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Prova Processo Penal

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1 A PROVA NO PROCESSO PENAL
1.1 CONCEITO DE PROVA
É importante destacar que de acordo com Aury Lopes Jr. (2016, p. 288), os elementos probatórios podem ser entendidos como sendo um método apto a reconstruir o fato que tenha ocorrido de maneira antecedente, qual seja, o crime, podendo-se, portanto, afirmar um fato que tenha ocorrido anteriormente.
Segundo Gustavo Henrique Badaró (2015, p. 381), “A palavra prova é polissêmica e seu estudo transcende ao Direito, envolvendo a epistemologia, a Semiótica, a Psicologia e outras ciências afins”.
Embora a prova possa ser vista sobre o prisma objetivo, posto ser um método apto a autorizar a conclusão do magistrado acerca da veracidade de determinado caso, também é possível visualizá-la sob o aspecto subjetivo, de modo a reforçar os elementos probatórios no íntimo do magistrado, conforme delimitam Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves (2012, p. 247):
A dedução em juízo da pretensão punitiva pressupõe que o autor atribua ao réu a prática de determinada conduta típica, daí por que é correto dizer que a acusação sempre estará fundada em um ou mais fatos. A conclusão, pelo juiz, acerca da veracidade da acusação, portanto, subordina -se à constatação da existência de fatos pretéritos, sobre cuja ocorrência não há, em princípio, certeza. 
A convicção do julgador, por outro lado, não pode repousar em critérios arbitrários, devendo advir, necessariamente, de construção lógica, o que reclama a análise de elementos aptos a transmitir informação relativa a um fato. 
É a esses elementos que se dá a denominação de prova. Sob essa ótica objetiva, pois, prova é o elemento que autoriza a conclusão acerca da veracidade de um fato ou circunstância. 
O termo prova também é empregado, sob aspecto subjetivo, para definir o resultado desse esforço probatório no espírito do juiz
Para Renato Brasileiro de Lima (2016, p. 792), a prova possui a seguinte conceituação:
A palavra prova tem a mesma origem etimológica de probo (do latim, probatio e probus), e traduz as ideias de verificação, inspeção, exame, aprovação ou confirmação. Dela deriva o verbo provar, que significa verificar, examinar, reconhecer por experiência, estando relacionada com o vasto campo de operações do intelecto na busca e comunicação do conhecimento verdadeiro.
De acordo com o entendimento proclamado por Gustavo Henrique Badaró (2015, p. 377), a prova pode ser conceituada como sendo uma forma do magistrado chegar à verdade, de modo que o mesmo reste convencido que determinado fato ocorreu ou não.
Diante disso, conforme bem delimita Renato Brasileiro de Lima (2016, p. 792), em um sentido mais amplo, a prova pode ser entendida como sendo a possibilidade de demonstrar a veracidade de determinado acontecimento que foi aduzido, cuja finalidade é proceder de maneira a formalizar a intima convicção do magistrado.
1.2 MEIOS DE PROVA
É importante destacar, desde logo, que os meios de provas são os instrumentos utilizados pelos interessados para provar os fatos que estão sendo aduzidos em juízo e, embora o Código de Processo Penal traga diversos meios legais para corroborar as afirmações que estão sendo aduzidas, certo é que não se trata de um rol taxativo, admitindo-se, portanto, outras formas, desde que não vedadas pelo ordenamento jurídico pátrio, segundo Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves (2012, p. 256).
Para Gustavo Henrique Badaró (2015, p. 384), “Meios de prova são os instrumentos pelos quais se leva ao processo um elemento de prova apto a revelar ao juiz a verdade de um fato”.
Segundo Aury Lopes Jr. (2016, p. 295), meios de prova:
[...] é o meio através do qual se oferece ao juiz meios de conhecimento, de formação da história do crime, cujos resultados probatórios podem ser utilizados diretamente na decisão. São exemplos de meios de provas: a prova testemunhal, os documentos, as perícias etc.
Nessa perspectiva, importa delimitar que de acordo com Gustavo Henrique Badaró (2015, p. 383), os meios de provas se mostram elementos hábeis para convencer de maneira direta o magistrado sobre a veracidade ou não de dada informação, que tenha ocorrido dentro do cenário fático.
1.3 CLASSIFICAÇÃO DA PROVA
No Direito Processual Penal, há vasta classificação acerca da prova, que passarão a ser tratadas a partir de agora.
Inicialmente, pode-se pontuar a prova como direta e prova indireta. De acordo com Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves (2012, p. 264), a primeira está consubstanciada no fato de, por si só, demonstrar efetivamente o fato que é controvertido, ao passo que, no segundo caso, há apenas dedução de determinado elemento que se quer provar.
Os instrumentos probatórios também podem ser nominados, quando possuir previsão legal, bem como inominadas, na hipótese em que as mesmas não estiverem previstas no ordenamento jurídico pátrio, conforme Renato Brasileiro de Lima (2016, p. 813).
No que toca à origem, pode ser originária e derivada, tudo dependendo se há ou não determinada conduta intermediária entre o fato ocorrido e o meio de prova, consoante Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves (2012, p. 265):
Quanto à origem: 
a) originária — quando não há intermediários entre o fato e o meio de prova (testemunha presencial); 
b) derivada — quando existe intermediação entre o fato e o meio de prova (testemunho do testemunho, p. ex.).
A prova também pode ser tida na concepção anômala, quando a mesma restar instituída para fins diversos daqueles que foram propostos, assim como irritual, que diz respeito à prova que é colhida sem observar os modelos constantes na legislação. 
1.4 PRINCÍPIOS ATRELADOS À PROVA
Induvidosamente, existem diversos princípios que norteiam o âmbito das provas no direito processual penal, os quais serão tratados a partir de agora.
O autor Aury Lopes Jr. (2016, p. 346) destaca, inicialmente, a garantia da jurisdição, que, em apertada síntese, consiste na possibilidade do acusado ser julgado, com base nas provas que foram juntadas ao processado, no qual restou possibilitado o exercício do contraditório, enfim, com todas as garantias imprescindíveis ao réu.
É importante também delimitar o princípio da comunhão dos meios de prova, que, por sua vez, “[...] estabelece que, uma vez produzida, a prova pode socorrer qualquer das partes, independentemente de qual dos litigantes a indicou ou introduziu no processo”, segundo leciona Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves (2012, p. 255).
Há de se subsumir, ainda, o princípio da comunhão da prova, destacando Renato Brasileiro de Lima (2016, p. 867) que uma vez produzida à prova, a mesma se torna comum, e, diante disso, não mais pertencerá a esta ou aquela pessoa. Da mesma forma, o elemento probatório também não pertencerá exclusivamente ao magistrado.
Há, também, a ingerência do princípio do contraditório, que, de acordo com Aury Lopes Jr. (2016, p. 346), “[...] é o direito de participar de todos os atos da instrução, de manter uma contraposição em relação à acusação e de ser informado de todos os atos probatórios. Engloba o direito de informação e reação”. Nessa perspectiva, deve-se observar de maneira rigorosa o contraditório, mais precisamente em quatro momentos, quais sejam, na postulação, na admissão, na produção, bem como na valoração.
Na produção de provas, também impera o princípio da publicidade, razão pela qual todos os interessados podem acompanhar a colheita de provas, ao menos que o interesse público, bem como a intimidade dos envolvidos proclame o sigilo, conforme Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves (2012, p. 255):
[...] garante que a instrução seja acompanhada não apenas pelos sujeitos processuais, mas pelo público, vedando, assim, qualquer atividade secreta (art. 93, IX, da CF). Quando o interesse público ou a tutela da intimidade exigir a restrição à presença popular, no entanto, a lei pode estabelecer a publicidade restritados atos instrutórios (art. 5º, LX, da CF).	
O princípio da presunção da inocência também dá guarida as provas, possuindo previsão constitucional, dispondo, a artigo 5.º, inciso LVII, que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Não se pode olvidar que o princípio da identidade física do juiz estabelece que a decisão deverá ser prolatada pelo magistrado que tiver o contato com a colheita de provas, salvo em hipóteses consideradas como excepcionais, em que o juiz competente não possa analisar a causa, de acordo com Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves (2012, p. 255).
Veja-se que o princípio da identidade física do juiz se encontra inserto no parágrafo 2.º, do artigo 399, do Código de Processo Penal, que dispõe, basicamente, que “O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”.
Ademais, há de se trazer à baila o princípio da autorresponsabilidade das partes, que, conforme entendimento de Renato Brasileiro de Lima (2016, p. 867), todas as consequências assumidas pela elaboração das provas serão arcadas pelas partes que a ela deu azo, também respondendo em decorrência de atos de negligências, bem como pela inatividade. 
2 PROVA DOCUMENTAL
É importante salientar que consoante entendimento proposto por Lopes Jr. (2016, p. 412), a conceituação do documento já foi manifestamente discutido na seara do Direito, especialmente no âmbito civil e penal, mas, mais especificamente no âmbito do Direito Processual Penal, os documentos se instituem como sendo os documentos escritos, de maneira instrumental ou em papeis, de modo público ou particular.
Esta é a definição constante no artigo 232, do Código de Processo Penal, que, basicamente, alberga que “Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares”.
Nesses termos, Lopes Jr. (2016, p. 413) se manifesta no sentido de que a interpretação contida na norma se mostra manifestamente precária e, em razão disso, abre-se a possibilidade de haver a instituição de diversos outros elementos no processo que acabam se equiparando ao documento, como ocorre, por exemplo, com os vídeos e fotografias:
Dessa maneira, além de ser considerado documento qualquer escrito, abre-se a possibilidade da juntada de fitas de áudio, vídeos, fotografias, tecidos e objetos móveis que fisicamente possam ser incorporados ao processo e que desempenhem função persuasiva (probatória).
Em última análise, ainda que não seja documento no sentido estrito do termo, acabam a ele se equiparando, para fins de disciplina probatória, objetos móveis, que possam ser juntados ao processo, que tenham uma função probatória. Significa que tais objetos devem ser submetidos ao mesmo regime probatório dos documentos.
Assim sendo, Nucci (2014, p. 506) delimita que o documento resta constituído como sendo a base materialmente disposta que tenha o condão de expressar a manifestação da vontade do ser humano, que viabiliza a comprovação de determinado fato que se mostre sob a ótica jurídica relevante. Aqui, podem ser evidenciadas de maneira exemplificativa as fotos, os desenhos, as gravuras, bem como os CD’s.
Urge mencionar que nos termos pontuados por Nucci (2014, p. 507), o documento pode ser classificado como nominativo ou anônimo. Nesse passo, será nominativo na hipótese em que possuir o nome daquele que efetuou a sua produção, ao passo que no anônimo não há qualquer indicação acerca de quem o materializou
Mais especificamente a parte que toca o momento em que os documentos são juntados no processo, Lopes Jr. (2016, p. 413/414) consagra esta possibilidade até a ocasião em que restar findada a instrução e, em todas as hipóteses, deve ser observado o contraditório na situação concreta, de modo que a outra parte possa sempre se manifestar a respeito da juntada dos novos instrumentos probatórios.
Sobre o tema, Nucci (2014, p. 507) agrega que:
[...] qualquer fase admite a juntada de documentos, sempre se providenciando a ciência das partes envolvidas, exceto quando a lei dispuser em sentido diverso. No procedimento do júri, por exemplo, não se admite que a parte apresente, no plenário, um documento não juntado aos autos, com ciência do adversário, pelo menos três dias antes do julgamento (art. 479, CPP).
Ademais, não se pode olvidar que “No que se refere a documentos em língua estrangeira, podem ser eles imediatamente juntados, mas é imprescindível que sejam traduzidos por tradutor juramentado. Não havendo a tradução, ou sendo ela objeto de impugnação [...]”, caberá ao magistrado determinar a tradução através de tradutor público, conforme Lopes Jr. (2016, p. 415).
Além do mais, considerando o teor transcrito na norma, mais precisamente no artigo 232, do Código de Processo Penal, os documentos podem ser públicos ou particulares. Nesse diapasão, Nucci (2014, p. 508) enfrenta que o instrumento será considerado como público na hipótese em que restar produzido por funcionário público, no decorrer do exercício de suas funções, ao passo que será considerado como privado quando se visualizar a mera ingerência do particular, não subsistindo, assim, qualquer interferência do Poder Público.
Considerando as peculiaridades que são desencadeadas em determinadas ocasiões, plenamente possível que o magistrado se valha do exame grafotécnico, que, basicamente, constitui-se como verdadeira hipótese de prova pericial com o fito de checar se a prova documental é verdadeira ou não, de acordo com Nucci (2014, p. 511).
Finalmente, vale aqui abarcar uma questão interessante pontuada por Nucci (2014, p. 506) no sentido de que se o e-mail pode ser tratado como uma prova documental ou não. Sob esse enfoque, o autor agrega que em razão da ampliação do conceito de documentos, que alberga de maneira ampla as manifestações de vontade, o e-mail passou a ser considerado como sendo uma prova documental.
Ademais, uma vez findando o processo e, não mais subsistindo qualquer motivo relevante para efetuar a conservação dos documentos nos autos, Nucci (2014, p. 512) agrega que a parte interessada poderá requerê-los novamente, após a manifestação do Ministério Público nos autos. 
Analisando-se a jurisprudência pátria que abarca a questão da prova no direito processual penal, traz-se o Agravo Regimental no Habeas Corpus 414463, do Superior Tribunal de Justiça, tendo como relator o ministro Jorge Mussi, julgado em 03 de outubro de 2017 e publicado em 11 de outubro de 2017:
AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. NÃO CONHECIMENTO. IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO AO SISTEMA RECURSAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. CONDENAÇÃO BASEADA EXCLUSIVAMENTE NA PROVA DOCUMENTAL PRODUZIDA NO CURSO DO INQUÉRITO POLICIAL. CONTRADITÓRIO DIFERIDO. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO DISPOSTO NO ARTIGO 155 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. 1. Esta Corte Superior de Justiça pacificou o entendimento de que documentos produzidos na fase inquisitorial, como o processo administrativo tributário, por se sujeitarem ao contraditório diferido, podem ser utilizados como fundamento para a prolação de sentença condenatória, sem que tal procedimento implique ofensa ao disposto no artigo 155 do Código de Processo Penal. Precedentes. 2. Na espécie, não há qualquer ilegalidade no fato de a Corte Estadual haver se valido, essencialmente, da representação fiscal para fins penais, do auto de infração e imposição de multa, dos demonstrativos de débito fiscal, do comprovante de inscrição em dívida ativa e dos demais documentos reunidos no curso do inquérito policial para fundamentar a condenação do acusado pela prática de crime contra a ordem tributária, uma vez que, como visto, tais elementos de convicção não precisam ser repetidos no curso da ação penal, sujeitando-se ao contraditório postergado. 3. Recurso desprovido.
Aqui, restou arguido que a condenação foi implementada na situação concreta em razão das provas documentaisque foram produzidas de maneira exclusiva no âmbito do curso do inquérito policial.
Entretanto, levando-se em consideração que o contraditório foi posteriormente oportunizado, não se verificou qualquer ofensa quanto à norma processual penal.
Outra decisão que também merece ser destacada neste estudo acadêmico é a Apelação Criminal 20140510140578, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que teve como relatora Maria Ivatônia, julgada em 28 de junho de 2018 e publicada em 04 de julho de 2018:
DIREITO PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL CONTRA A MULHER EM AMBIENTE FAMILIAR. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. PROVA DOCUMENTAL, PERICIAL E ORAL. SUFICIÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Comprovadas a autoria e a materialidade da conduta criminosa por meio da prova documental (portaria de instauração de inquérito policial, ocorrência policial, termos de representação e requerimento de medidas protetivas e guia de atendimento médico emergencial), pericial (laudo de exame de corpo de delito - lesões corporais indireto) e oral (declarações coesas e harmônicas da vítima, em sede inquisitorial e em juízo, e o depoimento extrajudicial da irmã do acusado), revela-se perfeita a subsunção dos fatos à tipificação da violência doméstica contra a mulher ocorrida no âmbito de relação íntima de afeto, prevista no art. 129 , § 9º do Código Penal c/c artigos 5º , incisos I e III e 7º , incisos I e II da Lei 11.340 /2006, não havendo que se falar em absolvição do apelante por insuficiência de provas à condenação. 2. Em crimes ocorridos no contexto de violência doméstica, a palavra da vítima assume especial relevância, quando corroborada por outros elementos de prova, como o laudo de exame de corpo de delito, que confirma as lesões retratadas. Soma-se a isso o próprio comportamento post factum, quando a vítima procura por proteção junto à autoridade policial e ao Poder Judiciário - como por exemplo, representando contra o agressor e requerendo a decretação de medidas protetivas - o qual delineia e evidencia a prática delitiva. Precedentes. 3. Recurso conhecido e não provido.
Observa-se que a prova documental na situação em apreço se mostrou manifestamente importante, considerando evidenciar que efetivamente houve violência contra a mulher no âmbito familiar, tendo sido instituída, basicamente, por meio da apresentação da ocorrência policial, por exemplo. 
3 RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
De acordo com o entendimento proposto pelo autor Nucci (2014, p. 497), trata-se o reconhecimento de pessoas ou coisas no ato pelo qual a pessoa irá admitir e afirmar a identidade de terceiro, ou, ainda, a qualidade de determinada coisa.
Sobre o tema, Lopes Jr. (2016, p. 401/402) consagra que:
O reconhecimento é um ato através do qual alguém é levado a analisar alguma pessoa ou coisa e, recordando o que havia percebido em um determinado contexto, compara as duas experiências. Quando coincide a recordação empírica com essa nova experiência levada a cabo em audiência ou no inquérito policial, ocorre o reconhecer.
Partimos da premissa de que é reconhecível tudo o que podemos perceber, ou seja, só é passível de ser reconhecido o que pode ser conhecido pelos sentidos. Nessa linha, o conhecimento por excelência é o visual, assim previsto no CPP.
No que tange a natureza jurídica do reconhecimento de pessoas ou coisas, o autor Nucci (2014, p. 498) agrega que tal condiz com um elemento de prova, que, “Através do processo de reconhecimento, que é formal, como se verá a seguir, a vítima ou a testemunha tem condições de identificar (tornar individualizada) uma pessoa ou uma coisa, sendo de valorosa importância para compor o conjunto probatório”.
Nesses termos, Lopes Jr. (2016, p. 402) sinaliza que a sua respectiva produção se encontra estritamente prevista na legislação, de forma que não há o que se falar em informalidades judiciais, pelo menos na teoria, já que na prática há diversos tipos de reconhecimentos tidos como informais, que acaba por ser albergado em razão do princípio do livre convencimento motivado.
Nucci (2014, p. 499) ainda evidencia o reconhecimento por videoconferência, que, basicamente, mostra-se um aspecto vedado no ordenamento jurídico pátrio, eis que além de tornar o elemento probatório informal, também atua de maneira a ferir a ampla defesa.
Ademais, como forma de viabilizar que não haja qualquer receio de intimidação ou influência, procede-se com o isolamento virtual, de modo que aquele que esteja efetuando o reconhecimento não seja obstado em virtude de manifestações advindas do reconhecendo, de acordo com o autor Nucci (2014, p. 501).
No que tange a valoração da prova em apreço, Nucci (2014, p. 501) abarca que:
[...] quando produzido na polícia, torna-se uma prova longe do crivo do contraditório, embora possa ser confirmada em juízo não só por outro reconhecimento, mas também pela inquirição das testemunhas, que assinaram o auto pormenorizado na fase extrajudicial. Tem, como as demais provas colhidas no inquérito, valor relativo, necessitando de confirmação. Quanto ao reconhecimento feito em juízo, é prova direta, mas sempre subjetiva e merecedora de análise cautelosa. Se testemunhas são capazes de mentir em seus depoimentos, é natural que reconhecedores também podem fazê-lo, durante o reconhecimento de alguém.
Abordando-se a esfera jurisprudencial, é possível delimitar a Apelação Criminal 04131872220158090175, do Tribunal de Justiça de Goiás, que teve como relator Avelirdes Almeida Pinheiro de Lemos, julgada em 14 de setembro de 2017 e publicada em 05 de outubro de 2017:
APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE PESSOAS E CORRUPÇÃO DE MENORES. NULIDADE NO RECONHECIMENTO DE PESSOA. INOBSERVÂNCIA DO ARTIGO 226, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL . REJEITADA. 1 - A não observância do procedimento de reconhecimento de pessoas, previsto no artigo 226 , do CPP , constitui mera irregularidade, não sendo capaz de anular a sentença. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DO SUBSTRATO PROBATÓRIO, CONDENAÇÃO BASEADA EM PROVAS NÃO JURISDICIONALIZADAS. IMPOSSIBILIDADE. 2 - Impõe-se referendar o édito condenatório quando o conjunto probatório harmônico demonstra, de forma clara, a materialidade e autoria dos crimes de roubo majorado e corrupção de menores, não há que se falar em absolvição. DESCLASSIFICAÇÃO PARA CONSTRANGIMENTO ILEGAL. DESPROVIDO. 3 - Preenchidos os elementos do tipo do artigo 157, do CP, incabível o pleito desclassificatório. DESCLASSIFICAÇÃO PARA TENTATIVA. DESPROVIDO. 4 - Não é necessária a posse mansa e pacífica do bem subtraído, sendo suficiente a inversão da posse (teoria da apprehensio ou amotio). NULIDADE TÓPICA DA SENTENÇA NA DOSIMETRIA DA PENA. DECLARADA, DE OFÍCIO. 5 - Verifica-se que a Magistrada de primeiro grau analisou as circunstâncias judiciais do artigo 59, do CP, tão somente para dosar a pena do crime de roubo majorado, não analisando em relação ao delito de corrupção de menores, aplicando o concurso formal, ensejando, assim, a nulidade tópica da sentença e, o retorno dos autos ao Juízo de origem para que outra seja prolatada nesta parte, em conformidade com os ditames da lei. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. NULIDADE TÓPICA DA SENTENÇA, DECLARADA, DE OFÍCIO.
O que foi arguido no caso em apreço é a nulidade do reconhecimento de pessoa que foi instituído na situação em apreço, tendo em vista que o conteúdo inserto no artigo 226, do Código de Processo Penal, não foi observado.
Entretanto, a inobservância do teor transcrito no artigo 226, do Código de Processo Penal, constituiu-se como mera irregularidade, de forma que o seu não atendimento não tem o condão de anular a sentença proferida.
REFERÊNCIAS
BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo Penal. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 18 set. 2018._____. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 18 set. 2018.
JUSBRASIL. Agravo Regimental no Habeas Corpus 414463. Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/514532811/agravo-regimental-no-habeas-corpus-agrg-no-hc-414463-sp-2017-0220036-8>. Acesso em: 18 set. 2018.
_____. Apelação Criminal 20140510140578. Disponível em: <https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/597180181/20140510140578-df-0013897-2620148070005>. Acesso em: 18 set. 2018.
______. Apelação Criminal 04131872220158090175. Disponível em: <https://tj-go.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/507426673/apelacao-criminal-apr-4131872220158090175>. Acesso em: 18 set. 2018.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016.
LOPES Jr., Aury. Direito Processual Penal. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Processual Penal Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2012.

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