Prévia do material em texto
1-Introdução A lei 10.216 de 2001 ( conhecida como a lei da Reforma Psiquiatrica ),representa no Brasil um marco ao estabelecer a necessidade de respeito á dignidade humana das pessoas com transtornos mentais. A legislação anterior relacionada a saúde mental no Brasil, se preocupava mais em excluir as pessoas com transtornos mentais, eles eram conhecidos como "alienados" e "psicopatas", do convivio em sociedade para evitar a perturbação da ordem, do que em oferecer tratamento adequado para a melhora do paciente.Os decretos traziam dezenas de artigos cujo a maioria apenas regulamentava o ambiente terapeutico que se dava dentro dos hospitais psiquiatricos.( Brito,Ventura 2012) Com o movimento da Reforma Psiquiatrica,as legislações mudaram o enfoque para a pessoa portadora de transtornos mentais.A denominação tambem evoluiu com a reforma, as leis não mais regulamentam a "assistencia a alienados e psicopatas" e sim a proteção, o atendimento medico e o modelo assistencial as pessoas com transtornos mentais. O precursor da Reforma Psiquiatrica foi Franco Basiglia, médico italiano,nascido em 1924, ficou conhecido como precursor da Psiquiatria Democratica. 2-O percurso da lei ao longo de sua história 1961- Basiglia dirigiu o Hospital Psiquiatrico de Gorizia, onde melhorou as condiçoes de hospedagem e nos cuidados clinicos dos pacientes. 1968- Basiglia escreveu o livro " A Instituição Negada", onde relatava as experiencias no Hospital de Gorizia.Franco reconhecia que apenas a psiquiatria não era ferramenta adequada. 1970-Franco criou uma rede multidisciplinar, envolvendo emergências psiquiátricas nos hospitais gerais, moradias assistidas,cooperativas de trabalho protegido e serviços comunitários. 1973- Franco teve seu serviço hospitalar de Trieste reconhecido pela (OMS-ONU), como sendo um modelo a ser seguido. 1980- As atividades do Hospital Provincial foram encerradas. 1978- Foi o primeiro momento da reforma psiquiátrica brasileira,fundando o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental. Sua luta antimanicomial, deu origem a lei numero 180 de 13 de maio de 1978 e vigara até hoje na Itália. 1979- Basiglia veio ao Brasil e visitou manicômios do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, este último conhecendo o hospital de Barbacena, o maior manicômio judiciário do país. O segundo momento da Reforma Psiquiátrica brasileira, se concretiza com o Movimento de Luta Antimanicomial, que se espalha com um discurso alternativo ao sistema manicomial, a partir da invenção de novos dispositivos e tecnologias. Na virada do século XX, ocorre o terceiro momento da Reforma Psiquiátrica, com a entrada de militantes do movimento antimanicomial. Em 6 de abril de 2001 é aprovada a lei 10.216 que contemplava a Declaração de Caracas de 14 de novembro de 1990, o que era uma alternativa á política de saúde mental desenvolvida, transforma-se em uma política de Estado. A lei 10.216 de 6 de abril de 2001 foi aprovada após 12 anos de sua apresentação, pelo deputado Paulo Delgado. 2004- O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária editou a resolução número 5 que fala sobre o cumprimento das Medidas de Segurança. 2010- O CNPCP editou nnova resolução, sobre as diretrizes nacionais para a execução das medidas de segurança e tratamento dispensado aos pacientes judiciários. Tendo em vista a Cominação das resoluções da CNPCP com a lei 10..216 de 2001, há um grande progresso no sentido de um melhor tratamento aos dependentes dos serviços psiquiátricos do Estado 3-Direitos das pessoas com transtornos mentais Art . 20 Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo. Art . 30 É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais. O paragrafo único do artigo 2º da lei, ressalta os direitos das pessoas com transtornos mentais . I- Ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde,de acordo com suas necessidades. II- Ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade. III-Ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração. IV-Ter garantia de sigilo nas informações prestadas. V-Ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária. VI-Ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis. VII-Receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento. VIII- Ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis. IX-Ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica: I- Internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário. II- Internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro. III- Internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. 4- Conclusão A lei 10.216 veio para mudar completamente a vida dos portadores de transtornos mentais, ela dispõe sobre a proteção e os direitos dessas pessoas e direciona o modelo assistencial em saúde mental, sem nenhum tipo de discriminação quanto a cor, raça, sexo, recursos econômicos, grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno ou qualquer outra. Todas as pessoas que tem transtornos mentais tem direito a total acesso ao tratamento que lhe é necessário,a viver em sociedade o que antes não era permitido, a moradia adequada e a atividades educativas. Após a Reforma Psiquiátrica pela primeira vez na história, o paciente é visto como um cidadão comum e não apenas como um portador de doença, podendo então conviver em residências terapeuticas com outros pacientes e levar uma vida o mais próximo do normal. 5-Referência · BRITO,Emanuele Seicenti de;VENTURA, Carla Aparecida Arena..Evolução dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais: uma análise da legislação brasileira.Revista de Direito Sanitário,São Paulo ,v.13,n.2,p.47-63,2012.(full text) · AMARANTE, Paulo. Loucos Pela Vida: a Trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Rio de Janeiro, SDE/ENSP · BASAGLIA, Franco. A Instituição Negada. 3. Ed. Rio de Janeiro: Graal, 1985. · CARRARA, Sérgio. Crime e loucura: o aparecimento do manicômio judiciário na passagem do século. Rio de Janeiro: UERJ, USP, 1998. · FOUCAULT, Michel.História da Loucura na Idade Clássica. 9aed. 2areimpressão. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2013. · PALOMBINI, Analice de Lima. Acompanhamento Terapêutico na Rede Pública: A Clínica em Movimento. 2. Ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.