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CHOQUE 1 Profa. Ms. Vanessa Dias Objetivos da aula • Definir choque; • Classificar o choque com base na sua etiologia; • Explicar a fisiopatologia do choque, incluindo a sua progressão e etapas; • Cuidados de enfermagem ao paciente em estado de choque. 2 3 • É uma síndrome caracterizada por insuficiência circulatória aguda com má distribuição generalizada do fluxo sanguíneo, que implica falência de oferta e/ou utilização do oxigênio nos tecidos; • Nem todos os danos teciduais resultam da hipóxia; • Situação em que há perfusão orgânica e a oxigenação tecidual inadequadas. DEFINIÇÃO • Hollenberg SM et al: taxa de mortalidade de 50 a 80% nos pacientes com choque cardiogênico com infarto agudo do miocárdio; • Friedman G et al: taxa de mortalidade no choque séptico de 39 a 60%, que não tem diminuído significativamente nas ultimas décadas; • Choque hipovolêmico é a principal causa de óbito evitável no paciente politraumatizado. Epidemiologia • Desbalanço entre a demanda de oxigênio e o consumo; • Os efeitos da privação de oxigênio são inicialmente reversíveis, mas, rapidamente, tornam-se irreversíveis. O resultado é morte celular sequencial, dano em órgãos-alvo, falência múltipla de órgãos e morte; • A perfusão tissular sistêmica é determinada pelo DC e RVS, portanto uma diminuição da perfusão tissular sistêmica pode ser consequência da diminuição do DC ou RVS. Fisiopatologia 6 • O corpo humano é constituído por milhões de células e cada uma delas precisa de oxigênio para funcionar. • Para que o metabolismo produza energia, as células precisam de combustível (oxigênio e glicose). • A sensibilidade das células à falta de oxigênio varia de um órgão para outro (sensibilidade à isquemia). ANATOMIA E FISIOLOGIA 7 Atendimento às necessidades do metabolismo celular Oferta de oxigênio adequada • Concentração de hemoglobina • Débito cardíaco • Conteúdo de O2 ligado à hemoglobina 8 Atendimento às necessidades do metabolismo celular • Ligação do oxigênio às hemácias nos pulmões: • Exige: vias aéreas pérvias; ventilação com volume; profundidade e freqüência respiratórias adequadas; porcentagem de oxigênio no ar inspirado adequada. • Chegada das hemácias às células: • Exige: número suficiente de hemácias; volume sanguíneo adequado. •Passagem do oxigênio das hemácias para as células nos tecidos: • Maior interferência relaciona-se ao edema intersticial que separa as hemácias, que estão nos capilares, das células nos tecidos periféricos. PRINCÍPIO DE FICK 9 • Componentes: • Coração: bomba • Sistema vascular: um continente, que é um complexo sistema de tubulações ramificadas formado por artérias, veias e capilares, através do qual o sangue circula. • Sangue: líquido circulante. • ATENÇÃO! • O mau funcionamento em algum deste componentes, irá resultar na diminuição ou ausência da chegada de oxigênio às células. SISTEMA CARDIOVASCULAR 10 O sangue contém não apenas hemácias, mas também fatores que combatem a infecção, plaquetas, proteínas, nutrientes na forma de glicose e outras substâncias necessárias para o metabolismo e sobrevida. SANGUE 11 O sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) dirige e controla as funções involuntárias do organismo (respiração, digestão e função cardiovascular). • SNS: leva simultaneamente ao aumento da freqüência e da força de contração do coração e da frequência ventilatória, além de constrição dos vasos sanguíneos de órgãos não essenciais (pele e trato gastrointestinal) e dilatação e aumento do fluxo sanguíneo nos músculos. • SNP: a resposta vagal do sistema parassimpático diminui a freqüência e a força de contração do coração, mantendo o equilíbrio do organismo. SISTEMA NERVOSO 12 Estágios do choque • Fase isquêmica: conversão de aeróbio para anaeróbio. • Fase de estagnação: saída de líquidos dos capilares para o espaço intersticial (edema tecidual) • Fase de depuração: acidose localizada passa p/ sistêmica 13 14 1. O fluxo sanguíneo para o coração, o cérebro e os pulmões recebe a maior prioridade. 2. O suprimento sanguíneo para o fígado e os rins recebe a próxima prioridade. 3. O fluxo sanguíneo para a pele, as extremidades e o trato gastrointestinal tem a prioridade mais baixa. O SISTEMA CARDIOVASCULAR NO CHOQUE Tipos de Choque • Choque Hipovolêmico Volume vascular menor do que o espaço vascular normal. – Perda de fluidos e eletrólitos • Desidratação – Perda de sangue e fluido • Choque hemorrágico 15 Tipos de Choque • Choque Distributivo ou Vasogênico O espaço vascular é menor do que o normal. – “Choque” neurogênico – “Choque” psicogênico – Choque séptico – Choque anafilático • Choque Cardiogênico Insuficiência de bombeamento 16 17 • É a causa mais comum de choque no pré-hospitalar e a perda de sangue é de longe a causa mais comum de choque no doente traumatizado. • Quando ocorre perda de sangue em virtude de desidratação (perda de plasma) ou à hemorragia (perda de plasma e hemácias), há desequilíbrio entre o volume de líquido e o tamanho do continente. • Quando há perda de sangue da circulação, o SNS libera noradrenalina que desencadeia a constrição dos vasos sanguíneos. • Quando os mecanismos de defesa não conseguem compensar a redução de volume, a PA do paciente começa a cair. CHOQUE HIPOVOLÊMICO 18 19 CHOQUE HIPOVOLÊMICO 20 CHOQUE HIPOVOLÊMICO 21 CHOQUE HIPOVOLÊMICO 22 • TRATAMENTO • O tratamento definitivo da falência de volume consiste em repor o líquido perdido. • Pesquisas sobre choque evidenciam que quando há perda de sangue, a razão de reposição com soluções de eletrólitos deve ser de 3 litros para cada litro de sangue perdido. • No choque moderado e grave, a reposição com solução de eletrólitos e sangue é melhor do que apenas com sangue. • A melhor solução de cristalóide para tratar o choque hemorrágico é o RL. CHOQUE HIPOVOLÊMICO • Como o socorrista deve controlar essa hemorragia??? 1. Pressão direta: realiza-se no local do sangramento utilizando uma gaze ou uma compressa, aplicando-se uma pressão manual. 2. Elevação: Se não conseguir estancar com pressão direta, deve-se elevar a extremidade; a gravidade retardará a chegada de sangue no local do sangramento; atenção para fratura ou luxação 3. Pontos de pressão: realizar pressão profundo sobre uma artéria proximal à lesão. Os principais pontos de pressão são artéria braquial; art. Axilar; art. Plopítea e art. Femoral 4. Torniquetes: é o ultimo recurso e só deve ser usado quando nenhuma das outras altenativas der certo. *** o controle da hemorragia é uma prioridade • O exame primário não pode seguir a diante se o sangramento não estiver controlado. • O socorrista deve iniciar o controle da hemorragia e mantê-lo durante todo o transporte. • Se suspeitar hemorragia interna deve rapidamente expor o abdômen do paciente para inspecionar e palpar procurando sinais de lesão. • Importa palpar a pelve pois fraturas pélvicas são grande fontes de sangramentos intra-abdominais. • No caso de fraturas pélvicas é importante o transporterápido, uso de calça pneumática antichoque(PASG) e reposição rápida de fluido endovenoso aquecido. 26 • Relacionado com as alterações do tônus vascular decorrente de várias causas diferentes. • Pode ocorrer devido a: • Trauma de medula espinhal • Simples desmaio • Infecções graves • Reações alérgicas • O tratamento visa melhorar a oxigenação do sangue e melhorar ou manter o fluxo sanguíneo para o cérebro e os outros órgãos vitais. CHOQUE DISTRIBUTIVO (ou Vasogênico) 27 28 • Ocorre quando há lesão da medula no local de saída dos nervos do SNS (região toracolombar). • Por causa da perda da inervação simpática, que controla a musculatura lisa na parede vascular, os vasos abaixo do nível de lesão ficam dilatados. • RVS + Vasodilatação = Hipovolemia Relativa • ATENÇÃO • Os pacientes com choque neurogênico podem ter lesões associadas que levem à hemorragia intensa. “CHOQUE” NEUROGÊNICO (hipotensão neurogênica) “CHOQUE” PSICOGÊNICO (ou Vasovagal) • É mediado pelo sistema nervoso parassimpático; • A estimulação do 10º nervo craniano o vago causa bradicardia; • Vasodilatação periférica e hipotensão transitória; • Se a bradicardia e a vasodilatação forem suficientemente acentuada, o débito cardíaco cai muito e causa insuficiência do fluxo sanguineo cerebral; • Quando o doente perde a consciência dizemos que ocorre uma síncope vasovagal (desmaio). • Tratamento: colocar o doente na posição horizontal. 29 30 • Ocorre em pacientes com infecções graves, que é outra situação que cursa com vasodilatação. • As citoquinas, hormônios de ação local produzidos pelos leucócitos em resposta à infecção, lesam as paredes dos vasos sanguíneos, levando à vasodilatação periférica e ao extravasamento de líquido dos capilares para o espaço intersticial. CHOQUE SÉPTICO CHOQUE ANAFILÁTICO • Ocorre rapidamente e comporta risco de vida; • É causado por uma reação alérgica grave quando os pacientes que já produziram anticorpos para uma substância não- própria (antígeno) desenvolvem uma reação antígeno- anticorpo sistêmico. • Uma reação antígeno-anticorpo faz com que os mastócitos liberem as substâncias vasoativas potentes, como a histamina ou bradicinina, gerando vasodilatação e permeabilidade capilar disseminada. 31 32 • Resulta de uma falha na atividade de bombeamento do coração • CAUSAS • INTRÍNSECAS: • Lesão do músculo cardíaco (Ex. IAM; lesão contusa no coração) • Arritmia (pode afetar a eficiência das contrações, levando a comprometimento da perfusão sistêmica) • Disfunção valvar (a lesão valvar grave leva à regurgitação aguda, sendo que uma quantidade significativa de sangue volta para a câmara da qual acabou de ser bombeado) CHOQUE CARDIOGÊNICO 33 • Resulta de uma falha na atividade de bombeamento do coração • CAUSAS • EXTRÍNSECAS: • Tamponamento pericárdico: a presença de líquido no saco pericárdico não deixa que o coração se encha completamente durante a diástole. O enchimento inadequado leva à diminuição da força de contração do coração. • Pneumotórax hipertensivo: ocorre desvio do mediastino para o lado contrário à lesão, o que leva a compressão e torção da cava superior e inferior e o aumento da pressão intratorácica dificultando o retorno venoso ao coração. CHOQUE CARDIOGÊNICO 34 35 SINAIS ASSOCIADOS AOS DIVERSOS TIPOS DE CHOQUE Exame Primário e secundário no PHTLS: • Sinais suspeitar lesão risco de vida: – Ansiedade leve , que progride para confusão ou alteração de nível de consciência – Taquipneia leve, que evolui par ventilação rápida e dificultosa – Taquicardia leve , que evolui para taquicardia acentuada – pulso radial fraco que desaparece – pele pálida ou cianótica – Enchimento capilar maior que 2 segundos VIAS AEREAS: (Avaliar) VENTILAÇÃO: 20-30irpm (O2), >30 – Avançado / Fome de Ar (isquemia cerebral) Avaliação CIRCULAÇÃO : HEMORRAGIA E PEFUSAO – Procurar sangramento externo (ex. couro cabeludo) – Avaliação pulso (desaparece = hipovolemia grave ou lesão vascular ) (filiforme e acelerados) – Examinar (pulso forte ou fraco ou filiforme? Normal , muito rápido ou muito lento? Regular ou irregular? – No EF2º mais preciso: (60-100) (100-120 inicial) (120-140 síndrome choque ) 140 (>critico) – Coloração pele (desvio) = fria (baixa perfusão) – T. enchimento: avalia leito capilar daquele lugar . – Ajudar na Reanimação e halux quente , seco e rosado. – PA: Menos sensíveis no choque , outros são mais sensíveis , e quando está alterado pode ser sinal já de perda significante (classe III = >30%) Avaliação ESTADO NEUROLOGICO: o No paciente traumatizado Alteração consciência ou comportamento: – 1)hipóxia 2)Choque com alteração da perfusão cerebral 3) lesão cerebral traumática 4)intoxicação por alcool e outras drogas 5) alteração metabólica como DM, convulsão ou eclampsia. • Única tratada no hora e hipóxia (fatal – causar lesão cerebral) • Um dos primeiros sinais do choque. • Evolui: Ansiedade e agitação -> lentificação do pensamento > diminuição da função motora e sensitiva. • Lesão musculoesquelética = Fraturas (fêmur 1-2l), pode ser causa fatal por choque. Avaliação • OBJETIVO: Evitar Hipoperfusao (VA,O2,Controlar,Volume,Repor hemácias perdidas) • Pré-hospilar: Causa? Qual tratamento? Localização hemorragia? O q se pode ser feito no transporte? • 1) VIAS AEREAS: Avaliar Perviedade / Pacientes de riscos. • 2) VENTILAÇAO: O2 ,100% , Sat: >95% • 3) CIRCULAÇAO: 1º Controlar Hemorragia externa – Impossibilidade no local = transporte – Acesso venoso não deve retarda – Cuidados Manipulação – Evitar posição trendeleburg Abordagem • 3) EXPOSICÃO = CONTROLE DO AMBIENTE – Evitar Hipotermia (coagulopatia/hipercalemia/vasocostricao..) – Retirar roupas molhadas, O2 umidificado aquecido , ambiente (29º) e Líquidos (39º).. • 4) TRANSPORTE = Transfusão de sangue e Cirurgião – Local com recurso para lesão – Não carregar e correr e não perder tempo com inapropriado – Na ambulância ( Avalição 2º e Reposição Volêmica) Abordagem Calça pneumática Anti-Choque: – Controle hemorragia (RV e PA) – 4 situações: • Hipotensão profunda (50-60) • Fratura bacia c/ hipotensão (<90) • Hemorragia intraperitoneal c/ hipotensão • Hemorragia retroperitoneal c/ hipotensão – C. Indicações: ferimento penetrante tórax, imobilização de fratura mi, evisceração abd, objetos encravados, gravidez , PCR ... Abordagem REPOSICAO VOLEMICA – Acesso venoso não deve retarda transporte (PH) – 2 acessos curtos e grosso (maior fluxo) / 2 insucesso = IO Sol. Isotônica (expansores - ↑ Pré-Carga) – RL = Plasma = OK / alternativa = SF (↑qtd = Hipercloremia) – SG não é bom expansor , não devem ser usados no trauma – Quantidade para repor perda : 1:3 (Aquecido) – Choque Classe II e III -> receber bolus de 1-2l de RL (crianças 20ml/kg) – Monitorar sinais vitais (Pulso, Fcar, F.resp, PA) = Resposta Abordagem • REPOSICAO VOLEMICA (RESPOSTA:) 1. RAPIDA: Sinais voltam ao normal e permanecem / Perda de <20% de vol. Sanguíneo e cessação de hemorragia. 2. TRANSITORIA: Melhora inicial (PA e Fcar) mas pioram na evolução / Perda de 20-40% do vol. Sang. e persistência de hemorragia / Intervenção Cirúrgica de emergência (controle hem.) 3. MINIMA ou AUSENTE: nenhuma melhora dos sinais de gravidade após 1- 2l de volume / Hemorragia exsanguinante / Cirurgia imediata para salvar vida. • TRANSPORTE:– Manter perfusão: PAS (80-90) e PAM (60-65) – Reavaliar ABCDE e SV . – Debito Urinario : 0,5ml/kg/h (1-Criancas 2 –Lactentes) – SNG = Paciente IOT, Risco de Hipotensão e Arritmias e Aspiração. Abordagem CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS NO TTO DO CHOQUE: • IDOSO: Abordagem especial (↓Simpática , ↓Taquicardia, Aterosclerose(↑sensibilidade a hipoperf.), deplesao previa (desnt./diuréticos) / Não toleram muito hipovolemia . Monitorização Invasiva. • ATLETAS: Alteração dinâmica coração (↑DC e Volume (sistólico ate 50%) = Grande capacidade de compensar (resposta atípica , mesmo com grande perda) • GRAVIDEZ: Hipervolemia fisiologia , perda maior • MEDICAMETOS: B.bloq e B. C. Calcio , altera resposta hemodinamcia , Diuretico (hipocalcemia) e AINS (Plaquetas) • HIPOTERMIA: não responde bem a reanimação volêmica e associado a coagulopatia .PREVENIR. Abordagem 45 • Síndrome da Angústia Respiratória Aguda • Insuficiência Renal Aguda • Insuficiência Hematológica • Insuficiência Hepática • Falência de Múltiplos Órgãos COMPLICAÇÕES DO CHOQUE 46 • Manutenção das vias aéreas pérvias e oxigenação; • Estabelecimento de uma via venosa para reposição volêmica com solução aquecida a 39ºC; • Controle rigoroso da PA, PVC, do pulso, da FR e diurese para evitar sobrecarga hídrica; • Controle rigoroso das drogas vasoativas como Dopamina, Dobutamina e Noradrenalina; • Monitorização cardíaca do paciente para vigilância de qualquer alteração no traçado, induzida por drogas ou pelo próprio curso da afecção; • Balanço hídrico rigoroso; ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 47 • Controle de hematócrito, gasometria e eletrólitos; • Identificação da causa do choque e a remoção ou atenuação de fatores predisponentes; • Posição do paciente no leito, que deve ser em decúbito dorsal horizontal. • Alívio da dor (que pode piorar o quadro de choque). Criteriosa, pois os analgésicos podem provocar vasodilatação, com piora da perfusão dos órgãos vitais além de interferir na avaliação do nível de consciência nos pacientes com TCE; • Manter o paciente aquecido para diminuir o efeito da hipotermia; • Se indica dieta por SNG. Referência • FRAME, S. B.; MCWAIN, N. E. PHTLS: atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. Rio de Janeiro: Elsevier. 7ª Ed. 2011.
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