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CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Aula 06 Olá, Pessoal! Está é nossa sexta aula do curso. Nela, veremos os seguintes itens dos editais: TCU: 7. Novas tecnologias de gestão (reengenharia, qualidade, planejamento estratégico, Balanced ScoreCard) e tecnologias da informação e comunicação: impactos sobre a configuração das organizações públicas e sobre os processos de gestão. 8. Excelência nos serviços públicos. CGU: 11. Excelência nos serviços públicos. ÍNDICE 1 Planejamento Estratégico .............................................................................................2 2 Balanced Scorecard ...................................................................................................16 3 Reengenharia .............................................................................................................28 4 Downsizing .................................................................................................................38 5 Qualidade Total ..........................................................................................................39 6 Excelência nos Serviços Públicos ..............................................................................52 7 Questões Comentadas ...............................................................................................60 8 Lista das Questões .....................................................................................................87 9 Gabarito ......................................................................................................................98 10 Leitura Sugerida.......................................................................................................99 11 Bibliografia ...............................................................................................................99 1 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 1 Planejamento Estratégico Um autor que o CESPE gosta muito de usar é o Djalma de Oliveira, que tem vários livros sobre estratégia, sendo o mais importante “Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia, práticas”. Esse livro vai ser a base de nosso estudo. Vocês já devem ter ouvido falar nas quatro funções administrativas: planejamento, organização, direção e controle. Segundo o princípio da precedência do planejamento, esta função administrativa vem antes das outras. Na realidade, é difícil separar e seqüenciar as funções administrativas, mas pode-se considerar que, de maneira geral, o planejamento aparece na ponta do processo. Como conseqüência, ele assume uma situação de maior importância no processo administrativo. Sem o planejamento não há base para a organização e controle. O planejamento é o alicerce sobre o qual operam as demais funções administrativas. Djalma de Oliveira cita ainda dois outros princípios gerais do planejamento. O princípio da contribuição aos objetivos determina que o planejamento deve visar sempre aos objetivos máximos da empresa. No processo de planejamento deve-se hierarquizar os objetivos estabelecidos. Já o princípio da maior penetração e abrangência, também chamado de princípio da universalidade, se baseia no fato de que o planejamento pode provocar uma série de modificações nas características e atividades da empresa. As modificações provocadas nas pessoas podem corresponder à necessidade de treinamento, substituição, transferências, funções, avaliação, etc. Na tecnologia, pode ser apresentada pela evolução dos conhecimentos, pelas novas maneiras de fazer os trabalhos, etc. E nos sistemas podem ocorrer alterações nas responsabilidades estabelecidas, nos níveis de autoridade, descentralização, comunicações, etc. O princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade defende que o planejamento deve procurar maximizar os resultados e minimizar as deficiências. Através desses aspectos, o planejamento procura proporcionar a empresa uma situação de eficiência, eficácia e efetividade. O planejamento define onde a organização quer estar no futuro e como chegar lá. Portanto, temos aqui dois aspectos no conceito de planejamento: 1) Onde se quer chegar; 2) Como chegar lá. Existem três tipos de planejamento: a) Estratégico; b) Tático; c) Operacional A diferença entre eles se refere ao nível hierárquico em que são elaborados, a abrangência em relação às unidades e o período para o qual se referem Vejamos algumas definições de Planejamento ESTRATÉGICO: 2 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Philip KOTLER: “O Planejamento Estratégico é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela Organização, visando maior grau de interação com o ambiente”. Mosimann e Fisch, “a finalidade do planejamento estratégico é estabelecer quais serão os caminhos a serem percorridos para atingir a situação desejada. É a arte da passagem do estágio onde estou para o estágio onde quero ir”. Maximiano caracteriza o planejamento estratégico como “o processo de elaborar uma estratégia (ou plano estratégico), com base na análise do ambiente e nos sistemas internos da organização”. Bateman e Snell argumentam que o planejamento estratégico “envolve a tomada de decisões sobre os objetivos e estratégias de longo prazo e que afetam a organização como um todo”. Podemos resumir que o planejamento estratégico é um processo gerencial que busca estabelecer objetivos para a organização como um todo e estabelecer os caminhos a serem seguidos com o objetivo de otimizar sua relação com o ambiente. Aqui podemos identificar algumas das características que o diferenciam dos planejamentos tático e operacional: ƒ É responsabilidade da cúpula da organização; ƒ Envolve a organização como um todo; ƒ Planejamento de longo prazo. Segundo o Chiavenato, “o planejamento estratégico está relacionado com os objetivos de médio e longo prazo que afetam a direção ou a viabilidade da empresa”. Assim, o planejamento estratégico não seria apenas para o longo prazo, mas também para o médio prazo. Contudo, segundo o CESPE, deve ser para o longo prazo, conforma a questão abaixo: 1. (CESPE/PRODEST/2006) O horizonte temporal do planejamento estratégico deve ser de longo prazo. A questão foi dada como CERTA. Segundo Chiavenato, o planejamento estratégico poderia ser também para o médio prazo. Mas, o que devemos guardar é a posição do CESPE. Outro ponto importante é que o planejamento estratégico é de responsabilidade da cúpula estratégica. Contudo, isto não significa que o restante da organização não pode participar do processo, pelo contrário, deve haver participação dos demais funcionários. Mas, a responsabilidade pela sua elaboração é dos níveis hierárquicos mais altos. Vamos dar uma olhada na questão abaixo: 2. (CESPE/PETROBRAS/2007) Na elaboração do planejamento estratégico da PETROBRAS, o funcionário responsável por esse 3 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS trabalho deverá considerar o princípio da precedência do planejamento, segundo o qual essa função administrativa deve vir antes das demais. O princípio daprecedência determina que o planejamento deve vir antes das demais funções administrativas (organizar, dirigir, controlar). Por isso o gabarito preliminar desta questão foi dado como certo. Contudo, ela foi ANULADA com a seguinte justificativa: Anulado por possibilitar dupla interpretação. O emprego da expressão “o funcionário responsável” pode ter induzido a erro os candidatos, em razão de o processo de planejamento estratégico ser conduzido pela alta gerência e, especialmente em uma empresa da dimensão da Petrobras, por equipes capacitadas. Portanto, podemos ver como o CESPE leva a sério esta idéia de que o planejamento estratégico é feito pela alta cúpula. Ele não poderia ser feito por um “funcionário”. Mas, lembrem-se, a participação dos funcionários não é proibida, como podemos ver nesta próxima questão. 3. (CESPE/PRODEST/2006) Embora seja de responsabilidade da cúpula da organização, é recomendável que o processo de planejamento estratégico envolva a participação de todos os demais níveis organizacionais. A questão é CERTA. Por fim, a terceira característica importante é que o planejamento estratégico envolve a organização como um todo e sua relação com ambiente. Portanto, é nele que é analisado o ambiente externo conjuntamente com o interno, como o objetivo de identificar oportunidades, ameaças, forças e fraquezas, conforme a análise SWOT. Além disso, ele é feito tendo em vista a organização como um todo, e não partes específicas. Já o Planejamento TÁTICO será uma setorização do planejamento estratégico. Se este envolvia a organização como um todo, aquele vai fazer um planejamento para um setor da organização. Ele trabalha com decomposições dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidos no planejamento estratégico. Ele é desenvolvido em níveis organizacionais intermediários, como as gerências de recursos humanos, de marketing, financeira, etc., tendo como principal função a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de objetivos previamente fixados. O planejamento tático tipicamente tem um horizonte de tempo mais curto do que o planejamento estratégico. Segundo Chiavenato, “os planos táticos referem-se a cada departamento ou unidade da organização e seu foco é no médio prazo, isto é, no exercício anual”. O Planejamento OPERACIONAL é o desdobramento do planejamento tático. Pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidos. É neste nível que são 4 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS estabelecidos os objetivos e estratégias operacionais, que definem as ações específicas que permitem realizar os objetivos dos níveis anteriores. São planos desenvolvidos nos níveis mais baixos da organização para especificar as etapas de ação para realização das metas operacionais e para sustentar os planos táticos. O planejamento operacional é a ferramenta do gerente de departamento para as operações diárias e semanais. Seu horizonte de tempo é o curto prazo. Vamos ver na tabela a seguir as principais diferenças entre os três tipos de planejamento. Estratégico Tático Operacional Prazo Longo Médio Curto Amplitude Toda a organização Determinado Setor Determinada Atividade Nível Hierárquico Alta Cúpula Gerências Setoriais Operacional Riscos Maiores Intermediários Menores Cada um destes três planejamentos resulta num produto, num documento. O estratégico formula o plano, o tático o programa e o operacional o projeto. Portanto: ƒ Plano: é um documento utilizado para o registro de decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. O processo de tomada de decisões começa com a adoção de postulados gerais que depois são desagregados e especificados. ƒ Programa: é, basicamente, um aprofundamento do plano: os objetivos setoriais do plano irão constituir os objetivos gerais do programa. È o documento que detalha por setor, a política, diretrizes, metas e medidas instrumentais. É a setorização do plano. ƒ Projeto: é o documento que sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de uma unidade de ação. É, portanto, a unidade elementar do processo sistemático da racionalização de decisões. Constitui-se da proposição de produção de algum bem ou serviço, com emprego de técnicas determinadas e com o objetivo de obter resultados definidos. Podemos dizer que o plano contém o programa, que contém o projeto. Assim, os planejamentos inferiores devem estar de acordo com os superiores. O planejamento tático tem que ser formulado com base nas premissas do planejamento estratégico; e o planejamento operacional deve estar alinhado tanto com o planejamento tático quanto o estratégico. Vamos nos deter agora no planejamento estratégico, que é uma das novas ferramentas gerenciais importantes para o setor público. Djalma de Oliveira desenvolveu uma metodologia de elaboração e implementação do planejamento estratégico. Nessa metodologia, definiu as fases essenciais do processo. 5 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 1.1 Fases do Planejamento Estratégico Um dos grandes problemas de questões de concursos públicos, principalmente em administração, é que as bancas escolhem determinados autores e cobram seus conceitos como se fossem a Verdade, apesar de diversos outros autores trazerem formas diferentes de se conceituar as mesmas questões. Quando falamos em fases do planejamento estratégico, teremos pela frente inúmeros autores estabelecendo inúmeras fases diferentes. Contudo, temos que saber aquelas que a banca considera como as corretas. O CESPE usa a metodologia do Djalma de Oliveira. Contudo, ele mesmo coloca que, quando se considera a metodologia para o desenvolvimento estratégico nas empresas, têm-se duas possibilidades: ƒ Primeiro se define onde se quer chegar e depois se estabelece como a empresa está para se chegar a situação desejada. Isto significa que primeiro se estabelece a missão para depois ser feito o diagnóstico estratégico. ƒ Primeiro verifica-se como se está para então se estabelecer onde quer chegar. O diagnóstico estratégico vem antes da definição da missão. A vantagem do primeiro método é a possibilidade de maior criatividade no processo pela não-existência de grandes restrições. Já a segundo metodologia apresenta a vantagem de colocar o executivo com o pé no chão, já que na anterior o processo pode ser muito mais ambicioso. Kotler afirma que esse é um debate sem solução na literatura administrativa. Ele mesmo coloca um modelo baseado na primeira metodologia. A primeira etapa desse modelo é a declaração da visão e missão (onde se quer chegar), para depois ser feita a análise do ambiente interno e do externo (como se está). Já Djalma de Oliveira desenvolveu seu modelo com base na segunda metodologia, definindo as seguintes fases do planejamento estratégico: I. Diagnóstico estratégico; 6 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS II. Missão da empresa; III. Instrumentos prescritivos e quantitativos; IV. Controle e avaliação Temos que tomar cuidado nas questões do CESPE, como podemos ver nestas questõesabaixo. 4. (CESPE/TJDFT/2008) No processo de planejamento, a definição da nova missão da organização deve ocorrer após a etapa de diagnóstico estratégico. O gabarito preliminar desta questão era certa. Mas o CESPE percebeu a besteira que estava fazendo e ela foi ANULADA com a seguinte justificativa: Embora a seqüência apresentada no item seja sugerida por muitos autores, não é obrigatória, especialmente quanto à procedência da definição da missão organizacional. Além disso, deve-se considerar as peculiaridades de cada organização para a adequada definição das atividades do planejamento. Percebemos claramente a preferência do CESPE pelo início do planejamento estratégico pelo diagnóstico. Após esta anulação, que foi há poucos meses, o CESPE deve estar mais esperto e não deve forçar tanto a barra. Mas, é bom estarem preparados caso caia uma questão deste tipo. Para vocês verem como o CESPE está confuso nestas questões, em certos momentos eles usam a ordem do Djalma de Oliveira e outras do Chiavenato. 5. (CESPE/INSS/2008) A primeira fase na elaboração de um planejamento de longo prazo voltado para uma possível mudança no modelo de previdência social seria a fixação dos novos objetivos. Esta questão foi dada como ERRADA, justamente porque o CESPE considerou que a primeira fase do planejamento estratégico é o diagnóstico estratégico, e não o estabelecimento da missão, dos objetivos. 6. (CESPE/SEBRAE03/2008) O primeiro passo para o processo de planejamento é desenvolver premissas quanto às condições futuras do mercado, para só então definir os objetivos da empresa Esta questão é CERTA. Aqui eles usaram as fases do Chiavenato, segundo o qual há seis passos no processo de planejamento: 7 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 1. Definir os objetivos; 2. Verificar qual a situação atual em relação aos objetivos; 3. Desenvolver premissas quanto às condições futuras; 4. Analisar as alternativas de ação; 5. Escolher a melhor entre as várias alternativas; 6. Implementar o plano e avaliar os resultados. Nesta ótica a questão anterior estaria certa. Vamos dar uma olhada nas fases do Djalma de Oliveira. I Diagnóstico Estratégico O diagnóstico estratégico, também denominado de “auditoria de posição”, consiste na análise do “como se está”. Podemos dividir esta fase em quatro etapas: 1) Identificação da Visão: identificam-se quais são as expectativas e os desejos dos acionistas, conselheiros e elementos da alta administração da empresa. A visão pode ser considerada como os limites que os principais responsáveis pela empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. 2) Análise Externa: verifica as ameaças e oportunidades que estão no ambiente da empresa e as melhores maneiras de evitar ou usufruir destas situações. A empresa deve olhar para fora de si, para o ambiente onde estão as oportunidades e ameaças. 3) Análise Interna: verifica os pontos fortes, fracos e neutros da empresa. Os pontos neutros também devem fazer patê da análise porque muitas vezes não se têm condições de estabelecer se determinada atividade ou aspecto está beneficiando ou prejudicando a empresa. 4) Análise dos Concorrentes: esta etapa, na realidade, decompõe um aspecto da etapa da análise externa. Entretanto, o seu tratamento deve ser detalhado, pois o produto final irá proporcionar a identificação das vantagens competitivas da própria empresa e a dos concorrentes. Vamos ver os componentes do diagnóstico estratégico: a) Visão da Empresa A visão da empresa pode ser conceituada das seguintes formas: ƒ Articulação das aspirações de uma empresa a respeito de seu futuro; ƒ Clara e permanente demonstração, para a comunidade, da natureza e da essência da empresa em termos de seus propósitos, do escopo do negócio e da8 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS liderança competitiva, para prover a estrutura que regula as relações entre a empresa e os principais interessados e para os objetivos gerais de desempenho da empresa; ƒ Algo que se vislumbre para o futuro desejado da empresa; Djalma de Oliveira conceitua visão como: Os limites que os proprietários e principais executivos da empresa conseguem enxergar dentro de um horizonte de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Nesse contexto, a visão proporciona o grande delineamento do planejamento estratégico a ser desenvolvido e implementado pela empresa. Uma coisa que tem que ficar clara aqui é que no diagnóstico estratégico não se define a visão. Apenas identifica-se qual é a visão atual. Na segunda fase é que teremos a definição da nova missão e visão. Aqui, o objetivo é identificar como a organização se vê no futuro, quais as expectativas dos proprietários e executivos. Mais para frente, na segunda fase do planejamento estratégico, veremos melhor a visão de uma empresa, principalmente em comparação com o que é uma missão. b) Análise externa e interna da empresa Aqui se utiliza uma ferramenta muito difundida no mundo empresarial, que é a análise SWOT. O termo é a junção das iniciais das palavras, em inglês: forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. No Brasil damos o nome de FOFA. Vimos que a análise SWOT é uma metodologia de diagnóstico estratégico que divide o ambiente da empresa em interno e externo. No primeiro estão as forças e fraquezas e no segundo as oportunidades e ameças. Outro aspecto a considerar na análise externa é a divisão do ambiente da empresa em duas partes: ƒ Ambiente direto: representa o conjunto de fatores através dos quais a empresa tem condições não só de identificar, mas também de avaliar o medir, de forma mais efetiva e adequada, o grau de influência recebido e/ou proporcionado; ƒ Ambiente indireto: representa o conjunto de fatores através dos quais a empresa identificou, mas não tem condições, no momento. De avaliar ou medir o grau de influência entre as partes. Esta divisão serve para facilitar a manipulação das variáveis externa que, naquele momento, apresentam maior facilidade de mensuração da relação de influência entre a empresa e seu ambiente. 9 CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS II Definição da Missão Seguindo a metodologia do Djalma de Oliveira, a segunda fase do planejamento estratégico é a definição da missão. Depois de identificado onde a empresa está, será definido aonde ela quer chegar. Missão é uma forma de se traduzir determinado sistema de valores em termos de crenças ou áreas básicas de atuação, considerando as tradições e filosofias da empresa. Ela exerce a função orientadora e delimitadora da ação empresarial, e isto dentro de um período longo de tempo, em que ficam comprometidos valores, crenças, expectativas, conceitos e recursos. Segundo Megginson: A missão define o propósito fundamental e único que a organização tenta seguir e identifica seus produtos ou serviços e clientes. Assim a missão identifica a razão-de-ser da organização, ou seja, o que ela representa. Muitos autores não seguem a idéia de que é um “propósito fundamental e ÚNICO”, mas muita gente reproduz esta definição, e como veremos nas questões, o CESPE já a usou. A missãodeve ser entendida como uma identificação a ser seguida, mas nunca algo específico a ser alcançado. Para facilitar o entendimento, pode-se comparar a determinação da missão de uma empresa à utilização de uma bússola. A bússola vai permitir que o navio faça a sua viagem de maneira planejada. É importante não confundir a missão da organização com a sua visão. Esta consiste num macroobjetivo, não quantificável de longo prazo, que expressa onde e como a organização pretende estar no futuro. A visão atua como um elemento motivador, energizando a empresa e criando um ambiente propício ao surgimento de novas idéias. Já a missão de uma organização define o propósito fundamental que ela tenta seguir, identificando seus produtos ou serviços e clientes. A missão deve ser definida de modo a satisfazer alguma necessidade do ambiente externo e os propósitos da organização. A visão do TCU é: Ser instituição de excelência no controle e contribuir para o aperfeiçoamento da administração pública. Já a sua missão é: Assegurar efetiva e regular gestão dos recursos públicos em benefício da sociedade. Vamos ver outros exemplos de missão e visão: Missão: ƒ Citibank: "Oferecer qualquer serviço financeiro em qualquer país, onde for possível fazê-lo de forma legal e rentável”. ƒ McDonald's: "Servir alimentos de qualidade com rapidez e simpatia, num ambiente limpo e agradável." 10 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Visão de Futuro: ƒ 3M: “Ser reconhecida como uma empresa inovadora e a melhor fornecedora de produtos e serviços que atendam ou excedam às expectativas dos clientes.“ ƒ Itaú: "Ser o banco líder em performance, reconhecimento sólido e confiável, destacando-se pelo uso agressivo do marketing, tecnologia avançada e por equipes capacitadas, comprometidas com a qualidade total e a satisfação dos clientes." Um ponto importante é a alteração ou não da missão. A empresa tem que estar preparada para não apenas definir a missão, e sim redefini-la quando julgar necessário e o mercado exigir. Vamos dar uma olhada numa questão do CESPE: 7. (CESPE/SEBRAE/2008) Entende-se por estratégia uma série de objetivos finais em longo prazo que podem sofrer alterações, em função dos fatores externos e internos à região, enquanto a missão ou filosofia da instituição deve, dentro do possível, manter-se inalterada. A questão é CERTA. O CESPE foi um tanto vago nesta questão, ao usar a expressão “dentro do possível”. Não podemos dizer que está errado, já que a missão da empresa não deve ficar sendo alterada a todo momento. Contudo, temos que entender que ela não só pode como deve ser alterada quando preciso. Vamos ver mais esta questão: 8. (CESPE/SGA-DF/2004) A empresa Alfa foi criada para prestar serviços de revelação fotográfica e venda de produtos para fotografia e vídeo. Cinco anos se passaram e essa empresa teve um crescimento de 230% em relação ao primeiro ano de funcionamento e 40% a mais em relação à média de crescimento dos seus concorrentes, pois a qualidade de seus trabalhos abriu espaço para outros segmentos de mercado, a exemplo dos convênios firmados com diversos órgãos públicos locais. A missão de uma organização define o propósito fundamental e único que ela tenta seguir, identificando seus produtos ou serviços e clientes. Nesse contexto, é correto afirmar que a missão organizacional da empresa Alfa, tendo- se passados 5 anos de vida e aplicação, não deverá ser alterada, pois os índices de crescimento denotam a importância e a adequação da missão ao mercado. Esta questão é ERRADA. Vocês podem observar que o CESPE praticamente copiou a definição de missão do Megginson, portanto o trecho que fala “a missão define o propósito fundamental e único que ela tenta seguir, identificando seus produtos ou serviços e clientes” não poderia estar errado. Quando a questão fala que a adequação da missão ao mercado é importante também não está errado. Segundo Chiavenato, “a missão da organização deve ser definida em 11 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS termos de satisfazer alguma necessidade do ambiente externo”. Assim, só podemos entender que o erro esteja na parte que fala que a missão não deve ser alterada. E isso realmente é errado. Quando a empresa define sua missão, ela tem que olhar para frente, para o futuro, e não para o passado. Mesmo que a empresa esteja indo muito bem, o aparecimento de outras oportunidades ou ameaças podem exigir que a empresa altere sua missão. Uma das sugestões do Djalma de Oliveira é: Não estabelecer uma frase definitiva para a missão da empresa, pois esta não está isenta das mudanças no tempo e nas circunstâncias internas e externas à empresa. A finalidade não é apenas definir a missão, mas tornar-se capacitado a defini-la e redefini-la sempre que for necessário, dentro de um processo contínuo de observação e pensamento. Portanto, o importante é que se “tenha sempre” uma definição, e não ter uma definição “para sempre”. Como exemplo do dinamismo da missão, o autor cita o caso da IBM, que apresentou, de forma resumida, a seguinte evolução: ƒ Início da década de 50: “computadores”; ƒ Fim da década de 50: “processamento de dados”; ƒ Início da década de 60: “manipulação de informações”; ƒ Fim da década de 60: “solução de problemas”; ƒ Início da década de 70: “minimização de riscos”; ƒ Fim da década de 70: “desenvolvimento de alternativas”; ƒ Início dos anos 80: “otimização de negócios”; ƒ Início da década de 90: “desenvolvimento de novos negócios das empresas”; Vimos acima que na definição da missão a organização deve olhar para frente, para o futuro. Para isso ela utiliza a elaboração de cenários. Os cenários representam critérios e medidas para a preparação do futuro da empresa. O executivo pode desenvolver cenários que retratem determinado momento no futuro ou que detalhem a evolução e a seqüência de eventos desde o momento atual até determinado momento no futuro. Os cenários são construídos para apoiar a tomada de decisões e a escolha de opções com a intenção de torná-las viáveis no futuro. Assim, a construção de cenários é uma metodologia para ordenar a percepção sobre ambientes alternativos futuros nos quais as decisões de hoje deverão ser cumpridas e terão o seu efeito continuado. Com referência às formas básicas de desenvolvimento de cenários, o executivo pode considerar duas abordagens: ƒ Projetiva; ƒ Prospectiva. A abordagem projetiva consiste em projetar os dados atuais para o futuro utilizando modelos deterministas e quantitativos. Em geral, essa abordagem explica o futuro usando a projeção do passado e considera um futuro único e certo de maneira determinística. Assim, costuma restringir-se a fatores e variáveis quantitativos, objetivos e já conhecidos. É a abordagem utilizada para situações em que as mudanças são previsíveis e12 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS gradativas. O problema é que esta abordagem mostra-se, na maior parte das vezes, insuficiente para direcionar adequadamente a ação da empresa no futuro. Por outro lado, a abordagem prospectiva, consiste em prospectar o futuro usando uma visão global e holística, utilizando modelosde julgamento, probabilidades subjetivas, pareceres de profissionais e opinião de executivos. Em geral, essa abordagem trata do futuro múltiplo e incerto por meio de variações qualitativas, quantificáveis ou não, subjetivas ou não, conhecidas ou não. A abordagem prospectiva mostra o futuro atuando como determinado pela ação presente. Os autores utilizam os seguintes diagramas para diferenciar as duas abordagens: Projetiva Prospectiva Futuro Futuro mais provável Passado Presente Presente Passado Futuro provável Futuro menos provável Durante a fase da definição da missão, também se defini a postura estratégica da empresa, ou seja, a maneira como a empresa se posiciona diante de seu ambiente. A postura proporciona um quadro-diagnóstico geral da empresa, resultante do confronte entre seus pontos fortes e fracos que a qualifica quanto à sua capacidade de aproveitar oportunidades e de enfrentar ameaças. Postura estratégica corresponde à maneira ou postura mais adequada para a empresa alcançar seus propósitos dentro da missão, respeitando a sua situação interna e externa atual, estabelecida no diagnóstico estratégico. Vimos na aula passada que existem quatro tipos de estratégias que a empresa pode adotar frente ao resultado da análise SWOT. Estes tipos de estratégias são as posturas estratégicas que a empresa pode adotar, que são: ƒ De sobrevivência: predominância de pontos fracos e ameaças; ƒ De manutenção: predominância de pontos fortes e ameaças; ƒ De crescimento: predominância de pontos fracos e oportunidades; ƒ De desenvolvimento: predominância de pontos fortes e oportunidades. Por fim, é na fase de delineamento da missão que a empresa deve estabelecer as macroestratégias e as macropolíticas. As macroestratégias correspondem às grandes ações ou caminhos que a empresa deverá adotar para melhor interagir, usufruir e gerar vantagens no ambiente. Já as macropolíticas correspondem às grandes orientações que servirão como base de sustentação para as decisões, de caráter geral, que a empresa deverá tomar para melhor interagir com o ambiente. 13 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS III Definição dos Instrumentos Prescritivos e Quantitativos Nesta fase, a análise básica é a de “como chegar à situação que se deseja”. Para tanto, pode-se dividir esta fase em dois instrumentos perfeitamente interligados. Os instrumentos prescritivos vão proporcionar a explicação do que deve ser feito pela empresa para que se direcione ao alcance dos propósitos estabelecidos dentro de sua missão, de acordo com a sua postura estratégica, respeitando as macropolíticas bem como as ações estabelecidas pelas macroestratégias. Vejamos os instrumentos prescritivos: ƒ Objetivo é o alvo ou situação que se pretende atingir. Aqui se determina para onde a empresa deve dirigir seus esforços; ƒ Objetivo funcional é o objetivo intermediário, relacionado às áreas funcionais, que deve ser atingido com a finalidade de alcançar os objetivos da empresa; ƒ Desafio é uma realização que deve ser continuamente perseguida, perfeitamente quantificável e com prazo estabelecido, que exige um esforço extra e representa a modificação de uma situação; ƒ Meta corresponde aos passos ou etapas perfeitamente quantificados e com prazos para alcançar os desafios e objetivos. ƒ Estratégia é a ação ou caminho mais adequado a se executado para alcançar o objetivo, o desafio e a meta. ƒ Política é a definição dos níveis de delegação, faixas de valores e/ou quantidade limites e de abrangência das estratégias e ações para a consecução dos objetivos. A política fornece parâmetros ou orientações para a tomada de decisões. ƒ Diretrizes é o conjunto estruturado e interativo dos objetivos, estratégias e políticas da empresa. Já os instrumentos quantitativos consistem nas projeções econômico-financeiras do planejamento orçamentário, devidamente associadas à estrutura organizacional da empresa, necessárias ao desenvolvimento dos planos de ação, projetos e atividades previstas. Nesta etapa, deve-se analisar quais são os recursos necessários e quais as expectativas de retorno para atingir os objetivos, desafios e metas da empresa. IV Controle e Avaliação Nesta fase, verifica-se “como a empresa está indo” para a situação desejada. O controle pode ser definido, em termos simples, como a ação necessária para assegurar a realização das estratégias, objetivos, desafios, metas e projetos estabelecidos. Essa função, em sentido amplo, envolve: processos de avaliação de desempenho; comparação do desempenho com os objetivos, desafios e metas; análise dos desvios dos objetivos; tomada de ação corretiva provocada pelas análises efetuadas. O controle e a avaliação podem ser exercidos em três estágios ou momentos: 14 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS ƒ Controle preliminar ou prévio: refere-se às atividades de controle e avaliação efetuadas antes da ocorrência do evento ou fato que se pretende controlar. Portanto, procurar evitar que ocorram variações no plano, bem como minimização do surgimento de problemas; ƒ Controle corrente ou em tempo real: refere-se às atividades de controle e avaliação efetuadas ao mesmo tempo da ocorrência do evento ou fato que se pretende controlar. Portanto, procura corrigir o desempenho durante sua execução; ƒ Pós-controle: refere-se Às atividades de controle e avaliação efetuadas após a ocorrência do evento ou fato que se pretende controlar. Portanto, avalia os desvios ocorridos, determina as causas dos mesmos, bem como corrige o desempenho programado. 1.2 Planejamento Estratégico Situacional Para o setor público, temos a metodologia do Planejamento Estratégico Situacional (PES), que foi sistematizado originalmente pelo Economista chileno Carlos Matus e foi concebido a partir de uma visão crítica da abordagem tradicional de planejamento econômico governamental. Destaca-se, nessa abordagem inovadora, a necessidade de focalizar a ação governamental tendo como base os problemas, numa perspectiva transdisciplinar, em contrapartida à visão tradicional que segmentava de forma setorial ou funcional a explicação da realidade a ser transformada. O planejamento tradicional e determinista baseia-se no cálculo de predição. Só que um estrategista não tenta predizer o que farão os seus concorrentes, mas sim enumerar possibilidades para que possa preparar-se para enfrentá-las. Nisso reside a fraqueza metodológica do cálculo de predição. Para exemplificar, é famosa uma história em que o Feola diz para o Garrincha: “você dribla o primeiro russo, você dribla o segundo, corre na linha de fundo, cruza para o Vavá, entra pelo meio e marca de cabeça”. O Garrincha olhou para o Feola e disse: “Sr. Feola, alguém já combinou com os russos?”. O planejamento, para Matus, exige domínio da concepção do papel político de quem planeja. Muito mais do que uma técnica, planejar torna-se uma opção frente a outras formas de ação. O planejamento deve ser situacional, isto é, o sujeito que planeja está dentro do objeto a ser planejado e existe o outro que participa com ele do sistema. No planejamento há, portanto, uma relação entre sujeitos. Assim, toda explicação édita por alguém a partir de uma situação específica. Há mais de uma explicação verdadeira sobre a mesma realidade. Deve-se explicar uma situação estando consciente da explicação do outro. Conseqüentemente, o planejamento é necessariamente político. A dimensão política é uma variável do plano, não um dado externo. A gestão de governo será qualificada segundo os resultados e as condições fora do controle do ator, nas quais os resultados são alcançados. O PES propõe teoria e métodos para acumular conhecimentos antes de agir. Divide-se em quatro momentos (momento explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional) 15 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS que são um permanente fazer, uma aprendizagem, cálculo, explicação e desenho permanentes, resultando em ações do dia-a-dia. No momento explicativo, compreende-se a realidade identificando-se os problemas que os atores sociais declaram. É a primeira forma de acumulação de conhecimentos. Seu propósito é explicar a realidade do jogo social e para isto usa a análise situacional. Diferentemente do diagnóstico do planejamento normativo que apresenta uma listagem descritiva de problemas (levantamento da realidade) sem se preocupar com as causas que provocam tais problemas, o momento explicativo tem por objetivo detalhar a realidade que nos cerca e que está ligada à ação dos envolvidos. Desta forma, explicar é também desenhar (dizer o que o ator deseja), fazer o cálculo estratégico e avaliar o que o ator fez até aquele momento. É importante, também, precisar e definir qual é a explicação dos outros atores que se relacionam com o plano e saber por que a explicação dos outros é parte da realidade. Para tanto, o momento explicativo busca motivar a participação de todos os envolvidos no processo de planejamento e na análise dos problemas que os afeta e de suas possibilidades de soluções; selecionar os problemas, decidindo entre os muitos problemas existentes quais devem ser atacados. Isto significa descartar boa parte deles, pois não podemos fazer um ataque a todos os problemas ao mesmo tempo; e, explicá- los, buscando as causas de cada problema e do conjunto dos problemas que marcam a situação inicial do plano. O momento normativo trata do modo como se formula o plano. Seu objetivo é produzir as respostas de ação em um contexto de incertezas e surpresas. Coloca a questão do como pode ser a realidade. É o momento em que os envolvidos dizem como deve ser a situação ideal, a partir do momento explicativo. É o momento também chamado do "desejo e do sonho", pois é o momento de apresentar o conteúdo propositivo do plano, isto é, como deve ser a realidade em contraposição aos problemas levantados no momento explicativo. Faz-se o desenho da situação-objetivo (árvore do desejo, que descreve como desejamos essa situação no prazo do plano). Para construí-la, deve-se definir a mudança que se espera em cada descritor, no prazo previsto, e as causas e conseqüências dessa nova situação. Após ter selecionado o problema, explicado suas causas, elaborado a situação objetivo e traçado as operações, o ator do planejamento deve-se perguntar o que é possível fazer e o que é necessário para viabilizar o plano. É o momento de pensar como deve ser a articulação entre o "deve ser" (desejo) e o "pode ser" (realidade). Assim, o momento estratégico trata do modo de examinar a viabilidade política do plano e do processo de construção de viabilidade política das operações não viáveis na situação inicial. Quando um problema passou por estes três momentos, mudou o conhecimento que a equipe de governo tem sobre o mesmo, mas a realidade continua à espera de ação. Daí a importância da mediação entre o conhecimento que se acumula nos três momentos anteriores e o quarto momento. O momento tático-operacional é o momento do fazer. 2 Balanced Scorecard Toda organização precisa acompanhar seu desempenho por meio de indicadores. Como vimos acima, uma das fases do planejamento estratégico é o controle e avaliação, que16 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS busca verificar “como a empresa está indo”. O objetivo é verificar se a execução está de acordo com o planejado, se as metas estão sendo alcançadas, permitindo que se tomem medidas corretivas. O problema é que a grande maioria das empresas só utilizava indicadores financeiros para medir o seu desempenho. Durante a era industrial, isso fazia sentido. O sucesso das empresas era determinado pela maneira como se aproveitavam dos benefícios das economias de escala. Contudo, o advento da era da informação nas últimas décadas do século XX tornou obsoletas muitas das premissas fundamentais da concorrência industrial. As empresas não conseguem mais obter vantagens competitivas sustentáveis apenas com a rápida alocação de novas tecnologias e ativos físicos, e com a excelência da gestão eficaz dos ativos e passivos financeiros. O ambiente da era da informação, tanto para as organizações do setor de produção quanto para as do setor de serviços, exige novas capacidades para assegurar o sucesso competitivo. A capacidade de mobilização e exploração dos ativos intangíveis ou invisíveis tornou-se muito mais decisiva do que investir e gerenciar ativos físicos tangíveis. No meio disso tudo, Robert Kaplan e David Norton criaram o Balanced Scorecard, uma ferramenta de acompanhamento do desempenho que se utiliza de indicadores operacionais, além dos financeiros. Segundo os autores: O Balanced Scorecard preserva as medidas financeiras tradicionais. Mas as medidas financeiras contam a história de acontecimentos passados. Elas são inadequadas para orientar e avaliar a trajetória que as empresas da era da informação devem seguir na geração de valor futuro investindo em clientes, fornecedores, funcionários, processos, tecnologia e inovação. O Balanced Scorecard contempla as medidas financeiras do desempenho passado com medidas dos vetores que impulsionam o desempenho futuro. Diz-se que os indicadores financeiros são de retardo. São o resultado das ações anteriormente praticadas. O BSC complementa estes indicadores com os orientadores do desempenho econômico futuro, ou indicadores de comando. Assim, os autores colocaram no BSC quatro perspectivas: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento. Estas quatro perspectivas buscam dar uma visão equilibrada, ou balanceada, do desempenho da empresa. Por isso que o nome é Balanced Scorecard, que pode ser traduzido como Indicadores Balanceados de Desempenho, ou ainda Cenário Balanceado, já que o objetivo é fornecer uma visão equilibrada da organização sob diversos aspectos, e não só a perspectiva financeira. Quando o BSC foi lançado, os autores pensaram nele como uma ferramenta a ser usada apenas no acompanhamento da implementação da estratégia. Segundo Kaplan e Norton: O Balanced Scorecard é basicamente um mecanismo para a implementação da estratégia, não para sua formulação [...] qualquer que seja a abordagem utilizada [...] para a formulação de sua estratégia, o Balanced Scorecard oferecerá um mecanismo valioso para a tradução 17 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS dessa estratégia em objetivos, medidas e metas específicos. Outra função importante do BSC no início era estabelecer um sistema de comunicação, comunicando e esclarecendoa todos sobre as estratégias da organização. Por isso ele apresenta um forma gráfica que busca demonstrar qual a missão e a estratégia da organização, traduzindo-as em termos de objetivos e medidas tangíveis. A forma do BSC é a seguinte: Financeira Clientes Objetivos Indicadores Metas Iniciativas Objetivos Indicadores Metas Iniciativas Visão Estratégica Processos Internos Aprendizado e Crescimento Objetivos Indicadores Metas Iniciativas Objetivos Indicadores Metas Iniciativas Contudo, com a disseminação da ferramenta e o número crescente de empresas que passaram a utilizá-la, o BSC passou a ser utilizado como um sistema de gestão estratégica. As experiências revelaram que muitos executivos utilizavam o BSC não apenas para esclarecer e comunicar a estratégia, mas também para gerenciá-la. O BSC deixou de ser um sistema de medição para se transformar em um sistema gerencial. Ele tem sido usado para importantes processos gerenciais: estabelecimento de metas individuais e de equipe, remuneração, alocação de recursos, planejamento e orçamento, e feedback e aprendizado estratégicos. 2.1 Perspectivas O BSC é balanceado porque busca analisar o desempenho da empresa sob diversos ângulos. Pensando nisso, Norton e Kaplan organizaram o BSC com base em quatro perspectivas diferentes: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento. 18 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Segundo os autores, as quatro perspectivas têm-se revelado adequadas em diversas empresas e setores de mercado, mas elas devem ser consideradas um modelo, não uma camisa-de-força. Não existe teorema matemático segundo o qual as quatro perspectivas sejam necessárias e suficientes. Por exemplo, há quem expresse preocupação com o fato de que, embora reconhecendo explicitamente os interesses de acionistas e clientes, o BSC não incorpora explicitamente os interesses de outras partes interessadas, como fornecedores, funcionários e a comunidade. Veremos isso novamente mais para frente, no caso do BSC aplicado no setor público. Falamos acima que as perspectivas refletem os interesses de determinados grupos. Vejamos uma questão do CESPE, cobrada no último concurso do TCU. 9. (CESPE/TCU/2008) O balanced scorecard é uma ferramenta gerencial que reflete o desafio que uma organização tem de enfrentar para harmonizar os interesses de vários grupos em torno de objetivos diversos. Neste sentido, o desempenho social poderia ser objeto de um parecer de auditoria social, paralelamente ao tradicional parecer de auditoria financeira, aplicável ao desempenho financeiro. A questão é CERTA. O BSC é balanceado porque agrega perspectivas que não só a financeira e que representem os interesses de determinados grupos. No setor público, uma perspectiva social é, na maioria das vezes, mais importante que uma perspectiva financeira. As quatro perspectivas não trabalham de forma isolada. Há toda uma cadeia de relações de causas e efeitos. O sistema de medição deve tornar explícitas as relações (hipóteses) entre os objetivos (e as medidas) nas várias perspectivas, para que elas possam ser gerenciadas e válidas. A cadeia de causa e efeito deve permear todas as quatro perspectivas. Por exemplo, o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) é uma medida da perspectiva financeira. O vetor dessa medida poderia ser a ampliação das vendas aos clientes existentes, por meio de sua lealdade, uma medida da perspectiva clientes. Para conquistar a lealdade desses clientes, é preciso que a empresa descubra aquilo que eles prezam, como a pontualidade na entrega. Esta é resultado de um processo interno em que as diversas áreas trabalham de forma integrada. Estamos falando de uma medida da perspectiva processos internos. Para conquistar esta integração, é preciso capacitação dos funcionários, o que está dentro da perspectiva aprendizado e crescimento. Todas estas relações de causa e efeito devem estar alinhadas com a estratégia da empresa. É com base nela que elas devem ser construídas. Para fazer uma representação gráfica dessas relações em conjunto com a estratégia é usado o mapa estratégico, que aponta, por meio de objetivos estratégicos, relações de causa e efeito e indicadores de desempenho, a forma pela qual ativos intangíveis da organização produzem resultados tangíveis. Mais para frente vocês podem ver o mapa estratégico do TCU. O modelo básico para o mapa estratégico definido pelos autores é o seguinte: 19 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS ESTRATÉGIA Financeira Clientes Processos Internos Aprendizado e Crescimento 2.1.1 Perspectiva Financeira O BSC não abandona a perspectiva financeira, visto que as medidas financeiras são valiosas para sintetizar as conseqüências econômicas imediatas de ações consumadas. As medidas financeiras de desempenho indicam se a estratégia de uma empresa, sua implementação e execução estão contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros. Kaplan e Norton descrevem esta perspectiva com a seguinte frase: Para sermos bem-sucedidos financeiramente, como deveríamos ser vistos pelos nossos acionistas? Portanto, a perspectiva financeira representa os interesses dos acionistas, dos proprietários da empresa. Ela é a mais importante das quatro, já que o objetivo final das empresas é o lucro. Segundo os autores: No final, todos os objetivos e medidas das outras perspectivas do scorecard deverão estar associados à consecução de um ou mais objetivos na perspectiva financeira. A relação com os objetivos financeiros reconhece explicitamente que a meta de longo prazo da empresa é gerar retornos financeiros para os investidores, e que todos os programas, estratégias e iniciativas devem permitir que a unidade de negócios alcance seus objetivos financeiros. A perspectiva financeira demonstra se as ações realizadas nas perspectivas cliente, processos internos e aprendizado e crescimento estão se convertendo num melhor desempenho financeiro da organização. Esta primazia da perspectiva financeira é válida para o setor privado. No entanto, no setor público, as prioridades são diferentes. Veremos isso mais à frente. 20 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Os objetivos financeiros servem de foco para os objetivos e medidas das outras perspectivas do BSC. Qualquer medida selecionada deve fazer parte de uma cadeia de relações de causa e efeito que culminam com a melhoria do desempenho financeiro. O BSC deve contar a história da estratégia, começando pelos objetivos financeiros de longo prazo, e relacionando-os depois à seqüência de ações que precisam ser tomadas em relação aos processos financeiros, dos clientes, dos processos internos, por fim, dos funcionários e sistemas, a fim de que, a longo prazo, seja produzido o desempenho econômico desejado. Como a perspectiva representa o elo final da cadeia de causa e efeito, ela é colocada no topo do BSC. O BSC retém a perspectiva financeira como objetivo último de maximização do lucro pelas empresas. Os indicadores de desempenho financeiromostram se a estratégia da empresa, inclusive sua implementação e execução, está contribuindo para a última linha da Demonstração do Resultado do Exercício. Basicamente as estratégias financeiras são simples; as empresas ganham mais dinheiro (1) vendendo mais e (2) gastando menos. Assim, o desempenho financeiro da empresa melhora em conseqüência de duas abordagens básicas: crescimento da receita e aumento da produtividade. Os objetivos financeiros tradicionais são o aumento do lucro, o retorno sobre capital investido, diminuição da necessidade de capital de giro e o aumento de receita. São exemplos de indicadores dessa perspectiva: percentual de participação do produto no mercado; retorno sobre o investimento; EVA – Valor Econômico Agregado; fluxo de Caixa líquido. 2.1.2 Perspectiva dos Clientes O sucesso com os clientes-alvo é o principal componente da melhora do desempenho financeiro. A perspectiva dos clientes define a proposição de valor para os clientes-alvo. A proposição de valor fornece o contexto para que os ativos intangíveis criem valor. Se os clientes valorizam qualidade consistente e entrega pontual, as habilidades, os sistemas e os processos que produzem e fornecem produtos e serviços de qualidade são altamente valiosos para a organização. Se os clientes valorizam inovação e alto desempenho, as habilidades, os sistemas e os processos que criam novos produtos e serviços com funcionalidade superior terão alto valor. O alinhamento consistente das ações e habilidades com a proposição de valor para os clientes é a essência da execução da estratégia. Na perspectiva dos clientes, as empresas identificam os segmentos de clientes e mercado nos quais desejam competir. Depois de definir seus clientes-alvo, a empresa está em condições de identificar os objetivos e os indicadores de sua proposição de valor. A proposição de valor define a estratégia da empresa em relação aos clientes, descrevendo a combinação de produto, preço, serviço, relacionamento e imagem que a empresa oferece ao segmento de mercado selecionado. Esta perspectiva se baseia em como a organização é vista pelo cliente e como ela pode atendê-lo da melhor maneira possível. Os indicadores devem mostrar se os serviços prestados estão de acordo com a missão da organização. Alguns exemplos de indicadores na perspectiva do cliente são: 21 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS ƒ Satisfação dos clientes; ƒ Retenção dos clientes; ƒ Conquista de clientes; ƒ Rentabilidade dos clientes; ƒ Participação de mercado; Esses indicadores orientados para os clientes podem ser vistos em si mesmos como relações de causa e efeito. Por exemplo, a satisfação dos clientes geralmente leva à retenção dos clientes e, por meio da propaganda boca a boca, à conquista de novos clientes. Ao reter clientes, a empresa pode aumentar sua participação no mercado. Finalmente, a retenção dos clientes existentes aumenta a rentabilidade do negócio, pois o custo de mantê-los é em geral menor que o custo da conquista ou da reposição de clientes. 2.1.3 Perspectiva Interna As perspectivas financeira e dos clientes descrevem os resultados que se esperam da execução da estratégia. Ambas as perspectivas contêm muitos indicadores de resultado. Como a organização produz os resultados almejados? A perspectiva dos processos internos (ou perspectiva interna) identifica os poucos processos críticos que se espera exerçam o maior impacto sobre a estratégia, ou seja, os processos mais críticos para a realização dos objetivos dos clientes e dos acionistas. Por exemplo, determinada organização pode aumentar seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento e fazer reengenharia de seus processos de desenvolvimento de produtos para os clientes. Outra organização, na tentativa de fornecer a mesma proposição de valor, talvez opte por desenvolver novos produtos por meio de joint ventures e parcerias. As empresas costumam desenvolver objetivos e medidas para esta perspectiva depois de formular objetivos e medidas para as perspectivas financeiras e do cliente. Essa seqüência permite que as empresas focalizem as métricas dos processos internos nos processos que conduzirão aos objetivos dos clientes e dos acionistas. Kaplan e Norton reuniram os vários processos internos das organizações em quatro agrupamentos: ƒ Processos de gestão operacional; ƒ Processos de gestão de clientes; ƒ Processo de Inovação; ƒ Processos regulatórios e sociais. Os processos de gestão operacional são os processos básicos do dia-a-dia, através dos quais as empresas produzem os atuais produtos e serviços e os entregam aos clientes. Podemos citar alguns exemplos: adquirir materiais dos fornecedores, converter em produtos acabados, distribuir aos clientes, gerenciar o risco. Os processos de gestão de clientes ampliam e aprofundam os relacionamentos com os clientes-alvo, como: selecionar clientes-alvo, conquistá-los, reter clientes, aumentar os 22 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS negócios com os clientes. A diferença para a perspectiva dos clientes é que aqui estamos olhando para os processos. Por exemplo, enquanto na perspectiva do cliente o indicador é o número de clientes conquistados, na perspectiva interna um indicador é tempo de resposta a novas demandas. Os processos de inovação desenvolvem novos produtos, processos e serviços, em geral criando condições para que a empresa penetre em novos mercados e segmentos de clientes. São processos como: identificar oportunidades para novos produtos; desenhar e desenvolver novos produtos e serviços; lançar novos produtos e mercados. Os processos regulatórios e sociais ajudam as organizações a reter continuamente o direito de operar nas comunidades e nos países em que produzem e vendem. A regulamentação nacional e local impõe normas e padrões às práticas das organizações. Muitas delas, contudo, procuram ir além das obrigações mínimas impostas por lei. São processos relacionados a conservação do meio-ambiente; segurança e saúde; práticas trabalhistas; investimentos na comunidade. Os indicadores desta perspectiva geralmente estão ligados a medidas de tempo, qualidade, produtividade e custo. São exemplos de indicadores: qualidade, produtividade, desenvolvimento de novos produtos, logística, comunicação interna e interfaces. 2.1.4 Perspectiva do Aprendizado e Crescimento Os objetivos de aprendizado e crescimento descrevem como pessoas, tecnologia e clima organizacional se conjugam para sustentar a estratégia. As melhorias nos resultados de aprendizado e crescimento são indicadores de tendência para os processos internos, clientes e desempenho financeiro. Esta perspectiva trata dos ativos intangíveis da organização e seu papel na estratégia. Os ativos intangíveis podem ser classificados em três categorias: ƒ Capital Humano: habilidades, talento e conhecimento dos empregados; ƒ Capital da Informação: banco de dados, sistemas de informação, redes e infra- estrutura tecnológica. ƒ Capital Organizacional: cultura, liderança, alinhamento dos empregados, trabalho em equipe e gestão do conhecimento. Quando esses três componentes da perspectiva de aprendizado e crescimento estão alinhados com a estratégia, a empresa desfruta de alto grau de prontidão: ela tem a capacidade de mobilizar e sustentar o processo de mudança necessário para executar sua estratégia. Alguns indicadoresdesta perspectiva são: satisfação dos funcionários, produtividade dos funcionários, índices de treinamento, percentual de funcionários com acesso às Informações necessárias, entre outros. 2.2 Key Goal Indicators e Key Performance Indicators 23 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Vimos acima que há uma cadeia de geração de valor, uma cadeia de causa e efeito que tem início na perspectiva aprendizado e crescimento, passa pela perspectiva interna, chega na dos clientes para terminar na financeiro. Os processos das perspectiva interna e de aprendizado e crescimento impulsionam a estratégia; mostram como a organização implementará a estratégia. As perspectivas do cliente e financeira serão conseqüência do que é feito nas outras duas perspectivas, determinam o que deve ser feito, quais são os objetivos. Com base nisso, as quatro perspectivas são separadas em dois grupos, com dois tipos de indicadores. Por um lado, nas perspectivas financeira e dos clientes, temos os Key Goal Indicators (KGI) – Indicadores de Objetivo, Indicadores de Resultado. Eles indicam o que deve ser cumprido. São medidas que refletem se a meta foi atingida, ou seja, dizemos que são indicadores de passado por que são medidas após o fato ocorrido. Por exemplo, um indicador de Retorno Sobre o Capital Investido olha para trás, para o que aconteceu no passado. Por outro lado, nas perspectivas processos internos e aprendizado e crescimento temos os Key Performance Indicators (KPI) – ou indicadores de desempenho –, que são orientados ao processo, focam o como. São medidas que refletem as tendências em termos de atingir ou não a meta no futuro, são medidas antes do fato. Um indicador de qualidade do processo refletirá em melhor desempenho futuro, na conquista de mais clientes e mais lucratividade. 2.3 BSC no Setor Público Norton e Kaplan afirmam que o BSC pode ser facilmente adaptado para organizações públicas e instituições sem fins lucrativos, possibilitando a estas empresas manter seus gastos dentro dos limites orçamentários e atender aos seus clientes e partes interessadas. Segundo Silvio Ghelman: O Balanced Scorecard é uma ferramenta de gestão estratégica que vem sendo, exaustivamente, utilizada em Sistemas de Gestão das empresas privadas. Contudo, sua aplicação em cenário diferente - o da administração pública - é um desafio a vencer, exigindo especial atenção para sua customização exitosa, pois esta ferramenta além de contribuir de maneira significativa para criação de uma cultura de medição e avaliação do desempenho no serviço público permite à organização aumentar a sua capacidade de reação face às demandas externas. Para que isto ocorra, é necessário elaborar uma proposta de implementação do Balanced Scorecard que preserve as especificidades da área pública e considere os preceitos de uma gestão pública moderna focada em resultados. Nessa adaptação, não há obrigatoriedade para que as quatro perspectivas do modelo original do BSC sejam mantidas. Kaplan e Norton criaram um mapa estratégico para o setor público diferente do setor privado. Segundo os autores, há várias diferenças importantes. Primeiro, o critério definitivo de sucesso para as organizações do setor público e para as entidades sem fins lucrativos é o desempenho no cumprimento da missão. As organizações do setor privado, em qualquer setor econômico, podem adotar 24 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS uma perspectiva financeira homogênea: aumento do valor para os acionistas. Por isso a perspectiva financeira tem primazia. Já as organizações públicas abrangem um conjunto amplo e diversificado de missões e, portanto, devem definir seu impacto social e seus objetivos maiores de maneira diferente. Para adaptar o BSC a essa realidade diferente, os autores retiraram a perspectiva financeira e incluíram a fiduciária, que busca atender aos interesses de um grupo importante para as organizações públicas: os contribuintes. Ao invés de colocar essa perspectiva no topo, como no caso do BSC do setor privado, os autores a colocaram ao lado da perspectiva dos clientes, com o nome de “fiduciária”. Ela envolveria indicadores relacionados à corrupção, ao desperdício nos gastos públicos, etc. Missão Fiduciária Clientes Processos Internos Aprendizado e Crescimento Vimos que, para o setor privado, a perspectiva financeira recebe grande atenção, tendo primazia sobre as demais. No caso do setor público, isto não ocorre. Para organizações públicas, a perspectiva financeira não é o objetivo final, mas sim um meio para obtenção de recursos necessários para o cumprimento de sua função social. A boa execução orçamentária e a ampliação da captação de recursos financeiros são fatores essenciais para tornar uma instituição pública mais sólida e apta a cumprir sua missão. Por isto, no setor público a perspectiva financeira, ao invés de estar focada no lucro, está orientada para a execução do orçamento. Nas empresas privadas, a perspectiva financeira é colocada no final da relação de causa e efeito, ou seja, no topo do BSC. Já no setor público, Silvio Ghelman sugere que ela seja colocada na base: O orçamento é um fator limitador das ações de governo e, sem uma boa execução orçamentária, dificilmente um órgão de governo conseguirá obter recursos para aquisição de máquinas e equipamentos, para manutenção da sua infra-estrutura (água, luz, telefone, pagamento de contratos, etc.) e para qualificação de seus recursos humanos. Por isso, a perspectiva financeira ao ser colocada na base do BSC, permite um melhor funcionamento da organização. Um bom andamento dos 25 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS objetivos financeiros impacta positivamente nas outras perspectivas. Fazem parte desta perspectiva alguns objetivos estratégicos tais como: a ampliação da receita própria, a ampliação da captação de recursos das agências de fomento e melhorar a execução orçamentária. Entretanto, devemos considerar que estes objetivos devem estar atrelados a uma estratégia maior da organização, pois senão apenas promoverão a ineficiência e o desperdício. A ampliação dos recursos se não estiver ligada a objetivos de ampliação da oferta de serviços ou da melhoria da qualidade da prestação dos mesmos, provavelmente não contribuirá para o objetivo maior de uma empresa pública que é o cumprimento de sua missão através do atendimento ao cidadão/ sociedade. Sendo assim, a hipótese de causa efeito constante no BSC para o setor público deve ser modificada. A posição da perspectiva financeira precisa ser invertida, tirando-a do topo e colocando-a na base dessa relação. Isso pode ser observado no mapa estratégico do TCU: Outra diferença do BSC do setor público em relação ao privado está na perspectiva dos clientes. Enquanto na iniciativa privada só existe um tipo de cliente: o consumidor que paga e recebe o produto/serviço, na administração pública existem dois tipos de clientes: o cliente direto que consome o serviço e um cliente indireto que também é beneficiário deste serviço (cidadão/sociedade). No setor público é proibido atender a um segmento de clientes de maneira diferenciada em detrimento dos demais cidadãos, não ser nos casos previstos em lei, pois isto fere o princípioda impessoalidade. Por isso, ao analisarmos a perspectiva cliente na ótica26 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS pública esta deve ser retratada de maneira completamente diferente do que na iniciativa privada. Sendo assim, na administração pública, além de medir a melhoria da qualidade da prestação dos serviços para o cliente direto é preciso aferir se o cidadão/sociedade está satisfeito com a prestação de um serviço público, ou seja, é preciso demonstrar os benefícios, efeitos ou impactos diretos ou indiretos do exercício da atividade pública para o cidadão. Por isso, Silvio Ghelman sugere que, ao customizarmos o BSC para o setor público, é preciso ter uma perspectiva para os clientes, que mede o atendimento aos requisitos de qualidade dos produtos/serviços ofertados e a satisfação do cliente; e outra com foco no cidadão/sociedade que busca medir a efetividade da ação pública. Em relação à perspectiva do aprendizado e crescimento, Norton e Kaplan afirmam que, nesta perspectiva, estão contemplados os funcionários (pessoas) e o aperfeiçoamento da gestão interna através da utilização da tecnologia da informação e da melhoria das práticas gerenciais. Se para o setor privado a perspectiva do aprendizado e crescimento é importante, para o setor público é mais crucial ainda, pois há um engessamento na gestão de pessoal. Como na administração pública não há autonomia sobre os meios (não se pode contratar, promover, demitir), motivar as pessoas é uma tarefa bastante árdua para os gestores públicos. Este engessamento da gestão de pessoas prejudica muito o alcance de resultados, pois, para criarmos um processo de modernização da gestão pública com foco no cidadão, é necessário investir nas pessoas. Aqui, Silvio Ghelman sugere dividir a perspectiva aprendizado e crescimento em duas: uma para dar destaque à gestão de pessoas e outra para modernização administrativa. Na perspectiva pessoas, é preciso criar objetivos orientados para o comprometimento das pessoas, para gestão do conhecimento e para capacitação dos quadros para a nova realidade da administração pública. Considerando que a modernização administrativa é um processo chave para tornar a administração pública brasileira mais focada nos resultados é preciso criar uma perspectiva específica para este processo. A perspectiva modernização administrativa busca o aperfeiçoamento da gestão interna através da utilização da tecnologia da informação e da melhoria das práticas gerenciais. Por fim, a perspectiva dos processos internos no setor público não teria muitas diferenças em relação ao setor privado. A perspectiva processos internos adaptada aos preceitos da Nova Gestão Pública, deve estar focada na eficiência das ações públicas. É através da racionalização dos recursos públicos que o Estado atende satisfatoriamente o contribuinte que é obrigado a pagar impostos, fortalece a democracia e cria condições para a ampliação da prestação dos serviços públicos. Kaplan e Norton sugeriram, inclusive, criar uma nova perspectiva para organizações públicas e instituições sem fim lucrativo chamada “fiduciária” que tem com foco o contribuinte. Na perspectiva financeira, vimos uma representação da cadeia de relações de causa e efeito em que a perspectiva financeira aparece no topo. Vejamos agora como seria essa mesma representação com as adaptações propostas para o setor público. 27 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Sociedade/Cidadão (foco na efetividade) Clientes (foco na eficácia) Processos Internos (foco na eficiência) Pessoas Modernização Administrativa Finanças / Orçamento 3 Reengenharia O termo reengenharia foi usado pela primeira vez no mundo dos negócios em 1990, no artigo “Reengineering Work: Don´t Automate, Obliterate”, de Michael Hammer. Traduzindo o nome do artigo temos “Reengenharia do trabalho: não automatize, elimine”. A partir daí a reengenharia ganhou o mundo, se transformou num dos maiores modismos da administração. Como nem sempre ela foi aplicada da forma correta, passou a ser muito criticada por diversos setores. O resultado é que muitas empresas tiveram melhorias consideráveis, enquanto outras gastaram muito dinheiro para não obter resultado nenhum. Hammer apresentou a seguinte definição oficial: Reengenharia é o repensar fundamental e o reprojeto radical dos processos empresariais para obter melhorias drásticas em desempenho. Existem quatro palavras-chave nesta definição. Vamos olhar primeiro para “melhorias drásticas”. A reengenharia não trata de melhorias marginais nos negócios. Tampouco se refere a realizar as coisas de 5 a 10 por cento melhor. Ela consiste em dar saltos quânticos de desempenho, alcançando inovações revolucionárias. A segunda palavra-chave é “radical”. Radical significa ir à raiz das coisas. A reengenharia não se preocupa em melhorar o que já existe. Ao contrário, trata-se de descartar o que existe e recomeçar, iniciar com a página em branco e reinventar sua maneira de trabalhar. 28 www.pontodosconcursos.com.br CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS A terceira palavra-chave na definição é “processo”. Hammer define processo como um grupo de tarefas relacionadas que, juntas, criam valor para o cliente. Por exemplo, o atendimento de pedidos é um processo que envolve uma série de tarefas: o recebimento do pedido, a entrada do pedido no computador, a verificação do crédito do cliente, a baixa dos produtos no estoque, a retirada dos produtos fisicamente dos depósitos, o embalar dos produtos em caixas, a entrega. Nenhuma dessas atividades, isoladamente, representa o menor interesse ou valor para o cliente. A única preocupação do cliente é com o produto final – os bens entregues, o que se cria com a soma total de todas essas atividades relacionadas. Em organizações tradicionais, os processos são órfãos. Fragmentados através das muitas unidades organizacionais, eles são, de fato, invisíveis e não-gerenciados em sua essência. Entretanto, os processos se encontram no próprio coração de cada empresa. Eles são o meio pelo qual as empresas criam valor para seus clientes. A reengenharia afirma que tal fragmentação reside no coração dos problemas de desempenho das empresas e que a única forma de alcançar uma melhoria drástica é através de uma abordagem holística nos processos, de ponta a ponta. A quarta palavra-chave é “reprojeto”. A reengenharia trata da reconcepção de como o trabalho é feito. Freqüentemente, pensamos em projeto como algo que se aplica apenas a projeto de produtos. Entretanto, a reengenharia baseia-se na premissa de que o projeto de processos – como o trabalho é feito – é de essencial importância. O ponto de partida para o sucesso organizacional consiste em processos bem projetados. A idéia por trás da reengenharia é que a maioria das organizações não foi planejada para o que realmente faz: executar processos comerciais para criar e fornecer produtos e serviços a seus clientes. Por isso, enquanto o cliente está interessado no processo de ponta a ponta ou horizontal, a organização freqüentemente está voltada para dentro, para as cadeias verticais de comando através das quais administra seus departamentos. Por isso, Hammer defende que a organização uma mudança radical, que abandone a forma anterior de trabalhar e que
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