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02/06/2020 1 DIREITO CIVIL VI Das Coisas Prof. Ismael Assunção. DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS V – DIREITO DE VIZINHANÇA 5.1 ‐ Organização da matéria: Capítulo V do Livro do Direito das Coisas a) Do uso anormal da propriedade (Seção I, arts. 1.277 a 1.281 do CC); b) Das árvores limítrofes (Seção II, arts. 1.282 a 1.284 do CC); c) Da passagem forçada (Seção III, art. 1.285 do CC); d) Da passagem de cabos e tubulações (Seção IV, arts. 1.286 e 1.287); e) Das águas (Seção V, arts. 1.288 a 1.296 do CC); f) Dos limites entre prédios e do direito de tapagem (Seção VI, arts. 1.297 a 1.298 do CC); g)Do direito do construir (Seção VII, arts. 1.299 a 1.313 do CC). DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS V – DIREITO DE VIZINHANÇA 5.2 ‐ CONCEITO DE DIREITO DE VIZINHANÇA: Ramo do Direito das Coisas que regulamenta as relações jurídicas existentes entre prédios que mantém, diante de uma razão material ou imaterial, laços entre si. É um conjunto de regramentos que visa possibilitar o convívio e coexistência de propriedades próximas, objetivo que é alcançado por meio da imposição de limites e restrições ao direito de propriedade. As normas relativas ao direito da vizinhança constituem claras limitações ao direito de propriedade, em prol do bem comum e da paz social. DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS V – DIREITO DE VIZINHANÇA 5.3 – FUNDAMENTOS DE DIREITO DE VIZINHANÇA: Lealdade e Boa‐fé (Washington de Barros Monteiro); Função Social (San Tiago Dantas); Restrição do exercício da propriedade individual, uma vez que esta não é absoluta, devendo respeitar o direito do outro; Entende o legislador que o sacrifício de um proprietário de um imóvel (compensado pelo igual sacrifício do vizinho) é necessário para a convivência social, caso contrário, as propriedades se aniquilariam. 1 2 3 4 02/06/2020 2 DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS V – DIREITO DE VIZINHANÇA 5.4 – RESTRIÇÕES DE DIREITO DE VIZINHANÇA: Restrições quanto a amplitude de exercício do direito: Uso anormal da propriedade (art. 1.277 a 1.281). Restrições semelhantes às servidões (art. 1.282 a 1.296): Árvores limítrofes; Passagem Forçada; Passagem de cabos e tubulações; Águas. Restrições nas relações de contiguidade (art. 1.297 a 1.313). Limites entre prédios e direito de tapagem; Direito de construir. DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS V – DIREITO DE VIZINHANÇA 5.5 – CARACTERÍSTICA DAS RESTRIÇÕES DE DIREITO DE VIZINHANÇA: SÃO OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER (NA MAIORIA). (geram obrigações de permitir atos e de abster outros). SÃO OBRIGAÇÕES PROPTER REM (obrigação ambulatória). SÃO OBRIGAÇÕES PREVISTAS EM LEI. SÃO OBRIGAÇÕES RECÍPROCAS. DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS V – DIREITO DE VIZINHANÇA 5.5 – CARACTERÍSTICA DAS RESTRIÇÕES DE DIREITO DE VIZINHANÇA: “o direito de vizinhança é composto de “regras que ordenam não apenas a abstenção da prática de certos atos, como também de outros que implicam a sujeição do proprietário a uma invasão de sua órbita dominial” (Silvio Rodrigues) DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS V – DIREITO DE VIZINHANÇA 5.6 – DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE: “o direito de propriedade é limitado em razão do princípio geral que proíbe ao indivíduo um comportamento que venha a exceder o uso normal de um direito, causando prejuízo a alguém” (Maria Helena Diniz) 5 6 7 8 02/06/2020 3 DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.6 – DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE: É o uso que viola o princípio da função social da propriedade. É aquele que perturba a SAÚDE, a SEGURANÇA e o SOSSEGO daqueles que possuem propriedade vizinha. Avaliado de acordo com a zona do imóvel (residencial, comercial e industrial) e os usos e costumes locais. Deve ser considerado o princípio da anterioridade. Observância das Leis municipais: Exemplos: Código de Posturas do Município de São LUÍS‐MA (Lei nº 1.790 de 12/05/1968) que dispõe sobre normas de higiene, segurança e costumes públicos e a Lei nº 6287 de 28/12/2017, que dispõe sobre o combate e limites à poluição sonora no município de São Luís – MA. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.6 – DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE: Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha. Parágrafo único. Proíbem‐se as interferências considerando‐se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.6 – DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE: Exemplos que podem prejudicar a segurança, sossego e saúde dos vizinhos: Segurança: Árvore ameaçando cair; cachorro bravo; estoque de gasolina, etc; Sossego: Som alto, casas de show (deve‐se levar em consideração o grau e horário de tolerância), etc. Saúde: Grande número de animais (odores), churrasqueira sem chaminé, etc; V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.6 – DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE: Penalidades ao vizinho infrator: Indenização por danos materiais e morais; Fazer cessar a perturbação sob pena de multa diária; Prestação de caução (fiança, depósito em dinheiro) para garantia da indenização. V – DIREITO DE VIZINHANÇA 9 10 11 12 02/06/2020 4 DIREITO CIVIL VI- DAS COISASAPELAÇÃO CÍVEL. DIREITOS DE VIZINHANÇA. PRETENSÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PÁTIO COM UMIDADE, MAU CHEIRO E INSETOS. USO ANORMAL DA PROPRIEDADE. ARTIGO 1.277 DO CÓDIGO CIVIL. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. Comprovado o uso anormal da propriedade pela ré, que vem utilizando seu pátio como depósito de materiais que ocasiona, sem dúvidas, interferências prejudiciais ao sossego e à saúde, pela extrema umidade, mau cheiro e presença de insetos, deve ser obrigada a proceder na limpeza do local. Aplicação do artigo 1.277 do Código Civil e artigo 38 do Código de Limpeza Urbana do Município. Não verificação de violação a direito de personalidade do autor, devendo ser mantido o desacolhimento do pedido indenizatório por danos morais. Sentença reformada em parte. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME. (Tribunal de Justiça do RS, rel. Liege Puricelli Pires, Julgado 23‐3‐2017) DIREITO CIVIL VI- DAS COISASDIREITO DE VIZINHANÇA – Uso nocivo da propriedade – Oito cães em pequeno quintal – Ruídos e odores excessivos – Sentença mantida para limitar a dois animais – Recurso improvido” (Tribunal de Justiça de São Paulo, Apelação Cível n. 846.178‐0/0 – São Paulo – 36ª Câmara de Direito Privado – Relator: Pedro Baccarat – 24.08.06_________________ Ação civil pública. Liminar.Meio ambiente. Ruído excessivo causado por clube. Tratamento acústico em suas instalações determinado, bem como embargos das atividades, até a comprovação da obtenção da licença de localização e funcionamento. Medida de proteção do bem‐ estar da vizinhança e da comunidade, coibindo a produção de energia sonora nociva à saúde. Resolução CONAMA 1, de 08.03.1990. Validade da concessão da liminar. Possibilidade da ampla defesa do requerido no âmbito da ação civil pública. Recurso improvido” (TJSP, Agravo de Instrumento 535.404‐5/9, Santos, Câmara Especial do Meio Ambiente) DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.6 – DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE: “ Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando as interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal” Exemplo: Utilização do imóvel para aqueduto (passagem de água) ou de rede elétrica. “Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis”. Exemplo: o proprietário tolerou o transbordamento de um açude em sua propriedade, mas este secou. V – DIREITODE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.6 – DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE (MEDIDAS PROCESSUAIS): “Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente”. Demolição – antiga Ação demolitória. Última medida. Reparação – antiga Ação de Nunciação de Obra Nova; Caução pelo dano iminente: antiga Ação de dano infecto; Novo CPC: Ação Ordinária de Obrigação de fazer e não fazer. “Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual. V – DIREITO DE VIZINHANÇA 13 14 15 16 02/06/2020 5 DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.7 – ÁRVORES LIMÍTROFES e LIMITES ENTRE PRÉDIOS: “Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume‐se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes”. (Condomínio Necessário). “Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido”. “Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular”. Exceção do Princípio de que o acessório segue o principal V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.8 – PASSAGEM FORÇADA: “Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário”. § 1º ‐ Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem. §2º ‐ Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem. §3º ‐ Aplica‐se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.8 – PASSAGEM FORÇADA: Encravado é o imóvel cujo acesso por meios terrestres exige do respectivo proprietário despesas excessivas para que cumpra a função social sem inutilizar o terreno do vizinho, que em qualquer caso será indenizado pela só limitação do domínio. Enunciado n. 88 CJF/STJ: “O direito de passagem forçada, previsto no art. 1.285 do CC, também é garantido nos casos em que o acesso à via pública for insuficiente ou inadequado, consideradas inclusive as necessidades de exploração econômica”. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.8 – PASSAGEM FORÇADA: V – DIREITO DE VIZINHANÇA PASSAGEM FORÇADA SERVIDÃO PREDIAL Instituto de Direito de Vizinhança. Imóvel encravado e imóvel serviente. Direito real de gozo ou fruição. Imóvel dominante e imóvel serviente. Obrigatória Não é obrigatória (facultativa) Há pagamento obrigatório de indenização ao imóvel serviente. Não há pagamento obrigatório de indenização ao imóvel serviente. Cabe ação de passagem forçada Cabe ação confessória. 17 18 19 20 02/06/2020 6 DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS“TERRENO ENCRAVADO. PASSAGEM FORÇADA. DIREITO DE ACESSO. COLOCAÇÃO DE PORTÃO. EXCLUSÃO DA INDENIZAÇÃO. Apelação Cível. Ação objetivando garantir direito de passagem e demolição de muro, com consequente indenização. O direito a passagem forçada é atribuído ao titular do terreno vizinho como forma de garantir o direito de ir e vir do imóvel encravado. Natureza de direito potestativo e obrigacional. Funda-se na inexistência de alternativa para acesso ao imóvel, conforme dispõe o artigo 559, do Código Civil de 1916 (artigo 1.285, atual Código Civil) independentemente de quem deu causa ao confinamento do terreno. Não há confundir o conceito de direito de passagem forçada com servidão, esta fruto da vontade e aquela da lei. Perícia que demonstra cabalmente o encravamento do imóvel. Desnecessária, no entanto, a demolição do muro, bastando a colocação de portão que viabilize o acesso. Inexistência de prova quanto à alegação de perdas e danos, não devendo ser acolhida a indenização pretendida pelo autor. Por outro lado, registre-se, ainda, que a concessão de passagem enseja direito de indenização ao proprietário do prédio serviente, nos termos do artigo 1.285, CC/2002 a ser apurado em ação própria. Recurso provido, em parte”. DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.9 – PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES: “Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa, para outro local do imóvel. Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança”. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.10 – PASSAGEM DE ÁGUAS (artigos 1.288 à 1.296 DO C.C): É a regulamentação do escoamento ou circulação das águas, fator passível de gerar conflitos entre vizinhos. Esta matéria é regulada não só pelo nosso Código Civil, como também pelo Código de Águas (Dec. N. 24.643/34), e refere‐se basicamente a quatro situações: 1) Águas que fluem naturalmente do prédio superior; 2) Águas levadas artificialmente ao prédio superior; 3) Nascentes ou Águas pluviais; 4) Aquedutos. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.10 – PASSAGEM DE ÁGUAS (artigos 1.288 à 1.296 DO C.C): 1) Águas que fluem naturalmente do prédio superior: (art. 1.288): a lei impõe ao dono do prédio inferior a obrigação de receber as águas que correm naturalmente do superior, ou seja, exige‐se que o fluxo seja natural, Exemplo: águas que o prédio inferior está obrigado a receber são as de chuva e as que brotam naturalmente do solo. 2) Águas levadas artificialmente ao prédio superior: (art. Art. 1.289): poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer e da indenização será deduzido o valor do benefício obtido”. Exemplos: água de poços, reservatórios, açudes artificiais. V – DIREITO DE VIZINHANÇA 21 22 23 24 02/06/2020 7 DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.10 – PASSAGEM DE ÁGUAS (artigos 1.288 à 1.296 DO C.C): 3) NASCENTES ou Águas pluviais (art. 1.290): o dono da fonte não captada ou do local onde cair a água da chuva, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir o curso natural das águas pelos prédios inferiores. Se o fiver de má‐fé, pode ser obrigado judicialmente não só a reparar os danos causados, como também a cessar os atos prejudiciais. 4) AQUEDUTOS (Art. 1.293 a 1.295): direito do proprietário de canalizar, em proveito agrícola ou industrial, as águas a que tem direito, através de prédios alheios, mediante prévia indenização ao proprietário em que passar o aqueduto. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.10 – PASSAGEM DE ÁGUAS (artigos 1.288 à 1.296 DO C.C): Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas”. (ARTIGO INCONSTITUCIONAL PARA PARTE DA DOUTRINA e JURISPRUDÊNCIA ‐ Ministro Luiz Edson Fachin). Enunciado n. 244 CJF/STJ, prevendo que “O art. 1.291 deve ser interpretado conforme a Constituição, não sendo facultadoa poluição das águas, quer seja essenciais ou não às primeiras necessidades da vida” (Marco Aurélio de Melo) V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.11 – LIMITES ENTRE PRÉDIOS E DIREITO DE TAPAGEM: “Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo‐se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. §1º‐ Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem‐se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação. CONDOMÍNIO NECESSÁRIO. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.11 – LIMITES ENTRE PRÉDIOS E DIREITO DE TAPAGEM: AÇÃO DE DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES (art. 574 a 587) Art. 569 do CPC. Cabe: I ‐ ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando‐se novos limites entre eles ou aviventando‐se os já apagados; Art. 1.298 do CC. “Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro”. V – DIREITO DE VIZINHANÇA 25 26 27 28 02/06/2020 8 DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.12 – DIREITO DE CONSTRUIR (art. Art. 1.299 a 1.313): É uma das faculdades compreendidas no jus abutendi. É direito do proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, contudo, essa liberdade não é absoluta; Limites: Direito Administrativo e Direito de vizinhança. O Código Civil traz proibições e limitações de certos tipos de obras e construções para garantir primeiramente os direitos a privacidade, o sossego, a segurança e a intimidade familiar do vizinho potencialmente atingido. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.12 – DIREITO DE CONSTRUIR (art. Art. 1.299 a 1.313): REGRAS A SEREM OBSERVADAS: 1ª) Vedação ao estilicídio (art. 1.300): O proprietário não poderá construir de tal modo que seu telhado despeje águas no prédio vizinho. 2ª) Abertura de janelas, eirado, terraço ou varanda (art. 1.301) Visão direta: até 1,5m da linha divisória. Visão oblíqua ou perpendicular: 75 cm (art. 1.301, §1º); Aberturas para luz ou ventilação com dimensões de: 10 cm (largura) x 20 cm (comprimento) e a 2m de altura do piso. (art. 1.301, §2º); V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.12 – DIREITO DE CONSTRUIR (art. Art. 1.299 a 1.313): 3ª) Construções na zona rural (art. 1.303): Deve‐se respeitar o limite mínimo de 3m do terreno vizinho. 4ª) Direito de madeirar (travejamento) – (art. 1.304): colocar traves, vigas ou madeiras no muro prédio vizinho em caso de alinhamento. Requisitos: a) que o prédio seja urbano; b) que esteja sujeito a alinhamento; c) que a parede divisória pertença ao vizinho; d) que suporte a nova construção; e) que o dono do terreno vago embolse o dono da parede divisória, pagando meio valor da mesma e do chão. DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS5ª) Assentamento da parede divisória (art. 1.305): O confinante que primeiro construir pode assentar a parede divisória até meia espessura no terreno contíguo. Terá ainda direito de haver meio valor da parede divisória. 6ª) Uso da parede‐meia (arts. 1.306 e 1.308): O condômino pode usá‐la até meia espessura, desde que não ponha em risco o prédio e avise o outro condômino. Proibições: não pode, sem consentimento do outro, fazer obras que já existem no lado oposto (Ex.: Armários). não pode encostar à parede‐meia do vizinho chaminés, fogões, fornos, ou qualquer aparelho ou depósito suscetíveis de infiltrações ou interferências ao vizinho, exceto as chaminés ordinárias e fogões de cozinha. 29 30 31 32 02/06/2020 9 DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.12 – DIREITO DE CONSTRUIR (art. Art. 1.299 a 1.313): REGRAS A SEREM OBSERVADAS: 7ª) Alteamento (art. 1.307): O confinante pode altear o muro divisório, arcando com as despesas. Permite‐se ao outro adquirir a meação, a qualquer tempo. 8ª) Poluição e privação da água (1.309 e 1.310): São proibidas quaisquer construções capazes de poluir, inutilizar ou tirar o uso ordinário de nascente ou poço de onde o vizinho retira as águas indispensáveis. V – DIREITO DE VIZINHANÇA DIREITO CIVIL VI- DAS COISAS 5.12 – DIREITO DE CONSTRUIR (art. Art. 1.299 a 1.313): 9ª) Obras e segurança do vizinho (art. 1.311): Proibição de obras capazes de causar desmoronamento ou deslizamento de terra, ou que comprometa a segurança, senão após realizadas as obras acautelatórias; Responsabilidade Civil Objetiva (parágrafo único). 10ª)Penetração no imóvel vizinho (art. 1.313): Sempre mediante aviso prévio, para: para reparação ou construção de sua casa ou do muro divisório; Ex.: limpeza de esgotos, goteiras, cercas etc. apoderar‐se de coisas suas, inclusive animais. Responsabilidade Civil Subjetiva (art. 1.313, §3º) V – DIREITO DE VIZINHANÇA 33 34
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