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Teoria Geral dos Contratos

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Teória Geral dos Contratos (Resumo)
1 Conceituação
A partir do século XIX conferiu-se maior destaque à figura dos contratos. O individualismo, marcante neste período, permitiu a redução da intervenção do Estado e a consequente ampliação da liberdade da vontade humana, o que contribuiu para a expansão da prática contratual.
Os contratos passaram a ser considerados a base da organização da economia capitalista. Eles foram e ainda são usados na estruturação da vida social como um todo e principalmente de grandes e numerosas unidades comerciais, industriais e financeiras.
A contribuição da contratação é tão intensa para a evolução da sociedade capitalista, que a complexividade desta se reflete diretamente no instituto em análise. O contrato abrange tantos elementos, que se torna até difícil a identificação de uma conceituação contratual única.
Pode-se, no entanto, constatar a presença de determinadas idéias na sua noção que encontram certa pacificidade na doutrina.
Para Orlando Gomes, por exemplo, “contrato é uma espécie de negócio jurídico que se distingue, na formação, por exigir a presença pelo menos de duas partes. Contrato é, portanto, negócio jurídico bilateral, ou plurilateral.”
Complementando a lição anterior, Caio Mário ensina que ” Contrato é um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos.”
No mesmo sentido são as palavras de Silvio Rodrigues que afirma que contrato é ” o acordo de duas ou mais vontades, em vista de produzir efeitos jurídicos.”
Deste modo, consoante o entendimento dominante,trata-se o contrato de um negócio jurídico bilateral, isto é, decorrente do acordo de mais de uma vontade; que deve se estabelecer em conformidade com a ordem legal, gerando assim efeitos jurídicos.
Diante de tal concepção, se faz necessário esclarecer que se considerados em sentido estrito, os efeitos produzidos pelo contrato seriam apenas os obrigacionais na esfera patrimonial. Mas a visão contratual contemporânea deve apontar para um sentido mais amplo, englobando não apenas o direito das obrigações, como também outros ramos do direito privado e até do direito público.
Assim, esta visão, rompe com uma postura patrimonialista se enquadrando em uma perspectiva civil constitucional, segundo a qual o fim último do contrato deve ser o desenvolvimento da pessoa humana e a proteção de sua dignidade.
2 A evolução contratual e seus princípios norteadores
A fase atual do desenvolvimento do direito dos contratos apresenta como uma de suas características principais o abrandamento de alguns de seus princípios básicos.
Por muito tempo os princípios da autonomia da vontade, do consensualismo, da obrigatoriedade e da relatividade eram tidos como absolutos. Foram, contudo, sendo limitados, atribuindo-se grande valor à função social do contrato e à boa-fé objetiva, como forma de se alcançar o equilíbrio e a justiça contratual.
2.1 Princípio da autonomia da vontade
Durante o Estado liberal a autonomia da vontade foi considerada base fundamental do sistema contratual. Prevalecia a idéia de que o nascimento do contrato se dava de forma absoluta pela manifestação da vontade livre.
No entanto, a referida liberdade de contratar em suas variadas expressões foi sendo modificada e relativizada.
A escolha entre contratar ou não-contratar foi enfraquecida já que em alguns casos a própria vida na sociedade contemporânea impõe a realização de determinados contratos.
Também as escolhas de com quem se contrata, do conteúdo a ser fixado e do tipo de negócio, se encontram prejudicadas. Observa-se a existência do regime de monopólio em relação a muitos serviços públicos acompanhada da proliferação dos contratos de adesão. A lei ainda concebe previamente uma estrutura a ser adotada por certas espécies contratuais, os chamados contratos típicos.
As alterações supracitadas empreendidas no universo contratual permitiram a despersonalização das partes envolvidas e a uniformização e imposição das cláusulas contratuais, o que levou a uma desigualdade entre as partes.
Para se garantir a justiça social, se fez necessária a intensificação do dirigismo contratual, enfatizando-se a aplicação das normas de ordem pública e dos bons costumes.
O Estado (dirigismo contratual) passou a intervir na economia do contrato, regulamentando legalmente o seu conteúdo. O legislador conferiu a posição de base da estrutura da sociedade à algumas regras como por exemplo as que instituem a organização da família. Tais regras, denominadas normas de ordem pública, não podem ser derrogadas pelos contratantes.
Da mesma maneira, a observação dos bons costumes assume grande importância na medida em que compreendem, segundo Silvio Rodrigues, “regras morais não reduzidas a escrito, mas aceitas pelo grupo social e que constituem o substrato ideológico inspirador do sistema jurídico”, englobando por exemplo a idéia de respeito à pessoa humana.
Deste modo, face ao fenômeno da “publicização do contrato”, com a projeção de interesses sociais nas relações interindividuais, constata-se que a contratação deve resultar de um equilíbrio entre a liberdade de contratar nos moldes atuais e a ordem pública e os bons costumes.
2.2 Função social e boa-fé objetiva
Em consonância com o artigo 421 do código civil a liberdade de contratar(ilimitada) deve ser exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Esta função, apesar de possuir bases conceituais imprecisas, apresenta um objetivo que se demonstra claro: restringir a autonomia da vontade quando esta estiver em confronto com o interesse social e este deva prevalecer. Manifestando-se, por exemplo, no combate ao enriquecimento sem causa e na admissão da resolução contratual por onerosidade excessiva, atua como mais um instrumento na busca da justiça social.
Importante salientar que a função social não deve afastar totalmente a função individual, havendo a necessidade de conciliação entre os interesses das partes e da sociedade.
A função social confere maior relevância ao conceito de boa-fé. O artigo 422 do código civil dispõe que os contratantes são obrigados a guardar o princípio da boa-fé na conclusão e na execução do contrato. Cabe uma interpretação extensiva do dispositivo para se defender a presença da boa-fé tanto nos períodos pré como pós contratuais, já que o princípio em análise deve incidir sobre todas as relações jurídicas na sociedade.
Enquanto a boa-fé subjetiva pode ser definida como um estado psicológico do indivíduo, ligado a um dever de agir na conformidade do direito; a boa-fé objetiva constitui uma cláusula geral de observância obrigatória consubstanciada no dever de cooperar, isto é, uma regra de conduta, um modelo de comportamento social; variando de acordo com o tipo de relação jurídica existente entre as partes, o que confere papel de destaque ao julgador.
Busca-se a flexibilização do direito privado. ” A cláusula geral de boa-fé configura-se como técnica legislativa que dá flexibilidade ao ordenamento jurídico, na medida em que permite a participação da jurisprudência no preenchimento do conteúdo dos conceitos apostos nas normas, conforme o caso concreto, e também no estabelecimento das conseqüências nas hipóteses de violação, caso a caso.”
2.3 O consensualismo
Prevalece o entendimento de que a formação contratual necessita apenas do consenso entre as partes para se consolidar.
Não se deve, contudo, atribuir uma amplitude exagerada a tal princípio uma vez que para a constituição dos contratos reais e formais há a necessidade material da tradição da coisa e da observância de formalidades.
2.4 Princípio da obrigatoriedade
Sintetizado na fórmula pacta sunt servanda, que exige o cumprimento fiel dos pactos firmados por decorrerem da liberdade individual consubstanciada em um acordo de vontades.
Preenchidos os requisitos de validade e eficácia, o contrato obriga os contratantes. Estes não podem se eximir do queacordaram sob pena de execução patrimonial contra o devedor inadimplente, salvo se existir a concordância de todos os interessados. Cria-se uma expectativa no meio social que a ordem jurídica deve garantir.
Todavia, esta visão absolutista atribuída à força obrigatória dos contratos foi sendo atenuada, inicialmente pelas hipóteses de caso fortuito e força maior.
Hoje, observa-se que as restrições foram ampliadas. A teoria da imprevisão e a cláusula rebus sic stantibus permitem a atuação do juiz nos casos em que se verifica alteração substancial na situação das partes, do momento da conclusão para o da execução do contrato. Quando um fato superveniente, extraordinário, imprevisto ou razoavelmente imprevisível e inimputável às partes vem a torná-lo excessivamente oneroso a uma delas em benefício inesperado da outra, dificultando extremamente o cumprimento da obrigação, o juiz pode resolvê-lo ou revisá-lo, como forma de se obter o equilíbrio contratual.
2..5 Princípio da relatividade dos contratos
De acordo com este princípio, a produção de efeitos contratuais deve se dar exclusivamente entre as partes, não aproveitando, nem prejudicando terceiros.
Porém, exceções existem. Há contratos que estendem seus efeitos a outras pessoas, gerando para estas direitos ou obrigações. É o que ocorre, por exemplo, nos casos de contrato com pessoa a declarar, assim como quando há estipulação em favor de terceiro ou prestação de fato de terceiro.
Conclui-se, com base na análise desenvolvida, que os princípios fundamentais da teoria geral dos contratos atuam na contemporaneidade no sentido de transformar o contrato em um instituto mais justo e mais humano, considerando-se que ” defluem diretamente do artigo 5º e seus incisos da constituição federal, como também dos princípios constitucionais que informam a ordem econômica e social.”
3 Classificação básica
A classificação dos contratos é de grande relevância para seu esclarecimento na medida em que permite a explicitação de suas características essenciais, através da demonstração das semelhanças e diferenças das variadas espécies contratuais, como se observa a seguir:
3.1 Contratos consensuais, formais e reais
Quando a lei exige para a formação contratual apenas o acordo de vontades, trata-se de um contrato consensual. É o caso, por exemplo, da compra e venda de bens móveis.
Há hipóteses, no entanto, em que há a exigência legal do consentimento e de algo a mais, é o que ocorre com os contratos formais e reais.
Os formais devem atender a certas materialidades prescritas em lei. O artigo 108 do código civil, por exemplo, afirma a essencialidade do instrumento público para a validade dos contratos constitutivos ou translativos de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo do país.
Os reais, por sua vez, só se aperfeiçoam com a entrega efetiva da coisa, isto é, com a tradição, feita por um contratante a outro, como no comodato (não tem valor especifico).
Apesar de haver um predomínio do consensualismo, observa-se um certo renascimento do formalismo como forma de se garantir uma maior segurança para as partes.
3.2 Contratos individuais e coletivos
Se em relação ao consentimento que dá origem ao contrato for considerada a vontade das pessoas individualmente, se está diante de um contrato individual.
Se, porém, a declaração volitiva provém de um grupo de pessoas e é considerada de forma orgânica, trata-se de um contrato coletivo. Exemplo clássico é a chamada convenção coletiva de trabalho.
3.3 Contratos unilaterais, bilaterais, bilaterais imperfeitos e plurilaterais
Como mencionado anteriormente, todo contrato é, em sua formação, um negócio jurídico bilateral , ou seja, depende para sua constituição da conjunção da vontade de duas ou mais pessoas.
Esta convenção entre as partes pode gerar efeitos variados, originando os denominados contratos unilaterais, bilaterais, bilaterais imperfeitos e plurilaterais.
Contratos unilaterais geram obrigações para apenas um dos contratantes, individualizando-se a figura do devedor e a figura do credor. É o que se observa no mandato.
Os bilaterais geram obrigações para ambas as partes, sendo cada um dos contratantes credor e reciprocamente devedor do outro. A bilateralidade de efeitos se manifesta, por exemplo, na compra e venda.
Há casos em que inicialmente o contrato cria obrigações para uma só parte, sendo por isso considerado unilateral e, devido à circunstâncias excepcionais surgem obrigações para a outra parte que em um primeiro momento não as possuía, passando então a ser considerado um contrato bilateral imperfeito. É o caso, como assinalam alguns autores, do depósito remunerado.
Ainda existe o chamado contrato plurilateral, composto por mais de dois contratantes, como um contrato de sociedade, mostrando-se todos obrigados
Esta classificação quanto aos efeitos recebe, em especial, destaque devido à existência de importantes figuras contratuais peculiares aos contratos bilaterais, umas de aplicação à todos eles, outras restritas a determinadas espécies.
Assim é que fenômenos como a exceção de contrato não cumprido, a evicção e os vícios redibitórios se demonstram típicos da bilateralidade.
A exceção de contrato não cumprido, disciplinada nos artigos 476 e 477 do código civil, ocorre quando um dos contratantes obrigados reclama o cumprimento da prestação do outro que se recusa a cumpri-la com o argumento de que o primeiro não cumpriu a que lhe cabia.
Nos chamados contratos comutativos, a evicção corresponde à perda da coisa pelo adquirente como conseqüência de sentença judicial que reconhece sobre ela direito anterior a outrem, em um contexto em que cabe ao alienante garantir àquele que adquire uma posse justa.
Também nos contratos comutativos podem ser encontrados, de acordo com o artigo 441 do código civil, vícios e defeitos ocultos que tornam a coisa objeto da prestação imprópria ao uso a que se destina ou que lhe diminuam o valor, podendo esta ser enjeitada.
Desta forma, constata-se a grande importância prática apresentada por essa espécie contratual que possui como essência o sinalagma, isto é, a dependência recíproca das obrigações.
3.4 Contratos típicos, atípicos e mistos
A tipicidade de um contrato advém do fato de a lei prever regras às quais devem se submeter certas espécies contratuais como a compra e venda, por conterem sua definição e sua estrutura.
Em decorrência do princípio da autonomia da vontade, é permitida também a existência dos contratos atípicos, ou seja, sem disciplina expressa de lei, desde que sejam lícitos.
Caio Mário observa que na solução das controvérsias de contratos atípicos, o julgador ou intérprete terá de invocar em suprimento do conteúdo das cláusulas próprias os princípios legais relativos ao contrato típico mais próximo.
Existe também o contrato misto que mistura a tipicidade com a atipicidade. Em uma espécie regulada pela lei as partes adicionam aspectos por elas criados.
3.5 Contratos paritários e de adesão
Contratos paritários supõe a igualdade entre os interessados, se opondo desta forma aos chamados contratos de adesão.
Nestes, uma das partes, geralmente mais fraca e com necessidade de contratar, aceita, expressa ou tacitamente, cláusulas e condições previamente estabelecidas pela outra, sem discussão prévia, apontando, como já observado, para uma restrição ao princípio da autonomia privada.
3.6 Contratos onerosos e gratuitos
Quanto ao objeto perseguido pelas partes, os contratos podem ser onerosos e gratuitos.
Na realização dos onerosos, como a locação, ambas as partes buscam benefícios e para que sejam obtidos impõem-se reciprocamente encargos.
Já nos gratuitos ou benéficos a vantagem é auferida por apenas uma das partes enquanto a outra suporta sozinha o encargo. Exemplo típico é a doação sem encargo.
Geralmente os contratos onerosos são também bilaterias e os gratuitos, unilaterais.
3.7 Contratos comutativos e aleatórios
São subdivisõesdos contratos onerosos.
Os comutativos, exemplificados pela locação, são contratos em que as prestações das partes podem ser previamente conhecidas e possuem uma relativa equivalência de valores.
Já os aleatórios, como o contrato de seguro, são aqueles em que a prestação de uma das partes não pode ser estimada antecipadamente por estar sujeita a um acontecimento cuja ocorrência seja incerta para ambas as partes.
A incerteza pode estar relacionada à existência ou à quantidade da coisa, que pode ser futura ou atual.
Aqui o fator risco é essencial e inexiste equivalência entre as prestações.
3.8 Contratos de execução imediata, diferida e sucessiva
A execução dos contratos pode ser:
. imediata ou instantânea – a obrigação se extingue de uma só vez, em uma prestação única; (exemplo. Venda à vista)
. diferida ou retardada – o cumprimento da obrigação deve ser realizado em tempo futuro, a termo; (exemplo. Venda à prazo)
. sucessiva, de trato sucessivo ou continuada – é distribuída no tempo. A obrigação persiste, com soluções periódicas, cessando com o implemento de uma condição ou decurso de um prazo. (exemplo. Locação)
3.9 Contratos preliminares e definitivos
A última classificação, que toma como base o objeto do contrato, assim como as outras, também auxilia no entendimento da prática contratual.
A realização de um contrato definitivo tem por objeto a criação de obrigações para os contratantes, isto é, uma prestação substancial.
O contrato preliminar, por sua vez, tem como objeto a obrigação de concluir outro contrato. As partes, ou apenas uma delas, se comprometem a celebrar, em um momento posterior, outro contrato que será um contrato definitivo.
4 O ciclo existencial do contrato
4.1 Processo de formação
Os contratos nascem a partir do encontro das vontades dos contratantes, que podem ser manifestadas de maneira expressa ou tácita.
A declaração de vontade é expressa quando o contratante se manifesta através da palavra (oral ou escrita) e de gestos com o propósito de explicitar seu pensamento.
É tácita, desde que a lei não a exija expressa, quando o contratante pratica determinada conduta que dá a entender que o seu querer aponta no sentido da constituição da relação contratual.
Da mesma forma, e de acordo com o artigo 111 do código civil, pode-se inferir em determinadas circunstâncias a manifestação de vontade do silêncio das partes. Este pode ser equiparado à uma aceitação, ou seja, o consentimento pode assumir a forma de um comportamento omisso da parte.
4.2 Fases
A formação contratual, isto é, o acordo de vontades, abrange três momentos ou fases: as negociações preliminares, a proposta e a aceitação.
4.2.1 Negociações preliminares
Neste período pré-contratual, ao contrário do que acontece nos contratos preliminares, não há vinculação das partes, mas pode surgir responsabilidade civil em caso de dolo, negligência ou imprudência.
Não existem obrigações para os contratantes, mas a atuação destes deve se pautar pelo princípio da boa-fé, que se desrespeitado gera a responsabilidade do contraente. Se um leva o outro a acreditar que se dará a celebração do contrato e depois recua causando-lhe danos, deve reparar o prejuízo por ele provocado. Não pode, no entanto, o prejudicado, exigir o cumprimento da futura convenção, já que não há ainda um caráter vinculante.
4.2.2 Proposta
Diferentemente das negociações preliminares, nesta fase já há uma vinculação; não de todas as partes, mas apenas do policitante.
A proposta, que possui natureza de declaração receptícia de vontade, deve ser séria e precisa, e o proponente deve mantê-la, sujeitando-se a perdas e danos em caso de inadimplemento injustificado.
O artigo 427 do código civil prevê hipóteses em que a proposta deixa de ser obrigatória, resultando sua falta de obrigatoriedade de seus próprios termos; da natureza do negócio ou das circunstâncias do caso.
Pode a proposta conter uma cláusula de não-obrigatoriedade permitindo ao proponente que a cancele sem conseqüência nenhuma, ocorrendo o mesmo nos casos em que a oferta pela sua natureza é aberta.
O artigo 428 do código civil explicita algumas situações em que também ocorre perda de obrigatoriedade.
Se feita a pessoa presente, sem concessão de prazo, e o oblato não dá pronta resposta, está liberado o proponente.
Do mesmo modo, o policitante é liberado se a proposta for feita sem prazo a pessoa ausente e tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente ou se, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado.
O policitante ainda possui a faculdade de se retratar que se exercida, o desobriga e não o sujeita a perdas e danos, desde que a retração chegue ao conhecimento do oblato antes ou simultaneamente à proposta para que não se crie “em seu espírito aquela justa expectativa de contratar que o legislador quer proteger.”
4.2.3 Aceitação
Para Silvio Rodrigues, “se a proposta representa o reflexo da vontade de uma das partes, a aceitação é o reflexo da vontade da outra. Uma e outra dessas manifestações da vontade são necessárias para a conclusão do contrato.”
Assim, o contrato surge apenas quando, através da aceitação, há o encontro da vontade do oblato com a do proponente, tornando-se os dois vinculados ao contrato.
Segundo o Artigo 431 do código civil, será considerada nova proposta a aceitação feita fora do prazo ou contendo modificações ou restrições aos termos da proposta, podendo o proponente inicial aceitá-la ou não. Esta regra não se demonstra absoluta pois admite-se a formação contratual mesmo em casos em que há apenas uma aceitação parcial.
Cabe aqui mais uma ressalva. Se a resposta chegar ao proponente tardiamente por circunstâncias alheias à vontade do emitente, o primeiro deve comunicar o fato ao segundo, sob pena de responder por perdas e danos (artigo 430 código civil)
Importante frisar ainda que assim como na proposta, a lei, com o intuito de conceder um tratamento igual ao aceitante e ao proponente, também admite a retratação do aceitante desde que chegue ao conhecimento do proponente anterior ou simultaneamente à aceitação. (artigo 433 do código civil)
4.3 Tempo
Nesta matéria, os contratos entre presentes não apresentam problemas, considerando-se formados no momento em que a proposta é aceita.
Em relação aos contratos entre ausentes, prevalece o entendimento de que o contrato se realiza no instante em que a aceitação é expedida (teoria da expedição).
O código civil brasileiro adota esta teoria em seu artigo 434, apresentando porém exceções. Recusa efeito à expedição se tiver ocorrido retratação oportuna, se a resposta não chegar ao conhecimento do proponente no prazo ou se o proponente tiver se comprometido a esperar resposta.
4.4 Lugar
O contrato se reputa celebrado no lugar em que foi proposto (artigo 435 código civil).
É certo que o enunciado trazido por tal dispositivo não possui caráter cogente, ficando na dependência do que vier estipulado pelos interessados.
Constata-se que a grande utilidade apresentada pela definição do local de formação contratual está na determinação do foro competente e, no que se refere ao direito internacional, da lei reguladora.
Na hipótese de os contratantes residirem em países diferentes, de acordo com o artigo 9º parágrafo 2º da lei de introdução do código civil, a obrigação resultante do contrato reputa-se concluída no lugar em que reside o proponente.
4.5 Extinção
Todo contrato nasce do consentimento, e por motivos variados deixa de existir.
Normalmente, a relação contratual se extingue com o advento da execução, que libera o devedor e satisfaz o credor.
Entretanto, há casos em que ocorre a extinção sem ter havido o cumprimento das obrigações. Causas supervenientes à formação do contrato levam à sua dissolução, que se opera através da resilição, da resolução e da rescisão.
Quando o vínculo contratual se dissolve pela manifestação de vontade de uma ou das duas partes contratantes quea ele deram origem, está configurada a resilição, que pode, então, ser unilateral ou bilateral.
A resilição bilateral ou distrato está prevista no artigo 472 do código civil e a unilateral é tratada como exceção pelo artigo 473 por contrariar o princípio da obrigatoriedade.
A resolução, por sua vez, decorre da inexecução, englobando as hipóteses de inadimplemento, mora e cumprimento defeituoso. Imputáveis ou inimputáveis ao devedor. Permite o rompimento da relação contratual mediante ação judicial.
Em todo contrato bilateral há implicitamente, por disposição legal, uma cláusula resolutiva tácita, que faculta à uma das partes promover a sua resolução verificada a inexecução da outra.
Esta mesma faculdade pode ser pactuada de maneira expressa pelas partes. É o que se costuma chamar de pacto comissório expresso, importando na resolução de pleno direito.
Como analisado anteriormente também a onerosidade excessiva pode ensejar a resolução contratual.
Já a rescisão, embora muitas vezes seja utilizada para designar resilição e resolução, ganha ênfase maior quando se refere à ruptura de contrato em que houve lesão ou que foi estipulado em estado de perigo.
5 Requisitos de validade
O contrato deve atender aos requisitos gerais de validade concernentes a todo negócio jurídico, além de requisitos específicos, que se não forem observados levam à sua ineficácia.
A ineficácia lato sensu, que pode ser definida como a não produção dos efeitos próprios de um contrato, compreende a invalidade propriamente dita e a ineficácia em sentido estrito.
Um contrato é inválido quando há a falta ou o defeito de um de seus requisitos, não produzindo efeitos desde a sua formação (contrato nulo) ou produzindo efeitos durante algum tempo, até ser anulado (contrato anulável).
Quando, porém, os requisitos de validade forem observados mas o contrato deixar de produzir seus efeitos pela ocorrência de um obstáculo extrínseco, como a falta de registro quando necessário, configura-se a ineficácia em sentido estrito.
Os requisitos em questão se dividem em três categorias: requisitos subjetivos, objetivos e formais, analisados a seguir.
5.1 Requisitos subjetivos: consentimento válido, capacidade das partes e legitimação
O elemento essencial para a constituição do contrato, como já visto, é o acordo de vontades em relação à existência, natureza, objeto e cláusulas que o compõem. Até no chamado contrato consigo mesmo há o encontro de manifestações volitivas, já que apesar de haver apenas um declarante, existem duas partes.
A declaração de vontade das partes deve ser então hábil à produção dos efeitos contratuais. Para isto deve ser manifestada de forma consciente, livre de defeitos como o erro, o dolo e a coação, e não deve contrariar a lei ou a boa-fé.
Assim, para haver validade da emissão volitiva, esta deve ser feita por um contratante que seja capaz e possua legitimação. Exige-se a capacidade genérica para a prática dos atos da vida civil, cujas restrições estão nos artigos 3º e 4º do código civil; e se requer também aptidão para contratar de modo geral ou para concluir um contrato em particular, que pode ser afastada quando, por exemplo, existe determinada relação jurídica entre os contraentes que impede o estabelecimento de uma relação contratual.
Esta falta de legitimação se assemelha nos seus efeitos às incapacidades, gerando ineficácia do negócio; podendo ser absoluta, importando em nulidade; ou relativa, importando em anulabilidade.
5.2Requisitos objetivos: possibilidade, licidade, determinação e economicidade
A doutrina distingue objeto da obrigação de objeto do contrato. O objeto da obrigação é a prestação que pode consistir em dar, fazer ou não-fazer alguma coisa, ao passo que o objeto imediato do contrato são as obrigações.
Os requisitos objetivos do contrato envolvem a possibilidade, a licidade, a determinação e a economicidade.
O objeto é impossível quando não pode ser realizado. Há duas espécies de impossibilidade: a material e a jurídica.
A material se caracteriza pelo fato de a prestação pretendida não poder ser conseguida.
Já a jurídica ocorre quando, a prestação pode ser conseguida materialmente, mas encontra um obstáculo jurídico, uma proibição legal.
A liceidade se equipara à possibilidade jurídica, pois ambas se traduzem pelo fato de o direito positivo admitir o objeto contratual.
Este objeto deve ser ainda determinado ou pelo menos determinável, através de seu gênero, espécie, quantidade e caracterísitcas individuais. A determinação pode se dar juntamente com o ajuste ou por ocasião da execução.
E por fim, a prestação, para os que se alinham entre os que exigem o requisito da patrimonialidade para o objeto da obrigação, deve ser economicamente apreciável, isto é, capaz de se converter direta ou indiretamente, em dinheiro.
5.3 Requisito Formal
Segundo Caio Mário, forma é o meio técnico que o direito institui para a externação da vontade; é a projeção ambiental da elaboração volitiva, a expressão exterior do querer do agente.
Na atualidade, adota-se o princípio da liberdade das formas ( Artigos 107 e 104, III do Código Civil). As partes podem lançar mão de determinada forma, desde que não haja impedimento legal, muitas vezes como meio de se buscar maior segurança na contratação.
Assim, as partes podem se exprimir oralmente ou por escrito, adotando, o instrumento público ou o particular.
Excepcionalmente, pode haver exigência legal de certa forma para que o contrato seja eficaz (Exemplo. artigo 108 código civil).
Orlando Gomes salienta que a não observância deste requisito só leva à ineficácia de um contrato, se a forma prescrita for da substância do contrato e não apenas quando exigida para a sua prova.
6 Prova
Conquanto guardem certa proximidade, forma e prova não se confundem. A forma é o envoltório que reveste a manifestação de vontade, enquanto que prova é o meio de que o interessado se vale para demonstrar legalmente a existência de um negócio jurídico.
A disciplina dispensada à prova dos negócios jurídicos em geral deve ser aplicada também aos contratos.
A partir do que preceitua o artigo 212 do código civil, os negócios para os quais a lei exige forma especial só podem ser provados pelo meio que a lei elege para a sua realização. Os atos de forma livre podem ser comprovados por todos os meios de prova admitidos em direito, enumerados, de acordo com a doutrina, de modo exemplificativo pelo citado dispositivo legal.
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS 
	
Sentido da interpretação - Interpretar significa identificar o significado de um ato ou de um fato.
No Direito, a questão tem a ver com a interpretação da lei e do negócio jurídico e, via de consequência, do contrato.
Finalidade – A interpretação de ambos (lei e contrato) tem a mesma finalidade, mas os princípios que governam as duas (2) modalidades são diversos.
Interpretação da lei – A Lei é um comando geral, aplicável a um número mais ou menos amplo de indivíduos, enquanto o negócio jurídico emana de poucas vontades, e, como regra, seus efeitos só atingem os participantes.
A interpretação está diretamente ligada à aplicação do direito.
Ao se aplicar o Direito, está se interpretando. 
Uma atividade está diretamente ligada à outra.
Utilidade – Toda interpretação visa sempre buscar melhor e a mais adequada aplicação da norma.
Hermenêutica – A hermenêutica é a ciência da interpretação. 
Exegese – A exegese consiste na interpretação específica de textos, artigos, dispositivos legais e contratuais.
Conduta do intérprete do contrato – O intérprete de um contrato deve levar em conta esse importante aspecto social, ao iniciar seu trabalho, antes de se utilizar das conhecidas regras de hermenêutica.
O ideal é que o elemento interno (vontade) esteja em harmonia com o texto (cláusulas contratuais). 
O que foi desejado pelas partes é o que deve (ria) constar nos termos do contrato.
Expressões dúbias e contraditórias– Muitas vezes os contratantes escolhem palavras dúbias, e expressões com sentidos contraditórios, mais o intérprete deverá buscar o sentido que melhor se adapta à vontade e à necessidade dos contratantes, aplicando-se o Direito no caso concreto.
Parâmetros do intérprete - O intérprete sempre estará preso a 2 (dois) parâmetros, dos quais não pode fugir:
a) de um lado, a vontade declarada, geralmente externada por palavras;
b) de outro lado, se colocará a necessidade de se averiguar a verdadeira intenção dos contratantes.
Linhas de Interpretação – Há 2 (duas) linhas de interpretação:
a) A posição subjetivista deve o intérprete pesquisar, investigar o sentido da efetiva vontade do declarante. 
O negócio jurídico valerá conforme foi desejado. 
Por essa posição, a vontade real pode e deve ser investigada por meio de todos os elementos e circunstâncias que possam elucidar o intérprete. 
Nos contratos, a intenção é atingir o sentido da vontade comum dos contratantes, o que se afigura mais complexo.
b) Pela posição objetivista, que corresponde à teoria da declaração, não investigamos a vontade interna dos partícipes, mas atemo-nos à vontade externada, aos elementos externos do contrato. 
Procuramos os sentidos das palavras por intermédio de circunstâncias exclusivamente materiais. 
Por essa linha, o que não estiver no contrato não está no mundo jurídico.
Posição eclética a melhor solução – É evidente que nenhuma dessas 2 (duas) posições haverá de ser adotada isoladamente, razão pela qual, qualquer que seja a postura adotada pelo intérprete, as regras gerais de interpretação literal, sociológica, histórica, sistemática, devem ser lembradas.
Interpretação em nossa lei – Nosso Código Civil optou por não tratar com detalhes o instituto da interpretação. 
Lei de caráter interpretativo – Há outras legislações que fazem o contrário (francesa e a italiana), que tecem minúcias a respeito de normas interpretativas. 
É tradição em nosso Direito deixar as regras de interpretação para a doutrina e a jurisprudência.
Dispositivo normativo para interpretação – O nosso Código Civil traçou um princípio geral que está contido no art. 112, a saber:
"Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciadas do que ao sentido literal de linguagem".
Esse princípio procura afastar-se de extremismo, ou adotar unicamente a teoria da declaração, ou unicamente à vontade, como formas de interpretação.
Texto com clareza – Não há necessidade de interpretação se as palavras são claras e não deixam margem a dúvidas. 
A necessidade de interpretação surge quando existe deficiência ou dúvida nos termos e conceitos empregados pelos contratantes.
Outras normas de interpretação – O Código Civil preferiu tecer outras normas de interpretação. 
O art. 113 realça a boa-fé e os costumes que devem nortear a interpretação dos negócios jurídicos em geral: "Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos e costumes do lugar da celebração.”.
O Art. 114 do atual diploma complementa: "Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.”.
Nosso Código de Defesa do Consumidor (CDC) (Lei 8.078/90) disciplina as relações de consumo, dispondo que os contratos nesse âmbito não obrigarão os consumidores "se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance" (art. 46). 
O art. 47 complementa, dizendo que "as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor".
Particularidades da interpretação dos contratos – O contrato é um todo orgânico e deve ser interpretado levando em consideração as vontades dos contratantes um em relação ao outro.
O intérprete ao examinar uma cláusula obscura ou de má compreensão, deverá levar em consideração os efeitos que decorrem do contrato em relação a todos os contratantes.
Por isso que se critica legislações que fixam normas legais de interpretação, posto que as leis sejam muitas vezes vagas e imprecisas diante de uma análise concreta de um contrato.
As regras jurídicas servem para mero roteiro, mera orientação ao hermeneuta.
Destinatários das normas de interpretação – A Quem são os destinatários? 
Alguns dizem que são os juízes.
Mas outros afirmam que as normas são dirigidas às partes em primeiro lugar. 
Os contratantes é que têm interesse no cumprimento do contrato e devem avaliar de que modo a avença (o pacto) deve ser cumprida. 
Se, entretanto não houve um acordo acerca do exato alcance da redação contratual, poderá surgir a figura do juiz ou do árbitro como eventuais intérpretes no final.
Na verdade é ao Poder Judiciário ou a Arbitragem os destinatários finais da norma interpretativa.
Aspectos e regras de interpretação – A doutrina enumerou 12 (doze) regras de interpretação:
(1-) Nas convenções mais se deve indagar qual foi a intenção comum das partes contraentes do que qual é o sentido comum das palavras.
(2-) Quando uma cláusula é suscetível de 2 (dois) sentidos, deve entender-se naquele em que ela pode ter efeito; e não naquele em que não teria efeito algum. 
Entende-se que, da mesma forma como o legislador não coloca na lei palavras inúteis, assim fazem os contratantes no negócio jurídico. 
Buscamos sempre em cada cláusula o entendimento que faz sentido e harmoniza-se com as demais.
(3-) Quando em um contrato os termos são suscetíveis de 2 (dois) sentidos, deve entender-se no sentido que mais convém à natureza do contrato.
(4-) Nos contratos com efeitos internacionais, aquilo que é ambíguo é interpretado conforme o uso no país. 
Os usos regionais e locais devem ser levados em conta pelo intérprete. 
O uso é uma prática que não chegou ao costume.
(5-) O uso é de tamanha autoridade na interpretação dos contratos que se subentendem as cláusulas do uso ainda que não exprimissem. 
Existem determinadas formas de contratar de certas classes de pessoas que se repetem de geração em geração. 
Na dúvida, o intérprete deve admitir o uso como integrante do contrato.
(6-) O contrato deve ser interpretado como um todo: uma cláusula juntamente com as outras. 
(7-) Na dúvida interpreta-se contra quem redigiu a cláusula. 
Este deveria ser claro. 
E em favor do devedor, porque devemos procurar a situação mais cômoda para que ele cumpra a obrigação.
(8-) Não cabe ao intérprete criar cláusulas contratuais. 
Não devemos ampliar o âmbito de alcance material do contrato, se isto não passou pela vontade dos contratantes. 
O alcance do contrato deve ser sempre restritivo.
(9-) Quando o objeto da convenção é uma universalidade de coisas, compreende todas as coisas particulares que compõem aquela universalidade, ainda aquelas de que as partes não tivessem conhecimento. (rebanho, por exemplo, em relação às crias já concebidas, mas não nascidas).
(10-) Um exemplo de caso concreto pode ter sido mencionado no contrato, para esclarecer uma cláusula. 
Isso não significará que as disposições do contrato somente se aplicam àquela hipótese, mas a todas as outras semelhantes.
(11-) Nos contratos, bem como nos testamentos, uma cláusula no plural se distribui muitas vezes em muitas cláusulas singulares. 
Cabe ao intérprete averiguar se, quando os contratantes redigiram uma cláusula no plural, procuraram abranger várias hipóteses no mesmo contrato ou não. 
Geralmente, uma cláusula desse nível se aplicará a uma série de cláusulas. 
A questão é de exame gramatical.
(12-) O que está no fim de uma frase se refere a toda a frase, e não àquilo só que a precede imediatamente, contanto que este final da frase concorde em gênero e número com a frase toda. 
Esta regra de interpretação é também gramatical.
Interpretação integrativa e integração dos contratos – Com frequência, no curso de um contrato, surgem situações imprevistaspelos contratantes (por exemplo, quando desaparecem os índices de correção monetária). 
Num contrato de empreitada, quando desaparece do mercado determinado produto, ou o material empregado não é mais produzido, não existindo similar no mercado.
Nessas situações, o aspecto já não é propriamente interpretar o contrato, suas cláusulas ou disposições. 
Passa a existir então uma atividade psíquica diferente da do hermeneuta. 
Surgem a interpretação integrativa e a integração propriamente dita do contrato.
Na interpretação integrativa, embora existam pontos omissos no contrato, a intenção das partes surge da idéia geral do contrato, de seu espírito. 
Desse modo, por exemplo, estipularam determinado índice de correção monetária nos pagamentos e esse índice é extinto, infere-se que outro índice próximo de correção deve ser aplicado, ainda que assim não esteja expresso no contrato, porque a boa-fé e a equidade que regem os pactos ordenam que não haja injusto enriquecimento com a desvalorização da moeda.
Na integração do contrato, o trabalho do hermeneuta é mais amplo, porque deverá preencher lacunas existentes no contrato. 
O contrato obriga as partes não apenas pelos que está expresso, mas também em relação a todas as consequências decorrente do negócio.
Procura-se nessa conjuntura, a vontade presumida das partes, tendo em vista a natureza e a finalidade do contrato. 
Funções da interpretação do contrato – A interpretação do contrato exerce, concomitantemente, função objetiva e subjetiva, pois, além de analisar o ato negocial e suas cláusulas, deverá examinar a intenção comum das partes contratantes. 
Situa-se na seara do conteúdo da declaração volitiva, fixando-se normas empíricas, mas de lógica prática do que de normação legal.
Regras interpretativas – O nosso Código Civil, não tendo nenhum capítulo relativo à interpretação do contrato, contém unicamente 5 (cinco) normas interpretativas: arts. 112, 114, 819, 113 e 423. 
Vide Lei nº. 8.078/90, art. 47, dispõe: "que as cláusulas contratuais deverão ser interpretadas de modo mais favorável ao consumidor" e Lei nº. 9.610/98, art. 4º, prescreve que: "interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos sobre os direitos autorais". .
Por isso a doutrina e a jurisprudência, com base nesses dispositivos, criaram algumas regras de hermenêutica, para facilitar a ação do intérprete.
 
Elementos constitutivos e pressupostos de validade dos contratos 
Pressupostos de Validade do negócio jurídico 
PRESSUPOSTOS X ELEMENTOS 
O Código Civil, em seu art. 104, menciona quais os pressupostos de validade do negócio jurídico:
a) a capacidade do agente;
b) o objeto lícito;
c) a forma prescrita em lei.
Elementos do negócio jurídico 
O negócio jurídico é fundado na vontade das partes; 
Idoneidade do objeto; 
Forma do negócio. 
Escada ��HYPERLINK "http://respirandodireito.blogspot.com/2009/11/escada-ponteana.html"Ponteana 
A teoria geral dos negócios jurídicos aplica-se aos contratos. O negócio jurídico é uma forma de exercício da autonomia privada. É o direito da pessoa regulamentar os próprios interesses.
Na visão de Pontes de Miranda, o negócio jurídico é dividido em três planos, o que gera um esquema gráfico como uma escada com três degraus, denominada por parte da doutrina, como escada ponteana.
ESCADA “PONTEANA” -ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DOS CONTRATOS
Primeiro degrau 
O plano da existência. Onde estão os elementos mínimos, os pressupostos de existência. Sem eles, o negócio não existe. Substantivos (partes, vontade, objeto e forma) sem adjetivos. Se não tiver partes, vontade, objeto e forma, ele não existe. 
Dúvida prática: O CC/2002 adota expressamente o plano da existência? Não, não há previsão contra a teoria da existência. No artigo 104, já trata do plano da validade. E também, só há regras para a nulidade absoluta: arts.166 e 167; e nulidade relativa ou anulabilidade, art 171, todos do CC. 
O plano da existência está embutido no plano da validade (implícito). Teoria inútil para alguns doutrinadores: casamento inexistente: resolve com a questão da nulidade; contrato inexistente se resolve com a teoria da nulidade. Mas é uma teoria didática. Vários autores são adeptos da teoria da inexistência.
Segundo degrau 
O plano da validade. Os substantivos recebem os adjetivos. Requisitos de validade (art 104) -> partes capazes, vontade livre (sem vícios), objeto lícito, possível ou determinado ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei. Temos aqui os requisitos da validade. Não há dúvida, o código civil adotou o plano da validade. Se tenho um vício de validade, ou problema estrutural, ou funcional, o negocio jurídico (contrato) será nulo ( arts.166 e 167CC) ou anulável (171 do CC). 
Terceiro degrau 
O plano da eficácia. Estão as conseqüências do negócio jurídico, seus efeitos práticos no caso concreto. Elementos acidentais (condição, termo e encargo).
Questão
Análise de caso: Digamos que em 1998, celebrei um contrato. Qual código civil vou aplicar: o de 1916, que estava em vigência naquele ano ou o de 2002, que está em vigência atualmente? Posso aplicar os dois códigos?
Quanto ao plano da validade, aplico o de 1916. A norma do momento da celebração.
Quanto às eficácias, aplico o de 2002, pois está produzindo efeitos agora. Norma do momento da produção dos efeitos. O tempo rege o ato: norma da eficácia.Por exemplo: artigo 1638, parágrafo 2º - a ação de alteração de regimes de bens (plano da eficácia, pois é conseqüência do casamento). É possível alterar regimes de bens em casamentos celebrados na vigência do código de 1916? Sim. 
De acordo com o art. 2035, caput do CC:
"A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art 2045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução". 
Outro exemplo: multa de condomínio. Plano da eficácia. Na vigência da lei anterior, a multa moratória era de 20% do valor da dívida. No novo código, caiu para 2%. O condomínio foi adquirido na vigência anterior, mas o inadimplemento é na vigência atual. 
Resumindo 
Se estiver no plano da Existência: não tem como se falar em norma anterior ou atual; 
Se estiver no plano da Validade: Nulo ou anulável; Norma do momento da celebração. 
O restante é eficácia. (conseqüências, por ex.) -> Norma do momento dos efeitos.
(Juros estão no plano da Eficácia, são conseqüências!). Mesmo na quebra de contratos celebrados antes de 2002, utiliza-se atualmente o Novo Código!!! 
Dos contratos - Interpretação
I - Fontes das Obrigações. 
Três são as fontes das obrigações: contratos, declarações unilaterais de vontade e atos ilícitos. A elas pode ser adicionada uma quarta, a lei, que é a fonte primária e única de todas as obrigações. Assim, as obrigações decorrentes dos contratos são obrigações que resultam da lei, porque é a lei que disciplina os contratos, sujeitando-os a um estatuto jurídico. 
II - Definição de Contrato. 
O contrato pressupõe necessariamente intervenção de duas ou mais pessoas que se põem de acordo a respeito de determinada coisa. Teoricamente não se pode admitir a figura do contrato consigo mesmo, concebida pelo gênio especulativo alemão (Rômer, Rümelin, Kohler, Arnô), mas sem apoio legal. Sem o concurso de duas pessoas, pelo menos, impossível surgir o contrato, não se podendo admitir que alguém seja ao mesmo tempo, credor e devedor de si mesmo, o que viria a constituir verdadeiro contradictio in adjectis. 
Num só caso se pode condescender com o auto contrato: se o contratante intervém por si mesmo, em seu próprio nome, e como representante de outrem. É o caso da venda feita a si próprio pelo mandatário em causa própria. É o caso ainda do contrato de fornecimento realizado pela mesma pessoa, como partee como administradora da entidade jurídica fornecedora. 
Segundo Washington de Barros Monteiro, contrato é “o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir um direito.” Por essa definição, percebem-se a natureza e a essência do contrato, que é um ato jurídico e que por isso reclama, para a sua validade, conforme o artigo 82 do Código Civil, agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. 
III - Elementos dos Contratos. 
A capacidade dos contratantes é assim, o primeiro requisito para a validade dos contratos. Qualquer pessoa pode contratar, desde que não seja absolutamente incapaz (artigo 145, I Código Civil). 
Objeto lícito é o segundo elemento, como sendo a operação que os contraentes visaram a realizar, o interesse que o ato jurídico tem por fim regular. 
O objeto do contrato, como o da obrigação, tem de ser possível, lícito e suscetível de operação econômica. Além disso, não só as coisas presentes como igualmente as futuras podem ser usadas pelos contraentes. O objeto do contrato deve ser certo, ou, no mínimo, determinável. 
O último requisito para a validade dos contratos é respeitante à sua forma, que deve ser legal: a forma dá ser às coisas. 
Mas, além desses requisitos gerais, comuns a todos os atos jurídicos, outro deve ser ainda acrescentado em matéria contratual, o acordo de vontades, o consentimento recíproco. Aí está o elemento essencial, mais característico dos contratos. Pode ser expressa ou tácita.  
IV - Princípios fundamentais do Direito Contratual. 
Dos elementos dos contratos, resultam três princípios fundamentais, a cuja sombra se estrutura o direito contratual: 
o princípio da autonomia da vontade; 
o princípio da supremacia da ordem pública; 
o princípio da obrigatoriedade da convenção, limitado, somente, pela escusa do caso fortuito ou força maior. 
V - Interpretação dos Contratos. 
Conceito e Função. 
Constituindo em duas distintas declarações de vontade que se integram, o contrato requer sempre interpretação. 
Interpretar um contrato é esclarecer o sentido dessas declarações e determinar o significado do acordo ou consenso. 
Deve-se inicialmente verificar o sentido das palavras. Em seguida, a busca da vontade real dos contratantes. 
Nessa pesquisa realiza-se a análise jurídica do contrato a fim de enquadrá-lo, pelo seu conteúdo, numa das categorias contratuais definidas na lei, levando-se em conta apenas os elementos essenciais, e não dando importância ao nome que as partes lhe atribuíram. O enquadramento é necessário para a determinação dos efeitos específicos próprios de cada tipo de contrato. Em conseqüência, a determinação dos verdadeiros efeitos do contrato depende, grandemente, da interpretação da vontade das partes. 
A função  tradicional do intérprete é perseguir e aclarar a vontade dos contraentes, manifestada no contrato, mediante declaração destinada a provocar efeitos jurídicos. Função da interpretação do contrato é a determinação dos efeitos jurídicos que visa a plasmar e a produzir. O que importa, afinal, é definir a vontade contratual objetivamente expressa nas cláusulas, mesmo que não corresponda à intenção do declarante. 
O intérprete não pode se afastar da regra  que manda interpretar as declarações de vontade, atendendo-se mais à sua intenção do que ao sentido literal da linguagem, a fim de determinar com precisão a efetiva vontade das partes. 
Tal como acontece na interpretação da lei, admite-se interpretação restritiva e extensiva do contrato. 
Por maior que seja, finalmente, o poder atribuído ao intérprete na medida em que se acentua a inclinação para dessubjetivar a vontade, não se consente que imponha às partes um contrato diverso do que realizaram, ainda que preferível do ponto de vista do interesse público. Não é lícito ao juiz invocá-lo para o ajustamento por meio de interpretação, cabe-lhe unicamente decretar a nulidade do contrato se o contraria, ou dizer que as cláusulas infringentes estão substituídas pelas disposições legais que prevêem a substituição automática. 
As lacunas da regulação contratual exigem a sua interpretação complementar, tal como sucede com a lei, com a diferença de que o contrato estabelece regras que somente valem para as partes e para situações concretas. 
A interpretação da lei e a interpretação do contrato. 
Distinguem-se a interpretação da lei da interpretação do contrato. 
A interpretação da lei seria a interpretação da vontade do legislador, isto é, a vontade objetiva e constante que se exprime no texto, não a vontade subjetiva das pessoas físicas que o elaboram ou do órgão que a aprovou. Já a interpretação do contrato é conceituada, na hermenêutica tradicional, como processo de esclarecimento da vontade subjetiva dos contraentes e, na doutrina mais recente, como investigação da vontade objetividade no conteúdo do vínculo contratual. 
Na interpretação da lei, o intérprete deve determinar o sentido e alcance, enquanto na interpretação do contrato, deve-se descobrir a vontade concreta das partes. 
Tende-se para construir uma teoria unitária da interpretação. Os seus mais conseqüentes defensores incluem o contrato entre as fontes normativas. Segundo a teoria preceptiva do contrato, a interpretação jurídica visa sempre e somente a fixar o teor e a importância dos comandos jurídicos legais ou negociais, devendo-se abandonar o princípio de que a interpretação é averiguação de uma vontade interna ou psicológica. Desse modo, a determinação do sentido da manifestação ou declaração numa cláusula contratual ou num artigo de lei deve obedecer aos mesmos princípios e critérios. 
Para os tradicionalistas, a relação jurídica nascida de um contrato deve ser interpretada em obediência a regras e métodos distintos dos que se observam na interpretação da lei, desigualmente os que presidem a chamada interpretação subjetiva. 
Tipos de interpretação. 
Distingue-se a interpretação subjetiva e objetiva. 
A interpretação subjetiva tem por fim a verificação da vontade real dos contraentes, enquanto a interpretação objetiva visa a esclarecer o sentido das declarações que continuem dúbias ou ambíguas por não ter sido possível precisar a efetiva intenção das partes. A interpretação objetiva é subsidiária, pois suas regras só se invocam se falharem as que comandam a interpretação subjetiva. 
Ambas as interpretações têm regras prescritas nos códigos mais recentes. Tais disposições são verdadeiras e próprias regras jurídicas. 
Ao interpretar um contrato, a fim de dirimir um litígio, o juiz tem de observá-las como qualquer outro preceito legal. 
O código civil brasileiro deixou a tarefa da hermenêutica contratual, quase que por inteiro, para a doutrina e a jurisprudência. 
Interpretação subjetiva. 
É denominada pelo princípio da investigação da vontade real. 
Tal investigação precede a qualquer outra, devendo o intérprete indagar antes de mais nada, qual foi a intenção comum das partes, e não a vontade singular de cada declarante, atendendo ainda ao comportamento coetâneo e posterior à sua celebração. 
A intenção das partes passa a ser comum com a integração das vontades, mas não se sabe o que verdadeiramente se deve entender com o tal nem como conduzir a investigação para descobri-la. 
A indicação da causa do contrato como meio interpretativo próprio para definir a intenção comum dos contraentes peca por escassez. 
A vontade comum no contrato é, para a doutrina objetivista, um conceito vazio, se elaborado em termos subjetivos. Mas, a interpretação subjetiva é necessária, pois o objeto da interpretação do contrato é sempre a vontade e a meta a ser alcançada pelo intérprete, a exata determinação dos efeitos jurídicos que as partes quiseram provocar. 
Interpretação objetiva. 
O intérprete deve examinar o contrato principalmente do ponto de vista da vontade das partes. O legislador o ajuda à medida que dita preceitos interpretativos. Juntamente ditam-se regras para a solução de dúvidas que perduremapós a pesquisa feita para a descoberta da vontade real do contrato em exame. Passa-se, nesses casos, da interpretação subjetiva para objetiva. 
Três princípios dominam a interpretação objetiva: 
1 - princípio da boa fé; 
2 - princípio da conservação do contrato; 
3 - princípio da extrema ratio (menor peso e equilíbrio das prestações). 
O princípio da boa fé é uma regra que contribui para precisar o que se deve entender como o consenso, assim considerando o encontro e a consumação de duas vontades para a produção de efeitos jurídicos vinculativos. O que importa é o “significado objetivo” que o aceitante de proposta de contrato “podia e devia” entender razoavelmente segundo a regra da boa fé. 
O princípio da conservação do contrato, funda-se na razão principal de que não se deve supor que as partes tenham celebrado um contrato inutilmente e sem seriedade. 
O contrato deve ser interpretado, como qualquer de suas cláusulas, no sentido de que possa ter qualquer efeito, devendo prevalecer a interpretação que lhe dê o significado mais útil. 
A extrema ratio é uma regra que se inspira na necessidade de atribuir ao contrato um significado, por mais obscuro que seja. Quando a sua obscuridade permanecer a despeito da aplicação de todos os princípios e regras de interpretação, recorre o intérprete ao critério extremo que o orienta no sentido de entendê-lo menos gravoso para o devedor, se gratuito, de que se realize eqüitativo equilíbrio entre os interesses das partes, se a título oneroso. 
As regras da interpretação objetiva são normas jurídicas ligadas à estrutura do contrato, à sua função e à retidão das técnicas de contratação que atualmente se empregam em certos setores econômicos, como por ex.: a do contrato em massa. 
Usos interpretativos. 
Resultam da repetição constante do modo de agir na execução de determinado contrato, como por ex., de se dilatar por 30 dias o pagamento considerado à vista do preço de certas mercadorias. 
Atribui-se a mesma função ao emprego de termos que designam correntemente atos ou objetos, sempre com a mesma significação, uma vez que , toda declaração de vontade deve produzir os efeitos jurídicos correspondentes ao significado usual das palavras pelas quais se exprime. 
Os usos interpretativos  não devem ser confundidos com as normas consuetudinárias. Estas são autênticas normas jurídicas gerais e obrigatórias, enquanto aqueles, representam práticas úteis à interpretação das declarações de vontade. 
Os usos interpretativos apresentam duas funções: uma estritamente hermenêutica e outra nitidamente supletória: ao uso supletivo recorre-se para integrar lacuna do contrato, podendo ser excluído por vontade expressa das partes, enquanto ao uso interpretativo stricto sensu deve o intérprete reportar-se para investigar se há efeitos jurídicos não declarados, mas correspondentes ao que é usual em tais contratos. 
O uso pode instaurar-se no curso de uma relação contratual, como se verifica quando as duas partes observam durante muito tempo, conduta uniforme a que se atribui habitualmente determinada significação, e não pode ser considerada nova cláusula tacitamente admitida pelas partes. 
A doutrina continua dominada por dúvidas sobre a significação dos usos interpretativos  e da qualificação do tipo de interpretação a que devem ser conduzidos.
CONTRATOS
** FONTES DAS OBRIGAÇÕES : Fontes mediatas ( fato humano : contrato, declaração unilateral de vontade, ato ilícito ) e fontes imediatas ( a Lei ).
** Características : - Caracteriza o contrato, abrangendo nesse conceito todos os negócios jurídicos resultantes de acordo de vontade, de modo a uniformizar sua feição e excluir qualquer controvérsia, seja qual for o tipo de contrato, desde que se tenha acordo bilateral ou plurilateral de vontades.
- Verificar se o vínculo obrigacional decorrente do contrato resulta de lei.
** CONCEITO DE CONTRATOS : Contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinada a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial.
** REQUISITOS : art. 82 - C.C. - Requisitos subjetivos : existência de duas ou mais pessoas; capacidade genérica para praticar os atos da vida civil.; aptidão específica para contratar ; consentimento das partes contratantes. Requisitos objetivos : licitude do objeto do contrato; possibilidade física ou jurídica do objeto do negócio jurídico; determinação do objeto do contrato ; economicidade de seu objeto. Requisitos formais : art. 129, e 1.079- C.C. 
** PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL
1 - PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE : Consiste no poder das partes de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica, envolvendo, além da liberdade de criação do contrato, a liberdade de contratar ou não contratar, de escolher o outro contraente e de fixar o conteúdo do contrato, limitadas pelas normas de ordem pública, pelos bons costumes e pela revisão judicial dos contratos.
2- PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO : Segundo esse princípio, o simples acordo de duas ou mais vontades basta para gerar contrato válido, pois a maioria dos negócios jurídicos bilaterais é consensual, embora alguns, por serem solenes, tenham sua validade consicionada à observância de certas formalidades legais.
3 - PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA CONVENÇÃO : Por esse princípio, as estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente cumpridas, sob pena de execução patrimonial contra o inadimplente. O ato negocial, por ser uma norma jurídica, constituindo lei entre as partes, é intangível, a menos que ambas as partes o rescindam voluntariamente ou haja a escusa por caso fortuito ou força maior ( art. 1.058, § único - C.C. ), de tal sorte que não se poderá alterar seu conteúdo, nem mesmo judicialmente. Entretanto, tem-se admitido que a força vinculante dos contratos seja contida pelo magistrado em certas circunstâncias excepcionais ou extraordinárias que impossibilitem a previsão de excessiva onerosidade no cumprimento da prestação ( Lei nº 8 078/90 - art. 6º, V e art. 51 ).
4 - PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO : Por esse princípio, a avença apenas vincula as partes que nela intervieram, não aproveitando nem prejudicando terceiros, salvo raras excessões. 
5- PRINCÍPIO DA BOA-FÉ : Segundo esse princípio, na interpretação do contrato é preciso ater-se mais à intensão do que ao sentido literal da linguagem, e, em prol do interesse social de segurança das relações jurídicas, as partes deverão agir com lealdade e confiança recíprocas, auxiliando-se mutuamente na formação e na execução do contrato.
FORMAÇÃO DO CONTRATO - 1- Negociações Preliminares : Fase pré-contratual, não cria obrigações contratuais, mas, podem gerar obrigações extracontratuais.
2- Proposta, oferta ou solicitação : Declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra, por meio da qual o proponente manifesta a sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar a proposta. Há que ser a proposta séria, revestir-se de força vinculante, conter todos os elementos essenciais do negócio jurídico.
3- Obrigatoriedade da proposta : a) Manutenção desta dentro de prazo razoável; b) A morte ou a incapacidade do proponente supervenientemente não infirma a proposta, exceto se a intenção for outra.
4- Aceitação : Manifestação expressa ou tácita da vontade por parte do destinatário da proposta, feita dentro do prazo, aderindo em todos os seus termos. Se a aceitação foi condicional, equivalerá à nova proposta. 
5- Exceção à força vinculante do contrato : 1º) Se resultar dos seus próprios termos ; 2º) Se resultar da natureza do negócio ; 3º) a- Se feita sem prazo a pessoa presente, esta não foi desde logo aceita, b- Se, feita sem prazo a pessoa ausente, houver decorrido prazo suficiente paraque a resposta chegue ao conhecimento do proponente , por carta ou telegrama ( prazo moral ), c- Se feita com prazo de espera da resposta pelo proponente , não será obrigatória se esta - a resposta - não for expedida dentro do prazo dado e d- não é obrigatória a oferta do proponente, depois de tê-la feito, arrepender-se, desde que a retratação chegue ao conhecimento do oblato antes da resposta, ou ao mesmo tempo que ela.
** FASES DE FORMAÇÃO DO VÍNCULO CONTRATUAL **
NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES : Consistem nas conversações prévias, sondagens e estudos sobre os interesses de cada contraente, tendo em vista o contrato futuro, sem que haja qualquer vinculação jurídica entre os participantes, embora excepcionalmente surja responsabilidade no campo da culpa aquiliana.
PROPOSTA : Conceito : A oferta ou proposta é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa à outra ( com quem pretende celebrar um contrato ), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculara, se a outra parte aceitar. Caracteres : - É declaração unilateral de vontade por parte do proponente. - Reveste-se de força vinculante em relação ao que a formula, se , o contrário, não resultar dos termos dela, da natureza do negócio ou das circunstâncias do caso ( art. 1 080 e 1 081 do C.C. ). - É um negócio jurídico receptício. - Deve conter todos os elementos essenciais do negócio jurídico proposto.  - Elemento inicial do contrato, devendo ser, por isso, séria, completa, precisa e inequívoca. Obrigatoriedade : A obrigatoriedade da oferta consiste no ônus imposto ao proponente, de não a revogar por um certo tempo, a partir de sua existência, sob pena de ressarcir perdas e danos, subsistindo, até mesmo, em face da morte ou de incapacidade superveniente do proponente antes da aceitação, salvo se outra houver sido a sua intenção. Porém, essa sua força vinculante não é absoluta, pois o C.C., art. 1 080, alínea 2ª, e 1 081, incisos I a IV, reconhecem alguns casos em que deixará de ser obrigatória. 
ACEITAÇÃO : Definição : A aceitação é a manifestação da vontade, expressa ou tácita, da parte do destinatário de uma proposta, feita dentro do prazo, aderindo a esta em todos os seus termos, tornando o contrato definitivamente concluído, desde que chegue, oportunamente, ao conhecimento do ofertante. Requisitos : - Não exige obediência a determinada forma, salvo nos contratos solenes, podendo ser expressa ou tácita ( art. 1 084, C.C. ). - Deve ser oportuna ( art. 1 082 e 1 083 do C.C. ). - Deve corresponder a uma adesão integral à oferta. - Deve ser conclusiva e coerente. Aceitação nos Contratos "Inter Praesentes" : Se o negócio for entre presentes, a oferta poderá estipular ou não o prazo para a aceitação. Se não contiver prazo, a aceitação deverá ser manifestada imediatamente, e, se houver prazo, deverá ser pronunciada no termo concedido. Aceitação nos Contratos "Inter Absentes" : Se o contrato for entre ausentes, existindo prazo, este deverá ser observado , mas se a aceitação se atrasar, sem culpa do oblato, o proponente deverá dar ciência do fato ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos ( art. 1 082, C.C. ). Se o ofertante não estipulou qualquer prazo, a aceitação deverá ser manifestada dentro de tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente. Retratação do aceitante : O aceitante poderá arrepender-se, desde que sua retratação chegue ao conhecimento do ofertante antes da aceitação ou juntamente com ela.
* * MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
CONTRATO ENTRE PRESENTES : Neste contrato as partes encontrar-se-ão vinculadas no mesmo instante em que o oblato aceitar a oferta; só então o contrato começará a produzir efeitos jurídicos.
CONTRATO ENTRE AUSENTES : Segundo a teoria da agnição ou declaração, na sua segunda modalidade, isto é, da expedição, a que se filiou o nosso Código Civil, art. 1 086, os contratos com correspondência epistolar ou telegráfica tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, desde que não se apresentem as exceções do art. 1 086, incisos II e III, do C.C., hipóteses em que se apilicam a teoria da recepção.
** LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO CONTRATUAL
Pelo Código Civil, art. 1 087, o contrato reputar-se-á celebrado no local onde foi proposto. Pela LICC, art. 9º, § 2º, aplicável no Direito Internacional Provado, a obrigação resultante do contrato considerar-se-á constituída no lugar em que residir o proponente.
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
** FUNÇÕES DA INTERPRETAÇÃO DO CONTRATO : A interpretação do contrato exerce, concomitantemente, função objetiva e subjetiva, pois, além de analisar o ato negocial de suas cláusulas, deverá examinar a intenção comum das partes contratantes. Situa-se na seara do conteúdo da declaração volitiva, fixando-se em normas empíricas, mas de lógica prática do que de normação legal.
** REGRAS INTERPRETATIVAS : O nosso C.C., não tendo nenhum capítulo relativo à interpretação do contrato, contém unicamente 3 normas interpretativas : a do art. 85, a do art. 1 090, e a do art. 1 483; e a Lei nº 8 078, a do art. 47 ( Código de Defesa do Consumidor ). Por isso, a doutrina e a jurisprudência com base nesses dispositivos, criaram algumas regras de hermeneutica, para facilitar a ação do intérprete, como as consignadas em alguns julgados publicados na Revista dos Tribunais e nas Súmulas dos Tribunais Superiores ( 454-S.T.F. ).
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS :
1º) Quanto à natureza da obrigação contraída : a) Unilaterais ou Bilaterais ; b) Onerosos ou gratuítos ; c) Comutativos ou aleatórios; d) Paritários ou por adesão.
UNILATERAIS : Só um dos contratantes assume obrigações diante do outro. Ex.: doação, comodato, mútuo.
BILATERAIS : Cada um dos contratantes é simultanea e reciprocamente credor e devedor do outro ( Sinalagma - dependência recíproca ). Ex.: Compra e venda; locação.
IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO : 1º ) O exceptio non adimpleti contractus cláusula resolutiva tácita; 2º ) Aplicabilidade da teoria dos riscos somente dos contratos bilaterais ; 3º ) incidência da segunda parte do art. 1 092, relativo aos contratos bilaterais.
ONEROSOS : Vantagens para os dois contratantes e ônus mútuos. Ex.: locação.
GRATUÍTOS : Oneram apenas uma das partes, proporcionando à outra um benefício, sem a correspondente contraprestação. Ex.: A doação pura e simples.
IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO : 1º) gratuitos : a responsabilidade do devedor pelo ilícito deverá ser examinada levando-se em conta somente a conduta dolosa do credor da doação; já nos onerosos as partes por simples culpa. 2º) gratuídos : o doador não responde pela evicção e nem pelos vícios redibitórios, salvo nas doações com encargos, nos contratos onerosos os contratantes respondem por uma e por outra. 3º ) gratuitos : interpretação restritiva, onerosos : isto não acontece. 4º) gratuitos : o erro sobre a pessoa é masi grave, nos onerosos não ( salvo nos casos de obras artísticas ).
COMUTATIVOS : Cada contratante, além de receber do outro prestação relativamente equivalente à sua, pode verificar de imediato essa equivalência subjetiva ( compra e venda )
ALEATÓRIOS : A prestação de uma ou de ambas as partes depende de um risco futuro e incerto; as partes se põem sob a perspectiva de uma álea que se refletirá na existência ou na quantidade da parte contratada ( seguro, exploração de petróleo à risco ) Esse risco de ganhar ou de perder pode sujeitar um ou ambos os contratantes, porém a incerteza do evento terá que ser dos dois. Não há, portanto, nos contratos aleatórios, equivalência.
IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO : 1º) Comutativos : antevisão do que irão receber. Aleatórios : não; 2º) comutativos : vícios redibitórios ( sujeição ). Aleatórios : vícios redibitórios não incidem; 3º) Os art. 1118 a 1121 do CC aplicam-se somente aos aleatórios; 4º) a rescisão por lesão só se aplica aos comutativos.
DIFERENÇAS ENTRE CONDIDIONAIS E ALEATÓRIOS :
CONDICIONAIS : I - A existência e a eficácia do contrato estão na dependência de eventofuturo e incerto, ao passo que os aleatórios, ter-se-á o contrato perfeito desde logo; II - Nos condicionais, ambas as partes poderão ter lucros, sem que o ganho de um represente, necessariamente, a perda de outro; nos aleatórios, em regra, a vantagem de um acarretará perda do outro. III - nos condicionais, o acontecimento deverá ser sempre futuro e incerto. Nos aleatórios, o risco pode ser atual, desde que as partes o ignorem ou o desconheçam.
ESPÉCIES DE CONTRATOS ALEATÓRIOS : a) os que dizem respeito a coisas futuras, emptio spei ( vende-se a esperança ou a probabilidade das coisas existirem ); um dos contratantes, toma a si o risco relativo à existência da coisa, ajustando o preço, que será devido integralmente, mesmo que nada se produza, sem culpa ( art. 1.118 )
emptio rei speratae ( quantidade maior ou menor da coisa esperada - Parágrafo único do art. 1 119 do CC ).
Coisas existentes : sujeitas a perda ou deterioração ( art. 1120 CC - o caso da mercadoria que se perde ).
CONTRATOS PARITÁRIOS : Igualdade das partes na discussão dos termos do negócio, cláusulas e condições.
CONTRATOS POR ADESÃO : excluem a liberdade sobre as cláusulas e condições,q ue são previamente redigidas por um dos contratantes. Supõe : a) Uniformidade; b) Proposta permanente e geral; c) Superioridade econômica de uma das partes.
CONTRATOS QUANTO À FORMA :
i - Concensuais; ii - Formais e iii - reais.
CONSENSUAIS : perfazem pela simples anuência das partes ( transporte, compra e venda de bens móveis )
FORMAIS : impõem, para sua validade, forma especial, solene ( compra e venda de imóvel ) ( seguro ) ( fiança ) ...
REAIS : se ultimam com a entrega da coisa, por um contratante a outro ( depósito, comodato ).
COMTRATOS QUANTO AO NOME : i - nominados; ii - inominados
NOMINADOS : que têm nomen iuris e servem de base à fixação de modelos de regulamentação da lei ( 16 tipos : compra e venda ; doação ; troca; locação; empréstimo; mandato ; gestão de negócios ; edição ; representação dramática ; sociedade ; parceria rural ; constituição de renda ; seguro ; jogo e aposta ; e fiança ).
INOMINADOS : os que se afstam dos modelos estabelecidos pela lei. ( Ex.: contratos sobre exploração de lavoura de café, por ser um misto de locação de serviço, arrendamento rural e parceria agrícola ) ( Contrato de hospedagem : locação de coisa e de serviços e de depósito ). A qualificação jurídica depende dos elementos que compõem o contrato.
CONTRATOS QUANTO AO OBJETO : I - de alienação de bens ; II - de transmissão de uso e gozo ; III - de prestação de serviços e IV - de conteúdo especial ( Lei 8 078/90 - Código de Defesa do Consumidor ).
CONTRATOS DE EXECUÇÃO IMEDIATA OU INSTANTÂNEA
5 - Contratos de Execução Continuada : são os que se protraem no tempo ( compra e venda à prazo ); sobrevivem com a persistÊncia da obrigação, muito embora ocorram soluções parciais, até aqui pelo implemento de uma condição ou decurso do prazo, cessa o próprio contrato. Importância dos Contratos de execução continuada : 1ª ) a nulidade do contrato de execução continuada não afeta os efeitos já produzidos; 2ª) a teoria da imprevisão só recai sobre os contratos de execução continuada.
6 - Contratos pessoais ou intuitu personae : aqueles em que a pessoa do contraente é considerada pelo outro como elemento determinante de sua conclusão. A pessoa do contraente tem influência decisiva no consentimento do outro, que tem interesse em que as obrigações contratuais sejam por ele cumpridas, por sua habilidade particular, competência, idoneidade ...
Contratos impessoais : a pessoa do contraente é juridicamente indiferente, irreleavante, pouco importando quem execute a obrigação.
Importância ca distinção : a) intuitu personae - intransmissíveis; b) não podem ser cedidos e c) são anuláveis havendo erro essencial sobre a pessoa do contratante.
EFEITOS JURÍDICOS DA OBRIGATORIEDADE
1º) O contrato deve ser cumprido como se lei fosse para os contraentes;
2º) O contratante não pode liberar unilateralmente do vínculo obrigacional, exceto se houver cláusula em que o contratante se reservar o poder de isentar-se do liame por sua exclusiva vontade, ou que esse efeito liberatório resulte da própria natureza do contrato, como ocorre com a fiança sem preazo determinado ( 1500 ), ou, ainda, que se tenha ajustado o direito de arrependimento.
3º) O contrato poderá atingir pessoas que não o estipularam. Ex.: os sucessores, a título universal, porque o princípio geral é o de que o contrato não beneficia nem prejudica terceiros. Os sucessores, a título singular, como no caso de quem adquiriu do cedente direitos contratuais, são alheios ao contrato.
4º) Estipulação em favor de terceiros : contrato entre duas pessoas, em que uma ( estipulante ) convenciona com outra ( promitente ) certa vantagem patrimonial em proveito de 3º, alheio à formação do ajuste contratual ( contrato de seguro ).
a) o promitente se obriga a beneficiar o terceiro, mas nem por isso se desobriga ante o estipulante, visto que este, pelo art. 1 098 CC, tem o direito de exigir o adimplemento da obrigação e até reservar-se o direito de substituir o terceiro beneficiário; o estipulante pode exonerar o promitente, se o contrato não houver cláusula que dê ao beneficiário o direito de reclamar-lhe a promessa.
5º) Contrato por terceiro : quando uma pessoa se compromete a obter prestação de fato de um terceiro não participante dele - contrato - ( 929 CC ). Ex.: A promete a B obter de C a realização ou a execução da prestação em proveito de B. Se C executar a prestação, o devedor primário A se libera; se C não executá-la, A será inadimplente e responderá por perdas e danos ( Obrigação de fazer ).
EFEITOS PARTICULARES DO CONTRATO - a) direito de retenção;
b) exceptio non adimpleti contractus; c) vícios redibitórios ; d) evicção.
DIREITO DE RETENÇÃO : direito em virtude do qual uma pessoa a que detém ccccoisa alheia tem justo motivo para diferir a restituição até o pagamento do que lhe é devido, em razão desta coisa, pelo proprietário. Requisitos : a) detenção da coisa alheia; b) conservação dessa detenção ; c) crédito líquido, certo e exigível do retentor em conexão com a coisa retida e d) inexistência de exclusão legal ou convencional do direito de retenção.
EXCEPTIOS NON ADIMPLETI CONTRACTUS :
VÍCIOS REDIBITÓRIOS : São falhas ou defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o negócio não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos, ensejando a ação redibitória ao adquirente para redibir o contrato ou para reduzir o preço, abatendo-o ( actio quanti minoris ). FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE : repousa no princípio de garantia. REQUISITOS : a) coisa adquirida em virtude de contrato comutativo ou de doação gravada com encargo; b) vício ou defeito oculto que torna a coisa imprópria a sua destinação; c) defeito existente no momento da celebração do negócio. EFEITOS JURÍDICOS :
EFEITOS JURÍDICOS DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS :
1º) A ignorância do vício pelo alienante não o exime da responsabilidade, salvo cláusula expressa em contrário;
2º) Os limites da garantia, relativos à indenização ( quantum ) e os prazos poderão ser ampliados ou restringidos ;
3º) A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder de quem a adquiriu ( alienatário ) em razão de vício oculto já existente ao tempo da tradição, se perca.
4º) O adquirinte poderá redibir o contrato refutando a coisa defeituosa ou recebê-la com abatimento do preço, através da ação estimatória ou quanti minoris. ( Falar sobre os prazos que são de decadência : CC=15 dias; Lei 8 078/90, art. 26 = produtos e serviços e bens duráveis : 30 dias e de 6 meses se se tratar de bens móveis ( CC, 178, § 5º, IV ).
5º) O defeito oculto de uma coisa vendida juntamente com outras não autoriza a rejeição de todas.
6º) A renúncia, expressa ou tácita,

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