Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Do Uso Anormal da Propriedade - arts. 1277 à 1281 O uso anormal significa uso nocivo da propriedade de modo a perturbar a saúde, sossego e a segurança dos vizinhos. Os atos prejudiciais à propriedade podem ser ilegais, quando contrariarem a lei; abusivos, quando nos limites da propriedade mas que causam incômodo aos vizinhos ou lesivos, quando causa efetivo dano ao vizinho. Somente os atos ilegais e abusivos decorrem do uso anormal da propriedade, pois ambos excedem os limites da propriedade, lembrando que a limitação visa a harmonia e tranquilidade social. O vizinho que perturba a saúde, sossego ou segurança será condenado à indenização por danos materiais e morais, bem como fazer cessar o inconveniente sob pena de aplicação das medidas de coerção psicológicas, como multa diária. Judicialmente, quando as reclamações forem pautadas em danos intoleráveis, o juiz pode determinar a sua redução de modo a torna-la suportável. Porém, se não for possível a redução, pode o juiz determinar que a atividade seja cessada salvo quando for de interesse social, hipótese em que o causador do dano deve pagar indenização ao vizinho. A ação cabível para essas situações é a cominatória, cuja legitimidade de propositura é do proprietário, possuidor ou compromissário comprador. Porém, se o dano for consumado, caberá ação de ressarcimento de danos. Estabelece ainda o art. 1.280 do CC que "o proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente". Das Árvores Limítrofes – arts. 1282 à 1284 A árvore que está no meio dos terrenos pertence aos dois vizinhos (1282), é o que se chama de condomínio forçado. Dispõe o artigo 1282 que “a árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes.” Cabe ao proprietário do terreno invadido pelas raízes ou ramos cortá-los até o seu limite divisório. O vizinho que tiver os frutos caídos naturalmente em seu terreno, tem direito a eles. Se caírem em propriedade pública, o proprietário continuará sendo seu dono. Sendo comum a árvore, os frutos e o tronco, não pode um dos proprietários arrancá-los sem consentimento do outro. Passagem forçada – arts. 1285 O proprietário terá direito a pedir para passar pelo terreno do vizinho, pagando uma indenização. É um ato lícito com dano, lícito porque autorizado pela lei, mas causa um dano/transtorno ao vizinho, que por isso deve ser indenizado. O proprietário do prédio encravado além de pagar a indenização deverá conservar o caminho, que será fixado no mais curto, no prédio mais próximo e de forma mais barata para ambos os vizinhos. Difere de servidão de passagem, que é um direito real sobre coisa alheia e decorre de um contrato. Se o prédio tem saída mas o proprietário quer apenas encurtar caminho, não cabe impor a passagem forçada, mas sim celebrar através de contrato a servidão predial de passagem. O direito garantido no artigo 1285 só é válido se o encravamento for natural e absoluto; portanto, havendo saída mesmo que precária, não pode exigir do vizinho a passagem forçada. Pelo parágrafo segundo, havendo alienação parcial do prédio e uma das partes ficar sem acesso à via pública, cabe à outra tolerar a passagem. Não havendo acordo entre os vizinhos para a passagem forçada, esta será determinada judicialmente considerando a facilidade e a obra menos danosa aos imóveis. Da Passagem de Cabos e Tubulações – art. 1286 e 1287 O proprietário deve tolerar a passagem de cabos e tubulações em proveito de seus vizinhos mediante recebimento de justa indenização, que igualmente atenda à desvalorização da área remanescente, caso seja impossível que a passagem seja feita de outra forma, ou se muito onerosa. Pode o proprietário exigir que a instalação seja feita da forma menos gravosa, e pode exigir a realização de obras de segurança quando as instalações oferecerem grave risco. Das águas – arts. 1288 à 1296 O proprietário do prédio inferior tem a obrigação de receber as águas que naturalmente correm do prédio superior, não podendo realizar obras que embaracem o curso das águas. Cabe ao prédio superior não fazer obras a ponto de afetar a condição natural para o prédio inferior. Não pode igualmente, poluir as águas indispensáveis às necessidades dos prédios inferiores, sob pena de ressarcir os danos ou ter de recuperar o que causou. Prevê o artigo 1290 o direito às sobras das águas nascentes e pluviais dos prévios inferiores, que poderão utilizá-las através de servidão. É possível que qualquer dos proprietários construa barragens, açudes ou obras para represamento de agua em seu prédio, porém incorre no risco de indenizar o proprietário que eventualmente tiver seu prédio invadido pelas águas. Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem – arts. 1297 e 1298 O proprietário tem o direito de cercar/murar seu terreno dividindo as despesas com seu vizinho, chamado de Direito de Tapagem. O muro pertencerá a ambos os proprietários em condomínio forçado. Praticamente não há interesse maior para um proprietário, a demarcação para fixar os limites extremos entre sua propriedade e a propriedade do vizinho. O proprietário tem direito de cercar, murar, valar ou tapar o seu prédio e pode constranger o seu vizinho a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, sendo as despesas racionadas entre os interessados. Entende-se que as divisórias pertencem aos dois proprietários, por isso, fala-se da divisão proporcional das despesas entre eles. No caso de discordância, a ação judicial cabível para esse tipo de situação é a demarcatória. Proposta a ação, o juiz delimitará as áreas de acordo com a posse justa “e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização a outro.” Do Direito de Construir – arts. 1299 à 1313 A regra geral é a da liberdade de construir, mas não se pode, observando os artigos desta Seção: -despejar goteiras sobre o terreno vizinho; -abrir janelas a menos de um metro e meio do terreno vizinho (e três se o imóvel for rural); -encostar na parede divisória fornos muito grandes para evitar o incômodo; -construir fossa junto de polo de água e executar obras arriscadas. Aquele que descumprir, sujeita-se as sanções do 1312. Ao vizinho será facultado: - exercer o direito de travejar ou madeirar, ou seja, construir apoiando na parede divisória do vizinho (em casas alinhadas) pagando indenização; - colocar armário até o meio da parede divisória se não houver armário do outro lado - entrar na casa alheia para fazer obras em sua casa com segurança Limitações e responsabilidades ao Direito de Construir Todo proprietário deve ressarcir o seu vizinho pelos danos causados pela construção, podendo o vizinho valer-se da ação de indenização, provando o dano e o nexo de causalidade dele com a construção. Nesta ação, responderão solidariamente com os proprietários os construtores, incorporadoras, arquitetos e empresas de construção justificando-se pela técnica e habilidade que tem para realizar as obras. Pode o proprietário propor a ação de regresso contra os profissionais que agirem com imperícia ou negligencia. Devassamento da propriedade vizinha É vedado, expressamente no artigo 1301, abrir janelas ou fazer eirado, terraço ou varanda a menos de um metro e meio do terreno do vizinho. O que diverge na zona rural, é a distancia, onde é vedado levantar edificações a menos de três metros do terreno vizinho. Esta proibição tem a finalidade de resguardar a intimidade dos proprietários; mas, não estão proibidas pequenas aberturas exclusivamente para luz e ventilação. Logo, observa-se que a limitação aplica-se à situações que visam o deleite da família. Em se tratando de aberturas ou vãos para a luz, poderá o vizinho levantarsua edificação ainda que vede a claridade do outro (parágrafo único 1302). Pode o proprietário “no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho” . Águas e beirais Toda construção não pode despejar águas diretamente sobre o vizinho. Paredes divisórias Assentar a parede divisória até meia espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito de haver meio valor dela se o vizinho a travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce”. Uso do prédio vizinho O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso para as seguintes situações elencadas no artigo 1313 ” I – dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório; II – apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente.” Pode o proprietário fazer restrição quanto aos horários; e se o vizinho vier a causar dano com a sua entrada, deve reparar.
Compartilhar