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Dermatologia em Pequenos

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
CAMPUS JATAÍ 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
TCCG – GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DERMATOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS 
 
 
 
 
 
 
 Mariana Brito Lobo 
Orientadora: Prof. M.Sc. Alana Flávia Romani 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JATAÍ 
2006 
MARIANA BRITO LOBO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DERMATOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de 
 Graduação apresentado para obtenção do 
 título de Médica Veterinária junto à 
Universidade Federal de Goiás- 
Campus Jataí 
 
 
Orientadora: 
Prof ª. M.Sc. Alana Flávia Romani 
 
Supervisora: 
M. V. MSc. Severiana Cândida Carneiro Cunha 
 
 
 
JATAÍ 
2006 
MARIANA BRITO LOBO 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação defendido e aprovado em 30 de 
novembro de 2006, pela seguinte banca examinadora: 
 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
Prof.ª M. Sc. Alana Flávia Romani 
Presidente da banca 
 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
Prof.ª Drª Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga 
Membro da banca 
 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
M. V. Vanessa Marques Vanin 
Membro da banca 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À Deus por estar sempre ao meu lado me abençoando, dando saúde, 
sabedoria e por ter colocado pessoas maravilhosas na minha vida. 
À minha querida mamãe Maryleide por me ensinar a viver a vida com 
honestidade, alegria e fé. Com certeza é a pessoa que mais agradeço, pois 
esteve sempre do meu lado, nos momentos bons e ruins. Graças à minha mamãe 
conquistei um dos meus sonhos. 
À minha vovó Zuleide e aos meus irmãos Marquinho e João que me 
apoiaram e acreditaram em mim. 
Ao meu namorado Pedro (Razão), que esteve sempre do meu lado 
cuidando de mim com muito amor e muito carinho. 
À minha amiga, Profª e orientadora Alana pela amizade, paciência e por 
ter me adotado durante a faculdade. 
À minha madrinha, a minha tia Leidinha e ao meu tio Davilson pela 
atenção e preocupação que tiveram comigo. 
 Às minhas titias do coração Alzira e Risoleta que me trataram como 
filha. 
À minha amiga Carol morena pela amizade verdadeira e eterna que 
conquistei durante a graduação. 
Aos meus colegas do estágio curricular em especial a Andréa, a 
Giorgia, o José Henrique que me ajudaram e ensinaram muito. Aos residentes, 
Filipe, Ygor, Rogério e Paula pela amizade e pelos momentos de aprendizado que 
tive com eles. À minha supervisora Vera e ao médico veterinário Luciano Marra 
pela paciência e atenção. 
Aos meus colegas de sala em especial a Carol, a Thaizinha e a 
Cynthia, pela amizade e pelos momentos de risadas, lágrimas e estudos. 
Aos professores do curso de medicina veterinária da UFG - Campus de 
Jataí que foram fundamentais para minha formação acadêmica em especial à 
Profª Carla e à profª Vera Fontana pela paciência, atenção e simpatia sempre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Na verdade, todo problema depois de resolvido 
 parece muito simples. A grande vitória que hoje 
 parece fácil foi resultado de uma série de 
 pequenas vitórias que passaram desapercebidas”. 
 
Paulo Coelho 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 01 
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO...................................................... 02 
3 DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS DURANTE O 
ESTÁGIO...................................................................................................... 
 
03 
4 DESCRICÃO DOS CASOS CLÍNICOS........................................................ 06 
4.1 Piodermite bacteriana profunda................................................................... 06 
4.1.1 
4.1.2 
4.1.3 
4.1.4 
4.1.5 
4.1.6 
4.1.7 
4.1.8 
Resenha....................................................................................................... 
Anamnese..................................................................................................... 
Exame físico................................................................................................. 
Suspeita clínica............................................................................................. 
Exame complementar................................................................................... 
Diagnóstico................................................................................................... 
Protocolo de tratamento............................................................................... 
Evolução do caso clínico.............................................................................. 
06 
06 
06 
07 
07 
08 
08 
09 
4.1.9 Revisão de literatura..................................................................................... 09 
4.1.10 Discussão e conclusão................................................................................. 15 
4.2 Dermatite alérgica à picada de pulgas......................................................... 20 
4.2.1 
4.2.2 
4.2.3 
4.2.4 
4.2.5 
4.2.6 
4.2.7 
Resenha....................................................................................................... 
Anamnese.................................................................................................... 
Exame físico................................................................................................ 
Suspeita clínica............................................................................................ 
Exame complementar.................................................................................. 
Diagnóstico.................................................................................................. 
Prognóstico.................................................................................................. 
20 
20 
21 
21 
21 
24 
24 
4.2.8 
4.2.9 
Protocolo de tratamento............................................................................... 
Evolução do caso clínico.............................................................................. 
24 
25 
4.2.10 Revisão de literatura..................................................................................... 27 
4.2.11 Discussão e conclusão................................................................................. 34 
5 CONCLUSÃO GERAL.................................................................................. 38 
6 REFERÊNCIAS............................................................................................ 39 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Cadela da raça Poodle com suspeita de dermatopatia alérgica. 
A) Seborréia intensa e áreas de alopecia na região do glúteo e abdômen ventral. 
B) Área de alopecia e hipotricose na região peitoral e abdominal, além de 
hiperpigmentação e liquenificação. 
C) Pavilhão auricular externo com hiperpigmentação, liquenificação, crostas e hipotricose. 
D) Região periocular direita com alopecia, edema e secreção purulenta. 
E) Região ventral do pescoço com áreas de alopecia, hipotricose, hiperpigmentação, 
liquenificação e crostas. 
F) Animal tosado após sete dias de tratamento revelando redução significativa das 
crostas e melhora discreta na liquenificação. ............................................................ 22LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Registro de casos clínicos acompanhados no HV/UFG, no período de 17 de 
julho a 06 de outubro de 2006....................................................................... 03 
 
Tabela 2 - Registros dos casos cirúrgicos acompanhados no HV/UFG, no período de 17 
de julho a 06 de outubro de 2006................................................................. 05 
 
Tabela 3 - Procedimentos radiológicos acompanhados no HV/UFG, no período de 17 de 
julho a 06 de outubro de 2006...................................................................... 05 
 
Tabela 4 - Vacinações acompanhadas no HV/UFG, no período de 17 de julho a 06 de 
outubro de 2006........................................................................................... 05 
 
Tabela 5 - Eritrograma da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, alergia alimentar e 
atopia......................................................................................................... 23 
 
Tabela 6 - Leucograma da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, alergia alimentar e 
atopia............................................................................................................ 23 
 
Tabela 7 - Pesquisa de hematozoários da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, alergia 
alimentar e atopia......................................................................................... 23 
 
Tabela 8 - Perfil de bioquímica sérica da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, alergia 
alimentar e atopia.......................................................................................... 24 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
 
 
ALT – Alanina aminotransferase 
bpm - Batimentos por minuto 
DAPP - Dermatite alérgica à picada de pulgas 
EV - Escola de veterinária 
HA – Hipersensibilidade alimentar 
HV - Hospital veterinário 
IM - Intramuscular 
Kg - Kilograma 
mg - miligramas 
ppm - Pulsação por minuto 
rpm - Respiração por minuto 
UFG - Universidade Federal de Goiás 
VO - Via Oral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A Medicina Veterinária está vivendo uma evolução considerável do 
conhecimento em dermatologia veterinária. Os proprietários estão cada vez mais 
exigentes desejando meios de diagnósticos eficientes e tratamento das 
dermatoses com qualidade. 
Dificilmente os profissionais que trabalham na clínica de pequenos 
animais têm um dia de atividade em que não se deparam com algum animal com 
problema dermatológico. 
A dermatologia como especialidade apresenta certa vantagem, pelo menos em alguns 
aspectos, sobre as demais. Não há necessidade de utilizar sofisticados equipamentos 
eletrônicos, ópticos ou de imagens. Raspado de pele, exame micológico direto, exame 
citológico, cultura fúngica e bacteriana são os exames complementares mais 
freqüentemente utilizados e apresentam a mais baixa relação custo/benefício. Sendo a 
observação a olho nu e o raspado de pele, os instrumentos mais importantes para o 
diagnóstico dermatológico. 
Atualmente, os proprietários de animais de companhia consideram o 
animal como um membro da família. O ser humano, a partir do momento em que 
adquire um animal de estimação, se torna responsável pelo bem-estar do 
bichinho. O fato então, de ter que cuidar, dar atenção e preocupar preenche 
vazios e afasta a solidão. Com isso o mercado “pet” está expandindo cada vez 
mais com novas rações, novos medicamentos, acessórios e produtos de estética 
para os animais. 
O Estágio Curricular Supervisionado é o momento em que colocamos 
em prática os conhecimentos teóricos que tivemos nos últimos cinco anos de 
graduação. É a hora de aprender e não ter vergonha de errar. O presente trabalho 
tem como finalidade descrever dois casos de dermatologia em cães, selecionados 
entre os demais acompanhados no decorrer do estágio, bem como revisá-los em 
literatura, devido à sua importância na clínica de pequenos animais. 
 
 
 
 
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 
 
O estágio foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal 
de Goiás (HV/UFG), no período de 17 de julho a 06 de outubro de 2006, na área 
de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, com carga horária de 360 
horas. 
 O HV/UFG está localizado no Campus II (Campus Samambaia), dentro 
da Escola de Veterinária (EV). Presta serviços na área de clínica médica e 
cirúrgica, tanto de pequenos, quanto de grandes animais. 
As atividades realizadas constituíram-se de acompanhamento e auxílio 
em consultas e retornos, acompanhamento ambulatorial dos animais internados; 
acompanhamento e auxílio antes, durante e após os procedimentos cirúrgicos. 
administração de medicamentos e vacinas; troca de curativos; transfusões 
sanguíneas; colheita de material para a realização de exames laboratoriais e 
interpretação de seus resultados e acompanhamento de exames radiológicos, 
ultrassonográficos e eletrocardiográficos. 
O HV/UFG é composto de sala de recepção, amplo estacionamento, 
cinco consultórios todos com um computador para preenchimento e acesso às 
fichas clínicas. Um laboratório de patologia clínica, um centro cirúrgico de 
pequenos animais (com três salas equipadas para a realização de procedimentos 
cirúrgicos) sendo uma, com equipamento para anestesia inalatória, sala de 
preparação dos animais, sala de preparação do cirurgião, sala de recuperação; 
um centro cirúrgico de grandes animais, uma farmácia, uma enfermaria para 
internações em geral e outra sala para animais com doenças infecto-contagiosas. 
O atendimento é feito por ordem de chegada, dando preferência a 
casos de urgência, das 07h30min às 17h30min, sendo o animal cadastrado na 
recepção. Após o preenchimento da ficha, o animal é encaminhado para o 
atendimento, que é realizado por três médicos veterinários, sendo que um atende 
pela manhã e os outros dois na parte da tarde e quatro residentes que trabalham 
em tempo integral e se revezam a cada dois meses, sendo dois na clínica e dois 
na cirurgia. O HV/UFG está equipado com aparelho de raio-X, eletrocardiograma, 
aparelho de anestesia inalatória e terceiriza os exames ultrassonográficos. 
3 DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS DURANTE O 
ESTÁGIO 
 
Os casos acompanhados durante o período de estágio estão descritos nas tabelas 
1, 2, 3 e 4. 
TABELA 1 – Registro de casos clínicos acompanhados durante o Estágio Curricular no 
HV/UFG, no período de 17 de julho a 06 de outubro de 2006. 
Casos Espécie N°de casos Freqüência (%) 
Ascite Canina 03 1,96 
Abscesso Canina 01 0,65 
Babesiose Canina 08 5,23 
Berne Canina 01 0,65 
Broncopneumonia Canina 02 1,31 
Cinomose Canina 12 7,84 
Catarata Canina 01 0,65 
Colapso de traquéia Canina 01 0,65 
Constipação intestinal Canina 03 1,96 
Consulta de rotina Canina 01 0,65 
DAPP Canina 04 2,61 
Demodicose Canina 04 2,61 
Dermatofitose Canina 01 0,65 
Dermatofitose Felina 01 0,65 
Dermatose marginal da orelha Canina 01 0,65 
Diagnóstico de gestação Canina 04 2,61 
Endocardiose Canina 01 0,65 
Efusão do saco pericárdico Canina 01 0,65 
Ehrlichiose Canina 11 7,19 
Fístula perianal Canina 02 1,31 
Foliculite bacteriana superficial Canina 04 2,61 
Fratura rádio e ulna Canina 01 0,65 
Fratura do fêmur Canina 02 1,31 
Fratura dentária Canina 02 1,31 
Gastrite Canina 02 1,31 
Gastroenterite viral Canina 06 3,92 
Glaucoma Canina 01 0,65 
Haemobartonelose Felina 02 1,31 
Hérnia perianal Canina 01 0,65 
Hérnia umbilical Canina 01 0,65 
Hiperplasia mamária Canina 06 3,92 
Hiperplasia mamária Felina 01 0,65 
Infecção no trato urinário inferior Canina 02 1,31 
Infecção notrato urinário inferior Felina 01 0,65 
TABELA 1 - Registro de casos clínicos acompanhados durante o Estágio 
Curricular no HV/UFG, no período de 17 de julho a 06 de outubro 
de 2006. (continuação) 
Casos clínicos Espécie N°de casos Freqüência (%) 
Ingestão de corpo estranho Canina 02 1,31 
Intoxicações diversas Canina 03 1,96 
Labirintite Canina 01 0,65 
Luxação patelar Canina 02 1,31 
Maceração fetal Canina 01 0,65 
Mastite Canina 01 0,65 
Megaesôfago Canina 01 0,65 
Miíase Canina 05 3,27 
Neoplasia pulmonar Canina 01 0,65 
Obesidade Canina 02 1,31 
Otite externa/média Canina 04 2,61 
Otohematoma Canina 03 1,96 
Pneumonia por falsa via Canina 01 0,65 
Piodermite bacteriana profunda Canina 05 3,27 
Piometra Canina 06 3,92 
Pseudogestação Canina 01 0,65 
Pododermatite Canina 04 2,61 
Quilotórax Canina 01 0,65 
Seborréia oleosa Canina 03 1,96 
Seborréia seca Canina 02 1,31 
Torção do baço Canina 01 0,65 
Traumatismo da coluna vertebral Canina 02 1,31 
Tumor venéreo transmissível Canina 02 1,31 
Uveíte Canina 02 1,31 
Urolitíase com obstrução uretral Felina 01 0,65 
Verminose Canina 01 0,65 
TOTAL 153 100 
 Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELA 2 – Registros dos casos cirúrgicos acompanhados no HV/UFG, no 
período de 17 de julho a 06 de outubro de 2006. 
Procedimento cirúrgico Espécie Quantidade Freqüência (%) 
Caudectomia Canina 06 30 
Dermorrafia Canina 02 10 
Exerése da 3ª pálpebra Canina 01 5 
Exerése de tumor na córnea Canina 01 5 
Mastectomia Canina 03 15 
Ovariosalpingohisterectomia Canina 04 20 
Cirurgias ortopédicas Canina 03 15 
TOTAL 20 100 
Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006). 
 
TABELA 3 – Procedimentos radiológicos acompanhados no HV/UFG, no período 
de 17 de julho a 06 de outubro de 2006. 
Local Quantidade Freqüência (%) 
Abdome 06 19,35 
Coluna 02 6,45 
Membro torácico 06 19,35 
Membro pélvico 05 16,12 
Pelve 04 12,9 
Tórax 08 25,8 
TOTAL 31 100 
Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006). 
 
TABELA 4 – Vacinações acompanhadas no HV/HV/UFG no período de 17 de 
julho a 06 de outubro de 2006. 
Vacina Quantidade 
Óctupla 12 
TOTAL 12 
Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006). 
 
 
 
4 DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS 
 
 
4.1 Piodermite bacteriana profunda 
 
 
4.1.1 Resenha 
 
Foi atendido no HV/UFG um cão macho chamado Chocó, da raça Pit 
Bull, com quatro anos de idade, pelagem branca e pesando 36 kg. 
 
 
4.1.2 Anamnese 
 
Segundo a proprietária, o animal apresentava lesões de pele há 
aproximadamente dois anos. Foram usados alguns medicamentos comprados em 
casa agropecuária sem prescrição profissional (antibióticos, antiinflamatório e um 
sabonete para sarna), mas não recordava dos nomes. Atualmente estava 
utilizando spray repelente, mas as lesões só estavam piorando. O prurido era 
moderado e ninguém da casa tinha lesões na pele. 
O cão alimentava-se de ração e comida caseira. Vivia em ambiente 
cimentado e com cerâmica, não convivia com outros animais e não tinha livre 
acesso à rua. Tomava banhos em casa pelo menos uma vez por mês com 
sabonetes sarnicidas. 
A proprietária relatou que o animal não tinha pulgas e carrapatos e que 
a vacina óctupla foi aplicada apenas quando filhote. Desverminou pela última vez 
há seis meses. 
 
 
4.1.3 Exame físico 
 
O animal apresentava-se com temperatura 39,7oC, freqüência cardíaca 
de 128 bpm e frequência respiratória de 32 rpm. 
O cão encontrava-se em estado geral bom, com mucosas 
normocoradas e linfonodos normais. No exame dermatológico verificou-se que os 
pêlos estavam sem brilho e quebradiços. Detectaram-se lesões em alvo 
alopécicas generalizadas com pápulas, pústulas, colaretes epidérmicos, manchas 
teciduais crostas, eritema, edema e nódulos íntegros e ulcerados com exsudação 
serosanguinolenta a purulenta. As áreas mais acometidas eram o dorso, o tronco 
e as regiões de maior pressão, como cotovelos e jarretes. Não apresentava 
ectoparasitas. 
 
 
4.1.4 Suspeita clínica 
 
Diante da anamnese e dos resultados do exame físico, suspeitou-se de 
demodicose e piodermite bacteriana profunda. 
 
 
4.1.5 Exame complementar 
 
Procedeu-se o raspado de pele superficial e profundo para realização 
do parasitológico de pele e exame citológico. 
O raspado de pele coletado para exame dermatológico foi feito em 
lesões distintas e de preferência não manuseadas. Foram feitos raspados 
profundos de pele, até obter sangramento. A pele acometida foi pressionada entre 
o polegar e o indicador, com auxílio de uma lâmina de bisturi, o objetivo desse 
procedimento era colocar para fora os ácaros dos folículos pilosos. Em seguida, o 
raspado de pele foi colocado em uma lâmina com uma gota de óleo mineral. 
Posteriormente, acrescentou-se solução de hidróxido de Potássio (KOH) a 10% 
por 5 minutos com o intuito de amolecer a ceratina. Em seguida, uma lamínula foi 
colocada sobre o material. Realizado tais procedimentos a amostra foi observada 
em microscópio óptico com lente 10X de aumento. 
O diagnóstico de enfermidade parasitária não foi confirmado, pois não 
foi visualizado nenhum ácaro adulto (Demodex canis) ou ovos do ácaro. Assim, 
descartou-se a suspeita de Demodicose canina. 
As técnicas de colheita utilizadas para exame citológico foram decalque 
por extensão, que consiste em escorregar a lâmina sobre uma pústula 
previamente rompida e decalque por impressão, que consiste em aplicar 
firmemente uma lâmina de vidro desengordurada sobre uma lesão cutânea 
ulcerada. 
O material colhido e seco foi corado com o corante Diff-Quick. Após a 
coloração, a lâmina foi seca com papel absorvente. Realizado tais procedimentos, 
a amostra foi observada em microscópio óptico com objetiva de imersão (x100). 
Na visualização do material coletado para a citologia, pôde-se observar 
vários neutrófilos, muitos cocos e fagocitose bacteriana distribuídos pela lâmina. 
Confirmando o diagnóstico de piodermite bacteriana profunda. 
 
 
4.1.6 Diagnóstico 
 
Com base na anamnese, exame físico e resultado dos exames 
complementares foi possível diagnosticar piodermite bacteriana profunda. 
 
 
4.1.7 Protocolo de tratamento 
 
Foi prescrita Cefalexina (Celesporin 600mg - Ouro Fino Pet Saúde 
Animal - Ribeirão Preto - SP) - na dose de 30mg/kg por via oral, a cada 12 horas 
por 40 dias. Recomendou-se também banhos com xampu a base de peróxido de 
benzoíla (Peroxydex Spherulites 3,5% - Virbac Saúde Animal - São Paulo – SP), 
duas vezes por semana durante 30 dias. 
O veterinário responsável orientou que ao dar o banho o proprietário 
deveria massagear a pele do animal durante 15 minutos e em seguida, enxaguar 
bem. 
4.1.8 Evolução do caso clínico 
 
O retorno e a reavaliação do quadro clínico ocorreram após 30 dias do 
início do tratamento medicamentoso, sendo observado melhora significativa. 
Pôde-se observar que o animal não apresentava febre e os pêlos estavam 
brilhantes, ausência de eritema, edema e de secreções serosanguinolentas. 
 As regiões mais acometidas ainda apresentavam alopecia e cicatrizes. 
Em outras regiões inicialmente menos acometidas como abdômen, face e glúteo 
foi possível observar crescimento de pêlos. 
O veterinário solicitou que o cliente retornasse, caso houvesse recidiva 
após o término do protocolo terapêutico, o que não ocorreu. 
 
 
4.1.9 Revisão de literatura 
 
 
a) Introdução 
 
A pele é o maior órgão do corpo e a barreira anatômica e fisiológica 
entre o animal e o meio ambiente, fornecendo proteçãocontra injúrias físicas, 
químicas e microbiológicas. É sensível ao calor, frio, dor, prurido, toque e 
pressão. A pele é um espelho que reflete o meio interno e ao mesmo tempo, o 
mundo ao qual está exposta (Scott et al. 1996). 
Podem-se relacionar várias funções ligadas à pele, como proteção 
contra perda de água, eletrólitos, macromoléculas, injúrias químicas, físicas ou 
microbiológicas. Produção de estruturas queratinizadas, termorregulação, 
flexibilidade, reservatório, imunorregulação, pigmentação e secreção (Scott et al. 
1996). 
A pele se insere ou dá continuidade às mucosas em todos os orifícios 
do organismo (digestivo, respiratório, ocular e urogenital). A superfície cutânea 
dos mamíferos é levemente ácida, sendo que o pH cutâneo dos carnívoros 
domésticos varia de 5,5 a 7,5. A pele compõe-se essencialmente de três grandes 
camadas de tecidos: uma camada superior - a epiderme; uma camada 
intermediária - a derme; e uma camada profunda - hipoderme ou tecido celular 
subcutâneo (Lucas et al., sd). 
Justamente por ser um órgão tão exposto, o tegumento sofre várias 
agressões, refletindo na casuística das clínicas e hospitais veterinários grande 
parte do atendimento destinado aos casos de dermatologia. Doenças parasitárias, 
alergias, problemas cutâneos bacterianos, infecções fúngicas e tumores são os 
distúrbios mais comumente observados (Willemse, 1998). 
Segundo Romani et al. (2006), em estudo preliminar realizado no 
período de julho de 2005 a fevereiro de 2006, no município de Jataí, foram 
trazidos para o atendimento clínico 422 animais. Noventa e nove animais 
apresentaram distúrbios dermatológicos e, portanto a prevalência observada foi 
de 23,4%. Lucas et al. (s.d) considera a prevalência de aproximadamente 30 a 
75% de dermatopatias dentre todos os atendimentos na prática clínica de 
pequenos animais. 
A dermatologia como especialidade apresenta certa vantagem, pelo 
menos em alguns aspectos, sobre os demais. Não há necessidade de utilizar 
sofisticados equipamentos eletrônicos, ópticos ou de imagem. A observação a 
olho nú é o mais importante instrumento para o diagnóstico dermatológico. 
Múltiplos raspados de pele, exame micológico direto, exame citológico, cultura 
fúngica e bacteriana são os exames complementares mais frequentemente 
realizados (Conceição et al. 2004). 
A microbiota normal da pele é constituída por bactérias residentes, 
transitórias e fungos. Nos cães as bactérias residentes encontradas são 
Micrococcus sp., estafilococos coagulase positivos (especialmente 
Staphylococcus intermedius e Staphylococcus epidermitis), estafilococos 
coagulase negativos, Streptococcus  -hemolítico (Cavalcanti & Coutinho 2005). 
Bactérias do gênero Staphylococcus constituem-se em membros residentes da 
microbiota cutânea e das mucosas de humanos e animais, Todavia, várias 
espécies também são patógenos oportunistas que podem causar doenças graves 
da pele. As espécies coagulase-positivas que tem sido reconhecidas e 
documentadas como patógenos são: Staphylococcus aureus, S. intermedius, S. 
hyicus e S. schleiferi (Morris et al. 2006). 
Os microrganismos transitórios do cão incluem Corynebacterium spp., 
Escherichia coli, Bacillus spp., Pseudomonas spp. e Proteus mirabilis. Em 
infecções bacterianas da pele é necessário que haja aderência bacteriana e 
conseqüente colonização. A aderência está relacionada com a virulência, 
tropismo tecidual e suscetibilidade do hospedeiro aos agentes infectantes (Scott 
et al. 1996). 
 
 
b) Etiologia 
 
As piodermites podem ser definidas como processos infecciosos 
cutâneos causados por bactérias (Cavalcanti & Coutinho 2005; Salzo, 2005). 
O patógeno cutâneo de maior importância bacteriana de cães é o S. 
intermedius. Em cerca de 90% das piodermites o agente infeccioso isolado é este 
estafilococo coagulase positivo. (Lucas et al., sd; Mueller, 2003; Salzo, 2005). 
As piodermites podem ser classificadas em primárias e secundárias 
segundo a etiologia. Dentre as dermatopatias primárias, que levam à piodermite 
secundária, os distúrbios de queratinização e os quadros alérginos são os mais 
comumente encontrados. Porém, as dermatopatias parasitárias, fúngicas, 
endócrinas, nutricionais, auto-imunes, além das neoplasias podem predispor o 
animal a infecções bacterianas secundárias (Cavalcanti & Coutinho 2005). 
Infelizmente, em muitas ocasiões não se consegue determinar, apesar 
de exaustiva pesquisa, diagnosticar por parte do clínico e cooperação do 
proprietário, um fator etiológico específico para a piodermite. Nestes casos, a 
piodermite será considerada idiopática (Salzo, 2005). 
 
 
c) Classificação das Piodermites 
 
Além da classificação etiológica em primária e secundária, as 
piodermites podem ser classificadas segundo a profundidade. Com base nesse 
critério, as piodermites podem ser divididas em externas ou pseudo-piodermites 
sendo a colonização bacteriana somente na superfície epidérmica; superficiais, as 
quais invadem a epiderme e o epitélio folicular e as profundas, que invadem a 
derme e em alguns casos o tecido subcutâneo (Lucas et al., sd). 
 
 
d) Diagnóstico 
 
O diagnóstico preciso da piodermite inclui uma anamnese completa 
podendo auxiliar o diagnóstico em cerca de 50%. Ao exame físico devem-se 
identificar as lesões compatíveis e, se possível, diferenciar os processos 
superficiais dos profundos (Salzo, 2005). 
O diagnóstico diferencial inclui a demodicose, alergias (pulgas, 
alimento, contato e atopia), dermatofitose e doenças endócrinas. O animal 
acometido pela enfermidade parasitária pode apresentar lesões semelhantes 
como na piodermite bacteriana profunda, com presença de pápulas, pústulas, 
crostas, edema, exsudato e prurido variável. Os sintomas sistêmicos incluem 
também febre, depressão e anorexia. O diagnóstico de Demodicose canina é feito 
através da microscopia do raspado profundo da pele e vários parasitas adultos 
e/ou ovos de Demodex canis são visualizados (Medleau & Hnilica 2003). 
O raspado de pele é um dos exames a ser feito sistematicamente, de 
preferência em duas ou três lesões de idades diferentes. Deve-se evitar as zonas 
liquenificadas ou que sofreram erosão, privilegiando as lesões recentes não 
manuseadas, como por exemplo, as pápulas, os comedões ou as zonas 
escamosas e escamocrostosas (Carlotti & Pin 2004). 
A pele acometida deve ser pinçada firmemente para expelir os ácaros 
dos folículos pilosos e os raspados cutâneos devem ser profundos e extensos 
(Scott et al. 1996). 
O material recolhido é depositado dentro de uma gota de óleo mineral, 
posicionado entre a lâmina e a lamínula e observado ao microscópico, com 
objetivas 4 x ou 10 x. Para facilitar o exame, é conveniente diluir e deixar o 
produto do raspado no líquido de clareamento (lactofenol), a fim de poder 
estendê-lo em uma camada bem fina. Um excesso de sangue impede uma boa 
observação do material colhido (Carlotti & Pin 2004). 
O exame citológico é indispensável para o diagnóstico das doenças 
bacterianas, parasitárias, fúngicas, na região cutânea ou auricular (Mueller, 2003; 
Carlotti & Pin 2004). 
Segundo Codner & Rhodes (2005), a citologia diferencia piodermatites 
de pênfigo foliácio (ceratinócitos acantolíticos) e infecções fúngicas profundas 
(blastomicose, criptococose). Para Salzo (2005), em uma amostra cutânea com 
piodermite os elementos figurados e células observadas serão cocos, neutrófilos 
degenerados e imagens de fagocitose bacteriana o que comprova a presença de 
infecção e não apenas colonização. 
O hemograma e a bioquímica sérica são importantes complementos 
para o diagnóstico diferencial das endocrinopatias com reflexos cutâneos(Salzo, 
2005). 
O hipotireoidismo e o hiperadrenocorticismo (Doença de Cushing) são 
as enfermidades de origem endócrina que incluem como características clínicas 
comuns às alterações dermatológicas. No hipotireoidismo, os animais podem 
apresentar alopecia do tronco bilateralmente simétrica, de modo geral a alopecia 
não é pruriginosa, a menos que haja uma piodermite secundária ou outra 
dermatite pruriginosa; pelagem freqüentemente é seca, sem brilho, os pêlos são 
removidas com facilidade, mixedema, hiperpigmentação, liquenificação e 
seborréia. Freqüentemente ocorre piodermite bacteriana superficial secundária e 
piodermite profunda, sendo menos comum (Tyler, 2005). 
No hiperadrenocorticismo as características clínicas dermatológicas são 
perda de pêlo, comedões, hiperpigmenteção, calcinose cutânea, pele atrófica e 
piodermite bacteriana secundária (Kintzer, 2005). 
De acordo com Medleau & Hnilica (2003), na cultura bacteriana o 
agente patogênico primário geralmente é o Staphylococcus, porém isolam-se, 
ocasionalmente, Pseudomonas. É comum a ocorrência de infecções bacterianas 
mistas gram-positivas e gram-negativas. 
Para Cavalcanti & Coutinho (2005) sobre a presença de bactérias do 
gênero Staphylococcus em 22 animais sadios o microrganismo foi isolado em 20 
(90,9%) cães. Em relação aos animais com piodermite, a bactéria foi isolada em 
20 animais dos 21 pesquisados (95,2%). Estatisticamente, observou-se influência 
da piodermite no isolamento do S. intermedius, pois este microrganismo foi 
isolado com maior freqüência nos animais da afecção do que naqueles sadios. 
Para Morris et al. (2006) a piodermite bacteriana e a otite são 
extremamente comuns em cães e as infecções estafilocócicas são usualmente 
tratadas de forma empírica. É recomendável que ao suspeitar de piodermites, 
otites e infecções do trato urinário por estafilococos, seja feita cultura caso a 
primeira terapia empírica falhar. 
 
 
e) Tratamento 
 
O tratamento das piodermites pode ser tópico e sistêmico. Geralmente, 
a associação das duas modalidades terapêuticas deve ser utilizada (Lucas, sd). 
As piodermites superficiais devem ser tratadas com antibiótico 
sistêmico durante, no mínimo, de três a quatro semanas, enquanto que as 
piodermites profundas requerem, no mínimo, de seis a oito semanas de 
antibioticoterapia sistêmica. É recomendável que após a cura das lesões o clínico 
estenda o tratamento, pois a ausência de lesões após a antibioticoterapia não 
significa a cura da piodermite (Salzo, 2005). 
Segundo Cavalcanti & Coutinho (2005) os antibióticos de eleição para o 
tratamento sistêmico da piodermite são cefalexina, cloranfenicol e gentamicina, 
pois as cepas de Staphylococcus apresentaram 100% de sensibilidade “in vitro” 
em amostras clínicas de cães com piodermite frente a 14 antibacterianos 
testados. 
A cefalexina na dose de 22-30 mg/kg a cada 12 horas por via oral tem 
apresentado ótimos resultados (Salzo, 2005; Lucas et al., sd). 
A cefradina, o monoidrato de cefalexina e o cefadroxil são as 
cefalosporinas de primeira geração disponíveis para administração oral. As 
cefalosporinas são amplamentte distribuídas por todo o organismo, alcançando 
elevadas concentrações no sangue, urina, bile, fluido pleural, fluido pericárdico, 
fluido sinovial, osso cortical e osso esponjoso. As cefalosporinas de primeira 
geração não atravessam a barreira hematoencefálica e possuem má penetração 
no tecido prostático e nos humores aquoso e vítreo. A principal via de excreção 
da maioria das cefalosporinas é a filtração renal (Vaden & Riviere, 2003). 
O tratamento tópico com xampu visa remover os restos celulares e 
reduzir a população bacteriana superficial. Os agentes mais comumente utilizados 
incluem: clorexidine, peróxido de benzoíla, triclosan e iodo povidine, entre outros. 
Dentre os agentes citados o peróxido de benzoíla pode ser utilizado em 
concentrações de 2,5% a 3,5% na pele, sendo que é o tratamento de escolha 
para as piodermites profundas (Lucas et al., sd). 
Segundo Yu (2005) o peróxido de benzoíla está incluído entre os 
agentes anti-seborréicos, mas o produto tem também atividade antimicrobiana 
superior, com efeitos residuais de 48 horas, possui também propriedades 
ceratolíticas e desengordurante. A excelente atividade secante dos xampus de 
peróxido de benzoíla frequentemente necessita do uso de emolientes ou de 
tratamentos alternados, com produto mais fraco. Ao prescrever tratamento 
dermatológico tópico com xampu é de máxima importância fornecer as instruções 
ao cliente, que incluem o tempo de contato, cerca de cinco a 15 minutos, para 
permitir hidratação de epiderme e propiciar tempo suficiente para penetração e 
ação do xampu. Deve-se comentar também com o cliente da freqüência dos 
banhos com o xampu e da importância de toda pelagem ser enxaguada para 
retirar todo produto do corpo do animal. 
Scott et al. (1996) comentaram que os agentes ceratolíticos facilitam a 
coesão diminuída entre os corneócitos, a descamação e a queda de pêlos, 
resultando num estrato córneo mais amolecido e na remoção das caspas. Eles 
não dissolvem a ceratina. Já os agentes ceratoplásticos melhoram a ceratinização 
e a epitelização anormal presente nos distúrbios da ceratinização. O peróxido de 
benzoíla (2,5 a 5%) é ceratolítico, antibacteriano, desengordurante, 
antipruriginoso e realiza a lavagem folicular. 
 
 
4.1.10 Discussão e Conclusão 
 
Foram atendidos no Hospital Veterinário da EV/UFG no período de 
julho a outubro 2006, 27 animais com problemas dermatológicos, sendo cinco 
com piodermite bacteriana profunda e três com piodermite superficial. Salzo 
(2005) e Cavalcanti & Coutinho (2005) afirmaram que a piodermite é uma das 
mais freqüentes enfermidades cutâneas em cães. 
Neste caso o paciente era da espécie canina, Pit Bull, quatro anos de 
idade, macho. De acordo com Medleau & Hnilica (2003) e Salzo (2005) a 
piodermatite profunda é comum em cães e rara em gatos. Segundo Codner & 
Rhodes (2005) raças com pelagem curta, como no animal atendido; dobras de 
pele ou calosidades de pressão são históricos de animais com piodermatite 
bacteriana. Para Willemse (1998) a desordem ocorre mais frequentemente em 
raças de grande porte e em Bull terriers, que é uma das raças de origem do Pit 
Bull. 
 Willemse (1998) afirmou que além dos sintomas dermatológicos, o cão 
pode estar anoréxico e letárgico, e pode apresentar uma temperatura corporal 
elevada e linfadenopatia. No caso acompanhado no HV/EV/UFG, o animal 
apresentava apenas hipertermia. 
Codner & Rhodes (2005) afirmaram que as piodermatites profundas 
acometem frequentemente queixo, ponte do focinho, pontos de pressão e patas; 
podendo ser generalizadas. No exame físico do paciente observaram-se lesões 
anulares alopécicas generalizadas, mas as regiões mais acometidas foram o 
dorso, o tronco e as regiões de maior pressão como cotovelos e jarretes. As 
lesões encontradas foram pápulas, pústulas, colaretes epidérmicos, eritema, 
nódulos íntegros e ulcerados, crostas e edema. 
Scott et al. (1996) citaram que a progressão das lesões iniciais é 
variável e que lesões papulares ficam macias para formar pústulas profundas que 
se ulceram centralmente e geralmente se recobrem de crostas. Antes da 
ulceração, bolhas hemorrágicas podem ser observadas e as lesões maiores 
tornam-se inflamadas com coloração escura e geralmente desenvolvem fístulas 
que drenam o exsudato para a superfície e formam crostas. No animal atendido 
não havia presença de bolhas hemorrágicas antes da ulceração. 
Os raspados de pele superficiais e profundos foram feitos em várias 
lesões com idades diferentes e de preferência recentesnão manuseadas. Tais 
manobras basearam-se nas recomendações de Carlotti & Pin (2004). O raspado 
profundo, até obter sagramento foi feito para pesquisar ácaro adulto (Demodex 
canis) ou ovos do ácaro, pois a Demodicose é um dos principais diagnósticos 
diferenciais de piodermite bacteriana profunda, já que a enfermidade causa 
também sintomas semelhantes na pele, concordando com Medleau & Hnilica 
(2003). 
O exame citológico da amostra cutânea do animal revelou vários cocos 
e muitos neutrófilos degenerados e fagocitose bacteriana, também descritos por 
Salzo (2005). As técnicas de colheita do material citológico foram decalque por 
extensão em pústulas e por impressão nas lesões ulceradas, conforme 
recomendado por Carlotti & Pin (2004). 
Segundo Carlotti & Pin (2004), os exames complementares com 
resultados imediatos só necessitam, em geral, de um pouco de material, o que é 
fácil de ser obtido. Raspados de pele, exame direto dos pêlos e exames 
citológicos permitem estabelecer o diagnóstico definitivo num grande número de 
casos. Pode-se verificar, no caso em questão, que tais exames citados e com o 
auxílio do exame clínico foram suficientes para fechar o diagnóstico definitivo. 
Após anamnese, exame físico e exames complementares não foi 
possível determinar um fator etiológico específico. Portanto, neste caso, a 
piodermite será considerada idiopática. Salzo (2005) citou que em muitas 
ocasiões não se consegue determinar um fator etiológico específico para a 
piodermite. 
Não foi possível classificá-la em primária e secundária, como foi 
descrito por Lucas et al. (sd), pois não foi possível determinar o fator etiológico da 
piodermite bacteriana profunda. Nesse caso a piodermite do paciente foi 
classificada como profunda, pois invadiu a derme e o tecido subcutâneo em 
algumas áreas lesionadas, segundo o mesmo autor. 
Medleau & Hnilica (2003) afirmaram que o tratamento deve incluir uma 
tricotomia ao redor das lesões, remoção crostas e exsudato com banho morno 
diário contendo solução anti-séptica. Deve-se administrar antibiótico sistêmico de 
longa duração durante seis a oito semanas, mantendo a medicação por duas 
semanas após a cura das lesões. Não foi necessário realizar a tricotomia porque 
o animal apresentava alopecia nas lesões e pelagem bem curta. Foi prescrito 
para o animal como tratamento tópico, banhos com xampu a base de peróxido de 
benzoíla (Peroxidex - Virbac Saúde Animal - São Paulo – SP), para remover 
resíduos da superfície, duas vezes por semana, durante 30 dias e não 
diariamente. Não foi recomendado banho com água morna para o animal, pois iria 
dar muito trabalho para a proprietária. O antibiótico sistêmico prescrito para o 
paciente foi a cefalexina por via oral na dose de 30mg/kg a cada 12 horas durante 
cinco semanas. O animal após a terapêutica recomendada obteve cura das 
lesões. 
 Cavalcanti & Coutinho (2005) citaram que as drogas mais eficientes 
para o tratamento das piodermites são amoxicilina associada ao ácido 
clavulânico, cefalexina, cloranfenicol e gentamicina. A cefalexina foi escolhida, 
pois tem apresentado ótimos resultados, conforme citado por Salzo (2005) e 
Lucas et al. (sd). Outro fator considerado foi o custo, por ser um medicamento de 
preço mais acessível do que a amoxicilina com ácido clavulânico, além de 
apresentar menos efeitos colaterais que o cloranfenicol Não foi indicado a 
gentamicina porque é nefrotóxica, o que impede seu uso sistêmico prolongado. 
Morris et al. (2006) afirmaram que se a primeira terapia falhar deve-se 
fazer cultura e antibiograma. No paciente não foi preciso fazer cultura dos 
microrganismos porque o tratamento prescrito culminou em recuperação do 
animal. 
 Scott et al. (1996) afirmaram que o tempo da recidiva é importante. Se 
novas lesões aparecerem dentro sete dias após o término do tratamento, é 
provável que a infecção não tenha sido resolvida. No caso clínico descrito pôde-
se observar que o animal, após quatro semanas de tratamento, houve cura das 
lesões com cicatrizes, alopecia e que não houve recidiva. 
Segundo Medleau & Hnilica (2003), o prognóstico é bom, porém em 
casos graves ou crônicos a fibrose, cicatriz e alopecia podem ser seqüelas 
permanentes, fato observado no paciente. 
 Medleau & Hnilica (2003) citaram no mínimo seis semanas de 
antibioticoterapia sistêmica para cura das lesões em animais com piodermite 
bacteriana profunda. No paciente a evolução do caso clínico foi muito satisfatória, 
visto que apresentou melhora clínica após quatro semanas de tratamento 
sistêmico e tópico, sendo que faltava apenas uma semana para encerrar a 
terapêutica prescrita pelo médico veterinário responsável. 
Diante do caso clínico descrito e discutido, percebeu-se que a 
dermatologia de pequenos animais ainda é uma área pouco explorada pelos 
clínicos veterinários. E que dificilmente os clínicos veterinários não se deparam 
com algum caso dermatológico durante um dia de atividade. Pode-se observar 
que geralmente para se obter um diagnóstico dermatológico são necessários 
apenas exames complementares rápidos e de baixo custo, como por exemplo, 
raspado de pele e citologia. 
 
 
 
4.2 Dermatite alérgica a picada de pulga (DAPP) 
 
 
4.2.1 Resenha 
 
Foi atendida no HV/UFG uma cadela chamada Ingrid, da raça Poodle, 
com oito anos de idade, pelagem preta e pesando 7 kg. 
 
 
4.2.2 Anamnese 
 
Segundo a proprietária, já havia aproximadamente um ano que o animal 
apresentava queda de pêlos e coçava todo corpo o tempo inteiro. Foram usados 
alguns medicamentos ao início dos sintomas (mas não recordava os nomes), não 
verificou melhora, mas o agravamento progressivo do quadro. 
 No dia da consulta o animal apresentava muito prurido, vários locais do 
corpo estavam com alopecia, inclusive ao redor dos olhos, odor muito forte e 
presença de muitas caspas, verrugas e secreção amarelada no olho direito. 
A alimentação da cadela era à base de ração e comida caseira. Vivia 
em ambiente cimentado e com cerâmica, tinha contato eventual com terra. 
Convivia com outros animais, um cão e um gato, que estavam começando a 
apresentar os mesmos sinais clínicos. Não tinha livre acesso à rua. Ninguém da 
casa havia apresentado lesões na pele. 
A proprietária relatou que o animal tinha pulgas e carrapatos e que a 
vacina óctupla foi aplicada apenas quando filhote. O animal foi desverminado pela 
última vez há um ano. As fezes e a urina estavam com coloração e aspectos 
normais. 
 
 
 
4.2.3 Exame físico 
 
O animal apresentava-se com temperatura de 38,6oC, freqüência 
cardíaca de 120 bpm e frequência respiratória de 36 rpm. Encontrava-se em 
estado geral bom, com mucosas normocoradas e linfonodos normais. 
No exame dermatológico verificou-se que os pêlos estavam sem brilho 
e quebradiços, com intensa seborréia oleosa (Figura 1A). Detectaram-se lesões 
agrupadas com alopecia, pústulas, pápulas, crostas, eritema, escoriações, 
liquenificação, hipotricose e hiperpigmentação nas regiões abdominal, pescoço, 
axilas e virilha. (Figuras 1B e 1E). 
No pavilhão auricular foram detectadas crostas, eritema e 
hiperpigmentação (Figura 1C). O animal apresentava alopecia ocular bilateral e 
presença de secreção purulenta no olho direito (Figura 1D). Presença de 
carrapatos e muitas pulgas. 
 
 
4.2.4 Suspeita clínica 
 
Diante da anamnese e dos resultados do exame físico, suspeitou-se de 
dermatite alérgica à picada de pulgas (DAPP), hipersensibilidade alimentar e 
atopia. 
 
 
4.2.5 Exame complementar 
 
Procedeu-se o raspado de pele superficial e profundo para realização 
do parasitológico de pele. Foi solicitado hemogramacom pesquisa de 
hematozoários e perfil de bioquímica sérica (dosagem de ALT e creatinina), cujos 
resultados podem ser evidenciados nas tabelas 5, 6, 7 e 8 
No eritrograma foi observada uma anemia normocítica normocrômica. 
No leucograma nenhuma alteração digna de nota, o perfil bioquímico apresentou 
resultados dentro dos valores referenciais e o exame do parasitológico de pele 
apresentou amostra negativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELA 5 - Eritrograma da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, atopia canina e hipersensibilidade alimentar. 
 
 
 
 
Figura 1 – Cadela da raça Poodle com suspeita de dermatopatia alérgica. A) Seborréia 
intensa e áreas de alopecia na região do glúteo e abdomem ventral. B) Áreas 
de alopecia e hipotricose na região peitoral e abdominal, além de 
hiperpigmentação e liquenificação. C) Região ventral do pescoço com áreas de 
alopecia, hipotricose, hiperpigmentação, liquenificação e crostas. D) Pavilhão 
auricular externo com hiperpigmentação, liquenificação, crostas e hipotricose. 
E) Região periocular direita com alopecia, edema e secreção purulenta. F) 
Animal tosado após sete dias de tratamento revelando redução significativa das 
crostas e melhora discreta na liquenificação. 
A B 
C D
 A 
E F 
Eritrograma Resultado Valores de referência 
 
Canina Unidade 
Hemácias 4,66 5,5-8,5 tera/L 
Hematócrito 31,1 36-54 % 
Hemoglobina 10,0 12-18 g/dL 
VGM 67 60-77 fL 
HGM 21,5 19-23 g/dL 
VCHGM 32,2 32-36 pg 
Eritoblastos 0 0-1,5 /100 leucócitos 
Plaquetas 481 200-900 giga/L 
Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006) 
 
TABELA 6 - Leucograma da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, atopia canina e 
hipersensibilidade alimentar. 
Leucograma Relativos 
% 
Absoluto Valores de referência 
 
Relativo Absoluto Unidade 
Leucócitos 100 15,7 100 6-17 %103/mm3 
Mielócitos 0 0 0 0 %103/mm3 
Metamielócitos 0 0 0 0 %103/mm3 
Bastonetes 07 1099 0-3 0-510 %103/mm3 
Segmentados 71 11147 60-77 3600-13090 %103/mm3 
Eosinófilos 05 785 2-10 120-1700 %103/mm3 
Basófilos 0 0 raro raro %103/mm3 
Linfócitos 15 2355 12-30 720-5100 %103/mm3 
Linfócitos 
atípicos 
0 0 0 0 %103/mm3 
Monócitos 02 314 3-10 180-1700 %103/mm3 
Plasmócitos 0 0 0 0 %103/mm3 
Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006) 
 
TABELA 7 - Pesquisa de hematozoários da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, 
atopia canina e hipersensibilidade alimentar. 
Hematozoários Resultado Valor de referência 
Pesquisa de Hematozoários Ausente Ausente 
Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006) 
 
TABELA 8 - Perfil de bioquímica sérica da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, 
atopia canina e hipersensibilidade alimentar. 
Testes Resultados Valores de referência/canina Unidade 
Creatinina 0,9 0,5-1,5 mg/dL 
ALT 41,0 10-50 UI/L 
Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006) 
 
 
4.2.6 Diagnóstico 
 
Diante da anamnese, do exame físico e dos resultados dos exames 
laboratoriais não foi possível fechar o diagnóstico. 
Para fechar o diagnóstico foi feito um plano diagnóstico, que consiste 
em eliminar primeiramente as pulgas e os carrapatos do animal e do ambiente. Se 
o prurido persistir, obrigatoriamente haverá uma outra causa de base pruriginosa. 
Portanto o próximo passo seria instituir uma dieta terapêutica para descartar uma 
hipersensibilidade alimentar. Após a dieta estabelecida pelo veterinário, se o 
animal ainda persiste com o prurido, deve-se descartar as duas causas de base 
pruriginosa e o diagnóstico de atopia canina pode ser firmado. 
 
 
4.2.7 Prognóstico 
 
O prognóstico foi reservado. 
 
 
4.2.8 Protocolo de tratamento 
O protocolo de tratamento estabelecido baseou-se nas três suspeitas 
(DAPP, atopia e hipersensibilidade alimentar), portanto, o primeiro passo foi 
eliminar as pulgas e carrapatos a fim de diagnosticar a DAPP. 
Foi prescrita Predinisona (Meticorten Veterinário 5mg - Schering-Plough 
Coopers Veterinária - São Paulo - SP) na dose de 1mg/kg por via oral, a cada 24 
horas por 10 dias, pela manhâ. Banhos com xampu a base de peróxido de 
benzoíla (Peroxydex Spherulites 3,5% Virbac Saúde Animal - São Paulo – SP), 
duas vezes por semana durante um mês. O veterinário responsável orientou que 
ao dar o banho o proprietário deveria massagear a pele do animal durante 15 
minutos e em seguida, enxaguar bem. 
 Recomendou-se também a aplicação do Fipronil (Frontline Topspot 01 
pipeta de 0,67 ml/cão com 1 a 10 Kg - Merial Saúde Animal Ltda – Fazenda São 
Francisco – Paulínia – SP), a cada 15 dias, até completar seis aplicações. O 
veterinário responsável orientou que fosse afastado o pêlo do animal na região da 
nuca até aparecer a pele. Aplicar o produto em vários pontos entre a região da 
nuca e as escápulas, para evitar que o animal se lambesse. Foi recomendado 
também tosar o animal antes de iniciar o tratamento tópico e explicou-se que após 
a aplicação do Frontline, deveria esperar 48 horas para dar o banho com xampu, 
para não inibir a ação do produto. 
 Para a limpeza dos olhos recomendou-se Solução Fisiológica (Halex 
Star – Goiânia-GO), três vezes ao dia, durante 15 dias. 
 Para o ambiente foi prescrito Permetrina (Decaplus Ce 25 – União 
Química Farmacêutica Nacional S/A – Agemoxi La.), uma unidade diluída em 
quatro litros de água para pulverização, três por semana, durante dois meses. 
 
 
4.2.9 Evolução do caso clínico 
 
O retorno e a reavaliação do quadro clínico ocorreram após sete dias 
de tratamento, sendo observado melhora significativa. O animal havia diminuído o 
prurido, o olho já não estava apresentando secreção, a pele não apresentava 
pápulas, pústulas, eritema e crostas (Figura 1F). Ausência de carrapatos e 
pulgas. Apresentava ainda hiperpigmentação, hipotricose e alopecia nas regiões 
acometidas inicialmente. No pavilhão auricular ausência de eritema, crostas, 
presença de hiperpigmentação e hipotricose. A seborréia ainda estava presente 
em todas as regiões inicialmente acometidas, mas não tão intensa. 
O veterinário solicitou que o cliente retornasse após 30 dias de 
tratamento, mas a proprietário não compareceu. Pelo telefone a proprietária 
relatou que a cadela estava bem melhor e que só retornaria se o animal voltasse 
a ter as lesões de pele. 
Terminado o Estágio Curricular foi informado pelo veterinário que após 
aproximadamente dois meses a proprietária retornou com a cadela. Apesar do 
combate rigoroso às pulgas, que livrou o animal dos ectoparasitas, houve 
recidiva, com reaparecimento das lesões de forma ainda mais grave do que visto 
inicialmente. Assim, o veterinário seguiu com o plano diagnóstico a fim de 
diagnosticar possível hipersensibilidade alimentar ou atopia. Foi prescrita uma 
dieta terapêutica para a cadela, contento somente, arroz integral, carne de 
coelho, óleo de canola e água mineral, durante 40 dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.2.10 Revisão de literatura 
 
 
a) Introdução 
 
A hipersensibilidade à picada de pulgas ou dermatite alérgica à picada 
de pulgas (DAPP) é uma dermatite pruriginosa, papular em cães que se tornam 
sensibilizados aos alérgenos produzidos pelas pulgas. É o distúrbio de pele 
hipersensível mais comum em cães (Scott et al., 1996). 
A DAPP é a dermatopatia alérgica de maior ocorrência em caninos em 
nosso meio, sendo responsável por mais de 50% dos casos. Não há 
predisposição sexual ou etária,normalmente acomete animais adultos jovens, 
sendo que a maioria dos casos ocorre entre dois e cinco anos de idade (Lucas, 
2006). 
Estima-se que 15% da população canina sofre de alergia, contexto no 
qual a HA ocupa o terceiro lugar de incidência, antecedida pelas alergias 
inalatórias (atopia) e pelas picadas de pulgas (DAPP) (Cavalcanti et al., 2006). 
 
 
b) Causa e Patogenia 
 
A hipersensibilidade à picada de pulga é causada por um hapteno de 
baixo peso molecular e dois alérgenos de alto peso que ajudam a iniciar a reação 
alérgica. Alérgenos de alto peso molecular aumentam a ligação ao colágeno da 
derme, quando ligados, formam um antígeno completo, necessário para o 
surgimento da DAPP. A saliva da pulga contém compostos tipo histamina que 
irritam a pele, a exposição intermitente favorece o surgimento da enfermidade, a 
exposição contínua tem menor chance de resultar em hipersensibilidade (Kuhl & 
Greek, 2005). 
De acordo com Willemse (1998) a alergia à picada de pulga é uma 
reação de hipersensibilidade mista (tipos I e IV) a componentes antigênicos 
existentes na saliva da pulga. Para Scott et al. (1996) a alergia à picada de pulga 
inclui também as reações de hipersensibilidade imediata de fase tardia (LPR) e a 
as reações de hipersensibilidade basofílica cutânea. 
Segundo Scott et al. (1996, p.459-460), 
 
“...as reações de hipersensibilidade do tipo I são descritas como aquelas 
que envolvem predileção genética, produção de anticorpos, (IgE) 
reagínicos e degranulação de mastócitos. Esta reação ocorre dentro de 
minutos e desaparece gradualmente dentro de uma hora. Os exemplos 
clássicos de doenças que envolvem reações de hipersensibilidade do tipo I 
em cães e gatos são urticária, angioedema, anafilaxia, atopia, 
hipersensibilidade alimentar, hipersensibilidade à picada de pulgas e 
algumas erupções por drogas. As reações de hipersensibilidade imediata 
de fase tardia (LPR) foram identificadas e estudadas. O estabelecimento 
destas reações celulares dependentes dos mastócitos ocorre de quatro a 
oito horas após o desafio (neutrófilos e eosinófilos encontrados 
histologicamente). Persistem por até 24 horas, em contraste com as 
reações do tipo I, que terminam dentro de 60 minutos. Essas reações são 
suspeitas de desempenhar um papel na hipersensibilidade à picada de 
pulgas. Reações de hipersensibilidade do tipo IV classicamente não 
envolvem lesão mediada por anticorpos. Um antígeno interage com uma 
célula apresentadora de antígeno (CAA). Na pele, a CCA é a célula de 
Langerhans. Exemplos clássicos de reações de hipersensibilidade do tipo 
IV em cães e gatos são a hipersensibilidade à picada de pulgas, a 
hipersensibilidade por contato e algumas erupções a drogas. A 
hipersensibilidade basofílica cutânea pode ser mediada por células T ou 
anticorpos (IgE e IgG). Caracteriza-se por infiltrado basofílico e deposição 
de fibrina acentuada. É considerada importante no desenvolvimento da 
imunidade aos carrapatos e na patogenia da hipersensibilidade à picada de 
pulgas.” 
 
 
c) Ciclo das pulgas 
 
Há mais de 2000 espécies e subespécies de pulgas pelo mundo, sendo 
as Ctenocephalides spp. de maior preocupação clínica. A C. felis felis é a espécie 
mais comum, com valores de prevalência superiores a 92% em cães e 97% em 
gatos. As pulgas desenvolvem-se por metamorfose completa do ovo ao adulto 
mediante três estágios larvários e um estágio pupal. A fêmea deposita seus ovos 
no hospedeiro, os ovos caem do hospedeiro no ambiente, onde seu ciclo se 
completa. Os ovos de pulgas tipicamente eclodem em um a 10 dias. As larvas 
recém-eclodidas movimentam-se para áreas protegidas da luz, onde se 
alimentam de debris orgânicos e de fezes de pulgas adultas. 
Duas mudas completam-se antes que o terceiro estágio larvário adentre 
a fase de pupa. No fim do estágio larvário, o terceiro estágio produz um casulo 
sedoso, no qual ocorre a pupação. Com 80% de umidade de 27ºC, as pulgas 
adultas podem começar a emergir em cinco dias. Sem estímulo adequado as 
pupas podem permanecer no casulo por até 140 dias. Os adultos recém-
emergidos necessitam de um hospedeiro para sobrevivência a longo prazo. O 
número de 72 fêmeas de pulgas pode consumir um total de 1 mL de sangue por 
dia. Além da perda sanguínea e da lesão de pele que as pulgas provocam, elas 
são hospedeiras intermediárias da tênia Dipylidium caninum e podem ser vetores 
de vários agentes infecciosos (Scott et al., 1996). 
 
 
d) Características clínicas 
 
As lesões em cães incluem erupções pruriginosas, pápulas, crostas, 
eritema, seborréia, alopecia, escoriações, piodermite, hiperpigmentação e/ou 
liquenificação (Mendleau & Hnilica, 2003). 
O prurido é a sensação que provoca o desejo de coçar, esfregar, 
mastigar, ou lamber; um indicador de pele inflamada. Mais de uma doença pode 
estar contribuindo para o prurido; se o tratamento para uma doença identificada 
não resultar em melhora, considerar outras causas (Gram, 2005). 
As lesões se concentram em uma área triangular da região 
lombossacra-dorso-caudal, geralmente estando envovidas a face caudal das 
coxas, a região inferior do abdômen, a região inguinal e a região cranial dos 
antebraços. As lesões secundárias (hiperpigmentação, liquenificação, alopecia e 
descamação) são comuns em DAPP não controlada; podem ser observadas 
foliculites secundária e furunculose (Greek & Karen, 2005). 
 
 
e) Diagnóstico 
 
O diagnóstico definitivo baseia-se na história, exame físico, teste 
intradérmico usando antígeno de pulga e resposta ao tratamento. A presença de 
pulgas ou sujeira de pulgas em um cão com prurido não significa que o animal 
apresente hipersensibilidade pulgas (Willemse 1998; Scoot et al. 1996 e Greek & 
Kuhl 2005). 
O teste intradérmico para alergia com antígeno de pulga – revela 
reações imediatas positivas em 90% dos animais alérgicos a pulga; reações 
tardias (24-48 horas) podem, às vezes, ser observadas em animais alérgicos que 
não apresentam reação imediata (Kuhl & Greek 2005). 
Quando as pulgas não são vistas de modo consistente nos cães com 
hipersensibilidade a pulgas, e o cliente realizou o controle adequado das mesmas, 
a persistência do prurido deve levar o clínico a prestar atenção a uma 
hipersensibilidade concomitante, como atopia ou hipersensibilidade alimentar. A 
eosinofilia está frequentemente presente (Scott et al., 1996). 
O diagnóstico diferencial inclui Sarna Sarcóptica, Hipersensibilidade 
Alimentar (HA) e Atopia. O teste mais preciso para definir o diagnóstico é a 
resposta ao tratamento apropriado e amostra do parasitológico de pele negativa 
para sarna sarcóptica (Kuhl & Greek 2005). 
A HA pode provocar a mesma distribuição de lesões e idênticos 
achados no exame físico de um animal com atopia, portanto a diferenciação é 
feita pela observação de resposta à dieta hipoalergênica (Plant & Reedy, 2005). 
Nascente et al. (2006) afirmaram que não há um sinal patognomônico 
para HA no cão ou no gato, mas diversas lesões primárias e secundárias são 
observadas nessa patologia, incluindo pápulas, pústulas, urticárias, eritema, 
escoriações, escamas, colarinhos epidérmicos, pododermatite, desqueratinização 
e otite externa bilateral. O prurido ótico é uma característica significativa em 
alguns cães. 
A dieta de eliminação é o teste definitivo para HA, é feita sob medida 
para cada indivíduo em particular. A dieta precisa ser restrita a uma proteína e um 
carboidrato aos quais o animal tenha tido exposição prévia limitada ou nenhuma 
exposição anterior. Pode levar até 13 semanas para a melhora máxima dos sinais
clínicos. Se o paciente for sensível a um ou mais alimentos, notável melhora será 
obseravada na quarta semana dedieta (Mueller, 2003 e Duclos, 2005). 
A sarna sarcóptica ocorre frequentemente em cães jovens ou 
abandonados; geralmente provoca prurido grave na região ventral do peito, na 
lateral dos cúbitos e jarretes e nas margens das orelhas. Múltiplos raspados de 
pele e/ou resposta completa a uma tentativa de tratamento acaricida com 
ivermectina 0,2-0,4mg/kg SC ou VO a cada 1-2 semanas, por 2-4 tratamentos, 
são indicados para que se descarte sarna sarcóptica (Plant & Reedy, 2005). 
Qualquer cão com prurido não-sazonal, que responde mal a esteróides, 
deverá ser tratado com um escabicida (mesmo quando os resultados de raspados 
de pele derem negativos), para descartar definitivamente a sarna sarcóptica. A 
resposta favorável ao tratamento com escabicida é o método mais comum de 
diagnostificar por tentativa a Escabiose (Medleau & Hnilica, 2005). 
A atopia é uma predisposição do animal para torna-se alérgico à 
substância normalmente inócua, tais como pólens (gramas, plantas, árvores), 
mofos, poeira de ácaros domésticos, alérgenos epiteliais e outros alérgenos 
ambientais. As áreas mais frequentemente afetadas são os espaços interdigitais, 
as áreas de carpo e tarso, focinho, a região periocular, axilas, virilhas e as 
orelhas. É comum os animais acometidos com a enfermidade apresentarem 
infecções secundárias, bacterianas e por leveduras, otite externa crônica 
recidivante e conjuntivite (Plant & Reedy, 2005). 
Enquanto até 40% da população de cães normais em áreas endêmicas 
de pulgas podem apresentar reações positivas ao teste alérgico intradérmico ao 
antígeno de pulgas, até 80% dos cães atópicos na mesma área podem ser 
positivos. Este achado sugere que o estado atópico pode predispor os cães ao 
desenvolvimento de hipersensibilidade alérgica a pulgas. Outro estudo, todavia, 
indicou que apenas 36% dos cães atópicos eram também hipersensíveis a pulgas 
(Scott et al., 1996). 
 
 
f) Tratamento 
 
Conforme Scott et al. (1996), Willemse (1998), Medleau & Hnilica 
(2003) e Kuhl & Greek (2005) o tratamento da hipersensibilidade a pulgas pode 
incluir completo controle de pulgas e glicocorticóides sistêmicos. 
Mais de uma doença pode estar contribuindo para o prurido; se o 
tratamento para uma doença identificada não resultar em melhora deve-se 
considerar outras causas (Gram, 2005). 
Para controle de pulgas e carrapatos no animal, o fipronil tem sido o 
medicamento mais eficiente no momento. O tratamento mensal para cães em 
“spo”’ ou ”spray”, resiste à remoção com água e excelente perfil de segurança e 
eficácia (Kuhl & Greek, 2005). 
Para Blagburn & Lindsay (2003) o fipronil é um ectoparasiticida que 
exerce seu efeito primariamente nos estágios de desenvolvimento dos insetos e 
de outros artrópodes. O fipronil está relacionado, no modo de ação, com as 
avermectinas, por agir como bloqueador dos canais de íon cloreto regulados pelo 
GABA nas membranas celulares nervosas. O longo período de atividade residual 
do fipronil após a administração tópica é devido ao seu acúmulo nos óleos da pele 
e nos folículos pilosos dos animais tratados. É liberado por certo período de 
tempo, permitindo intervalos relativamente longos entre os tratamentos. 
O tratamento dentro de casa inclui nebulizações e sprays que 
geralmente contêm organofosforados, piretrinas e/ou reguladores do crescimento 
de insetos, deve ser aplicado de acordo com a recomendação do fabricante. Toda 
área da casa deve ser tratada, podendo o produto ser aplicado pelo dono do 
animal. O tratamento fora da casa deve incluir produtos que contêm piretróides 
ou organofosforados e um regulador do crescimento de insetos, os pós 
geralmente são organofosforados e os produtos contendo nematódeos 
(Steinerma carpocapsae) são seguros e livres de substâncias químicas (Kuhl & 
Greek 2005). 
As piretrinas, devido a sua excelente propriedade derrubadora e baixa 
toxicidade para os mamíferos, levaram o seu desenvolvimento e uso extenso 
como ectoparasiticidas. Os piretróides sintéticos são análogos sintéticos das 
moléculas do protótipo piretrina. Os piretróides retêm a atividade derrubadora das 
piretrinas, mas são moléculas mais estáveis com atividade residual mais 
prolongada. A permetrina, piretróide de terceira geração, ocorre como um pó 
cristalino incolor ou líquido viscoso, amarelo-pálido. A permetrina é um piretróide 
amplamente utilizado. É um ingrediente ativo de colares sprays, xampus, banhos 
e concentrados tópicos para controle de pulgas e carrapatos em cães e gatos 
(Blagburn & Lindsay 2003). 
De acordo com Medleau & Hnilica (2003), para auxiliar na cura do 
prurido deve-se considerar a possibilidade de tratamento com glicocorticóide. 
Pode-se administrar 0,5mg/kg (cães) VO de prednisona, em intervalos de 12 
horas, durante três a sete dias, seguido de intervalos de 24 horas por três a sete 
dias e a cada 48 horas durante mais três a sete dias. 
Os glicocorticóides diminuem a formação da histamina induzida, (histamina produzida 
pelas células durante a lesão), cuja ação não é bloqueada pelos anti-histamínicos. Eles 
também antagonizam as toxinas e as cininas, reduzindo a inflamação resultante. Os 
glicocorticóides são usados para tirar vantagem da supressão tanto do número de células 
como das ações do sistema imune. Os efeitos supressores da imunidade mediada por 
células predominam sobre aqueles da imunidade humoral. A produção de anticorpos 
geralmente não é acometida com doses moderadas dos glicocorticóides, ficando inibida 
apenas com altas doses e com tratamento por longo prazo. Eles causam linfopenia e 
eosinopenia, efeitos estes secundários à redistribuição e/ou lise celular, e levam a um 
aumento da desmarginalização vascular de neutrófilos a partir do leito vascular para o 
tecido linfóide (Ferguson & Margarethe 2003). Os glicocorticóides devem ser evitados 
em condições como doenças infecciosas, devido à sua natureza imussupressora 
(Andrade, 2002). 
Anti-histamínicos podem ser administrados em conjunto com corticosteróides, para que 
seja reduzida a dose de esteróide necessária para controle do prurido (Willemse, 2003). 
Os clientes devem ser informados que não existe cura para a DAPP e 
que animais alérgicos a pulgas frequentemente se tornam mais sensíveis às 
picadas à medida que envelhecem. Atualmente a única forma de terapia é 
controlar exposição à pulgas. A diminuição do prurido indica que a DAPP está 
sendo controlada, animais muito sensíveis e a ausência de pulgas ou fezes de 
pulga nem sempre é um indicador confiável de tratamento bem sucedido (Greek & 
Kuhl). 
A seborréia decorrente da afecção crônica, também requer tratamento e 
Scott et al. (1996) afirmaram que os ingredientes mais comuns dos produtos anti-
seborréicos são alcatrão, enxofre, ácido salicílico, peróxido de benzoíla e sulfeto 
de selênio. São geralmente aplicados em formulações de xampu. O peróxido de 
benzoíla (2,5 a 5%) é ceratolítico, antibacteriano, desengordurante, 
antipruriginoso e realiza a lavagem folicular. É metabolizado na pele a ácido 
benzóico, que lisa a substância intercelular na camada córnea para ter efeito 
ceratolítico. Por causa de sua poderosa ação desengordurante, o peróxido de 
benzoíla resseca excessivamente a pele normal com o uso prolongado e 
geralmente está contra-indicado na presença de pele seca. 
 
 
4.2.11 Discussão e conclusão 
 
Dentre os animais com dermatopatias de origem imunológica atendidos 
durante o estágio curricular supervisionado no HV/EV/UFG, todos apresentaram 
DAPP. A elevada representação de DAPP na esfera das enfermidades 
imunológicas da pele foi mencionada por Lucas (2006). 
Segundo Lucas (2006) não há predileção sexual ou etária, normalmente 
são acometidosanimais adultos jovens, sendo que a maioria dos casos ocorre 
entre dois e cinco anos de idade. No caso acompanhado no HV/EV/UFG, o 
animal não era jovem e apresentava oito anos de idade. 
Um dos principais motivos pelo qual a proprietária trouxe o cão para 
atendimento clínico foi o prurido muito intenso. Gram (2005) afirmou que mais de 
uma doença pode estar contribuindo para o prurido; se o tratamento para uma 
doença identificada não resultar em melhora, deve-se considerar outras causas. 
Medleau & Hnilica (2005) afirmaram que as lesões em cães com DAPP 
incluem erupções pruriginosas, pápulas, crostas, eritema, seborréia, alopecia, 
escoriações, piodermite, hiperpigmentação e/ou liquenificação. No animal 
atendido as lesões observadas no exame físico foram semelhantes às descritas. 
Greek & Karen (2005) afirmaram que as lesões se concentram em uma 
área triangular da região lombossacra-dorso-caudal, geralmente estão envolvidas 
a face caudal das coxas, a região inferior do abdômem, a região inguinal e a 
região cranial dos antebraços. No exame físico do paciente observou-se que as 
regiões acometidas eram as regiões abdominal, pescoço, axilas, virilhas, dorso, 
flanco e cabeça. 
Para Werner (2005) o tratamento para a otite externa inclui 
medicamentos sistêmicos com corticóides para reduzir a tumefação e dor. 
Prednisona 0,25-0,5mg/kg a cada 12 horas, somente por curto período. 
Tratamento tópico incluindo limpeza cuidadosa da orelha todos os dias, depois 
uma vez curados os sinais, a cada 3-7 dias com produtos anti-sépticos, 
adstringentes e ceruminolíticos. Antibióticos, antifúngicos, e/ou parasiticidas deve 
ser utilizados somente quando for confirmada a presença dos microorganismo(s). 
A cadela atendida no HV/EV/UFG apresentava otite externa com presença de 
eritema, hiperpigmentação, liquenificação e secreção, mas o tratamento não foi 
prescrito pelo médico veterinário responsável. 
A otite externa bilateral e a conjuntivite presentes na cadela atendida no 
HV/EV/UFG não foram citadas na literatura consultada como característica de 
DAPP, mas sim como característica de atopia canina segundo (Plant & Reedy, 
2005). 
Para Willemse (1998), Scott et al. (1996) e Greek & Kuhl (2005) o 
diagnóstico baseia-se na história, exame físico, teste intradérmico usando 
antígeno de pulga e resposta ao tratamento. No paciente não foi feito o teste 
intradérmico e o diagnóstico baseou-se principalmente na resposta do animal ao 
tratamento terapêutico estabelecido pelo veterinário responsável. 
Kuhl & Greek (2005) afirmaram que o diagnóstico diferencial inclui 
hipersensibilidade alimentar, atopia e sarna sarcóptica. Para descartar a 
escabiose foram feitos vários raspados de pele superficiais e profundos em vários 
locais diferentes da pele do animal. Tais exames foram negativos, além disso a 
paciente não possuía histórico compatível com escabiose. 
Scott et al. (1996), Willemse (1998), Medleau & Hnilica (2003) e Kuhl & 
Greek (2005) afirmaram que o tratamento da DAPP pode incluir completo controle 
de pulgas e glicocorticóides sitêmicos. No paciente atendido no HV/EV/UFG o 
tratamento prescrito incluiu completo controle das pulgas, glicocorticóides 
sistêmicos e tratamento tópico com xampu. 
Para o controle das pulgas e carrapatos no animal prescreveu-se o 
fipronil, mas com intervalos quinzenais e não mensais como conforme 
recomendado por Kuhl & Greek (2005). 
Para controle das pulgas e carrapatos do ambiente, Scott et al. (1996) 
citaram os produtos que contêm organofosforatos, piretrinas e/ou reguladores do 
crescimento de insetos. Para o controle externo da casa indicaram piretróides, 
organofosforados e também um regulador de crescimento de insetos. Para o 
proprietário do animal atendido no HV/UFG foi prescrito a permetrina tanto para o 
ambiente interno com para o ambiente externo da casa. 
Medleau & Hnilica (2003) afirmaram que no tratamento deve-se 
administrar glicorcoticóide sistêmico para auxiliar na cura do prurido, na dose de 
0,5 mg/kg VO de prednisona, em intervalos de 12 horas, durante três a sete dias. 
Foi prescrito para a cadela prednisona 0,5mg/kg, mas apenas uma vez ao dia, 
pela parte da manhã, durante dez dias. 
Como o animal apresentava seborréia oleosa intensa, foi prescrito 
banhos com xampu de peróxido de benzoíla 3,5%, como recomendado por Scott 
et al. (1996). 
No animal atendido o veterinário prescreveu um tratamento para o 
controle das pulgas e dos carrapatos no animal e no ambiente. Houve melhora 
dos sintomas após sete dias de tratamento. Observou-se diminuição das crostas, 
redução significativa do prurido e do eritema e ausência de pulgas e carrapatos. 
Scott et al. (1996) afirmaram que quando as pulgas não são vistas nos cães com 
DAPP, e o cliente realizou o controle adequado das pulgas, a persistência do 
prurido deve levar o clínico a prestar a atenção a uma hipersensibilidade 
concomitante, como atopia e hipersensibilidade alimentar. 
O proprietário não trouxe a cadela ao segundo retorno marcado. Após 
aproximadamente dois meses, já encerrado o estágio curricular obrigatório, foi 
informado que o animal foi levado novamente à consulta, pois os sintomas 
voltaram de uma forma ainda mais grave do que inicialmente. 
Gram (2005) citou que mais de uma doença pode estar contribuindo 
para o prurido; se o tratamento para uma doença identificada não resultar em 
melhora, deve-se considerar outras causas. No caso clínico descrito pôde-se 
observar que o tratamento prescrito não resultou em resolução definitiva dos 
sinais clínicos. Portanto, optou-se pelo emprego da dieta terapêutica. Pode-se 
destacar ainda que o cão atendido apresentava padrão de lesões e algumas 
alterações clínicas sugestivas de HA e atopia, como otite externa e conjuntivite, 
conforme citado por Plant & Reedy, (2005) e Nascente et al. (2006). 
Para Duclos (2005) a dieta precisa ser restrita a uma proteína e um 
carboidrato ao qual o animal tenha tido exposição prévia limitada ou nenhuma 
exposição anterior. Para a cadela, o veterinário prescreveu arroz integral, carne 
de coelho, óleo de canola e água mineral, durante 40 dias. 
Diante do caso clínico descrito e discutido, percebeu-se que a 
dermatologia veterinária exerce um papel importante na clínica de pequenos 
animais. Os sinais clínicos de várias dermatopatias são bastante semelhantes e 
que às vezes só é possível fechar um diagnóstico com um plano diagnóstico para 
descartar as possíveis enfermidades suspeitas pelo médico veterinário. Portanto, 
para obter sucesso em um caso dermatológico, o proprietário deve estar disposto 
a cumprir rigorosamente o plano de tratamento, pois muitas vezes este é longo e 
requer muita paciência e dedicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 CONCLUSÃO GERAL 
 
O estágio curricular supervisionado foi de fundamental importância para 
completar o aprendizado adquirido durante a graduação. 
Tive a oportunidade de vivenciar práticas da profissão, assim como as 
suas dificuldades, as perdas a as vitórias do dia-a-dia. Aprendeu-se que além de 
veterinários tem que ser também um pouco psicólogo para aprender a lidar com 
os proprietários e que ninguém sabe tudo, mas que os erros também são de 
grande valia, pois eles nos ensinam como não cometê-los novamente. 
A experiência obtida no HV/EV/UFG foi muito gratificante, todos os 
casos acompanhados foram de grande importância, principalmente os descritos 
neste trabalho de conclusão de curso. 
 Foram descritos dois casos dermatológicos porque além de gostar 
muito dessa área percebi que todos os dias os veterinários se deparavam com 
algum problema dermatológico. O melhor de tudo

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