espécie de modelação do passado.
Há uma notória semelhança, do ponto de vista teórico-metodológico, entre o materialismo histórico a histórica social dos annales: ambos pretendem tirar do indivíduo o centro da reflexão, que é deslocado para as estruturas sócio-econômicas e coletivas.
Outro aspecto que irmana a abordagem do materialismo histórico e da história social é a abordagem de inspiração cientificista. Ambos partem do princípio que a racionalidade é capaz de mostrar ao homem as “verdades” do mundo.
Nesse sentido, o conceito de “verdade” é fundamental para essas duas abordagens; no caso do materialismo histórico, a grande verdade do capitalismo, a dialética entre as classes, é mascarada pelas representações ideológicas construídas pelas classes dominantes.
O materialismo histórico, enquanto procedimento de análise da realidade capitalista, é baseado em alguns conceitos chave: classe social e ideologia.
Existem afinidades teórico-metodológicas entre o materialismo histórico e a história social dos annales: o quantitativismo e a negação de valor heurístico ao sujeito.
Podemos afirmar que Caio Prado Jr e Nelson Werneck Sodré foram os principais representantes da historiografia brasileira.Foi somente no século XIX que a história se tornou uma disciplina autônoma com pretensão científica. Para isso, foi fundamental a atuação do historiador alemão Leopold Ranke, que desenvolveu uma hermenêutica específica para os estudos históricos. Essa hermenêutica esteve fundamentada no procedimento de análise da documentação.
Criticando um aspecto pontual da historiografia metódica, os analles propuseram uma análise de perfil estruturalista inspirada na sociologia durkheimiana.	
O estruturalismo possui diversas variações que se irmanam em um aspecto fundamental: a negação de valor heurístico ao sujeito e a ênfase das estruturas coletivas e sociais.
Uma das abordagens estruturalistas mais importantes do século XX foi a antropologia de Claude Lévi-Strauss. 
É necessário destacar o perfil moderno das análises estruturalistas; ou seja, sua pretensão à cientificidade e a sua filiação à tradição racionalista.
Entre as abordagens pós-estruturalistas mais importantes podemos destacar a antropologia simbólica de Clifford Geertz.
Para Gertz, a cultura não é uma estrutura meta-subjetiva, como afirmava Lévi-Strauss, mas sim uma rede de relações sociais empírica e representada através dos comportamentos dos indivíduos, que ganham valor heurístico.
A antropologia simbólica de Geertz influenciou consideravelmente a historiografia e se tornou a matriz teórica de paradigmas historiográficos como a Micro-História e a Nova História Cultural.
Micro-História – Propõe o deslocamento de enfoque das macro estruturas sociais para as circunstâncias específicas comportamentais dos atores históricos. Os Principais representantes da micro-história: Carlo Guinzburg, Carlo Poni, Giovanni Levi e Edoardo Grendi.
A “Nova” História Cultural – Propõe a relação entre práticas e discursos através do conceito de “representação”. O principal representante da “nova” história cultural é Roger Chartier.

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