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CONTROLADORIA ESTRATÉGICA Alberto dos Santos , 2 SUMÁRIO 1 A CONTROLADORIA E SUA EVOLUÇÃO .................................................... 3 2 PLANEJAMENTO E SUA RELEVÂNCIA NA CONTROLADORIA ................... 21 3 GESTÃO ESTRATÉGICA DA INFORMAÇÃO .............................................. 35 4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ............................................................... 48 5 FERRAMENTAS DE GESTÃO ................................................................... 61 6 O CONTROLLER E SUAS FERRAMENTAS DE CONTROLE .......................... 81 , 3 1 A CONTROLADORIA E SUA EVOLUÇÃO Apresentação Neste bloco, será abordada a evolução da área de Controladoria, bem como suas correlações ao longo do tempo. Vamos abordar a questão do pensamento contábil e de como o homem evoluiu no raciocínio contábil, evidenciando a origem da contabilidade e como foi essa associação com o desejo de o capitalista conhecer as bases de composição de seu patrimônio. Abordaremos também a questão da contabilidade e do contador, que sempre tiveram, desde os tempos mais remotos, um papel fundamental nas empresas. Outro aspecto importante deste bloco é a abordagem sobre a Revolução industrial, uma vez que ela é o marco histórico de um período de grande desenvolvimento tecnológico. Além disso, vamos tentar esclarecer qual de fato é o papel do controller nas organizações, nos tempos mais remotos até os atuais, e como ele se comporta em cenários de grande competitividade, explorando a sua área de atuação ̶̶̶̶̶̶ a Controladoria ̶̶̶̶̶̶ através de uma visão sistêmica, além de uma abordagem com foco no pensamento estratégico. Dessa forma, tudo isso proporcionará ao aluno uma completa visualização de como devem se comportar os gestores atuais que buscam a todo instante obter mais lucratividade em ambientes econômicos de extrema competição. 1.1 O pensamento contábil Não há como negar que o “homem” ̶̶̶̶̶̶evoluiu ̶̶̶̶̶̶até ̶̶̶̶̶̶recentemente ̶̶̶̶̶̶achando ̶̶̶̶̶̶e ̶̶̶̶̶̶acreditando ̶̶̶̶̶̶ que a contabilidade era apenas um registro numérico e que servia apenas para mensurar o que de fato eram propriedades do patrão. Nos dias atuais, encontramos WINDOWS Realce , 4 pessoas que ainda pensam assim. Sem dúvida, historicamente ela foi utilizada como um registro de valores, evidenciação do crescimento do patrimônio, permitindo que o dono tomasse consciência de suas posses. Estudos sobre as civilizações antigas nos permitem afirmar que o homem sempre se preocupou com suas riquezas. A própria Bíblia, um dos livros mais famosos mundialmente, relata diversas passagens sobre o cuidado dos pastores e seus rebanhos. Tem-se, ainda, registros mais antigos da prática contábil. A necessidade de guardar memória dos fatos ocorridos, com a riqueza patrimonial, gerou critérios de escrita em formas progredidas mesmo nas civilizações mais antigas como a Suméria; há cerca de 6.000 anos, encontram-se já registros em peças de argila que indicam tais evoluções. Pequenas tábuas de barro cru serviram para gravar, de forma simples, fatos patrimoniais diversos. [...]. Da argila crua, de menor resistência, passou-se à “argila ̶̶̶̶̶̶ cozida”, ̶̶̶̶̶̶ para ̶̶̶̶̶̶ melhor ̶̶̶̶̶̶ conservar ̶̶̶̶̶̶ os ̶̶̶̶̶̶ registros ̶̶̶̶̶̶ (em ̶̶̶̶̶̶ tábuas ̶̶̶̶̶̶ muito ̶̶̶̶̶̶ pequenas). Ao longo da História, o progresso dos materiais empregados foi ditando, também, o aprimoramento dos critérios de escrituração contábil (SÁ, 1994, p. 13). A origem da contabilidade está associada à necessidade do ser humano de conhecer, obter respostas do quanto é possível usar, utilizar, consumir, o que leva à necessidade de saber o quanto deve produzir, o que nos conduz então ao raciocínio de que o ser humano necessita dessas informações à medida que adquire mais bens e mais dinheiro. Observamos frequentemente e não temos dúvidas de que os registros contábeis são dinâmicos, mutáveis e que se alteram em segundos. As propostas iniciais evoluíram do confronto ̶̶̶̶̶̶observado ̶̶̶̶̶̶entre ̶̶̶̶̶̶o ̶̶̶̶̶̶paradoxo ̶̶̶̶̶̶do ̶̶̶̶̶̶“positivo” ̶̶̶̶̶̶e ̶̶̶̶̶̶o ̶̶̶̶̶̶“negativo. ̶̶̶̶̶̶“Tal ̶̶̶̶̶̶evolução ̶̶̶̶̶̶era ̶̶̶̶̶̶ natural, como foi a do sentido ̶̶̶̶̶̶ do ̶̶̶̶̶̶ que ̶̶̶̶̶̶ ‘é ̶̶̶̶̶̶ meu’ ̶̶̶̶̶̶ e ̶̶̶̶̶̶ do ̶̶̶̶̶̶ que ̶̶̶̶̶̶ ‘é ̶̶̶̶̶̶ seu’, ̶̶̶̶̶̶ ao ̶̶̶̶̶̶ registrar ̶̶̶̶̶̶ o ̶̶̶̶̶̶ movimento ̶̶̶̶̶̶de ̶̶̶̶̶̶ relações ̶̶̶̶̶̶com ̶̶̶̶̶̶outras ̶̶̶̶̶̶pessoas. ̶̶̶̶̶̶ Isso ̶̶̶̶̶̶ gerou ̶̶̶̶̶̶o ̶̶̶̶̶̶ ‘débito’ ̶̶̶̶̶̶ e ̶̶̶̶̶̶o ̶̶̶̶̶̶ ‘crédito’” ̶̶̶̶̶̶ (SÁ, ̶̶̶̶̶̶ 1994, p. 13). WINDOWS Realce WINDOWS Realce , 5 A contabilidade, como se conhece no mundo contemporâneo, segundo Gonçalves da Silva (1959, p. 12), nasceu do alvoroço dos negócios, sendo que até o fim do Século XIX, era considerada como algo para ̶̶̶̶̶̶ pessoas ̶̶̶̶̶̶ práticas, ̶̶̶̶̶̶ “[...], ̶̶̶̶̶̶ pois ̶̶̶̶̶̶ nunca ̶̶̶̶̶̶ mereceu ̶̶̶̶̶̶ atenção de pessoas com bastante saber e engenho bastantes para a tirarem do pântano do empirismo e das sistematizações ̶̶̶̶̶̶precipitadas”. A era científica, início do século XV, foi o período em que o ser humano, além de se preocupar com os ganhos do presente, saber o que aconteceu, passou a querer saber por que aconteceu. Sá (1995, p. 17) explica que antes da era científica: Sabia-se que se havia comprado isto ou aquilo, gasto isto ou aquilo, mas não se preocupava o homem em esclarecer as “racionais medidas” de relações entre as suas necessidades e seus meios materiais ou patrimoniais. Com o aumento da complexidade das atividades econômicas que evidenciamos através dos séculos, o homem também sentiu a necessidade de aperfeiçoar ou buscar um melhor método de avaliação de seu patrimônio. 1.2 O papel da Controladoria A contabilidade e o contador sempre tiveram, desde os tempos mais remotos, um papel fundamental nas empresas, visto que esse profissional era o responsável pelo registro de todas as informações e estas, muitas vezes associadas entre si, permitiam uma visão do complexo modelo de decisão dessas empresas, e, ainda, em muitas delas, tais controles eram manuais, exigindo de seus organizadores uma percepção e conhecimento muito elevado do negócio, do mercado e dos produtos. Então, o contador era o profissional considerado essencial em todo o modelo. Em muitas organizações, esse profissional era quem determinava e acompanhava as diretrizes ̶̶̶̶̶̶ propostas. ̶̶̶̶̶̶ Definia ̶̶̶̶̶̶ metas ̶̶̶̶̶̶ e ̶̶̶̶̶̶ as ̶̶̶̶̶̶ cobrava ̶̶̶̶̶̶ dos ̶̶̶̶̶̶ colaboradores ̶̶̶̶̶̶ com ̶̶̶̶̶̶ “pulso ̶̶̶̶̶̶ de ̶̶̶̶̶̶ ferro”. ̶̶̶̶̶̶Isso criava uma condição de crescimento da organização. Evidente que muitos mercados em que essas empresas atuavam não tinham toda essa competitividade atual, o que as tornava lucrativas e sustentáveis. WINDOWS Realce WINDOWS Realce WINDOWS Realce WINDOWS Realce WINDOWS Realce , 6 1.2.1 A Revolução Industrial A Revolução Industrial foi o período de grande desenvolvimento tecnológico que teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII e que se espalhou pelo mundo causando grandes transformações. Ela garantiu o surgimento da indústria e consolidou o processo de formação do capitalismo. O nascimento da indústria causou grandes transformações na economia mundial, assim como no estilo de vida da humanidade, uma vez que acelerou a produção de mercadorias e a exploração dos recursos da natureza. Além disso, a Revolução Industrial foi responsável por grandes transformações no processo produtivo e nas relações de trabalho (NEVES; SOUSA, 2008). No Brasil, evidencia-se com maior intensidade o desenvolvimento industrial a partir de 1930; afinal, a economia brasileira que era baseada quase que inteiramente na agricultura cafeeira entra em crise em função dos preços internacionais do café, provocando um grande êxodo rural, elevando, em muito, a população urbana. Outra situaçãoque, em muito, colaborou nessa decisão de industrializar o país, foi a queda das importações devido à crise mundial e à 2ª Grande Guerra, visto que não havia concorrência estrangeira. Outro fator relevante, ainda em função da 2ª Guerra Mundial, é que eram possíveis as exportações. Já em 1946, tivemos o início da produção de aço através da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) sediada em Volta Redonda – RJ, que permitiu expandir as perspectivas para o desenvolvimento industrial do país, por ser considerado o aço na época como a base da indústria nacional. Observamos, então, a relevância da participação das empresas no desenvolvimento das sociedades e, por consequência, a importância dos profissionais em cada organização. Organizações complexas iam surgindo em função da diversificação de modernos processos produtivos da época que provocavam, mais e mais, o aumento de tamanho dessas organizações, maior exigibilidade por parte dos nossos governantes que , 7 conduziam o processo de gestão na constante tomada de ação e decisão, incidência de maior tributação de impostos, exigindo agora a elaboração de mais controles. Na década de 1980, evidenciamos então a implementação e uso cada vez mais frequente ̶̶̶̶̶̶do ̶̶̶̶̶̶termo ̶̶̶̶̶̶“Controladoria”, ̶̶̶̶̶̶advinda ̶̶̶̶̶̶das ̶̶̶̶̶̶multinacionais ̶̶̶̶̶̶que ̶̶̶̶̶̶se ̶̶̶̶̶̶instalavam ̶̶̶̶̶̶no ̶̶̶̶̶̶ Brasil e de seus processos de controle. Em muitas empresas, o contador desenvolve um perfil com foco na Controladoria e assume esse o cargo de Controller, justificado pela sua participação constante nas decisões em que ele se empenhava. Em outras, contratava-se um novo profissional com ̶̶̶̶̶̶ o ̶̶̶̶̶̶ título ̶̶̶̶̶̶ de ̶̶̶̶̶̶ “Controller” ̶̶̶̶̶̶ e ̶̶̶̶̶̶ este ̶̶̶̶̶̶ assumia ̶̶̶̶̶̶ o ̶̶̶̶̶̶ modelo que se pretendia implantar. A essência dessa decisão era a rápida necessidade de adaptação às constantes e atuais mudanças principalmente em relação aos avanços tecnológicos, impactos da globalização e da competitividade extrema que acabavam envolvendo até mesmo aspectos de relações interpessoais, culminando com o necessário e contínuo processo de geração de valor agregado e percebido no negócio. 1.3 O profissional: Controller Afinal, quem era esse novo personagem tão importante nas organizações? Muitos colaboradores não entendiam por que tais mudanças tão repentinas. Novos tempos, progresso, internacionalização do modelo de gestão eram exemplos das respostas para quem se questionava do por que mudar. Diante de cenários tão complexos e de mudanças constantes, os empregados vão se ajustando. Treinamentos são mais constantes, uso de ferramentas de controle mais intensificados, controles do processo produtivo implantados, utilização de sistema de gestão integrados são adquiridos, planilhas de acompanhamento são implementadas e não mais bastavam apenas os balancetes mensais, demonstrativos de resultados e balanços patrimoniais. As exigências de melhor performance evoluíram para implementação de planos orçamentários, o famoso budget, além dos acompanhamentos dos custos de produção e do fluxo de caixa, investimento e aplicação dos recursos. Evidenciou-se a necessária integração de todas as áreas da empresa de forma que a tomada de decisão fosse orientada para o resultado esperado, focada nas soluções WINDOWS Realce WINDOWS Realce WINDOWS Realce , 8 pertinentes e direcionadas ao acerto contínuo, o que promoveu maior facilidade para adequação e implementação de planos de ação mais eficazes. Essa era então a verdadeira tarefa do Controller, ou seja, desenvolver uma única linguagem de controle na organização. Essa integração permitiu: a) Ganhos de performance através dos processos produtivos; b) Visão ampliada com foco e utilização de tecnologias inovadoras; c) Redução constante dos custos de elaboração; d) Maior motivação da equipe, pois todos agora conseguem ter uma visão integrada e perceber seu papel no modelo de gestão; e) Foco na satisfação dos clientes, pois a busca por atender aos desejos do cliente se torna uma prática constante; f) Adoção da diretriz de manter e reter talentos, o que eleva o grau de comprometimento dos colaboradores e gera um status de excelência no modelo de gestão adotado; g) Tomadas de decisão e de ação que atendam às expectativas de todos, a partir do uso do senso de justiça e equidade; h) Ser único em termos de comportamento, tratativa e atendimento das necessidades do cliente, o que promove um processo de ganhos de competitividade com real ganho de lucratividade. Além ̶̶̶̶̶̶ disso, ̶̶̶̶̶̶ era ̶̶̶̶̶̶ necessário ̶̶̶̶̶̶ eliminar ̶̶̶̶̶̶ o ̶̶̶̶̶̶ “estrelismo” ̶̶̶̶̶̶ de ̶̶̶̶̶̶ alguns ̶̶̶̶̶̶ departamentos que se julgavam importantes individualmente, como por exemplo, as áreas de engenharia e de criação de produtos. De nada adiantava agora criar produtos que não atendessem às expectativas do mercado. Elevou-se o status da importância do departamento de Planejamento da produção deixando de ser apenas um emissor de ordens de produção, exigindo o constante acompanhamento dos prazos e produtividade exigida. , 9 Surgem novas áreas, como por exemplo, a área de marketing que faria a comunicação entre o cliente, o produto e a empresa e, para isso, tudo tinha que funcionar com perfeição. Marketing é o conjunto de atividades que são exercidas para criar e levar a mercadoria do produtor ao consumidor final. É a atividade total de comerciar. Estuda as tendências do mercado, as preferências do consumidor e a distribuição do produto (SANTANA, 1998). O Controller passa a ser um personagem de extrema relevância, responsável pelos novos rumos da organização e obtenção de sucesso esperado. Observando a figura a seguir, podemos evidenciar a evolução do papel da antiga contabilidade que também incluía as questões financeiras da organização, com a nova visão da Controladoria, o que justifica a gestão integrada como ferramenta de ganhos de competitividade e lucro. Então, vejamos: Fonte: Martin (2002, p. 25). Figura 1.1 – Análise comparativa Contadoria x Controladoria. , 10 A partir da implementação da nova sistemática de controle, podemos evidenciar a seguir, uma proposta parcial do novo organograma que muitas empresas adotaram a partir da década de 1980, como segue: Fonte: Disponível em: <https://www.revistaespacios.com/a16v37n03/16370306.html>. Acesso em: 13 set. 2020. Figura 1.2 ̶̶̶̶̶̶ Dados da empresa. Concluindo, conforme Martin (2002, p .13), o Controller: a) É o profissional preocupado com os resultados da empresa, com o sucesso do empreendimento. b) É o profissional participativo, ligado à administração da empresa, tomando parte nas decisões. c) É o profissional que transmite à sociedade suas opiniões e recomendações para a solução de problemas sociais. , 11 d) É o profissional que acredita nas Ciências Contábeis como um instrumento para a compreensão e o enfrentamento dos problemas econômicos e sociais. e) É o profissional que ultrapassa a esfera dos casos particulares dentro de um sistema econômico e passa a intervir no próprio sistema. 1.4 A controladoria como um sistema Vimos no tópico anterior que uma das ferramentas para melhoria da performance das organizações foi a implementação de sistema integrado de gestão. Mas o que é de fato um sistema? Na sociedade moderna, muito ouvimos essa palavra e ela é a responsável pelos diversos sentimentos de desconfortos quando algo que desejamos não é realizado, ou seja: ̶̶̶̶̶̶“a ̶̶̶̶̶̶culpa ̶̶̶̶̶̶é ̶̶̶̶̶̶do ̶̶̶̶̶̶sistema”. Um sistema é um conjunto de elementos interdependentes de modo a formar um todo organizado. De uma maneira simplista, também evidenciamos que um sistema pode ser tratado como tudo aquilo que consiste em partes unidas entre si e que formam um complexo de informação e dados. Para Maximiano (1995), sistema é um conjuntode elementos ou componentes interdependentes que interagem, produzem um ou mais resultados e é cercado por um ambiente do qual se originam os recursos que produzem tais metas. Dessa forma, podemos dizer que uma organização é tratada como um grande sistema, o qual relaciona-se com o macroambiente em que está inserida e a todos os outros diversos sistemas que se consolidam a ela. Tudo isso para obtenção de sua plena capacidade de existir e de se autogerir. A empresa necessita possuir uma visão sistêmica, de modo que a integração entre as áreas permita facilitar a comunicação entre elas. Dessa forma, podemos compreender como o conjunto irá funcionar, ou seja, como as grandes áreas irão comunicar-se em uma única linguagem, grandes áreas estas a , 12 saber: marketing, vendas, produção, logística, qualidade, gestão de pessoas, controladoria, engenharia de produtos, processamento de dados etc. Essas áreas se relacionam e se afetam entre si, ou seja, um aumento de vendas ocasionará um aumento da produção, que, por conseguinte, irá demandar mais atenção do RH na contratação de novos colaboradores. Com isso, irá aumentar o volume de entregas pela área de logística e distribuição. A área financeira, em função do aumento do volume de vendas e das negociações a prazo, terá que provavelmente gerar um número maior de duplicatas a receber além de gerenciar um volume maior de recursos financeiros, principalmente com o requisito de atendimento de prazos com relação a fornecedores e assim sucessivamente. Quanto mais integrada for a visão sistêmica, melhor o dinamismo na tratativa das decisões diárias entre as áreas correlatas. Fonte: disponível em: <https://image.slidesharecdn.com/apresentao-120125110014-phpapp01/95/viso- sistmica-e-viso-holstica-4-728.jpg?cb=1327489396>. Figura 1.3 ̶̶̶̶̶̶ Visão sistêmica. , 13 Para Chiavenato (1999), a organização é uma unidade social intencionalmente construída e reconstruída, a fim de atingir objetivos específicos. Isso significa que a organização é propositada e planejadamente construída e elaborada para atingir determinadas metas que são reconstruídas e redefinidas à medida que elas são atingidas ou à medida que se descobrem meios melhores para atingi-las com menor custo e menor esforço. De acordo com Stoner (1999), a organização é a união de pessoas trabalhando juntas e de modo estruturado para alcançar objetivos, sendo liderados ou não por alguém com as funções de planejar, organizar e controlar. A visão sistêmica consiste na compreensão do todo a partir de uma análise global das partes e da interação entre elas, fazendo com que várias forças, internas ou externas, atuem num sistema em funcionamento, procurando entender a influência das partes entre si. Possibilita ao gestor a visão da organização como um sistema global gerando ferramentas organizadas e provedoras de resultados. A principal característica da visão sistêmica é estudar as partes levando em consideração o seu papel na estrutura do todo. Isso implica o conceito de que o todo, resultante da junção das partes, é muito maior do que simplesmente a soma destas. A visão sistêmica significa contextualizar as partes para entender o funcionamento do todo. (VASCONCELOS, s. d.). Dessa forma, se considerarmos a organização como um sistema, também se torna necessário fazer uma análise do macroambiente e suas forças que acabam exercendo influência sobre o seu próprio funcionamento. Temos que conhecer o dinamismo do sistema e como este interage com as forças atuantes na organização que fazem com que suas ações se tornem mais efetivas no curto, médio e longo prazo. Exercitar a visão sistêmica na organização permite tomada de decisão mais eficaz de modo a resolver os problemas mais complexos. Um dos grandes desafios das empresas é exatamente pensar de forma sistêmica, já que os diversos departamentos tendem a se comportar de forma individual, isolados, tentando gerar decisões que os proteja, esquecendo-se da organização como um todo integrado. Enfim, a visão sistêmica , 14 impõe uma postura de percepção entre a integração do ambiente, das decisões e o pretendido e esperado futuro das organizações. 1.5 A evolução do pensamento estratégico Os anos passam e as sociedades evoluem. A indústria se desenvolve e o capitalismo consolida-se. Busca-se ganhar e ganhar com foco em lucro como a principal preocupação dos gestores. Empresas surgem em maior número e intensificam a competividade. A sobrevivência está em risco. Quais diretrizes e comportamentos devem ser desenvolvidos e implementados para colocar as empresas em posição de destaque e ganho? São perguntas que levam seus administradores a reuniões constantes. Os estudiosos intensificam a busca por respostas. Surge, então, um modelo de administração com foco em estratégias. Observa-se atualmente o uso muito frequente da palavra estratégia e que autores como Philip Kotler, John Shank e Govindarajan, Kaplan, Michael Porter, entre outros, correlacionam-na ao sucesso da organização associando-a às metas ou objetivo dessa organização com visualização orientada à competitividade, ou seja, essas estratégias definidas é que deverão ser realizadas no dia a dia da organização, farão com que esta adquira relevância em seu mercado de atuação e obtenha vantagem competitiva. Sendo assim, o que vem a ser estratégia? Porter (1986, p. 16) ̶̶̶̶̶̶ define ̶̶̶̶̶̶ estratégia ̶̶̶̶̶̶ competitiva ̶̶̶̶̶̶ como ̶̶̶̶̶̶ a ̶̶̶̶̶̶ “combinação ̶̶̶̶̶̶ dos ̶̶̶̶̶̶ fins ̶̶̶̶̶̶ (metas) que a empresa busca e meios (políticas) pelos quais ela está buscando chegar lá”. Kotler (1994, p. 85) ̶̶̶̶̶̶descreve ̶̶̶̶̶̶que: ̶̶̶̶̶̶“um ̶̶̶̶̶̶negócio ̶̶̶̶̶̶deve ̶̶̶̶̶̶ter ̶̶̶̶̶̶metas ̶̶̶̶̶̶realistas ̶̶̶̶̶̶e ̶̶̶̶̶̶os ̶̶̶̶̶̶objetivos ̶̶̶̶̶̶ da empresa precisam ser consistentes. Não é possível maximizar vendas e lucros, atingir grande volume de vendas a baixo custo ou desenhar o melhor produto no mais curto ̶̶̶̶̶̶espaço ̶̶̶̶̶̶de ̶̶̶̶̶̶tempo ̶̶̶̶̶̶possível”. ̶̶̶̶̶̶ Estamos em uma era de mudanças aceleradas. Entretanto, a maioria das estruturas organizacionais e práticas administrativas não foi criada para atender a esse ritmo de mudança em voga, visto que a estrutura organizacional e os modelos de gestão estão , 15 mudando. Nesse sentido, as organizações estão mudando em todas as direções. Após o confronto com a realidade, muitas organizações têm alterado profundamente a forma de se ver e a forma de trabalhar (DRU; LEMBERG, 1997). Nessa conformidade, mais importante do que fazer as coisas bem é fazer as coisas certas. E, num cenário de incerteza e turbulência, a dificuldade de definir uma estratégia que torne a empresa competitiva será bem mais difícil de conseguir. Tentar definir e fazer as coisas certas é o que se tenta realizar por meio do conceito de estratégia. Como pretende-se a melhor performance para a organização e que o seu posicionamento no mercado seja crescente e o mais elevado possível, fala-se de competitividade (DRUKER, 1994). Num mundo de competitividade elevada, não há senso lógico que as organizações fiquem no aguardo de que outros inovem e elas simplesmente os sigam. Para Kanter (1995), elas devem buscar a vantagem de ser a primeira. Se não forem a primeira com alguma coisa nova, alguma melhoria, algo que os clientes desejam, talvez seja tarde, porque a concorrência já terá pegado o cliente. Segundo Mintzberg et al. (2006), as organizações empreendedoras necessitam reestruturar seus processos produtivos, rever seus tradicionais modelos de gestão e planejamento para assimilar as adaptações e exigências e produzir inovações para que se tornem competitivas, garantindo sua sobrevivência no mercado. Para Mintzberg et al. ̶̶̶̶̶̶ (2006), ̶̶̶̶̶̶ a ̶̶̶̶̶̶ “estrutura ̶̶̶̶̶̶ da ̶̶̶̶̶̶ organização ̶̶̶̶̶̶ empreendedora ̶̶̶̶̶̶ é ̶̶̶̶̶̶ sempre ̶̶̶̶̶̶ muito ̶̶̶̶̶̶ simples, ̶̶̶̶̶̶caracterizada, ̶̶̶̶̶̶ acima ̶̶̶̶̶̶ de ̶̶̶̶̶̶ tudo, ̶̶̶̶̶̶ pelo ̶̶̶̶̶̶ que ̶̶̶̶̶̶ ela ̶̶̶̶̶̶ não ̶̶̶̶̶̶ é: ̶̶̶̶̶̶ elaborada”. ̶̶̶̶̶̶ As ̶̶̶̶̶̶ organizações ̶̶̶̶̶̶ precisam ter uma visão clara e coerente de suas metas e objetivos, utilizando ferramentas inovadoras e adequadas como um diferencial no ambiente em que atuam. Tomando consciência do grande aumento da concorrência, e da influência do governo nas empresas, torna-se necessária a familiaridade com esse processo, pois o conjunto de ações administrativas possibilita aos gestores a integração das empresas ao seu ambiente e no seu desenvolvimento, possibilitando que as empresas atinjam seus objetivos e metas (CAMARGOS; DIAS, 2003). , 16 A administração estratégica é um processo que vai desde a escolha da Missão de uma empresa, até a obtenção da Vantagem competitiva (BARNEY; HESTERLY, 2007). O ̶̶̶̶̶̶ termo ̶̶̶̶̶̶ “vantagem ̶̶̶̶̶̶ competitiva” ̶̶̶̶̶̶ passa ̶̶̶̶̶̶ por ̶̶̶̶̶̶ uma ̶̶̶̶̶̶ visível ̶̶̶̶̶̶ evolução, ̶̶̶̶̶̶ envolvendo ̶̶̶̶̶̶ a ̶̶̶̶̶̶ unidade de negócios inteira e não apenas um produto (OHMAE, 1978). A vantagem competitiva começa a desempenhar um papel central no campo da estratégia. O processo de gestão estratégica é proposto como a gestão da vantagem competitiva, ou seja, o processo de identificar, desenvolver e tomar vantagem dos embates onde uma vantagem tangível e preservável nos negócios possa ser conquistada (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2001). Na década de 1990, Porter (1989) relaciona vantagem com criação de valor, ou seja, a vantagem competitiva surge do valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação da empresa e fornece a diferença entre a oferta de uma firma e a das outras. Para Ferraz, Kupfer e Hanguenauer (1997, p. 9), a vantagem competitiva pode ser obtida de diversas fontes, em geral estão relacionadas às especificações dos produtos, ao processo de produção, às vendas, à gestão, às escalas produtivas, aos tamanhos dos mercados, às relações com fornecedores e usuários, aos condicionantes da política econômica, ao financiamento da empresa ou de sua clientela, às disponibilidades de infraestrutura, a aspectos de natureza legal, entre outras. Todas as organizações, segundo Porter, possuem uma estratégia implícita ou explícita. O autor conceitua estratégia como o desenvolvimento de uma fórmula ampla para o modo como uma empresa irá competir, bem como as políticas e metas necessárias para alcançar ̶̶̶̶̶̶ seus ̶̶̶̶̶̶ objetivos. ̶̶̶̶̶̶ A ̶̶̶̶̶̶ estratégia ̶̶̶̶̶̶ competitiva ̶̶̶̶̶̶ é ̶̶̶̶̶̶ “uma ̶̶̶̶̶̶ combinação ̶̶̶̶̶̶ dos ̶̶̶̶̶̶ fins ̶̶̶̶̶̶ (metas) que a empresa busca e dos meios (políticas) pelos quais está buscando chegar lá” ̶̶̶̶̶̶(PORTER, ̶̶̶̶̶̶1986, ̶̶̶̶̶̶p. ̶̶̶̶̶̶16). ̶̶̶̶̶̶ Podemos evidenciar na figura, a seguir, como o pensamento estratégico evolui através das décadas mencionadas. , 17 Fonte: disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/- Bw1hbAXjkJY/UE0zQMhpVfI/AAAAAAAAACo/u38rXpmwnAw/s1600/Quadro+02.jpg>. Acesso em: 4 nov. 2020. Figura 1.4 ̶̶̶̶̶̶ Evolução do pensamento estratégico ao longo das décadas. Concluímos, então, que desde meados da década de 1950, as organizações já pensavam estrategicamente, tentando solucionar problemas advindos de uma gestão com forte imposto em resultado e processos de diferenciação. A estratégia é mais do que um diferencial. É um objetivo e uma diretriz que conduz a processos de excelência. Conclusão Como evidenciado neste bloco, não há como definirmos um perfil adequado de um gestor moderno sem que façamos uma retrospectiva de como foram os primeiros relatos do porquê da necessidade de se controlar as empresas. É de fato relevante compreendermos o papel atual dos gestores partindo de um propósito do passado, culminando com a busca constante de desenvolver um processo adequado de controle em função dos vários riscos de fracasso do negócio. , 18 REFERÊNCIAS BARNEY, J. B; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva: casos brasileiros. São Paulo: Pearson, 2007. CAMARGOS, M. A.; DIAS, A. P. 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Talvez, mas nosso senso coeso nos leva à percepção de que planejando é melhor. Nesse sentido, vamos associar conceitos sob os aspectos da Controladoria e do planejamento estratégico. Para tal, vamos evidenciar os fundamentos do controle e evoluirmos para as definições sobre temas mais complexos das organizações, como planejamento estratégico, tático e operacional. Esta abordagem irá provocar no aluno um raciocínio voltado ao entendimento de que, em todas as organizações, não mais é possível gerenciar as empresas sem o pensamento estratégico implementado. 2.1 A Controladoria e o planejamento estratégico Como é possível a empresa caminhar de um simples modelo de gestão para um complexo sistema de controle? Vejamos, então, como isso se processa e com mais atenção à questão empresarial evidenciada no quadro a seguir, conforme os estudos de Gluck, Kaufmann e Walleck, citados por Gracioso (1996, p. 29), no qual eles desenvolveram um documento sobre as quatro etapas do planejamento corporativo, demonstrando a sequência normalmente percorrida pelas empresas até atingirem a etapa final, que de acordo com a visão dos autores seria o gerenciamento estratégico. , 22 Quadro 2.1 ̶̶̶̶̶̶ Quatro fases do planejamento a nível corporativo Fase I Planejamento financeiro básico Fase II Planejamento baseado em previsões e projeções Fase III Planejamento orientado para o ambiente externo Fase IV Gerenciamento estratégico Eficiência do Planejamento O que se espera do sistema Controle das operações Orçamento anual Enfoque funcional Atingir metas do orçamento Planeja-se para crescer com maior eficiência Análise ambiental (cenários) Projeções plurianuais Alocações de recursos é estática Prever o futuro Respostas mais eficazes aos desafios do mercado e dos concorrentes Análise profunda da situação e avaliação perfeita da concorrência Avaliação de alternativas estratégicas Alocação dinâmica de recursos Pensar estrategicamente Combinam-se todas as reservas para criar vantagens competitivas Roteiro de planejamento enfatiza fatores estratégicos Processos de planejamento são flexíveis e não inibem a criatividade dos gerentes As expectativas da empresa e o clima geral criado servem de estímulo ao sistema Criar o futuro Fonte: Gluck, Kaufmann e Walleck, conforme Gracioso (1996, p. 29). Se associarmos o pensamento estratégico estudado no Bloco 1, subitem 1.5, com as proposições do planejamento, é provável que iremos compreender que de fato o comportamento focado numa gestão planejada estrategicamente deverá permitir resultados mais consistentes, coesos e de acordo com as expectativas dos seus gestores. Conforme os autores citados, observando ao que eles denominaram de Fase I, tudo tem início no controle das operações, e que para tal é necessária a interferência e acompanhamento da Controladoria, bem como também o que eles chamaram de “orçamento ̶̶̶̶̶̶anual” ̶̶̶̶̶̶que ̶̶̶̶̶̶são de fato as premissas e diretrizes definidas pela gestão para o futuro próximo. Planejar sob a ótica da visão no futuro, numa explicação mais simples, consiste em estimar as receitas e os custos corretamente e em fixar limitantes para cada item de despesas. Podemos, então, concluir que o sucesso dessas , 23 estratégias vai depender muito mais da expertise dos comandantes da organização do que propriamente do modelo adotado. Já na Fase II é possível compreender que a dinâmica da empresa a leva a patamares mais complexos na medida em que a empresa vai crescendo. Fica muito mais difícil o planejamento em função da influência dos fatores externos e ambientais. O planejamento agora nessa fase consiste em projeções por um período de tempo maior sendo que, para tal, é necessário mensurar projeções econômicas, sociais e políticas, além da simulação dos cenários de macroambiente futuros. A probabilidade de acerto é menor, visto que a realidade nem sempre segue padrões. O uso sistemático de análises de tendências, simulações em cenários pessimistas ou otimistas não conseguem garantir o êxito das projeções. Embora essa dificuldade de acerto esteja presente nessa fase, ainda assim há um ganho no que tange à melhoria da qualidade das decisões principalmente nos assuntos relacionados às diretrizes de longo prazo. O risco maior é tornar esse modelo algo mecânico e repetitivo apenas ajustando os dados passados, por meio de indicadores projetados, perdendo o foco das tomadas de ação e decisão. Na Fase III, a evidência do insucesso nas premissas e simulações estão mais presentes. Os executivos nessa fase passam a compreender que é necessário obter conhecimento mais adequado do comportamento do mercado. Há uma maior preocupação com o destino dos recursos da empresa, seja através de novas possibilidades de investimentos, seja através de novas áreas de oportunidades percebidas no comportamento do consumidor, o que de fato passa a ser uma obsessão atender os desejos ̶̶̶̶̶̶e ̶̶̶̶̶̶necessidades ̶̶̶̶̶̶do ̶̶̶̶̶̶consumidor ̶̶̶̶̶̶ sob ̶̶̶̶̶̶o ̶̶̶̶̶̶estímulo ̶̶̶̶̶̶da ̶̶̶̶̶̶“perspectiva ̶̶̶̶̶̶externa”, ̶̶̶̶̶̶que ̶̶̶̶̶̶ passam a ter. Na Fase IV, os gestores percebem que a Fase III não lhes fornece todas as respostas. Conforme Gracioso (1996, p. 30), é preciso evoluir para a fase seguinte, para evitar problemas internos de comunicação, motivação e controle. Um dos indícios de que está na hora de dar o passo final nos é dado pelo funcionamento das chamadas Unidades Estratégicas de Negócios (UENs), que consistem no agrupamento de negócios relacionados entre si, para formar um todo homogêneo e capaz de exercer controle efetivo sobre todas as etapas operacionais. , 24 Como conclusão a respeito das fases referenciadas, Gracioso (1996, p. 30) descreve que, entre outros resultados, o estudo indicou que – independente do seu tipo ou tamanho – as empresas evoluem igualmente, ao longo dos quatro estágios indicados, à medida que sofisticam os seus métodos de planejamento e ação estratégica. Mas essa progressão é mais ou menos lenta, e pode até mesmo ser interrompida, conforme a interação de fatores internos como a qualidade dos executivos envolvidos no processo, disposição da alta gerência para participar, processos decisórios, eficiência da implementação etc. 2.2 Os fundamentos de controle A grande questão é: quanto custa à empresa a implementação de todo esse aparato de informação? Em muitas organizações, temos apenas a contabilidade básica, ou seja, a financeira, que atende aos requisitos fiscais e legais como ferramenta de decisão. Uma evolução já seria a implementação de uma contabilidade gerencial, cujo grande ganho é a constante atualização das informações básicas como o CMV – Custo das Mercadorias Vendidas, se o modelo de negócio for apenas a comercialização de produtos já adquiridos prontos, ou do CPV – Custos dos Produtos Vendidos, se o modelo de negócio envolver processos de industrialização, além da elaboração de um fluxo de caixa mais condizente com a realidade dos negócios. Mas há diferenças significativas na performance de gestão? Vejamos, a seguir, um quadro ilustrativo comparando a contabilidade financeira e a gerencial. , 25 Quadro 2.2 ̶̶̶̶̶̶ Comparativo entre contabilidade financeira e contabilidade gerencial ITEM FINANCEIRA GERENCIAL Clientela Externa Interna Propósito Reportar o desempenho passado Informar decisões tomadas pelos gerentes Data Histórica, atrasada. Reflete uma realidade passada Atual, orientada para o futuro Restrições Regulamentada: leis fiscais e princípios fundamentais de contabilidade Desregulamentada: satisfazernecessidades estratégicas e operacionais Tipo de informação Somente para mensuração financeira Mensuração física e operacional dos processos, tecnologia e competidores Natureza da informação Objetiva, auditável, confiável, consistente e precisa Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor, válida, relevante e acurada Escopo Muito agregada; reporta toda a empresa. Está presa à obediência de toda a legislação Desagregada; informa as decisões e ações locais. Não está presa à obediência de legislação, assim pode produzir relatórios setoriais e com conteúdo mais informacional Fonte: Ching (2006). Adaptado pelo autor. Analisando o quadro proposto por Ching (2006) acima, temos uma clara comparação: de um lado, a contabilidade financeira a qual tem um foco bastante orientado para composição de informações que suportam a tomada de decisão imediata, ou seja, atende aos requisitos de uma Controladoria com foco nos resultados já obtidos em função das diversas decisões que foram adotadas no passado; de outro lado, a contabilidade gerencial tem um foco voltado para decisões futuras, isto é, em sua elaboração, consideram-se os ajustes decorrentes das diversas possibilidades que farão parte das decisões estratégicas, ou seja, que a contabilidade financeira não considerou ou não foi possível considerar em função, por exemplo, da legislação até então. É possível concluirmos que somente isso não basta, principalmente em tempos modernos no qual os macroambientes em que as empresas estão inseridas são altamente competitivos. 2.3 O planejamento estratégico Vimos que de fato planejar conduz a organização à realização mais aproximada das expectativas de seus gestores, consolidando sua posição de destaque com maiores , 26 possibilidades de obtenção de sucesso em ambientes competitivos e em cenários que demandem estratégias para tal. Se é necessário planejar e utilizar estratégias, surge então o que as organizações muito se utilizam que é o planejamento estratégico. O que é então o planejamento estratégico? O planejamento sempre foi considerado uma tarefa essencial dentro da organização, haja vista o nosso próprio parecer sobre a importância de se planejar, evidenciando um universo viável para o próprio planejamento associado aos sucessos e aos fracassos que se evidenciam durante sua implementação, o que nos leva à conclusão do seu relevante papel como ferramenta dentro do modelo de gestão adotado pelas organizações. Pensar estrategicamente nos leva a diversos pensamentos com fortes inserções de racionalidade e coesão. É relativamente complexo encontrar uma definição única para o termo “planejamento”. ̶̶̶̶̶̶A ̶̶̶̶̶̶maioria ̶̶̶̶̶̶dos ̶̶̶̶̶̶autores ̶̶̶̶̶̶que ̶̶̶̶̶̶desenvolveram ̶̶̶̶̶̶definições ̶̶̶̶̶̶para ̶̶̶̶̶̶esse tema circulam suas definições afirmando que planejamento é um processo contínuo, tendo como ação principal o ato de se pensar no futuro, que não depende da vontade específica dos decisores. Normalmente, esse pensamento busca ações no presente que irão implicar consequências ̶̶̶̶̶̶no ̶̶̶̶̶̶futuro. ̶̶̶̶̶̶Drucker ̶̶̶̶̶̶(1962, ̶̶̶̶̶̶p. ̶̶̶̶̶̶131) ̶̶̶̶̶̶explica ̶̶̶̶̶̶que ̶̶̶̶̶̶“o ̶̶̶̶̶̶planejamento não diz respeito ̶̶̶̶̶̶ a ̶̶̶̶̶̶ decisões ̶̶̶̶̶̶ futuras, ̶̶̶̶̶̶ mas ̶̶̶̶̶̶ às ̶̶̶̶̶̶ implicações ̶̶̶̶̶̶ futuras ̶̶̶̶̶̶ de ̶̶̶̶̶̶ decisões ̶̶̶̶̶̶ presentes”. ̶̶̶̶̶̶ Ele ̶̶̶̶̶̶ também é solidário à ideia de que o planejamento não é um ato solitário, que se desprende de tudo à sua volta. Mintzberg (2004, p. 22) afirma que para se ter um planejamento deve-se traçar as ações com antecedência e defende que não precisamos de definições sobre planejamento que nos informem que devemos pensar no futuro, ou que tenhamos de obter o controle dele. O importante e necessário são definições que nos mostrem como fazer o planejamento. Com foco nessa definição, podemos considerar que o planejamento é o simples ato de decisão, de decidir algo em prol da busca pelo êxito pleno. , 27 Snyder e Glueck (mencionados em MINTZBERG, 2004, p. 73) definiram o planejamento como ̶̶̶̶̶̶ “as ̶̶̶̶̶̶ atividades ̶̶̶̶̶̶ que ̶̶̶̶̶̶ estão ̶̶̶̶̶̶ interessadas ̶̶̶̶̶̶ especificamente ̶̶̶̶̶̶ em ̶̶̶̶̶̶ determinar ̶̶̶̶̶̶ quais ̶̶̶̶̶̶ ações ̶̶̶̶̶̶e/ou ̶̶̶̶̶̶recursos ̶̶̶̶̶̶humanos ̶̶̶̶̶̶e ̶̶̶̶̶̶materiais ̶̶̶̶̶̶são ̶̶̶̶̶̶necessários ̶̶̶̶̶̶para ̶̶̶̶̶̶atingir ̶̶̶̶̶̶uma ̶̶̶̶̶̶meta”, ̶̶̶̶̶̶ou ̶̶̶̶̶̶ seja, é necessário identificar as várias e possíveis alternativas, analisá-las individualmente para então optar pelas melhores. Essa é uma postura gerencial com enfoque no sentido de se identificar como fazer o planejamento. Finalmente, ̶̶̶̶̶̶“o ̶̶̶̶̶̶processo ̶̶̶̶̶̶de ̶̶̶̶̶̶planejamento ̶̶̶̶̶̶é ̶̶̶̶̶̶muito ̶̶̶̶̶̶mais ̶̶̶̶̶̶importante ̶̶̶̶̶̶que ̶̶̶̶̶̶seu ̶̶̶̶̶̶resultado final” (OLIVEIRA, 2009, p. 6). Ele é um procedimento formal que produz resultado articulado, na forma de um sistema integrado de decisões. É assim que Oliveira (2009, p. ̶̶̶̶̶̶27) ̶̶̶̶̶̶diz ̶̶̶̶̶̶que: ̶̶̶̶̶̶“[deve-se] caracterizar o planejamento pela natureza de seu processo, não pelos resultados esperados”. Com essa visão abrangente de que temos todas as ferramentas para realizarmos o que planejamos, é que necessitamos da implementação das estratégias. Andrews (2001, p. 58) coloca: [...] a estratégia é padrão de decisões, que revela e determina os objetivos, metas e produz as principais políticas e planos para obtenção dessas metas e define a escala de negócios em que a empresa deve se envolver, o tipo de organização que pretende ser e a natureza da contribuição econômica e não econômica que pretende proporcionar aos seus acionistas, funcionários e comunidades. O planejamento estratégico é o primeiro nível do planejamento organizacional, pois considera e analisa as organizações como um todo. Tem foco no desenvolvimento e manutenção das estratégicas organizacionais permitindo e estabelecendo a direção a ser seguida pela empresa. Busca analisar os pontos fortes e fracos da organização, bem como identificar as oportunidades e ameaças do seu cenário de atuação, com relevância significativa em estabelecer objetivos estratégicos e ações que permitam aumentar a competitividade organizacional. Por isso, é considerado um plano de longo prazo e que normalmente é elaborado pela alta direção justificando que as suas diretrizes envolvam toda a organização. Oliveira (2009, p. 32-33) ̶̶̶̶̶̶define ̶̶̶̶̶̶planejamento ̶̶̶̶̶̶estratégico ̶̶̶̶̶̶como ̶̶̶̶̶̶uma ̶̶̶̶̶̶técnica ̶̶̶̶̶̶“[...] ̶̶̶̶̶̶que ̶̶̶̶̶̶ possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a , 28 obter ̶̶̶̶̶̶um ̶̶̶̶̶̶nível ̶̶̶̶̶̶de ̶̶̶̶̶̶otimização ̶̶̶̶̶̶na ̶̶̶̶̶̶relação ̶̶̶̶̶̶da ̶̶̶̶̶̶empresa ̶̶̶̶̶̶com ̶̶̶̶̶̶seu ̶̶̶̶̶̶ambiente”. Considera-se o planejamento estratégico como uma ferramenta de gestão que busca auxiliar as empresas estabelecendo valores a serem praticados para a construção de uma visão do futuro, orientando as decisões que ocorrem diariamente, caminhando na direção pretendida. Já Drucker (1998) vê o planejamento estratégico como um conceito que planeja o futuro em longo prazo, fixando os principais objetivos globais, determinando os caminhos básicos para se atingir esses objetivos e apresentando os meios para se ter os recursos necessários para essa realização. Bryson (1995) foi mais enfático quando considerou que o planejamento estratégico é um conjunto de conceitos, procedimentos e ferramentas criadas para auxiliar os líderes e gestores. O planejamento estratégico pode ser definido como um esforço disciplinado para produzir decisões e ações fundamentais que moldam e orientam o que uma organização (ou outra entidade) é, o que faz, e por que o faz. Pfeiffer (2000) afirma que o propósito do planejamento estratégico é tornar o trabalho de uma organização mais eficiente, buscando gerenciar de maneira mais eficaz, tomando decisões mais acertadas. A Harvard Business School,nos Estados Unidos, elaborou uma pesquisa que concluiu que o ato de planejar as ações aumenta em 60% a probabilidade de sucesso nos negócios (DORNELAS, 2011, p. 85). Com base nessa construção teórica, podemos então concluir que a eficácia da implementação de um modelo planejado estrategicamente é que de fato irá permitir e conduzir as organizações rumo à excelência, também sendo suportada pela maior capacidade de essas organizações buscarem e obterem financiamentos e/ou investimentos no mercado. 2.4 O planejamento tático De acordo com Oliveira (2009, p. 19), o planejamento tático é desenvolvido pelos níveis intermediários das empresas, tendo como principal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis para o alcance de objetivos previamente fixados, , 29 segundo uma estratégia predeterminada, bem como as políticas orientativas para o processo decisório da empresa. Deve ser ressaltado que o planejamento tático tem por finalidade otimizar determinada área de resultado e não a totalidade da empresa, focando as partes dos objetivos, das estratégias e das políticas estabelecidas no planejamento estratégico. Evidenciamos que em várias organizações o tempo de duração do planejamento tático é menor que o planejamento estratégico, pois compreende mais especificamente variáveis como condições de mercado, metas financeiras e recursos necessários para executar a missão. Por isso, evidenciamos ser comum que cada área elabore o seu próprio plano tático com seus objetivos específicos que deverão ser atingidos e é nessa fase que perguntas relevantes são respondidas, perguntas estas como: O que fazer? Como fazer? É possível ser feito? Qual o melhor caminho a ser seguido agora? Lembre-se de que é nessa fase que as diferentes áreas da organização vão se reunir para definirem seus objetivos para os próximos anos. Vamos entender juntos o seguinte exemplo, que identifica 3 (três) metas que justificam por si só sua elaboração: 1) Realização de uma campanha de marketing para captação de mais clientes; 2) Identificação de novas fontes de recursos para elaboração do orçamento; 3) Propostas para garantia de que todos os colaboradores estejam de fato qualificados para ocupação de seus cargos. Observem que tais objetivos são específicos para cada setor isoladamente, ou seja, o primeiro é de competência da área de Marketing; o segundo da área Financeira e o terceiro da área de gestão de Recursos Humanos. Percebam que usamos a palavra “isoladamente”, ̶̶̶̶̶̶mas ̶̶̶̶̶̶eles ̶̶̶̶̶̶podem ̶̶̶̶̶̶ter ̶̶̶̶̶̶implicações ̶̶̶̶̶̶uns com os outros, principalmente no que tange à área financeira, mesmo porque o Marketing necessitará de recursos para desenvolver suas estratégias de divulgação e a área de Recursos Humanos irá necessitar de recursos monetários para oferecer oficinas e cursos de especialização de modo que seus colaboradores se capacitem para desempenharem suas funções adequadamente. A seguir, evidenciamos um quadro com suas características principais: , 30 Quadro 2.3 – Planejamento tático Fonte: disponível em: <https://image.slidesharecdn.com/1026planejamentotticoeoperacional- 140227073608-phpapp02/95/1026-planejamento-ttico-e-operacional-8-638.jpg?cb=1393486609>. Acesso em: 29 out. 2020. Mas, em resumo, o plano tático se limita a uma área, setor ou departamento específico. Visto que o plano tático faz parte de um planejamento mais voltado a cada segmento de uma empresa, é compreensível que seus gerentes liderem esse processo de elaboração, cabendo a eles a responsabilidade de definir as estratégias, distribuição das tarefas e a certificação do cumprimento do objetivo. Embora sejam etapas distintas que se evidenciam nessa fase, estratégia, tática e operacionalização necessitam ser pensadas em conjunto, independente que cada uma tenha as suas missões e os seus prazos para serem cumpridos. Todo esse trabalho pode ser dividido em etapas que deverão ser desenvolvidas por grupos de pessoas gabaritadas a saber: , 31 1) Verificação primária: os problemas que foram diagnosticados precisam ser analisados estendendo essa análise até a evidência dos impactos causados se somente em um setor ou se em mais deles; 2) Elaboração de propostas: nesse momento, serão aceitas as possíveis soluções para os problemas diagnosticados na verificação primária; 3) Análise reflexiva: as propostas deverão ser pensadas se irão impactar de fato soluções, se são coesas e racionais, além de serem ou não adequadas à realidade da empresa; 4) Tomada de ação: uma vez consolidadas as propostas e analisadas adequadamente e aceitas pelo grupo, devem ser implementadas, criando para isso um cronograma bem elaborado com definição dos responsáveis pelo desenvolvimento de cada ação, acompanhamento e conclusão até os prazos estabelecidos. O que se evidencia de fato é que dificilmente as organizações não obtêm o êxito esperado. 2.5 O planejamento operacional É um tipo de planejamento muito mais específico ainda do que os anteriores, ou seja, ele é focado nas demandas mais urgentes, naquelas que necessitam soluções quase que imediatas. Para tal, será necessário um trabalho com definição de métodos de trabalho, flexível, dinâmico, com utilização de um sistema e processos bem definidos. Surgem questionamentos do tipo: Quem fará? Qual será o prazo para fazer? Quais recursos serão utilizados? O sucesso dependerá da real compreensão de cada responsável nessa execução, além do entendimento dos riscos envolvidos para a organização, visto que a organização está em um processo contínuo de suas operações diárias, ou seja, não vamos pará-la para implementar mudanças. Como exemplo, pensem na estratégia de obtenção de um parceiro terceirizado para aumento da capacidade produtiva sem grandes impactos para a consecução dos custos. Ampliem seu raciocínio na questão da qualidade envolvida, ou talvez, expor os segredos de como produzir ao parceiro e sua possível consequência. , 32 Portanto, o planejamento operacional deve se preocupar em definir objetivos operacionais, mas também em como chegar até lá da maneira mais eficiente. Para elaborar esse trabalho, existe uma ferramenta bastante utilizada: o 5W2H. Trata- se de um método que busca responder às perguntas essenciais para desenvolver um plano, perguntas estas a seguir: O que (What)? A resposta para essa pergunta deve se abranger ao que será feito para atingir os objetivos operacionais do plano. Alguns exemplos do que pode ser feito: capacitação da equipe de colaboradores, implantação de um sistema de gestão integrado, desenvolvimento de um novo produto ou de um novo nicho de negócio. Por que (Why)? O foco da resposta reside no por que vão ser feitas as ̶̶̶̶̶̶ ações ̶̶̶̶̶̶ definidas ̶̶̶̶̶̶ no ̶̶̶̶̶̶ “o ̶̶̶̶̶̶ que” ̶̶̶̶̶̶ acima. Por exemplo: Vamos desenvolver um novo produto: por que desejamos ampliar o mercado de atuação da empresa? Deve ser definido o propósito do plano. É essencial que todos entendam do por que faremos. Quem (Who)? Devem ser definidas quais serão as áreas e quais são os colaboradores envolvidos nas operações, bem como todos os responsáveis pela execução de cada tarefa. Quando (When)? Definição de prazos condizentes e realísticos. A realização no prazo é motivadora para a equipe de colaboradores o que os induz a uma vontade consistente de continuidade com o plano. Onde (Where)? Definição de onde serão realizadas as atividades que deverão ser desenvolvidas. Podem ser também desenvolvidas remotamente fora da empresa. Pense nas condições de realização, recursos e possíveis equipamentos necessários. WINDOWS Realce , 33 Como (How)? Como serão realizadas as tarefas pelas equipes de colaboradores. Poderá haver contratação de terceiros, tanto para sua realização como para treinamento dos colaboradores.Quanto (How Much)? Nessa etapa, a preocupação é com os custos para a realização de todo o plano. Talvez, algumas etapas deverão ser revistas e adequadas às expectativas de gastos projetadas anteriormente. Mesmo após tudo implementado, ainda é passível de adequação, mesmo porque o cenário se altera tanto internamente como externamente, por isso, os ajustes precisam ser ágeis e eficazes. Conclusão Como vimos, o pensamento focado num modelo de gestão utilizando-se de estratégias faz toda a diferença. Esse talvez hoje seja o marco do diferencial entre as empresas de sucesso e as de sem sucesso, mesmo porque há um elo, como observamos, dos conceitos sob os aspectos da Controladoria e do planejamento estratégico. Concluímos que planejar leva a organização a processos de excelência e cria um potencial de relevante papel na tomada de decisão, que se orienta através do planejamento estratégico, tático e operacional. REFERÊNCIAS ANDREWS, K. R. O conceito da estratégia empresarial. In: MINTZBERG, H.; QUINN J. B. O processo da estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2001. BRYSON, J. M. Strategic planning for public and nonprofit organizations. San Francisco: Jossey Bass, 1995, 325 p. CHING, Y. H. Contabilidade gerencial: novas práticas contábeis para a gestão de negócios. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. , 34 DORNELAS, J. C. A. Plano de negócios – Seu guia definitivo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. DRUCKER, P. F. Prática de administração de empresas. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1962. ______________. Introdução à administração. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998. GRACIOSO, F. Planejamento estratégico orientado para o mercado. São Paulo: Atlas, 1996. MINTZBERG, H. 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Diante de um universo tão grandioso de ferramentas de gestão, e todas de fácil acessibilidade também ao concorrente, como os executivos devem se posicionar? Diante disso, é necessário ter um aparato bastante completo de informações diversas para o perfeito gerenciamento. É sobre isso que este bloco trata: de informações, sistemas de gestão integrados, acessos a seu uso, bem como uma discussão sobre as vantagens e desvantagens em sua utilização, sempre através de uma abordagem estratégica. Além disso, vamos utilizar a contextualização com uma ferramenta muito atual, denominada de Business Intelligence – A ̶̶̶̶̶̶inteligência ̶̶̶̶̶̶empresarial, ̶̶̶̶̶̶o ̶̶̶̶̶̶famoso ̶̶̶̶̶̶“BI”. Como complemento, vamos evidenciar o que renomados pesquisadores desses temas pensam ̶̶̶̶̶̶ a ̶̶̶̶̶̶ respeito ̶̶̶̶̶̶ dentro ̶̶̶̶̶̶ do ̶̶̶̶̶̶ que ̶̶̶̶̶̶ chamamos ̶̶̶̶̶̶ de ̶̶̶̶̶̶ “A ̶̶̶̶̶̶ visão ̶̶̶̶̶̶ estratégica ̶̶̶̶̶̶ na ̶̶̶̶̶̶ gestão ̶̶̶̶̶̶ da ̶̶̶̶̶̶ informação”. Isso deverá despertar no aluno um raciocínio voltado à concepção da ideia de que tudo nas organizações depende de um conjunto de informações, que devem no mínimo ser confiáveis para a tomada de decisão. 3.1 Informação como base da estratégia inicial As atividades de uma empresa, bem como sua operacionalidade, estão intrinsicamente ligadas à obtenção e uso de informações referentes ao negócio, e mais ainda quando associadas às questões da tecnicidade de seus processos produtivos. Informação é o , 36 elemento essencial no processo de decisão e na formulação de estratégias de qualquer organização. O que se observa, é que as empresas brasileiras, principalmente as de médio e pequeno portes, são muito carentes de instrumentos de gestão da informação que as permitam elevar sua produtividade e sua capacidade de obtenção de sucesso em ambientes cada vez mais competitivos. Pode-se descrever a informação como uma mensagem de comunicação audível ou visível, em geral apresentada sob a forma de documento, que envolve um emitente e um receptor e cuja finalidade é mudar o modo como o destinatário vê algo ou exercer algum impacto sobre seu julgamento e comportamento. Diferente dos dados, a informação tem significado e se organiza tendo em vista algum fim (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). A evolução da importância da informação nas organizações ocorreu da seguinte forma: na década de 1950, considerava-se a informação um requisito burocrático necessário, que contribuía para reduzir o custo do processamento de muitos papéis; nos anos 1960 e 1970, via-se a informação como um suporte aos propósitos gerais da empresa, que auxiliava no gerenciamento de diversas atividades; a partir das décadas de 1970 e 1980, passou-se a compreender a informação como um fator de controle e gerenciamento de toda a organização, que ajudava e acelerava os processos de tomada de decisão, e, da década de 1990 até os dias atuais, passou-se a reconhecer a informação como um recurso estratégico, uma fonte de vantagem competitiva para garantir a sobrevivência da empresa (LAUDON; LAUDON, 1996). Para assegurar a permanência e os lucros, as organizações resolveram adotar uma estratégia inovadora, apoiada com firmeza na informação, então compreendida como um capital estratégico, que possibilitava às empresas conhecerem seu próprio ambiente, mercados, consumidores e competidores (PAPA FILHO; VANALLE, 2002). Sofisticando-se os mercados, tornou-se necessário aperfeiçoar as áreas de informação das empresas, agregando-se estratégias para obter sucesso. A mensagem estratégica que uma economia fundamentada na informação transmite é tão visível que a informação passou a ser a base para a competição, capaz de acionar as alternativas tecnológicas para o seu gerenciamento (McGEE; PRUSAK, 1994). , 37 Acredita-se que nenhuma empresa pode escapar aos efeitos da revolução causada pela informação. Os gestores cada vez mais gastam recursos com a tecnologia da informação e se envolvem na sua gestão (PORTER; MILLAR, 1985). A empresa deve ter consciência de que a informação é um requisito tão importante quanto os recursos humanos, pois é dela que depende o sucesso ou o fracasso das decisões tomadas por seus responsáveis e também por todos os seus colaboradores. A informação é, por conseguinte, um elemento primordial nas organizações, que torna possível estabelecer as condições necessárias para atingir seus objetivos e aumentar sua competitividade (FREIRE, 2000; SANTOS, 2001). Além disso, é preciso considerar que a estratégia sempre se formula com base nas informações disponíveis e que por isso nenhuma estratégia será melhor do que a informação da qual deriva. Desse modo, o que determinará a excelência de uma empresa será o fato de ser capaz de coletar, organizar, analisar e implementar mudanças a partir de informações, integrando-as no processo de melhoria contínua de suas atividades (REZENDE, 2001). É nesse cenário que de fato a Controladoria consegue atuar e consolidar-se nas empresas. Através da informação, há uma troca constante de conhecimento e auxílio ao processo de gestão adotado. 3.2 Sistemas de gestão integrados (SGI) Como evidenciamos nas organizações, quanto menos informaçãotiverem as empresas, menos suporte para a tomada de decisão elas terão. Como vimos, a informação é uma das estratégias que deve ser adotada nas empresas e que, sem a informação, mais difícil se torna conquistar mercados, satisfazer o cliente, ganhar competitividade e, de fato, a sustentabilidade da organização estará em risco. Não que sejam impossíveis as tomadas de ação e decisão com acerto, porque muito disso está na expertise também de seus gestores, mas devemos compreender que essas empresas tenderão a ficar sempre atrás das demais que possuem um aparato informativo maior. , 38 Dessa forma, fica fácil então compreender que os sistemas de gestão integrados facilitam e minimizam os riscos do erro. Porém, não podemos desprezar o pensamento que, ainda assim, informações mal interpretadas possam levar ao caos da gestão. Fonte: disponível em: <https://www.verdeghaia.com.br/wp-content/uploads/2020/03/SGI.png>. Acesso em: 3 nov. 2020. Figura 3.1 ̶̶̶̶̶̶ Exemplificação de sistemas de gestão integrados. A gestão integrada pode ser interpretada como a gestão única de todas as áreas da empresa. Ela é possível através de um sistema que integra e interage todos os dados e processos das diferentes áreas disponibilizando as informações mais relevantes em um único ambiente. Dessa forma, propicia-se uma gestão centralizada de todas as áreas, facilitando o acesso às informações estratégicas e táticas aos seus gestores, mas também permitindo que tais processos sejam mais eficientes e eficazes quando implantados. Com isso implementado, podemos observar nitidamente ganhos de produtividade e diminuição dos custos operacionais. Em resumo, a adoção de um sistema de gestão integrada (SGI) associada às estratégias organizacionais necessárias para viabilizar a efetividade das ações e tomadas de decisão possibilita a geração de diversas vantagens à gestão do negócio como um , 39 todo, unificando as informações e tornando os fluxos mais eficientes, condizentes com o papel do controller e dos métodos de controle por ele adotados. Pode-se considerar a gestão como um conjunto de processos que englobam atividades de planejamento, organização, direção, distribuição e controle de recursos de qualquer natureza, visando à racionalização e à efetividade de determinado sistema, produto ou serviço (MARCHIORI, 2002). Sob essa perspectiva, a gestão da informação deve incluir, em dimensões estratégicas e operacionais, mecanismos para obter e utilizar recursos humanos, tecnológicos, financeiros, materiais e físicos para o gerenciamento da própria informação, que então deve ser disponibilizada como insumo útil e estratégico para indivíduos, grupos e organizações (Ponjuán Dante mencionado por MARCHIORI, 2002). A gestão da informação engloba a sinergia entre a tecnologia da informação, comunicação e os recursos/conteúdos informativos, visando ao desenvolvimento de estratégias e à estruturação de atividades organizacionais. Portanto, a gestão da informação implica mapear as informações necessárias, fazer sua coleta, avaliar sua qualidade, proceder ao seu armazenamento e à sua distribuição e acompanhar os resultados de seu uso (MARCHIORI, 2002). Gestão estratégica da informação, portanto, significa o uso da informação com fins estratégicos para obter vantagem competitiva (LESCA; ALMEIDA, 1994). Ao se analisar o cenário em que as empresas estão inseridas, é possível constatar o quanto a turbulência deste as pressiona, fazendo-as interagirem com um ambiente em constante mutação, que oferece tanto oportunidades quanto ameaças. De fato, é de vital importância que os gestores usem a informação como instrumento que lhes permita conhecer melhor a empresa e o ambiente competitivo em que atua, de modo que, identificando as ameaças e oportunidades nele presentes, possam desenvolver ações capazes de dar uma solução eficaz à turbulência ambiental (BEUREN, 2000). 3.3 A adoção de um sistema. Vantagens e desvantagens Considerando nosso avanço no sentido de entender os aspectos da Controladoria estratégica e associando aos conceitos já estudados sobre a questão da informação , 40 estratégica, o gestor deve se questionar até que ponto é possível gastar recursos na busca de um sistema que permita a adoção de um sistema de gestão. Existem no mercado diversos modelos que devem ser pesquisados antes da sua real implementação, porém, devemos pensar e sempre lembrar que a empresa não nasceu para ser perene, ou seja, ela nasceu para ter vida eterna. Nesse sentido, tudo deve ser pensado para ser eterno também. Não se implantam sistemas temporários ou com vida útil limitada ou pensando que depois possa ser melhorado ou extinto. Tal raciocínio não é estratégico. Um paradigma que deve logo ser quebrado é o raciocínio que somente grandes empresas e grandes negócios adotam sistema de gestão. Existem programas disponíveis no mercado que atendem parcialmente essa questão de gerenciamento das informações, porém, não necessariamente eles se integram ou atendem a ramos específicos de negócios como restaurantes, pet shops etc. O conceito essencial é o mesmo para todos, ou seja, o de automatizar processos de elaboração de relatórios e otimização do tempo da equipe colaboradora. O que difere entre eles é a abordagem de como serão colocados em prática, visto que isso é uma característica própria de cada empresa as quais possuem necessidades específicas. Podemos encontrar alguns tipos de sistemas. O problema é identificar um que melhor atenda às necessidades iniciais e futuras da empresa. Vamos conhecê-los: a) Sistemas padrões São os mais comuns no mercado. Geram relatórios condizentes com as expectativas dos gestores e utilizam metodologias de controle padronizadas, o que facilita na elaboração de relatórios de performance. Eles atendem quase que plenamente as necessidades de controle, porém, são caros sob o ponto de vista financeiro e não são de propriedade da empresa que os utiliza, pois é pago um valor contratado pela concessão de uso, e é necessário muitas vezes o que chamamos de customização, ou seja, adequação às rotinas específicas da empresa, o que eleva seu custo de aquisição. A desvantagem é o pagamento das atualizações das versões e novamente da customização, visto que o cenário econômico, as leis etc., também se alteram e esses sistemas necessitam de ajustes. , 41 Por funcionarem através de módulos que se integram e interagem entre si, o que é uma vantagem, a empresa decide que áreas ela de fato quer controlar ou se utilizará plenamente todos os módulos. b) Sistema flexível Sua característica básica é sua flexibilidade de ser adaptado às empresas que utilizam de muito dinamismo no dia a dia ou que estão em crescimento constante; afinal, tudo muda constantemente também nessas empresas. A grande questão é o futuro da empresa e seu modelo de gestão, ou seja, até quando essa flexibilização será interessante, pois, na prática, um dia a empresa se consolida e talvez necessite de um sistema mais complexo e mais robusto. c) Sistemas com custo “zero” Existem? Sim. Porém, como não há nenhum pagamento financeiro pelo seu uso, também não há vínculo e nenhuma responsabilidade por parte do seu criador. Se surge uma necessidade mais específica, é provável também a necessidade de contratação de um especialista o que poderá ser bem custoso à empresa. Estrategicamente, esses sistemas são gerados e disponibilizados para seu uso gratuito, porém, são parametrizados de forma que o seu uso será orientado a chegarem num “beco ̶̶̶̶̶̶sem ̶̶̶̶̶̶saída” ̶̶̶̶̶̶e ̶̶̶̶̶̶nesse momento necessitam do auxílio de seu criador. Além disso, as atualizações ficam comprometidas e como nesse modelo não temos nenhum domínio, toda a gestão pode estar comprometida no futuro. Então, é melhor repensar no seu uso. d) Específicopara o negócio A busca pelo melhor sistema é a questão relevante. Porém, o pensamento estratégico deve ser dimensionado, pois a empresa irá crescer e, com a adoção de um sistema, certamente numa velocidade não antes imaginada. Então, deve ser implementado um sistema que atenda no hoje e no futuro as expectativas dos gestores. É provável que uma empresa de porte pequeno não necessite de tantas funcionalidades quanto as de porte maior, porém, sob os aspectos da Controladoria, , 42 não se deve abrir mão dos controles financeiros e de recursos humanos. Sob esses aspectos, há diversos fornecedores que oferecem ferramentas mais simples de gestão por um preço mais acessível a essas empresas menores, mas nunca se deve perder a visão do crescimento. e) Sistemas para indústria O foco desses sistemas são os controles produtivos e distribuição dos produtos. Sob certos aspectos, são mais baratos, mas a empresa sempre deve pensar na questão do custo-benefício em termos de investimento, como fica o papel dos controles na utilização desses sistemas. Não parece ser insuficiente para um modelo de gestão integrada? Geralmente, a ferramenta não disponibiliza tantas funções de planejamento como nos modelos anteriores, mas investe mais em oferecer métodos de controle da produção, finalização e venda dos itens. 3.4 Business Intelligence – A inteligência empresarial Como vimos, por um grande período de tempo, os administradores das empresas tiveram que tomar decisões importantes apenas baseados nas suas próprias intuições, conhecimento empírico, senso racional e tendo como guia suas experiências anteriores e, quando possível, utilizando-se do conhecimento do mercado. As empresas cresciam e se tornavam grandes negócios; o avanço da tecnologia e as consequências disso foi o aumento da competitividade, surgimento de novos mercados etc., tornando esse cenário de negócios altamente técnico, o que exige de seus tomadores de decisão cada vez mais acerto. Dessa forma, sentia-se a necessidade de encontrar uma forma mais inteligente e consistente nas tomadas de decisão; uma que não dependesse tanto da capacidade dedutiva de seus gestores e diretores executivos e que funcionasse de forma sistemática e confiável. Focadas na visão de que decisões dependem de informações corretas, surgiu uma série de conceitos que permitiram agora coletar, gerenciar e distribuir os dados de uma empresa para transformá-los em verdadeiros e oportunos insights. , 43 Esses conceitos geraram o que conhecemos hoje como Business Intelligence. Inteligência de negócios refere-se ao processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte à gestão de negócios. De forma mais detalhada, atualmente existem muitas definições para o termo, como a de Angeloni e Reis (2006, p. 3), que definem: Business Intelligence com o entendimento de que a Inteligência de Negócios ou Inteligência Empresarial compõe- se de um conjunto de metodologias de gestão implementadas através de ferramentas de software, cuja função é proporcionar ganhos nos processos decisórios gerenciais e da alta administração nas organizações, baseados na capacidade analítica das ferramentas que integram em um só lugar todas as informações necessárias ao processo decisório. Reforça-se que o objetivo do Business Intelligence é transformar dados em conhecimento, que suporta o processo decisório com o objetivo de gerar vantagens competitivas. Como principal suporte à tomada de decisões, o BI vem se destacando dentre as ferramentas disponíveis para as organizações. Sua utilidade é comprovada pela dinamização das informações, o que segundo Batista (2004 apud ANGELONI; REIS, 2006, p. 5) pode fornecer uma visão sistêmica do negócio e ajudar na distribuição uniforme dos dados entre os usuários, sendo seu objetivo principal transformar grandes quantidades de dados em informações de qualidade para a tomada de decisões. Através delas, é possível cruzar dados, visualizar informações em várias dimensões e analisar os principais indicadores de desempenho empresarial. Outro conceito muito utilizado para o BI é o de Barbieri (2001 apud ANGELONI; REIS, 2006, p. 5) que define BI como: um guarda-chuva conceitual, visto que se dedica à captura de dados, informações e conhecimentos que permitam às empresas competirem com maior eficiência em uma abordagem evolutiva de modelagem de dados, capazes de promover a estruturação de informações em depósitos retrospectivos e históricos, permitindo sua modelagem por ferramentas analíticas. Seu conceito é abrangente e envolve todos os recursos necessários para o processamento e disponibilização da informação ao usuário. , 44 Primak ̶̶̶̶̶̶ (2008, ̶̶̶̶̶̶ p. ̶̶̶̶̶̶ 4) ̶̶̶̶̶̶ afirma ̶̶̶̶̶̶ que ̶̶̶̶̶̶ “o ̶̶̶̶̶̶ atual ̶̶̶̶̶̶ interesse ̶̶̶̶̶̶ pelo ̶̶̶̶̶̶ BI ̶̶̶̶̶̶ vem ̶̶̶̶̶̶ crescendo ̶̶̶̶̶̶ assustadoramente na medida em que seu emprego possibilita às organizações realizar uma série de análises e projetos, de forma a agilizar os processos relacionados às tomadas ̶̶̶̶̶̶de ̶̶̶̶̶̶decisão”. O que se observa é que o mundo corporativo moderno sempre está em busca de novas ferramentas de gestão e podemos afirmar que não servem ferramentas desenvolvidas simplesmente para gerarem serviços aos gestores que as utilizam. A essência dessas ferramentas que são criadas é que elas têm que no mínimo ter um apelo profissional de alta tecnicidade e que possibilite ampliar o universo analítico, permitindo decisões mais acertadas através de relatórios gerados com maior grau de assertividade. Dessa forma, os gestores que as utilizam dispendem menos tempo na elaboração da informação e mais tempo em sua compreensão e análise, o que favorece ganhos de competitividade e geração de lucro. A criação dos BIs obedeceu essa busca certamente e, em função disso, outras surgirão. 3.5. A visão estratégica na gestão da informação Conforme descrito na Revista TECAP (ANTONELLI, 2009), O cenário atual vem exigindo das organizações cada vez mais uma capacidade de resposta imediata e eficaz, e para isso a necessidade de informações para a tomada de decisão é eminente. Nesse contexto, as ferramentas de Business Intelligence ganham relevância com as organizações, que a cada dia vem buscando mais esse tipo de solução [...] As ferramentas de BI podem trazer grandes benefícios para as organizações que a utilizam, mas é importante frisar que a forma com que a ferramenta é implantada nessas organizações irá ditar seu sucesso ou insucesso. Tome-se por base um processo de implantação realizado com sucesso. Nesse caso, as ferramentas de BI trarão benefícios para a organização, dentre os quais, cita Primak (2008, p. 94): ▪ Redução de custos com softwares; ▪ Redução de custos com administração e suporte; ▪ Redução de custos na avaliação de projetos; , 45 ▪ Redução de custos com treinamentos aos colaboradores; ▪ ROI (Retorno sobre Investimento) mais rápido para projetos implantados com BI; ▪ Maior controle e menos dados incorretos; ▪ Maior segurança da informação; ▪ Alinhamento de informações estratégicas e operacionais; ▪ Facilidade de controle de acesso e definição de níveis de gerência; ▪ Melhor alinhamento dos usuários corporativos; ▪ Rapidez na informação para tomada de decisões estratégicas; ▪ Informação consistente em vários locais dispersos; ▪ Vantagem competitiva. Como exemplo, uma das possibilidades de uma ferramenta BI é a coleta de dados do sistema de gestão interno que poderão estar na empresa em seu banco de dados ou numa nuvem, organizados de forma racional e orientativa ao que o gestor necessita e, através de um simples acionamento de uma tecla, é possível gerar relatórios no formato preestabelecido em poucos segundos. O benefício é sua geração em quantas vezes quiser em real time,
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