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PTC2308 - Profs. Maria D. Miranda e Andre´ F. Kohn - EPUSP - 30/09/2015 A Transformada de Fourier de Tempo Discreto (TFTD) Essas notas sobre TFTD foram feitas para o curso de PTC 2324 (Processamento Digital de Sinais) pela Profa. Maria D. Miranda com a colaborac¸a˜o do Monitor Fla´vio Reneˆ M. Pavan. A adaptac¸a˜o das notas ao curso PTC 2308 foi feita com a colaborac¸a˜o do Prof. Andre´ F. Kohn. EPUSP - PTC, outubro de 2015. Define-se a Transformada de Fourier de Tempo Discreto (TFTD) de uma sequeˆncia de tempo discreto x(n) como X(ejω) = +∞∑ n=−∞ x(n)e−jωn. (1) em que ω = 2πf/fs e´ a frequeˆncia angular normalizada (radianos), f e´ a frequeˆncia do sinal e fs a frequeˆncia de amostragem. Note que representac¸a˜o em frequeˆncia a partir das amostras do sinal no domı´nio do tempo e´ uma forma de ana´lise do sinal. A partir da definic¸a˜o nota-se que a TFTD possui as seguinte propriedades • X(ejω) e´ cont´ınua em ω, • X(ejω) e´ perio´dica com per´ıodo 2π, • X(ejω) e´ uma func¸a˜o complexa de ω. Demonstra-se que a TFTD inversa e´ dada por x(n) = 1 2π ∫ pi −pi X(ejω)ejωndω. (2) A obtenc¸a˜o das amostras do sinal no domı´nio do tempo a partir da sua representac¸a˜o em frequeˆncia e´ uma forma de s´ıntese do sinal. As equac¸o˜es da TFTD e da TFTD inversa permitem estabelecer o seguinte par transformado: x(n)←→ X(ejω) (3) Uma forma intuitiva para justificar a definic¸a˜o da TFTD pode ser obtida a partir da definic¸a˜o da Se´rie de Fourier de Tempo Discreto (SFTD). Detalhes para a deduc¸a˜o TFTD a partir da SFTD podem ser obtidos na Sec¸a˜o 5.1.1 do livro texto de PTC2308. E´ interessante lembrar que a repre- sentac¸a˜o gra´fica no domı´nio da frequeˆncia de um sinal de tempo discreto perio´dico e´ constitu´ıda de raias. Cada raia esta´ associada a` frequeˆncia de uma dada exponencial complexa. Em radianos, o espac¸amento entre as raias e´ de 2π/N (frequeˆncia angular fundamental) sendo N o per´ıodo do sinal. No caso de um sinal na˜o perio´dico x(n) a sua representac¸a˜o em frequeˆncia X(ejω) (equac¸a˜o de s´ıntese 1) pode ser entendida como uma combinac¸a˜o linear de exponenciais complexas infinite- simalmente pro´ximas em frequeˆncia e com amplitudes X(ejω)(dω/2π). Por esse motivo, da mesma forma como acontece em tempo cont´ınuo (PTC2307), a func¸a˜o X(ejω) =TFTD{x(n)} e´ chamada de espectro de x(n). Esse espectro fornece a informac¸a˜o de como o sinal x(n) e´ composto por exponenciais complexas em diferentes frequeˆncias. E´ interessante notar que se fizermos x(n) = h(n) na Equac¸a˜o 1 obtemos a resposta em frequeˆncia H(ejω) a partir da resposta ao pulso unita´rio h(n). Ale´m disso, fazendo H(ejω) na Equac¸a˜o 2 ob- temos a resposta ao pulso unita´ria a partir da resposta em frequeˆncia. Apesar do par transformado h(n) ←→ H(ejω) ser feito com as mesmas transformac¸o˜es do par x(n) ←→ X(ejω) a func¸a˜o res- posta em frequeˆncia H(ejω) tem um papel diferente de X(ejω). A func¸a˜o H(ejω) representa a resposta em frequeˆncia de um sistema e X(ejω) representa o espectro de uma sequeˆncia de tempo discreto. 1 TFTD da exponencial real Seja x(n) = anu(n), (|a| < 1, a 6= 0), assim X(ejω) = ∞∑ n=−∞ anu(n)e−jωn = ∞∑ n=0 ane−jωn = ∞∑ n=0 (ae−jω)n = 1 1− ae−jω . x(n) = anu(n), (|a| < 1, a 6= 0) ←→ X(ejω) = 1 1− ae−jω EXEMPLO 1 Fornec¸a os gra´ficos do mo´dulo e a fase da TFTD dos seguintes sinais de tempo discreto: x1(n) = (0.9) nu(n) e x2(n) = (−0.9) nu(n). Soluc¸a˜o: As curvas de mo´dulo e fase da TFTD para cada uma destas func¸o˜es sa˜o representadas na Figura 1. 0 10 20 30 40 50 0.2 0.4 0.6 0.8 1 x1(n) n 0 1 2 3 4 5 6 0 5 10 Modulo da TFTD de x1(n) 0 1 2 3 4 5 6 −1 −0.5 0 0.5 1 Fase da TFTD de x1(n) ω (rad) 0 10 20 30 40 50 −0.5 0 0.5 1 x2(n) n 0 1 2 3 4 5 6 0 5 10 Modulo da TFTD de x2(n) 0 1 2 3 4 5 6 −1 −0.5 0 0.5 1 Fase da TFTD de x2(n) ω (rad) Figura 1: Exponenciais reais x1(n) e x2(n) e gra´ficos de mo´dulo e fase de suas respectivas TFTDs. Note que as abscissas do mo´dulo e da fase espectral esta˜o representadas no intervalo de zero a 2π. Em outras palavras, as abscissas va˜o de ω = 0 ate´ ω = 2π rad, que por sua vez correspondem a frequeˆncias do sinal de tempo cont´ınuo x(t) entre zero e a frequeˆncia de amostragem fs (Hz). Nas Tabelas 1 e 2 esta˜o os programas feitos no MatLab para gerar os sinais x1(n), x2(n) e os mo´dulos e as fases das suas TFTDs. E´ noto´rio que as variac¸o˜es do sinal x1(n) sa˜o bem menos abruptas que as variac¸o˜es do sinal x2(n). Nota-se a partir do mo´dulo do espectro do sinal x1(n) que a sua energia esta´ concentrada perto de zero radianos (baixas frequeˆncias), e, portanto, pela periodicidade espectral tambe´m esta´ concentrada perto de 2π. Ale´m disso, nota-se a partir do mo´dulo do espectro do sinal x2(n) que a sua energia esta´ concentrada em frequeˆncias perto de π rad (altas frequeˆncia). 2 Tabela 1: Comandos do MATLAB para gerar e plotar h(n) e a sua TFTD. N = 50; n = 0 : N − 1; a = .9; % a=-0.9 h = a. ∧ n; [H, omega] = tftd(h, n); figure(1) subplot(311); stem(n, h); title(’h(n)’); grid subplot(313); plot(omega/pi,abs(H)); grid; title(’Modulo da TFTD de h(n)’) subplot(315); plot(omega/pi,angle(H)); grid; title(’Fase da TFTD de h(n)’) Tabela 2: Func¸a˜o que calcula TFTD. function[V,omega]=tftd(v,n); M=length(n); delta=1/10∧5; omega=pi*[0:delta:2-delta]; V=zeros(1,length(omega)); for m=1:M V=V+v(m)*exp(-j*omega*n(m)); end TFTD da janela retangular com simetria par em relac¸a˜o a n = 0 A janela retangular de tempo discreto e´ um outro nome que se da´ para um pulso retangular (sequeˆncia de uns). Considera-se aqui essa janela com durac¸a˜o 2N1 + 1 e com simetria par em relac¸a˜o a n = 0, ou seja, x(n) = N1∑ k=−N1 δ(n − k). (4) Aplicando a TFTD em (4), temos X(ejω) = +∞∑ n=−∞ x(n)e−jωn = N1∑ n=−N1 e−jωn. (5) Apo´s manipulac¸o˜es alge´bricas podemos escrever X(ejω) = K, para ω = 2πℓ sin(ωK/2) sin(ω/2) , para ω 6= 2πℓ (6) sendo ℓ um inteiro qualquer e K = 2N1 + 1 o comprimento da janela retangular. EXEMPLO 2 Obtenha a TFTD da uma janela retangular de durac¸a˜o 7 e com simetria par em relac¸a˜o a n = 0, g(n) = u(n+ 3)− u(n− 4) = 3∑ k=−3 δ(n − k). Soluc¸a˜o: Para se obter a TFTD, pode-se usar diretamente (6), ou aplicar a definic¸a˜o de TFTD da Equac¸a˜o 3 (1). Apo´s algumas manipulac¸o˜es alge´bricas, resulta G(ejω) = 7, para ω = 2πℓ 3∑ n=−3 e−jωn = sin(7ω/2) sin(ω/2) , para ω 6= 2πℓ (7) sendo ℓ um inteiro qualquer. Na Figura 2 e´ mostrado o g(n) e a sua TFTD. Particularmente, como o g(n) possui simetria par em relac¸a˜o a n = 0, a sua TFTD e´ uma func¸a˜o real. −6 −4 −2 0 2 4 6 −0.5 0 0.5 1 1.5 −5 0 5 10 −2 0 2 4 6 8 n g(n) G(ejω) ω N1=3 −N1=−3 pi 2pi 3pi Figura 2: O pulso retangular com 7 amostras e a sua TFTD. ◭ O esboc¸o do mo´dulo e da fase de (6), para qualquer valor de N1 pode ser facilmente obtido a partir das observac¸o˜es feitas a seguir. • A func¸a˜o representada por (6) e´ uma func¸a˜o complexa cujo mo´dulo tera´ sempre um lo´bulo principal e lo´bulos secunda´rios em um per´ıodo. • O valor ma´ximo do lo´bulo principal e´ igual a K e e´ atingido para frequeˆncias ω = 2πℓ. • Para ω 6= 2πℓ, a func¸a˜o X(ejω) e´ nula sempre que o argumento do seno do numerador de (6) e´ um mu´ltiplo inteiro de π. Portanto, X(ejω) = 0 quando ωK 2 = ℓπ, sendo ℓ um valor inteiro qualquer tal que ω = 2π ℓ K 6= 2πℓ. • Em um per´ıodo, por exemplo, 0 ≤ ω < 2π, X(ejω) = 0 para ℓ = 1, 2, . . . , K − 1, portanto, o nu´mero de vezes em que X(ejω) = 0 e´ K − 1. • A metade da largura do lo´bulo principal e´ 2π/K rad. Para ilustrar as observac¸o˜es feitas, considera-seo caso em que N1 = 3. Assim, K = 7 e no intervalo ω ∈ (0, 2π) temos G(ejω) = 0 para ω = {2π/7, 4π/7, 6π/7, 8π/7, 10π/7, 12π/7}, e a metade da largura do lo´bulo principal e´ 2π/7 rad. Note que, a` medida que o nu´mero de pontos da janela retangular aumenta, o nu´mero de pontos nulos em um per´ıodo da TFTD aumenta e a largura do lo´bulo principal diminui. Para ilustrar 4 esse efeito, na Figura 4 sa˜o comparadas as TFTDs de duas janelas retangulares, uma com K = 9 e a outra com K = 21. Ambas as janelas possuem simetria par em relac¸a˜o a n = 0, portanto, as TFTDs sa˜o func¸o˜es reais. −1 −0.5 0 0.5 1 −5 0 5 10 15 20 25 N1=10 N1=4X (e jω ) Freqüência Normalizada (ω/pi) Lóbulo principal Figura 3: TFTD de janelas retangulares nos casos em N1 = 4 e N1 = 10, ou seja, K = 9 e K = 21 respectivamente. Ambas as janelas possuem simetria em relac¸a˜o a n = 0. No caso em que na˜o ha´ simetria do sinal em relac¸a˜o a n = 0 a TFTD sera´ uma func¸a˜o complexa. Para ilustrar essa situac¸a˜o tomamos as sequeˆncias do exemplo anterior e deslocamos de modo que ambas tenham a primeira amostra na˜o nula em n = 0. No caso de L = 4 deslocamos 4 amostras e denotamos o sinal resultante como x1(n). No caso de L = 10 deslocamos 10 amostras e denotamos o sinal resultante como x2(n). Esses sinais de tempo discretos e os mo´dulos e fases de suas respectivas TFTDs esta˜o ilustrados na Figura 4. 0 10 20 30 40 50 0 0.5 1 x1(n) n 0 1 2 3 4 5 60 2 4 6 8 Modulo TFTD de x1(n) 0 1 2 3 4 5 6 −2 0 2 Fase TFTD de x1(n) ω (rad) 0 10 20 30 40 50 0 0.5 1 x2(n) n 0 1 2 3 4 5 60 10 20 Modulo TFTD de x2(n) 0 1 2 3 4 5 6 −2 0 2 Fase TFTD de x2(n) ω (rad) Figura 4: TFTD de janelas retangulares com durac¸o˜es de 9 e com 21 amostras unita´rias. 5
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