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3a aula Modificações psicológicas na mulher

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MODIFICAÇÕES PSICOLÓGICAS NA MULHER: GESTAÇÃO E CLIMATÉRIO
A história do amor materno: aspectos históricos
Tradição cristã: 
Eva,mulher tentadora, simboliza as forças pecaminosas da mulher, nunca pensada como símbolo de maternidade, mas sim símbolo do mal.
Maria – exaltação da imagem materna, pois concebeu sem pecado. Noção de pureza, caridade, maternidade santificada, dissociada da sexualidade.
Outro aspecto – desde muitos séculos a fecundidade é tida como benção divina, e a infertilidade como castigo.
Até séc. XVII: parto era assunto de mulheres. A parteira era nomeada pelo sacerdote e pela assembléia de mulheres. A parteira e a mãe da parturiente ajudava criar clima favorável ao parto.
Entre séc. XVI e XVII começou a surgir na assistencia ao parto a figura do cirurgião, e o parto começa a deixar de ser assunto de mulheres tornando-se uma arte médica.
Final Séc. XVI – surge fórceps, marcando o início da medicalização do parto. 
Final séc. XVII – cesariana, ajudando a relegar a parteira a segundo plano.
Batinder e outros autores questionam a existência de um “Instinto materno”.
Até final sec XVIII predominava conduta de indiferença materna: filhos criados /cuidados por amas. Grande mortalidade infantil .
Daí se conclui que o amor materno não é instinto, mas um sentimento que está sujeito a imperfeições, oscilações e modificações.
Batinder: a existência do amor materno depende não só da história da mãe como também da própria História. 
	Séc. XVIII 
 enfatiza importância da mãe na transmissão dos fundamento de educação e religião. 
Exaltação do amor materno no discurso filosófico, médico e político.
Iluminismo: recusa de amamentar e tentativa de aborto passam a ser considerada crime.
Séc XIX: mulher encerrada no lar, tem o papel de procriação.
Higienismo: mulher tem dever natural de amamentar instintivamente. 
No culto a maternidade (séc. XIX), o lugar da mãe cresceu na sociedade, assim como o da criança – expansão do controle de natalidade.
Séc. XX – tendência a responsabilizar a mãe pelas dificuldades e problemas do filho.
 	 - ênfase relação mãe-filho
	- boa mãe caracterizada pela imagem de devoção e sacrifício.
	
Todos estes aspectos históricos contribuíram para definir o ideal feminino, o que por sua vez, influencia as expectativas da mulher grávida. 
GESTAÇÃO:
O medo e o desejo de gerar filhos
“ O desejo, frequentemente aliado ao medo, pode provocar alterações psicossomáticas de intensidade variada, desde simples atraso menstrual até psicose corporal. Infertilidade, incompetência istmo-cervical, hostilidade aos espermatozóides, aborto de repetição”. 
									(Maldonado, 2002)
Decisão de ter um filho pode ser resultado de:
Interação de vários motivos conscientes e inconscientes;
Dar sentido a uma relação homem/mulher importante;
Concretizar desejo transcendência e continuidade;
Elaborar a angústia de morte e esperança da imortalidade;
Manter vínculo já desfeito;
Competir com irmãos,
Dar um filho à própria mãe,
Preencher o vazio de um companheiro;
Preencher vazio interno. 
1º trimestre: 
a percepção consciente ou inconsciente da gravidez; 
a percepção da gravidez antes do exame clínico;
 a pouca sintonia do próprio corpo.
Modificações na rede de intercomunicação familiar;
Hipersonia; (Soifer (1971) interpreta esse fenômeno em termos de regressão e identificação as mulher com o feto).
Náuseas e vômitos - a persistência e severidade destes sintomas sugere correlação entre o grau de perturbação emocional e a severidade/duração da hiperemese (vômitos intensos)
Desejos ( vontade compulsiva intensa por determinados alimentos) e aversões ( repulsa intensa), superstições e folclore, alotriofagia, alotriogeusia ou síndrome de pica (desejo por comer coisas estranhas ou substâncias não comestíveis. Ex: tecidos, sabão, carvão, terra, tijolo.
Desejos e aversões– Threthovan e Dickens (1972) dividiram as teorias em 4 categorias:
 - teorias baseadas em superstições e folclore (a criança fica prejudicada quando um alimento é desejado e não comido);
 - teorias físicas: o desejo compulsivo é atribuído a necessidade de compensar deficiência nutritiva;
 - teorias psicológicas ou psicodinâmicas: explicam o fenômeno em termos de insegurança, sugestão, ambivalência, necessidade de atenção e regressão:
 - teorias que sugerem perversões de apetites neste período se deve as alterações do paladar e do olfato).
Insegurança, sugestão, ambivalência, necessidade de atenção, alteração paladar e olfato.
Aumento do apetite;
Medo da deformidade;
Oscilações do humor.
2º trimestre: 
O impacto da percepção dos primeiros impactos fetais;
A percepção do feto como uma realidade concreta dentro de si;
O imbricamento mãe/filho
Sentimentos de personificação do feto;
Alteração do desejo e desempenho sexual;
Medo das alterações no esquema corporal;
A introversão e a passividade;
Necessidade de afetos, cuidados e proteção.
3º trimestre:
Aumento da ansiedade;
Sentimentos contraditórios;
Revivescência de antigas memórias e conflitos infantis
Medos mais comuns:
morrer no parto;
ficar com a vagina alargada;
não ter leite suficiente;
Ficar presa;
Malformação.
Ansiedades básicas no momento do parto:
Perda esvaziamento
Castração
Castigo pela sexualidade
defrontação com um desconhecido.
CLIMATÉRIO:
CLIMATÉRIO vem do grego KLIMACTON que significa “crise” e engloba os períodos de pré-menopausa, menopausa e pós-menopausa. 	Esta fase perdura dos 35 aos 70 anos.
 "cada mulher menopausada é, em si, fruto de um funcionamento biológico específico, sob a influência de uma pressão cultural determinada tanto geográfica quanto historicamente, com repercussões psicológicas características, resultantes do interrelacionamento dinâmico de todos estes componentes.“ (ABREU, 1998) 
O climatério acarreta transformações biológicas, psicológicas e sociais na vida da mulher e fatores sociais, culturais e econômicos exercem influência na maneira como ela irá vivenciar este período. Assim, ele deve ser compreendido como um fenômeno biopsicossocial (Lima & Ângelo, 2001).
Síndrome do climatério (sintomas físicos, psíquicos e modificações dos papéis sociais). 
O climatério não é uma doença e sim uma fase natural da vida da mulher; muitas passam por ela sem queixas ou necessidade de medicamentos, outras têm sintomas que variam na sua diversidade e intensidade.
A atenção básica é o nível de atenção adequado para atender a grande parte das necessidades de saúde das mulheres no climatério e é necessário que a rede esteja organizada para oferecer atendimento com especialistas, quando indicado.
Aspectos Psicossociais da Mulher no Climatério:
A dificuldade de sobrevivência econômica e participação no mercado de trabalho, as responsabilidades familiares e domésticas, os preconceitos culturais em relação ao envelhecimento do corpo, intensificam o sofrimento psíquico das mulheres mais velhas que buscam atendimento nos serviços públicos de saúde.
A mulher vivencia mudanças de diversas naturezas: a menarca, a iniciação sexual, a gravidez e a menopausa. As alterações hormonais levam ao fim do período reprodutivo, exigem adaptações físicas, psicológicas e emocionais. Antigos conflitos podem emergir e são revividos. O metabolismo sofre alterações, relacionadas às funções do sistema endócrino e diminuição da atividade ovariana. Os órgãos genitais mostram, sinais de envelhecimento. 
O evento da menopausa pode ser vivenciado, por algumas mulheres, como a paralisação do próprio fluxo vital; para outras, é tempo de realização de sonhos adiados.
O envelhecer não é só determinado pela cronologia, pela condição social, por um processo associado às histórias pessoais. As mudanças corporais previstas podem impactar a auto-imagem feminina e potencializar um sofrer psíquico.
Vários aspectos contribuem para um estado de humor depressivo: a diminuição da auto-estima, labilidade afetiva e irritabilidade, isolamento, dificuldades de concentração e memória, queixas relacionadas àesfera sexual, mais especificamente à diminuição de interesse sexual.
O fato de o climatério ser caracterizado por mudanças biológicas, psíquicas e sociais talvez induza a associá-lo com doença. Durante esta fase que as mulheres são mais medicalizadas com psicotrópicos, ao invés de oferecer-lhes uma escuta mais qualificada.
Cabe verificar se os episódios de tristeza ou sintomas depressivos estão associados à história prévia de depressão, ao pouco suporte psicossocial na maturidade ou ao possível desconforto físico e emocional, associados aos sintomas da menopausa. 
As reações “depressivas” podem ser uma expressão afetiva comum desta fase da vida, já que se trata de um momento caracterizado por fatores psicossociais que alteram os papéis familiares e sociais – saída dos filhos de casa, aposentadorias, perda dos pais, relacionamentos conjugais muitas vezes desgastados – e intensificam perdas interpessoais.
No climatério, as alterações hormonais, acompanhadas pela desvalorização estética do corpo e por toda uma sintomatologia de intensidade variável – que no limite aparece como sofrimento
depressivo – sinalizam o envelhecimento inevitável.
Esta inter-relação de aspectos biopsicossociais que abarca o climatério apontam importância da participação de mulheres em grupos terapêuticos de caráter psicoeducativo.
Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2008.
MALDONADO, M.T.P. Psicologia da gravidez: parto e puerpério. 16.ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

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