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Crimes ciberneticos

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Faculdade de Ciências Humanas – FCH
DIREITO
Jéssica Natasha Abreu
Julgados sobre Crimes Cibernéticos
Belo Horizonte 
2018
TEMA: INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO
Tribunal de origem: Justiça Federal (TRF1) – Estado/Comarca: MA 
Tema ao qual está relacionado: Invasão de Dispositivo Informático 
Ementa:
PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. FURTO QUALIFICADO PELA FRAUDE. CONCURSO DE PESSOAS. OPERAÇÃO TROJAN. FRAUDES ELETRÔNICAS. MATERIALIDADE. AUTORIA. DOSIMETRIA DA PENA. CULPABILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. CONSEQUÊNCIAS. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. PENA RESTRITIVA DE DIREITOS.
1. Acusado que teve fraudulentamente quitado, via rede mundial de computadores (internet), Documento de Arrecadação da Receita Estadual (DARE) no valor de R$ 20.028,74 (vinte mil, vinte e oito reais e setenta e quatro centavos), com desconto dado pelo membro de quadrilha especializada em crime cibernético, comete o delito tipificado no art. 154, § 4º, II c/c o art. 29, ambos do Código Penal (furto qualificado pela fraude em concurso de pessoas).
2. Comprovada a materialidade e a autoria de delito descoberto no contexto na denominada Operação Trojan, na qual se investigou fraudes envolvendo transações eletrônicas.
3. A condição de empresário com exercício de atividade comercial desde a fundação de Palmas/TO, de quem se espera responsabilidade e interesse na manutenção das boas-práticas comerciais, agrava a culpabilidade do agente que na forma do art. 29 do CP (concurso de pessoas) comete delito de fraude bancária via internet.
4. As circunstâncias do delito de fraude bancária via rede mundial de computadores são negativas, pois trata-se de conduta silenciosa e sorrateira, que consiste na inclusão de programa malicioso no computador de terceiro, dele obtendo-se informações que serviram para a concretização do furto. 
5. As consequências dos delitos de fraude cometidos no ambiente virtual são graves ante o abalo causado na credibilidade dos clientes bancários em relação às transações feitas pela internet. 
6. A atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do CP) diminuirá a pena em 06 (seis) meses e não em 08 (oito) meses, segundo pretende a defesa, quando, conforme reconheceu a sentença, o réu não confessou diretamente o crime, mas juntou aos autos a prova do pagamento do tributo, mediante fraude, inclusive com os dados da conta da vítima, tendo esses elementos servido de base para a prova da autoria delitiva.
7. A fixação da causa de diminuição da pena prevista no art. 16 do CP, entre 1/3 (um terço) e 2/3 (dois terços), leva em consideração 02 (dois) fatores: a) a espontaneidade do agente, ou seja, se ele mesmo se predispôs a realizar a reparação sem a intervenção de outrem; e b) a celeridade da devolução, de forma que quanto mais rápida ela ocorrer, maior será a redução da pena. (ACR 0002010-76.2010.4.01.3500/GO, Rel. Desembargador Federal Tourinho Neto, Terceira Turma, e-DJF1 p. 1297 de 08/02/2013).
8. Mostra-se razoável a incidência da causa de diminuição da pena do art. 16 do CP (arrependimento posterior), à razão de 1/2 (metade), para o acusado que ressarciu o dano pouco antes da denúncia contra ele ser ofertada e apenas pelo valor histórico, sem atualizações monetárias.
9. O valor do dia-multa deve levar em consideração a situação econômica do réu (art. 60 do CP).
10. O entendimento desta Corte Regional, em consonância com o Superior Tribunal de Justiça, é o de que, nos termos do inciso III do art. 77 do CP, a suspensão condicional do processo, o denominado sursis, tem caráter subsidiário, ou seja: [...] somente poderá ser concedido quando, preenchidos os demais requisitos objetivos e subjetivos da suspensão, não se afigurar [...] indicada ou cabível [...] a substituição prevista no art. 44, do Código Penal. (ACR 0007281-33.2010.4.01.3802/MG, Rel. Desembargadora Federal Neuza Maria Alves da Silva, Rel. Conv. Juiz Federal Henrique Gouveia da Cunha (Conv.), Quarta Turma, e-DJF1 de 05/09/2016).
11. Acusado condenado à pena superior a 01 (um) ano poderá, nos termos do art. 44, § 2º, do CP, ter sanção privativa de liberdade substituída por 01 (uma) reprimenda substitutiva de direitos e multa ou por 02 (duas) restritivas de direitos.
12. Para a fixação das penas substitutivas, além dos parâmetros estabelecidos pelos arts. 45 a 48 do CP, o julgador deve considerar certos fatores, de modo a não tornar inócuas as sanções restritivas de direitos.
13. Apelação desprovida.
ACÓRDÃO
Decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do voto do Relator.
Brasília-DF, 26 de outubro de 2016.
Juiz Federal KLAUS KUSCHEL
Relator Convocado
Decisão: (inteiro teor da decisão no link abaixo, transcreve-se somente a parte do crime cibernético.)
“Além das razões apresentadas pela magistrada sentenciante, ressalte-se que as consequências são graves ante o abalo causado na credibilidade dos clientes bancários em relação às transações feitas pela internet. Acrescente-se a sensação de vulnerabilidade ante as fraudes cometidas por meio de modernos mecanismos eletrônicos capazes de lesionar o patrimônio de um número indeterminado de pessoas, em curto espaço de tempo, com pouca ou nenhuma possibilidade de reação das vítimas.
Quanto ao ressarcimento do dano, este será considerado na terceira fase da dosimetria da pena.
Assim, em que pese ter sido desconsiderada parte da fundamentação acerca da culpabilidade, bem como os motivos do crime afigurarem-se normais à espécie, é certo que as demais circunstâncias judiciais consideradas desfavoráveis justificam a manutenção da pena-base no patamar fixado pela sentença recorrida, qual seja, 04 (quatro) anos de reclusão e 30 (trinta) dias-multa.
A sentença atenuou a pena em 06 (seis) meses e 10 (dez) dias-multa, com suporte no art. 65, III, “d”, do CP. O réu pugna para que a diminuição seja de 08 (oito) meses.”
Link acessado: 
https://arquivo.trf1.jus.br/PesquisaMenuArquivo.asp?p1=00191071720104014300
Comentário sobre a decisão:
Na decisão nem foi mencionado o crime cibernético, não foi majorado, nem instituído crime-meio de fraude. Com isso constatamos a urgência em criar a vara especializada para julgar crimes cibernéticos, para que tenha um juízo especializado e competente com critérios para julgar tais crimes. O direito evolui junto com a sociedade, e hoje o mundo esta caminhando totalmente para a era digital.
Tribunal de origem: Justiça Federal (TRF1) – Estado/Comarca: TO
Tema ao qual está relacionado: Invasão de Dispositivo Informático 
Ementa:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. ART. 154-A DO CÓDIGO PENAL. CRIME-MEIO. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. TENTATIVA DE FURTO. ARTIGO 155, § 4º, II, C/C ART. 14 DO CÓDIGO PENAL. CAIXA RÁPIDO. IMPLANTAÇÃO DE EQUIPAMENTO ELETRÔNICO PERMITINDO A CLONAGEM DE CARTÕES BANCÁRIOS. “CHUPA-CABRAS”. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA CONDENATÓRIA.
I. A invasão de dispositivo informático, com a implantação de equipamento eletrônico permitindo a clonagem de cartões bancários constitui meio de se obter a subtração de dinheiro de correntistas da entidade financeira, devendo o agente ser punido apenas pelo crime-fim, face ao princípio da consunção.
II. É de rigor a manutenção da sentença condenatória nas penas do art. 155, § 4º, c/c 14, inc. II, do CP, uma vez que a autoria e a materialidade ficaram demonstradas pelo conteúdo probatório, dando conta de que o acusado tentou obter vantagem indevida em um caixa rápido da agência da Caixa Econômica Federal, mediante a implantação de equipamento eletrônico que permitia a clonagem de cartões bancários.
III. Apelo provido.
ACÓRDÃO
Decide a 4ª Turma do TRF-1ª Região, por unanimidade, dar provimento à apelação, nos termos do voto do Relator.
Brasília (DF), 08 de novembro de 2016.
DESEMBARGADOR FEDERAL CÂNDIDO RIBEIRO
(Relator)
Decisão: 
(inteiro teor da decisão no link abaixo, transcreve-se somente a parte do crime cibernético.)
A Lei n. 12.737/12introduziu o artigo 154-A no CP, definindo como crime a captação de dados, através de instalação de vulnerabilidade em dispositivo informático, com o fim de obter vantagem ilícita.
Para a referida conduta, instituiu-se a pena de 03 (três) meses a 01 (um) ano de detenção, além da multa.
Por ocasião da oferta da denúncia ainda não existia o referido tipo penal, por isso enquadrou-se a conduta como furto tentado.
Resta saber se os fatos se enquadram no art. 155 ou no art. 154-A, ambos do CP.
Instado a se manifestar, o douto Procurador da República entendeu que, no aparente conflito de normas, aplica-se o princípio da consunção, devendo-se ter como parâmetro o especial fim de agir do agente (fl. 299v).
Com a devida vênia, não vejo como seguir a orientação do MPF. É que o princípio da consunção só tem aplicação quando a conduta meio se apresentar de forma suficiente/eficaz a atingir a conduta fim.
Do contrário, aplica-se o princípio da subsidiariedade, por força do disposto no art. 17, primeira parte, do CP.
Não fosse assim, o indivíduo que comprasse uma arma no intuito de, possivelmente e em data posterior, eliminar outrem que residisse em São Paulo, responderia pelo crime de homicídio tentado, caso fosse flagrado com a mesma quando estivesse a passeio na cidade de Goiânia.
In casu, o meio empregado pelo agente, subtração dos dados bancários, é absolutamente ineficaz em relação ao crime de furto, por isso resta a aplicação do princípio da subsidiariedade, de forma a caracterizar apenas o crime do art. 154-A, do CP.
É que para iniciar-se (sic) os atos de subtração de patrimônio alheio ainda eram necessárias uma série de condutas, tais como confecção de cartões, magnetização dos cartões, transferência dos dados bancários para os cartões, inserção dos cartões nos caixas eletrônicos, etc.
A propósito, nesse sentido são as preleções de Márcio André Lopes CAVALCANTE, em Primeiros comentários à Lei n. 12.737/2012, que tipifica a invasão de dispositivo informático. Disponível em: http://www.dizerodireito.com.br. Acesso em: 26/02/2014, afirma:
‘O agente invade o computador da vítima com o objetivo de instalar o malware e obter a senha para realizar o furto, porém não inicia os atos executórios da subtração: responderá por invasão consumada (art. 154-A) e não por tentativa de furto qualificado (art. 155, § 4º, II)’.
A materialidade do fato é certa, estando devidamente consubstanciada nos autos por meio do Auto Apresentação e Apreensão (fls. 09/10), laudo de exame em equipamento eletroeletrônico (fls. 43/50) e laudos de exame de dispositivo de armazenamento computacional (fls. 83/91 e 93/103).
A autoria é inconteste, apesar da negativa do acusado que utilizou de muita criatividade no seu interrogatório.
Passo à análise do recurso.
Verifico estar devidamente comprovada a materialidade do delito pelo Auto de Apresentação e Apreensão (fls. 09/10), Laudo de Exame de Equipamento Eletroeletrônico (fls. 43/50), e laudos de exame de dispositivo de armazenamento computacional (fls. 83/91 e 93/103).
Restou igualmente demonstrada a autoria delitiva, de acordo com o Auto de Prisão em Flagrante (fls. 03/04) e com os depoimentos testemunhais acostados aos autos.
O Ministério Público Federal, em suas razões de apelação pugna pela reforma da sentença, a fim de que seja o réu condenado nas penas do art. 155, § 4º, incisos II e IV, c/c art. 14, II e art. 29, todos do Código Penal.
Entendo assistir-lhe razão.
O artigo 154-A do Código Penal, narra a conduta daquele que invade, mediante violação aos mecanismos de segurança, dispositivo informático, de forma clandestina, conectado ou não à rede de computadores, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações, ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. (...)
(inteiro teor no link abaixo)
Diante disso, verifica-se que foi instalado pelo acusado aparelho eletrônico para leitura de dados, denominado “chupa-cabra”, para clonar cartões magnéticos com o fim de subtrair dinheiro de correntistas da referida agência da CEF.
Assim, a invasão do dispositivo informático constituiu meio para obtenção de coisa alheia móvel, estando, assim, configurado o crime previsto no art. 155, § 4º, II, do Código Penal, sendo o delito do art. 154-A crime-meio, devendo ser punido o agente, face ao princípio da consunção, apenas pelo crime-fim, ficando absorvida a invasão.
Nesse sentido, trago à colação os seguintes julgados:
 “PENAL E PROCESSUAL PENAL. TENTATIVA DE FURTO. ARTIGO 155, § 4º, II, C/C ART. 14 DO CÓDIGO PENAL. CAIXA-RÁPIDO. IMPLANTAÇÃO DE EQUIPAMENTO ELETRÔNICO PERMITINDO A CLONAGEM DE CARTÕES BANCÁRIOS. ‘CHUPA-CABRAS’. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. APELO IMPROVIDO. 
1. É de rigor a manutenção da sentença condenatória nas penas do art. 155, caput, c/c 14, inc. II, do CP, uma vez que a autoria e a materialidade ficaram demonstradas pelo conteúdo probatório, dando conta de que os acusados tentaram obter vantagem indevida em um caixa-rápido da agência da Caixa Econômica Federal, mediante a implantação de equipamento eletrônico que permitia a clonagem de cartões bancários. 
2. Apelo improvido.”
(ACR 0020293-05.2010.4.01.4000/PI, Relator DESEMBARGADOR FEDERAL HILTON QUEIROZ QUARTA TURMA, 18/04/2013 e-DJF1 P. 154).
“PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. FURTO MEDIANTE FRAUDE PELA INTERNET. DESCLASSIFICAÇÃO. INVASÃO DE SISTEMNTA DE INFORMÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. INÉPCIA DE DENÚNCIA. FALTA DE INDIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. IRRELEVÂNCIA. CRIMES DE AUTORIA COLETIVA. QUADRILHA OU BANDO E QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. ATIPICIDADE. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. VIA INADEQUADA. PRESCRIÇÃO EM PERSPECTIVA. INAPLICABILIDADE. ENUNCIADO 438 DA SÚMULA STJ. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA. 
1. É pacifico o entendimento no âmbito desta Corte de que configura o crime previsto no art. 155, § 4º, II, do Código Penal a prática de furto mediante fraude pela internet. 
2. Inaplicável ao caso o tipo previsto no art. 154-A do Código Penal, a título de novatio legis in mellius, sobretudo porque o referido dispositivo de lei não trata do crime de furto, mas, tão somente, do crime consistente em invadir computador, mediante violação indevida de mecanismo de segurança, com o fim de instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. 
3. Caso a invasão de dispositivo informático constitua meio de se obter subtração consumada de coisa alheia móvel, é de furto qualificado que se trata. Dá-se, no caso, que o delito do art. 154-A constitui crime-meio, devendo ser punido o agente, face ao princípio da consunção, apenas pelo crime-fim, ficando absorvida a invasão. 
4. Não se tem como avaliar, nesta via estreita e célere do habeas corpus, a permanência, estabilidade e finalidade da suposta quadrilha ou bando, tarefa afeta à instrução criminal, na ação penal de fundo. 
5. A ocorrência ou não do crime previsto art. 10 da LC 105/2001, não pode ser afastada, de plano, quando inexistente prova pré-constituída nesse sentido, devendo a questão ser dirimida no curso da instrução criminal, por necessidade de revolvimento do contexto fático-probatório contido nos autos da ação penal subjacente, tarefa inadequada pelo rito do habeas corpus. 
6. O instituto da prescrição em perspectiva não é albergado pelo ordenamento jurídico pátrio, por força do entendimento consolidado no Enunciado 438 da Súmula do STJ. 
7. Ordem denegada.”
(HC 0026016-35.2014.4.01.0000/PA, Juiz Federal RENATO MARTINS PRATES (Conv.),Terceira Turma, e-DJF1 , 25/07/2014, P. 1237).
Pelo exposto, dou provimento à apelação para reformar a r. sentença, condenando o acusado MADJAL VASCONCELOS JÚNIOR nas penas do artigo 155, § 4º, incisos II e IV, c/c art. 14, II e art. 29, todos do Código Penal.
Da análise das circunstâncias judiciais feitas na sentença, destaco:
“Atento aos comandos dos artigos 59 e 68, do Código Penal, passo à dosimetria das penas, fazendo-o consoante os fundamentos que seguem:
A culpabilidade, entendida como a reprovação exacerbada do tipo,merece censura no grau máximo, porquanto o réu entrou no ambiente bancário e, mesmo sob a vigilância de câmeras internas, não se intimidou em introduzir equipamentos tecnológicos nos terminais para obter dados bancários e senhas dos clientes da Caixa Econômica Federal.
Não possui maus antecedentes, assim consideradas as condenações pretéritas transitadas em julgado que não gerem reincidência.
Conduta social sem desajustes.
Personalidade voltada para a prática de crimes.
Os motivos do crime não ultrapassaram os umbrais do tipo.
As circunstâncias são desfavoráveis, pois o emprego de tecnologias sofisticadas e o cometimento dos crimes mediante concurso de pessoas elevaram o potencial delituoso da organização e, assim, exasperam a reprovabilidade das condutas. Ademais, o réu deslocou-se de sua residência, em Paranoá/DF, até à cidade de Ceres/GO a fim de empreender o delito.
As consequências do crime são graves, pois a efetiva obtenção de dados sigilosos de clientes da CEF provoca insegurança e falta de credibilidade nos serviços de auto atendimento bancário.
O comportamento da vítima não contribuiu para a prática delitiva.” (fls. 324/325).
Assim, considerando as circunstâncias judiciais valoradas negativamente ao réu na sentença, fixo a pena-base em 4 (quatro) anos de reclusão.
Verifico não haver circunstâncias agravantes e atenuantes a serem aplicadas.
Não há causas de aumento de pena. 
Observo, entretanto, haver causa de diminuição de pena em razão da tentativa, impondo-se a aplicação da redução mínima de 1/3 (um terço), tendo em vista que foi preso em flagrante quando já tinha instalado o aparelho eletrônico para clonar dados bancários dos correntistas, sendo que nos equipamentos já constavam 183 sequências alfanuméricas com formatação e valores compatíveis com a trilha de cartões bancários.
Nada mais a se valorar, fixo a pena definitiva em 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão.
Quanto à pena de multa, fixo-a em 20 (vinte) dias-multa, sendo o dia-multa correspondente à 1/30 (um trigésimo) do salário-mínimo vigente à época dos fatos, a ser atualizado monetariamente por ocasião da execução.
A pena de reclusão será cumprida em regime aberto, nos termos do artigo 33, § 2º, alínea “c”, do Código Penal.
Presentes os requisitos do art. 44, § 2º do Código Penal, substituo a pena privativa de liberdade aplicada ao réu por duas restritivas de direitos, a serem fixadas pelo Juízo da Execução. 
Diante do exposto, dou provimento ao recurso de apelação para condenar o réu MADJAL VASCONCELOS JÚNIOR à pena de 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão, pela prática do crime previsto no artigo 155, § 4º, incisos II e IV, c/c art. 14, II e art. 29, todos do Código Penal.
É o voto.
Link de Acesso: https://arquivo.trf1.jus.br/PesquisaMenuArquivo.asp?p1=00519527720104013500
Comentário acerca da Decisão: 
O crime cibernético neste caso se deu pela utilização da internet como meio de cometer o delito utilizando um aparelho eletrônico para clonar dados bancários dos correntistas. 
A Lei n. 12.737/12 em seu artigo 154-A do CP, define como crime a captação de dados através de instalação de vulnerabilidade em dispositivo informático, com o fim de obter vantagem ilícita, e foi o que ocorreu neste caso, mas o réu foi condenado segundo a cumprir suas penas com base nos artigos 155, § 4º, incisos II e IV, c/c art. 14, II e art. 29, todos do Código Penal. 
Por entender o relator que o acusado só instalou o malware, denominado “chupa-cabra”, qual realizava a o eletrônico leitura de dados para clonar cartões magnéticos com o fim de subtrair dinheiro de correntistas, a invasão do dispositivo informático ao ver do relator foi mero meio para se ter a obtenção de coisa alheia móvel, então o acusado foi condenado pelo crime previsto no art. 155, § 4º, II, do Código Penal, sendo o delito do art. 154-A definido pelo princípio da consunção, declarando-se crime-meio, assim, o acusado foi punido apenas pelo crime-fim, ficando absorvida a invasão.
Com a globalização e alcance da internet e sua facilidade em realizar transações online, se torna cada vez mais corriqueiro a ocorrência de crimes cometidos através do “universo virtual”, o que torna urgente e extremamente necessário a criação de uma vara especializada para julgar crimes cibernéticos, para que tenha um juízo especializado e competente com critérios para julgar tais crimes.

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