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Direito Penal Especial - Renato Brasileiro

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
ART. 155 - FURTO
1. Bem Jurídico
Tutela a propriedade, a posse e a detenção.
2. Sujeitos Ativo/Passivo
Em relação ao sujeito ativo, trata-se de crime comum.
O problema se configura em relação ao proprietário, pois pode ser questionado basicamente o seguinte: o proprietário do objeto pode ser sujeito do crime de furto (ex. proprietário sem posse)? 
O art. 155 possui em seu tipo, a descrição “coisa alheia”, assim o proprietário não pode ser sujeito ativo do crime de furto, mas, para uma 1ª corrente, pode responder pelo delito de furto de coisa comum, previsto no art. 156 (condomínio), que depende de representação. Já para uma 2ª corrente, se constituiria no crime de exercício arbitrário das próprias razões, previsto nos arts. 345 e 346.
E o possuidor, pode ser autor do crime de furto? Não responde pelo delito de furto, mas sim pelo crime de apropriação indébita. Esta se diferencia do estelionato em razão de que nesse o dolo é ab initio (ex.: locação de veículo com a intenção de ficar com o mesmo), enquanto que naquela, o dolo é posterior à posse (ex: locação de veículo sem a intenção de ficar mesmo, que surge após estar com sua posse).
Funcionário Público pode ser sujeito ativo de crime de furto? Se o agente de valer da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário, responderá pelo crime de peculato-furto, caso contrário responde pelo crime de furto. 
É irrelevante qualquer consideração a respeito da qualidade do sujeito passivo, portanto quem furta de um ladrão, responde pelo crime de furto.
3. Tipo Objetivo
O bem pode apresentar um valor de troca, ou seja, um valor economicamente apreciável, bem como deter um valor de uso, que é aquele valor sentimento do objeto.
O princípio da insignificância é aplicado unicamente em relação aos bens com valor de troca. Em relação aos bens que possuem somente valor de uso, não se aplica o princípio em tela.
3.1 Princípio da Insignificância
São requisitos para a aplicação do princípio da insignificância:
a) mínima ofensividade da conduta do agente;
b) nenhuma periculosidade social da ação;
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Portanto, para os tribunais não ha falar em aplicação desse princípio ao reincidente (STJ RHC 24.326) e também nas hipóteses de furto qualificado (STF HC 94 765).
O princípio da insignificância pode ser traduzido pelo brocardo latino: “ de minimis non curat praetor”. 
O princípio da insignificância tem como conseqüência a exclusão da tipicidade material.
O princípio da insignificância pode ser aplicado em relação a crimes contra a Administração Pública? Em concursos mais conservadores, devemos considerar que não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a administração, sob o fundamento de que o valor da res não é levando em consideração, mas sim a violação ao dever da honestidade, probidade e moralidade. Por outro lado, para o STF é possível a aplicação do princípio em tela ao crime de peculato.
Princípio da insignificância porte de drogas em organização militar: atenção para o STF HC 94.685, onde por 5 x 1, prevaleceu o entendimento contra a aplicação do princípio da insignificância relativamente a crimes de drogas cometidos no âmbito militar.
Princípio da insignificância e suspensão condicional do processo: a suspensão do processo está prevista no art. 89 da Lei dos Juizados, sendo aplicada a crimes que tenha pena mínima igual a inferior a 1 ano. O crime de furto possui como pena mínima de 01 anos. Caso o MP ofereça denúncia (já com proposta de suspensão) que se encaixe no caso de suspensão de denúncia e esta é aceita pelo acusado e seu defensor, o acusado pode impetrar habeas corpus pedido o trancamento do processo? Para o STJ não cabe HC, pois não há risco potencial a liberdade de locomoção. Já para o STF, o fato do acusado ter aceito a suspensão condicional do processo não impede a impetração de HC buscando o trancamento do processo em virtude do princípio da insignificância (STF HC 88.393).
Princípio da insignificância e o crime de roubo: em relação ao crime de roubo, não é aplicável o princípio da insignificância, pois trata-se de crime complexo (STF RE 454.394).
3.2 Coisa Alheia Móvel
Coisa Móvel é tudo que possa ser objeto de deslocamento, podendo ser deslocada de um lugar para outro se destruição.
A coisa móvel deve ser alheia. Pode ser:
1. Res Desperdictae: coisa perdida. Em relação a coisa perdida temos um delito específico, previsto no art. 169, § único, II, que é a apropriação de coisa achada, onde o sujeito ativo não pode saber que é o proprietário da coisa; a partir do momento que o sujeito ativo tem ciência de quem é o dono, o crime será de furto.
2. Res Nullius: coisa sem dono. Exemplo: peixe no rio. A coisa sem dono não pode ser objeto de furto.
3. Res Derelictae: coisa abandonada. A coisa abandonada não pode ser objeto de furto.
3.3 A Subtração de Cadáver
Se o cadáver está em um cemitério, trata-se de crime de subtração de cadáver, previsto no capítulo dos crimes em respeito aos mortos. Porém se o cadáver está em uma universidade e há disponibilidade do corpo em virtude de testamento, trata-se de coisa móvel alheia, podendo ser objeto de crime de furto.
3.4 Furto Famélico
É aquele furto praticado em estado de necessidade (art. 24 do CP), que não é admitido em nossos tribunais, por não se enquadrar no tipo em tela, pois há outras alternativas ao criminoso.
4. Tipo Subjetivo
Tem a presença do dolo, que é a vontade livre e consciente de subtrair. Além do dolo de subtrair, existe o dolo com especial fim de agir, que está na passagem “para si ou para outrem”.
4.1 Furto de Uso
Não é tipificado no Código Penal, mas sim no Código Penal Militar (art. 241).
Para a jurisprudência, apesar do furto de uso não ser tipificado, responde o agente pelo crime de furto, caso a coisa não seja devolvida no local em que estava e no mesmo estado.
5. Consumação/Tentativa
São correntes apontadas pela doutrina quanto à consumação dos crimes de furto e de roubo.
1. Teoria da Contrectatio: a consumação ocorre com o simples contato entre o agente e a coisa alheia;
2. Teoria da Aprehensio/Amotio: consuma-se o delito quanto a coisa passa para a esfera de disponibilidade do agente, dispensando a posse mansa e pacífica.
3. Teoria da Ablatio: consuma-se o delito, quando a coisa, além de apreendida, entre na posse mansa e pacífica do agente, ainda que por curto espaço de tempo.
4. Teoria da Ilatio: exige para a consumação que a coisa seja levada para o local desejado pelo agente.
Prevalece perante os tribunais superiores a Teoria da Aprehensio/Amotio. No julgado STJ RESP 932.733 foi adotada a teoria da aprehensio/amotio.
5.1 Prisão em Flagrante e Furto Consumado são Incompatíveis?
No flagrante próprio, que é o caso dos incisos I e II do art. 302, existe a compatibilidade entre a prisão em flagrante e o furto consumado, já nos casos dos incisos III e IV, que são hipóteses de flagrante impróprio e presumido, é possível a caracterização do furto consumado (STF HC 92.450).
Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:
        I - está cometendo a infração penal;
        II - acaba de cometê-la;
        III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
        IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Exemplos:
a) Se o agente é surpreendido no interior de um supermercado ocultando objetos, trata-se de atos preparatórios (que não são punidos, salvo se houver um tipo específico – ex.: quadrilha ou bando), pois enquanto não se passar pelo caixa, o crime não estará executado (teoria objetivo-formal: o agente ingressa na fase executória quando dá início a ação contida no verbo núcleo do tipo).
b) Após entrarem uma residência o agente é surpreendido antes de se apoderar de qualquer objeto. Nesse caso responde pelo crime do art. 150 do CP, invasão de domicílio. 
b) Destruição da coisa subtraída.: quando houve a destruição ou perda do bem subtraído o delito de furto estará consumado.
5.2 Crime Impossível
Para a jurisprudência a utilização de dispositivos de segurança não caracteriza crime impossível, pois a ineficácia do meio seria apenas relativa (ex.: loja com detectores, veículos rastreados, câmeras de vigilância)
Temos que observar que no exemplo do punguista (ladrão extremamente habilidoso), se a vítima não trás consigo nenhum objeto em seu poder, trata-se crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. Se o agente envia a mão no bolso errado do cidadão, trata-se de circunstância acidental, respondendo em então por tentativa de furto.
6. Distinção
6.1 Subtração por Arrebatamento e Trombada
Na Subtração por Arrebatamento, a violência é dirigida contra a coisa e não contra a pessoa. Assim, configura-se não o crime de roubo, mas sim crime de furto. Existe posição doutrinária minoritária que entende que é roubo, pelas pequenas lesões causadas.
Já no momento da Trombada, como houve violência dirigida contra a pessoa, sendo que o delito não exige lesão leve, grave ou gravíssima, estaríamos diante de crime de roubo.
6.2 Receptação e Favorecimento real
Responde o agente pelo crime de favorecimento real se sua conduta aderir à conduta do agente da subtração após a subtração; se antes, responde como participe do delito de furto.
No crime de favorecimento é prestado um auxílio ao criminoso, não havendo interesse de assegurar interesse próprio ou de terceiro, mas sim do criminoso (ex.: guardar veículo furtado, para após entregar ao autor do crime de furto).
Já no crime de receptação o agente age em proveito próprio ou de terceiro (que pode ser qualquer pessoa, a exceção do criminoso, pois se não configuraria o crime de favorecimento real). Ex.: aquisição de veículo proveniente do crime de furto.
6.3 Posse Vigiada e Posse Desvigiada
Exemplo clássico é o livro de biblioteca. No caso de posse vigiada, temos o crime de furto, e no caso de posse desvigiada temos o delito de apropriação indébita.
 
6.4 Venda Fraudulenta de Coisa Subtraída
Para a jurisprudência a venda fraudulenta da coisa subtraída será absorvida pelo delito de furto, sendo considerada mero exaurimento do delito (princípio da consunção).
7. Furto Praticado Durante o Repouso Noturno
Está previsto no art. 155, § 1º. São detalhes importantes:
Costumes: Os costumes podem funcionar como fonte do direito penal? Não, pois apesar de não poderem se usados como fonte, podem ser usados como mecanismo de interpretação. 
Não se aplica a majorante do § 1º ao furto praticado durante o repouso diurno, sob pena de analogia em malan parten. 
Para o STJ é irrelevante o fato de se tratar de estabelecimento comercial ou de residência, habitada ou desabitada, bem como o fato de a vítima estar ou não efetivamente repousando (STJ HC 29.153).
8. Furto Privilegiado
Está previsto no art. 155, § 2º. São requisitos para incidência do furto privilegiado:
a) primariedade (não ser reincidente);
 +
b) Pequeno valor da res (inferior a 1 salário mínimo).
Exemplo:
Em 10/03/04 o agente pratica estupro. Em 21/03/05, em saída temporária, este mesmo agente pratica o crime de furto. Seria o mesmo reincidente? Não, pois para que o mesmo seja considerado reincidente deve ter contra si uma sentença transitada em julgado. Nesse caso o agente é considerado primário.
Presentes os pressupostos, trata-se de direito subjetivo do acusado.
8.1 Furto Qualificado e Privilegiado é Possível?
Para o STF e STJ é possível o chamado furto qualificado-privilegiado (STF HC 96.843 e STJ HC 96.140).
9. Furto de Energia
Está previsto no art. 155, § 4º. Em interpretação analógica qualquer energia deve ser considerada como coisa móvel para efeitos do crime de furto.
A alteração do medidor caracteriza crime de estelionato. Já no caso da subtração antes de passar no medidor (“gato”), furto de energia.
A subtração de sinal de TV a cabo é equiparado a coisa móvel, podendo ser objeto material de furto. Este é exemplo de crime permanente. STF (HC 17.867).
 Encontra-se sob a tutela penal a energia genética subtraída de reprodutores.
Art. 180 – Caput, coisa que sabe ser produto de crime (dolo direto) – Pena 1 à 4 anos.
 A receptação qualificada do § 1º, refere-se à coisa que deve saber ser produto de crime (dolo eventual). Pena: 3 à 8 anos de reclusão.
O fato do § 1º está sendo apenado mais gravemente que o fato do caput. Para o STJ deve se aplicar ao crime de receptação de qualificada a pena prevista no art. 180 caput (STJ HC 101.531). 
12. Furto Qualificado
12.1 Obstáculo ou Rompimento
I – Com destruição ou rompimento de obstáculo ou rompimento da coisa.
Obstáculo é todo o objeto empregado pela pessoa para proteger a coisa sobre a qual pode recair a conduta.
Se a violência for exercida contra o próprio objeto visado, não incide a qualificadora.
Para a doutrina, por uma questão de equidade, quando se destrói vidro ou quebra vento de veículo, esta qualificadora não incide quando de subtrai o veículo ou objeto que se encontrava dentro do veículo.
Para a jurisprudência, a subtração de objetos que se encontram no interior do veículo mediante rompimento de obstáculo faz incidir a qualificadora do inciso I (STJ RESP 983.291 e STF 77.675).
Em relação à ligação direta em veículo, devemos nos ater que: há doutrinadora que entendem não incidir nenhuma qualificadora e outros que entendem que incidiria a qualificadora em tela.
É necessário o exame pericial para se configurar o rompimento. Sendo oficial, basta somente um. Senão oficial, necessário dois peritos.
12.2 Abuso de Confiança, Fraude, Escalada ou Destreza
II – Com abuso de confiança, mediante fraude, escalada ou destreza.
Com abuso de confiança: exemplo típico é o crime cometido por empregado doméstico, que é conhecido como famulato.
Mediante fraude: não deve ser confundido com o crime de estelionato do art. 171, pois no furto qualificado pela fraude, o meio fraudulento serve para afastar a vigilância exercida sobre a coisa, a fim de que o agente possa subtraí-la. Exemplo deste crime é o fato de o agente se passar por prestadores de serviços autorizados por concessionárias, que usam desse expediente para realizar furtos em residências e empresas, havendo transferência unilateral da posse. Por sua vez, no estelionato a fraude é usada para enganar a vítima, fazendo com que esta entregue a coisa de maneira voluntária ao agente, havendo uma transferência bilateral da posse.
Fraude por meio da internet qualifica qual delito (Vírus Trojan que subtrai senha de correntista)? Trata-se de furto qualificado mediante fraude. Entende a jurisprudência que o sujeito passivo é a instituição bancária, que tem seu sistema de vigilância burlado pelo agente. O delito de furto consuma-se no local em que a coisa é retirada da esfera de disponibilidade da vítima, leia-se onde está localizada a agência da conta corrente (STJ CC 86.241 e CC 86.862). O correntista é o mero prejudicado.
Mediante Escalada: a escalada tem como pressuposto o ingresso do infrator no local por meio anormal. Assim qualquer via anormal qualifica o delito (túnel subterrâneo, por exemplo). STJ RESP 779.739.
Mediante Destreza: meio de peculiar habilidade física ou manual. Deve a vítima trazer o bem junto ao corpo.
Exemplo: punguista (ladrão extremamente habilidoso).
Se a vítima percebe a ação do agente (teoricamente não houve destreza) e o crime configurado é a tentativa de furto simples. Caso a ação seja percebida por um terceiro, teremos o delito de tentativa de furto qualificado pela destreza.
12.3 Chave Falsa
III – Com emprego de chave falsa.
Chave falsa: é todo o instrumento com ou sem a forma de chave utilizado comodispositivo para abrir fechadura. No conceito de chave falsa temos: arame, gazua, micha e de acordo com a jurisprudência qualifica o crime.
Chave verdadeira qualifica o crime? Na original não qualifica, mas uma cópia qualifica (STJ RESP 906.685)
12.4 Concurso de mais de Duas ou mais Pessoas
IV – Em concurso de duas ou mais pessoas
Não é necessária a presença de dois executores, incidindo a qualificadora em qualquer hipótese.
O inimputável é computado para efeito de configurar a qualificadora. 
No caso de ser menor, poderá o agente maior responder pelo crime do art. 155, § 4º, IV, c/c com o art. 1º da Lei . 2.252/54 (corrupção de menor) em concurso material. 
Para a jurisprudência o crime em tela é formal, pois não depende da demonstração de efetiva e posterior corrupção penal do menor. (STJ RESP 1043.849).
13. Furto de Veículo Automotor
Está previsto no art. 155, § 5º. A este não incide as qualificadoras do § 4º. Trata-se de tipo autônomo.
Para a sua configuração o veículo deve transpor as fronteiras estaduais ou a fronteira nacional.
Desta forma, sua incidência somente ocorrerá se o veículo tiver transposto os limites do estado ou do território nacional.
ART. 288 – QUADRILHA OU BANDO
1. Conceito
Quadrilha é a associação estável e permanente de mais de três pessoas com o fim de praticar uma série indeterminada de crimes.
2. Consumação
Consuma-se o delito de quadrilha independentemente da prática dos delitos para os quais os agentes se associaram. 
Se porventura tais delitos forem praticados, os agentes deverão responder por esses crimes e pelo delito de quadrilha em concurso material.
No caso de crime de furto praticado por mais de 04 pessoas?
1.ª corrente: devemos evitar o bis in idem, onde devemos usar o tipo do art. 155, caput + art. 288.
2ª corrente: o crime de quadrilha é um crime autônomo e independente, devendo ser aplicado o art. 155, 4§, IV + art. 288). Esta é a posição que prevalece do STF.
3. Quadrilha Armada – Art. 288, § único
Se a quadrilha ou bando é armado, a pena é aplicada em dobro.
É necessário que os 4 elementos estejam armados? Basta que um só dos integrantes esteja portando arma, desde que os demais tenham consciência.
Cuidado com o art. 157, § 2º (roubo majorado pelo emprego de arma): Para os tribunais não configura bis in idem a condenação por crime de quadrilha armada e roubo majorado pelo emprego de arma, em virtude da autonomia e independência dos delitos (STF HC 84.669 e STJ HC 54.773).
4. Quadrilha para prática de Crimes Hediondos e Equiparados (Lei 8.072/90).
O art. 8º da Lei dos Crimes Hediondos prevê pena de três a seis anos de reclusão para o crime de quadrilha para prática de crimes hediondos e equiparados.
Ex.: bando seqüestra criança de 12 anos, ficando no cativeiro por 30 dias. Qual delitos dos agentes ativos? 
1º Extorsão mediante seqüestro – art. 159, § 1º (qualificada por ter sido por mais de 24 horas e cometido contra menor de 14 anos)
+
2º Quadrilha ou Bando (art. 288) com a pena do art. 8º da Lei 8.072/90
O concurso será o material (art. 69).
ART. 157 – ROUBO
1. Crime Complexo
É crime complexo por resultar da fusão de duas figuras típicas: furto (art. 155) e o constrangimento ilegal (art. 146).
2. Roubo Próprio
O delito de roubo próprio está previsto no art. 157, caput, que de modo algum se confunde com o delito de roubo impróprio, que está previsto no art. 157, § 1º.
A diferença entre ambos é:
a) Roubo Próprio: a grave ameaça e a violência são exercidas antes da subtração;
b) Roubo Impróprio: a grave ameaça e a violência são empregadas depois da subtração.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
2.1 Elementares
O roubo próprio se caracteriza pela grave ameaça (vis compulsiva). Grave ameaça é a promessa de fazer mal à vitima.
Exemplo de grave ameaça: simulação de emprego de arma de fogo. A configuração da ameaça deve ser analisada em virtude da vítima, isto é, a situação da vítima é que informa se a simulação é ou não factível.
Caracteriza-se também pela violência sobre a pessoa (vis corporis), que é o emprego de força física contra o corpo da vítima.
Violência imprópria: é aquela que se caracteriza por qualquer meio que afaste a possibilidade de resistência da vítima (ex.: boa noite cinderela). Se a própria vítima se coloca em condições de incapacidade de oferecer resistência (ex.: bêbado), o crime será o de furto.
É possível a aplicação de arrependimento posterior e aplicação de penas restritiva de direitos ao crime de roubo? É possível sua aplicação em relação ao crime de roubo próprio, praticado mediante violência imprópria.
3. Roubo de Uso
Para a grande maioria da doutrina e para o STF esta espécie de delito configura roubo. Outros doutrinadores entendem se tratar de crime de constrangimento ilegal, no entanto a primeira posição é mais acertada.
4. Consumação e Tentativa
Para a jurisprudência o delito de roubo se consuma quando o agente se torna possuidor da coisa alheia móvel. Conforme vimos no crime de furto, que os tribunais vem adotando a Teoria da Amotio.
Com relação à tentativa:
a) Roubo Próprio: é possível a tentativa.
b) Roubo Impróprio: temos duas correntes:
1.ª Corrente: Rogério Greco é favorável à tentativa de roubo.
2ª Corrente: Não admite a tentativa.
5. Diferença entre Roubo e Extorsão:
Vamos trabalhar com dois critérios de diferenciação:
1º Critério: no crime de roubo o mal é iminente e a vantagem é contemporânea; no crime de extorsão o mal prometido e vantagem a que se visa são futuros.
2º Critério: prescindibilidade do comportamento da vítima, isto é, o comportamento da vítima é necessário? Se é necessário um comportamento da vítima, o crime é de extorsão; ao contrário, se não necessito de um comportamento da vítima, o delito será de roubo.
6. Roubo Majorado (Art. 157, § 2º)
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Na hipótese de roubo majorado sua pena será aumentada de 1/3 até a metade.
Se houver mais uma circunstância no caso concreto, isto é, quanto maior o número de circunstâncias, mais próximo da metade deve ser o aumento.
6.1 Violência ou Ameaça com o Emprego de Arma
Incide a majorante tanto para aquele que aponta a arma, quanto para aquele que sem retirá-la da cintura, anuncia o assalto com a mão sobre ela.
São conceitos de arma:
a) Arma Própria: é aquela que tem o fim precípuo de ataque ou defesa. Ex.: revólver.
b) Arma Imprópria: é aquela que não tem este fim precípuo mais pode ser usada para tanto. Ex.: caco de vidro.
Arma de Brinquedo: Não há duvida alguma que o emprego de arma de brinquedo configura grave ameaça, e por seu meio configura o crime de roubo. A Súmula 174 do STF informava que no crime de roubo a intimidação feita comarma de brinquedo autorizaria o aumento da pena, entretanto o STF no RESP 213.054, cancelou este sumulado. Assim, o crime de roubo praticado com arma de brinquedo será o do art. 157, caput.
A Lei 9.437/97, em seu art. 10, possuía um tipo específico para a utilização de arma de brinquedo na prática de crimes. Entretanto esta conduta não foi repetida no novo Estatuto de Armas, havendo com relação àquela conduta, abolitio criminis. A Lei 9.437/07 (antigo Estatuto de Arma) foi revogada.
É imprescindível a apreensão da arma para se configurar a majorante? Devemos primeiramente discorrer sobre a arma branca (ex.: faca), pois nesse caso a apreensão é necessária para exame pericial, e caso contrário, por prova testemunhal, pode haver a substituição do exame direto (exame indireto – STJ HC 96.407). Já no caso de arma de fogo, se esta não foi apreendida: 
1. Posição do STF – Para o STF não é necessária a apreensão e realização de perícia na arma de fogo, desde que por outros meios de prova reste demonstrado seu potencial lesivo (STF HC 96.009), ex.: se a vítima testemunhar dizendo que foi ameaçada por revolver; 
2. Posição do STJ é indispensável a apreensão da arma de fogo para que possa incidir a majorante. Nos casos que não há a apreensão, mas a vítima e demais testemunhas afirmam de forma coerente que houve disparo com a arma de fogo, não é necessária a apreensão para constatar-se que a arma possuía potencialidade lesiva (STJ HC 99.762 e HC 89.518).
6.2 Concurso de Duas ou Mais Pessoas
(Vide Furto).
6.3 Se a Vítima está em Serviço do Transporte de Valores e o Agente Conhece Tal Circunstância.
O sujeito passivo desta causa de aumento de pena não pode ser o proprietário dos valores transportados (Proprietário: O dono de mercado não está em serviço, não podendo configurar esta majorante).
6.4 Se A Subtração For De Veículo Automotor Que Venha A Ser Transportado Para Outro Estado Ou Para O Exterior
(Vide Furto)
6.5 Manutenção da Vítima em poder de Agente (Restringindo a Liberdade da Vítima)
Na prática seria extorsão, entretanto, tal majorante lá não foi alocada.
No caso de seqüestro relâmpago, com a realização de saques em caixas eletrônicos, o delito será o de extorsão, onde não há previsão de causa de aumento de pena prevista no art. 157, § 2º, V.
Podemos dizer que houve erro do legislador, pois este esqueceu de colocar essa causa no crime de extorsão, não podendo ser aplicado por analogia, pois seria in Malan partem.
Observação: Se o delito for o de roubo, deveremos entender que a manutenção da vítima em poder do agente deve se dar por um breve espaço de tempo, pois se o tempo for longo configura roubo em concurso com seqüestro.
 
7. Art. 157, § 3º
O artigo em tela trás o roubo seguido de lesão grave (pena de 7 à 15 anos), bem como o roubo seguido de morte (pena de 20 à 30 anos). Est
e último é denominado de latrocínio, que é um crime hediondo.
O resultado agravador, seja lesão grave ou morte, podem ser atribuídos ao agente causador a título de dolo, como também a título de culpa.
Questão: E se o resultado agravador ocorrer em virtude da grave ameaça? A doutrina entende que se o resultado derivar da grave ameaça, o crime será de roubo simples, em concurso formal com o delito de homicídio, doloso ou culposo, a depender do caso concreto. O resultado agravador, seja lesão grave ou morte, para ser atribuído ao agente, deve ser resultado da violência. 
Importante: Para uma segunda fase de prova de Defensoria, pela Teoria da Imputação Objetiva, não seria possível atribuir ao agente a produção do resultado morte, nem ao menos culposamente.
Exemplos:
1. Morte de um dos comparsas (exemplo da aberratio ictus) durante assalto, em razão de erro na execução. Responde pelo crime de homicídio em relação à vitima que pretendia ser ofendida (responde como se tivesse matado a vítima);
2. Morte de um dos comparsas após a subtração: Para que se tenha latrocínio a violência deve ser empregada durante o assalto (fator temporal) e em razão do assalto. Nesse caso o agente responde por roubo majorado pelo emprego de arma (art. 157, § 2ª, I) em concurso com homicídio qualificado (art. 121, § 2º, V)
3. Matador de aluguel que subtrai pertences de sua vítima após sua morte: Responde por homicídio com concurso material com o crime de furto;
Pluralidade de Mortes e Subtração Única e o Latrocínio
Se ocorreu uma única subtração, haverá somente a ocorrência de um latrocínio.
Concurso de Pessoas e o Latrocínio
O co-autor que participa do roubo armado, responde pelo delito de latrocínio, ainda que o disparo tenha sido efetuado somente pelo comparsa (o resultado pode ser atribuído a título de dolo e a título de culpa)
É desnecessário saber qual dos co-autores desferiu o disparo.
Consumação e Tentativa e o Latrocínio
Exemplos:
1) Morte tentada e a subtração também tentada: Deverá responder pelo crime de latrocínio tentado;
2) Morte consumada e subtração também consumada: Deverá responder pelo crime de latrocínio consumado;
3) Morte consumada e subtração tentada: 
a. 1ª Corrente: Como o delito de latrocínio é um crime complexo, se o crime fim não resultou consumado, haveria tentativa de latrocínio (Rogério Greco). 
b. 2.ª Corrente: A Súmula 610 do STF informa que haverá crime de latrocínio mesmo que a subtração não tenha sido consumada, desde que a morte tenha ocorrido. Devemos adotar essa posição.
4) Morte tentada e subtração consumada:
a. 1ª Corrente: Trata-se de crime de tentativa de latrocínio. Prevalece esta posição, inclusive no STF.
b. 2ª Corrente: Há tentativa de homicídio qualificado.
5) Subtração Consumada e lesão corporal grave: Temos algumas possibilidades:
a. Roubo qualificado pela lesão corpora grave (pena de 7 à 15 anos de reclusão);
b. Latrocínio tentado;
c. Homicídio qualificado na forma tentada, em concurso material com o delito de roubo qualificado pelo emprego de arma.
Segundo o STF, se considerado que o agente não tinha a vontade de matar, responde pelo delito de roubo qualificado pela lesão grave.
Se evidenciado que a intenção seria de matar a vítima, o delito será o de homicídio qualificado na forma tentada, em concurso material com o delito de roubo.
ART. 159 – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
Trata-se de delito permanente.
Questão: Por que é importante sabermos se um crime é permanente? 1º. A prisão em flagrante pode ser executada a qualquer momento (art. 303 do CPP) enquanto não cessar a permanência (assim, por exemplo, se veículo é furtado e guardado por duas semanas em residência e caso o dono, através de detetive particular, consegue localizar o mesmo e adentra na casa do agente para recuperar o bem sem mandado de busca e apreensão, bem como prender o agente, a prova será considerada ilícita e a prisão ilegal, tendo em vista que furto não é crime permanente; ao contrário, não haveria ilegalidade na prisão e a prova seria lícita caso o crime fosse armazenamento de drogas, pois trata-se de crime permanente).
Exemplo:
10/02/02 – Prática crime do art. 159, § 1º - Pena 12- 20 anos
10/02/03 – Lex Gravior – Pena 20 a 30 anos
10/02/04 – Libertação de vítima
Conforme Súmula 711 do STF.
Qualquer Vantagem
O art. 159 está inserido nos Capítulo Dos Crimes Contra o Patrimônio, portanto a vantagem a que se refere o mesmo teve ter natureza econômica ou patrimonial.
Com o Fim de Obter Vantagem Patrimonial como Condição ou Preço do Resgate
É o chamado dolo específico ou especial fim de agir. 
Observação: Qual a diferença entre os art. 148 e 159. Nesse último é exigido dolo específico (tipo incongruente ou tipo incongruente simétrico). Naquele temos um tipo congruente (tipo congruente ou tipo congruente assimétrico), sem fim específico de agir:
- Tipo Congruente: Há uma perfeita adequação entre os elementos objetivos e subjetivos do tipo penal. Nesse o tipo objetivo e o tipo subjetivo são os mesmos.
- Tipo Incongruente: Caracteriza-se pela presençado dolo específico ou do especial fim de agir. Nesse o tipo subjetivo é caracterizado pela presença de uma dolo genérico, comum mais o especial fim de agir.
Exemplo:
- Porte de drogas para uso próprio (art. 28 da Lei de Drogas): é tipo incongruente, pois possui dolo específico;
- Tráfico de drogas (art. 33): é tipo congruente, pois não é necessário dolo específico.
Crime Formal (Consumação Antecipada)
O crime é formal.
Tentativa
Trata-se de crime plurissubsistente, podendo ocorrer a tentativa.
Causa de Aumento de Penal da Lei 8.072/9 (Art. 9º)
Se ocorrer o resultado morte, o agente responderá pelo art. 159, § 3º. Não podemos esquecer de aplicar, na terceira fase de cálculo da pena, o art. 9ª da Lei 8.072/90, que acresce às mesmas sua metade, respeitado o prazo de 30 anos, no caso da vítima ser menor de 14, alienada ou que não possa sofre resistência. Para alguns doutrinadores haveria um desrespeito ao princípio da individualização da pena, pois a única possível seria o teto permitido de 30 anos.
Não podemos confundir esse caso de aumento de pena (art. 9º da Lei 8.072/90) com a unificação de penas, onde um criminoso possui várias condenações que ultrapassam 30 anos e conforme o art. 75 do CP, as penas devem ser unificadas para atende este limite mínimo, entretanto os cálculos dos benefícios prisionais serão realizados com base no tempo total de penal, conforme Súmula 730 do STF.
Exemplo: 200 anos de pena – cumprimento a partir de 2002 – em 2012 pratica novo crime, tendo já cumprido 10 anos, faltando teoricamente 20 anos – pelo novo delito é condenado por mais 20 anos – devemos desprezar os anos cumpridos e somar com a nova pena (30+20) – começa a cumprir em 2012 mais 30 anos.
ART. 171 – ESTELIONATO
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
        Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
1. SUJEITO PASSIVO
A pessoa enganada pode ser diferente do titular da coisa sobre a qual recaiu a obtenção da vantagem ilícita.
Exemplo: empregado de estabelecimento comercial induzido a erro onde o empregador é que sofrerá o prejuízo, como no caso de cheque sem fundo.
Questão: 
1) se por acaso a vítima for incapaz ou de um alienado? Haverá o delito do art. 173 do CP, isto é, Abuso de Incapaz;
2) e no caso de balança adulterada/bomba de combustível adulterada? O delito de estelionato tem como pressuposto inafastável a existência de um sujeito passivo determinado. Caso contrário haverá um crime contra a economia popular ou contra as relações de consumo – art. 2º, XI da Lei 1.521/61. 
3) e a fraude no comércio em face de um credor? Neste caso existe um delito especial, prevalecendo o art. 168 da Lei de Falências.
Observação: 
1) Cola Eletrônica – no Inquérito 1.155 o STF decidiu que cola eletrônica não configura estelionato, tendo em vista não haver uma vantagem patrimonial imediata a ser auferida e nem sujeito passivo determinado. Desta forma para o STF não configura crime. 
2) Torpeza Bilateral: tanto o autor do delito, quanto a vítima, agem de má-fé. Assim se a vítima está de má-fé, o delito estaria afastado? Não, pois a torpeza bilateral não afasta a caracterização do estelionato, ou seja, a boa fé do crime não é elemento.
a. Artifício: consiste na utilização de um aparato que modifica o aspecto material da coisa ou da situação (exemplo: usar farda de coronel do Exército Brasileiro para obter credibilidade e assim conseguir empréstimo em instituição financeira). O próprio silêncio deste que intencional acerca de pré-existente erro da vítima, constitui meio fraudulento para a prática do estelionato (exemplo: parente de segurando do INSS que recebe os proventos, mesmo estando aquele morto);
b. Ardil: consiste na utilização de formas intelectuais, não havendo o emprego de aparatos.
c. Qualquer Outro Meio Fraudulento: configura interpretação analógica. Para que haja estelionato, este meio fraudulento deve ser idôneo. A idoneidade deve ser analisada a luz da vítima e não de acordo com o chamado homem médio.
3) Diferença entre Fraude Civil e Fraude Penal: ontologicamente é a mesma fraude. Na fraude penal temos o chamado dolo ab-início, isto é, deste o início há a intenção de se fraudar, o que não ocorre na fraude civil.
2. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
A consumação ocorre com a obtenção da vantagem ilícita.
Questão:
1) quando é que se consuma o delito de estelionato praticado mediante a falsificação de cheque? Este crime é o do art. 171, caput. Consuma-se onde é obtida a vantagem ilícita (exemplo: compra de televisor com cheque falsificado. A localidade do crime é a cidade onde o aparelho foi adquirido).
2) quando é que se consuma o delito de estelionato praticado mediante a emissão de cheques sem fundo? O crime de estelionato praticado com fraude no pagamento por meio de cheque está previsto no art. 171, § 2º, VI. Aqui a duas possibilidades: sem provisão de fundos e com provisão, mas com saque antes da compensação. Este delito consuma-se no local em que se dá a recusa do pagamento, leia-se, onde está localizada a agência bancária, e não onde o cheque foi dado em pagamento. A Súmula 521 do STF informa que o foro competente é o do local da agência bancária onde há recusa ao pagamento.
Observação
1) Reparação do Prejuízo: 
a. Regra Geral: é a que configura o arrependimento posterior, previsto no art. 16 do CP, cujo único benefício é a diminuição da penal, de 1/3 à 2/3, sendo que o crime tenha sido cometido sem violência ou grave ameaça, até o recebimento da peça acusatória.
b. Peculato Culposo: a reparação do dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade. Assim, o momento é até o trânsito em julgado de sentença condenatória.
 
c. Fraude no Pagamento por Meio de Cheque: cheque pré-datado configura este crime? A Súmula 246 do STF informa que não se configura a emissão de cheque sem fundos; qual a conseqüência se o prejuízo é reparado? Até o recebimento da peça acusatória, a punibilidade é extinta (este entendimento do STF é criticado por doutrinadores, como Luis Régis Prado, pois não haveria base legal para isso), conforme Súmula 554 do STF. No caso de crimes tributários, o pagamento a qualquer momento, extingue a punibilidade.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Trata-se dos crimes do Título XI do CP. Este título encerra o Código Penal.
Segundo Raúl Machado Horta, a CF/88 é plástica (alguns livros referem-se à essa classificação), porque seus artigos estão alocados em ordem de importância, sendo os primeiros aos mais importantes em um estado democrático de direito.
Se transportamos essa visão para o direito penal, teremos que os crimes contra a Administração possuem menor importância dentro do ordenamento penal. Vemos isto nas penas aplicáveis a tais crimes.
O Capítulo I trata dos chamados crimes funcionais (art. 312 e 327 do Código Penal).
O Capítulo II trata dos crimes praticados por particulares contra administração (art. 328 e 337 do Código Penal);
O Capítulo II-A trata dos crimes contra a Administração Pública Estrangeira. O bem jurídico tutelado, na realidade, é a regularidade na transação comercial internacional. São os crimes do art. 337-B e 337-D). Este capítulo raramente é cobrado em concurso.
O Capítulo III trata dos crimes contra a Administração da Justiça (art. 338 à 359 do Código penal).
O Capítulo IV trata dos crimes contra as Finanças Públicas, estando dispostos no art. 359-A à 359-H). Este capítulo não é cobra em concursos, portanto não deverá ser estudado.
Concentrar energias nos Capítulos I, II e III. Principalmente o III.
1. CRIMES FUNCIONAIS – CAPÍTULO I
Crimes funcionais são crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração em geral.
Do conceito acima deve extrair duas conclusões: 
- O sujeito ativo, em regra, sempre será um funcionário público;- O sujeito passivo constante fatalmente é a Administração em geral, não impedindo com ela concorrer algum particular.
Nenhum dos crimes funcionais é considerado hediondo.
Observação:
O art. 7º, inciso I, letra c informa que os crimes contra a administração pública estão sujeitos à uma extraterritorialidade condicionada.
O § 4º do art. 33 informa que o condenado por crime contra a administração pública terá progressão de regime de cumprimento da pena. Aplica-se a todos os crimes contra a Administração Pública e não somente ao Crimes Funcionais.
1.1 Classificação
a) Crimes Funcionais Próprios: faltando a qualidade de servidor do agente, o fato passa a ser um indiferente penal. Se o agente despe-se da qualidade de servidor público, teremos uma atipicidade absoluta (não haverá crime). Exemplo: prevaricação (art. 319 do CP);
b) Crimes Funcionais Impróprio: faltando a qualidade de serviço do agente, o fato deixa de configurar crime funcional, mas permanece crime comum. Se o agente despe-se da qualidade de serviços pública, teremos uma atipicidade relativa (será crime comum). Exemplo: O art. 312 será o crime do art. 168; o art. 316, será o crime do art. 158.
Observação: seja um ou seja outro, será sempre servidor público.
1.2 Funcionário Público
O correto seria o direito penal buscar o conceito de funcionário público perante o direito administrativo, todavia não houve êxito nesta busca, tendo em vista a disparidade de conceitos oriundos deste ramo do direito.
Desta forma, o direito penal adotou seu próprio conceito unicamente para fins penais e definiu o conceito em seu art. 327, caput, (conceito autêntico).
No art. 327 caput, temos um conceito de funcionário público típico. Assim considera-se, para fins penais, funcionário público que exerce, ainda que transitoriamente e se remuneração:
- Cargo: estatuário;
- Emprego: celetista;
- Função Pública: aquele que tem dever com a Administração Pública.
Exemplo de função pública transitória e sem remuneração: jurado, mesário.
Questão: o Administrador Judicial (antigo síndico de falências) é funcionário público para fins penais? O administrador de falências não exercer cargo, emprego ou função pública, mas sim um encargo público, que não se confunde com a última, não sendo assim funcionário público para fins penais. Outro exemplo é o inventariante dativo, tutor ou curador dativo, que também não cometem crimes funcionais.
Questão: e o Advogado Dativo? Rogério Sanches entende que trata-se de encargo público, não sendo que pratique crime funcional. Por outro lado o STJ entende em sentido contrário, isto é, que o advogado dativo comete crime funcional, pois exerce função pública, sendo assim considerado funcionário público.
Questão: e o Estagiário? É considerado funcionário público para fins penais.
O § 1º do art. 327 equipara a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em empresa estatal, empresa contrata ou empresa conveniada. Nestes dois últimos casos somente será equiparado se as empresas foram contratadas para execução de atividade típica da Administração Trata-se do denominado Funcionário Público Atípico ou por Equiparação.
Até 2000 a redação do § 1º do art. 327 ia até “paraestatal”. Após a Lei 9.983/00, foi acrescido o restante relativo às empresas contratadas ou conveniadas. Esta alteração foi fomentada em razão da desestatização (não confundir com privatização) promovida pelo Estado.
O § 2º do art. 327 nos informa uma causa de aumento de pena (majorante), informando que a pena aumentará de 1/3 se o agente exerce, em órgão da Administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
- Cargo em Comissão.
- Função de Direção.
- Assessoramente.
Observação: Note que o legislador não mencionou a autarquia, portanto entende-se que esta espécie de entidade pública não está relacionada à majorante.
Questão: Todo crime funcional praticado pelo Presidente da República, Governador de Estado ou Prefeito Municipal vêm com o aumento? Segundo o STF, os ocupantes destes cargos exercem função de direção na Administração Direta e portanto jamais escaparão do aumento. Trata-se de Interpretação Compreensiva.
1.3 Crimes em Espécie
a) Peculato Apropriação (art. 312, caput, 1º parte do CP): 
b) Peculato Desvio (art. 312, caput, 2ª parte do CP):
c) Peculato Furto (art. 312, § 1 do CP):
d) Peculato Culposo (art. 312, § 2º do CP):
e) Peculato Estelionato (art. 313 do CP):
f) Peculato Eletrônico (Art. 313-A )
Observação: 
- Peculato Próprio: é sinônimo de peculato apropriação e peculato desvio (art. 312, caput);
- Peculato Impróprio: é sinônimo de peculato furto (art. 312, § 1º).
1.4 Art. 312, caput
O bem jurídico tutelado é a moralidade administrativa e secundariamente se tutela o patrimônio público ou particular.
O sujeito ativo é o funcionário público no sentido amplo do art. 327 do CP. 
O funcionário publico pode praticar o crime em associação com outros, funcionários públicos também ou particulares.
Exemplo: A, funcionário público, apropria-se de coisa pública que tinha a posse sob a influência de B, particular. A comete o crime de peculato e B também, como participe, desde que conhecia a condição pessoal de A. Todavia, se B não conhecia a condição de funcionário publico de A, irá responder pelo crime do art. 168, isto é apropriação indébita.
Questão: diretor de sindicato que se apropria de valores do sindicato pratica peculato? Diretor de sindicato não exercer cargo, emprego ou função público, não sendo assim funcionário publico típico. Analisando os § 1º do art. 327, vemos também que o mesmo não é funcionário público equiparado. Todavia é considerado a funcionário público no crime de peculato por força do art. 552 da CLT, onde temos uma equiparação do fato e não da pessoa, sendo o crime de apropriação praticado pelo diretor de sindicato equiparado a peculato. Todavia, após o advento da CF/88, alguns doutrinadores entendem que este artigo não foi recepcionado pela CF. Ao revés o STJ entende que este artigo, ao contrário da doutrina, foi recepcionado pela CF/88, prevalecendo o entendimento que a apropriação indébita diretor de sindicato equipara-se ao crime de peculato.
Observação: se o crime é praticado por prefeito municipal devemos primeiramente nos valer do Decreto Lei 201/67 (norma especial), para somente após lançarmos mão do Código Penal (norma geral).
A vítima do crime de peculato é a Administração Publica, podendo o particular figurar como vítima secundária.
1.5 Peculato Apropriação – Art. 312, Caput, 1ª Parte.
1. Apropriar-se significa apoderar-se de coisa de que tem a posse. Inverter a posse, agindo arbitrariamente como se dono fosse.
2. É praticada pelo funcionário público, no sentido amplo do art. 327.
3. O objeto é bem móvel, que é coisa capaz de ser transportada.
4. A propriedade do bem poder ser pública ou particular. Se particular o dono configura como vítima secundária.
5. Deverá o mesmo ter a posse.*
6. Esta posse deverá ser em razão do cargo.**
7. Deverá agir para sim ou para outrem.
* A expressão posse abrange detenção? 
1ª Corrente: a expressão posse foi utilizada no sentido amplo, abrangendo mera detenção. Conclusão: apropriar-se de coisa de que tem mera detenção é peculato apropriação.
2ª Corrente: a expressão posse não se confunde com mera detenção. Quando o legislador que abranger a mera detenção, ele o faz expressamente (exemplo: art. 168 do CP). Conclusão: apropriar-se de coisa de que tem a mera detenção configura peculato furto (subtração). O STJ adota esta segunda corrente.
** Deve haver um nexo funcional, isto é, a posse da coisa deve ser inerente às atribuições do agente, não bastando uma posse por ocasião do cargo, mas sim em razão do cargo. Dentre as atribuições do agente deverá estar a posse da coisa (nexo funcional).
1.6 Peculato Desvio – Art. 312, Caput, 2ª Parte.
A única diferençaentre este tipo e o tipo acima, é o verbo núcleo do tipo, que neste caso é o verbo “desviar”, que significa dar a coisa outra finalidade (particular).
Observações: Peculato Desvio e Peculato Apropriação
Ambos os crimes acima são cometidos mediante dolo, com a finalidade de apoderamento (desvio) definitivo.
Questão: se agir o agente com animus de uso? 
1) Coisa Consumível: o crime será o de peculato.
2) Coisa não Consumível: não haverá crime.
Observação: Prefeito Municipal, conforme o Decreto Lei 201/67, em seu art. 1º, informa que independente da natureza da coisa, sempre haverá crime, sendo a coisa consumível ou inconsumível.
Questão: se for de mão-de-obra? Mão de obra não é coisa, é serviço.
O peculato apropriação consuma-se no momento em que o agente de apropria da coisa exteriorizando poderes de proprietário. Já o desvio se consuma quando o agente dá a coisa finalidade diversa da natural.
Ambas as figuras admitem a tentativa e dispensam o efetivo enriquecimento do agente.
Questão: Aplicam-se o princípio da insignificância no crime de peculato? O STF admite o princípio da insignificância (não admite nos crimes contra a fé pública, como moeda falsa). O STJ, considerando que o bem jurídico tutelado é a moralidade administrativa não admite o princípio da insignificância. 
1.7 Peculato Furto – Art. 312, § 1º
a) Bem Jurídico
O bem jurídico tutelado é a moralidade administrativa. 
b) Sujeitos
- Ativo: funcionário público (art. 327, CP);
- Passivo: Administração em geral (podendo com ela concorrer o particular);
c) Conduta
	Art. 312 Caput
	Art. 312, § 1º
	- Posse
	- Não tem posse
	- Legítima
	
	Apropriar-se
	Subtrair
Se a subtração for facilitada pela qualidade funcional, teremos o crime de peculato furto (art. 312, § 1º), por outro lado, se a subtração não foi facilitada, teremos o crime do art. 155 CP (furto).
d) Tipo Subjetivo
Dolo + animus definitivo
e) Consumação
Adota-se a Teoria da Amotio, pois dispensa a posse mansa e pacífica, conforme STJ e STF.
Observação: Admite a tentativa.
1.8 Peculato Culposo – Art. 312, § 2º
Trata-se de único crime funcional culposo e é crime de menor potencial ofensivo.
a) Bem Jurídico: 
Moralidade administrativa.
b) Sujeitos:
- Sujeito Ativo: Funcionário Público (art. 327);
- Sujeito Passivo: Administração em Geral (podendo com ela concorrer o particular);
c) Conduta
“Concorrer culposamente para o crime de outrem”.
Questão: qual o crime de outrem que gera o crime de peculato culposo para o funcionário publico?
1ª corrente: somente podemos falar em peculato furto, pois se o crime de outrem for o do art. 312, § 1º (interpretação topográfica). A negligência do funcionário, que permite um peculato furto.
2ª corrente: haverá o peculato culposo em razão de qualquer crime de outrem, inclusive crime comum.
Prevalece a 1ª corrente. 
Somente haverá concurso de agente se ambos agem com dolo ou com culpa.
d) Consumação
O crime se consuma no momento em que se aperfeiçoa o crime de outrem.
Observação: Não, pois crime culposo não cabe tentativa.
e) § 3º do art. 312
Este § trás benefícios exclusivos do § 2º (Peculato Culposp
Se houver a reparação do danos antes da sentença condenatória irrecorrível, a punibilidade estará extinta. Por outro lado, se a reparação do dano for depois da sentença condenatória recorrível, a pena será diminuída em até ½ pelo juiz da execução.
1.9 Peculato Estelionato – Art. 313
a) Bem jurídico: 
Moralidade Administrativa
b) Sujeitos
- Ativo: funcionário público (art. 327);
- Passivo: administração pública em geral (podendo com ela concorrer o particular)
c) Conduta
	Art. 312 Caput
	Art. 312, § 1º
	Art. 313*
	- Posse
	- Não tem posse
	- Posse
	- Legitima
	
	- Ilegítima (erro)
	Apropria-se
	Subtrai
	Apropria-se
* Para configurar este crime, a vítima espontaneamente deve entregar o bem, isto é, o erro deve ser espontâneo, pois se foi provocado pelo agente, teremos o crime do art. 171.
O crime é punido a título de dolo com animus definitivo.
O crime se consuma no momento em que o funcionário recebe a coisa, em que percebendo o erro, não o desfaz (Consuma-se no momento em que o agente, percebendo o erro não o desfaz, apropriando-se da coisa, agindo como se dono fosse).
A doutrina admite a tentativa.
1.10 Peculato Eletrônico – Art. 313-A e B
	Art. 313-A
	Art. 313-B
	- Sujeito Ativo: Funcionário Público Autorizado;
- Sujeito Passivo: Administração Pública em Geral (+ Particular);
	- Sujeito Ativo: Funcionário Público não necessariamente o autorizado, podendo ser qualquer um.
- Sujeito Passivo: Administração em geral (+ o particular).
	- Conduta: inserir ou facilitar a inserção de dados falsos ou alterar ou excluir dados corretos.
Dados = Objeto material.
	- Conduta: modificar ou alterar sistema ou programa.
Sistema ou Programa = Objeto Material
	- Tipo Subjetivo: dolo + finalidade especial (agir para enriquecer ou prejudicar alguém).
	- Tipo Subjetivo: somente o dolo, sem finalidade especial.
	- Consumação: delito formal, consuma-se independentemente do prejuízo causado a alguém.
Observação: Admite tentativa
	- Consumação: é delito formal que admite a tentativa.
O art. 313-A está para a falsidade ideológica assim como o art. 313-B está para uma falsidade material virtual.
Desta forma, se o art. 313-A é praticado por agente não autorizado, teremos o crime de falsidade ideológica.
1.11 Concussão – Art. 316
a) Bem Jurídico
A moralidade administrativa é o bem jurídico tutelado. Como bem jurídico protegido secundariamente temos o bem jurídico do particular lesado pelo agente.
b) Sujeitos
Sujeito ativo pode ser o:
- Funcionário público no exercício da função;
- Funcionário público fora da função. Exemplo: Férias;
- Particular (na iminência de assumir a função pública);
Observação: 
1. se o sujeito ativo for o fiscal de rendas, não será aplicado o art. 316 do CP, que é crime contra a Administração Pública, mas sim o art. 3º, II da Lei 8.137/90 (é concussão, mas não se configura crime contra a Administração Pública, mas sim crime contra a ordem tributária);
2. se o sujeito for militar, será aplicado o art. 305 do CPPM.
Sujeito passivo é:
- Vítima primária: Administração Pública;
- Vítima secundária: o particular constrangido pelo funcionário público.
c) Conduta
1. O crime consiste em exigir, que se traduz em algo intimidativo ou coercitivo;
2. Para si ou para outrem (que pode ser um entidade pública);
3. Direta (pessoal) ou Indiretamente (por interposta pessoa);
4. Explícita (clara) ou Implicitamente (velada);
5. Vantagem indevida*
6. Metus Publicae Potestatis: o crime de concussão exige que o agente aja com o Metus Publicae Potestatis, isto é, que sua conduta possa ocasionar medo na vítima.
* A natureza jurídica desta vantagem é de natureza econômica ou pode ser de qualquer natureza (moral ou sexual, por exemplo)? Prevalece que pode ser qualquer natureza, tendo em vista que a moralidade administrativa é ferida de qualquer forma.
Questão: E se a vantagem, por outro lado, for devida, qual será o crime praticado? Depende, se a vantagem devida e constitui em tributo ou contribuição social, e o agente pratica meio vexatório para sua cobrança, teremos o crime do art. 316, § 1º do CP (Excesso de Exação). Se o a vantagem devida diferir de tributo ou contribuição social, teremos o crime de auso de autoridade.
Observação: para se concretizar a concussão é imprescindível que o agente tenha atribuição e competência para executar o mal futuro prometido. Caso o agente não tenha o poder para concretizar o mal prometido, teremos o crime de extorsão (art. 158).
Se o agente público se passa por agente público com outra função de que não a dele, teremos o crime de extorsão (art. 158). Exemplo: delegado que se passa por promotor.
Questão: médicodo atendendo pelo SUS é funcionário público? Sim.
- Se o médico exige vantagem indevida para o ato cirúrgico, teremos o crime de concussão (art. 316);
- Se o médico não exija vantagem indevida, mas somente solicite, teremos o crime de corrupção passiva (art. 317);
- Se o médico empregar fraude, simulando que o pagamento é devido, estará praticando o crime de estelionato (art. 171).
d) Tipo Subjetivo
O crime é punido a título de dolo, acrescido de uma finalidade especial: enriquecimento ilícito (locupletamento).
e) Consumação
O crime é formal e se consuma com a mera exigência, independentemente da obtenção da vantagem, que é mero exaurimento (aplicação da pena).
A tentativa é possível, como por exemplo na carta concussionária interceptada (doutrina minoritária entende que a carta concussionária seria mera preparação do crime, todavia não prevalece essa posição).
A diferença entre a concussão e a corrupção passível está no fato de que no primeiro temos a exigência, que é algo intimidativo. No segundo temos a solicitação, que é um pedido.
As penas de ambas são distintas:
- Corrupção Passiva: 02 a 12 anos;
- Concussão: 02 a 08 anos.
Há doutrina que questiona a constitucionalidade das penas, pois são inversamente proporcionais à gravidade dos crimes.
1.12 Corrupção Passiva – Art. 317
a) Bem Jurídico
A moralidade administrativa é o bem jurídico tutelado. Como bem jurídico protegido secundariamente temos o bem jurídico do particular lesado pelo agente.
b) Sujeitos
Sujeito ativo pode ser o:
- Funcionário público no exercício da função;
- Funcionário público fora da função. Exemplo: Férias;
- Particular (na iminência de assumir a função pública);
Observação: 
1. se o sujeito ativo for o fiscal de rendas, não será aplicado o art. 317 do CP, que é crime contra a Administração Pública, mas sim o art. 3º, II da Lei 8.137/90 (é corrupção passiva, mas não se configura crime contra a Administração Pública, mas sim crime contra a ordem tributária);
2. se o sujeito ativo for militar, será aplicado o art. 308 do CPM, que todavia não previu o verbo “solicitar” em sua conduta e caso o militar solicite, não teremos o crime do art. 308 do CPM, mas devemos aplicar a norma geral, que é o art. 317 do CP.
Sujeito passivo é:
- Vítima primária: Administração Pública;
- Vítima secundária: poder o particular constrangido pelo funcionário público, desde que ele não tenha praticado corrupção ativa.
Questão: a corrupção ativa pressupõe a ativa e vice e versa?
	ART. 317 
	ART. 333***
	Art. 337-B
	Art. 342, § 1º
	Código Eleitoral
	- Solicitar*
	- Dar
	-Dar
	-Dar
	-Dar
	- Receber**
	- Oferecer
	- Oferecer
	- Oferecer
	- Oferecer
	- Aceitar Promessa**
	- Prometer
	- Prometer
	- Prometer
	- Prometer
* Alguém depois deu (DAR) o objeto solicitado;
** Alguém antes ofereceu e/ou prometeu;
*** O art. 333 só pune o corruptor se a corrupção partiu dele, que somente ocorre no oferecer e prometer. No caso de dar, o tipo penal não prevê essa conduta, pois neste verbo, não tem como a corrupção partir dele. Se o corruptor barganhar, haverá o crime, mesmo que inicialmente tenha oferecido ou prometido. Todavia, há projeto de lei no Congresso que irá criminalizar o “dar” na corrupção ativa.
c) Conduta
Pune:
1. Solicitar ou receber,
2. Para si ou para outrem (poderá ser a própria Administração Pública, inclusive tem casos de juízes que estão sendo processados por solicitarem equipamentos para o Fórum);
3. Direta ou indiretamente,
4. Explicita ou implicitamente.
5. Vantagem indevida, de qualquer natureza,
6. Aceitar promessa de tal vantagem.
Observação:
- Corrupção Passiva Própria: é a que tem por finalidade a realização de comportamento injusto (o funcionário público, neste caso, comercializa o ato ilegítimo, isto é, injusto). Exemplo: agente que solicita dinheiro para soltar um detento;
- Corrupção Passiva Imprópria: é a que tem por finalidade a realização de comportamento legítimo (o funcionário comercializa ato justo). Exemplo: promotor que somente arquiva processo, que é de arquivamento, se receber valor solicitado.
- Corrupção Passiva Antecedente: 
1º - Solicita/Recebe/Aceita Promessa;
2º- Realizar o ato comercializado;
Crime
- Corrupção Passiva Subseqüente:
1º - Realiza o ato;
2º - Solicita/Recebe/Aceita Promessa.
Crime
A corrupção ativa somente é punida de forma antecedente, não sendo punida a subseqüente.
- Corrupção Ativa Antecedente: 
1º - Oferece/Promete;
2º- Visando Ato Futuro;
Crime
- Corrupção Ativa Subseqüente:
1º - Pratica o ato;
2º - Oferece/Promete
Não configura crime.
d) Tipo Subjetivo
O crime é punido a título de dolo, acrescido de um elemento subjetivo: busca da vantagem indevida.
e) Consumação
O crime se consuma:
- Modalidades solicitar/aceitar: o crime é formal;
- Modalidade Receber: o crime é material.
A doutrina somente enxerga tentativa na solicitação por escrito.
f) § 1º do art. 317
Solicita (art. 317)
Recebe (art. 317)
Aceita (317)
+
Pratica Ato infringindo dever funcional (pena aumento de 1/3).
Observação: 
1. Cuidado quando o ato praticado configura crime autônomo (art. 69 do CP), pois esquecemos o aumento, devendo o agente responder pela corrupção mais o crime autônomo praticado;
2. Somente será possível majorar a penal na corrupção passiva for própria que é a única em que se pratica ato infringindo dever funcional.
f) § 2º do art. 317
Trata da corrupção passiva privilegiada. O § 2º pune os famigerados favores administrativos (não se confunde com o art. 319, isto é, crime de prevaricação)
	Art. 317, § 2º
	Art. 319
	O funcionário cede diante de um pedido ou influência de outrem (ato voluntário)
	O funcionário age sob influência de outro ou pedido ato (espontâneo)
	Não visa interesse ou satisfazer sentimento pessoal (o funcionário não quer vantagem pessoal – não colocar na prova)
	Busca satisfazer interesse ou sentimento pessoal (o funcionário quer vantagem pessoal – não colocar na prova)
	
	
1.13 – Art. 319-B
O princípio da proporcionalidade, tem a finalidade:
- evitar o excesso (evitar a hipertrofia da punição);
- Evitar a insuficiência da inst. Estatal (punição insuficiente).
a) Bem Jurídico
Primeiramente: segurança interna dos presídios e segurança externa das sociedade em geral.
b) Sujeito Ativo
Sujeito Ativo: é o agente público com o dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar.
Preso não se confunde com internado (não abrange estabelecimento de cumprimento de medida de segurança, mas discute-se se abrange estabelecimentos que abrigam menores infratores).
O art. 319-A pune o agente com dever funcional. O preso a quem se destinava o aparelho pratica o crime do art. 50, III, da LEP (falta grave).
Particular que introduz o aparelho no ambiente prisional é fato atípico (tem projeto de lei que cria o crime).
O sujeito passivo é o estado e secundariamente a sociedade colocada em perigo.
O art. 319-A informa que o crime consiste em:
-Deixar de... (omissivo próprio);
- Cumprir seu dever de vedar ao preso (não será autor qualquer funcionário o potencial autor);
- O acesso a aparelho que permita comunicação com o mundo externo ou com outros preso.
Questão: e se o funcionário ao invés de apenas permitir o acesso ao aparelho, pessoalmente entregá-lo, ou então, deixar de retirar do preso aparelho que já está em sua posse? A expressão “acesso ao aparelho” não deve ser interpretada restritivamente. A contrário, merece ser dada a expressão o seu real alcance, abrangendo as condutas de entregar pessoalmente ou não retirar aparelho já na posse do preso.
c) Tipo Subjetivo
o crime é punido a título de dolo (prevaricação) + satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
O art. 319-A é punido a título de dolo (prevaricação imprópria), mas sem finalidadeespecial.
d) Consumação
O crime se consuma com a simples omissão do dever.
Trata-se de crime omissivo impróprio, sendo unisubsistente, não admitindo tentativa.
1.14 Procedimento nos Crimes Funcionais
Os crimes funcionais (art. 312 a 326 do CP) possuem procedimento próprio:
	
1) Crime Afiançável
	
2) Crime Inafiançável
	
3) Crime de Menor Potencial Ofensivo
	4) Sujeito ativo deve ser detentor de foro por prerrogativa de função
	- Denúncia;
Defesa Preliminar*
- Recebimento;
Procedimento Ordinário
	- Denuncia;
- Recebimento;
Procedimento Ordinário
	Rito da Lei 9.099/95
	Rito da Lei 8.038/90
* O particular que concorreu no crime tem defesa preliminar? Não se estende a particular, participe ou co-autor, pois somente dela pode lançar mão o funcionário público.
Questão: e se após praticado o crime, o agente deixar de ser funcionário público? Também não faz jus à defesa preliminar;
Questão: e se tiver aposentado? Também não faz jus à defesa preliminar.
Questão: e se o juiz omite a oportunidade de defesa preliminar do funcionário público (art. 514 do CPP)?
1ª corrente: Há concreta lesão a ampla defesa, gerando nulidade absoluta (Tourinho Filho);
2ª corrente: Havendo oportunidade de defesa durante o processo, a nulidade será relativa, devendo ser argüida no momento oportuno, comprovando –se o prejuízo (Mirabete). É adotada pelo STF.
3ª corrente: A defesa preliminar somente é indispensável, quando a denúncia não vem acompanhada por inquérito policial (Súmula 331 do STJ). Segundo o STF esta súmula é inconstitucional. O STF adota a 2ª corrente.
CRIMES CONTRA A HONRA
Os crimes contra a honra estão dispostos, no CP, nos artigos 138, 139 e 140, sendo eles denominados, respectivamente de: calúnia, difamação e injúria.
Todavia os crimes contra a honra não se esgotam neste rol do CP, pois temos outros crimes desta mesma espécie em outros diplomas legais.
Os crimes contra a honra previsto na Lei de Imprensa, em razão desta lei ter sido considerada não recepcionada pelo STF, por meio da ADPF 130, também não estão mais vigentes, porém não significa que as infrações ocorridas por meio da imprensa estão impunes, pois outros dispositivos penais abarcam condutas.
O Código Eleitoral possui característicos crimes contra a honra, que são aqueles praticados durante o período de propaganda eleitoral.
Os crimes contra a honra previstos no CP são delitos de ação penal privada.
Por seu turno, os crimes contra a honra do Código Eleitoral são de ação penal pública incondicionada.
Além dos diplomas acima citados, ainda temos a Lei de Segurança Nacional que disciplina alguns crimes contra a honra, onde será necessário a motivação política, não bastando o simples ato, que por si só configura crime do CP. Por exemplo: art. 26.
O CPM também informa alguns crimes contra a honra, que são de competência da Justiça Militar.
Desta forma, quando nos depararmos com crime contra a honra, primeiramente devemos ver se pertence a alguma lei especial ou ao CP.
1. BEM JURÍDICO
O objeto jurídico é a honra, que pode ser:
a) Objetiva: é o conceito que a sociedade tem a respeito do indivíduo. Trata-se daquilo que os outros pensam do sujeito.
b) Subjetiva: representa o conceito que o sujeito pensa de si próprio.
A honra objetiva é tutelada pelos delitos de calúnia e difamação, enquanto que a honra subjetiva é tutelada pelo delito de injúria.
Os crimes se consumam, no caso da honra objetiva, quando a sociedade toma conhecimento dos fatos. Já na honra subjetiva não é necessário o conhecimento da sociedade acerca dos fatos.
Nos crimes contra a honra objetiva a imputação deve chegar ao conhecimento de terceiro, enquanto que nos crimes contra a honra subjetiva é dispensável o conhecimento por terceiros.
Questão: a honra é bem disponível ou indisponível? A honra é eminentemente disponível, sendo característica intrínseca sua.
2. CALÚNIA – ART. 138
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
2.1 Sujeitos do Crime
a) Sujeito Ativo: trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer um.
b) Sujeito Passivo: importantes discussões temos neste tema. Sendo elas:
Questões:
1. Os mortos podem ser caluniados? É punível a calúnia contra os mortos, mas seus parentes serão os sujeitos passivos. Na Lei de Imprensa, em seu art. 24, previa que era possível a punição da calúnia, difamação e injúria contra a memória dos mortos;
Observação: não é punível a difamação e a injúria contra os mortos.
2. Os inimputáveis podem ser caluniados? Tanto o menores de 18 anos, como doentes mentais, ou seja, os inimputáveis podem ser sujeitos passivos do crime de calúnia.
Observação: Os inimputáveis podem ser sujeitos passivos do crime de difamação. Podem também ser sujeitos passivos do crime de injúria, mas deste que tenha conhecimento de sua honra subjetiva.
3. Os desonrados podem ser caluniados? A doutrina informa que o desonrado preserva um “oásis moral” e por mais desonrado que seja poderá ser sujeito passivo do crime em tela.
Observação: podem também ser sujeitos passivos do crime de injúria e difamação.
4. As pessoas jurídicas podem ser caluniadas? 
1ª Corrente: Rogério Sanches, através da Teoria da Dupla Imputação, entende que a pessoa jurídica pode ser responsabilizada criminalmente, desde que a pessoa física vinculada à pessoa jurídica também responda pelo crime. Assim a pessoa jurídica não poder ser sujeito passivo do crime de calúnia, pois ela não pode praticar o mesmo, mas pode ser responsabilizada. Todavia pode a pessoa jurídica ser sujeito passivo do crime de difamação.
2ª Corrente: Bitencourtt entende que a pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia, mas deste que a falsa imputação refira-se a fato definido como crime ambiental.
Observação: a pessoa jurídica pode ser vitima de difamação, mas não pode ser sujeito passivo do crime de injúria, pois não tem honra subjetiva.
2.2 Tipo Objetivo
São elementos do tipo objetivo:
a) Imputação de fato definido como crime, não bastando alegações generalistas, mas sim um fato concreto e definido. Somente emissões de qualidades depreciativas irão configurar injúria.
Questão: e se o fato imputado é uma contravenção penal e não crime? A imputação de fato definido como contravenção penal, teremos o delito de difamação e não calúnia.
Questão: se ao agente e imputado é a autoria de crimes, de roubo por exemplo? O raciocínio é o mesmo, não sendo calúnia, pois não se trata de fato concreto.
b) Falsidade da imputação: a imputação deve ser falsa. 
Questão: e se o agente autor da imputação acredita na veracidade da imputação? Age em erro de tipo, afastando-se assim a tipicidade de sua conduta. 
Questão: a auto calúnia é crime? Trata-se de crime do art. 341 do CP.
2.3 Elemento Subjetivo
O elemento subjetivo é conhecido com animus caluniandi, que é o ânimo próprio do delito de calúnia.
Observação: na difamação e na injúria temos a mesma coisa, mas no caso temos, respectivamente o animus diffamandi e o animus injuriandi.
Temos também outros ânimos:
- Animus Jocandi: brincadeira, gozação;
​- Aninus Narrandi: testemunha que narra fatos acerca do que presenciou;
​- Animus Defendendi: é a intenção de defender. Exemplo: Tribunal do Júri onde a defesa imputa ofensas ao MP. Todavia trata-se de escusa relativa somenteao crimes de injúria e difamação, conforme o art. 142 do CP, não abarcando a calúnia.
3. CALÚNIA/DIFAMAÇÃO/INJÚRIA
Estes crimes possuem semelhanças, que são as seguintes:
a) Tanto a calúnia quanto a difamação exige a imputação de fato. Já a injúria não exige a imputação de fato, mas sim uma mera qualidade depreciativa (exemplo: sujeito é ladrão);
b) A falsidade somente é elementar do crimes de calúnia. No crime de difamação, mesmo que a imputação refira-se a um fato verdadeiro o delito estará caracterizado.
Questão: Concurso de crimes é possível?
- Se os crimes forem praticados em contextos diferentes, o agente responde pelas diversas infrações penais em concurso material. 
- Se todavia, praticados num mesmo contexto fático:
 1ª Corrente Minoritária: responde pelos diversos crime sem continuidade delitiva/Crítica – a continuidade delitiva tem como requisito básico que os crimes sejam da mesma espécie, apesar de atingirem a honra; 
2ª Corrente Majoritária: aplica-se o princípio da consunção, sendo os crimes mais leves absorvidos pelos mais graves
4. EXCEÇÃO DA VERDADE
É um incidente processual por meio do qual o acusado de crime contra a honra (calúnia e difamação*), pretende provar a veracidade do que alegou, demonstrando ser o querelante autor de fato definido como crime (no caso da calúnia).
Numa queixa-crime, a exceção da verdade seria um contra-ataque, pois no exemplo do crime do art. 138, que exige a falsidade da imputação, o ofensor tenta provar que a imputação é verdadeira.
Em regra é cabível a exceção da verdade no crime de calúnia, salvo nas hipóteses do art. 138, § 3º.
Observação: apesar de não ser cabível a exceção da verdade nas hipóteses do art. 138, § 3º, essa limitação alcança apenas a interposição formal do incidente, o que no entanto não impede que o querelado prove a veracidade de sua imputação, sob pena de violação ao princípio da presunção de inocência e da garantia da ampla defesa. Exemplo: caso da nadadora Joana Maranhão.
* A exceção da verdade somente cabe em relação ao crime de difamação quando o fato for ofensivo a funcionário publico e relacionar-se ao exercício das suas funções. Com relação ao crime de injúria não cabe a exceção da verdade.
Se a veracidade é provada estaremos afastando a tipicidade da conduta, pois a falsidade é uma elementar do crime de calúnia. Já em relação ao crime de difamação, a doutrina entende que funciona como excludente de ilicitude, por conta do interesse do Estado na veracidade ou não da informação.
Exceção da Verdade em Foro por Prerrogativa de Função:
Caso o querelante seja titular de foro por prerrogativa de função, a exceção da verdade deve ser julgada pelo respectivo tribunal, em relação ao crime de calúnia, e em relação ao crime de difamação, mas somente se a imputação versar sobre fato definido como contravenção penal.
A admissão e o processamento da exceção deverão ocorrer perante o juízo a quo (juízo de 1ª instância).
5. EXCEÇÃO DA NOTORIEDADE
O art. 523 do CPP prevê a exceção da verdade e da notoriedade.
A exceção da notoriedade é a oportunidade que o querelado tem de demonstrar que suas afirmações são de domínio público, ou seja, se o fato é de domínio público não haveria ofensa contra a honra objetiva. Assim, se é provado em juízo que o fato é público e notório. Somente é admissível nos crimes de calúnia e difamação. Trata-se de posição de Capez.
Todavia, segundo Bittencourt, mesmo que o fato imputado seja público e notório o crime estará caracterizado, pois ninguém tem o direito de vilipendiar a honra alheia.
6. DENUNCIAÇAO CALUNIOSA – ART 339
A denunciação caluniosa absorve o crime de calúnia com base no princípio da consunção. 
O art. 339 somente é punido a título de dolo direto. Já a calúnia admite, em seu art. 138, caput, pune tanto a conduta punida a título de dolo direto, como a título de dolo eventual, e a conduta do § 1º, somente é punida a título de dolo direto.
7. INJÚRIA
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem: (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)
7.1 Desacato
Injúria não se confunde com o delito de desacato. Sendo o ofendido um funcionário público e tendo o fato sido praticado na sua presença e em razão de sua função, caracterizar-se-á o crime de desacato.
7.2 Injúria Real
Trata-se da hipótese de crime em que se pratica um crime contra a honra através de violência e vias de fato.
Responde o agente não somente pela injúria, mas como também pela violência empregada, em concurso formal impróprio, pois mediante uma única ação se pratica um ou mais crimes e as penas deverão ser somadas. Essa é a melhor posição doutrinária.
7.3 Injúria Preconceituosa
Nesta caso, há um ataque verbal exclusivo contra a vítima ofendendo sua dignidade com base na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, origem.
Questão: ofensa a pessoa com base em sua opção sexual configura injúria preconceituosa? Não.
Racismo
É a oposição indistinta a um raça, cor, etc.
O racismo é crime de ação penal pública incomum e a injúria é de ação penal privada.
A injúria é prescritível, enquanto que o racismo é inafiançável e imprescritível.
Observação: em regra, crimes contra a honra são de competência dos juizados, exceto no caso da injúria preconceituosa, pois a mesma sua pena máxima é de 03 anos (é a mesma pena do homicídio culposo, o que segundo alguns doutrinadores violaria o princípio da proporcionalidade).
8. CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE
Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
O inciso I informa a denominada Imunidade Judiciária, que possui os seguintes requisitos:
- Ofensa proferida em juízo;
- Deve guardar relação, com a causa em discussão (exemplo: esse promotor é uma cobra criada, etc).
A natureza jurídica do art. 142 é de causa excludente da ilicitude. Essas excludentes da ilicitude se referem somente aos crimes de injúria e difamação.
9. RETRATAÇÃO
Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Retratação significa retirar o que foi dito e cabe nos seguintes delitos quanto a honra: calúnia e difamação. Não cabe no crime de injúria.
A natureza da retratação é causa extintiva da punibilidade. É cabível somente na ação penal privada (querelado, note no caput), pois em alguns crimes contra a honra, excepcionalmente a ação será pública.
Ao contrário do perdão do ofendido, a retratação não depende de aceitação do ofendido e nem exige publicidade.
10. PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
Art. 144 - Se, de referências,

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