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Aula 7 Formas indiretas de extincao das obrigacoes parte 5

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Formas indiretas de extinção das obrigações ou 
pagamentos especiais (arts. 334 a 388)
1.7. Da Confusão (art. 380 a 384)
1.8. Da Remissão das Dívidas (art. 385 a 388)
1.7. Da Confusão (art. 381 a 384)
1.7. Da Confusão (art. 381 a 384)
• A obrigação pressupõe a existência de dois direitos: o ativo e o passivo. 
Credor e devedor devem ser pessoas diferentes.
• Se essas duas qualidades, por alguma circunstância, encontram-se EM 
UMA SÓ PESSOA, extingue-se a obrigação, porque ninguém pode ser 
juridicamente obrigado para consigo mesmo ou propor demanda contra 
si próprio.
• A confusão é mais frequente nas heranças. O caso mais comum é o do filho 
que deve ao pai e é sucessor deste. Morto o credor, o crédito transfere-se 
ao filho, que é exatamente o devedor. Opera-se, neste caso, a confusão 
ipso iure, desaparecendo a obrigação.
• Esse fenômeno também ocorre nos processos de sucessão empresarial 
decorrentes de incorporação ou fusão de empresas.
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as
qualidades de credor e devedor.
1.7. Da Confusão (art. 381 a 384)
CONFUSÃO
• Reúnem-se numa só pessoa as 
duas qualidades, de credor e 
devedor, ocasionando a 
extinção da obrigação.
• Não exige manifestação de 
vontade, extinguindo-se o 
vínculo ope legis pela simples 
verificação dos seus 
pressupostos.
COMPENSAÇÃO
• Dualidade de sujeitos com 
créditos e débitos opostos, 
que se extinguem 
reciprocamente, até onde 
se defrontarem.
• Exige manifestação de 
vontade das partes.
A confusão distingue-se da compensação, malgrado em ambas exista a
reunião das qualidades de credor e devedor.
1.7. Da Confusão (art. 381 a 384)
• Requisitos essenciais da confusão:
• A) unidade da relação obrigacional - pressupõe a existência 
do mesmo crédito ou da mesma obrigação;
• B) união, na mesma pessoa das qualidades de credor e 
devedor, pois apenas quando a pretensão e a obrigação 
concorrem no mesmo titular é que se terá a confusão;
• C) ausência de separação dos patrimônios, de modo que, 
p. ex., aberta a sucessão, não se verificará a confusão 
enquanto os patrimônios do de cujus e do herdeiro 
permanecerem distintos, não incorporando o herdeiro, em 
definitivo, o crédito ao seu patrimônio. 
1.7. Da Confusão (art. 381 a 384)
• Fontes:
• A confusão pode se originar de uma transmissão universal de 
patrimônio, o mais comum é a causa mortis. Pode ocorrer por ato 
entre vivos, v.g., uma empresa, credora de outra, vem a receber 
todo o patrimônio da outra (incorporação, fusão). 
• “O casamento sob o regime da comunhão universal poderá 
acarretar confusão, quando marido e mulher, antes das núpcias, 
eram credor e devedor, dando-se, então, a comunicação dos 
matrimônios e consequentemente a extinção da relação 
obrigacional.” 
• A confusão ocorre com mais frequência nas heranças onde o caso 
mais comum é o do filho que deve ao pai e é sucessor deste. Morto o 
credor, o crédito transfere ao filho, que é exatamente o devedor.
1.7. Da Confusão (art. 381 a 384)
• Espécies de confusão:
• A) Total ou própria
• Se se realizar relativamente a toda dívida ou crédito.
• B) Parcial ou imprópria
• Se se efetivar apenas em relação a uma parte do débito ou crédito. V.g. O 
credor não recebe a totalidade da dívida, por não ser o único herdeiro do 
devedor. Os sucessores do credor são dois filhos e o valor da quota recebida 
pelo descendente devedor é menor do que sua dívida. Neste caso subsiste o 
restante da dívida. 
• O efeito é semelhante ao da compensação, quando as duas prestações 
extinguem-se até onde se compensarem.
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.
TJ-SP - Apelação APL 141237720038260590 SP 
0014123-77.2003.8.26.0590
• Execução de honorários. Extinção em razão do acolhimento da 
impugnação e da tese de que houve confusão capaz de extinguir a 
obrigação (arts. 381 a 384 , do CC ). Apelo do exequente que merece 
acolhimento. Verba devida ao patrono do réu (então subsíndico) 
pela extinção da cautelar promovida pelo condomínio (representado 
por síndica). Crédito que não deixa de ser exigível pelo fato de o 
réu ter, posteriormente, se transformado em síndico do 
condomínio autor. Execução que versa sobre quantia que cabe ao 
advogado, independentemente de quem passe a atuar como síndico 
do autor, pois decorre dos serviços prestados e do resultado 
desfavorável à requerente, proclamado em sentença transitada em 
julgado. Ausência de confusão capaz de extinguir a obrigação e 
o cumprimento da sentença. Provimento para rejeitar a 
impugnação do condomínio executado e determinar o 
prosseguimento do feito.
1.7. Da Confusão (art. 381 a 384)
• Efeitos da confusão:
• A confusão extingue não só a obrigação principal mas também os 
acessórios, como a fiança e o penhor, por exemplo, uma vez que o 
accessorium sequitur principale.
• A recíproca, porém, não é verdadeira, v.g., se a confusão se der 
entre credor e fiador, ter-se-á como extinta a fiança (obrigação 
acessória) porque ninguém poderá ser fiador de si próprio, contudo, 
permanecerá a obrigação principal (pagar o aluguel). 
• Igualmente se houver confusão entre fiador e devedor: desaparece a 
garantia, porque deixa de oferecer qualquer vantagem para este, 
mas subsiste a obrigação principal.
1.7. Da Confusão (art. 381 a 384)
• Solidariedade na confusão:
• O art. 383 determina que a confusão, quando operada na pessoa do credor 
ou devedor solidário, só extingue a obrigação até a concorrência da 
respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a 
solidariedade. Ou seja, a confusão operar-se-á de maneira parcial apenas 
no que tange à cota correspondente ao codevedor ou cocredor solidários; 
por tais motivos, não se comunica os efeitos da confusão aos demais 
credores ou devedores solidários.
• Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais 
de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
• Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a
obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo
quanto ao mais a solidariedade.
1.7. Da Confusão (art. 381 a 384)
• Extinção da confusão:
• Ter-se-á a extinção da confusão e consequentemente a restauração ou 
o restabelecimento da obrigação com todos os seus acessórios, em 
virtude de uma situação jurídica transitória ou de uma relação 
jurídica ineficaz, sendo esse princípio uma exceção à regra geral de ser 
a confusão um modo extintivo do vínculo obrigacional.
• Se a confusão decorrer de uma situação jurídica transitória, como no
caso , v.g., alguém é devedor de um estabelecimento e vem a adquiri-lo.
Operou-se a confusão. Posteriormente, aliena o mesmo
estabelecimento. Restabelece-se a obrigação primitiva. O dispositivo é
peremptório no sentido de que também revivem todos os acessórios da
obrigação. Revigora-se a fiança e a hipoteca que garantiam a dívida, por
exemplo.
Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus
acessórios, a obrigação anterior.
TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70053144929
• AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO 
ESPECIFICADO. PERÍCIA. DMJ (Depto. Médico 
Judiciário). PAGAMENTO. ESTADO DO RIO GRANDE 
DO SUL. DESCABIMENTO. CONFUSÃO ENTRE 
CREDOR E DEVEDOR.
• Indevida a condenação do Estado ao pagamento de 
honorários periciais quando a perícia foi realizada pelo 
DMJ, órgão do próprio ente público, pois há confusão
entre credor e devedor, aplicando-se o disposto no art. 
381 do CC . Precedentes do TJRGS. Agravo de 
instrumento provido liminarmente. 
TJRS - Apelação Cível Nº 70020958070
• Ementa:APELAÇÃO. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. 
IPVA. VEÍCULO FURTADO. CONDENAÇÃO DO ESTADO AO 
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DA 
DEFENSORIA PÚBLICA. DESCABIMENTO. CONFUSÃO ENTRE 
CREDOR E DEVEDOR.
• A Defensoria Pública é órgão do Rio Grande do Sul, vinculado 
orçamentária e financeiramente do Estado (LC n. 80 /94 e Leis 
Estaduais ns. 9.230/91 e 10.194/94). Por tal razão, há confusão
entre credor e devedor dos honorários advocatícios (art. 381 
do Código Civil ), razão pela qual não é cabível a condenação 
do Estado em honorários à Defensoria Pública. Condenação 
afastada. DECISÃO MONOCRÁTICA. RECURSO PROVIDO. 
Da remissão de dívidas (arts. 385 a 388)
Da remissão de dívidas (arts. 385 a 388)
• 1. Conceito e natureza jurídica
• Remissão é a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o 
devedor do cumprimento da obrigação. 
• Remissão advém do latim remissio, remittere, significando PERDÃO.
• Não se confunde com remição da dívida ou de bens, de natureza 
processual, prevista no art. 651 do CPC = PAGAMENTO.
• Por consistir numa alienação, sua eficácia dependerá, de um lado, não só 
da capacidade ordinária de quem a faz, mas também de legitimação para 
dispor, uma vez que, diminuindo o patrimônio do credor, equivaleria a ato 
de disposição, e, de outro lado, da capacidade de adquirir do devedor. 
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem
prejuízo de terceiro.
Da remissão de dívidas (arts. 385 a 388)
• 1. Conceito e natureza jurídica
• A natureza jurídica do ato remissivo é questão controversa (ato unilateral ou 
bilateral?) 
• Para alguns juristas é um negócio jurídico unilateral, por entenderem que para 
remitir, o credor não precisará de declaração da vontade do devedor, visto que a 
essência do perdão está na vontade abdicativa do credor, independendo da 
aceitação do devedor. 
• Outros, vislumbram um negócio jurídico bilateral, entendendo que o credor não 
poderá exonerar o devedor sem a anuência deste, não lhe sendo lícito sobrepor-se à 
vontade do devedor de cumprir a relação obrigacional, uma vez que a obrigação de 
um vínculo jurídico que não se poderá desatar sem o concurso da vontade das 
partes que o constituíram. Nítida é sua natureza contratual, visto que o art. 386, in 
fine, requer capacidade do remitente para alienar e do remido para consentir e 
adquirir.
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova
desoneração do devedor e seus coobrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor
capaz de adquirir.
Da remissão de dívidas (arts. 385 a 388)
• Condições ou requisitos
• A) Para caracterizar-se como remissão, a relação 
obrigacional deve respeitar os seguintes requisitos:
• B) Ânimo ou vontade do credor para perdoar;
• C) Aceitação do perdão pelo devedor, caracterizando, 
assim, a remissão como de natureza bilateral.
TJ-SP - Apelação Com Revisão CR 1170955009 SP (TJ-SP) 
• DUPLICATA MERCANTIL - PROTESTO - CANCELAMENTO 
VERBAL DA DÍVIDA - JULGAMENTO ANTECIPADO -
CERCEAMENTO DO DIREITO DE PRODUÇÃO DE PROVAS -
NÃO CARACTERIZAÇÃO - REMISSÃO - QUITAÇÃO -
DOCUMENTO ESCRITO - NECESSIDADE- ART. 324 , CÓDIGO
CIVIL.
• 1. Tratando-se de cobrança consubstanciada em título de crédito -
documento escrito - apenas a apresentação do título pelo devedor 
(art. 324 , Código Civil ) ou de prova escrita pode comprovar 
quitação ou remissão da dívida, principalmente quando ainda 
mantido o protesto do título pelo credor. 
• 2. É cabível o julgamento antecipado da lide quando dispensável 
prova oral e necessária prova documental que deveria ter sido 
produzida na inicial e não foi, descaracterizado o cerceamento do 
direito à produção de provas ou cerceamento de defesa.
• 3. Negou-se provimento. Votação Unânime.
Da remissão de dívidas (arts. 385 a 388)
• Espécies de remissão:
• Total: a dívida é integralmente perdoada;
• Parcial: o credor só recebe parte da dívida, subsistindo o débito.
• Expressa: a remissão ocorre na forma escrita ou verbal, e o credor 
declara não mais ter interesse em receber a dívida. A declaração 
pode se dar por ato inter vivos ou mortis causa.
• Tácita: decorre do comportamento do credor, incompatível com sua 
qualidade de credor, incompatível com sua qualidade de credor por 
traduzir, inequivocamente, intenção liberatória, v.g., quando de 
contenta com uma quantia inferior à totalidade de seu crédito ou 
quando destrói o título na presença do devedor, ou quando faz 
chegar até ele a ciência da destruição. 
Da remissão de dívidas (arts. 385 a 388)
• Espécies de remissão:
• Presumida: quando deriva de expressa previsão legal, como nos 
casos dos arts. 386 (pela entrega voluntária do título da obrigação)
e 387 (pela entrega do objeto empenhado e nesta hipótese 
presume- se renúncia à garantia, mas ao crédito).
• Sob condição (suspensiva) ou a Termo Inicial: nestes casos, o 
efeito extintivo só se dará quando implementada a condição ou 
atingido o termo. 
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular,
prova desoneração do devedor e seus coobrigados, se o credor for capaz de alienar, e o
devedor capaz de adquirir.
Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à
garantia real, não a extinção da dívida.
Da remissão de dívidas (arts. 385 a 388)
• A remissão em caso de solidariedade passiva:
• O credor só pode exigir dos demais codevedores o restante do 
crédito, deduzida a quota do remitido.
• Os consortes não beneficiados pela liberalidade só poderão ser 
demandados, não pela totalidade, mas com abatimento da quota 
relativa ao devedor beneficiado. 
• A hipótese configura a remissão pessoal ou subjetiva que, 
referindo-se a um só dos codevedores, não aproveita aos demais.
Art. 388. A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele
correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os
outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.

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