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ENDOCRINOLOGIA Felipe Antônio Dal’Agnol – Medicina UPF “É a sinalização que coordena e controla a função e os processos de múltiplos órgãos.” *analogia sistemas: endócrino-nervoso. O sistema endócrino, através da produção e liberação de hormônios, controla: Metabolismo intermediário; Fisiologia reprodutiva; Metabolismo ósseo; Crescimento. Sua prática depende intimamente de um bom entendimento da secreção e da ação hormonal, bem como dos mecanismos de ação envolvidos. CONCEITOS: - neurotransmissores: secretados por hormônios terminais; - hormônios: endócrinos: na corrente sanguínea; parácrinos: para células próximas; autócrinos: ‘consumo próprios’ (sai e volta); neuroendócrinos: secretados por neurônios na C.S. RITMOS ENDÓCRINOS: ritmos circhoral – 1hr: gonadotrofinas; ritmos circadianos – dia: cortisol, melatonina, GH; ritmos circatrigantun – mês: ciclo reprodutivo; ritmos circanual – ano: procriação em ungulados. controle da produção hormonal, feedback ou retro-alimentação: são a raiz da maioria dos controles em fisiologia; particularmente proeminente no sistema endócrino; feedback negativo é o mais proeminente. HORMÔNIOS: Proteínas e polipeptídeo: hormônios secretados pela hipófise, pâncreas (insulina e glucagon), paratireoide (PTH) e muitas outras glândulas. o Insulina, glucagon, PTH e GH; o Produzidos no R.E.; o Armazenados e liberados por vesículas após estimulo pelo Ca++; o Hidrossolúveis. Esteroides: hormônios secretados pelo córtex adrenal (cortisol e aldosterona), ovários (estrogênio e progesterona), testículo (testosterona) e placenta (estrogênio e progesterona). o Aldosterona, cortisol e hormônios sexuais; o Produzidos a partir do colesterol (lipossolúveis); o Liberados conforme demanda-produção (não há armazenamento); o Agem no núcleo da célula, por isso possuem efeito retardado. Derivados do a.a. tirosina: hormônios secretados pela tireoide (tiroxina e triiodotiroxina) e medula adrenal (adrenalina e noradrenalina). o Produzidos pela tireoide e pela medula adrenal; o Os hormônios tireidianos (T3 e T4) são produzidos e conjugados com a tireoglobulina, sendo, depois, armazenados em folículos e liberados pela sua clivagem da tireoglobulina; o Os hormônios da medula adrenal, assim como os proteicos, são produzidos e armazenados em vesículas e liberados por exocitose. SECREÇÃO, TRANSPORTE E ELIMINAÇÃO DEGRADAÇÃO: Metabolismo dos tecidos; Ligação aos tecidos alvos; Eliminação hepática; Eliminação renal. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 2 - varia, então, dependendo da: Função renal (insulina – IRC – diminui demanda de insulina); Função hepática (estradiol – cirrose – ginecomastia); Além das taxas de ligação proteica do hormônio ( T4: 99% ligado a proteínas, meia- vida de 7 dias). SECREÇÃO: podem ser secretados constantemente (TSH) ou em picos (GH, LH, FSH), o que repercute no momento de coleta de exames laboratoriais. Podem ter ritmos pulsáteis, com influências sazonais, envelhecimento, ciclo circadiano e alimentação. ACTH e cortisol: pico pela manhã e diminui progressivamente ao longo do dia, por isso que a coleta isolada não tem muita utilidade; GH: pico durante o sono REM; FSH e LH: pico mensal (menstruação) e dependem dos pulsos de GnRH. TRANSPORTE Hidrossolúveis (peptídeos e catecolaminas): circulam dissolvidos no plasma e na maioria das vezes não estão ligados a proteínas plasmáticas (exceto GH, IGF1). Lipossolúveis (esteroides e tireoidianos): circulam ligados a proteínas, o que regula o acesso aos tecidos e serve também como forma de reserva. EFEITO HORMONAL: as catecolaminas e peptídeos logo que são liberados exercem o seu efeito, já os esteroides e a tiroxina necessitam de tempo para exercer seu efeito total (semanas a meses), pois precisam entrar no núcleo e alterar a transcrição de proteínas. FATORES AMBIENTAIS: Luz: fator ambiental que ajusta o relógio endógeno. Através do trato retino-hipotalâmico gera impulsos circadianos no núcleo supra- quiasmático do hipotálamo; Sono: interfere na Pulsatividade hormonal (70% do GH é secretado durante a fase de sono REM); Estresse: físico e emocional; Inflamação. HORMÔNIOS: ACTH = adrenocorticotrofina – estimulado pelo CRH e age nas adrenais, estimulando produção de cortisol pelo córtex; GnRH = hormônio liberador de gonadotrofina – age em hormônios que vão atuar nas gônadas; LH = hormônio luteinizante: o Homem: atua nas células de Leidig/ intersticiais, produzindo testosterona; o Mulher: estimula a ovulação e a formação do corpo lúteo; FSH = hormônio folículo estimulante: o Homem: estimula a espermatogênese nos túbulos seminíferos; o Mulher: estimula o folículo ovariano, maturação do ovário; GHRH – growth hormone releasing hormone; GH – hormônio do crescimento; TRH – hormônio liberador da tireotrofina; TSH – hormônio estimulador da tireoide; PRL – prolactina, único inibido pelo hipotálamo; CRH – hormônio liberador da corticotrofina. FEEDBACK + E – * f- = hipotálamo produz CRN hipófise anterior libera ACTH adrenais liberam cortisol cortisol faz o f-; * f+ = aumento do estradiol faz aumento LH um pico de LH induzido pelo aumento progressivo de estradiol no ciclo menstrual. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 3 DIABETES MELLITUS O diabete mellitus é um grupo de doenças metabólicas, com etiologias diversas, caracterizados por hiperglicemia, que resulta de uma deficiente secreção de insulina pelas células beta, resistência periférica à ação da insulina, ou ambas. MAGNITUDE DO PROBLEMA Principal causa de amputações de membros inferiores; Principal causa de cegueira adquirida; Cerca de 26% dos pacientes em programas de diálise; 6ª causa mais frequente de internação hospitalar: o 30-50% das causas de cardiopatia isquêmica, IC, AVE, e HA; o 30% dos pacientes em unidades coronárias intensivas com dor precordial. TIPOS: Diabetes mellitus tipo 1/dependente de insulina (DMID) responde a 5-10% dos casos e é causada pela ausência da secreção de insulina. Destruição das células beta. Autoimune, tipo 1A: ICA, AAI e GAD; Idiopática, tipo 1B. Diabetes mellitus tipo 2/não dependente de insulina (DMNID) responde a 90-95% dos casos e é inicialmente causada pela diminuição da sensibilidade dos tecidos alvo à ação da insulina. Essa sensibilidade reduzida à insulina é frequentemente chamada de resistência insulínica. O efeito básico de ambos os tipos é o impedimento da captação eficiente e da utilização da glicose pela maioria das células – exceto as do cérebro. Como resultado, a glicemia aumenta, a utilização celular de glicose cai ainda mais e a utilização de proteínas e lipídeos aumenta ainda mais. EXAMES PARA DIAGNÓSTICO: Glicemia em jejum: o Normal: até 100mg/dl; o Alterada: 100-126mg/dl; o Hiperglicemia: DM>=126mg/dl. Teste de tolerância à glicose: o TTG-75g (glicemia basal e 2hrs após ingesta); o Glicemia de 2hrs: Normal: <140mg/dl Intolerantes a glicose: 140- 200mg/dl; DM: >200mg/dl. HbA1c. *o teste de tolerância à glicose (TTG-75g): Período de jejum entre 8hrs; Ingestão de pelo menos 150g de glicose nos três diasanteriores à realização do teste; Atividade física normal; Comunicar a presença de infecções, ingestão de medicamentos ou inatividade; Utilizar 1,75g de glicose por kg (peso máximo de 57kg). FATORES DE RISCO: 1. Obesidade; 2. Dislipidemia-HDL baixo e triglicerídeos elevados; 3. Hipertensão arterial; 4. Doença cardiovascular; 5. Antecedente familiar de diabetes; 6. Diabetes gestacional prévio, macrossomia e abortos de repetição. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 4 se resultado normal, repetir em 3 anos ou mais frequentemente conforme avaliação. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: Tem muita fome (polifagia); Na diabetes tipo 1 ou tipo 2 descontrolado: perda de peso; Na diabetes tipo 2: ganho de peso; Urina muito (poliúria) – urina doce; Desânimo, fraqueza, cansaço físico; Muita sede – polidipsia; Lesões nas pernas ou nos pés de difícil cicatrização; Infecções frequentes (pele, urina e genitais); Alterações visuais. INDICAÇÕES DE TOTG: Glicemia em jejum: 100-125mg/dl; Glicemia normal, mas com pelo menos dois fatores de risco; Diabetes gestacional prévio, com glicemia de normal jejum. QUEM E QUANDO INVESTIGAR DM? Adultos > 45 anos; Adultos < 45 anos com a presença de fatores de risco. CATEGORIAS (EM mg/dl) JEJUM (8HRS) 2HRS APÓS 75G DE GLICOSE CASUAL Normal <100 <140 - Glicemia de jejum alterada 100-126 - - Tolerância a glicose diminuída <126 140-200 - Diabetes >126* >200 >200** *necessita confirmação **com sintomas MÉTODOS LABORATORIAIS ÚTEIS NA CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE DIABETES Medidas dos auto-anticorpos: o Anticorpo anti-ilhotas = ICA; o Anticorpo anti-insulina = IAA; o Anti-desidrogenase do ácido glutâmico (GAD). Avaliação da reserva pancreática de insulina: o Medida do peptídeo C; o Medida da insulina após estímulo da glicose. DIABETES MELLITUS TIPO 1 (DIABETES INSULINODEPENDENTE/JUVENIL) Causado por deficiência absoluta de insulina, consequente à destruição autoimune ou, bem mais raramente, idiopática das células beta pancreática. Normalmente, IMC normal; Pacientes possuem tendência à cetose e a invariável necessidade de insulinoterapia; A CAD como manifestação inicial em até: o 30% dos casos em adultos; o 65% das crianças. DM1 AUTOIMUNE 5-10% de todos os casos de diabetes; Predomínio em crianças e adolescentes (podendo vir em qualquer idade); Nas últimas décadas, tem aumentado de forma significativa o número de casos em diversos países, sobretudo em crianças < 5 anos; 12/100.000/ano em Passo Fundo. PATOGÊNESE Acredita-se: agressão das células betas por fator ambiental em indivíduos geneticamente suscetíveis destruição das células beta deficiência insulínica. Na maioria dos casos, a agressão inicial das células beta ocorre indiretamente, ou seja, anticorpos produzidos contra antígenos virais acabam lesionando as células betas devido ao mimetismo FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 5 molecular entre antígenos virais e antígenos dessas células. A hiperglicemia permanente se manifesta quando 90% das células são destruídas. Alguns anticorpos foram identificados como marcadores da destruição autoimune da célula beta. Os principais são: o Anticorpos anti-ilhotas (ICA) e anti- insulina (IAA); o Anticorpos antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD); o Anticorpos para as tirosinofosfatases IA-2 e IA-2b. Eles geralmente precedem a hiperglicemia por meses a anos (estágio pré-diabético), e um ou mais estão presentes em 85-90% dos pacientes da ocasião do diagnóstico. O desenvolvimento do DM1A é dividido em 4 fases: Pré-clínica, com suscetibilidade genética e autoimunidade contra a célula beta; Início clínico do diabetes; Remissão transitória (período de “lua de mel”); Diabetes estabelecido associado a complicações agudas e crônicas. DM1 IDIOPÁTICO/DM1B- 4-7% dos pacientes com DM1 recém- diagnosticado e inclui pacientes com deficiência absoluta de insulina e que não são imunomediados. Cursam com CAD e apresentam diferentes graus de deficiência de insuline entre os episódios. Maioria, até agora, de ascendência africana ou asiática. Apesar de idiopática, mutações no gene da insulina podem ocasionalmente ser encontradas em crianças e jovens com DM1B. DIABETES AUTOIMUNE LATENTE EM ADULTOS (LADA) Trata-se de uma forma de diabetes autoimune em que a velocidade da destruição das células beta pancreáticas é mais lenta do que a habitualmente observada no DM1. Os critérios diagnósticos do LADA incluem: 1. Idade no diagnóstico entre 25 e 65 anos; 2. Ausência de CAD ou hiperglicemia acentuada sintomática no diagnóstico ou imediatamente após, sem necessidade de insulina por pelo menos 6-12 meses (diferenciando-se do DM1 do adulto); 3. Existência de autoanticorpos, especialmente anti-GAD (diferenciando-se do DM2). Comparados nos casos de DM2, pacientes com LADA tendem a ser mais jovens, têm IMC mais baixo, menor prevalência de componentes da síndrome metabólica e necessitam mais precocemente de insulinoterapia. No entanto, existe uma grande superposição nesses achados. Além disso, pacientes com LADA apresentam maior prevalência de outros anticorpos: anti-TPO, anti-21-hidroxilase e anticorpos associados à doença celíaca. DIABETES MELLITUS TIPO 2 Tem ocorrido aumento dramático e quase exponencial na incidência em crianças e adolescentes. Chegando a quase 10 vezes na última década. Aproximadamente 70-90% dos pacientes com DM2 têm também a Síndrome Metabólica. O Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico é a complicação aguda clássica, com elevada mortalidade. A CAD ocorre raramente; e quando surge, geralmente o faz em associação com o estresse de alguma doença FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 6 associada, como uma infecção grave. Nos últimos anos, houve exponencial aumento de CAD em DM2. PATOGÊNESE Principais mecanismos fisiopatológicos: 1. Resistência periférica à ação insulínica nos adipócitos e, principalmente, no músculo esquelético; 2. Secreção deficiente de insulina; 3. Aumento da produção hepática de glicose, resultante da resistência insulínica no fígado. Há, também, outros fatores que acompanham: Adipócito (lipólise acelerada); TGI (deficiência/resistência incretínica); Células alfa pancreáticas (hiperglucagonemia); Rim (reabsorção aumentada de glicose pelos túbulos renais); Cérebro (resistência insulínica). 3+5 acima: octeto ominoso ou nefasto PRINCIPAIS FATORES DE RISCO: 1. Obesidade; 2. História familiar de diabetes; 3. Raça/etnia (negros, hispânicos, índios Pima, indivíduos oriundos de ilhas do Pacífico etc); 4. Idade (a partir dos 45 anos); 5. Diagnóstico prévio de intolerância à glicose; 6. Hipertensão arterial; 7. Dislipidemia (HDL-c < 35 mg/dl e/ou triglicerídeos > 250 mg/dl); 8. História de diabetes mellitus gestacional ou macrossomia fetal; 9. Tabagismo. OBS: de acordo com alguns estudos, quanto maior o consumo de café, menor o risco para diabetes mellitus tipo 2. Crianças que nascem pequenas para a idade gestacional têm risco aumentado de desenvolver, na vida adulta, SM e DM2. A desnutrição intrauterina faz com que ocorram no feto alterações metabólicas que vão modificar os mecanismos reguladoresda tolerância a carboidratos, aumentando a disponibilidade de nutrientes com benefício a curto prazo. No entanto, essas adaptações metabólicas poupadoras de glicose ficariam programadas permanentemente e persistiriam por toda a vida, levando a um aumento na resistência insulínica. Essa hipótese tem sido chamada de fenótipo econômico. Também têm risco aumentado para futuro desenvolvimento de DM 2 crianças nascidas de gestações em que tenha ocorrido o diabetes gestacional. DEFEITOS GENÉTICOS DA FUNÇÃO DA CÉLULA BETA Diabetes tipo MODY: maturity onset diabetes of the young é definido como um diabetes familiar com idade de diagnóstico precoce (infância, adolescência ou adultos jovens) e modo de transmissão autossômico dominante (revelado pela presença de três gerações da mesma linhagem afetadas), associadas a defeitos na secreção de insulina. Geralmente antes dos 25 anos. OUTROS TIPOS ESPECÍFICOS: Investigation of secondary causes of hypertension: primary aldosteronism and renal artery stenosis. Monitoring of CAH and mineralocorticoid supplementation in Addison’s Disease. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 7 MANEJO INICIAL DO DIABETES Ou seja, as metas laboratoriais para TTO do DM2 busca a diminuição dos níveis de HbAc1 e glicemia em jejum, pré e pós prandial. O que se percebe na tabela acima é que a meta para hemoglobina glicada encontra-se ainda acima do valor de referência para quando se diagnostica a DM. A explicação para isso é que em muitos casos (em decorrência da idade do paciente ou de doenças concomitantes) o tempo de expectativa de vida para o paciente é inferior ao tempo necessário para que uma HbAc1 um pouco elevada possa ser um risco importante. Assim, não teria porque diminuir a qualidade de vida do paciente para atingir valores mais baixos se há a quase certeza que não trará benefícios no longo prazo. Obviamente baixar mais seria o ideal, mas chegando aos valores acima mencionados já é uma conquista importante do paciente e do médico. Num plano ideal, o paciente diabético recém- diagnosticado faria o HGT nessa frequência para que possa-se ver a glicemia ao longo do dia; onde pode haver picos de concentração ou uma certa quantidade “basal” durante o período. O teste matinal é importante para ver se há hiperglicemia, pois a alta concentração glicêmica no período da manhã deve ser o primeiro aspecto da doença a ser corrigido. Nesse sentido, a hiperglicemia matinal pode estar sendo causada tanto pelo DM tipo 1, quanto pelo DM tipo 2; e o HGT as 3 horas da manhã serve para examinar a existência de um pico de insulina que ocorre nesse horário. Na ausência desse pico, sabe-se que o paciente é portador de DM1; caso contrário, DM2. TRATAMENTO: modificação do estilo de vida (primeira ação a ser tomada) associado a: metformina em monoterapia, metformina em terapia combinada com um segundo agente anti-hiperglicemiantes, insulinoterapia parcial ou intensiva – conforme o caso. Primeiro fármaco a ser utilizado é quase sempre a metformina. EHH é outro esquema. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 8 Se a metformina não for o suficiente, usar segundo fármaco junto: agonistas do GLP-1, inibidores do SSTL- 2, inibidores da DPP-IV, pioglitazona, glinidas ou sulfonilureias. Todos com a mesma eficiência, mas dependendo do paciente determinado medicamento será melhor tendo em vista os efeitos colaterais. HIPOGLICEMIANTES: sulfonilureias e glinidas/metglinidas; ANTI-HIPERGLICEMIANTE: acarbose, metformina, tiazolidimediona ou glutazona; ESTIMULAM SECREÇÃO DE INSULINA GLICOSE- DEPENDENTE E SUPRIME GLUCAGON: inibidores da DPP-4 (gliptinas), análogos do GLP 1 e miméticos do GLP 1; PROMOVEM GLICOSÚRIA: inibidores da SLGT2. 1. Metfomina: sensibilizador da insulina do grupo da biguanidas, predomínio de ação hepática, em que reduz a gliconeogênese, e aumento da sensibilidade de tecidos periféricos à insulina. 2. Sulfonilureias: estimula a secreção de insulina ganho de peso, hipoglicemia, urticária. 3. Glinidas: aumenta a secreção de insulina, mas mais rápida que a sulfonilureias. 4. Glitazonas: sensibilizador da insulina nos músculos e tecido adiposo. Contraindicado em insuficiência cardíaca. Aumenta a absorção de agua e sódio nos túbulos renais. 5. Acarbose: retarda a absorção de carboidratos = diminui glicemia pós-prandial. Dá peido demais djaabo!! 6. Inibidores do DDP4: potencializa o efeito incretínico, aumenta secreção de insulina e reduz a secreção de glucagon após as refeições. 7. Inibidores SGL T2: aumentam a secreção urinária de glicose. 8. Análogos GLP 1: aumenta a secreção de insulina e reduz a de glucagon após refeições, inibição do apetite e retardo do esvaziamento gástrico. Atuam predominantemente na redução da glicemia pós-prandial: glinidas, acarbose, inibidores DPP4. EFEITO SOMOGYI: insulina antes de dormir de longa duração, lá pelas 3hrs da manhã ele faz hipoglicemia, mas acorda com hiperglicemia. Reduzir a dose. FENÔMENO DO ALVORECER: hiperglicemia matinal (fisiológico) aumento do GH causa a hiperglicemia aumentar insulina ou começar a dar. INSULINIZAÇÃO Insulinas de ações rápidas, regular e lentas. Rápidas: para as refeições, evitar hipoglicemia; Regular: meia ou uma hora antes, evitar hipoglicemia em caso de “demora da refeição”; Lentas: para manter a concentração basal durante o dia. REGIME 1: Glicemia matinal é a primeira coisa que deve-se tentar controlar insulina lentas antes de dormir ( 10UI ou 0,2 UI/Kg). Ajustes na dose até atingir o alvo terapêutico, controle da HbAc1. Adicionar insulinas de ação rápida às refeições. *Conforme ter algum pico em determinados horários, controlar. REGIME 2: controlar primeiro a dose diária total de insulina. Dose diária inicial = peso (kg)/2, e dividir a FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 9 dose total calculada em 4 injeções iguais: ½ basal e ½ regular. METAS DM 1: antes da refeições 90-130mg/dl; antes de dormir 90-150mg/dl e HbAc1 < 7,5%. *Dose inicial: 0,3-0,5 U/Kg/dia. *a meta de HbAc1 < 7% (igual a dos adultos) pode ser almejada se for razoável obtê-la sem causar um excesso de hipoglicemia. COMPLICAÇÕES AGUDAS DO DM Conceitos introdutórios: Metabolismo intermediário: conjunto de reações bioquímicas de degradação (catabolismo) e síntese (anabolismo) de macrolmoléculas; Hormônio anabólico: insulina; Hormônio catabólicos: glucagon, adrenalina, cortisol, GH. 1. Hipoglicemia; 2. Cetoacidose diabética; 3. Estado hiperosmolar hiperglicêmico; 4. Cetoacidose alcoólica, HIPOGLICEMIA DEFINIÇÃO: glicemia < 70mg/dl. Glicemia Mecanismo fisiológico em pessoas sem DM < 85 mg/dl Redução da secreção de insulina < 70 mg/dl Aumento dos hormônio contrarreguladores < 55 mg/dl Aparecimento dos sintomas < 35 mg/dl Disfunção cognitiva e coma Controle glicêmico ruim – sintomas com glicemia maior; Ótimo controle – sintomas com glicemia extremamente baixa. CLASSIFICAÇÃO DAS HIPOGLICEMIAS Hipoglicemia grave: requer assistência de outra pessoa para administração de carboidratos, glucagon, etc. Implica neuroglicopenia suficiente para induzir convulsão, alteração do comportamento ou coma. Hipoglicemia sintomática documentada: sintomas e glicemia < 70 mg/dl. Hipoglicemia assintomática:sem sintomas e glicemia < 70 mg/dl. Hipoglicemia sintomática provável: sintomas sem confirmação da glicemia. Hipoglicemia relativa: sintomas de hipoglicemia com glicemia > 70 mg/dl. Ocorre em pacientes com controle glicêmico ruim quando há uma queda brusca da glicemia. FATORES DE RISCO PARA HIPOGLICEMIA: omissão ou atraso das refeições, sobredose de insulina ou hipoglicemia oral, excesso de álcool, exercícios prolongados e não programados, uso de drogas que prejudicam o reconhecimento da hipoglicemia, insuficiência renal e suprarrenal. QUADRO CLÍNICO: Excesso de adrenalina sudorese, tremor, taquicardia, ansiedade e fome. Disfunção do SNC por deficiência de glicose cefaleia, vertigem, mal estar, escurecimento da visão, confusão mental, convulsão e coma. Conduta em casos graves: 1. Coleta de sangue para avaliação da glicemia. 2. Glicose EV (50 a 100ml de glicose a 50%); 3. Quando associada a etilismo crônico ou desnutrição, antes da glicose administra-se 100mg de tiamina (prevenção de encefalopatia de Wernicke); 4. Extra-hospitalar: glucagon IM ou SC. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 10 CETOACIDOSE DIABÉTICA Complicação mais grave do DM1; Principal causa de óbito em diabéticos em menos de 24 anos; Achados clínicos: hiperglicemia, cetonemia, e acidose metabólica com ânion gap elevado por acumulo de cetoânions; No DM2 é rara, geralmente surgindo em condições de estresse, como a sepse. FATORES DESENCDEANTES 1. 25% têm CAD como manifestações inicial do DM1; 2. Infecção 40%; 3. Abuso de bebidas alcoólicas; 4. Omissão ou doses inadequadamente baixa de insulina; 5. Gestação; 6. IAM. FISIOPATOLOGIA DA CAD *LIPOLISE ácidos graxos --(fígado)--> ac. Acetoacético, ac. B-hidroxibutirico e cetona. DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS Acidemia: a produção de cetoácidos decorrente da lipólise excessiva é do tipo ânion gap aumentado, devido ao acumulo dos cetoânions. Na evolução pode ocorrer acidose hiperclorêmica (AG normal) e acidose lática por hipoperfusão tecidual (AG aumentado). DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICO A elevação da osmolaridade provoca a saída de fluido do intra para o extracelular, carreando eletrólitos como potássio, cloro e fosfato. Apesar de grande perda urinária (diurese osmótica) e grave espoliação corporal, os níveis séricos de potássio e fosfato permanecem normais ou elevados por 3 razões: 1. A depleção de insulina predispõe à saída de K e fosfato das células; 2. A hiperosmolaridade extrai água e potássio das células; 3. A acidemia promove a entrada de H+ nas células em troca da saída de potássio. QUADRO CLÍNICO SINAIS E SINTOMAS: poliúria, polidipsia, perda ponderal, náuseas, vômitos, dor abdominal, sonolência, torpor, coma. EXAME FÍSICO: taquicardia, hiperpneia, respiração de Kussmaul, desidratação, hálito cetônico, pele seca e fria, agitação, fáceis hiperemiada, PA normal até choque. INVETIGAÇÃO: glicemia, fósforo, ureia, creatinina, cetonemia, eletrólitos, análise urinária, cetonúria, gasometria, hemograma, ECG, CKMB, RX de tórax, cultura. DIAGNÓSTICO: hiperglicemia, acidose metabólica, cetonemia, cetonúria significativa, ânion gap aumentado. CONDUTA CAD 1. Reposição volêmica vigorosa: SF a 0,9%, 15- 20ml/kg na primeira hora. Se sódio corrigido estiver normal ou elevado > 150mEq/L, deve-se FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 11 dubstituir por solução salina a 0,45%, 4-14ml/kg/h (200 a 800ml/h); 2. Quando a glicemia atinge 150mg/dl, a reposição de fluidos deve ser feita com solução glicosilada a 5% com NaCl a 0,45% para prevenção de hipoglicemia e edema cerebral (150-250 ml/h, mantendo glicemia entre 150-200mg/dl); 3. Segundo a ADA, somente adultos com pH < 6,9 devem receber reposição de bicarbonato. Dose 100 mEq/l de bicarbonato de sódio, diluído em 400ml de água destilada com 20 mEq/l de KCl ( se K<5,3) IV em 2 horas. 4. Distúrbios eletrolíticos: acidose e hiperosmolaridade elevam K plasmático, apesar da importante depleção corporal total. a. Reposição de potássio: i. Se < 3,3 mEq/l 40 mEq de potássio; ii. Se > 3,3 mEq/l e < 5 mEq/l 20-30 mEq de potássio por soro; iii. Se > mEq/l não administrar potássio, chegar a cada duas horas. 5. Insulinoterapia: a. Só iniciar insulina se k > 3,3 mEq/l; b. Dose de ataque: insulina 0,1 a 0,15 U/kg; c. Infusão contínua de 0,1 U/Kg/h (objetivo queda de 50-75 mg/dl/h)(manter até fim de cetonúria ou pH e bica normais); d. Quando glicemia atingir valores < 200-250 mg/dl, a infusão deve ser reduzida para 0,02-0,05 U/Kg/h e SG 5% deve ser iniciado; e. Critérios para resolução: pH > 7,3; bicarbonato > 18 mEq/dl; e glicemia < 200 mg/dl. Iniciar dieta e insulina SC (subcutânea). COMLICAÇÕES CAD: Edema cerebral, síndrome do desconforto respiratório agudo, acidose hiperclorêmica, mucormicose (infecção fúngica que começa no nariz e chega ao cérebro), trombose vascular. ESTADO HIPEROSMOLAR HIPERGLICÊMICO – EEH Complicação aguda típica de DM2; Para que ocorra a EHH é necessária a presença de hiperglicemia e ingesta de líquidos inadequadamente baixa. Mais comum em idosos, por diminuição da percepção da sede nessa faixa etária; O fator precipitante mais comum é infeccioso (30- 60% dos casos). FATORES PRECIPITANTES 1. Fatores infecciosos; 2. AVC e IAM; 3. Quadros abdominais que cursem com diarreia ou vômitos; 4. Endocrinopatias (hipertireoidismo, Cushing e Acromegalia); FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 12 5. Fármacos (b-bloqueadores, tiazídicos, Fenitoína, cimentadina, simpaticomiméticos e corticoesteróides); 6. Consumo excessivo de álcool; 7. Diálise peritoneal feita com solução de glicose. Apesar de haver pouca insulina, já é o suficiente para evitar a lipólise. CAD X EHH Em vários aspectos a fisiopatologia do EHH se assemelha à da cetoacidose, distinguindo-se essencialmente pela ausência de acidose com cetonemia. Como no DM2 há insulina circulante, mesmo em baixas quantidades, já é o suficiente para prevenir a lipólise e a cetogênese, mas não a gliconeogênese excessiva. QUADRO CLÍNICO: desidratação progressiva, oligúria, ITU ou IVA, hipotensão, dor abdominal, distenção abdominal, náuseas e vômitos, convulsões focais ou generalizadas, depressão do nível de consciência, com, fenômenos tromboembólicos. DIANÓSTICO: 1. Critérios diagnósticos SBD: 1.1. Glicose plasmática > 600mg/dl; 1.2. Discreta cetonemia; 1.3. HCO3 - > 15; 1.4. Osmolaridade plasmática efetiva > 320 mOsm/kg. 2. Distúrbios ácidos-básicos: acidose metabólica com ânion gap aumentado pode ocorre devido à acidose lática ou urêmica. 3. Alguns pacientes apresentam padrão laboratorial que mescla EHH e CAD, com discreta cetonemia, hiperosmolaridade e acidose moderada. PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO DO EHH Antes de instituir a insulinoterapia, é necessário corrigir o déficit hidroeletrolítico a fim de evitar o agravamento da hipovolemia e o colapso vascular imediato. Como a insulina promove o influxo celular de potássio, a reposição deste eletrólito é fundamental para evitar hipopotassemia aguda grave, que pode ser fatal. O tratamento das comorbidade e dos fatores desencadeantes é simultâneo à correção do déficit hidroeletrolítico. Antibioticoterapia deve ser iniciada FELIPEANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 13 imediatamente após a obtenção de culturas, quando o quadro clínico sugerir infecção. DIFERENÇAS TERAPÊUTICAS: enquanto na cetoacidose a insulinoterapia venosa sem a concomitante correção do déficit hidroeletrolítico é simplesmente ineficaz, no EHH constitui medida extremamente arriscada, podendo levar ao colapso vascular imediato e a hipopotassemia aguda. CONDUTA EHH: A maior sensibilidade à insulina nesse pacientes, o efeito de hemodiluição e o reestabelecimento da diurese levam à rápida queda da glicemia. Nas primeiras 24 horas a glicemia deve ser mantida acima de 250mg/dl para evitar edema cerebral. Velocidade de queda da glicemia não deve ultrapassar 50-70mg/dl/h. A reposição de potássio é a mesma da CAD. Embora a calemia possa estar normal ou elevada pela hiperosmolaridade, acidose metabólica e hipovolemia. Profilaxia com baixas doses de heparina SC é mandatória. Hidratação: o Nas primeiras duas horas: administrar um a dois litros de SF 0,9% mesmo com hipernatremia, pois a concentração da solução é menos do que a sérica, se esta estiver acima de 154mEq/L. o Após duas horas: 6-8 litros nas 12 horas restantes de solução salina a 0,45%. Insulinoterapia: o Infusão venosa contínua: 0,1U/kg/h; o Quando glicose < 300 mg/dl, iniciar SG 5% associado a insulina; o Controle clínico e laboratorial: osmolaridade < 315 mOs/kg e paciente alerta; o Quando o paciente conseguir se alimentar e obter controle clínico laboratorial, inicia-se dieta e insulinoterapia basal associada com múltiplas doses de insulina de ação rápida antes das refeições. DOENÇA CARDIOVASCULAR E DM DM é um fator de risco independente para DCV: o paciente tem até 6x mais riscos, mesmo com todos os outros fatores controlados. Isquemia miorcárdica, cerebrovascular e vascular periférica são as principais complicações macrovasculares relacionadas. ESCORE DE RISCO DE FRAMINGHAM: 20 anos de seguimento com pacientes de 45-74 anos; Pacientes diabéticos têm 20% de chance de ter DCV em 10 anos; Piora do prognóstico para desfechos cardiovasculares, com alta mortalidade em IAM e pós-IAM. ARTIGOS RELACIONADOS: DCCT – diabetes control and complications trial: Compararam controle glicêmico intenso x terapia convencional em 1441 pacientes de 13-39 anos com DM1 há pelo menos 1 ano e menos de 15 anos, com seguimento por 6,5 anos; Micro = 50% de redução das retinopatias; Macro = 41% de redução de complicações macrovasculares, mas não foi significativo porque ocorreu um número pequeno de eventos CV, pois pacientes eram jovens; No DCCT a redução de risco para DCV não foi significativa, mas depois o EDIC conseguiu mostrar uma redução de risco para DCV = 42%. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 14 UKPDS – uniteed kingdom prospective diabetes study: Compararam controle glicêmico intenso x terapia convencional em 3867 pacientes com DM2 recém-diagnosticados, com seguimentos de 10 anos; Micro = melhora dos eventos microvasculares; Macro = tendência de 16% na redução de incidência de IAM, foi considerado insignificativo. UKPDS POST MONITORING: EFEITO LEGADO/ herança = legacy effect: memória metabólica; Quando a coorte foi avaliada 10 anos depois (em 2007): os pacientes que continuaram sendo bem controlados, em 2007, tiveram p=0,014 para IAM, sendo estatisticamente significativo. DM e HAS: AUMENTO DA CHANCE DE TER DCV E DA MORTALIDADE 1. UKPDS 1.1. Controle rigoroso da pressão: 1.1.1. Reduz 24% risco de qualquer desfecho relativo aos diabetes; 1.1.2. Reduz 32% mortes relacionadas ao diabetes; 1.1.3. Reduz 44% ......... DISLEPIDEMIA E DM: AUMENTO DA MORTALIDADE É MAIS SIGNIFICATIVA EM DABÉTICOS DO QUE EM NÃO DIABÉTICOS: no paciente com DM, ocorre uma diminuição do HDL (ocorrendo predileção para DCV), aumento dos triglicerídeos, mas não altera os níveis de LDL (o que ocorre é a transformação para LDLpd, que tem maior capacidade de entrar nas camadas das artérias e causar aterosclerose). METAS LABORATORIAIS: NEFROPATIA DIABÉTICA (GLOMERULOSE DIABÉTICA) É uma glomerulopatia definida por alterações estruturais e funcionais. Acomete o glomérulo; Incidência: 20-40% dos diabéticos: o DM1= 30%; o DM2= 10-20%. Em proporção, é mais recorrente em insulinodependentes, mas em número absolutos, há mais nefropatias decorrente de DM2. A incidência, teoricamente, é igual, mas o tempo manifesto da doença é muito maior em uma doença que na outra. DM1 é geralmente diagnosticada quando criança, ao passo que a DM2 mais à frente. Apresentação: proteinúria manifesta no EQU ou mais de 300mg na urina de 24 horas; FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 15 Assintomáticos, do ponto de vista renal, mesmo com glomerulopatia avançada que leva a DRC terminal em 7 anos; Alguns pacientes podem desenvolver proteinúria na faixa nefrótica (> 3,5g em 24 horas), eventualmente com repercussão clínica (Síndrome nefrótica); Causa mais comum de IRC terminal em países desenvolvidos; Fator de risco para HAS e DCV, aumenta a morbimortalidade. A ND é caracterizada histopatologicamente pelo processo de glomeruloesclerose difusa ou focal (lesão de Kimmestiel-Wilson, mais característica, mas não é a mais comum nem patognomônico), associada à extensão do mesângio e ao espessamento da membrana basal. MARCOS CRONOLÓGICOS (PROCESSO) PROCESSO FISIOPATOLÓGICO Deposição em excesso de proteínas da matriz extracelular nos glomérulos, mediada principalmente pelo TGF-β (fator inflamatório); A hiperglicemia ativa o sistema renina- angiotensina-aldosterona (SRAA), contribuindo para as manifestações da doença (alterações hemodinâmicas, hipertrofia, acúmulo de matriz extracelular, indução de fatores de crescimento); A manifestação é caracterizada por proteinúria, HAS e perda da função renal (Síndrome urêmica); Microalbuminúria: perda das cargas anônimas da membrana glomerular, consequente ao acúmulo de moléculas positivas em seus poros, dependente de hiperglicemia persistente; Após os surgimento de macroalbuminúria (>300mg em 24 horas) ocorre redução gradativa da TFG a uma velocidade média de 12ml/min/ano. ALTERAÇÕES NORMOALBUMINÚRIA <30 mg/dia ou <30mg/gCr; MICROALBUMINÚRIA 30-300/dia ou 30- 300mg/gCr; MACROALBUMINÚRIA > 300mg/dia ou > 300mg/gCr; HIPERTROFIA E HIPERFILTRAÇÃO GLOMERULAR (aumento do tamanho e hiperfunção do órgão) ESPESSAMENTO DA MEMBRANA BASAL GLOMERULAR E EXPANSÃO MESANGIAL MICROALBUMINÚRIA NEFROPATIA MANIFESTA - proteinúria franca IR progressiva RINS EM FASE TERMINAL, SÍNDROME URÊMICA ES TR U TU R A IS expansão do mesângio espessamento da membrana basal do glomérulo esclerose glomerular FU N C IO N A IS hiperfiltração microalbuminuria – fator preditor de alto risco para nefropatia futura macroalbuminúria – segue- se declínio progressivo da TFG FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 16 PROTEÍNA FRANCA > 3500mg/dia. QUANDO SUSPEITAR DE DOENÇA GLOMERULAR PRIMÁRIA: 1. Uremia sem proteinúria; 2. Proteinúria em paciente sem retinopatia (ND e RD apresentavam gravidade compatível); 3. Nefropatia antes de 5 anos de doença, nos casosde DM1, ou após 30 anos do diagnóstico. FATORES DE RISCO: duração da doença, microalbuminúria, mau controle glicêmico, fatores genéticos, tabagismo, hipercolesterolemia, obstrução urinária, HAS, UTI de repetição, uso de drogas nefróticas. Fatores de progressão da microalbuminúria para a Nefropatia manifesta: Hiperglicemia e Hipertensão arterial; Triagem anual (IPC – índice proteína/creatinina); DM1: 5 anos após diagnóstico; DM2: desde o diagnóstico. FATORES QUE AUMENTAM A PROTEINÚRIA: febre, exercício físico, infecções, mau controle glicêmico, ingestão excessiva de proteínas, HAS mau controlada, ICC, litíase renal. INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA Deve ser feita nas fases mais precoces, pois são menos eficazes em fases avançadas; Objetivo: identificação precoce na microalbuminúria ou nefropatia incipiente (30- 300mg em 24 horas); IPC: relação albumina; creatinina em amostra isolada. Positivo quando > 30mg/g. TRATAMENTO Controle glicêmico rígido (não tem efeito depois de instalada a proteinúria franca, porém não tem efeito depois de instalada a proteinúria manifesta); Controle da HAS (I-ECA ou ARA-II) (além de reduzir a progressão da microalbuminúria para proteinúria, também reduz a progressão da fase de proteinúria franca para IR); UKPDS: para cada 10mmHg de queda da PA sistólica média, houve redução de 13% do risco de complicações microvasculares; Controle da dislepidemia (LDL<100). I-ECA E BRA Reduzem a pressão de filtração glomerular por dilatação da arteríola eferente (onde a angiotensina tem efeito vasoconstritor); Com o uso do captopril foi observada redução de 50% na mortalidade e na necessidade de diálise e transplante em DM1; O efeito nefroprotetor dos I-ECA não é dependente de sua capacidade hipotensora, podendo estar presente mesmo em indivíduos normotensos (usar em todos com microalbuminúria ou proteinúria); Em pacientes com estenose bilateral da artéria renal ou em renais crônicos com creatinina > 3, podem PA ALVO: ADA < 140X80mmHg VIII Joint (lixo) < 140x90mmHg VII DB HAS (2016) < 130x80mmHg FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 17 levar à IRA pré-renal ou promover hiperpotassemia (monitorar escorias nitrogenadas e potássio). INSUFICIÊNCIA RENAL a. Creatinina plasmática > 1,5mg/dl; b. Progressão para rins terminais em 3-5 anos; c. Cuidar hipoglicemia (excreção renal da insulina prejudicada); d. Diálise quando Creatinina > 6,0mg/dl (Clearence Cr < 25ml/min); e. Transplante renal (transplante combinado pâncreas-rim); f. Encaminhar ao nefro quando a TFG < 70ml/min e/ou creatinina > 2mg/dl (ADA), ou se houver dificuldade no manejo da HAS e hipercalemia. DIALISE PERITONEAL: VANTAGENS: melhor controle da glicemia, menor incidência da hipotensão, não necessita acesso vascular, mantém hematócrito mais elevado, preserva a função renal residual, pode ser realizada em casa. DESVATAGENS: risco de infecção (peritonite), dislipidemia, desnutrição, anorexia. *pacientes diabéticos em diálise apresentam menor sobrevida que os demais portadores de DRC por outras etologias. NEUROPATIA DIABÉTICA As neuropatias diabéticas periféricas (NDP) constituem um grupo de distúrbios heterogêneos definidos como “presença de sintomas e/ou sinais de disfunção de nervos periféricos em indivíduos com DM, após a exclusão de outras causas”. A ausência de sintomas não refuta as NDP (50% dos casos). Há interferência nas atividades diárias, associações a desfechos cardiovasculares, dores e parestesias/ distesias, úlceras e amputações em MI e transtornos psiquiátricos, sobretudo depressão. Ambos os tipos de DM são afetados, com comprometimento de 50% dos pacientes com DM2 ao longo da vida. A forma mais comum das NDP (90%) é a polineuropatia sensitivomotora crônica (PNSMC, simétrica distal), por esse motivo denominada polineuropatia diabética (PND) ou neuropatia diabética periférica. Seguem-se a PND dolorosa (PNDD) – 16-34% dos casos – e as neuropatias autonômicas diabéticas (NAD), as quais resultam em comprometimento retiniano, cardiovascular, gastrintestinal, geniturinário e MI. Fatores de risco incluem: duração da doença, controle glicêmico inadequado e associação com tabagismo, dislipidemia e HAS. CLASSIFICAÇÃO 1) Neuropatia sensivomotora: a) Polineuropatia distal simétrica; b) Neuropatia focal; c) Amiotrofia diabética. 2) Neuropatia autonômica: a) Cardiovascular; b) Gastrointestinal; c) Geniturinária; d) Diversos. DIAGNÓSTICO QUADRO CLÍNICO: fraqueza muscular, claudicação, perda de sensibilidade, dor, queimação , vômitos, diarreia, incontinência urinária e disfunção sexual. EXAME FÍSICO: sensibilidade e integridade da pele, pulsos periféricos, sinais vitais. COMPLEMENTARES: RM, estudos de condução nervosa, ultrassom, EDA/B. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 18 EXAME FÍSICO Inspeção: alterações da cor da pele, temperatura ou alterações tróficas; Avaliação dos pulsos , ITB; Testes: o Limiar para percepção tátil / vibratória / térmica com o uso de monofilamentos e diapasão; o Sensibilidade dolorosa com agulha; o Reflexo do tendão de Aquiles. POLINEUROPATIA DISTAL SIMÉTRICA Mais comum das neuropatias diabéticas; Lesão de fibras axonais A (sensibilidade vibratória e proprioceptiva) e fibras C (sensibilidade térmica/tátil/dolorosa); Essencialmente sensitiva; Insidiosa; Padrão em luva-botas; Sintomas: o Sensitivos: dor neuropática, parestesias, hipoestesia, hiperestesia, disestesia, câimbras... o Motoras: fraqueza muscular, atrofia, marcha atáxia, distúrbios de equilíbrio. TODO PACIENTE COM DM DEVE SER INVESTIGADO: No diagnóstico (DM2), ou após 5 anos do diagnóstico (DM1); Após, revisar no mínimo anualmente através de testes clínicos. COMPLICAÇÕES: úlceras, artropatia de Charcot, deslocamentos e fraturas de estresse, amputação. *neuropatia periférica com perda da sensibilidade protetora, alteração das unhas, alteração na biomecânica, evidência de aumento na pressão (calos), doença vascular periférica, história de úlceras e amputações. TRATAMENTO Controle glicêmico; Cuidados com os pés; Controle da dor. o Exame: Anual em todos os pacientes; Pacientes com neuropatia: inspeção dos pés em cada visita médica o Orientações: Utilizar loções/cremes para evitar que a pele torne-se ressecada e com rachaduras; Cuidados com calos; Cortas unhas dos pés semanalmente; Sempre utilizar sapatos confortáveis e com meias; Comunicar ao médico sempre que algum problema maior ocorre em seus pés. o Antidepressivos tricíclicos, ISRS (duloxetina), cremes tópicos, anticonvulsionantes. NEUROPATIA AUTONÔMICA Afeta as fibras nervosas que controlam a função de órgãos ou sistemas; Pode ser classificada como clínica ou subclínica baseado na presença ou não de sintomas; SNA periférico, geniturinário, gastrointestinal, cardiovascular. DISFUNÇÃO AUTONÔMICA PERIFÉRICA Sinais e sintomas: o Artropatia neuropática (Charcot); o Prurido, pulsação, câimbras, pele seca, edema, alteração da sudorese; o Enfraquecimento dos osso com propensão a fraturas. Testes: o Avaliação da condução nas fibras C pós- ganglionares; o Avaliação vascular periféricas. TRATAMENTO: o Cuidado com os pés (elevação);o Remoção de drogas agravantes; o Redução do edema – diuréticos; o Meias compressivas; o Pesquisar DAC. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 19 NEUROPATIA AUTONÔMICAGENITURINÁRIA SINAIS E SINTOMAS TRATAMENTO disfunção na bexiga estimulação para urinar e/ou cateterismo ejaculação retrógrada anti-histamínicos disfunção erétil sildenafil dispareunia lubrificantes e estrogênio tópico NEUROPATIA AUTONÔMICA GASTROINTESTINAL Sinais e sintomas: Gastroparesia: anorexia, náuseas, vômitos e saciedade precoce; Enteropatia diabética: diarreia e/ou constipação. Tratamento: Descartar outras causas de gastroparesia ou enteropatia; Gastroparesia – refeições pequenas e frequentes, metoclopramida; Enteropatia – reeducação alimentar, loperamida. NEUROPATIA AUTONÔMICA CARDIOVASCULAR Sinais e sintomas: Intolerância ao exercício; Taquicardia em repouso; Hipotensão postural; Isquemia silenciosa do miocárdio – equivalentes anginosos. Tratamento: Remover drogas agravantes; Mudanças em relação a postura; Acompanhamento para DAC. POLIRRADICULOPATIA Polirradiculopatia lombar (amiotrofia diabética): Dor na coxa acompanhada de fraqueza e atrofia muscular; Polirradiculopatia torácica: Dor severa em um ou ambos os lados do abdômen com um padrão em faixa. Caquexia neuropática diabética: Polirradiculopatia + neuropatia periférica; Associada com perda de peso e depressão. DIAGNÓSTICO: eletroneuromiografia; TRATAMENTO: Controle glicêmico; Alivio da dor; Cuidado com os pés. MONONEUROPATIA Mononeuropatia periférica: Dano em um único nervo devido a isquemia ou compressão; Acometimento mais comum: nervo mediano (síndrome do túnel do carpo), radial (punho caído), ulnar, fibular... Adormecimento, edema, dor, queimação. Mononeuropatia craniana: Afeta um dos 12 pares cranianos; Mais comum: oculomotor e facial. Mononeuropatia múltipla: Acometimento de nervos aleatoriamente. TRATAMENTO: as mononeuropatias costumam ser autolimitadas conforme o controle glicêmico: Controle glicêmico; Alívio da dor; Cuidados com os pés na mononeuropatia periférica. RETINOPATIA DIABÉTICA Primeira causa de cegueira no ocidente; Incidência crescente: 8000-10000 novos casos/ano de cegueira por RD nos EUA; Exame do fundo do olho é uma janela à macrocirculação: IAM e AVC. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 20 FATORES DE AGRAVAMENTO: 1. Tempo de doença – investigação; 2. Controle glicêmico; 3. HAS; 4. Idade; 5. Gravidez; 6. Genética; 7. Doença renal; 8. Dislipidemia; 9. Cirurgia de catarata. Tempo de doença % de RD < 5 anos 0% 5 – 10 anos 27% 10 – 30 anos 71% > 30 anos 90% ETIOPATOGENIA: Glicosilação de proteínas de membranas (meio hiperglicêmico); Perda de pericitos e de células endoteliais; Espessamento da membrana basal. FENÔMENOS CAPILARES Obstrutivos – isquemia; Extravasamento – edema; Dilatação venular; Microaneurisma; Hemorragia – superficiais e profundas; Exsudato – algodonosos e duros; Neovascularização – RD proliferativa ou não proliferativa; Deslocamento da retina; Glaucoma neovascular. Neovascularização Retinopatia diabética não proliferativa Mínima Raros microaneurismas Leve Poucas hemorragias dispersas e microaneurismas Moderada - moderadas hemorragias e microanurismas, exsudatos duros e algodonosos podem estar presentes; - hemorragias intra-retinianas em todos os quadrantes Grave ou muito grave -Veias em rosário em pelo menos dois quadrantes - anormalidade microvasculares intra- retinianas em pelo menos 1 quandrate Retinopatia diabética proliferativa Baixo risco Neovascularização retiniana ou do disco óptico, mas sem atingir características de alto risco Alto risco -Neovasos no disco óptico maior que 1/3 de sua área -hemorragia pré-retiniana ou vítrea acompanhada por neovasos de disco óptico menores do que 1/3 de área de disco ou neovascularização retiniana maior que ½ da área de disco. AVALIAÇÃO Diagnóstico precoce = tratamento oportuno; Ao diagnóstico de DM2, 36% dos pacientes já possuem RD (atraso diagnóstico em média de seis anos); DM1: avaliar com cinco anos de doença; DM2: avaliar ao diagnóstico; Exames: oftalmoscopia direta e indireta, angiofluoresceinografia (estadiamento e diferenciação de achado). TRATAMENTO a. Controle clínico (HAS contribui na progressão, retinopatia mista); b. Laser (fotocoagulação); c. Crioterapia; MORTE DE VASOS E CÉLULAS DILATAÇÃO DE OUTRAS CÉLULAS DOS VASOS PARA COMPENSAR ESTRESSE POR CISALHAMENTO FORMAÇÃO DE ANEURISMAS TURBILHAMENTO DE FLUXO TRANSUDAÇÃO CASCATA DE COAGULAÇÃO TROMBOSE --> PARADA SÚBITA DA CIRCULAÇÃO SANGRAMENTOS E HEMORRAGIAS FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 21 d. Cirurgia de vitrectomia posterior; e. Injeções intravítreas. CEGUEIRA DIABÉTICA É EVITÁVEL E TRATÁVEL: a fundoscopia é parte do exame físico (neuro, cardio e endócrino); é simples, barato e não invasivo em visualizar a microcirculação. TIREOIDE ANATOMIA E HISTOLOGIA Maior glândula endócrina do corpo; Produz os hormônios tireoidianos (T3 e T4), envolvidos com diversos componentes da homeostase (função cerebral, cardiovascular, intestinal, metabolismo celular, produção de calor, etc.); Embriologia: origem no assoalho da faringe primitiva, migrando a partir do forame cego, no assoalho da língua, formando em seu trajeto o ducto tireoglosso, e, por fim, atingindo sua posição na região cervical; Localiza-se no ponto médio entre o ápice da cartilagem tireoide e a fúrcula esternal, “abraçando” a traqueia. Posteriormente, correm os nervos laríngeos recorrentes e encontra-se o esôfago; Formada por dois blocos piriformes ligados por um istmo; Formada histologicamente por uma infinidade de folículos esféricos preenchidos por colóide. CÉLULAS FOLICULARES SÍNTESE, ARMAZENAMENTO E PRODUÇÃO EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-TIREOIDE CICLO DO IODO Ação do TSH: o Efeito trófico; o Estímulo à síntese de T3 e T4; o Estímulo à liberação de T3 e T4. Liberação do TSH de forma pulsátil (2hrs), e ciclo circadiano com pico entre 0hrs e 4hrs. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 22 Dosagem hormonal: 99,96% do T4 e 99,6% do T3 encontram-se conjugados (70% a TBG, 10% TBPA, 15% albumina, 5% a outros). Entretanto, é a parte livre que possui importância fisiológica. Valores de referência: o T4 livre: 0,9 – 2 ng/dl; o T4 total: 5 – 12 ug/dl; o T3 livre: 0,2 – 0,52 ng/dl; o T3 total: 70 – 190 ng/dl; o TSH: 0,5 – 5 uU.ml. A tireoide produz e libera muito mais T4 do que T3, numa proporção de 20:1. No entanto, o T3 é o maior responsável pela atividade fisiológica nos tecidos periféricos. Os hormônios tireoidianos agem no núcleo da célula, ligando-se ao receptor TR. O T3 tem afinidade 15 vezes maior que o T4 com esse receptor. EFEITOS DOS HORMÔNIOS: 1. Desenvolvimento fetal: maturação óssea, crescimento e desenvolvimento cerebral; 2. Metabolismo: aumenta o consumo de oxigênio e produção de calor, ação catabólica no metabolismo da glicose; 3. Cardiovascular: melhora acontratibilidade miocárdica, promove maior débito sistólico e frequência cardíaca; 4. Cerebral: maior rapidez de raciocínio e capacidade de concentração; 5. Outros: centro respiratório, produção de eritropoietina, motilidade da musculatura lisa, degradação do colesterol. HIPERTIREOIDISMO FISIOPATOLOGIA: Anticorpos anti receptor de TSH estimulante (TRAb) ligam-se ao receptor do TSH e promovem hipertrofia glandular, aumento da vascularização da glândula e aumento da produção e secreção dos hormônios da tireoide. Predisposição familiar (15%). Genética, infecções, estresse, gênero, gravidez, iodo, medicamentos e radiação. Associada a outras desordens autoimunes: DM1, doença de Addisson, miastenia gravis, hepatite crônica, anemia perniciosa, AR, LES, S. de Sjogren e vitiligo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: SINTOMAS: ansiedade, polifagia, emagrecimento, sudorese, hiperatividade, labilidade emocional, palpitação, intolerância ao calor, insônia, fadiga, cefaleia. SINAIS: bócio, taquicardia, HAS sistólica, hipertensão, exoftalmia, tremor, frêmito de tireoide, hipercinesia cardíaca, diarreia, hiperdefecação, amenorreia. MANIFESTAÇÕES ESPECÍFICAS: bócio difuso, acropatia, oftalmopatia, dermatopatia. DIAGNÓSTICO TSH T4 L T3 T Hipertireoidismo subclínico = = Hipertireoidismo primário Hipertireoidismo secundário Doença de Graves TRAb + Anti-TPO + FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 23 TIREOTOXICOSE HIPERTIREOIDISMO Qualquer estado clínico resultante do excesso de hormônios da tireoide nos tecidos. Pode ser pelo uso abusivo de hormônio exógeno, nas tireoidites e na produção ectópica de hormônios tireoidianos. Hiperfunção da glândula tireoide, ou seja, aumento na produção e liberação de hormônios tireoidianos. Todo hipertireoidismo é uma tireotoxicose. CAUSAS DE TIREOTOXICOSE: HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO: Doença de Graves (60—90%), bócio multinodular tóxico, adenoma tóxico, metástases funcionantes de CA de tireoide, mutação do receptor de TSH Struma ovarii. HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO: adenoma hipofisário secretor de TSH, síndromes de resistência ao hormônio tireoidiano, tumores secretores de HCG, tireotoxicose gestacional. TIREOTOXICOSE SEM HIPERTIREOIDISMO: tireoidite subaguda, tireoidite silenciosa, amiodarona, infarto de adenoma, radiação, tireotoxicose factícia (iantrogênica) ou tecido tireoidiano ectópico. DOENÇA DE GRAVES Desordem autoimune, de etiologia desconhecida; “A DG é um distúrbio autoimune cujo principal sítio antigênico é o receptor do TSH (TSHR). O hipertireoidismo se origina da produção pelos linfócitos B de anticorpos contra TSHR (TRAb). Tais anticorpos se ligam ao TSHR e ativam complexos de sinalização de proteínas, o que, em última análise, resulta em crescimento da tireoide, aumento de sua vascularização e incremento da taxa de produção e secreção dos hormônios tireoidianos.” Representa a etiologia mais comum de hipertireoidismo (80% dos casos); Mais comum em mulheres (9:1); o Prevalência geral: 0,5%; o Sexo feminino: 2%. Pico de incidência: 20 – 50 anos; Apresenta síntese e secreções excessivas de hormônios da tireoide e achados clínicos típicos: bócio difuso, acropatia, oftalmopatia e dermatopatia. TRATAMENTO Cerca de 10-20% possuem remissão espontânea; Metade dos pacientes torna-se hipotireoideo após 20-30 anos da doença; Controle dos sintomas β-bloqueadores: 1. Propranolol (20-40mg 6/6hrs); 2. Atenolol (50-200mg dia). Controle do hipertireoidismo: 1. Drogas antitireoidianas até a remissão; 2. Radiação com iodo radioativo; 3. Cirurgia – tireoidectomia total. Alvo terapêutico: T4 L entre 0,9-2ng/dl. Drogas antitireoidianas: Inibem a tireoperoxidase, a conversão periférica de T4 T3. Possui efeito imunossupressor, reduzindo os níveis de anticorpos (TRAb). 1. Metimazol: Dose de ataque: 40mg/dia em 1-2 tomadas; Manutenção: 5-20mg/dia em 1 tomada. 2. Propiltiuracil: Dose de ataque: 300-600mg/dia em 3 tomadas por 4-8 semanas; Manutenção: 100-400mg/dia em 2 tomadas. Diversos efeitos colaterais; Metimazol é a droga de escolha, exceto: 1. Em gestantes no primeiro trimestre; 2. Crise tireotóxica; 3. Contraindicação ao metimazol. ABLAÇÃO COM IODO RADIOATIVO: Recidiva, pacientes que não toleram medicação, uso irregular da medicação e primeira escolha (EUA); Contraindicado em gravidez e aleitamento materno; Dose de 5-15 mCi; FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 24 80% curados com DU; Eutireoidismo em 3-6 meses. CIRURGIA Indicações: o Pacientes que não controlam a doença com tionamidas e não elegíveis para I-131; o Bócio volumoso com deformidade estética ou compressão de estruturas; o Suspeita de neoplasia tireoidiana concomitante; o Grávidas não controladas com drogas anti- tireoidianas ou alérgicas a elas (2º TRI); Eficácia de 100%; Hipotireoidismo iantrogênico. CRISE TIREOTÓXICA Exacerbação do estado de hipertireoidismo que põe em risco a vida dos pacientes acometidos; Quando não reconhecida e tratada é fatal; Mesmo quando tratada, tem alta mortalidade (20- 30%); Pacientes com hipertireoidismo que sofrem com alguma intercorrência; Diagnóstico diferencial com sepse, hipertermia maligna e síndrome neuroléptica maligna. CLÍNICA DE HIPERTIREOIDISMO EXACERBADO SINTOMAS: Confusão, delirium, agitação, psicose franca, obnubilação, estupor, coma. SINAIS: febre alta, IC de AD, HAS sistólica, taquicardia, FA aguda, icterícia, sudorese. BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO Caracterizado pela formação de múltiplos nódulos de tamanhos variados que promovem crescimento da glândula; Dividido em atóxico e tóxico, este último quando há sinais de hipertireoidismo primário; Segunda causa mais frequente de hipertireoidismo; Predomina em idosos. Mais frequente em mulheres; T3 mais elevado que T4 L pela ação da desiodase tipo I; Tratamento: radioiodo ou cirurgia. HIPOTIREOIDISMO Síndrome clínica causada por síntese/secreção insuficiente ou ação inadequada dos hormônios tireoidianos nos tecidos. Resultado: lentificação generalizada do metabolismo. Em formas graves ocorre deposição de glicosaminoglicanos no interstício de órgãos e tecidos, gerando o mixedema. TSH T4 L Hipotireoidismo primário (falência tireoidiana) Hipotireoidismo secundário (falência hipofisária) = ou Hipotireoidismo terciário (falência hipotalâmica) = ou Hipotireoidismo subclínico = *95%: primário EPIDEMIOLOGIA: 0,5 – 1% da população mundial; 2 – 4% quando > 65 anos; Hipotireoidismo congênito 1: 2 – 4 mil nascidos vivos (teste do pezinho); Principal causa em áreas com insuficiência de iodo: Hashimoto; Principal causa em áreas com deficiência de iodo (< 100mcg/dia): carência nutricional. FATORES DE RISCO: Idade (>65), sexo feminino (8:1), caucasiano, puerpério, história familiar, irradiação prévia de cabeça e pescoço. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 25 Doenças autoimunes (vitiligo, DM1, anemia perniciosa), drogas (amiodarona, lítio, tionamidas, etc.), síndromes cromossômicas (Down e Turner), dieta pobre em iodo, infecção crônica pelo HCV.ETIOLOGIAS: HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO: Autoimune (TH), nutricional (carência de iodo), iântrogênica (radiação, irradiação e cirurgia), drogas (amiodarona, meio de contraste, lítio, tionamidas, IFN-α), congênito (disgenesia da glândula), doenças infiltrativa (amiloidose, sarcoidose, esclerodemia, tireoidite de Riedel). HIPOTIREOIDISMO SECUNDÁRIO: Tumores, cirurgia, irradiação, síndrome de Sheehan, trauma ou congênito. HIPOTIREOIDISMO TERCIÁRIO: Tumores, trauma, desordens infiltrativa (sarcoidose, hemocromatose, tuberculose). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: GERAIS: o Fadiga, lentificação da voz e dos movimentos, intolerância ao frio, ganho de peso discreto. CUTÂNEAS: o Pele fria, pálida, seca e quebradiça, hipoidrose, perda de cabelo, madarose, mixedema e macroglossia. HEMATOLÓGICAS: o Anemia normo-normo, mageloblástica (gastrite atrófica); ferropriva (mulheres). CARDIOVASCULARES: o Queda do DC, bradicardia, hipocontratibilidade, derrame pericárdico, HAS sistólica. ENDÓCRINO-METABÓLICAS: o Aumento de LDL e TG, elevação de transaminases. RESPIRATÓRIAS: o Rinite crônica, dispneia, SAHOS (apnéia do sono), derrame pleural. RENAIS: o Redução da TFG, aumento da creatinina e hiponatremia. GASTROINTESTINAIS: o Constipação, redução do paladar, ascite. Frequente relação com doença celíaca e gastrite atrófica. REPRODUTIVA: o Redução da libido, disfunção erétil, ejaculação retardada e oligospermia. Em mulheres pode haver tanto oligo ou amenorreia, quanto hipermenorreia ou menorragia. Hiperprolactinemia é comum (50%) e pode causar galactorreia (15%). NEUROLÓGICAS: o Déficit cognitivo (pensamento lentificado, redução da capacidade de concentração e memória, depressão), lentificação dos reflexos tendinosos profundos, ataxia cerebelar, síndrome do túnel do carpo, polineuropatia periférica e coma mixedematoso. MÚSCULO-ESQUELÉTICAS: o Artralgia, rigidez articular, mialgia, câibra, aumento da CPK e LDH, fraqueza (miopatia), maior incidência de hiperuricemia e gota (menor depuração do ácido úrico). HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO Teste do pezinho: entre 3º e 7º dia de vida; Sinais e sintomas sutis ou ausentes ao nascimento (passagem de T4 materno pela placenta); Atentar para persistência da icterícia fisiológica; Clínica: choro rouco, constipação, sonolência, dificuldade de amamentação, hérnia umbilical; Se não tratada nos primeiros três meses de vida: Síndrome do cretinismo (baixa estatura e retardo mental, acompanhadas de edema de face e extremidades, surdo-mudez e anormalidades neurológicas nos tratos piramidal e extrapiramidal). TESTES DO PEZINHO: Realizado entre o 3º e 7º dia de vida; Ideal para hipotireoidismo congênito: 3º e 5º dias; TSH: o < 10mUI.L normal; FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 26 o 10-20mUI.L coletar segunda amostra; o > 20mUI.L dosar TSH e T4 séricos. TRATAMENTO: Levotiroxina (T4) em jejum, 1 hr antes do café da manhã; Cuidado especial em idosos e cardiopatas; Objetivo: manter o TSH ente 0,5 e 5 um/L; No caso de hipotireoidismo central, o seguimento deve ser feito pelos níveis de T4 livre no sangue; Uma vez atingida a meta terapêutica, reavaliação a cada 6 – 12 meses. TRATAMENTO HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO É um tema controverso. Quando tratar? 1. TSH > 10 um/L; 2. TSH entre 45 – 10 se Anti-TPO +; 3. Gravidez; 4. Sinais e sintomas de hipotireoidismo. TIREOIDITES Acometimento inflamatório da tireoide. 1. Autoimune; 2. Infeccioso; 3. Trauma, radiação, drogas, idiopático. Classificação: 1. Tireoidite de Hashimoto; 2. Tireoidite subaguda granulomatosa; 3. Tireoidite pós-parto; 4. Tireoidite infecciosa; 5. Tireoidite medicamentosa; 6. Tireoidite actínica; 7. Tireoidite fibrosante de Riedel. TIREOIDITE DE HASHIMOTO Também chamada de Tireoidite crônica autoimune ou Tireoidite linfocítica crônica; Mais comum (90%) em locais sem deficiência na ingesta de iodo; Mulheres 3:1 homens; Idade avançada; Associação com outras doenças autoimunes. ETIOLOGIA: QUADRO CLÍNICO: Elevação dos hormônios tireoidianos – tireotoxicose clinicamente detectável (hashitoxicose) ou não; TIREOIDITES SUBAGUDAS E CRÔNICAS LESÃO INFLAMATÓRIA NO PARÊNQUIMA LIBERAÇÃO DE T3 E T4 PARA A CIRCULAÇÃO TIREOTOXICOSE APÓS, OS NÍVEIS DE HORMÔNIOS ESTOCADOS DIMINUIEM E A SUA SÍNTESE É REDUZIDA (PELA LESÃO DAS CÉLULAS FOLICULARES). HIPOTIREOIDISMO FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 27 o Na maioria das pessoas essa fase passa desapercebida. Bócio com 2-4x de aumento de volume; Hipotireoidismo subclínico (aumento de TSH e normalidade de T3/T4); Hipotireoidismo clinicamente manifesto (evolução progressiva de 5% ao ano). Enquanto a incidência de bócio diminui; Tireoidite atrófica: TH de evolução tardia, com auto anticorpos presentes, hipotireoidismo, mas sem bócio; Bócio está presente em 75% dos casos. Difuso ou multinodular; TH aumenta o risco de linfoma de tireoide – devendo-se suspeitar quando houver aumento súbito ou localizado de bócio e/ou sintomas compressivos. DIAGNÓSTICO: Quadro clínico de hipotireoidismo + presença de bócio característico; Positividade de autoanticorpos específicos (anti- TPO ou antitireoglobulina); US: aumento da glândula com aspecto de hipoecogenicidade ou presença de nódulos mal definidos. Essas alterações podem ocorrem antes das alterações bioquímicas. Indicação de PAAF: dor local, crescimento rápido e aspecto nodular substituição do tecido folicular normal por infiltrado linfocítico e células de ASKANAZY (este, patognômico). TRATAMENTO: Não há terapia específica; Manejar como hipotireoidismo ad eternum, sendo a meta terapêutica de TSH entre 0,5 e 2,0 uU/ml; Os glicocorticoides são indicados para casos de dor importante ou crescimento do bócio gerando sintomas compressivos. Lembrando de investigar neoplasias nesses casos. TIREOIDITE SUBAGUDA LINFOCÍTICA Tireoidite indolor; Período transitório de tireotoxicose; Hipotireoidismo autolimitado; Metade dos casos evoluem para TH. FENÔMENO AUTOIMUNE AUTOLIMITADO: anti-TPO ou antitireoglobulina podem estar positivos, mas com uma titulação menor. Histopatologia semelhante à TH, porém de maneira menos evidente e sem degradação/fibrose significativas. QUADRO CLÍNICO: Tireotoxicose e hipotireoidismo autolimitados. Diagnóstico diferencial com Doença de Graves. Tireoide de tamanho normal ou levemente aumentada. Estado de eutireoidismo é, geralmente, alcançado em 2-4 meses. TRATAMENTO: Não há terapia específica; Em tireotoxicose, deve-se controlar sintomas cardiovasculares ou neuromusculares com β- bloqueadores; Em hipotireoidismo manifesto deve-se repor hormônio; Acompanhar o paciente após resolução para o caso de evolução à tireoidite crônica ou hipotireoidismo permanente. TIREODITE GRANULOMATOSA Também chamada de: o Tireoidite subaguda dolorosa; o Tireoidite de células gigantes; o Tireoidite de Quervain. Mais comum em mulheres ; Doença geralmente reativa pós-viral; o Cocksackie, adenovírus, caxumba, sarampo, vírus sincicial respiratório. Reação inflamatória granulomatosa com macrófagos ativados, célulasgigantes de Langhans e linfócitos CD4 na periferia. FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 28 QUADRO CLÍNICO: 1 – 3 semanas após o quadro viral haverá síndrome álgica tireoidiana; Tireoidite levemente aumentada; Mialgia, mal-estar e febre baixa; VSH aumentado; Em 20% dos casos há recidiva em alguns meses; O diagnóstico geralmente é clínico; Tratamento com AINE’s ou corticosteroides. TIREOIDITE PÓS PARTO Ocorre em 3 – 16% das gestações; Tireoidite subaguda, indolor; Primeiro ano pós-parto (2º /4º mês é mais comum); Semelhante a TSL; Alta chance de recidiva no próximo puerpério; Tratamento com betabloqueadores e caso de tireotoxicose ou com reposição hormonal em hipotireoidismo; O mais importante é o acompanhamento após resolução do quadro. TIREOIDITE INFECCIOSA TIREOIDITE AGUDA PIOGÊNICA: Quadro incomum de dor aguda, unilobular, associada a febre, calafrios e sinais flogístico; Associada a S. áureos, S. pyogenes, S. pnuemoniae e H. influenzae; Diagnóstico por PAAF; Tratamento: drenagem cirúrgica do abcesso + atb. TIREOIDITE TUBERCULOSA OU FÚNGICA Relação com Imunodeprimidos; Fase aguda ou crônica; Aumento bilateral da glândula e quadro infeccioso; Diagnóstico pelo aspirado ou biópsia. Ocorre após terapia com iodo radioativo para a DG; Manifesta-se com dor tireoidiana e exacerbação do hipertireoidismo nas primeiras semanas após aplicação; Tendência para evoluir ao hipotireoidismo. TIREOIDITE MEDICAMENTOSA Alfainterferon; Interleucina-2; Amiodarona. TIREOIDITE FIBROSANTE DE RIEDEL Também chamada de Tireoidite fibrótica, esclerosante, crônica produtiva ou estroma de Riedel; Mais comum em mulheres e entre 4ª – 6ª décadas, embora seja rara; Ocorre por proliferação de fibroblastos, sem etiologia conhecida; Glândula endurecida: disfagia e dispneia; Paciente com eutireoidismo ou hipotireoidismo; Anticorpos antitireoidianos podem estar presentes; Diagnostico por PAAF; Tratamento com corticoesteroides, tamoxifeno ou metotrexate. Cirurgia indicada em casos de comprometimento do esôfago ou traquéia. NÓDULOS DE TIREOIDE Prevalência ao exame físico: 5% mulheres e 1% homens; Prevalência à USG: 16-67%; 5-10% são carcinomas; FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 29 Mais comum em mulheres, porém a presença de malignidade é duas a três vezes mais comum em homens; Mais prevalente com o avançar da idade ,porém nódulos em jovens apresentam maior taxas de malignidade. SINAIS E SINTOMAS: Sinais de malignidade: crescimento rápido, textura firme, irregularidade de coturno, rouquidão, fixação a estruturas adjacentes e linfoadenomegalia cervical. INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA: História clínica e exame físico; Dosagem hormonal: o TSH; o T4 L; o Anti-TPO; o Calcitonina. Ultrassonografia (Doppler); Cintilografia; Punção aspirativa por agulha fina (PAAF). Avaliação USG: BENIGNO MALIGNO ECOGENICIDADE Lesão anecoica (cística) ou hiperecogênica Lesão hipoecogenicidade MARGENS Regulares Irregulares CALCIFICAÇÕES Calcificações grosseiras (casca de ovo) Microcalcificações HALO HIPOECOGÊNICO Presente Ausente VASCULARIZAÇÃO Ausente, periférica, ou vascularização maior ou igual à central Vascularização central maior que a periférica, vascularização apenas central QUANDO REALIZAR PAAF: DOR E CRESCIMENTO RÁPIDO HEMORRAGIA OU MALIGNIDADE ROUQUIDÃO MALIGNIDADE (N. LARINGEO RECORENTE) NÓDULO MÓVEL A DEGLUTIÇÃO ADENOMA LINFOADENOMEGALIA CERVICAL E SUPRACLAVICULAR MALIGNIDADE FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 30 CÂNCER DE TIREOIDE Representa 1 – 3% de todas as neoplasias malignas; Entre 90 – 95% são tumores bem diferenciados (papilífero e folicular); De 5 – 10% são tumores pouco diferenciados (medular e anaplásico); Ocorre em células que sofrerem alterações genéticas cumulativas, tanto em proto- oncogenese quanto em genes supressores tumorais; Todos são derivados das células foliculares, exceto o medular (células parafoliculares ou células C). CARCINOMA PAPILÍFERO: Tumor maligno mais comum da tireoide (80%), especialmente em crianças; Predomina no sexo feminino 2:1; Idade média: 20 – 40 anos; História de irradiação cervical; Prognóstico excelente: baixa mortalidade; Crescimento lento; Clínica: paciente eutireoideo, massa de crescimento lento e não dolorosa linfonodo palpável. Casos avançados: disfagia e rouquidão. Disseminação linfática precoce – NÃO INDICA PIOR DIAGNÓTICO; Metástases à distância em apenas 2 – 10% dos casos (pulmão, osso, SNC); Diagnóstico: USG (multicentricidade 70%, linfonodos regionais), PAAF; Tratamento: cirurgia (estadiamento TNM), radioablação com iodo, levotiroxina; Seguimento: tireoglobulina e US a cada 6 meses. CARCINOMA FOLICULAR: Segundo tumor maligno de tireoide mais comum (10 – 15%); Mais comum no sexo feminino; Áreas deficientes de iodo; Idade: 40 – 60 anos; Diagnóstico: não pode ser confirmado por PAAF; Diagnóstico: análise histopatológica (invasão capsular ou vascular). Disseminação hematogênica precoce 33% (osso, pulmão e fígado); Disseminação linfática rara: < 10%; Clínica: nódulo solitário e indolor; Diagnóstico: USG, PAAF, análise histopatológica da peça cirúrgica; Na PAAF: tumor folicular. Realizar cirurgia para diferenciar CA de adenoma; Tratamento: igual ao do CA papilífero. Conduta frente a um tumor folicular na PAAF: TUMOR FOLICULAR < 2CM TUMOR FOLICULAR > 2CM CIRURGIA INDICADA Lobectomia + istmectomia Tireoidectomia total HISTOPATOLÓGICO CONFIRMANDO BENIGNIDADE Nenhum procedimento adicional necessário Nenhum procedimento adicional necessário FELIPE ANTÔNIO DAL’AGNOL - ENDOCRINOLOGIA Página 31 HISTOPATOLÓGICO CONFIRMANDO CARCINOMA FOLICULAR Reoperar (totalizar tireoidectomia), terapia supressiva com levotiroxina Radioablação, terapia supressiva com levotiroxina CARCINOMA DE CÉLULAS DE HÜRTHLE: As células de Hürthle são derivadas do epitélio folicular e tem como característica seu grande tamanho e citoplasma eosinofílico e glandular; É uma variedade menos diferenciada e mais agressiva do carcinoma folicular; Afeta uma população mais idosa; Abundância de células oxifílicas, também chamadas de oncócitos; Diferente do CA folicular, este tumor não capta 131, pode ser bilateral, múltiplo e envia metástases com frequência para linfonodos regionais. Risco de recidiva e mortalidade. Tumores bem diferenciados: Baixo risco Alto risco Idade < 40 anos > 40 anos Sexo Feminino Masculino Extensão Tumor confinado à tireoide, sem expansão capsular ou extracapsular Extensão extratireoidiana, invasão capsular Metástase Ausência de metástase Metástase regional ou à distância Tamanho < 2 cm > 4 cm Grau histológico Bem diferenciado Pouco diferenciado CARCINOMA MEDULAR: Representa 5 – 10% dos tumores malignos de tireoide; Tem origem a partir das células parafoliculares ou células C, produtoras de calcitonina;