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Estatuto do Desarmamento (lei 10.826/03) 1º Derrogação do art. 19 da Lei de Contravenções Penais: o estatuto do desarmamento revogou parcialmente o disposto no art. 19 da Lei Contravenções Penais em relação as armas de fogo. Assim, o porte ou a posse de arma de fogo configura os crimes do Estatuto do Desarmamento em não a contravenção do art. 19 da Lei de Contravenções. Há alguma consequência penal em portar arma branca?: como vimos, o Estatuto do Desarmamento revogou parcialmente o artigo 19 da Lei de Contravenções Penais em relação as armas de fogo. Com relação as armas brancas, alguns doutrinadores chegaram a afirmar que o seu porte seria o indiferente penal, estando o artigo 19 atualmente completamente revogado. O STJ, contudo, encampando a doutrina de Luiz Régis Prado, entende que o artigo 19 da Lei das Contravenções Penais continua em vigor, podendo o porte de arma branca configurar a aludida contravenção a depender do contexto fático e o potencial de lesividade (AgRg no RHC nº 331.694/SC). Nesse sentido, já decidiu o STJ haver a contravenção do artigo 19 quando o réu trazia consigo uma faca de 18 cm de lâmina dentro de uma mochila quando caminhava à noite na região central de Belo Horizonte e a notitia criminis, outrossim, foi no sentido de que ele teria agredido moradores de rua, condições que atraem a incidência da mencionada contravenção (HC 66979/MG). 2º Arma própria X Arma imprópria: O sentido do vocábulo de arma, segundo Luiz Regis Prado deve ser compreendido não só sob o aspecto técnico (arma própria), em que quer significar o instrumento destinado ao ataque ou defesa, mas também em sentido vulgar (arma imprópria), ou seja, qualquer outro instrumento que se torne vulnerante, bastando que seja utilizado de modo diverso daquele para o qual fora produzido (v.g., uma faca, um machado, uma foice, uma tesoura etc.) 1º Posse irregular de arma de fogo de uso permitido Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. a) Diferença entre posse e porte: posse consiste em manter a arma “intra muros”, no interior da residência ou local de trabalho. Porte é “extra muros”, ou seja, fora da residência ou local de trabalho. b) Possuir e manter: possuir significa ter a posse da arma de afogo, acessório ou munição, como se fosse seu proprietário. Manter significa conservar a arma de fogo, acessório ou munição consigo. c) Residência e dependência desta: a expressão residência equivale a casa. É o local habitado pelo agente. Já a dependência é lugar vinculado a residência, como o quintal e a piscina. d) Local de trabalho: local onde o agente exerce sua profissão, como uma empresa. A lei exige, contudo, que ele seja o titular ou responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. e) Espingarda de chumbinho: não é considerada arma de fogo, razão pela qual é fato atípico. f) Posse irregular de arma em estabelecimento militar: competência da Justiça Comum, e não da Justiça Militar para processar e julgar o caso, pois não se trata de crime militar (STJ – CC 49.689/RJ). g) Posse irregular de arma em residência de terceiro: nesse caso, o agente vai responder pelo delito de porte, previsto no art. 14 da Lei (STJ – HC 83.065/DF). h) Transporte de arma de fogo no interior de veículo: configura o delito de porte (Art. 14) e não de posse (Art. 12). i) Transporte de arma no interior de táxi: considerando que o táxi não configura residência, nem local de trabalho, mas sim instrumento de trabalho, por meio do qual o motorista exerce sua profissão de forma regular, sendo a rua o seu local de trabalho, o transporte de arma no interior de táxi configura o delito de porte (Art. 14) e não de posse (Art. 12). j) Transporte de arma no interior de caminhão: pelas mesmas razões acima expostas, o transporte configura o delito de porte (Art. 14) e não de posse (Art. 12) (STJ – HC 116.052/MG). l) Cabimento de restritiva de direitos: considerando que o delito ora comentado não possui, como elemento do tipo, a violência, nem a grave ameaça a pessoa, bem como a pena máxima é inferior a 04 anos, é possível, em tese, a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, desde que presente os demais requisitos do art. 44, do CP. m) Consumação: no momento em que o agente tem a arma de fogo, acessório ou munição, sob sua disponibilidade. n) Classificação: crime comum, na primeira parte, e próprio na segunda parte, pois o tipo exige que o agente seja titular ou responsável pelo estabelecimento ou empresa; permanente; de perigo abstrato; doloso; comissivo; de tentativa admissível e de mera conduta. o) Suspensão condicional do processo: admissível, pois a pena mínima não ultrapassa um ano. 2º Omissão de cautela Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. a) ausência de menor ou doente mental: para a doutrina, se a arma de fogo for esquecida em cima da mesa, mas no local não há nenhum menor ou enfermo mental que possa ter acesso a ela, a conduta é atípica. b) Concurso de crimes: o agente que tem a posse ilegal da arma e deixa ela ao alcance de um menor ou enfermo mental, responde pelos delitos de posse ilegal de arma de fogo (Art. 12) e omissão de cautela (Art. 13, em concurso de crimes). c) Arma de fogo guardada no móvel do quarto de casal desmuniciada e com munição guardada separadamente: fato atípico (APN 394/RN – STJ). d) Dupla obrigação: registrar a ocorrência em qualquer delegacia estadual e comunicar a Polícia Federal. No parágrafo único, o agente deve cumprir as duas obrigações impostas por lei. e) Prazo de 24 horas: o prazo é contado a partir da ciência do agente da perda, roubo ou extravio da arma de fogo, acessório ou munição. f) Consumação: no “caput” consuma-se no momento do apoderamento da arma pelo menor ou deficiente mental. No parágrafo único, após o decurso do prazo de 24 horas. g) Classificação “caput”: crime próprio, pois o tipo exige que o agente seja o proprietário ou possuidor da arma de fogo; instantâneo; de perigo abstrato; culposo; omissivo próprio; de tentativa admissível e de mera conduta. h) Classificação parágrafo único: crime próprio, pois o tipo exige que o agente seja o proprietário ou diretor responsável pela empresa de segurança e transporte de valores; instantâneo; de perigo abstrato; doloso; omissivo próprio; de tentativa admissível e de mera conduta. i) Suspensão condicional do processo: admissível, pois a pena mínima não ultrapassa um ano. 3º Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. a) Tipo misto alternativo: a prática de duas ou mais condutas descritas no tipo não gera concurso de crime, respondendo o agente por apenas um delito. b) Diferença entre porte e transporte: transportar significa levar a arma de um lugar para o outro, por meio do uso de um meio de transporte, como barco, automóvel etc. Portar significa carregar consigo. c) Transporte de arma até a delegacia para entregá-la: fato atípico (STJ – HC 94.673/MS). d) Arma quebrada e incapaz de realizar disparos: crime impossível, pois não há perigo ao bem jurídico tutelado, a segurança pública. e) Arma com funcionamento imperfeito: nesse caso, haverá crime. É o caso em que arma não está em perfeitas condições de funcionamento, mas ainda é capaz de produzir disparos (STF – HC 93.826/RS). f) Porte ilegal de arma desmuniciada: apesar de haver uma grande controvérsia na doutrina sobre o tema, o STF entende que o tipo previsto no art. 14 é de mera conduta, sendo suficiente para sua configuração a ação de portar ilegalmente a arma de fogo, ainda que desmuniciada (HC 95.073/MS e HC 96.922/RS). g) Porte ilegal de munição: no mesmo sentido, por considerar que o tipo do art. 14 é de perigo abstrato, o STF vem decidindo pela tipicidade da conduta do agente que é flagrado com munição, mas sem as armas (HC 113.295/SP e HC 131771/RJ). Uso de munição como pingente e aplicação do princípio da insignificância: É atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente, munição desacompanhada de arma (STF - HC 133984/MG). OBS: o julgado acima (HC 133.984/MG) não anula o entendimento tradicional de que o porte ilegal de munição é típico, em função do crime do artigo 14 ser de perigo abstrato. Ele foi proferido diante das peculiaridades do caso concreto, razão pela qual não anula o entendimento tradicional. h) Porte de arma de fogo em legítima defesa e em estado de necessidade: não há crime, em razão da presença das excludentes de ilicitudes. i) Arma desmontada: se estiver ao alcance do agente, permitindo-lhe a montagem em poucos segundos, haverá crime (STJ – HC 56.358/RJ). j) Policiais civis aposentados não têm porte de arma: O porte de arma de fogo a que têm direito os policiais civis não se estende aos policiais aposentados. Isso porque, de acordo com o art. 33 do Decreto 5.123/2004, que regulamentou o art. 6º da Lei 10.826/2003, o porte de arma de fogo está condicionado ao efetivo exercício das funções institucionais por parte dos policiais, motivo pelo qual não se estende aos aposentados (STJ - HC 267.058-SP). l) Porte de arma de fogo e homicídio: segundo o STF, deve-se observar a seguinte situação para que haja a absorção do crime de porte pelo de homicídio: Não haverá a absorção: O crime de porte não será absorvido se ficar provado nos autos que o agente portava ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades antes ou depois do homicídio e que ele não se utilizou da arma tão somente para praticar o assassinato. Ex: a instrução demonstrou que João adquiriu a arma de fogo três meses antes de matar Pedro e não a comprou com a exclusiva finalidade de ceifar a vida da vítima. Haverá a absorção: Se não houver provas de que o réu já portava a arma antes do homicídio ou se ficar provado que ele a utilizou somente para matar a vítima. Ex: o agente compra a arma de fogo e, em seguida, dirige- se até a casa da vítima, e contra ela desfere dois tiros, matando-a (HC 120678/PR). m) Porte ilegal de arma de fogo e roubo: não há concurso de crimes, já que o emprego da arma de fogo já funciona como causa especial de aumento de pena prevista no art. 157, §2º, I, do CP. n) Porte de mais de uma arma: haverá crime único. O tipo penal fala em portar arma, não especificando quantidade. o) Porte de arma de fogo por vigia após o horário de expediente: O fato de o empregador obrigar seu empregado a portar arma de fogo durante o exercício das atribuições de vigia não caracteriza coação moral irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir a culpabilidade do crime de "porte ilegal de arma de fogo de uso permitido" (art. 14 da Lei nº10.826/2003) atribuído ao empregado que tenha sido flagrado portando, em via pública, arma de fogo, após o término do expediente laboral, no percurso entre o trabalho e a sua residência. Segundo o Ministro Relator, esse argumento até poderia, em tese, justificar a aplicação da excludente de culpabilidade se o réu tivesse sido flagrado portando a arma no exercício de sua atividade laboral. No entanto, ele foi preso com o revólver quando já não estava mais trabalhando e fora dos limites da chácara (REsp 1.456.633-RS). p) Consumação: no momento da prática das condutas descritas no tipo, independentemente da produção de qualquer resultado, por se tratar de tipo de mera conduta. q) Vedação a fiança: o parágrafo único do art. 14, que veda a concessão de fiança, teve sua inconstitucionalidade declarada pelo STF na ADI 3.122/DF. Assim, é possível a fiança no crime ora analisado. r) Classificação: crime comum; instantâneo nas condutas adquirir, receber, ceder, emprestar, remeter e empregar; permanente nas condutas portar, deter, ter em depósito, transportar, manter sob sua guardar e ocultar; de perigo abstrato; doloso; de tentativa admissível e de mera conduta. s) Suspensão condicional do processo: não é cabível, pois a pena mínima é superior a um ano. 4º Disparo de arma de fogo Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. a) Diferença para o art. 132 do CP: no art. 132, o agente expõe a perigo pessoa certa e determinada. No art. 15 da Lei 10.826/03, o agente expõe a perigo um número indeterminado de pessoas. b) Local não habitado: em qualquer hipótese, se o disparo for feito em local não habitado, o fato será atípico, pois a segurança pública não corre perigo. c) Disparo de arma de fogo em legítima defesa ou estado de necessidade: não haverá crime, excluindo-se a ilicitude (Ex: atirar para repelir um roubo). d) Disparos realizados para o alto: configura o delito, se praticado em via pública ou em sua direção. e) Subsidiariedade expressa: trata-se de tipo penal expressamente subsidiário. Se a finalidade do disparo for a de praticar um homicídio, o agente responderá tão somente por esse crime, tentado ou consumado. f) Porte ilegal e disparo de arma de fogo: o porte será considerado “ante factum” impunível, ficando absorvido pelo delito de disparo de arma de fogo, por força do princípio da consunção (STJ – HC 94.673/MS). Em tese, é possível concurso entre posse irregular (Art. 12) e disparo de arma de fogo (Art. 15). g) Consumação: com o disparo da arma de fogo ou acionamento da munição por qualquer meio. h) Vedação a fiança: o parágrafo único do art. 15, que veda a concessão de fiança, teve sua inconstitucionalidade declarada pelo STF na ADI 3.122/DF. Assim, é possível a fiança no crime ora analisado i) Classificação: crime comum; instantâneo; de perigo abstrato; doloso; de tentativa admissível; de mera conduta. j) Suspensão condicional do processo: não é cabível, pois a pena mínima é superior a um ano. 5º Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. a) Tipo misto alternativo: a prática de duas ou mais condutas não gera o concurso de crimes, respondendo o agente por um só crime. b) Consumação: no momento da prática das condutas descritas no tipo, independentemente da produção de qualquer resultado, por trata-se de crime de mera conduta. c) Classificação: crime comum; instantâneo nas condutas adquirir, receber, ceder, emprestar, remeter e empregar; permanente nas condutas portar, deter, ter em depósito, transportar, manter sob sua guardar e ocultar; de perigo abstrato; doloso; de tentativa admissível e de mera conduta. d) Suspensão condicional do processo: não é cabível, pois a pena mínima é superior a um ano. e) Magistrado que mantém sob sua guarda arma ou munição de uso restrito não comete crime: O Conselheiro do Tribunal de Contas Estadual que mantém sob sua guarda arma ou munição de uso restrito não comete o crime do art. 16 da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). Os Conselheiros dos Tribunais de Contas são equiparados a magistrados e o art. 33, V, da LC 35/79 (LOMAN) garante aos magistrados o direito ao porte de arma de fogo (STJ - APn 657-PB). f) Parágrafo único, inciso I: trata-se do ato conhecido por “raspagem da arma”. O crime se consuma no instante da pratica das condutas descritas no tipo, independentemente da produção de qualquer resultado, por tratar- se de crime de mera conduta. Trata-se de crime comum, instantâneo; de perigo abstrato; doloso; comissivo; de tentativa admissível; de mera conduta. g) Parágrafo único, inciso II: modificação das características da arma de fogo (por exemplo, transformar um revólver calibre 32 em calibre 38). O tipo penal ainda exige um especial fim de agir, consistente em dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz. Não basta que o agente modifique as características da arma de fogo. O especial fim de agir deve estar presente em sua conduta, sob pena de atipicidade. Trata-se de crime comum, instantâneo; de perigo abstrato; doloso; comissivo; de tentativa admissível; de mera conduta. h) Parágrafo único, inciso III: posse, detenção, fabricação ou emprego de artefato explosivo ou incendiário. Por se tratar de crime de mera conduta, consuma-se no momento da pratica das condutas descritas no tipo. Trata-se de crime comum, instantâneo; de perigo abstrato; doloso; comissivo; de tentativa admissível; de mera conduta. Portar granada de gás lacrimogêneo ou de pimenta não configura crime do Estatuto do Desarmamento: A conduta de portar granada de gás lacrimogêneo ou granada de gás de pimenta não se subsome (amolda) ao delito previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram no conceito de artefatos explosivos (REsp 1627028/SP). i) Parágrafo único, inciso IV: porte, posse, aquisição, transporte ou fornecimento de arma raspada. Ainda que se trata de arma de uso permitido, o agente que está na posse de arma com numeração raspada, responde pelo delito descrito no art. 16, parágrafo único, inciso IV, e não pelo art. 12 (STJ – Resp1.036.597/RJ e STF – HC 99.582/RS). O STF também entende que haverá o crime em análise no caso de porte de arma de fogo desarmada com sinal de identificação suprimido (RHC 89.889/DF). O crime se consuma no momento da pratica das condutas descritas no tipo. Trata-se de crime comum, instantâneo, nas condutas adquirir e fornece; permanente, nas condutas portar, possuir e transportar; de perigo abstrato; doloso; comissivo; de tentativa admissível; de mera conduta. j) Parágrafo único, inciso V: esse inciso revogou parcialmente o art. 242, do ECA, que agora somente é aplicável para armas de outra natureza, que não seja de fogo. Trata-se de crime comum, instantâneo; de perigo abstrato; doloso; comissivo; de tentativa admissível; de mera conduta. l) Parágrafo único, inciso VI: Trata-se de crime comum, instantâneo; de perigo abstrato; doloso; comissivo; de tentativa admissível; de mera conduta. 6º Comércio ilegal de arma de fogo Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. a) Princípio da especialidade: o art. 17 do Estatuto do Desarmamento é tipo especial em relação ao art. 180, §1º, do CP, afastando, assim, sua aplicação. b) Consumação: no momento da pratica das condutas descritas no tipo, independentemente da produção de qualquer resultado, por tratar-se de crime de mera conduta. c) Classificação: crime próprio, pois o tipo penal exige a condição de comerciante ou industrial; instantâneo, nas condutas adquirir, fornecer, receber, adulterar, vender, desmontar, montar e utilizar; permanente, nas condutas alugar, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito e expor a venda; de perigo abstrato; doloso; comissivo; de tentativa admissível; de mera conduta. d) Suspensão condicional do processo: não é cabível, pois a pena mínima é superior a um ano. 7º Tráfico internacional de arma de fogo Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. a) Princípio da especialidade: o artigo 18 do Estatuto do desarmamento constitui tipo penal especial em relação ao art. 334-A e art. 318 (na conduta fornecer) do Código Penal, afastando, dessa forma, sua incidência. Por sua vez, o art. 12 da Lei de Crimes Contra a Segurança Nacional (Lei 7.170/83), prevê como crime “importar ou introduzir, no território nacional, por qualquer forma, sem autorização da autoridade federal competente, armamento ou material militar privativo das Forças Armadas”. Assim, caso o agente importe ou introduza material militar privativo das forças armadas estará cometendo o crime do art. 12 da Lei 7.170/83 e não do art. 18 do Estatutodo desarmamento. Importação ou exportação de explosivo: tendo em vista que o art. 18 da Lei não contempla o explosivo, a conduta será tipificada no art. 334-A, do CP, por força do princípio da subsidiariedade. b) Arma de brinquedo, simulacros ou réplicas de arma de fogo: o fato será atípico em relação ao tipo penal em comento, pois não é arma de fogo. Contudo, o art. 26 do Estatuto do Desarmamento proíbe a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. Assim, tais objetos passaram a ter importação proibida no país, logo a importação brinquedo, simulacros ou réplicas de arma de fogo configura o crime de contrabando, previsto no art. 334-A, do CP. c) Importação de colete à prova de balas: Configura crime de contrabando a importação de colete à prova de balas sem prévia autorização do Comando do Exército (STJ - RHC 62.851-PR). d) Arma de ar comprimido: configuram o crime de contrabando. A importação de arma de pressão está sujeita à autorização prévia da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro, e só pode ser feita por colecionadores, atiradores e caçadores registrados no Exército. Além disso, deve se submeter às normas de desembaraço alfandegário previstas no Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados. Assim, trata-se de mercadoria de proibição relativa, sendo a sua importação fiscalizada não apenas por questões de ordem tributária, mas outros interesses ligados à segurança pública (REsp 1.427.796-RS). e) Competência para processo e julgamento: a competência para processo e julgamento será da Justiça Federal, por haver interesse da União em relação ao seu exercício de fiscalização alfandegária. f) Consumação: no momento da pratica das condutas descritas no tipo, independentemente da produção de qualquer resultado, por tratar-se de crime de mera conduta. g) Classificação: crime comum; instantâneo; de perigo abstrato; doloso; comissivo; de tentativa admissível; de mera conduta. h) Suspensão condicional do processo: não é cabível, pois a pena mínima é superior a um ano. Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito. Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei. Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória O artigo 21 foi declarado inconstitucional pelo STF, por meio da ADI 3.112/DF. Bibliografia consultada para elaboração da apostila e indicada para aprofundamento do tema: - Leis Penais Especiais para Concursos – Gabriel Habib. - Dizer o Direito (http://www.dizerodireito.com.br/).
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