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Aula 12. AN. Paciente Hospitalizado.pdf

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Avaliação nutricional de 
pacientes hospitalizados
Disciplina: Avaliação Nutricional
Prof ª Fany G. S. Crispim e Profª Daniela Silveira
Profa. Camila Munafó Serpa
O que avaliar em pacientes hospitalizados?
1. História Clínica:
◼ alterações do apetite
◼ hábito intestinal
◼ presença de alterações gastrointestinais como náuseas, vômitos, disfagia
◼ condições de mastigação
◼ presença de doenças crônicas
◼ alterações no peso corporal recente ou baixo peso
◼ uso de medicamentos e efeitos colaterais
◼ condições psicossociais
2. Exame Físico
◼ Visa detectar sinais clínicos indicativos ou sugestivos de 
deficiência nutricional
◼ Avaliação de Sinais Clínicos ➔ identificar alterações de 
tecidos orgânicos e de órgãos externos como: pele, 
mucosas, cabelos, olhos, unhas, etc.
◼ Presença de alterações ➔ podem estar relacionadas 
com possível alimentação inadequada ou carências 
nutricionais causadas secundariamente por doenças.
2. Exame Físico
◼ Principal limitação do método:
DIFÍCIL INTERPRETAÇÃO NA FASE INICIAL 
DA CARÊNCIA NUTRICIONAL
NÃO É CONSIDERADO BOM INDICADOR 
PRECOCE DE DESNUTRIÇÃO
CABELOS
ASCITE
GLÂNDULAS
AUMENTO DA TIREOIDE
UNHAS
OLHOS
BOCA
Língua dolorosa e glossite
Def. niacina, ácido fólico, riboflavina, 
ferro, B12, piridoxina
Fissura na língua
Def. Niacina
Estomatite e queilose angular ➔ deficiência de 
zinco, riboflavina, vitamina C
Língua: atrofia de papilas – def. riboflavina, 
niacina e ferro
Hemorragia gengival - def. vit C e riboflavina
Petéquias e hemorragia folicular – Def. Vit. C 
e/ou Vit K
PELE
Pelagra ➔ deficiência de niacina (B3)
Xerose
Def. Vitamina A
Seborreia Nasolabial
Def. Riboflavina e ácidos graxos 
essenciais
3. História Alimentar (Anamnese Alimentar)
Roteiro:
◼ idade
◼ profissão ou atividade desenvolvida
◼ atividade física
◼ responsável pelo preparo da alimentação
◼ número, horário e local das refeições
◼ hábitos alimentares
◼ preferências alimentares e/ou alimentos ou preparações que 
aliviam os sintomas
◼ intolerância alimentar e/ou alimentos ou preparações que pioram 
os sintomas
◼ alterações no consumo alimentar: tipo e duração
◼ avaliação do consumo alimentar: Recordatório de 24 hs, 
Questionário de Frequência Alimentar e outros.
4. Antropometria
◼ Peso – atual aferido, habitual relatado ou atual estimado
◼ % de adequação do peso ideal ou Peso Habitual;
◼ IMC;
◼ Para acamados: 
* estimativa de Estatura (AJ)
* estimativa de Peso (AJ + CB)
◼ Dobras Cutâneas (DCT, DCSE)
◼ Circunferência da Panturrilha (para idosos)
Índice de Massa Corporal
IMC = Peso Corporal (Kg)
Estatura2 (m)
Classificação: 
Adultos adaptado de OMS (2000)
Classificação IMC (Kg/m2)
Baixo Peso < 18,5
Eutrofia 18,5 a 24,99
Sobrepeso 25 a 29,99
Obesidade classe I 30 a 34,99
Obesidade classe II 35 a 39,99
Obesidade classe III ≥ 40
Índice de Massa Corporal
Classificação: 
Idosos 
❑Lipschitz, 1994 – adotado pelo MS – SISVAN, 2004
Classificação IMC (Kg/m2)
Baixo Peso < 22
Eutrofia 22 a 27
Excesso de Peso > 27
❑Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS, 2001
Classificação IMC (Kg/m2)
Baixo Peso < 23
Peso Normal 23 a < 28
Sobrepeso 28 a < 30
Obesidade ≥ 30
Estimativa de peso corporal desejável – Peso 
Ideal por IMC
PI = A2 x IMC desejável
Adulto
Peso Ideal Mínimo = A2 x 18,5
Peso Ideal Médio = A2 x 22,0
Peso Ideal Máximo = A2 x 24,9
ATENÇÃO: Para indivíduos com IMC > 30 kg/m2:
Ajuste de P. Ideal = (P. Atual - P. Ideal) x 0,25 + P. Ideal
Estimativa de peso corporal desejável – Peso 
Ideal por IMC
PI = A2 x IMC desejável
IMC ideal para Idoso → 25 kg/m2
Peso Ideal para idoso ➔ A2 x 25
% de Adequação do Peso
Percentual do peso corporal ideal (%PI): 
%PI = (Peso atual / Peso ideal) x 100
DIAGNÓSTICO % Peso
Obesidade Mórbida > 145
Obesidade 120 – 145
Sobrepeso 110 – 119
Eutrofia 90 – 109
Desnutrição calórica leve 80 – 89
Desnutrição calórica moderada 70 – 79
Desnutrição calórica grave < 69
Classificação do estado nutricional segundo a %PI
% de Adequação do Peso
Percentual do peso corporal habitual (%PH): 
%PH = (Peso atual / Peso habitual) x 100
DIAGNÓSTICO % Peso
Obesidade Mórbida > 145
Obesidade 120 – 145
Sobrepeso 110 – 119
Eutrofia 90 – 109
Desnutrição calórica leve 80 – 89
Desnutrição calórica moderada 70 – 79
Desnutrição calórica grave < 69
Classificação do estado nutricional segundo a %PH
ALTERAÇÃO DE PESO
Perda de Peso ➔ a perda de peso em relação ao peso 
habitual é considerada um Resultado Negativo.
◼ até 5% ➔ perda de peso pequena
◼ de 5 a 10% ➔ perda de peso potencialmente significativa
◼ acima de 10% ➔ perda de peso definitivamente 
significativa
OU CONFORME O TEMPO PERDIDO
Classificação:
Período Perda moderada (%) Perda intensa (%)
1 semana 1,0 – 2,0 > 2,0
1 mês 5,0 > 5,0
3 meses 7,5 > 7,5
6 meses 10,0 > 10,0
Fonte: Blackburn & Bistrian, 1977
Estimativa de Estatura (AJ)
Frisancho, 1990:
◼ HOMENS: 
Estatura = [2,02 x AJ (cm)] – [0,04 x idade (anos)] + 64,19
◼ MULHERES: 
Estatura = [1,83 x AJ (cm)] – [0,24 x idade (anos)] + 84,88
AJ= altura do joelho
Estimativa de Estatura (AJ)
IDADE/SEXO/RAÇA EQUAÇÃO
MULHERES
Negras 
6-18 anos Estatura = 46,59 + (2,02 x AJ)
19-60 anos Estatura = 68,10 + (1,86 x AJ) – (0,06 x idade)
Mais de 60 anos Estatura = 58,72 + (1,96 x AJ)
Brancas 
6-18 anos Estatura = 43,21 + (2,14 x AJ)
19-60 anos Estatura = 70,25 + (1,87 X AJ) – (0,06 x idade)
Mais de 60 anos Estatura = 75,00 + (1,91 x AJ) – (0,17 x idade)
HOMENS
Negros 
6-18 anos Estatura = 39,60 + (2,18 x AJ)
19-60 anos Estatura = 73,42 + (1,79 x AJ)
Mais de 60 anos Estatura = 95,79 + (1,37 x AJ)
Brancos
6-18 anos Estatura = 40,54 + (2,22 x AJ)
19-60 anos Estatura = 71,85 + (1,88 x AJ)
Mais de 60 anos Estatura = 59,01 + (2,08 x AJ)
Chumlea, 1994:
Altura do joelho (AJ)
✓ Referência anatômica:
✓ junção da extremidade distal do fêmur – encontro com a patela.
✓ Região do calcanhar na planta do pé.
✓ Posição do avaliado:
✓ Deitado em decúbito dorsal ou sentado
✓ Perna direita flexionada formando um ângulo de 90° entre a tíbia e o 
fêmur
✓ Instrumento: fita métrica inextensível ou antropômetro
infantil
• Dobrar a perna esquerda de maneira a formar um ângulo 
de 90º entre o joelho e a coxa e entre o pé e a perna.
• Mede-se a distância entre a base do calcanhar e parte 
superior da patela (paquímetro, antropômetro infantil ou fita 
métrica inelástica). 
Altura do joelho (AJ)
Envergadura 
Correlaciona-se diretamente com a
estatura do indivíduo.
Referência anatômica:
Ponto dactiloidal esquerdo
Ponto dactiloidal direito
Posição do avaliado: 
Em pé ou sentado com as costas alongadas
Ambos braços suspensos e esticados formando ângulo 
de 90º em relação ao corpo
Instrumentos: Fita métrica.
Hemienvergadura
 Medida do braço até o meio do peito
 OMS, 1999 
 Ambos lados devem ser medidos. Se houver 
discrepância, a medida deve ser repetida e deve-se 
considerar a mais longa. A altura em metros pode então 
ser calculada como se segue:
Instrumentos: Fita métrica.
Altura = [0.73 x (2 x a metade da envergadura dos braços em metro) ] + 0.43 
Medição no Leito ou Altura Recumbente
Referência anatômica:
▪ Vértex (ponto mais 
alto da cabeça)
▪ Região do calcanhar 
na planta do pé 
▪ Coloca-se o paciente em posição supina, cabeça e corpo retos, 
olhar no teto, e com o leito completamente na horizontal.
▪ Marca-se no lençol a posição do topo da cabeça e da base do pé 
(ambos utilizandorégua tipo esquadro).
▪ Mede-se então a distância entre esses pontos.
▪ A altura recumbente é aproximadamente 3,68 cm a mais que a 
altura aferida em pé (Gray et al, 1985).
PESO
Avaliação Nutricional 
Antropometria
PESO
• CHUMLEA e cols. (1987):
Mulheres
Peso = (PB x 1,63) + (CP x 1,43) – 37,46
Peso = (PB x 0,92) + (CP x 1,50) + (DCT x 0,42) – 26,19
Peso = (PB x 0,98) + (CP x 1,27) + (DCT x 0,40) + (AJ x 0,87) – 62,35
Homens
Peso = (PB x 2,31) + (CP x 1,50) – 50,10
Peso = (PB x 1,92) + (CP x 1,44) + (DCT x 0,26) – 39,97
Peso = (PB x 1,73) + (CP x 0,98) + (DCT x 0,37) + (AJ x 1,16) – 81,69
Antropometria
▪ Estimado:
PB : perímetro do braço; CP: circunferência da panturrilha; DCT: dobra cutânea 
triciptal; AJ: altura do joelho
Estimativa de Peso (AJ + CB)
▪ Chumlea, 1988:
Mulheres
Peso (kg) = (0,98 x CB) + (1,27 x CP) + (0,4 x DSE) + (0,87 x AJ) – 62,35
Homens
Peso (kg) = (1,73 x CB) + (0,98 x CP) + (0,37 x DSE) + (1,16 x AJ) – 81,69
Estimativa de Peso (AJ + CB)
Idade (anos)/sexo Raça Equações
MULHERES
6 – 18 Negra Peso = (AJ x 0,71) + (CB x 2,59) – 50,43
6 – 18 Branca Peso = (AJ x 0,77) + (CB x 2,47) - 50,16
19 – 59 Negra Peso = (AJ x 1,24) + (CB x 2,97) – 82,48
19 – 59 Branca Peso = (AJ x 1,01) + (CB x 2,81) – 66,04
60 – 80 Negra Peso = (AJ x 1,50) + (CB x 2,58) – 84,22
60 – 80 Branca Peso = (AJ x 1,09) + (CB x 2,68) – 65,51
HOMENS
6 – 18 Negro Peso = (AJ x 0,59) + (CB x 2,73) – 48,32
6 – 18 Branco Peso = (AJ x 0,68) + (CB x 2,64) – 50,08
19 – 59 Negro Peso = (AJ x 1,09) + (CB x 3,14) – 83,72
19 – 59 Branco Peso = (AJ x 1,19) + (CB x 3,21) – 86,82
60 – 80 Negro Peso = (AJ x 0,44) + (CB x 2,86) – 39,21
60 – 80 Branco Peso = (AJ x 1,10) + (CB x 3,07) – 75,81
▪ Lee, 1990:
Circunferências
Circunferência do Braço 
Circunferências e Áreas Muscular e Adiposa 
do Braço
• Utilizam-se equações para estimar os valores
• Necessário medir CB e DCT
Estimativa de peso corporal para pacientes 
edemaciados
Peso = Peso atual – Peso resultante do edema
Grau de edema Peso a ser subtraído
+ tornozelo 1kg
++ joelho 3 a 4 kg
+++ raiz da coxa 5 a 6 kg
++++ anasarca 10 a 12 kg
Fonte: DUARTE; CASTELLANI, 2002.
Estimativa de peso corporal para pacientes 
edemaciados
Peso = Peso atual – Peso resultante do edema
Grau da 
ascite/edema
Peso ascítico (kg) Edema periférico 
(kg)
Leve 2,2 1,0
Moderado 6,0 5,0
Grave 14,0 10,0
Fonte: JAMES, 1989.
AVALIAÇÃO DE 
EDEMAS (cruzes)
Edema de tornozelo
Edema de perna até joelho
Edema perna até RAIZ DA COXA
Edema periférico (membros 
inferiores e superiores) 
Edema generalizado (anasarca) 
ASCITE
5. Dados Bioquímicos:
Proteínas Plasmáticas (estado nutricional proteico):
◼ Albumina
◼ Pré-albumina
◼ Transferrina
◼ RBP
Sistema Imune:
◼ Contagem linfocitária total
◼ Testes cutâneos
-
Dados 
Bioquímicos
1 - INDICADORES 
CLÍNICOS PARA 
DESNUTRIÇÃO 
(MARASMO E 
KWASHIORKOR)
Dados Bioquímicos
1 - INDICADORES CLÍNICOS PARA DESNUTRIÇÃO (MARASMO E KWASHIORKOR)
Marasmo % Peso Ideal % ICA Testes Cutâneos 
(mm)
Moderado 60 a 80 60 a 80 10 - 5
Severo < 60 < 60 < 5
Kwashiorkor Albumina 
sérica
(g/dl)
Transferrina sérica
( mg/dl)
Testes cutâneos 
(mm)
Linfócitos 
totais
Moderado 2,1 a 3,0 100 a 150 10 - 5 800 - 1200
Severo < 2,1 < 100 < 5 < 800
1 - INDICADORES CLÍNICOS PARA DESNUTRIÇÃO (MARASMO E KWASHIORKOR)
* %ICA - índice de Creatinina Altura
Dados Bioquímicos
2- ÍNDICES COMPOSTOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO 
ADULTO:
a) Índice de Risco Nutricional (IRN):
IRN = {(1,519 x albumina g/L) + [0,417 x (Peso atual/Peso habitual)]} x 100
Classificação:
IRN  100% = normal
IRN = 97,5 a 99,9 = limítrofe 
IRN = 83,5 a 97,4 = desnutrido moderado
IRN < 83,4 = desnutrido grave
Dados Bioquímicos
b) Avaliação Nutricional Instantânea:
Albumina < 3,5g/dL
Linfócitos < 1500 células/mm3
OBS: o exame de 
albumina é dosado em 
g/dL. Na equação pede-
se g/L ➔ então deve-se 
dividir o valor por 10
3 - Outros exames específicos para a hipótese diagnóstica 
ou controle de patologia já adquirida
◼ FUNÇÃO CARDIOVASCULAR
◼ DM
◼ FUNÇÃO RENAL
◼ FUNÇÃO HEPÁTICA
◼ DEFICIÊNCIAS VITAMÍNICAS/MINERAIS
◼ HEMOGRAMA E PERFIL FERRO
-
Dados Bioquímicos
VAMOS PRATICAR?
Você é nutricionista da UTI de um hospital, e necessita
fazer avaliação nutricional do paciente para definir
necessidade energética e VET da dieta enteral. O caso
é o seguinte:
Homem, 67 anos, internado há 1 semana por
pneumonia grave, IRC e diabetes, acamado, com
edema generalizado grave.
Veja as fotos a seguir:
Com auxílio da equipe de enfermagem, foi possível
aferir as seguintes medidas:
CB= 37 cm (com edema)
AJ= 52,5 cm
CP= 38 cm (com edema)
OBS: Peso habitual (antes da internação) relatado pela
esposa = 90 Kg
Exame de albumina atual: 3,3 g/dL
Avalie o paciente conforme se pede (próximo slide):
▪ Calcule a estimativa de estatura por Chumlea, 1994.
▪ Calcule a estimativa de peso por Lee, 1990.
▪ Calcule a correção do peso, descontando a anasarca
(edema periférico grave).
▪ Calcule e classifique o IMC por OPAS (peso corrigido).
▪ Calcule o peso ideal.
▪ Calcule e classifique o percentual de perda de peso
(%PPR).
▪ Calcule o Índice de Risco Nutricional (IRN) do
paciente.
▪ Elabore o diagnóstico nutricional final, relatando
apenas as classificações do IMC, da % de perda de
peso e IRN.

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