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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Departamento de Educação Física Métodos de Avaliação e Controle da Composição Corporal por Meio de Exercícios Resistidos e Aeróbios Bruno César Miqueleto Bauru 2006 i UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Departamento de Educação Física Métodos de Avaliação e Controle da Composição Corporal por Meio de Exercícios Resistidos e Aeróbios Bruno César Miqueleto Orientador: Profº. Ms. Dalton Müller Pessôa Filho Monografia apresentada ao Departamento de Educação Física da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Bauru como requisito para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física. Bauru 2006 ii RESUMO Este estudo teve por objetivo revisar as principais técnicas de avaliação da composição corporal, considerando seus preceitos teóricos e seus potenciais de estimação dos parâmetros a serem avaliados. No desenvolvimento do estudo, fez-se uma explanação dos métodos de treinamento resistido e aeróbio, verificando suas influências sobre as alterações na composição corporal. Diferentes protocolos de avaliação da composição corporal foram agrupados, resultando na compreensão de que o método ideal deve ser de fácil utilização, não ser incômodo ao avaliado e seus resultados devem ser fidedignos. Os métodos mais utilizados na coleta de dados relacionados ao estudo da composição corporal são a pesagem hidrostática, as pregas cutâneas, a bioimpedância elétrica e as medidas das circunferências corporais; São utilizados também alguns índices corporais externos como o índice de massa corporal (IMC), relação cintura-quadril (RCQ), e somatotipo. As alterações na composição corporal influenciada pelo treinamento de força, em geral, não mantêm o peso corporal total, devido ao aumento da massa isenta de gordura e diminuição da massa gorda. No treinamento aeróbio, é característico a perda de peso corporal total, devido à diminuição da massa gorda e preservação, ou diminuição, da massa magra. Palavras-chaves: composição corporal, protocolos de avaliação, exercício aeróbio e exercício resistido. iii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................1 2 OBJETIVO ..........................................................................................3 3 METODOLOGIA ................................................................................4 4 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ..........................5 4.1 Histórico dos procedimentos de avaliação .....................................5 4.2 Padrões de referência da composição corporal de homens e mulheres.............................................................7 4.3 Tecido gorduroso essencial e de reserva. ...............................................................................................9 4.4 Protocolos da avaliação da composição corporal ..............................................................................10 4.4.1 Avaliação direta ...................................................................................10 4.4.2 Avaliação indireta.................................................................................10 4.4.2.1 Pesagem hidrostática.........................................................................10 4.4.2.2 Mensuração das pregas cutâneas .......................................................13 4.4.2.2.1 Emprego das pregas cutâneas na determinação da composição corporal ..........................................................14 4.4.2.3 Análise da Bioimpedância elétrica .......................................................17 4.4.2.4 Medida das circunferências corporais..................................................19 4.4.2.4.1 Aplicação das circunferências..........................................................20 4.5 Peso corporal Ideal e obesidade ......................................................21 4.5.1 Doenças causadas por alterações do peso corporal ..............................................................................................22 5 ÍNDICES CORPORAIS EXTERNOS DA COMPOSIÇÃO CORPORAL.............................................................24 5.1 Índice de massa corpórea (IMC).......................................................24 5.2 Relação cintura-quadril.....................................................................25 5.3 Somatotipo.........................................................................................28 6 INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A COMPOSIÇÃO CORPORAL ............................31 6.1 Influência do treinamento de força na alteração da composição corporal.........................................................31 6.1.1 Aumento da força causada por modificações fisiológicas .................................................................................................34 6.1.1.1 Tipos de fibras musculares.................................................................35 6.1.2 Fatores estruturais influentes sobre o desenvolvimento da força.............................................................................36 6.1.3 Volume do treinamento.........................................................................36 6.1.4 Intensidade do treinamento ...................................................................37 iv 6.1.5 Métodos para o treinamento de força .....................................................39 6.2 Alterações na composição corporal pelo treino aeróbio ..........................................................................................41 6.2.1 Composição corporal em diferentes esportes .........................................44 6.2.2 Alterações fisiológicas e teciduais induzidas pelo treinamento aeróbio ..............................................................................45 6.2.3 Estrutura geral do treinamento aeróbio ..................................................46 7 CONCLUSÃO.....................................................................................48 8 REFERÊNCIAS..................................................................................50 1 1 INTRODUÇÃO A constituição, a composição e o tamanho corporal são fundamentais para o sucesso em quase todas as empreitadas atléticas e em grande parte são predeterminados pelos genes herdados dos pais, mas a composição corporal pode ser alterada substancialmente pelos hábitos cotidianos, como sedentarismo, dieta e tipo de exercício (WILMORE e COSTILL, 2001). Os trabalhos pioneiros de Behnke (1942) e Brozek (1953) apoud Clarys, Martin e Drinkwater (1984), obtiveram dois grandes resultados, os quais são válidos até hoje, sendo o estabelecimento da pesagem hidrostática como método critério para os outros métodos indiretos através da determinação da densidade corporal e a aceitação do modelo de dois componentes (peso gordo e peso magro) como base para estudos da composição corporal. A partir daí, vários métodos de análise da composição corporal foram desenvolvidos a fim de facilitar o diagnóstico da gordura corporal subcutânea. Sabe-se que a atividade física provoca diversos benefícios à saúde, como a melhora da força, melhora da resistência física, cardiorespiratória. A obesidade pode causar doenças do tipo arterial coronariana,hipertensão, e outras, tornando a atividade física sistematizada um importante fator na manutenção do bem estar (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000). A avaliação da Composição corporal para o atleta é de grande importância, como exemplo, valores acima ou abaixo da média de gordura corporal representam uma diminuição do rendimento. As adaptações influenciadas pela atividade física são exemplificadas pelos atletas de elite que apresentam valores extremos da composição corporal, diferindo de acordo com cada modalidade. Os atletas de modalidades que exigem a movimentação do próprio corpo (corredores de longa distância) em geral têm índices baixos de percentual de gordura, ocorrendo o contrário com atletas que não necessitam transportar o peso do próprio corpo (levantadores de peso) (PARIZKOVÁ, 1982). Queiroga (2005) adverte para os cuidados a serem tomados quando é feita a estimativa da composição corporal por métodos indiretos. Deve-se ter cautela desde o início da mensuração, devendo ser feita por pessoas com experiência, até a 2 escolha da equação a ser utilizada, pois estas são específicas para a população que foram validadas. O treinamento resistido provoca alteração na composição corporal, pois mecanismos anabólicos entram em ação para promover adaptações morfológicas a fim de superar a sobrecarga imposta pelo treinamento (MCARDLE et al., 2001). O treinamento resistido além de seus benefícios na força, aumento do metabolismo basal, e outros, provoca redução de massa gorda e manutenção da massa magra, concluindo que esse tipo de atividade física afeta a composição corporal e é favorável na perda de peso através da redução de gordura (DIPIETRO 1999), sendo benéfico para a saúde com redução de dislipidemias provocadas pelo excesso de gordura corporal, principalmente abdominal (HERMSDORFF e MONTEIRO, 2004). O treinamento aeróbio tem grandes benefícios à saúde, como a melhora do condicionamento físico geral, da capacidade cardiovascular, dentre outros (MCARDLE et al, 2001) e com relação à composição corporal, é característica deste tipo de treinamento a perda de peso corporal total, devido à diminuição da massa gorda e preservação, ou diminuição, da massa magra (HANNA, et al 2005). O objetivo do presente estudo é agrupar os principais métodos de avaliação da composição corporal e verificar a influência do treinamento resistido e do aeróbio na alteração dos compartimentos corporais (massa magra e massa gorda). 3 2 OBJETIVO Análise de diferentes métodos de avaliação da composição corporal e agrupamento dos protocolos de maior validade para aplicação em condições de campo, visando fornecer subsídios para a atuação do profissional de educação física na área da saúde, a partir do controle do peso corporal, pelos exercícios aeróbio e resistido. 4 3 METODOLOGIA O estudo é de natureza exploratória, visando a aquisição de dados por meio de pesquisa bibliográfica em veículos de divulgação do conhecimento científico como livros didáticos, periódicos, anais de congressos, fontes eletrônicas de divulgação do conhecimento empírico e jornais específicos da área da saúde. 5 4 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL 4.1 Histórico dos procedimentos de avaliação da composição corporal De acordo com McArdle et al (2001), uma avaliação da composição corporal tem o objetivo de quantificar os diferentes compartimentos corporais, em uma divisão que varia, segundo as diferentes abordagens, em dois, três ou mais compartimentos, que somados correspondem ao peso corporal total do indivíduo. Segundo Queiroga (2005) citando Wang, Piersone Heymsfield (1992) diz que a divisão pode ser feita de acordo com cinco modelos; modelo atômico, molecular, celular, sistemas/tecidos e corpo inteiro. Para Heyward (1996) existe o modelo de divisão em dois compartimentos (lipídeos e massa corporal magra), o modelo químico em quatro compartimentos (lipídios, água, proteínas e minerais), o modelo de fluidos metabólicos em cinco compartimentos (fluido extracelular, fluido intracelular, sólido intracelular e sólido extracelular) e o modelo anatômico com quatro compartimentos (tecido adiposo, músculo esquelético, outros tecidos e ossos). Em 1921, Matiega, citado por McArdle et al (2001), formulou um sistema baseado em quatro componentes, sendo o esqueleto, a pele mais tecido subcutâneo, o músculo esquelético e o restante. As críticas às tabelas que correlacionam altura e peso foram estabelecidas por estas não representarem uma forma confiável de avaliação da gordura corporal, uma vez que poderiam classificar com excesso de peso indivíduos com grande quantidade de massa muscular e de baixa estatura. No início da década de 40 foram relatados os primeiros indícios de erros na utilização das tabelas de altura e peso, onde 25 jogadores de futebol americano foram analisados e 17 deles foram considerados inaptos por possuírem uma quantidade elevada de gordura corporal. Após uma avaliação mais apurada da composição corporal desses atletas percebeu- se o equívoco, sendo que o suposto elevado nível de gordura corporal, na realidade era representado por massa muscular (MCARDLE et al, 2001; WILMORE e COSTILL, 2001). 6 Na tentativa de superação desta problemática, investigações foram conduzidas para a busca de procedimentos de avaliação da composição corporal com maior validade em suas medidas (MCARDLE et al, 2001; WILMORE e COSTILL, 2001). O Índice de Massa Corporal (IMC) é um exemplo desta tentativa de busca por novos procedimentos de avaliação da composição corporal, pois preconiza que a relação entre o peso e a estatura corporal pode ser representativa do excesso de peso por uma elevada quantidade de massa gorda. Desde sua formulação, por volta de 1830 e 1850 pelo matemático belga Adolphe Quetelet até os dias atuais, é empregado em avaliações clínicas para monitoramento das variações do peso corporal com e sem finalidades científicas. O problema relacionado ao I.M.C. é semelhante ao relatado para as tabelas de altura e peso, onde um valor alto de I.M.C. nem sempre representa um elevado peso corporal constituído por excesso de gordura, podendo este peso corporal ser representado por um elevado conteúdo de massa muscular, massa óssea ou diferentes tecidos isentos de gordura (QUEIROGA, 2005 ; McARDLE et al, 2001). Para a avaliação da composição corporal existem os métodos diretos e indiretos, sendo que no Brasil existem os métodos duplamente indiretos. O método direto consiste na dissecação de cadáveres; os métodos indiretos são os de pesagem hidrostática, ressonância magnética e absortometria radiológica de dupla energia (DEXA); e os duplamente indiretos que se baseiam em um método de referência indireto, como são as técnicas de avaliação da composição corporal por dobras cutâneas, circunferências e diâmetros corporais e bioimpedância elétrica, que são, coletivamente, conhecidos como métodos de campo, pois são de utilização prática em diferentes circunstâncias e ambientes e de custo operacional mais acessível (QUEIROGA, 2005). 7 4.2 Padrões de referência da composição corporal de homens e mulheres. O homem e a mulher de referência possuem uma média feita por estudos antropométricos em larga escala, sendo assim, não representam um padrão ideal e sim uma forma de comparação estatística entre diferentes grupos ou indivíduos McArdle et al (2001). As Figuras 1 e 2 ilustram, respectivamente, as características da composição corporal de homens e mulheres: 2,1 (3%) 8,4 (12%)10,5 (15%)10,4 (14,9%)31,3 (44,7%) 61,7 (88,1%) 70 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Peso corporal Peso Corporal Magro Músculo Osso Gordura Corporal Total Gordura de Armazenamento Gordura Essencial Co m po n en te do pe so co rp or al , Kg Figura 1: Características da composição corporal de homens. Para Benke (1974) a referência é um homem entre 20 a 24 anos e com 1,74m de estatura. Altura: 163,8 cm 56,7 6,8 (12%)8,5 (15%) 15,3 (27%) 6,8 (12%) 20,4 (36%) 48,2 (85%) 0 10 20 30 40 50 60 Peso corporal Peso Corporal Magro Músculo Osso Gordura Corporal Total Gordura de Armazenamento Gordura Essencial Co m po n e n te do pe so co rp o ra l, Kg Figura 2: Características da composição corporal de mulheres. Para Benke (1974) a referência é uma mulher entre 20 a 24 anos e aproximadamente 1,64m de estatura. 8 O homem de referência de Behnke (1974) possui maior estatura e pesa mais, seu esqueleto pesa mais e possui maior massa muscular e menor percentual de gordura que o da mulher de referência, citado por (MCARDLE et al, 2001). Para Wilmore e Costill (2001) embora o padrão proposto por Behnke(1974) seja o mais correto, não existe um método para diferenciar a gordura de reserva da gordura essencial, portanto foi adotado pela maioria dos cientistas o modelo de dois compartimentos (massa gorda e massa isenta de gordura). 9 4.3 Tecido gorduroso essencial e de reserva. McArdle et al (2001) concorda que a gordura essencial é a gordura que é necessária para o perfeito funcionamento do organismo. Ela está acumulada na medula dos ossos, no coração, pulmões fígado, baço, rins, intestinos, músculos e tecidos ricos em lipídeos no sistema nervoso central. Nas mulheres, dentro da gordura essencial existe a sexo específica, que se acumula principalmente nas mamas e região do quadril e das coxas. Para o homem e mulher de referência de Behnke (1974), a gordura essencial representa 3% do peso corporal para homens e 12% para mulheres. A gordura de reserva é a gordura acumulada no tecido adiposo, representando uma média de 15% do peso corporal das mulheres e 12 % para os homens, (MCARDLE et al, 2001). Devido à grande dificuldade de mensuração da gordura essencial e a de reserva, a maioria dos cientistas optaram por fazer a divisão corporal em 2 compartimentos, massa gorda e massa isenta de gordura (WILMORE e COSTILL, 2001). O depósito de gordura no tecido adiposo visceral é o que mais implica riscos para a saúde, porém o tecido adiposo abdominal é quantativamente maior, representando um risco igual ao deposito de gordura visceral. Isto implica que a obesidade do tipo andróide é mais perigosa para a saúde que a do tipo guinóide (HERMSDORFF e MONTEIRO, 2004), como discutido no capítulo 5. 10 4.5 Protocolos da avaliação da composição corporal 4.4.1 Avaliação direta Consiste na avaliação feita em cadáveres. Duas formas são utilizadas, em uma delas o corpo é dissolvido em uma solução química e posteriormente analisa-se a quantidade de gordura presente. Outra técnica consiste em dissecar fisicamente cada um dos componentes corporais (McARDLE et al, 2001). 4.4.2 Avaliação indireta Várias são as técnicas utilizadas para a mensuração da gordura corporal indiretamente. Dentre elas estão a pesagem hidrostática, a medida de pregas cutâneas e das circunferências, nos raios X, na condutividade elétrica corporal total ou impedância, na interação quase-infravermelha, na ultra-sonografia, na tomografia computadorizada e no imageamento por ressonância magnética, (McARDLE et al, 2001). 4.4.2.1 Pesagem hidrostática Esta é uma das formas para predizer o percentual de gordura de um indivíduo. Baseia-se na relação entre a densidade de um corpo com a densidade da água. Sendo determinado pelo princípio de Arquimedes, onde determinado objeto quando imerso em líquido, perde um peso igual ao deslocado por este, determinando assim sua densidade (FOSS e KETEYIAN, 2000). Para medir a densidade do corpo humano, este deve ser pesado ao ar livre e depois submerso completamente em água, realizando uma expiração máxima, e o volume residual é posteriormente corrigido por uma equação onde multiplica-se a capacidade vital (BTPS) pela constante 0,24 para homens e 0,28 para mulheres (FOSS e KETEYIAN, 2000). 11 Figura 3: Ilustração da pesagem hidrostática Para calcular a densidade corporal deve-se aplicar Equação 1, descrita abaixo: )100( +−= VRK PaDC (1) onde Dc representa a densidade corporal (g/cc), Pa é o peso no ar em gramas, K é o peso no ar menos peso na água, dividido pela densidade da água na temperatura vigente durante a pesagem, VR representa o volume residual em cm3 e 100 é a estimativa do gás gastrintestinal em cm3. A principal fonte de erro na mensuração da densidade corporal consiste na mensuração do volume residual por ser de difícil acesso sendo um importante fator a ser considerado (BRODIE, MOSCRIP e HUTCHEON, 1998) A partir da equação citada acima, pode-se calcular o percentual de gordura pelas Equações de Siri ou Brozek: 100)50,495,4% ×−=G (Siri) (2) 100)142,457,4(% ×−=G (Brozek) (3) 12 As fórmulas citadas anteriormente foram baseadas na composição corporal de homens brancos pela dissecação de três cadáveres (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000). A equação de Brozek foi originalmente proposta para ser usada em jovens, não atletas e homens adultos; porém foi vastamente difundida e utilizada em populações diferentes das quais foi validada, causando erros de mensuração da composição corporal (BRODIE, MOSCRIP e HUTCHEON, 1998) como no estudo de Filardo (2000) que encontrou erro na estimativa do percentual de gordura quando utilizou-se a equação de Brozek para garotas com idade média de 15,8 anos jogadoras de voleibol e basquetebol. De acordo com Wlimore e Costill (2001), existe muita variação com relação à densidade corporal de diferentes populações, diminuindo assim a precisão da avaliação. Como exemplo, a densidade da massa isenta de gordura de sujeitos que realizam treino com pesos é menor que os padrões utilizados pela equação de Siri, superestimando o percentual de gordura. A Tabela 1 contém equações específicas para populações de diferentes idades, sexo e etnias a fim de minimizar os erros relacionados à conversão de densidade corporal em percentual de gordura: Tabela 1: Fórmulas populacionais específicas para conversão de Densidade Corporal em Percentual de Gordura Corporal População Idade Sexo %Gordura Corporal MLG Raça Índios americanos 18-60 Feminino (4,81/Dc) – 4,34 1,108 Negros 18-32 Masculino (4,37/ Dc) – 3,93 1,113 24-79 Feminino (4,85/ Dc) – 4,39 1,106 Hispânicos 20-40 Feminino (4,87/ Dc) – 4,41 1,105 Japoneses nativos 18-48 Masculino (4,97/ Dc) – 4,52 1,099 Feminino (4,76/ Dc) – 4,28 1,111 61-78 Masculino (4,87/ Dc) – 4,41 1,105 Feminino (4,95/ Dc) – 4,50 1,100 Brancos 7-12 Masculino (5,30/ Dc) – 4,89 1,084 Feminino (5,35/ Dc) – 4,95 1,082 13-16 Masculino (5,07/ Dc) – 4,64 1,094 Feminino (5,10/ Dc) – 4,66 1,093 13 17-19 Masculino (4,99/ Dc) – 4,55 1,098 Feminino (5,05/ Dc) – 4,62 1,095 20-80 Masculino (4,95/ Dc) – 4,50 1,100 Feminino (5,01/ Dc) – 4,57 1,097 Níveis de Gordura Corporal Anoréxicos 15-30 Feminino (5,26/ Dc) – 4,83 1,087 Obesos 17-62 Feminino (5,00/Dc) – 4,56 1,098 Retirado de Heyward e Stolarczyk (2000) 4.4.2.2 Mensuração das pregas cutâneas Matiega (1921) foi o precursor da estimativa dopercentual de gordura através de pregas cutâneas, formulando uma equação através da área superficial e seis pregas cutâneas, porém com alguns erros. Brozek e Keys (1951) foram os primeiros a fazer a correlação entre densidade corporal e gordura corporal. Pacale, Grossman, Sloane e Frankel (1956) produziram uma equação e Parizková (1961) um nomograma para a predição da massa gorda através de pregas cutâneas (DURNIN e RAHAMAN, 1967). Wilmore e Costill (2001) afirmam que a determinação da gordura corporal através do método de pregas cutâneas é uma das técnicas de campo mais utilizadas por seu baixo custo e facilidade de manuseio. Partindo do pressuposto de que a mensuração de gordura de alguns locais determinaria o percentual de gordura total do corpo, o método de mensuração da gordura corporal pela prega cutânea foi aceito, porém com algumas limitações, como um erro na estimativa da densidade corporal do método critério representaria um erro na determinação do percentual de gordura de 3,5% em mulheres e 5% em homens (BRODIE, MOSCRIP e HUTCHEON, 1998). A mensuração das dobras cutânea é obtida através da utilização do compasso de dobras cutâneas, o qual tem um formato tipo pinça. Sendo os mais utilizados os do tipo Lange e Harpenden, e também o nacional do tipo Cescorf (QUEIROGA, 2005). A Figura 4 abaixo demonstra a utilização do compasso. 14 Figura 4: Exemplo de compasso de dobras cutâneas A prega cutânea é aferida pinçando-se, com o dedo indicador e o polegar a pele e a gordura subcutânea, separando-a do músculo (Figura 4). A medida é feita com o compasso de dobras através da distância entre as suas extremidades, que por sua vez exerce uma pressão de 10g/mm2 na dobra. A medida deve ser tomada dois segundos após a colocação do compasso (MCARDLE et al, 2001). De acordo com McArdle et al (2001), as pregas mais comuns são: tríceps, subescapular, supra-ilíaca, abdominal, e parte superior da coxa, sendo todas do lado direito do corpo, estando indivíduo em pé. As pregas menos comuns de serem utilizadas são na panturrilha, porção medial lateral e posterior e no tórax próximo à axila, somente para homens. A medida de três ou mais pregas cutâneas é recomendada por Wilmore e Costill (2001), sendo utilizada uma equação curvilínea do segundo grau para a determinação da densidade corporal. 4.4.2.2.1 Emprego das pregas cutâneas na determinação da composição corporal. Segundo McArdle et al, (2001), pode-se utilizar os valores obtidos da mensuração de duas formas. A primeira é a soma das dobras como um parâmetro para avaliar as alterações na gordura corporal antes e após um programa de treinamento, podendo-se também avaliar a medida de cada dobra separadamente. O resultado da avaliação pode ser expresso tanto em valores absolutos como 15 percentuais. A segunda forma seria a utilização de equações com a finalidade de obter o percentual de gordura corporal para diagnosticar a propensão do indivíduo às dislipidemias pelo excesso de gordura corporal. As equações são bastante fidedignas para populações semelhantes as quais elas foram validadas (MCARDLE et al, 2001; QUEIROGA, 2005). Algumas equações e suas respectivas características populacionais são descritas abaixo: Mulheres jovens com idade entre 17 e 26 anos: 13,6)(31,0)(55,0% ++= BAG (4) Homens jovens com idade entre 17 e 26 anos: 1,47 + 0,58(B) + 0,43(A) =%G (5) onde A é a prega cutânea triciptal em mm e B é a prega cutânea subescapular em mm. A técnica de Faulkener foi desenvolvida originalmente para nadadores canadenses e norte-americanos, porém foi vastamente difundida para outras populações (MARINS e GIANNICHI, 1998). Leite (2000) diz que esta técnica é inapropriada para estimar a composição corporal de indivíduos sedentários, obesos, mulheres e idosos. Nesta técnica são empregadas as dobras cutâneas triciptal, subescapular, suprailíaca e abdominal para a determinação do percentual de gordura corporal pela equação: 5.783 0,153 DC %G +×∑= (6) onde %G é o percentual de gordura e ∑DC é a somatória de quatro dobras cutâneas em mm (triciptal, subescapular, suprailíaca, abdominal). Heyward e Stolarczyk (2000) citam outras equações para a determinação do percentual de gordura e suas especificidades populacionais. Os parâmetros são descritos no Quadro 1, abaixo. As equações que fornecem a densidade corporal devem substituir tais valores nas equações descritas na Tabela 1. A utilização da prega cutânea como forma de obtenção do percentual de gordura é vastamente utilizada nos dias atuais, porém deve-se ter o cuidado para que pessoas que fazem as mensurações tenham uma boa experiência, a fim de não subestimarem nem superestimarem os resultados Mcardle et al (2001). As fontes de erro podem ser duas, a primeira não é controlada pelo avaliador, e tem relação com método de critério que pode apresentar erros, como pesagem subaquática, uma vez 16 que as equações que utilizam dobras cutâneas são duplamente indiretas; e a outra fonte de erro é representada pela escolha da equação e habilidade do avaliador (QUEIROGA, 2005). Quadro 1: Equações de predição do percentual de gordura corporal para diversas populações: Dobras População Sexo Equação Referência ∑tríceps + panturrilha Crianças Brancos e negros (todas idades) Masculino %G = 0,735 (∑DOC) + 1,0 Slaughter et al. (1988) ∑tríceps + panturrilha Crianças Brancas e negras (todas idades) Feminino %G = 0,610 (∑DOC) + 5,1 Slaughter et al. (1988) ∑ peitoral + abdômen + coxa + tríceps + subescapular + supra- ilíaca + axilar média Negros (18 a 61 anos) Maculino Dc (g/cm3) = 1,0970 – 0,00046971 (∑7DOC) – 0,00000056 (∑7DOC) 2 – 0,00012828 Jackson et al.(1980) ∑ peitoral + abdômen + coxa + tríceps + subescapular + supra- ilíaca + axilar média Negras (18 a 55 anos) Feminino DC (g/cm3) = 1,120 – 0,00043499 (∑ 7DC) + 0,00000055 (∑7DOC) 2 – 0,00028826 (idade) Jackson e Pollock (1978) ∑ peitoral + abdômen + coxa + tríceps + subescapular + supra- ilíaca + axilar média Hispânicos (20 a 40 anos) Feminino DC (g/cm3) = 1,0970 – 0,00046971 (∑ 7DC) + 0,00000056 (∑7DOC) 2 – 0,00012828 (idade) Jackson et al. (1980) ∑ tríceps + subescapular Japonesas Nativas (18 a 23 anos) Feminino DC (g/cm3) = 1,0897 – 0,00133 ((∑ DC) Negamini e Suzuki (1964) ∑ tríceps + subescapular Japoneses nativos (18 a 27 anos) Masculino DC (g/cm3) = 1,0913 – 0,00116 (∑ DC) Negamini e Suzuki (1964) ∑ tríceps + supra-ilíaca + coxa Brancas (18 a 55 anos) Feminino DC (g/cm3) = 1,0994921 – 0,0009929 (∑3DC) + 0,0000023 (∑3DOC) 2 – 0,0001392 (idade) Jackson et al.(1980) ∑ peitoral + abdômen + coxa Brancos (18 a 61 anos) Masculino DC (g/cm3) = 1,109380 – 0,0008267 (∑3DC) + 0,0000016 (∑3DOC) 2– 0,0002574 (idade) Jackson e Pollok (1978) ∑ tríceps + supra-ilíaca + coxa Anoréxicas (18 a 55 anos) Feminino DC (g/cm3) = 1,0994921 – 0,0009929 (∑3DC) + 0,0000023 (∑3DOC) 2 – 0,0001392 (idade) Jackson et al.(1980) ∑ tríceps + supra-ilíaca anterior + abdômen + coxa Atletas de todos esportes (18 a 29 anos) Feminino DC (g/cm3) = 1,096095 – 0,0006952 (∑4DC) + 0,0000011 (∑4DOC) 2 – 0,0000714 (idade) Jackson et al.(1980) Subescapular, abdômen, tríceps e axilar média. Atletas de todos esportes (14 a 19 anos) Masculino DC (g/cm3) = 1,10647 – 0,00162 (doc subescapular) – 0,00144 (doc abdômen) – 0,00077 (doc tríceps) + 0,00071 (doc axilar media) Forsyth e Sinning (1973) ∑ peitoral + axilar média + tríceps + subescapular + supra-ilíaca anterior + abdômen + coxa Atletas de todos esportes(18 a 29 anos) Masculino DC (g/cm3) = 1,112 – 0,00043499 (∑7DC) + 0,00000055 (∑7DOC) 2 – 0,00028826 (idade) Jackson e Pollok (1978) ∑ tríceps + subescapular + abdômen Lutadores (colegiais e universitários Masculino DC (g/cm3) = 1,0973 – 0,000815 (∑3DC) + 0,00000084 (∑3DOC) 2 Lohman (1981) Peito, subescapular, tríceps, supra-ilíaca, abdômen e coxa Lutadores (colegiais e universitários Masculino %G = 0,148 (doc peito) + 0,075 (doc subescapular) + 0,077 (doc tríceps) + 0,160 (doc supra-ilíaca) + 0,152 (doc Tipton e Oppliger (1984) 17 abdômen) + 0,102 (doc coxa) Retirado de Heyward e Stolarczyk (2000) Como as equações para mensuração do teor de gordura não são genéricas, deve-se ter o cuidado para não as utilizar em grupos de indivíduos diferentes das quais foram validadas, (McARDLE et al, 2001; FOX, 1988). McArdle et al (2001) postularam que uma forma de minimizar o erro seria utilizar uma equação que permita calcular uma constante para determinado grupo de pessoas. Segue abaixo a equação: )(3 Cutâneas Pregas%G PCKG × ∑ = (7) onde ∑ Pregas cutâneas é a soma das pregas obtidas em no mínimo 2 sítios diferentes, 3G é o 3 / AlturaPeso (peso em Kg e altura em m) e K(PC) são as pregas cutâneas/3G x %Gordura. O percentual de gordura se baseia em um método de critério, como pesagem subaquática, e na média observada para um determinado grupo ou uma população (de determinada idade, sexo, estado de treinamento ou desporto) a qual a equação está sendo aplicada. Assim sendo, são necessárias constantes K(PC) diferentes para diversas populações. 4.4.2.3 Análise da Bioimpedância elétrica O método de impedância bioelétrica ou bioimpedância elétrica é outra forma de analisar a composição corporal, sendo que os primeiros estudos foram feitos por Thomasett (1962), (HEYWARD E STOLARCZYK, 2000). Consiste em avaliar a densidade corporal através da velocidade que o fluxo elétrico passa pelo corpo. O conceito consiste no fato de que a corrente elétrica é facilitada pelo tecido isento de gordura e água extracelular, e o contrário ocorre perante o tecido adiposo. (McARDLE et al, 2001; HEYWARD e STOLARCZYK, 2000). A técnica consiste em colocar eletródios injetores nas superfícies dorsais do pé e do punho e eletródios detectores entre o rádio e a ulna e ao nível do tornozelo, um estímulo elétrico é dado e a impedância (resistência) é determinada, calculando- se através de uma equação a densidade corporal e posteriormente o percentual de gordura (McARDLE et al, 2001). 18 A hidratação e temperatura da pele do indivíduo são fatores que podem mascarar a medida da impedância elétrica. McArdle et al (2001) disseram que esta técnica pode ser mais imprecisa do que as que utilizam circunferência e pregas cutâneas como instrumentos. Heyward e Stolarczyk (2000) dizem que o erro para a predição do percentual de gordura corporal baseado no método de bioimpedância elétrica fica por volta de 1,8Kg caso o método de referência esteja livre de erros. Porém, o método de referência (p. ex., hidrodensiometria) não é livre de erros, quantificando assim uma margem de erro ≤ 3,5Kg para homens e ≤ 2.8Kg para mulheres. A análise da bioimpedância para prever o percentual de gordura de idosos foi proposta por Queiroga (2005), pois esta apresentou um baixo erro padrão de estimativa (r=0,98 para homens e r=0,95 para mulheres) com idade entre 49 e 80 anos. Assim como na pesagem hidrostática, o valor do percentual de gordura para atletas magros pode ser superestimado em razão da utilização de equações inadequadas para esta população (WILMORE e COSTIL, 2001). Algumas equações para a predição da gordura corporal pelo método de bioimpedância elétrica são descritas no quadro 2 abaixo: Quadro 2: Equações de predição do percentual de gordura por bioimpedância: Retirado de Heyward e Stolarczyk (2000) Onde: MLG= massa livre de gordura, AL= Altura, R= resistência (Ω) População Sexo/ idade Equação Referência Atletas de todos esportes Feminino (idade não relatada) MLG (Kg) = 0,73 (AL2/R) + 0,16 (PC) + 2,0 HoutKooper, Going et al (1989) Atletas de todos esportes Feminino (universitárias) MLG (Kg) = 0,73 (AL2/R) + 0,116 (PC) + 0,096 (Xc) – 4,03 Lukaski e Bolonchuk (1987) Atletas de todos esportes Masculino (Universitários) MLG (Kg) = 0,734 (AL2/R) + 0,116 (PC) + 0,096 (Xc) – 3,152 Lukaski e Bolonchuk (1987) Atletas de todos esportes Masculino (19 a 40 anos) MLG (Kg) = 1,949 + 0,701 (PC) + 0,186 (AL2/R) Oppliger, Nielsen Hoegh et al (1991) Brancas Feminino (18 a 64 anos) MLG (Kg) = 0,00085 (AL2) – 0,02375 (R) + 0,3736 (PC) – 0,1531 (idade) + 13,4947 Van Loan e Mayclin (1987) Brancos Masculino (17 a 62 anos) MLG (Kg) = 0,00088580(AL2) – 0,02999 (R) + 0,42688 (PC) – 0,07002 (idade) + 14,52435 Segal et al (1988) Obesas Feminino (19 a 59% GC) MLG (Kg) = 0,00151 (AL2) – 0,0344 (R) + 0,140 (PC) – 0,158 (idade) + 20,387 Gray et al (1989) Obesos Masculino (9 a 45% GC) MLG (Kg) = 0,00139 (AL2) – 0,0801 (R) + 0,187 (PC) + 39,830 Gray et al (1989) 19 4.4.2.4 Medida das circunferências corporais A medida das circunferências corporais é um método alternativo para a predição da composição corporal, sendo vastamente utilizada por profissionais da saúde por sua simplicidade de manuseio e aceitabilidade, porém sua fragilidade consiste em quantificar não apenas o tecido adiposo, mas também outros tecidos e órgãos. Esta forma de avaliação é bastante aceita em dois casos, primeiro quando o avaliado apresentar quantidade excessiva de gordura corporal e segundo, quando o objetivo é quantificar o padrão de distribuição da gordura corporal. (GUEDES, 2006). De acordo com McArdle, et al (2001) a mensuração deve ser feita com uma fita métrica colocada ao redor da circunferência de modo a ficar justa, mas não apertada. O quadro abaixo mostra os locais onde serão medidas as circunferências, as referências anatômicas e a forma correta para medição segundo Heyward e Stolarczyk (2000). Quadro 3: Locais padronizados para medidas de circunferências. Local Referência anatômica Posição Medida Pescoço Proeminência laríngea – Promo-de-adão Perpendicular ao eixo mais longo do pescoço Aplique a fita com o mínimo de pressão, logo abaixo do promo-de-adão Ombros músculos deltóides e processo acromial da escápula Horizontal Aplique a fita firmemente sobre a saliência dos músculos deltóides, inferiormente aos processos acromiais. Realize a medida ao final de uma expiração normal Peito quarta articulação esterno-costal Horizontal Aplique a fita firmemente ao redor do tronco, ao nível da quarta articulação esternocostal. Realize a medida após o final de uma expiração normal Cintura parte mais estreita do tronco, no nível da cintura “natural” entre as costelas e a crista ilíaca Horizontal Aplique a fita firmemente ao redor da cintura no nível da parte mais estreita do tronco. É necessário um assistente para posicionar a fita atrás do cliente. Realize a medida ao final de uma expiração normal Abdominal Protuberância anterior máxima do abdômen, usualmente no nível da cicatriz umbilical Horizontal Aplique a fita firmemente ao redor do abdômen no nível da maior protuberância anterior. É necessário um assistente para posicionar a fita atrás do cliente. Realize a medida ao final de uma expiração normal Quadril (Glúteos) Extensão posterior máxima dos glúteos Horizontal Aplique a fita firmemente ao redor dos glúteos. É necessário um assistente para posicionar a fita do lado oposto do corpo. Coxa Proximal Dobra glútea Horizontal Apliquea fita firmemente ao redor da coxa, na posição distal da dobra glútea. Coxa Medial Linha inguinal e borda proximal da patela Horizontal Com o joelho do cliente flexionado a 90º (pé direito em um banco), aplique a fita no nível médio entre a linha inguinal e a borda proximal da patela. 20 Coxa distal Epicôndilos femorais Horizontal Aplique a fita próxima aos epicôndilos femorais. Joelho Patela Horizontal Aplique a fita ao redor do joelho no nível médio da patela, como joelho relaxado em uma leve flexão. Panturrilha perímetro máximo do músculo da panturrilha Perpendicular ao eixo longo da perna Com o cliente sentado na borda de uma mesa e pernas balançando livres, aplique a fita horizontalmente ao redor do perímetro máximo do músculo da panturrilha Tornozelo Maléolos da tíbia e fíbula Perpendicular ao eixo longo da perna Aplique a fita firmemente ao redor da circunferência mínima da perna, na posição proximal aos maléolos Braço (Bíceps) processo acromial da escápula e processo olécrano da ulna Perpendicular ao eixo longo do braço Com os braços soltos para os lados e a palma das mãos viradas para as coxas, aplique a fita firmemente ao redor do braço, no nível mediano entre o processo acromial da escápula e o processo olecrano da ulna. Antebraço Circunferência máxima do antebraço Perpendicular ao eixo longo do antebraço Com os braços soltos para baixo, distantes do tronco e com o antebraço supinado, aplique a fita firmemente ao redor da circunferência máxima da proporção proximal do antebraço. Pulso Processos estilóides do rádio e da ulna Perpendicular ao eixo longo do antebraço Com o cúbito flexionado e o antebraço supinado, aplique a fita firmemente ao redor do pulso, distal aos processos estilóides do rádio e da ulna. Retirado de Heyward e Stolarczyk (2000) 4.4.2.4.1 Aplicação das circunferências As circunferências corporais podem ser utilizadas na predição do percentual de gordura e para quantificar a variação de mudanças no perímetro corporal, ocorrendo um erro de que fica algo entre 2,5 a 4% (McArdle et al, 2001). Marins e Giannichi (1998) descrevem duas equações, uma para homens e outra para mulheres, para predizer o percentual de gordura corporal através de circunferências corporais. As equações são descritas abaixo: Homens: 10,8336 0,10969(P) - ABD) D0,31457(ME %G += (8) Mulheres: 51.03301 0.14354(P) 0,17666(A)-ABD) (MED 0,11077 %G ++= (9) onde MED ABD é a circunferência realizada no ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela, em cm, A é a estatura do sujeito e P é o peso corporal em quilogramas (Kg). McArdle et al (2001) também apresentam uma proposta para determinação do percentual de gordura através da circunferência abdominal (medida em uma linha horizontal imaginária ao nível da cicatriz umbilical). Uma média populacional (Q) foi descrita, sendo esta para homens de 12,36 e pra mulheres de 14,25. A equação 11 está descrita abaixo: 21 Q Alt PC × (10) onde PC é o Peso Corporal em Kg, Alt é a estatura em metros e Q é a constante populacional para 50º percentil. O resultado da equação representa a circunferência abdominal desejada. A circunferência ideal neste caso seria a média populacional e, portanto um alvo desejado diferente desta média deveria adotar diferentes valores de Q, necessitando assim de estudos futuros para diferentes valores (McRDLE, et al 2001). 4.5 Peso corporal Ideal e obesidade Um elevado valor de gordura corporal está intimamente relacionado aos distúrbios metabólicos e à baixa aptidão física. Contudo, não se pode afirmar com precisão um valor específico de percentual de gordura para determinado indivíduo. Baseando-se em pesquisas de adultos jovens fisicamente ativos, parece estar próximo do ideal um percentual de gordura corporal de 15% para homens e 25% para mulheres (McARDLE et al, 2001). Existe uma equação para a determinação do peso desejável a partir dos dados da massa corporal isenta de gordura: ejávelGorduraDes alMagroPesoCorporlalDesejávePesoCorpor %00,1 − = (11) Foss e Keteyan (2000) propõem sugestões para o percentual de gordura e a condição de saúde, sendo estas apresentadas abaixo na Tabela 2: Tabela 2: Diretrizes Sugeridas da Composição Corporal para Esporte, Saúde e Aptidão. Classificação Homens Mulheres Gordura essencial 1 a 5% 3 a 8% Maioria dos atletas 5 a 13% 12 a 22% Saúde ótima 10 a 25% 18 a 30% Aptidão Ótima 12 a 18% 16 a 25% Obesidade limítrofe 22 a 27% 30 a 34% Retirado de Foss e Keteyan (2000) Marins e Giannichi (1998) descreveram uma tabela de percentuais de gordura adequados, considerando-se o sexo e a idade dos indivíduos: 22 Tabela 3: Percentuais aceitáveis de gordura corporal. Homens Mulheres Idade Aceitável Ideal Aceitável Ideal Menos de 30 13.0 9.0 18.0 16.0 30-39 16.5 12.5 20.0 18.0 40-49 19.0 15.0 23.5 18.5 50-59 20.5 16.5 26.5 21.5 Mais de 60 20.5 16.5 27.5 22.5 Retirado de Cooper (1987). Uma tabela relacionando o risco à saúde com o percentual de gordura é proposta por Heyward e Stolarczyk (2000): Tabela 4: Padrões percentuais de gordura para homens e mulheres e risco para a saúde. Homens Mulheres Riscoa ≤5% ≤8% Abaixo da média 6-14% 9-22% Média 15% 23% Acima da média 16-24% 24-31% Riscob ≥25% ≥32% Dados de Lohman (1992) citado por Heyward e Stolarczyk (2000) a Risco de Doenças e desordens associadas à desnutrição. b Risco de doenças associadas à obesidade. Brodie, Moscrip e Hutcheon (1998) dizem que a hidrodensiotometria, para o cálculo da densidade corporal de obesos, é um método falho. Algumas formas mais seguras para a avaliação da obesidade são descritas no capítulo 3. 4.5.1 Doenças causadas por alterações do peso corporal As doenças causadas pela obesidade são: hipertensão arterial; doenças coronarianas que podem levar ao infarto; insuficiência cardíaca; diabetes tipo 2; apnéia do sono (parada respiratória durante o sono); hiperlipidemia (elevação do colesterol e dos triglicerídeos); esteatose hepática (depósito de gordura no fígado, causando mau funcionamento); cálculos de vesícula biliar; doenças articulares (especialmente nos joelhos e tornozelos); doenças vasculares nas pernas (varizes e má circulação); câncer no intestino, próstata, mama, endométrio e ovários; alterações na menstruação; incontinência urinária (perda de urina); infertilidade e impotência; depressão. 23 Uma pessoa com I.M.C abaixo de 19 é considerada magra excessiva. Algumas das causas são: Uma ingestão insuficiente em quantidade e qualidade de alimentos para atender as necessidades de atividade da pessoa; excesso de atividade física (ex: atletas em treinamento intenso; crianças hiperativas); doenças debilitantes (infecções crônicas ou doenças como o câncer, tuberculose, renais, hepáticas, etc); distúrbios glandulares como o excesso de atividade da tireóide (hipertiroidismo) ou disfunção da pituitária; má absorção e má utilização do alimento consumido; estresse psicológico ou emocional; manifestações neuróticas acompanhadas de aversão à comida (anorexia nervosa). Para McArdle, et al (2001) um alto valor de I.M.C.(acima de 27,3 para mulheres e 27,8 para homens) está diretamente relacionado a doenças como pressão alta, diabete e coronariopatia. O valor ideal estaria entre 21,3 a 22,1 para mulheres e 21,9 e 22,4 para homens, sendo um valor relacionado como pesado entre 25 e 30 e a obesidade estando o indivíduo com um I. M.C. acima de 30. McArdle,et al (2001) cita um estudo comparando mulheres anoréxicas e mulheres com peso corporalnormal (25%G), relatando que embora o peso magro das mulheres anoréxicas ficar próximo da média (43Kg), seu percentual de gordura era de 7,5%. Com relação à densidade mineral óssea foram encontrados valores comparáveis entre as jovens anoréxicas e mulheres com 70 anos de idade, tornando as anoréxicas mais suscetíveis a fraturas ósseas prematuramente. Pesquisas revelam que a forma como a gordura é distribuída no corpo é um fator mais importante para determinar o risco para a saúde do que o percentual total de gordura. O tipo andróide, obesidade corporal superior, é o que causa maior risco à saúde, quando comparado ao tipo ginóide, gordura corporal inferior (HEYWARD E STOLARCZYK, 2000). 24 5 ÍNDICES CORPORAIS EXTERNOS DA COMPOSIÇÃO CORPORAL O I.M.C. (índice de massa corporal), o RCQ(Relação cintura-quadril e o somatotipo são indices corporais externos capazes de classificar de forma simples e confiável a gordura corporal, sua distribuição corporal e suas implicações para a saúde. 5.1 Índice de massa corpórea (IMC) O I.M.C. (índice de massa corporal) pode ser utilizado para classificar tanto o grau de obesidade de uma pessoa quanto o risco de saúde (QUEIROGA, 2005). Afonso (2002) realizou um estudo transversal relacionando o I.M.C. e a R.C.Q. de homens e mulheres com idade entre 20 e 60 anos, com o índice de hospitalizações, encontrado uma relação positiva entre o aumento do I.M.C. e a prevalência de hospitalizações para mulheres. O I.M.C. é obtido utilizando-se a equação 12: 2E PCIMC = (12) onde “PC” representa o peso corporal em quilogramas (Kg) e “E” a estatura corporal ao quadrado em metros (m).A classificação é apresentada na Tabela 5. Tabela 5: Determinação do risco para a saúde e da obesidade pelo I.M.C. Risco para a Saúde Valor (Kg/m2) Valor (Kg/m2) Classificação (Adultos) Muito Baixo 20 a 25 20 a 25 Variação desejável Baixo 25 a 30 25 a 29,9 Obesidade 1 Moderado 30 a 35 30 a 40 Obesidade 2 Alto 35 a 40 >40 Obesidade 3 – Mórbida Muito Alto >40 Retirado de Bray (1992) e Jéquier (1987) De acordo com a organização mundial da saúde, a classificação da gordura pelo índice de massa corporal apresenta os seguintes parâmetros: 25 Tabela 6: Classificação da Organização Mundial da Saúde para o IMC. Condição IMC em adultos Abaixo do peso abaixo de 18,5 No peso normal entre 18,5 e 25 Acima do peso entre 25 e 30 Obeso acima de 30 Retirado de Wilmore e Pollock (1993) Pela equação do IMC pode-se obter uma aproximação do peso corporal adequado à estatura do indivíduo, rearranjando-a para o peso corporal e assumindo um valor de IMC condizente com o peso corporal adequado, conforme apresentado na Tabela 6: IMCEPC ×= 2 (13) Como enfatizado anteriormente, uma interpretação do IMC deve ser feita com cautela, pois um valor de 30kg/m2 corresponde a 30% de gordura corporal para homens com 20 anos de idade, e 40% para homens com 60 anos. Esse mesmo valor corresponde para mulheres com 20 anos a 40% de gordura corporal e a 50% de gordura para mulheres com 60 anos. Este valor indica, portanto, sobrepeso com excesso de gordura corporal. Porém, para atletas de algumas modalidades desportivas este excesso de peso corporal pode não representar gordura, mas sim grande proporção de massa isenta de gordura (DEURENBERG, WESTSTRAT e SEIDELL, 1991). 5.2 Relação cintura-quadril (RCQ) Heyward e Stolarczyk (2000) dizem que a relação cintura/quadril (RCQ) está associada com o acúmulo de gordura visceral. A RCQ é calculada fazendo a divisão da circunferência da cintura pela do quadril, ambas em centímetros. Um valor igual ou acima de 0,94 para homens e 0,82 para mulheres representam um alto risco para a saúde. A medida da circunferência da cintura é realizada no ponto médio entre a ultima costela e a crista ilíaca; e a circunferência do quadril deve ser realizada na maior protuberância dos glúteos (QUAIROGA, 1998). Afonso (2002) encontrou relação positiva entre a RCQ de elevado risco e o índice de hospitalizações de mulheres com idade entre 20 e 60 anos, representado quase o dobro quando comparadas com mulheres com RCQ menor que 0,80. A 26 RCQ não caracterizou fator de risco para hospitalização de homens, sendo, por isso, pouco sensível no diagnóstico de distúrbios funcionais em homens. Guedes (1998) em uma pesquisa realizada com indivíduos de idade entre 20 e 45 anos, encontrou correlação entre a distribuição centrípeta de gordura (tipo andróide) com concentrações de lipídios-lipoproteínas plasmáticas e níveis de pressão arterial em ambos os sexos. Ainda neste estudo, a prática de atividade física pareceu ser um importante modulador desta associação. Enquanto a espessura da dobra cutânea tem por objetivo estimar a distribuição da gordura subcutânea, a RCQ busca estimar tanto a gordura abdominal subcutânea, quanto a visceral (MALINA, 1996). Atualmente, sabe-se que o tecido adiposo libera adipocinas, sendo esta causadora de doenças como a aterosclerose, hipertensão arterial, resistência insulínica, diabetes tipo 2 e dislipidemias. Na obesidade esses processos são potencializados (HERMSDORFF e MONTEIRO, 2004). Todos os sítios de depósitos de gordura (tecido adiposo visceral, subcutâneo abdominal, subcutâneo glúteo-femoral e o intramuscular) possuem ações endócrinas e metabólicas nocivas ao organismo, porém o tecido adiposo visceral é o mais ativo, sendo seguido pelo tecido adiposo subcutâneo abdominal e posteriormente o tecido adiposo glúteo-femoral. A quantidade de tecido adiposo subcutâneo abdominal é maior que a do tecido adiposo visceral, tendo assim, a mesma importância na relação entre adiposidade central e às doenças citados anteriormente. A gordura intramuscular tem relação com a resistência insulínica, porém mais estudos precisam ser feitos para a compreensão dos mecanismos envolvidos nas patologias desencadeadas pelos distúrbios na homeostase da gordura (HERMSDORFF e MONTEIRO, 2004). Os dois tipos de obesidade que influenciam na RCQ são ilustrados na Figura 5, o tipo andróide, é o que causa maior risco à saúde, o tipo ginóide embora também apresente sérios problemas à saúde, é de menor intensidade (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000). 27 Figura 5: Representação do acúmulo de gordura regional no corpo. a) andróide b) ginóide Queiroga (2001) propõe que apenas a medida da circunferência abdominal representaria a relação entre o acúmulo de gordura visceral e distúrbios metabólicos. Os valores na faixa entre 92cm (risco aumentado) e 102cm (risco muito aumentado) para homens e 88cm (risco aumentado) e 99cm (risco muito aumentado) para mulheres representam elevado risco à saúde. O estudo de Marques et al (2006) revelou que o IMC, a circunferência da cintura e a RCQ são bons índices para avaliação da distribuição da gordura corporal e, assim, para o monitoramento das variações no peso corporal e sua influência sobre a saúde. A tabela abaixo mostra os valores de RCQ associados à idade e risco para a saúde: Tabela 7: Valores de RCQ associados à idade e risco para a saúde. Risco Idade Baixo Moderado Alto Muito alto Homens 20-29 <0,83 0,83-0,88 0,89-0,94 >0,94 30-39 <0,84 0,84-0,91 0,92-0,96 >0,96 40-49 <0,88 0,88-0,95 0,96-1,00 >1,00 50-59 <0,90 0,90-0,96 0,97-1,02 >1,02 60-69 <0,91 0,91-0,98 0,99-1,03 >1,03 Mulheres 20-29 <0,71 0,71-0,77 0,78-0,82 >0,82 30-39 <0,72 0,72-0,78 0,79-0,84 >0,84 28 40-49 <0,73 0,73-0,79 0,80-0,87 >0,87 50-59 <0,74 0,74-0,81 0,82-0,88 >0,88 60-69 <0,76 0,76-0,83 0,84-0,90 >0,90 Retirado de Heyward e Stolarczyk (2000)adaptado de Bray and Gray (1988). 5.3 Somatotipo Somático diz respeito ao corpo e somatotipo ao tipo corporal ou classificação física de cada pessoa. O somatotipo, proposto por Sheldon (1940), divide as características corporais das pessoas, de acordo com os componentes endomorfia, onde o percentual de gordura é elevado, com um considerável desenvolvimento do sistema digestório, caracterizando uma cintura mais larga, mesomorfia onde há predominância dos músculos esqueléticos e ossos fortes, caracterizando um corpo com contornos musculares definidos, e ectomorfia que representa a predominância do conteúdo magro do corpo com sistema muscular e esquelético pouco desenvolvido. A linearidade e fragilidade são características neste biótipo (FOX et al, 1988). A classificação do somatotipo ocorre de acordo com a predominância dos tecidos embrionários, sendo respectivamente endoderma, mesoderma e ectoderma. Sendo assim, o somatotipo é determinado geneticamente, podendo ser modificado pelo fenótipo, ou seja, pela interação do genótipo com o meio no qual a pessoa se desenvolve (FOX et al, 1988). A endomorfia caracteriza-se pela predominância de gordura corporal, harmonia e regularidade do corpo. Os pontos de relevo ósseo e muscular não são aparentes e a predominância do abdome sobre o tórax é característica neste biotipo. Sua glândula tireóide é hipoativa, fazendo com que seu metabolismo e sua recuperação sejam lentos (DE GARAY, 1974). A mesomorfia caracteriza-se pela predominância de ossos grandes e sistema muscular bem desenvolvido. O desenvolvimento muscular considerável dos segmentos distais de seus membros, como antebraços e panturrilhas, também é uma característica importante deste biotipo. Ombros amplos e os músculos trapézio, deltóides e abdominais são proeminentes (DE GARAY, 1974). A ectomorfia possui como característica dominante a magreza, linearidade e fragilidade de sua estrutura. Seu esqueleto é fino e aparente, uma vez que a 29 musculatura é pouco desenvolvida. Os ombros são estreitos e a queda destes é observada com freqüência. Sua tireóide geralmente hiperativa, acelera seu metabolismo. Os membros são relativamente longos em relação ao tronco (DE GARAY, 1974). Esses três tipos corporais foram escolhidos, segundo Fox et al, (1988), por apresentarem as características extremas de cada tipo corporal. Sendo que um tipo puro não existe e sim a combinação destes três com predominância de um sobre o outro. Para a determinação do somatotipo existem duas formas: a avaliação de Sheldon e a de Heath e Carter. Sheldon propôs uma análise através do exame fotográfico de um indivíduo em três planos, frontal, lateral e dorsal. Analisando essas fotografias, com bases em tabelas idealizadas por Sheldon, o somatotipo era determinado. Os números de 1 a 7 quantificam a predominância de cada um dos três componentes, fazendo-se uma correlação entre esses tipos corporais. Colocando os números por ordem, sendo o primeiro endomorfo, o segundo mesomorfo e o terceiro ectomorfo. Por exemplo, um somatotipo de 7-1-1, indica extrema adiposide, pois o valor máximo 7 de endomorfia é predominante sobre o 1 de mesomorfia e 1 de ectomorfia (FOX et al, 1988). Já, mais recentemente, Heath e Carter desenvolveram uma técnica mais elaborada para a determinação do somatotipo, correlacionando uma combinação de dois métodos, sendo a primeira uma graduação antropométrica sem uma fotografia somatotípica; e a segunda, graduações fotoscópicas ou inspecionais realizadas por indivíduos experimentados nas avaliações somatotípicas, quando se dispõe da idade, da altura, do peso e de uma fotografia somatotípica padronizada (FOX et al, 1988). O componente endomórfico do somatotipo de Heath e Carter é obtido através da mensuração das dobras cutâneas tricipital, subescapular e supra-ilíaca. O componente mesomórfico é determinado através da mensuração da altura, largura do úmero e do fêmur, subtrair a prega cutânea tricipital e da panturrilha pelo diâmetro do bíceps e panturrilha respectivamente. E o componente ectomórfico é mensurado a partir do índice ponderal, ou seja, dividindo a altura pela raiz cúbica do peso. Todos estes dados devem ser anotados em um formulário de graduação somatotípica e devem ser feitas as devidas contas. 30 As imagens abaixo exemplificam cada uma das divisões do somatotipo: Fig 6: Mesomorfo Fig 7: Ectomorfo Fig 8: Endomorfo 31 6 INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A COMPOSIÇÃO CORPORAL 6.1 Influência do treinamento de força na alteração da composição corporal Para que se aumente a força muscular, mecanismos anabólicos entram em ação para promover adaptações morfológicas a fim de superar a sobrecarga imposta pelo treinamento. O aumento da massa muscular é um destes mecanismos, e este altera o componente mesomórfico do indivíduo. Além desta alteração, o treinamento com pesos pode causar um déficit calórico, alterando assim o componente endomórfico do indivíduo (MCARDLE et al, 2001). Santarém (1996) apud Sabia, et al (2004) relatou que a utilização de exercícios resistidos para de perda de gordura corporal vem sendo amplamente difundida, pois este tipo de exercício além de realizar a manutenção ou o aumento da massa magra, causa uma elevação no metabolismo por várias horas após o termino do exercício. Um treinamento de força para homens e mulheres em idade universitária terá pouca ou nenhuma alteração no peso corporal, com reduções significativas na gordura corporal relativa e absoluta, e aumento da massa muscular (FOSS e KETEYIAN, 2000). Para um aumento do peso corporal isento de gordura, Foss e Keteyian (2000) disseram que se faz necessário um aumento da ingestão calórica diária e um programa de treinamento com pesos. De acordo com Powers e Howley (2000), os atletas que participaram dos jogos olímpicos possuem um percentual relativamente baixo de gordura e massa corporal relativamente alta. Ainda não há consenso sobre a faixa de valores ideais de composição corporal para o desporto. Foss e Keteyian (2000) citam estudos que incluem em sua pesquisa o peso, altura e percentuais de gordura, mostrando que os percentuais de gordura variam desde 4,6 a 5% para ginastas e lutadores do sexo masculino até 26 e 28% nadadoras, jogadoras de basquete e arremessadoras de disco e ou martelo, sendo 32 que os valores mais baixos para mulheres ficavam para ginastas e competidoras de pentatlo (9,6 a 11%). Em uma pesquisa experimental realizada por Silva et al (2003), foi demonstrado que o somatotipo de fisiculturistas finalistas do campeonato brasileiro de 2000 apresentaram uma classificação média do somatotipo entre 1,8-8,1-0,7, sendo considerados como puramente mesomórficos. Queiroga et al (2004) estudaram jogadoras de futsal, comparando o somatotipo por função tática desempenhada em quadra e observaram um maior acúmulo de gordura corporal nas goleiras em comparação com as alas e pivôs e de uma maneira geral foi classificado como meso-endomorfo, não havendo diferenças morfológicas causadas por posições ocupadas em quadra. A composição corporal de ginastas foi avaliada por Silva (2006), as exigências da modalidade determinam que os praticantes tenham corpos delgados e baixo peso. Foram analisados 44 ginastas do sexo feminino com idade entre 7 e 19 anos. O percentual de gordura foi estimado pelo método de bioimpedância, revelando uma elevada massa magra (93,2%) e um baixo percentual de gordura (6,8%). Os valores de gordura corporal neste grupo representam-se abaixo da média estipulada para esta população, causando distúrbios como atraso da menarca, e perturbação no funcionamentonormal da menstruação. Santos et al (2002) realizaram estudo cujo objetivo foi verificar as possíveis modificações na composição corporal, após 10 (dez) semanas de treinamento sistematizado com pesos em adultos jovens não-treinados com idade média de 20 anos. Durante 10 semanas foram realizadas sessões de treinamento de três dias por semana em dias alternados. Foram executadas três séries para cada exercícios com pausas de 30s a 1min. Os resultados revelaram um aumento significante na massa corporal (4%) e na massa magra (3,8%) no grupo que realizou o treinamento, porém houve um discreto aumento do componente gordura, sem significância. Os autores sugerem que o treino com pesos deve ser acompanhado de dieta específica para que ocorram mudanças efetivas no percentual de gordura. Fleck e Kraemer (1999) descreveram uma tabela com estudos envolvendo treinamento de força. Os dados são apresentados na Tabela 8: 33 Tabela 8: Reunião de estudos realizados envolvendo treinamento de resistido. Mudanças baseadas no tipo de treinamento Referên- cia Se- xo Tipo de Treina- mento Duração do treina- mento (semana) Dias de treinamento por semana Séries e repetições Númer o de exerci- cios Peso total (Kg) MCM (Kg) %G Hurley, Seals, Ehsani, et al., 1984 M CV 16 3-4 1x8-12 RM 14 +1.6 +1.9 -1.8 Hunter, 1985 F DRI 7 3 3x7-10 7 -0.9 +0.3 -1.5 Hunter, 1985 F DRI 7 4 2x7-10 7 +0.7 +0.7 -0.5 Hunter, 1985 M DRI 7 3 3x7-10 7 +0.6 +0.5 -0.2 Hunter, 1985 M DRI 7 4 2x7-10 7 0 +0.5 -0.9 Crist et al., 1988 M e F DRI 6 5 - - +1.0 +2.0 -3.0 Bauer, Thayer e Barras, 1990 M e F CEF 10 3 4-7 x 20s - 0 +1.0 -3.0 Staron et al., 1991 F DRI 20 2 1d/semana, 3x6- 8 RM 1d/semana, 3x10-12 RM 3 +2.0 +6.0 -4.0 Staron et al, 1989 F DRI 18 2 3x6-8 4 0 +1.0 +1. 0 Pierce, Rozenek e Stone, 1993 M DRI 8 3 3semanas, 3x10 RM 3semanas, 3x5 RM 10 +1.0 +1.0 -4.0 Staron et al., 1994 M DRI 8 2 M: 2 aquecimento, 3x6-8 RM F: 2 aquecimento, 3x10-12RM 3 +0.7 +1.8 -2.1 Staron et al., 1994 F DRI 8 2 M: 2 aquecimento, 3x6-8 RM F: 2 aquecimento, 3x10-12RM 3 +1.3 +2.4 -2.9 Withers, 1970 F DRI 10 3 40-55% 1RM/30s 10 +0.1 +1.3 -1.8 Withers, 1970 M DRI 20 3 40-55% 1RM/30s 10 +0.7 +1.7 -1.5 Fahey e Brown, 1973 M DRI 9 3 2 exercícios 5x5 2 exercícios 3x5 1 exercício 5x1-2 5 +0.5 +1.4 -1.0 C. H. F DRI 24 3 8 semanas, 4 -0.4 +1.0 -2.1 34 Brown e Wilmore , 1974 1x10,8,7,6,5,4 16 semanas, 1x10,6,5,4,3 Mayhew e Gross, 1974 F DRI 9 3 2x10 11 +0.4 +1.5 -1.3 Misner et al., 1974 M DRI 8 3 1x3-8 10 +1.0 +3.1 -2.9 Peterson, 1975 M CV 6 3 1x10-12 20 - -0.8 +0. 6 Coleman , 1977 M DRI 10 3 2x8-10RM 11 +1.7 +2.4 -9.1 Coleman , 1977 M CV 10 3 1x10-12RM 11 +1.8 +2.0 -9.3 Gettman et al., 1978 M IC (60º/s) 10 3 3x10-15 7 -1.9 +3.2 -2.5 Gettman et al., 1978 M IC (120º/s) 10 3 3x10-15 7 +0.3 +1.0 -0.9 Wilmore et al, 1978 F DRI 10 3 2x7-16 8 -0.1 +1.1 -1.9 Wilmore et al, 1978 M DRI 10 3 2x10-16 8 +0.3 +1.2 -1.3 Gettman et al., 1979 M DRI 20 3 50%1RM, 6 semanas= 2x10-20 14 semanas=2x15 10 +0.5 +1.8 -1.7 Gettman et al., 1979 M IC 8 3 4semanas=1x1 0 a 60º/s 4semanas=1x1 5 a 90º/s 9 +0.3 +1.0 -0.9 Gettman, Culter, e Strathma n, 1980 M CV 20 3 2x12 9 -0.1 +1.6 -1.9 Gettman, Culter, e Strath- man, 1980 M CV (60º/s) 20 3 2x12 10 -0.6 +2.1 -2.8 Retirado de Fleck e Kraemer (1999) 6.1.1 Aumento da força causada por modificações fisiológicas De acordo com Powers e Howley (2000), o treinamento de força visa aprimorar a capacidade de um músculo ou determinado grupo muscular em aumentar sua força máxima, a qual é comumente avaliada através do teste de 1-RM. Barbanti (1997) pontua três formas para o desenvolvimento da força: a) Aumento da massa muscular; 35 b) Aperfeiçoamento dos processos que sincronizam a atividade das fibras musculares e as obrigam a mobilizar o maior número possível de unidades motoras; c) Aproveitamento da ação conjunta dos dois primeiros caminhos. Foss e Keteyian (2000) relatam que três fases distintas acompanham o aumento da força muscular, sendo (1) aumento da força através do aprendizado do movimento pelo sistema nervoso central, (2) aumento na força das fibras musculares e (3) aumento tanto na força quando no tamanho do músculo. Powers e Howley (2000) relatam que os fatores neurais são os principais componentes no aumento de força nas primeiras semanas de treinamento, sendo que em treinamentos com pesos com duração prolongada, o aumento da massa muscular torna-se o principal fator no aumento da força. A hipertrofia ocorre principalmente pelo aumento da secção transversal do músculo. Sendo esta causada pelos seguintes fatores (FOSS e KETEYIAN 2000): 1) Aumento do número e tamanho das miofobrilas por fibra muscular; 2) Aumento na quantidade de proteína catrátil, em particularmente no filamento de miosina; 3) Aumento na densidade capilar por fibra; 4) Aumento nas quantidades e na força dos tecidos conjuntivos, tendinosos e ligamentares. 6.1.1.1 Tipos de fibras musculares Existem três tipos de fibras musculares, as rápidas (IIB), intermediárias (IIA) e as lentas (I). São diferencias pela isoforma da miosina que determinam a velocidade de contração (BADILLO e AYESTARÁN, 2001). As fibras do tipo I quando comparadas com as do tipo IIB são mais lentas, produzem menos força, sua vascularização e capacidade de oxidação são maiores, a produção energética predominante é através de lipídios e glicídios pela via aeróbica (e não anaeróbia), menor tamanho e menor número de miofibrilas. As fibras do tipo IIA apresentam características intermediárias a estas, (BADILLO e AYESTARÁN 2001). Para Badillo e Ayestarán (2001), o desempenho esportivo, os atletas que praticam modalidades intensas, rápidas e de curta duração como os velocistas e 36 halterofilistas, em sua composição de fibras musculares, a maior porcentagem deveria ser de fibras do tipo II, ao contrário dos atletas de provas de longa duração e pouco intensa que deveriam apresentar maior porcentagem de fibras do tipo I. 6.1.2 Fatores estruturais influentes sobre o desenvolvimento da força Os fatores estruturais que contribuem para o desenvolvimento da força são dois, a hipertrofia e as fibras musculares. A hipertrofia caracteriza-se pelas seguintes características: - Aumento no número e tamanho das miofibrilas: Badillo e Ayestarán (2001) disseram que a hipertrofia pode ser causada pelo aumento de filamentos de actina e miosina nas miofibrilas. Já o aumento do número de miofibrilas é pouco conhecido, podendo ser causado pelo aumento do tamanho até certo nível primeiramente e posteriormente uma ruptura das bandas Z formariam duas miofibrilas. - Aumento do tamanho do tecido conjuntivo e de outros tecidos não contráteis do músculo: O tecido conjuntivo é formado por cerca 13% do volume muscular total e é aumentado conjuntamente com a hipertrofia (BADILLO e AYESTARÁN, 2001). Atletas que treinam a força máxima (halterofilistas) possuem uma vascularização semelhante à de sujeitos destreinados. Porém, quando comparados aos fisiculturistas, os halterofilistas apresentam o dobro de capilares por fibra muscular, mas ainda é inferior ao de sedentários (BADILLO e AYESTARÁN, 2001). -Aumento do tamanho e provavelmente do número de fibras musculares: Existem diversos estudos demonstrando a existênciado aumento do tamanho da fibra muscular, porém pouco se sabe a respeito do aumento do número de fibras musculares (BADILLO e AYESTARÁN, 2001). Meloni (2005) diz haver hiperplasia em casos especiais de treinamento, como no dos fisiculturistas. 6.1.3 Volume do treinamento O volume de um treinamento de força, segundo Badillo e Ayesterán (2001), é quantificado pelo número de repetições realizadas que estabelece uma relação com o tempo que o músculo esta sob tensão. Os volumes e a quantidade de séries médias para o treinamento de força com objetivos variados, com duração de uma hora, são descritos na Tabela abaixo: 37 Tabela 9: Valores médios de volume para diferentes objetivos Objetivo do Treinamento Repetições Nº de séries Tempo sob tensão (s) Força relativa 60 20 240 Hipertrofia 192 24 1152 Força-resistência 450 30 1350 Retirado de Badillo e Ayesterán (2001). Para Fleck e Kraemer (1999) o volume de treinamento significa a quantidade de trabalho realizado em determinado período do treinamento, tendo a freqüência e a duração uma relação direta. Para o cálculo do volume de treinamento pode-se somar o número de repetições em determinado período de tempo ou então multiplicar o número de séries pela carga levantada. Outra forma mais específica para calcular o volume de treinamento seria pelo trabalho (em Joules) realizado, onde se multiplica o peso levantado em (Newton) pela distância (metros) que esse peso percorre em uma repetição, e em seguida, multiplica-se pelo total de repetições realizadas durante a série. 6.1.4 Intensidade do treinamento Para Badillo e Ayesterán (2001), a intensidade de um treinamento de força é representada pelo peso levantado tanto em valores absolutos quanto relativos. A intensidade apresenta uma relação inversamente proporcional com o volume. A avaliação da intensidade é feita através do percentual de 1-RM ou pelo número de repetições máximas com determinada carga, visando um determinado objetivo sendo, resistência de força, 70 a 90% da potência máxima do peso do treinamento; hipertrofia 80 a 85%; força máxima 90%; força rápida 90% (BADILLO E AYESTERÁN 2001). Fleck e Kraemer (1999) disseram que intensidade mínima para que ocorra aumento da força máxima é de 60 a 65% de 1 RM. A Tabela 10 mostra a qualidade física alvo de acordo com o número de repetições: 38 Tabela 10: capacidade física de acordo com número de repetições. RM 3 6 10 12 20 25 Força/Potência Força/Potência Força/Potência Força/Potência Endurance de alta intensidade Endurance de alta intensidade Endurance de alta intensidade Endurance de alta intensidade Endurance de baixa intensidade Endurance de baixa intensidade Endurance de baixa intensidade Endurance de baixa intensidade Produção máxima de potência � para � Produção baixa de potência Retirado de Fleck e Kraemer (1999) A freqüência cardíaca não é um bom parâmetro para determinação da intensidade do treinamento de força, pois a variação da pulsação não é diretamente proporcional à intensidade da carga aplicada (FLECK E KRAEMER 1999). Badillo e Ayesterán (2001), dizem que existem outras formas de intensidade que devem ser levadas em consideração, sendo elas: (a) Intensidade máxima absoluta e relativa: a intensidade máxima absoluta é quantificada pelo peso utilizado e a intensidade relativa é expressada pelo percentual da carga máxima para determinado exercício; (b) Repetições por série: carga máxima ou submáxima para determinado número de repetições sem considerar o percentual em relação à carga máxima; (c) Potência e/ou velocidade de execução: A potência e/ou velocidade execução deve ser mantida em níveis ideais para a qualidade física a ser trabalhada (d) Intensidade média: pode ser classificada como peso médio (a média das cargas absolutas empregadas por um período de tempo para determinado grupo muscular, ou exercício), ou intensidade média relativa (a média dos percentuais de cargas empregados por um período de tempo para determinado grupo muscular, ou exercício). O primeiro índice tem a função de acompanhar a 39 evolução da intensidade de cada sujeito individualmente, e o segundo permite tecer comparações entre sujeitos e entre grupos; (e) Densidade: está relacionada à freqüência de treinamento e ao tempo de recuperação. Quanto ao tempo de recuperação refere-se tanto às pausas entre séries, como às pausas entre sessões de treino e unidades maiores referentes ao treinamento; 6.1.5 Métodos para o treinamento de força Para Barbanti (1997) o treinamento de força é divido em treinamento para força máxima, força rápida (potência) e resistência de força. A força máxima é a maior força que o sistema neuromusculoesquelético pode desempenhar em uma contração (1RM); força rápida é a capacidade de movimentação do corpo ou parte dele na maior velocidade possível; e a resistência de força capacidade de resistir à determinada carga por maior tempo possível (WEINECK, 2003). Para o desenvolvimento de força máxima, Barbanti (1997) utiliza o treinamento do tipo pirâmide, onde são utilizadas cargas de 80 a 100% do máximo com repetições de 1-5 de longas pausas (3 a 4min.). No treinamento de potência, deve-se realizar exercícios com velocidade de movimento utilizando-se cargas com 40 a 70% do máximo, com 6 a 10 repetições e pausas de descanso de 2 a 3 min. Para desenvolver-se a resistência de força utilizam-se cargas com 20 a 40% do máximo com repetições de 20 a 50 e pausas de 1 a 1,30 min. O tipo de contração empregada na execução dos exercícios também se constitui em um procedimento de treinamento, uma vez que a força muscular e a velocidade do movimento variam para cada tipo de contração (ENOKA, 2002). Assim, espera-se que as respostas adaptativas também apresentam características diferentes (FLECK e KRAEMER, 1999). O treinamento com contrações isocinéticas parece ser o melhor para o treinamento anaeróbio e desenvolvimento da capacidade do músculo em gerar tensão (KRAEMER e KOZIRIS, 1992), mas o treinamento isotônico é o mais comum e mais difundido, pois possui maior especificidade com relação às ações do cotidiano (FLECK e KRAEMER, 1999). Com relação às respostas adaptativas, ele obtém melhores resultados do que os isométricos e piores 40 que os isocinéticos para o desenvolvimento da força e da massa muscular (FOSS e KETEYIAN, 1998). O período de intervalo é outro fator responsável pelo tipo de demanda metabólica e estímulo contrátil que se deseja submeter o músculo. Com relação ao tipo de intervalo que deve ser dado, o do tipo repouso-recuperação (pausa passiva), parece ser o mais indicado, pois com exercíciosde alta intensidade e curta duração o sistema energético ATP-PC é o mais solicitado, e este tipo de recuperação é o que permite seu restabelecimento, além de possibilitar rendimentos sucessivos semelhantes aquele apresentado na primeira série (FOSSe KETEYIAN 2000). Quanto à freqüência semanal, indica-se três a quatro vezes por semana conforme o volume e a intensidade do treino para cada grupo muscular (FOSS e KETEYIAN, 2000 ; POWERS e HOWLEY, 2000). De acordo com Foss e Keteyian (2000), o número adequado de séries é estimado em três para a melhora da aptidão muscular em qualquer condição de esforço que o músculo seja inserido, pois uma ou duas séries têm sido aplicadas apenas em condições inicias visando adaptações preliminares, como o aprendizado (KRAEMER et al., 1996). Com relação ao número de repetições, indica-se que seja algo em torno de oito a doze (KRAMER et al., 1996; KRAEMER e KOZIRIS, 1992; POWERS e HOWLEY, 2000).
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