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Resumo porque almocei meu pai

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Porque almocei meu pai é um livro de caráter cômico e tem como alicerce a teoria do homem-macaco, contradizendo a antiga história bíblica. Baseia-se na busca incessante pela evolução da espécie, onde os personagens têm plena consciência do seu estágio evolutivo. 
O enredo tem como principal característica a evolução e a descoberta do fogo, e sua dominação, questão de extrema importância para o progresso da espécie, seja pela confecção de armas e seu aprimoramento, cozimento dos alimentos (facilitando a mastigação e a digestão), refúgio dos predadores, entre outros marcos que o fogo proporcionou. O narrador personagem é Ernest, filho de Edward o chefe da horda, o principal representante do desenvolvimento do homem-macaco, sendo capaz de qualquer coisa para concretizar suas ideologias evolucionistas. Tio Vanya, homem contraditório que defendia a tese da evolução natural, mantendo a idéia retrógrada da volta dos homens-macacos as árvores, contestando e ao mesmo tempo desfrutando das “tecnologias superiores” de seu irmão, Edward. 
As mulheres tinham um papel submisso dentro da horda, pois permaneciam na caverna cuidando das crianças menores (porém Edward achava que todas as mulheres tinham por obrigação aprender as tarefas praticadas pelos homens, como o manuseamento do sílex), enquanto Edward e seus filhos, Oswald, Ernest, Wilbur e Alexander saiam para caçar. Cada um deles tinha um talento característico, Alexander, por exemplo, revelou-se o primeiro artista da História quando aprisionou a sombra do Tio Vanya com um desenho, crédulos que ao cativar a alma de um animal estariam facilitando assim a sua caça, foi a partir deste momento que surgiram as representações rupestres. O único que não tinha talento nenhum era Ernest, porém no decorrer da história ele demonstra grande aptidão autoritária, contestando muitas vezes as Inovações Tecnológicas de seu pai Edward. 
O livro relata o princípio da exogamia quando Ernest e seus irmãos são obrigados pelo seu pai a se relacionar com outras mulheres de hordas diferentes, para disseminar a evolução entre as espécies (arrebatando suas futuras esposas de suas hordas, simulando um rapto com violência), surgindo a partir desse conceito, o tabu do incesto, relacionamentos entre pessoas da mesma origem consangüínea. É perceptível a influência de Roy Lewis em relação à obra Totem e Tabu de Sigmund Freud. 
Ernest passa a contestar Edward por seus exageros idealistas, principalmente quando o mesmo decide propalar suas idéias aos hominídeos, após ter incendiado boa parte da mata que estava ao redor da caverna da sua família, em uma amostra imprudente de como se fazia fogo, que até então era utilizado de conservas naturais (vulcões). Em conseqüência da tragédia em que quase toda horda foi consumida pela conflagração, foram em busca de uma nova cripta, onde foram hostilizados por espécies distintas de hominídeos, impondo lhes restrições, dando início a grandes acontecimentos. 
Edward em busca de uma aceleração na evolução das espécies propagou o segredo do fogo, gerando conflitos com toda horda, principalmente com Ernest que foi minuciosamente influenciado por Griselda sua esposa, a cometer o parricídio após ter lhe contado suas teorias filosóficas sobre a conexão dos sonhos com a idéia de morte. O livro se finda com a última e maior invenção feita por Edward, o arco e a flecha, que ironicamente foi o agente de sua morte, intencionalmente ocasionada por seus filhos, o qual acabou como alimento de sua própria horda e com a sutil impressão que tudo fora contado por Ernest a um/alguns filhos seu. 
Em comparação com o livro de Enriquez (Da Horda ao Estado), em que o autor exerce profunda análise com a obra de Freud (Totem e Tabu), nota-se a explicita relação social entre pai e filhos, onde, o parricídio é praticado em apatia à arbitrariedade do chefe, como por exemplo, a proibição do incesto, ocasionando a antropofagia que é a obtenção do poder e habilidades adquiridas pelo pai – tem início a fase superior do estado selvagem.
ENRIQUEZ, E. Da Horda ao Estado: Psicanálise do Vínculo Social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
LEWIS, Roy. Porque Almocei Meu Pai. Companhia das Letras, 1993.

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