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CIVIL VII – SUCESSÕES (AV.1)
TERMINOLOGIAS ESSENCIAIS
a) Autor da herança: 
A pessoa que faleceu e deixou patrimônio a ser transmitido para os seus sucessores.
b) Sucessor: herdeiro ou legatário.
A pessoa que será convocada para imprimir continuidade às relações jurídicas (patrimoniais) do falecido que foram transmitidas em razão de seu óbito é chamada de sucessor, podendo ser herdeiro (a título universal) ou legatário (a título singular).
Herdeiro é o que continuará as relações patrimoniais titularizando um percentual do total transmitido. Lado outro, legatário será aquele que recebe bem certo e determinado, móvel ou imóvel, por meio de um testamento. 
A diferença é elementar: o herdeiro sucede na totalidade do patrimônio transferido, quando for único, ou em cota-parte, quando há mais de um (título universal); o legatário sucede em bens ou valores certos e determinados. Nada impede que uma pessoa seja herdeira e legatária ao mesmo tempo. 
c) Herdeiro legítimo (necessário ou facultativo) e herdeiro testamentário. 
Herdeiro legítimo é aquele beneficiado com a herança por conta de previsão da norma legal. 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Dentre os herdeiros legítimos alguns deles são beneficiados obrigatoriamente, não podendo ser excluídos da sucessão pela vontade do titular do patrimônio. 
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Critica-se tanto o enquadramento do cônjuge ao repositório dos herdeiros necessários, quanto o não reconhecimento dos companheiros nesse mesmo patamar. 
A outro giro, o herdeiro testamentário também adquire uma cota hereditária do patrimônio transferido por força expressa disposição de vontade do autor da herança, declarada em testamento. É aquela pessoa a quem o testador dedicou uma raça ideal do seu patrimônio, sem especificar o bem a ser transmitido. 
c) Herdeiro Universal.
Em se tratando de herdeiro único, a integralidade do patrimônio deixado pelo falecido será transferida para a mesma pessoa, bastando, assim, a adjudicação dos bens pelo beneficiado. 
d) Herança e Espólio. 
A herança é o conjunto de relações jurídicas, ativas e passivas, patrimoniais pertencentes ao falecido e que foram transmitidas aos seus sucessores, por conta de sua morte, para que sejam partilhadas. Em nosso ordenamento a herança é tratada como um bem jurídico imóvel (Art. 80, CC), indivisível e universal (Art. 91, CC).
O espólio é o ente despersonalizado que representa a herança, em juízo e extrajudicialmente, sendo representado pelo inventariante ou pelo administrador provisório (art. 693, CPC).
e) Herança e Meação. 
É preciso chamar atenção para o fato de que a herança não se confunde com a meação do cônjuge ou do companheiro da pessoa que faleceu, decorrente do regime de bem adotado no casamento ou na união estável.
A herança diz respeito ao falecido e que é transmitido aos seus sucessores com o seu falecimento; a meação é um direito próprio do titular, correspondendo à parte dedicada ao cônjuge ou companheiro que se matem vivo, em razão do regime de bens estabelecido entre o casal. 
f) Herança e a aceitação com benefício de inventário
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
Existindo inventário (em cartório ou em juízo), com o propósito de apurar o valor do patrimônio transmitido e das dividas deixas, isenta-se o interessado de produzir prova do excesso, pois o próprio inventário servirá como meio de prova. Não havendo inventário, porém, é ônus da prova do interessado demonstrar o excesso das dívidas em relação ao patrimônio transmitido. 
g) Inventário e partilha
Trata-se de um procedimento bifásico-escalonado, por meio do qual o patrimônio transferido por conta da morte do titular será avaliado, bem como serão detectados os sucessores e eventuais credores (primeira parte, chamada inventariança), para que seja procedida a divisão entre eles, de acordo com o quinhão de cada um (segunda fase, denominada partilha).
Em nosso sistema jurídico, o inventário pode ser efetivado em juízo, através de um procedimento especial de jurisdição contenciosa (que pode ser mais abreviado, em determinados casos), ou em cartório (é chamado inventário administrativo), quando não houver interesse de incapaz e quando inexistir declaração de última vontade do autor da herança e conflito de interesses (litígio) entre os sucessores. 
A INDIGNIDADE
A indignidade sucessória consiste na sanção imputada a um herdeiro ou legatário, por conta do alto grau de reprovabilidade, jurídica e social, de uma determinada conduta praticada, revelando um desafeto evidente em relação ao titular do patrimônio transmitido por conta do seu falecimento. 
Pontos de afinidade entre a indignidade e a deserdação
Malgrado não se confundam ontologicamente, possuindo regulamentação próprias, a indignidade e a deserdação estão ancoradas no mesmo fundamento, finalidade e natureza, possuindo um visível caráter punitivo. 
A eficácia decorrente do reconhecimento de ambas as figuras é, rigorosamente, a mesma: tratar o indigno ou deserdado como se morto fosse, incompatibilizando-o com o patrimônio transmitido e transmitindo-o para os seus descendentes. 
Distinção comparativa entre a indignidade e deserdação
i) quanto ao sujeito apenado
Enquanto qualquer sucessor (herdeiros ou legatários) pode ser reputado indigno, somente os herdeiros necessários podem sofrer a deserdação. 
ii) quanto ao momento de prática do ato justificador da sanção
A indignidade pode se decorrer da prática de atos previstos em lei, em momento anterior ou posterior à abertura da sucessão – que se efetiva no instante da morte. Por outro lado, a deserdação diz respeito, sempre, à prática de atos anteriores à abertura da sucessão e que chegaram ao conhecimento do autor da herança.
iii) quanto ao instrumento cabível para a exclusão da sucessão
A indignidade tem de ser reconhecida judicialmente, por meio de uma ação, submetida ao procedimento comum ordinário, proposta pelo interessado, no prazo decadencial de quatro anos, contados após a abertura da sucessão. Em diferente situação, a deserdação é realizada pelo próprio autor da herança, por meio de um testamento – que necessita de uma posterior confirmação judicial, no prazo decadencial de quatro anos contados após o seu falecimento (abertura da sucessão). 
a) Hipóteses de cabimento
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
a.1) Homicídio doloso tentado ou consumado
Vê-se restar autorizada a exclusão da sucessão quando o tipo legal é dirigido contra o cônjuge ou companheiro, o ascendente ou o descendente do próprio titular do patrimônio. Pretendeu, com isso, proteger a integridade do núcleo familiar mais próximo ao hereditando, em especial quando o fato se concretizou depois do seu passamento. 
Em relação à outra margem o dispositivo legal em referência alude não somente aos autores do homicídio doloso, tentado ou consumado. Também se refere aos coautores e partícipes, palmilhando a linhade orientação do art.29 do Estatuto Repressivo. Até porque, sob o ponto de vista do desvalor da conduta, o cúmplice ou partícipe, é tão criminoso quanto o autor e o coautor do delito, repugnando a transmissão da herança em seu favor. 
Registre-se, por oportuno, ser dispensável a prévia condenação criminal, a partir da regra da independência das instâncias (art. 935, CC). Por conta dessa autonomia, a prova do homicídio pode ser produzida diretamente na ação de indignidade, de competência do juízo cível, sendo desnecessário o trânsito em julgado prévio de uma condenação no juízo penal. 
Relembrando a imperiosa necessidade de ação de indignidade para o reconhecimento da exclusão da sucessão, não é bastante, sequer, a existência de sentença penal condenatória, transitada em julgado. Mesmo havendo decisão condenatória prévia, ainda assim impede o ajuizamento de ação de indignidade, em cuja sede será reconhecida a causa indignatória imputada.
a.2) Denunciação caluniosa em juízo contra o autor da herança
Também gera a indignidade a acusação caluniosa, mas somente no âmbito judicial, como deflui da primeira parte do inciso II do art. 1.814 da Lei Civil. 
Conquanto seja matéria de cizânia doutrinária, entende-se, aqui, que não se exige a prévia condenação no juízo criminal, permitindo a produção de prova diretamente no procedimento ordinário de indignidade, independentemente da caracterização do tipo penal mencionado. 
Ademais, compreende-se que o alcance do dispositivo em comento não se restringe à acusação caluniosa exarada em juízo criminal, podendo esta ocorrer em outros juízos, bem como frente ao MP ou órgãos administrativos. 
E, in fine, apesar da ligeira discussão no âmbito doutrinário, parece ter ocorrido um erro de alocação gramatical no dispositivo. E, por isso, tem-se ser possível a conduta indignitária em apreço (acusação caluniosa) contra o consorte ou companheiro do autor da herança. 
a.3) Crime contra a honra do autor da herança, do seu cônjuge ou do seu companheiro.
Nessa hipótese há entendimento doutrinário majoritário, e com aparente razão, no sentido de ser necessária a prévia condenação criminal do sucessor que se pretende afastar da herança ou do legado, em razão da utilização da expressão “incorrer em CRIME contra sua honra” pelo texto codificado. Assim, somente após o trânsito em julgado da condenação criminal é que será possível ao juiz das sucessões, excluir, por sentença, em ação de procedimento comum ordinário, o condenado criminalmente da participação sucessória. 
a.4) Ato que, violenta ou fraudulentamente, impeça a livre disposição dos bens por ato de última vontade. 
Muito embora, em uma vez mais, a redação do texto legal comporte margem de imprecisão, retira-se a figura básica caracterizadora da indignidade no citado dispositivo: a proteção da liberdade de disposição patrimonial por meio do testamento ou codicilo. 
Para sua caracterização é preciso que a violência ou fraude seja idônea a ponto de comprometer a declaração de vontade manifestada. Pode se tratar de violência física ou psíquica mesmo que o dano ameaçado se dirija a um terceiro. O que releva é a configuração de uma conduta que impeça a declaração volitiva do autor da herança ou obste a execução do seu testamento.
b) A ação de indignidade (aspectos processuais da indignidade).
É necessária a propositura de uma ação civil (de indignidade ou deserção) para a desconstituição do direito de recebimento do patrimônio. Não é bastante a condenação criminal (para a indignidade) ou a lavratura do testamento (para a deserdação). Por igual, não é possível discutir a exclusão da herança incidentalmente em outra ação, mesmo de natureza civil, com objeto distinto. 
Sequer nos autos do inventário será possível discutir a matéria, em face de sua estreita delimitação, não comportando discussões de alta indagação (art. 612, CPC). Exige-se uma ação própria, com objeto específico, na qual se discutirá a exclusão da herança. Trata-se de demanda submetida ao procedimento ordinário, com o intuito de garantir ao demandado uma cognição mais ampla, facultando-lhe todos os mecanismos probatórios e temporais para o contraditório e ampla defesa. 
A ação ordinária de indignidade tem de ser proposta no prazo decadencial de quatro anos contados após a abertura da sucessão, não tendo cabimento enquanto o autor da herança estiver vivo. Quando o ato que se reputa indigno foi praticado antes da morte do herditando, justifica-se plenamente o critério de contagem se iniciar somente com a abertura da sucessão. Entrementes, se o ato considerado indigno ocorreu depois do falecimento do autor da herança, não tem cabimento a sua fluência a partir da abertura da sucessão, estabelecendo-se a partir do conhecimento da prática da conduta. 
A ação de indignidade será proposta por quem tenha legítimo interesse na exclusão do herdeiro ou legatário. Ilustrativamente, estão legitimados, então, o herdeiro do suposto indigno, os coerdeiros, o donatário e, até mesmo, a Fazenda Pública, por conta de eventual interesse tributário ou mesmo para que se caracterize a herança como jacente e vacante, dentre outros. 
Malgrado embate doutrinário, o entendimento majoritário, inclusive corroborado pelo enunciado 116 da Jornada de Direito Civil é de que o Ministério Público, desde que presente o interesse público, tem legitimidade para promover ação visando à declaração da indignidade do herdeiro ou legatário.
Ademais, admite-se o prosseguimento do procedimento judicial de indignidade quando o acionado falece no seu curso, após a citação, por conta dos diferentes efeitos que podem decorrer do reconhecimento da sua exclusão sucessória. 
c) Reabilitação do indigno (perdão do ofendido)
Considerando o forte caráter moral da indignidade, despertando um interesse particular e patrimonial, destinada, fundamentalmente, à proteção do autor da herança, admite-se o perdão do ofendido para reabilitar o indigno, garantindo-lhe o recebimento do patrimônio. 
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.
A reabilitação do indigno é ato exclusivo do autor da herança, em razão de seu caráter personalíssimo. Para que o perdão do ofendido tenha o condão de reabilitar o indigno à participação sucessória, impedindo a procedência de um pedido de indignidade formulado posteriormente, deve ser ele expresso e escrito conforme dicção legal, sob pena de nulidade. 
Contudo, havendo simples alusão à expressão “ato autêntico” no dispositivo legal citado, não se impõe a prática por escritura pública, sendo admissível o perdão por instrumento particular, desde que seja possível atestar sua autenticidade. 
Conquanto seja indivisível o perdão, se o autor da herança não perdoou expressamente o seu herdeiro legítimo indigno, mas, tendo ciência do ato ignóbil por ele praticado, posteriormente veio a beneficiá-lo em testamento, será garantido o direito de participar exclusivamente da sucessão testamentária. 
CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS (CESSÃO DA HERANÇA)
Por se tratar de um bem jurídico de valor econômico, é admissível a transmissão da herança, por meio de negócio jurídico denominado cessão de direitos hereditários ou cessão de herança. 
A cessão de direitos hereditários, portanto, é o contrato bilateral, translativo, gratuito ou oneroso e aleatório que o herdeiro realiza com uma pessoa, tendo por objeto a titularidade ou uma cota da herança.
Ademais, como sói ocorrer em qualquer outro negócio jurídico, será anulável a cessão da herança maculada por um vício de consentimento, sendo possível de desconstituição no prazo decadencial de quatro anos. 
a) Direito de preferência ou prelação
A legislação civil de 2002, acolhendoa orientação do STJ, colocou pá de clã nas discussões, reconhecendo, correta e expressamente, a existência de um direito de preferência entre os coerdeiros nas cessões onerosas de herança promovida pelos demais condôminos da herança aberta com a morte do titular. 
Com isso, se um dos coerdeiros pretende ceder onerosamente o seu direito sobre a herança (cota parte ou quinhão hereditário), no todo ou em parte,está obrigado a notificar, previamente, os demais coerdeiros para que, querendo, possam exercer o direito à aquisição onerosa, pagando o mesmo preço ofertado eventualmente por um terceiro. 
Verticalizando o estudo do tema, importa destacar que o efeito jurídico decorrente da preterição do direito de preferência dos coerdeiros é a ineficácia do negócio jurídico celebrados em relação aos coerdeiros prejudicados. 
Exatamente por isso, se eventualmente, o coerdeiro-cedente deixar de notificar os demais coerdeiros e alienar onerosamente a sua cota-parte a um terceiro, os condôminos (coerdeiros) preteridos podem requerer a adjudicação compulsória da cota hereditária cedida onerosamente, depositando, para tanto, o valor do negócio celebrado, tanto por tanto (nas mesmas condições oferecidas pelo terceiro), no prazo (decadencial) de cento e oitenta dizer, como reza o comando do art. 1795 da Lei Civil 
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
Havendo concurso de preferências entre diferentes coerdeiros (ou seja, exercendo mais de um coerdeiro o direito de preferência ao mesmo tempo), o quinhão do cedente será dividido entre todos nas proporção de suas respectivas cotas hereditárias . 
A prova do respeito ao direito de preferência dos coerdeiros deve ser feita, preferencialmente, por escrito, em segurança própria do cedente, que pode se valer da notificação (judicial ou extrajudicial) ou ainda de qualquer outro meio de ciência inequívoca. 
Não incide regra do direito de preferência quando se tratar de alienação gratuita de direitos hereditários (que possui natureza de doação), por dizerem respeito a meras liberalidades, submetidas, naturalmente, à discricionariedade do titular. 
Acresça-se, nessa linha de intelecção, que inexistirá o direito de preempção legal no caso de cessão de legado, uma vez que se trata de sucessão a título singular, não se estabelecendo um condomínio. Exceção haverá, tão só, no caso de legado em favor de duas ou mais pessoas, em condomínio pro indiviso. 
b) Requisitos para a cessão de direitos hereditários
b.1) Requisito temporal
Aberta a sucessão, com o óbito do titular, até o limite da efetivação da partilha, poderá o interessado ceder os seus direitos hereditários, a qualquer tempo, antes ou depois da abertura do inventário. 
b.2) Requisito formal
Considerando que a herança é tratada como bem imóvel por disposição legal (art. 80, CC), o negócio jurídico de cessão hereditária haverá de assumir forma solene necessariamente. 
Nessa ordem de ideias, o negócio cessionário tem de ser celebrado por escritura pública (ou por termo judicial nos autos do inventário), como, aliás, estabelece o art. 1.793 da Codificação. 
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente.
§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
§ 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.
b.3) Requisito subjetivo
Considerada a natureza da herança, naturalmente, o cedente (alienante) precisa ter a capacidade jurídica geral estabelecida pela lei civil para a prática de atos da vida civil, além da capacidade específica para alienar bens jurídicos imóveis.
Em se tratando de incapaz, impõe-se autorização judicial prévia, após audição do MP (art. 1691, CC). A outro giro, relembrando que a herança é um bem imóvel, da outorga (uxória ou marital) do cônjuge, salvo se o casamento estiver submetido ao regime de separação convencional de bens ou ao regime de participação final dos aquestos. 
b.4) Requisito objetivo
Em face da indivisibilidade e universalidade da herança, o objeto de sua cessão tem de ser uma universalidade de bens, não podendo incidir sobre bens certos e determinados. 
Somente será possível (válida e eficaz) a cessão da herança sobre bens determinados na hipótese de todos os interessados (os demais herdeiros, a Fazenda Pública, os credores...) anuírem o negócio jurídico, aquiescendo a transferência do bem ao terceiro, bem assim como sendo necessária a autorização judicial. 
A lei civil reconhece a ineficácia da alienação de bem específico pelo coerdeiro sem autorização dos demais interessados. Nesse caso, a cessão não produzirá efeitos sobre os demais herdeiros, apenas vinculando o cedente e o adquirente, que poderá exercer o direito de regresso, cobrando o eventual prejuízo sofrido. 
c) Extensão das responsabilidades do cedente e cessionário
O cedente garante, tão somente, a qualidade de titular do patrimônio transferido. Por isso, responderá o cedente somente no caso de não dispor da qualidade sucessória como no caso de reconhecimento de sua indignidade ou deserdação, salvo expressa disposição em contrário no instrumento contratual. 
ACEITAÇÃO DA HERANÇA
Em síntese: a aceitação é o ato pelo qual o titular de um direito hereditário que já lhe foi transmitido (e adquirido) quando da abertura da sucessão confirma a intenção de recolher a herança, consolidando os direitos hereditários. 
* Frise-se que as regras sobre a aceitação da herança são aplicáveis, como regra e por coerência, à aceitação do legado, sendo mister que o legatário manifeste, também, sua aceitação. Relembre-se, porém, que ao legado não se aplica a regra da transmissão automática (“droit saisine”), somente havendo sua aquisição por ocasião da partilha. 
a) Natureza jurídica da aceitação e suas características (irrevogabilidade e irretratabilidade)
Cuida-se de manifestação de vontade desejando efeitos que estão pré-estabelecidos na norma legal. Este é o entendimento compartilhado pela maioria dos doutos. 
A partir disso, afirmada a natureza de ato jurídico stricto sensu, é possível afirmar, com tranqüilidade e segurança, que a aceitação é um ato jurídico irrevogável e irretratável, porque os seus efeitos estão previstos em lei, insuscetíveis de disposição pelo interessado. 
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. 
Inobstante isso, não se impede um eventual anulação judicial de ato jurídico de aceitação, se estiver maculado por algum defeito do negócio jurídico na exteriorização da vontade – portanto, nos mesmos casos de anulação de qualquer ato jurídico. 
b) Integralidade da aceitação
Relembrando que a herança é um bem jurídico de caráter universal, imóvel e indivisível, infere-se, com convicção, que o ato de sua aceitação não pode ser parcial, nem sob termo ou condição, devendo, necessariamente, ser integral e plena, além de pura e simples. 
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.
§ 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.
§ 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
Havendo mais de um título sucessório (herança e legado, por exemplo) é possívelo repúdio de apenas um deles. O caso não se enquadra como uma hipótese de aceitação parcial. Trata-se de simples exercício do direito de aceitação individualizada (separadamente) de casa um dos títulos sucessórios, mas de forma plena e integral. 
c) Formas de aceitação da herança
* Uma vez aceita a herança, qualquer ato posterior praticado pelo herdeiro (que estiver descontente com a aceitação realizada), abrindo mão de seus direitos hereditários, terá natureza de cessão de direitos hereditários, com dupla incidência tributária pela ocorrência de uma transmissão causa mortis, seguida de uma outra transmissão, inter vivos. Tem-se, assim, a relevância em caracterizar a aceitação. 
c.1) Expressa
Aquela emanada de declaração escrita do sucessor interessado, por instrumento público ou particular, sendo possível, outrossim, a aceitação expressa por meio de termo nos autos do inventário. 
c.2) Tácita
É comportamental, decorrendo da prática de atos positivos ou negativos do sucessor, demonstrando sua vontade de receber o patrimônio transmitido automaticamente. 
Advirta-se, por relevante, não caracterizar a aceitação tácita a prática de atos oficiosos (como o pagamento das despesas com o funeral), de atos meramente conservatórios ou de atos de administração e guarda provisória dos bens. Também não importa aceitação a cessão gratuita da herança aos demais coerdeiros. 
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
§ 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.
c.3) Presumida
Deflui de um comportamento omissivo do sucessor em uma ação judicial provocada pelo interessado em saber se haverá, ou não, renúncia. 
RENÚNCIA DA HERANÇA
Ato jurídico em sentido estrito, unilateral, pelo qual o herdeiro declara não aceitar o patrimônio do falecido, repudiando a transmissão automática que a lei operava em seu favor, despojando-se, por conseguinte, da sua titularidade. É, enfim, a rejeição ao recebimento de uma herança. 
a) Requisitos da renúncia da herança
a.1) Requisito subjetivo
Efetivamente, por conta da teoria da capacidade civil, em se tratando de ato de disposição de patrimônio, a renúncia só pode ser realizada por quem dispõe da plena capacidade civil e da legitimação sucessória. Isto é, por quem, efetivamente, é herdeiro e capaz. 
* Admite-se, de qualquer sorte, a efetivação da renúncia através de mandatário, munido de poderes especiais para tanto, conferidos por escritura pública. 
* Tratando-se de incapaz, a renúncia somente será possível mediante autorização judicial, ouvido o Ministério Público, e evidenciada a utilidade e necessidade do ato, bem como o interesse do incapaz. 
* “In fine”, imperativo o respeito a um requisito para a prática desse ato específico, qual seja o consentimento do cônjuge, se for casado o renunciante, ressalvada a hipótese sobre separação convencional de bens e participação final dos aquestos. 
a.2) Requisito formal
A renúncia há de ser efetivada sempre de maneira expressa, realizada por instrumento público ou termo judicial, independendo de homologação do juiz, em qualquer caso, como assinalado alhures, até mesmo por se tratar de exercício de um direito potestativo.
Excepcionalmente, porém, o sistema jurídico admite um caso de renúncia presumida, no âmbito da sucesso testamentária:
Art. 1.913. Se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado. 
a.3) Requisito temporal
A renúncia tem de ser manifestada após a abertura da sucessão e, evidentemente, antes da partilha do patrimônio transmitido. 
b) Efeitos da renúncia da herança
i) O herdeiro, abdicando desta qualidade, passa a ser tratado como se nunca tivesse sido sucessível, como se não tivesse integrado o rol dos sucessores, até mesmo por conta da retroação do seu repúdio. 
ii) O quinhão cabível ao herdeiro-renunciante será transmitido aos demais herdeiros que compuserem a mesma classe, como se aquele não existisse. Merece realce o fato de que a renúncia não gera o fenômeno da sucessão por representação, também chamada de sucessão por estirpe. Somente ocorre a sucessão por representação em casos de indignidade, de deserdação e de pré-morte. Por isso, não existindo outros herdeiros na mesma classe do renunciante, serão chamados a suceder os herdeiros da classe imediatamente subseqüente. 
iii) A única hipótese na qual os herdeiros do renunciante podem herdar ocorre quando todos os sucessores de uma mesma classe estiverem fora da sucessão ou se não existissem outros herdeiros na mesma classe. 
iv) na sucessão testamentária, o despojamento da herança pelo herdeiro ou pelo legatário torna caduca a cláusula testamentária respectiva, esvaziando o seu conteúdo, 
v) diferentemente do que acontece na indignidade e na deserdação, o herdeiro-renunciante poderá ter a administração e o usufruto dos bens recebidos por seus filhos menores, na hipótese de, eventualmente, estes vierem a ser chamados por não haver mais herdeiros na mesma classe. Pode, ainda, o renunciante suceder seus filhos nestes bens que vierem a receber quando não mais existam sucessores na mesma classe. 
c) Natureza jurídica e características (a irrevogabilidade e anulabilidade da renúncia)
Caracterizada como um ato jurídico em sentido estrito, identicamente à aceitação, em razão de a vontade ser manifestada aderindo a efeitos previamente contemplados em lei, a renúncia é irretratável e irrevogável. 
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.
Inadmite-se, ademais, que a renúncia esteja submetida a termo ou a condição, tratando-se necessariamente, de ato puro e simples. Também é ato unilateral, consubstanciada pela simples manifestação de vontade, respeitadas as solenidades legais (sendo, por conseguinte, um ato formal).
Outrossim, não é possível a renúncia parcial, em face da indivisibilidade do ato, sendo intolerável que o sucessor aceite parte dela e repudie o que não lhe interesse. 
d) Impossibilidade de prejuízo aos credores do renunciante (limitações à liberdade de renunciar)
Se a renúncia caracteriza (ou agrava) a insolvência patrimonial do disponente, não produzirá efeitos em relação aos seus credores. 
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
A renúncia, pois, será ineficaz em relação aos credores do renunciante se lhes causar prejuízo. Pago o crédito, o patrimônio remanescente será restituído à massa hereditária, não sendo devolvido ao renunciante. 
e) Descaracterização da renúncia (inadmissibilidade de renúncia translativa).
Independente da denominação emprestada ao ato, a renúncia é sempre um ato abdicativo, com repúdio gratuito, puro e simples da herança. Havendo manifestação de repúdio, com transmissão em favor de terceiro, caracterizar-se-á cessão de direitos hereditários, gratuita ou onerosa, com as conseqüências respectivas, mesmo quando chamada, indevidamente, de renúncia.

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