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RESUMO_Conceitos_introdutorios_sobre_empreendedorismo_e_pequenos_negocios

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Conceitos introdutórios sobre 
empreendedorismo e pequenos 
negócios
Edelvino Razzolini Filho*
Neste capítulo serão apresentados os conceitos básicos sobre empre-
endedorismo e gestão de pequenos negócios, de forma que fique es-
tabelecido o marco inicial para quem desejar entender o fenômeno do 
empreendedorismo.
Introdução
Antes de qualquer outra coisa, vale a pena indagar sobre as razões que 
levam um indivíduo a abrir uma empresa.
Poderíamos nos perguntar se é pelo lucro. Com certeza, qualquer um 
que inicie um em preendimento vai desejar obter lucro com ele. Porém, essa 
não é a única, muito menos a princi pal motivação para um empreendedor. 
É sobre isso que vamos discorrer neste capítulo: quais as razões que levam 
alguém a empreender.
Para entendermos essas questões, apresentaremos os principais moti-
vos, identificados na literatura e em pesquisas sobre empreendedorismo, 
que levam alguém a empreender, posteriormente apresentaremos a forma 
como o empreendedorismo evoluiu historicamente e, por fim, comentare-
mos alguns aspectos do empreendedorismo no Brasil.
Motivos para abertura de uma empresa
Importante esclarecer que ninguém nasce empreendedor. É um proces-
so de aculturamento que ocorre ao longo da vida que vai amadurecendo a 
pessoa, possibilitando-lhe adquirir conhecimento e desenvolver competên-
cias para que, em determinado momento, resolva empreender e, preferen-
cialmente, obter sucesso.
* Doutor e Mestre em 
Engenharia de Produção 
pela Universidade Federal 
de Santa Catarina (UFSC). 
Especialista em Marke-
ting. Administrador de 
Empresas. Atualmente é 
professor e coordenador 
do curso de Gestão da In-
formação da Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). 
Foi supervisor de vendas 
e gerente de vendas de 
diversas empresas distri-
buidoras de materiais e 
equipamentos médico-
hospitalares na região 
Sul do Brasil. Gerente de 
produtos de indústria far-
macêutica com atuação 
em todo o território na-
cional. Foi sócio-diretor da 
empresa K. R. Consultoria 
e Assessoria Empresarial 
Ltda., atuando com treina-
mento e consultorias na 
área de logística. Também 
foi diretor-presidente da 
UNIEDUC Cooperativa dos 
Educadores e Consulto-
res de Curitiba. Autor de 
diversos livros e artigos 
publicados em revistas e 
eventos científicos nacio-
nais e internacionais.
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
As razões ou motivos que levam alguém a iniciar um empreendimento 
são sempre de foro íntimo, ou seja, dizem respeito exclusivamente a cada 
indivíduo em particular. Contudo, pesquisas revelam alguns traços comuns à 
maioria dos empreendedores. Assim, segundo Bernardi (2003, p. 66), é possí-
vel elencar algumas razões pelas quais as pessoas iniciam um negócio:
Necessidade de realização
Esse é um dos mais fortes motivos para que se inicie um empreendi-
mento. O indivíduo necessita realizar-se como pessoa e como profissional 
e não encontrando oportunidade no seu ambiente de trabalho, decide ini-
ciar um negócio próprio para garantir que poderá implementar suas ideias 
sem nenhum “freio” externo; o que, na prática, acaba se revelando uma meia 
verdade, porque fornecedores, clientes, parceiros, governos etc., são fatores 
limitantes de um empreendimento.
De qualquer forma, o indivíduo sente que “assume o controle” da situação 
e, com isso, sente-se realizado.
Implementação de ideias
Às vezes, a pessoa trabalha em uma organização que não lhe dá a opor-
tunidade para colocar em prática suas ideias visando melhorar processos ou 
produtos da empresa. Assim, ela resolve iniciar um negócio próprio para ter 
a liberdade de implementar suas ideias. Isso leva ao surgimento de muitos 
novos negócios.
Geralmente, quando as organizações compreendem a importância da-
quilo que se convencionou denominar intraempreendedorismo (quando a 
organização concede liberdade a seus empregados para agirem como se 
fossem “donos do negócio”), é mais difícil a saída de pessoas com essas ca-
racterísticas. Porém, quando ocorre o oposto, é comum ver indivíduos que 
deixaram seus empregos unicamente para implementar ideias próprias 
sobre produtos ou processos de negócios. E, na maioria dos casos, esses in-
divíduos obtêm sucesso.
Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
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Independência
Um dos motivos mais comuns para um negócio próprio é a conquista 
da independência, seja financeira ou de relações de trabalho. Porém, é im-
portante esclarecer que um empreendedor, sobretudo nos estágios iniciais 
do empreendimento, costuma trabalhar mais do que qualquer outra pessoa 
dentro do negócio. O empregado sempre tem um determinado horário para 
cumprir, enquanto que o dono não tem horário para encerrar o expediente.
Fuga da rotina profissional
Existem pessoas que não suportam a rotina quando têm de fazer sempre 
a mesma coisa, por mais importantes que possam ser para a organização. 
Essas pessoas, geralmente, acabam abrindo seu próprio negócio exclusiva-
mente para livrar-se da rotina organizacional.
Esse motivo tanto pode resultar em um empreendimento de sucesso, 
quanto em um de fracasso retumbante. Porém, geralmente, essas pessoas 
possuem características de insatisfação estabelecida que as levam a estar 
permanentemente inovando o negócio e, com isso, aumentando suas chan-
ces de sucesso.
Maiores responsabilidades e riscos
Semelhante à questão da independência, o desejo de assumir maiores 
responsabilidades, de correr riscos profissionais, é um dos motivos fortes 
para uma pessoa iniciar um negócio próprio. Quando desenvolve um negó-
cio próprio, o empreendedor assume todas as responsabilidades sobre este. 
Além disso, também assume a responsabilidade pelos riscos, sendo impor-
tante esclarecer que uma das características comum aos empreendedores é 
que (ao contrário do que muitos pensam) não correm riscos desnecessários. 
Os empreendedores normalmente calculam os riscos antes de iniciar qual-
quer atividade.
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
Prova de capacidade e autorrealização
Muitos indivíduos assumem os riscos de empreender apenas para prova-
rem, a si mesmos, que são capazes. Também existem aqueles que resolvem 
empreender para provar a outras pessoas a sua capacidade de vencer em 
um negócio próprio.
Importante destacar o fato de que aqueles que procuram provar sua ca-
pacidade apenas para si mesmos apresentam maior probabilidade de suces-
so, enquanto que aqueles que desejam provar aos outros que possuem ca-
pacidade apresentam maiores probabilidades de fracasso, pois nesses casos 
a automotivação é menor.
Diretamente relacionada com a prova de capacidade para si mesmo, en-
contramos a necessidade de autorrealização, que caracteriza os empreende-
dores. A autorrealização é uma das chamadas necessidades secundárias de 
Maslow1, inerente aos seres humanos, que se manifesta de maneira muito 
forte nos empreendedores.
Maiores ganhos
Logicamente, um dos motivos que leva as pessoas a empreenderem é a 
possibilidade de obterem ganhos maiores do que os obtidos como empre-
gados, embora essa não seja uma verdade absoluta, sobretudo nos estágios 
iniciais do negócio, e muito menos represente real possibilidade de maiores 
rendimentos por parte do empreendedor, uma vez que o mesmo necessitará 
reinvestir no próprio negócio uma parcela significativa dos ganhos obtidos.
Porém, uma dose de ambição é importante e necessária para quem pre-
tende iniciar um negócio próprio.
Status
Outra razão para iniciar um negócio é a obtenção de status junto aos 
grupos sociais dos quais a pessoa participa. Essa também é uma das necessi-
dades secundárias identificadas por Maslow (necessidade de estima), o que 
justifica plenamente sua busca pelo empreendedor. Porém, convém desta-
car que apenas esse motivo não garantirásucesso ao empreendimento.
1 Abraham Maslow foi um 
psicólogo comportamen-
tal criador da hierarquia 
das necessidades, sinteti-
zada numa pirâmide que 
representa uma divisão 
hierárquica a respeito das 
necessidades humanas 
em dois grandes grupos: 
necessidades primárias e 
necessidades secundárias.
Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
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Além dos motivos até aqui relacionados, existem outras razões que 
podem justificar a abertura de um negócio próprio, conforme segue.
Necessidade
A falta de uma oportunidade de emprego pode levar o indivíduo a abrir 
seu próprio negócio. Esse fenômeno é mais comum de ocorrer com pessoas 
com mais idade, que encontram dificuldades no mercado de trabalho.
Em momentos de crise econômica é comum percebermos aumento 
nos índices de abertura de novos negócios, indicando que as pessoas co-
meçam um novo negócio apenas para resolver um problema temporário, o 
que também justifica os elevados índices de mortalidade de empresas com 
pouco tempo de existência, que também crescem nesses períodos.
Vocação
Existem indivíduos que apresentam vocação para exercer um determina-
do tipo de trabalho e, como consequência, não se sentem muito à vontade 
recebendo ordens em uma organização que não lhes oportuniza a realização 
daquele trabalho. Por exemplo, uma pessoa que gosta muito de cozinhar e 
vai trabalhar em uma atividade administrativa, certamente não se sentirá re-
alizada em sua atividade profissional; surgindo a oportunidade de abrir um 
restaurante, por exemplo, essa pessoa partirá para essa iniciativa e, com isso, 
realizará sua vocação pessoal.
Empreendimentos iniciados sob essas circunstâncias são aqueles que 
apresentam enormes possibilidades de sucesso.
Pressões familiares
Às vezes o indivíduo passa por momentos em que seu rendimento não é 
compatível com o padrão de gastos familiares (ganha menos do que neces-
sita), e começa a ser pressionado pela família para buscar maiores ganhos. 
Esse comportamento pode atrapalhar o desenvolvimento pessoal e profis-
sional do indivíduo. Porém, também pode representar uma oportunidade 
de buscar novas fronteiras/limites para seu desempenho profissional com 
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
a abertura de um negócio próprio. Contudo, um negócio aberto sob essa 
perspectiva, se não for bem planejado e executado, com coerência às com-
petências do empreendedor, apresenta um elevado potencial de fracasso.
Visão de uma oportunidade
Essa é uma habilidade típica do empreendedor. Enxergar oportunidades 
onde os outros não conseguem perceber. Empreendedores com a capaci-
dade de perceber oportunidades, sobretudo antes que os demais, possuem 
grandes chances de sucesso.
Enfim, é oportuno destacar que independente do número de característi-
cas apresentadas e do grau em que cada uma se manifeste, sempre será ne-
cessário possuir (ou adquirir) conhecimentos técnicos suficientes para gerir 
o negócio.
A seguir, apresentaremos uma breve evolução histórica do empre- 
endedorismo.
Evolução histórica do empreendedorismo
Se pararmos para pensar nas origens do empreendedorismo, vamos per-
ceber que quando o homem começou a caçar para se alimentar e desen-
volveu armas para poder enfrentar animais maiores do que ele, certamente 
esse primeiro hominídeo já demonstrava características empreendedoras.
A descoberta do fogo (na verdade, como conservá-lo e, mais tarde, como 
produzi-lo) e a invenção da roda, por exemplo, provavelmente foram obras 
de indivíduos empreendedores. Porém, o empreendedorismo somente 
começa a ser analisado mais tarde. Por volta do século XII entendia-se como 
empreendedor aquele indivíduo que incentivava brigas de rua para lucrar 
com apostas.
Mais tarde, no século XVI entendia-se como empreendedor o indivíduo 
que comandava uma ação militar, uma vez que se vivia um período histó-
rico em que a conquista de terras era de fundamental importância. Somen-
te depois, no século XVII, é que os economistas começaram a estudar mais 
detalhadamente o fenômeno do empreendedorismo e passa-se a entender 
como empreendedor o indivíduo que criava e dirigia um empreendimen-
to; assim, o empreendedor passou a ser visto como um agente importante 
Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
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de mudança. Porém, nessa fase, os economistas diferenciavam a figura do 
empreendedor da figura do capitalista, entendendo o empreendedor como 
quem assumia os riscos, enquanto o capitalista era quem fornecia o capital.
No século XX, o empreendedorismo ganha uma nova dimensão, sendo 
entendido como um fenômeno abrangente responsável pela geração de 
emprego e renda em diferentes momentos históricos de dificuldades eco-
nômicas, como a crise da bolsa nos Estados Unidos em 1929, as duas grandes 
guerras mundiais, a guerra do Vietnã e a crise do petróleo em 1973. Nesses 
momentos, os empreendedores foram responsáveis pela criação de empre-
go e renda nas economias afetadas por dificuldades.
A partir dos anos 1980, o fenômeno do empreendedorismo ganhou força 
e passou a ser incluído nos currículos das escolas de administração, a ser 
estudado como uma prática importante para as economias e, ainda, a ser 
estimulado por governos e instituições de diversas origens.
Portanto, é importante compreender o que é o empreendedorismo e, 
para isso, vamos ver alguns conceitos sobre o tema.
Conceito de empreendedor 
e empreendedorismo
Joseph Schumpeter, economista do século XX, retoma os estudos de Jean 
Batiste Say e define o empreendedor como “aquele que destrói a ordem eco-
nômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação 
de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos mate-
riais” (SCHUMPETER apud DORNELAS, 2001, p. 37). O autor introduziu, assim, 
o conceito de “destruição criativa” para o empreendedorismo.
Para Kirzner (1973, apud DORNELAS, 2001, p. 37), o empreendedor “é 
aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em 
ambiente de caos e turbulência”
Jeffry Timmons (1990, apud DORNELAS, 2001, p. 19) define o empreende-
dorismo como “uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do 
que a Revolução Industrial foi para o século XX”.
Segundo Filion (1999, p. 19), “um empreendedor é uma pessoa que ima-
gina, desenvolve e realiza visões”.
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
Por sua vez, Shapero (apud URIARTE, 1999, p. 49) , conceitua o empreen-
dedor como “alguém que toma a iniciativa de reunir recursos de uma manei-
ra nova ou para reorganizar recursos de maneira a gerar uma organização, 
relativamente independente, cujo sucesso é incerto”.
Já para Dornelas (2001), o empreendedorismo não é um modismo, é uma 
consequência das mudanças tecnológicas e sua rapidez é aliada à competi-
ção na economia globalizada.
Dessa forma, podemos definir empreendedor como
[...] toda e qualquer pessoa que tem a coragem de ser a condutora de sua própria história, 
de criar fatos novos com base na realidade existente, por mais que essa realidade possa 
parecer nebulosa e difícil, sem perspectivas e insegura. São pessoas empreendedoras 
aquelas que acreditam ser possível mudar e fazem as mudanças, apesar de tudo e de 
todos. (RAZZOLINI FILHO, 2010)
Analisando-se todos os conceitos citados, podemos entender que o em-
preendedorismo é uma prática que pode ser aprendida e, por sua vez, ensi-
nada. Ou seja, claro que existem indivíduos com uma predisposição nata para 
o empreendedorismo. Porém, essa é uma prática passível de ser aprendida.
Uma vez que o empreendedorismo passou a ser ensinado nas escolas, 
ocorreu um crescimento dos empreendimentos em diferentes pontos do 
globo terrestre. Sobre o crescimento do empreendedorismo discorremos a 
seguir.
Crescimentodo empreendedorismo
Existem diversos estudos demonstrando que o empreendedorismo e o 
surgimento de pequenos negócios cresceram significativamente a partir dos 
anos 1980, mais do que em qualquer outro período do século XX (DRUCKER, 
1987; FILION, 1999; THORNTON, 1999). O Brasil, por exemplo, comparado 
com países no mesmo estágio de desenvolvimento, ocupa a sexta posição 
entre os países com maiores taxas de empreendedorismo apresentadas pela 
Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA), equivalendo a 18,8 mi-
lhões de pessoas, demonstrando um crescimento em relação às últimas pes-
quisas realizadas (GEM, 2009).
O que os estudos têm demonstrado é que essa evolução parece decorrer 
de mudanças estruturais no mundo do trabalho, principalmente nas últimas 
décadas do século XX, que elevaram as taxas de desemprego na imensa 
maioria dos países do mundo capitalista. A falta de emprego leva as pessoas 
a buscarem na abertura de um negócio próprio uma alternativa de trabalho 
Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
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para sua sobrevivência. Filion (1999) chama essa categoria de empreendedor 
de “involuntário”, normalmente, caracterizados como jovens recém-formados 
e aquelas pessoas demitidas em razão de processos de fusões, privatizações 
e reengenharia. Para ele, os “empreendedores involuntários tendem a optar 
pelo autoemprego, mas não são empreendedores no sentido geralmente 
aceito do termo. Criam uma atividade de negócio, mas não são movidos pelo 
aspecto da inovação” (FILION, 1999, p. 18).
Assim, surge importante preocupação com esse tipo de empreendedoris-
mo: as elevadas taxas de mortalidade desses negócios. Segundo o Sebrae- 
-SP (2010), 27% fecham ainda no seu primeiro ano de atividade. Além disso, 
o estudo relata que entre as principais causas para o fechamento de empre-
sas encontram-se:
comportamento empreendedor pouco desenvolvido; �
falta de planejamento prévio; �
gestão deficiente do negócio; �
insuficiência de políticas de apoio; �
flutuações na conjuntura econômica; �
problemas pessoais dos proprietários. �
Entretanto, o processo de modernização tecnológica e gerencial, além da 
modernização dos processos de trabalho vividos no Brasil a partir da segun-
da metade dos anos 1980, também foram motivadores para a abertura de 
novos negócios. O próprio fenômeno da terceirização, decorrente dessa mo-
dernização, também levou ao surgimento de muitos novos negócios.
Segundo a pesquisa GEM (2009), realizada em 59 países, no Brasil existe 
uma avaliação positiva em relação tanto à existência de oportunidades no 
ambiente quanto à existência de capacidade individual para a abertura de 
novos negócios. Isso permite depreender que a sociedade brasileira é bas-
tante receptiva aos empreendedores e aos novos empreendimentos, da 
mesma forma que tem se acostumado a ver cada vez mais histórias relacio-
nadas com a criação de novos negócios sendo apresentadas na mídia.
A pesquisa demonstra que 39% dos empreendimentos ainda surgem 
por necessidade (o empreendedorismo chamado de involuntário por 
Filion), enquanto que 61% dos novos negócios decorrem da análise de 
oportunidades.
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
Na pesquisa de 2008 o Brasil ocupava o 13.º lugar em empreendedo-
rismo, e em 2009 ocupou a 14.ª posição, mostrando uma estabilidade em 
termos das taxas de empreendedorismo no país. Assim, o empreendedoris-
mo cresce, não apenas no Brasil, mas em todas as economias em desenvolvi-
mento e mesmo naquelas já desenvolvidas.
Ampliando seus conhecimentos
Neste tópico, indicamos sites na internet ou livros, para que você possa 
avançar um pouco mais no assunto.
<www.rs4e.com/portal/caracteristicas_empreendedor>. Acesso em: 30 
abr. 2010.
É um site português, de um projeto que objetiva levar as noções de em-
preendedorismo a estudantes dos 6 aos 25 anos.
<www.sebraesp.com.br/faq/criacao_empresa/empreendedor/caracte-
risticas_empreendedor>. Acesso em: 1 maio 2010.
Nesse link o Sebrae-SP indica algumas das principais características que o 
empreendedor deve apresentar.
<http://sucesso.powerminas.com/10-caracteristicas-de-um-empreende-
dor-de-sucesso/>. Acesso em: 2 maio 2010.
Esse link contém um texto sobre 10 características de empreendedores 
de sucesso.
<www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-empreendedor-
no-brasil/29868/>. Acesso em: 28 abr. 2010.
Trata-se de um artigo sobre a figura do empreendedor no Brasil.
Referências
BERNARDI, Luiz Antonio. Manual de Empreendedorismo e Gestão: fundamen-
tos, estratégias e dinâmicas. São Paulo: Atlas, 2003.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio 
de Janeiro: Campus, 2001.
Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
11
DRUCKER, Peter F. Inovação e Espírito Empreendedor – Entrepreneurship. São 
Paulo: Thomson Pioneira, 2001.
FILION, L. J. Diferenças entre sistemas gerenciais de empreendedores e operado-
res de pequenos negócios. Revista de Administração de Empresas, São Paulo: 
RAE, v. 39, n. 4, out./dez. 1999, p. 6-20.
FILION, L. J. O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial: identi-
fique uma visão e avalie o seu sistema de relações. Revista de Administração de 
Empresas (RAE), São Paulo, jul./set., p. 63-71, 1991.
______. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pe-
quenos negócios. Revista de Administração da Universidade de São Paulo (Rausp), 
São Paulo, abr./jun,1999.
GLOBAL Entrepreneurship Monitor (GEM). Disponível em: <http://200.249.132. 
92:8080/notitia/dowload/Pesquisa-GEM-2009.pdf>. Acesso em: 2 maio 2010.
KIRZNER, Israel. Competition and Entrepreneurship. Chicago: University of Chi-
cago Press, 1973.
RAZZOLINI FILHO, Edelvino. Empreendedorismo: dicas e planos de negócios 
para o século XXI. Curitiba: Ibpex, 2010.
SCHUMPETER, Joseph Alois. Change and the Entrepreneur: postulates and pat-
terns of entrepreneurial history. Cambridge: Harvard U.P., 1949.
SEBRAE-SP. 10 Anos de Monitoramento da Sobrevivência e Mortalidade de 
Empresas. Disponível em: <www.sebraesp.com.br/sites/default/files/livro_10_
anos_mortalidade.pdf>. Acesso em: 4 maio 2010.
THORNTON, Patricia H. The sociology of entrepreneurship. Annual Review So-
ciology, 103 Palo Alto, v. 25, p. 19-46, 1999.
TIMMONS, Jeffry A. New Venture Creation: Entrepreneurship for the 21st Cen-
tury, 4. ed., Boston: Irwin, 1990.
URIARTE, L. R. Tendências empreendedoras das profissões. In: ENCONTRO NA-
CIONAL DE EMPREENDEDORISMO, 1., 1999. Florianópolis. Anais... Florianópolis: 
UFSC.
12
Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
Riscos para as MPEs
Edelvino Razzolini Filho*
Este capítulo tem como objetivos demonstrar que empreender não é 
apenas um bom negócio, que é necessário ter os “pés no chão” porque os 
riscos existem; relacionar os principais motivos de fechamento de empresas; 
apresentar algumas fontes de ideias para os empreendimentos.
Introdução
Quando se estuda a questão do empreendedorismo e do gerenciamento 
dos pequenos negócios, é possível perceber que existem alguns aspectos 
desconsiderados pelos empreendedores no momento de iniciar o negócio. 
Esses aspectos desconsiderados são chaves para o sucesso, ou o fracasso, do 
novo negócio, uma vez que podem esconder algumas surpresas desagradá-
veis ao empreendedor.
Todo negócio apresenta um determinado ciclo de vida e, como conse-
quência, exige cuidados específicos em cada uma das etapas desse ciclo. 
Apenas para que se tenha uma ideia da importância dos pequenos negó-
cios, é interessante entender que até os anos 1980, as empresas que tinham 
menos de 100 funcionários eram irrelevantes para a economia nacional, não 
sendo consideradas no planejamento público. Atualmente, de cada 100 
empresas no Brasil,98 são micro ou pequenas empresas. Além disso, quase 
metade da mão de obra do país, algo em torno de quarenta milhões de tra-
balhadores, está empregada nessas empresas.
Os riscos apresentados à sobrevivência das empresas são consideráveis e, 
por isso, não devem ser desconsiderados pelos empreendedores. Em média, 
40% das empresas citadas na lista Fortune 500 (da Revista Fortune), há uma 
década já não existem mais. Outro dado interessante de ser considerado é que 
das 12 empresas que formaram o índice Dow Jones em 1990, apenas a General 
Electric (GE) sobreviveu com o mesmo tamanho que possuía na época.
Ou seja, é preciso compreender que existem riscos à sobrevivência das 
pequenas e médias empresas (PMEs). Sobre isso é que se discorre neste 
capítulo.
* Doutor e Mestre em 
Engenharia de Produção 
pela Universidade Federal 
de Santa Catarina (UFSC). 
Especialista em Marke-
ting. Administrador de 
Empresas. Atualmente é 
professor e coordenador 
do curso de Gestão da In-
formação da Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). 
Foi supervisor de vendas 
e gerente de vendas de 
diversas empresas distri-
buidoras de materiais e 
equipamentos médico-
hospitalares na região 
Sul do Brasil. Gerente de 
produtos de indústria far-
macêutica com atuação 
em todo o território na-
cional. Foi sócio-diretor da 
empresa K. R. Consultoria 
e Assessoria Empresarial 
Ltda., atuando com treina-
mento e consultorias na 
área de logística. Também 
foi diretor-presidente da 
UNIEDUC Cooperativa dos 
Educadores e Consulto-
res de Curitiba. Autor de 
diversos livros e artigos 
publicados em revistas e 
eventos científicos nacio-
nais e internacionais.
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Riscos para as MPEs
Motivos de fechamento 
de pequenos e médios negócios
São muitos os motivos que podem provocar o encerramento de um ne-
gócio. Desde a falta de visão de negócios por parte do empreendedor até 
uma forte crise econômica para o seu setor de atividade, passando por pro-
blemas de gestão, planejamento e, até mesmo, problemas de saúde do dono 
do negócio. Assim, é necessário compreender os motivos que levam a uma 
“taxa de mortalidade” de 27% das empresas apenas no primeiro ano de vida 
e de 70% nos três primeiros anos de existência do negócio (SEBRAE-SP, 2010). 
No estudo do Sebrae-SP de 2010 podemos identificar os principais motivos 
para o fechamento de um negócio, que nos permitem sua classificação em 
grupos distintos, conforme se relaciona a seguir.
Importante esclarecer que um motivo poderia enquadrar-se em mais 
de uma das categorias apresentadas. Apenas se adotou uma classificação 
para servir como forma de representar didaticamente o tema, sem qualquer 
preocupação mais rigorosa (metodológica) quanto à categorização dos 
mesmos.
É muito difícil classificar um motivo em uma ou outra categoria, uma vez 
que mesmo para profissionais com muita experiência, identificar correta-
mente a fonte de um problema organizacional é sempre difícil, pois é mais 
comum identificar-se os efeitos de um problema do que suas causas reais.
Motivos econômico-financeiros
Os motivos econômico-financeiros podem ser descritos como aqueles 
que afetam o ativo das empresas, ocasionando problemas de difícil solução, 
entre esses, podemos relacionar:
Alterações na conjuntura econômica � – claro que quando a econo-
mia, seja nacional ou internacional, sofre alterações, qualquer negócio 
sofre consequências, sobretudo os pequenos negócios que estão em 
seus estágios iniciais. Isso ocorre porque as pessoas (clientes) são afe-
tadas e, como resultado, alteram seus padrões de compra.
Falta de capital de giro � – o capital de giro é essencial para financiar o 
dia a dia dos negócios e, quando ocorre falta, o negócio fica compro-
metido porque não consegue sustentar o mesmo nível de operações.
Riscos para as MPEs
15
Excesso de imobilizações financeiras � – quando o empreendedor, 
por qualquer motivo, realiza aplicações de recursos de forma inade-
quada, investindo em imóveis ou equipamentos, por exemplo, pode 
comprometer os recursos do empreendimento pelo fato que imobili-
zações são mais difíceis de serem transformadas rapidamente em di-
nheiro, se necessário.
Falta de política de crédito aos clientes � – não ter clareza suficiente 
na hora de conceder créditos pode comprometer o fluxo de caixa do 
empreendimento, ocasionando falta de recursos para financiar o fun-
cionamento operacional.
Falta de controle de custos � – os custos devem ser motivo de preocu-
pação permanente dos empreendedores, devendo ser cortados per-
manentemente. Quando não se controla adequadamente os custos, as 
margens podem ser comprimidas a tal ponto que não gerem o neces-
sário retorno para financiar o desenvolvimento do negócio.
Gestão financeira deficiente � – de certa forma, isso está contempla-
do em outros tópicos anteriores. A gestão financeira é fundamental 
para que exista um equilíbrio no fluxo de caixa da organização, por-
que sem dinheiro para financiar as operações diárias, o negócio tende 
a naufragar.
Motivos comportamentais
Por motivos comportamentais, entendemos aqueles relacionados com 
decisões pessoais do empreendedor, resultado do seu comportamento 
característico.
Um comportamento empreendedor pouco desenvolvido � – às ve-
zes, as pessoas resolvem empreender pelos motivos errados, não apre-
sentando as características comportamentais necessárias ao sucesso 
de um empreendimento. Assim, é necessário que o empreendedor de-
senvolva melhor as características empreendedoras antes de se aven-
turar em um negócio próprio.
Dificuldades pessoais dos proprietários � – às vezes, os indivíduos 
apresentam dificuldades, por exemplo, na questão do gerenciamento 
financeiro. Isso é natural e deve ser compreendido a partir de uma sin-
cera autoanálise por parte do empreendedor, visando suprir eventuais 
deficiências.
16
Riscos para as MPEs
Pouca informação � – vivemos numa época em que informação é fun-
damental para se conseguir resultados. Assim, o empreendedor deve 
identificar fontes de informações e buscar as informações necessárias 
para tomar as melhores decisões possíveis.
Falta de experiência e preparo empresarial � – essa é uma situação 
muito comum de ser encontrada, principalmente nos pequenos negó-
cios. Aqui também é necessário uma autoanálise para verificar quais 
as deficiências a serem supridas com treinamentos, cursos de capaci-
tação etc.
Motivos ambientais
Relacionamos, neste tópico, algumas questões relacionadas com o am-
biente em que os negócios se inserem.
Insuficiência de políticas públicas de apoio � : embora exista um pro-
fundo interesse governamental pelas questões do empreendedoris-
mo, pode ser que na área específica de atuação do negócio não exis-
tam políticas públicas que apoiem investimentos.
Localização inadequada � : o espaço geográfico de atuação é de fun-
damental importância para muitos negócios. Assim, é recomendável 
consultar especialistas em estudos de localização para assegurar-se 
que o negócio estará bem localizado.
Dificuldades de suprimentos de matéria-prima � : também por ques-
tões ambientais, pode acontecer de o empreendedor instalar-se em 
determinado local e, em determinado momento, encontrar dificulda-
de de suprimentos de matéria-prima, ou porque se exauriu o recurso 
no local, ou porque o fornecedor que existia não existe mais, ou por 
qualquer outro motivo. Isso pode ser um problema gravíssimo se hou-
ver dependência excessiva de determinada fonte de suprimentos.
Tecnologia ultrapassada � : em determinados ramos de negócios as 
evoluções tecnológicas são frequentes e muito rápidas, fazendo com 
que o negócio possa ficar defasado tecnologicamente, comprometen-
do sua sobrevivência.
Riscos para as MPEs
17
Motivos administrativos
Falta de planejamento prévio � : é senso comum, entre todos os estu-diosos do tema empreendedorismo, que o planejamento é requisito 
fundamental.
Administração deficiente do negócio � : sem competência de geren-
ciamento é quase impossível que um negócio se desenvolva. É neces-
sário que o empreendedor domine conceitos básicos de gestão para 
ter chances de sobrevivência.
Desconhecimento do negócio � : existem muitos empreendedores que 
resolvem iniciar um negócio apenas porque viram que aquele ramo 
está “dando dinheiro”. Assim, aventuram-se em um ramo de negócio 
sobre o qual não conhecem nada.
Falta de qualidade dos produtos e/ou serviços � : esse é um requisito 
básico nos dias atuais. Se o negócio não apresentar um padrão de qua-
lidade mínimo satisfatório para competir, certamente estará fadado ao 
fracasso.
Falta de qualificação do pessoal � : o principal recurso para o sucesso 
de qualquer empreendimento são as pessoas que o compõem. Se as 
pessoas não tiverem a qualificação mínima desejável (e necessária), 
certamente o negócio ficará comprometido.
Outros motivos
Entre os motivos que levam um negócio a fechar as portas, certamente 
dois são bastante frequentes, os problemas societários e os problemas de 
sucessão.
Problemas societários � : problemas societários acontecem quando o 
empreendedor busca um sócio (ou mais de um) para financiar uma 
ideia de negócio. Isso é bastante comum, uma vez que às vezes o em-
preendedor tem a ideia, mas não tem os recursos financeiros suficien-
tes. Porém, é preciso escolher muito bem quem será sócio no negócio, 
como serão as regras de mando, divisão de resultados etc., para evitar 
conflitos que acontecem com mais frequência que o desejável.
18
Riscos para as MPEs
Problemas de sucessão familiar � : esse problema é muito comum em 
estágios mais adiantados da existência do empreendimento, quando 
o empreendedor precisa ser substituído no comando do negócio (por 
motivos de saúde, falecimento ou qualquer outro), e não tem um her-
deiro preparado para sucedê-lo. Os problemas sucessórios são comuns 
e devem ser planejados com antecedência para evitar comprometer a 
continuidade do negócio.
Claro que existem muitos outros motivos que levam ao fechamento de 
uma empresa, como a carga tributária, a falta de acesso a crédito barato, 
entre tantos outros. Porém, o objetivo foi relacionar alguns aspectos signifi-
cativos que afetam diretamente o empreendedor e o empreendimento.
Além das causas para o fechamento dos pequenos e médios negócios, 
existem outros motivos de fracasso dos empreendedores, conforme apre-
sentamos na sequência.
Motivos de fracasso dos empreendedores
Neste tópico, relacionamos alguns motivos de fracasso dos empreende-
dores, não dos empreendimentos. Ou seja, no tópico anterior, destacamos 
motivos que levam ao fechamento dos negócios, mesmo que relacionados 
aos indivíduos. Aqui, pretendemos apresentar alguns motivos do fracasso 
pessoal, uma vez que quando o indivíduo fracassa, porque o negócio “foi 
mal”, o seu estado psicológico será diferente daquele quando o fracasso é 
decorrência de atitudes ou comportamentos pessoais.
Lealdade em relação a colegas � : muitas pessoas iniciam um negócio 
e não sabem separar a amizade do negócio; assim, ouvem conselhos 
de amigos e, para não desagradá-los, acabam colocando em prática 
algumas coisas. Concedem crédito a amigos, trazem amigos para tra-
balhar no negócio, simplesmente porque são amigos, não consideran-
do a competência destes, entre outros erros comuns. Convém, aqui, 
lembrar o ditado popular: amigos, amigos; negócios à parte. Caso o 
empreendedor saiba separar a amizade dos negócios, certamente es-
tará em melhores condições para o sucesso.
Visão estreita � : muitas vezes, o indivíduo inicia um novo negócio com 
uma visão limitada, vislumbrando apenas uma ou poucas possibilida-
Riscos para as MPEs
19
des para o negócio. A visão estreita é exatamente isso, não enxergar no-
vas ideias, novas possibilidades para um mesmo produto ou processo.
Trabalho isolado � : outro motivo comum de fracasso do empreende-
dor é a falta de contato com clientes, fornecedores, prestadores de 
serviços etc., o que pode comprometer os resultados do negócio pelo 
simples fato de que o empreendedor não é conhecido e, por isso, não 
compreendido por seus parceiros de negócio.
Orientação para a tarefa � : quando o indivíduo é orientado para tare-
fas, tende a se perder com o excesso de detalhes, sem preocupar-se 
com o que realmente importa: o todo do negócio. Assim, é preciso que 
o empreendedor ocupe-se em “gerenciar a floresta, e não cada árvore 
em detalhes”. Não deve haver uma excessiva preocupação com o de-
talhamento de cada tarefa. O importante é a execução do processo 
como um todo.
Falta de formação especializada � : é preciso compreender a necessi-
dade do negócio em termos específicos para a execução de processos. 
Assim, quando o empreendedor não tiver a formação específica para 
aquele negócio, deve buscar o conhecimento que lhe faltar, uma vez 
que muitos empreendedores fracassam justamente por não possuí-
rem a formação técnica naquele negócio.
Diferenciando ideias de oportunidades
Às vezes, as pessoas confundem ideias e oportunidades, não compreen-
dendo que uma ideia é um projeto ou um plano que o indivíduo concebe 
e pode ou não implementar, enquanto que uma oportunidade é algo que 
surge no ambiente e apresenta uma determinada característica temporal, 
devendo ser aproveitada (ou não) num determinado lapso de tempo, sob 
pena de não poder ser mais aproveitada caso se deixe passar esse tempo 
adequado (daí a expressão “janela de oportunidade”).
Assim, as ideias são sempre oriundas do indivíduo (internas), a partir de 
sua experiência de vida, sua história, cultura, conhecimentos etc. Por outro 
lado, as oportunidades são decorrência de fenômenos externos, ambientais, 
e podem (ou não) ser transformadas em ideias para os negócios.
20
Riscos para as MPEs
Segundo Dolabela (1999), uma das causas de fracasso para os negócios 
é exatamente o fato de não se saber distinguir entre ideias e oportunidades, 
uma vez que identificar e agarrar uma oportunidade é uma das grandes vir-
tudes dos empreendedores de sucesso.
Exatamente em função da existência de oportunidades é que se reco-
menda ao empreendedor uma constante análise do ambiente onde está in-
serido; e essa é uma competência que se desenvolve pela prática constante.
Além disso, não se deve esquecer que a partir de uma oportunidade é 
que existe uma ideia, mas apenas com estudo de viabilidade (por meio do 
plano de negócio) é que se verifica o potencial para um negócio, ou não.
Alguns aspectos sobre as oportunidades
Como comentado anteriormente, as oportunidades estão no ambiente e 
apresentam algumas características relevantes, entre as quais se destacam:
Caráter de temporalidade � – não são permanentes, uma vez que a 
partir do momento que alguém a identifica e aproveita, deixa de ser 
oportunidade para outros.
Ajuste ao indivíduo � – uma oportunidade não é aproveitável por to-
das as pessoas, uma vez que as características individuais determinam 
o ajuste ao indivíduo à oportunidade (história de vida, conhecimentos, 
motivação etc.).
Reconhecimento � – embora a literatura disponível apresente diversos 
métodos, reconhecer e aproveitar uma oportunidade depende mais 
da capacidade individual do que de técnicas ou métodos.
Desafio � – uma oportunidade geralmente se encontra onde existem in-
consistências, lacunas de informações e outros aspectos que dificultam 
sua percepção, embora quanto mais imperfeito seja o mercado, mais 
chances de localizar oportunidades existem. Assim, o empreendedor 
tem o enorme desafio de identificar oportunidades entre o caos.
Em síntese, uma oportunidade é sempre um alvo em movimento, exigin-
do atenção constante às mudanças ambientais, representando sempre enor-
mespossibilidades para o empreendedorismo.
Riscos para as MPEs
21
Uma oportunidade vai ser suportada por uma ideia de um produto ou 
serviço que vai criar, ou agregar, valor para um cliente. Um empreendedor 
competente vai dar forma às oportunidades, por meio de ideias para seu 
aproveitamento.
Convém lembrar que existem mais ideias do que boas oportunidades 
para negócios. Assim, vamos apresentar a seguir algumas possíveis fontes 
de ideias para a geração de novos negócios.
Fontes de ideias para novos negócios
Algumas fontes de ideias para a criação de novos negócios são óbvias 
e estão facilmente disponíveis, outras não estão tão facilmente disponíveis. 
Assim, vamos apresentar algumas fontes que podem ser utilizadas pelo em-
preendedor para iniciar um novo empreendimento.
Revistas especializadas � : atualmente, existem no mercado editorial 
vários títulos específicos voltados aos negócios. Assim, a leitura de re-
vistas de negócios pode ser uma excelente fonte de ideias.
Empregos anteriores � : o empreendedor pode extrair ideias para no-
vos negócios a partir de sua experiência acumulada em empregos an-
teriores. Um exemplo é o ressurgimento da máquina fotográfica Pola-
roid, que um grupo de ex-funcionários relançou a partir da ideia de um 
novo tipo de filme.
Franquias � : as franquias representam uma boa opção, sobretudo para 
quem não tem conhecimento profundo em determinado setor de 
negócios, uma vez que os procedimentos para sua operação são pré- 
-formatados e, com isso, o empreendedor já sabe de antemão os prin-
cipais recursos de que necessitará.
Patentes � : uma pesquisa junto aos órgãos competentes pode revelar 
oportunidades para que o empreendedor compre os direitos sobre 
uma determinada patente, o que lhe assegurará atuar no mercado por 
um determinado tempo sem concorrência para o produto patenteado.
Licença de produtos � : existem muitas empresas que licenciam pro-
dutos para produção por terceiros. Assim, uma fonte de ideias para o 
empreendedor é buscar empresas desse tipo.
22
Riscos para as MPEs
Feiras e exposições � : as feiras e as exposições de determinados seg-
mentos de negócios podem ser uma excelente fonte de ideias para 
novos negócios. Assim, é recomendável a visita a esses eventos, para 
estabelecer contatos produtivos.
Instituições de ensino e institutos de pesquisa � : as universidades e 
outras instituições de ensino, bem como institutos de pesquisa sem 
fins lucrativos, podem ser excelentes fontes de ideias. Os estudantes 
e os pesquisadores dessas instituições estão sempre propondo novas 
ideias de negócios e/ou produtos e serviços que acabam ficando dis-
poníveis nas bibliotecas.
Contatos profissionais � : estabelecer contatos periódicos com conta-
dores, gerentes de bancos, associações de empreendedores, associa-
ções comerciais, advogados de patentes e outros profissionais liberais, 
pode ser uma excelente fonte de ideias.
Serviços de consultoria � : prestar serviços de consultoria pode ser uma 
excelente oportunidade de aprendizagem e conhecimento. Também 
pode ser uma boa ideia contratar os serviços de uma consultoria.
Aquisições � : adquirir um negócio existente, que esteja atravessando 
um período de dificuldades, pode ser uma excelente oportunidade.
Claro que essa lista não esgota todas as possibilidades, uma vez que o em-
preendedor pode ter ideias a partir da observação do que se passa à sua volta, 
enquanto caminha pela rua pode estudar ideias que deram certo em outros 
lugares (até mesmo em outros países), pode utilizar sua experiência enquan-
to consumidor, analisar modificações na demografia ou mudanças socioeco-
nômicas, copiar ideias já existentes, entre tantas outras possibilidades.
O importante é que o empreendedor faça uso de suas habilidades pes-
soais para transformar ideias em oportunidades, fazer com que sua visão de 
negócio ganhe vida, transformando coisas que podem ser melhoradas, am-
pliando ideias já existentes a partir de sua capacidade criativa, combinando 
recursos de novas formas.
Riscos para as MPEs
23
Ampliando seus conhecimentos
Neste tópico, indicamos sites na internet ou livros, para que você possa 
avançar um pouco mais no assunto.
<www.planodenegocios.com.br/dinamica_novanoticia.asp?tipo_
tabela=novanoticia&id=181>. Acesso em: 30 abr. 2010. Artigo sobre o im-
pacto da carga tributária sobre os negócios.
<www.igf.com.br/aprende/dicas/dicasResp.aspx?dica_Id=571>. Acesso 
em: 2 maio 2010. Trata-se de um texto do professor Dornelas sobre os moti-
vos de fechamento de empresas.
Referências
DOLABELA, Fernando Celso. O Segredo de Luiza. São Paulo: Cultura, 1999.
SEBRAE-SP. 10 Anos de Monitoramento da Sobrevivência e Mortalidade de 
Empresas. Disponível em: <www.sebraesp.com.br/sites/default/files/livro_10_
anos_mortalidade.pdf>. Acesso em: 4 maio 2010.
24
Riscos para as MPEs
Características dos empreendedores
Edelvino Razzolini Filho*
Neste capítulo apresentaremos as características mais comuns aos em-
preendedores e como identificá-las e introduzir a questão do plano de negó-
cios como um qualificador ao empreendedor.
Introdução
Uma característica pode ser entendida como algo que descreve, identifi-
ca um indivíduo, um grupo ou um objeto qualquer. Porém, assim como cada 
indivíduo apresenta características próprias, que compõem sua personali-
dade, também os empreendedores apresentam características individuais 
únicas. Portanto, assim como é possível agrupar os indivíduos em grupos 
com características comuns, também os empreendedores apresentam ca-
racterísticas que podem reuni-los em grupos distintos.
Ocorre que existem várias semelhanças entre os empreendedores bem- 
-sucedidos, o que significa que se forem adotados os mesmos comporta-
mentos ou desenvolvidas as mesmas características, aumentam as probabi-
lidades de se alcançar sucesso no empreendimento.
Existem na literatura diversos estudos que buscam apresentar as carac-
terísticas dos empreendedores e, neste capítulo, buscamos apresentar algu-
mas que são comuns à maioria dos empreendedores.
O fato de o indivíduo não apresentar uma ou outra das características 
não significa que possuiu menor potencial empreendedor. Significa simples-
mente que se trata de um indivíduo com características diferentes de outro 
indivíduo.
Características dos empreendedores
Algumas das características comuns à maioria dos empreendedores são 
relacionadas a aspectos comportamentais, entre as quais se relacionam:
* Doutor e Mestre em 
Engenharia de Produção 
pela Universidade Federal 
de Santa Catarina (UFSC). 
Especialista em Marke-
ting. Administrador de 
Empresas. Atualmente é 
professor e coordenador 
do curso de Gestão da In-
formação da Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). 
Foi supervisor de vendas 
e gerente de vendas de 
diversas empresas distri-
buidoras de materiais e 
equipamentos médico-
hospitalares na região 
Sul do Brasil. Gerente de 
produtos de indústria far-
macêutica com atuação 
em todo o território na-
cional. Foi sócio-diretor da 
empresa K. R. Consultoria 
e Assessoria Empresarial 
Ltda., atuando com treina-
mento e consultorias na 
área de logística. Também 
foi diretor-presidente da 
UNIEDUC Cooperativa dos 
Educadores e Consulto-
res de Curitiba. Autor de 
diversos livros e artigos 
publicados em revistas e 
eventos científicos nacio-
nais e internacionais.
26
Características dos empreendedores
Ter uma pessoa como referência � – o empreendedor sempre apre-
senta uma pessoa que lhe serve como modelo, como fonte de inspira-
ção. Pode ser um familiar, um amigo, um empresário de sucesso ou um 
personagem histórico. O importante é que o empreendedor use essa 
referência como um padrão de comportamento a ser seguido.
Ter iniciativa, autoconfiança e determinação � – o empreendedor é 
um indivíduo que sempretoma a iniciativa, não fica à espera de que as 
coisas aconteçam. Além disso, é autoconfiante e determinado.
Capacidade de dedicação ao trabalho � – uma característica interes-
sante, porque muitos pretensos empreendedores iniciam um empre-
endimento pensando que vão trabalhar menos. Na verdade, o empre-
endedor é sempre o primeiro a chegar e o último a sair, uma vez que 
está sempre comprometido com o negócio.
Perseverança � – perseverar é uma virtude fundamental, porque conti-
nuar no seu intento quando outros já desistiram, ou quando as pesso-
as à sua volta lhe recomendam desistir, é um desafio enorme, difícil de 
ser suportado.
Saber fixar metas e atingi-las � – é importante que os objetivos sejam 
fixados corretamente para que possam ser factíveis. Um objetivo ina-
tingível acaba sendo altamente desmotivador.
Ter intuição � – é necessário conseguir ver o que os outros não veem e 
confiar nos seus instintos quando os outros não acreditam.
Ser um “sonhador-realista” � – o empreendedor ajusta seus sonhos à 
realidade que sabe poder controlar ou modificar.
Assumir riscos calculados � – é importante desmistificar a ideia de que 
o empreendedor é alguém que arrisca sempre. É verdade que o em-
preendedor arrisca. Porém, somente corre riscos calculados, porque é 
realista em relação aos seus sonhos.
Ser líder � – precisa ser alguém capaz de motivar outras pessoas a se-
guir suas ideias e a acreditar nos seus ideais. Portanto, o empreende-
dor normalmente apresenta fortes traços de liderança.
Tolerância com incertezas � – não é fácil ser tolerante em ambientes 
incertos, que geram mais dúvidas que respostas. Porém, o empreen-
dedor deve conseguir reagir bem às incertezas, adaptando-se às dife-
rentes situações.
Características dos empreendedores
27
Perceber o ambiente e buscar oportunidades � – a análise ambiental 
é fundamental para identificar oportunidades. O empreendedor apre-
senta a característica de perceber fácil e claramente o ambiente onde 
se insere e, a partir daí, identificar oportunidades.
Foco em resultados � – aproveitar as oportunidades para atingir os 
objetivos. Gerar os resultados desejados é uma das mais interessantes 
características do empreendedor, que sabe sempre manter o foco no 
que realmente interessa: os resultados desejados.
Acreditar no que faz � – quando todos duvidam o empreendedor acre-
dita. Apresenta uma profunda crença naquilo que realiza e sua convic-
ção o faz ir em frente sempre.
A lista de características dos empreendedores não se esgota aqui, porém, 
as que relacionamos são comuns à maioria deles e podem ser estudadas e 
copiadas por quem desejar ser um empreendedor. Por essas características 
poderem ser aprendidas é que as instituições de ensino estão incluindo o 
empreendedorismo em seus currículos.
Respostas necessárias 
para ser um empreendedor
Muitas vezes, as pessoas indagam sobre o que devem fazer para serem 
empreendedoras. O que se recomenda, nesses casos, é uma profunda re-
flexão sobre suas motivações pessoais, sua competência e outros aspectos 
relevantes que merecem consideração. Apresentamos, a seguir, alguns ques-
tionamentos a serem feitos pelos empreendedores para assegurar que esta-
rão tomando a melhor decisão.
Refletir antes de agir é sempre uma necessidade na vida de qualquer 
pessoa. Para o empreendedor isso é sempre mais importante e necessário, 
porque vai envolver a aplicação de recursos que, muitas vezes, representam 
a economia de anos. Assim, pensar antes de agir é sempre importante, e as 
questões propostas são fundamentais porque impactam sobre a qualidade 
de vida do empreendedor.
Estou ciente dos riscos que terei que assumir? � – muitas vezes o 
empreendedor não tem plena consciência dos riscos inerentes ao ne-
gócio. É importante lembrar que o empreendedor assume riscos de 
28
Características dos empreendedores
forma consciente e calculada. Assim, é preciso estar claro que sempre 
existem riscos no gerenciamento de um negócio, independente do seu 
porte, e esses riscos precisam ser ponderados pelo empreendedor.
Qual o meu grau de informação sobre o ramo que pretendo atuar? � 
– conhecer o ramo em que se pretende atuar é o mínimo que se espera 
de alguém que vai abrir seu próprio negócio. Contudo, na prática, não 
é o que se percebe. Muitos candidatos a empreendedor iniciam um 
negócio sem um grau de informação sobre o ramo de negócios que 
lhes permita chances mínimas de sucesso, engrossando a lista dos ne-
gócios que fecham as portas ainda no primeiro ano de existência.
Estou preparado para liderar uma equipe de trabalho? � – liderar 
pessoas é um desafio enorme, exigindo do empreendedor uma gran-
de capacidade para motivar as pessoas a enfrentarem junto com ele as 
adversidades iniciais inerentes a qualquer novo negócio.
Tenho paixão pelo ramo de atividade em que pretendo atuar? � – 
nem sempre as pessoas consideram o tempo que passam no trabalho 
e, com isso, se não gostarem do que fazem, podem ser infelizes. Um 
dos requisitos para o sucesso naquilo que se empreende é gostar do 
que se faz. Mas, mais que simplesmente gostar é preciso se apaixonar 
pela atividade que se desenvolve.
Quanto tempo terei para me dedicar ao meu negócio? � – existem in-
divíduos que acreditam ser possível iniciar um novo negócio enquanto 
permanecem em seu emprego. Dedicando-se parcialmente ao novo 
negócio. Não que isso seja impossível de ser realizado. Porém, é mais 
difícil conseguir fazer o negócio decolar sem uma presença constante.
Na verdade, ocorre que empreender deve ser mais do que simplesmente 
ter uma atividade ou uma empresa. Deve ser encarado como um projeto de 
vida. Assim, o empreendedor está monitorando e gerenciando permanente-
mente seu empreendimento ou, ainda, pensando em novas possibilidades.
Outras qualificações 
desejáveis ao empreendedor
Além de apresentar as características comuns à maioria dos empreende-
dores e realizar um exame de suas pretensões, respondendo às questões-
Características dos empreendedores
29
-chave para o sucesso do empreendedor, é preciso possuir a aptidão para 
gerir um negócio novo, ter habilidade para aprender constantemente e acre-
ditar no que faz e fazer com paixão. Assim, podemos relacionar mais algumas 
qualidades desejáveis a quem se propõe a dirigir um novo negócio, qualquer 
que seja o seu porte.
Domínio de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) � 
– as TICs, em um sentido amplo, compõem o conjunto de hardware, 
software, redes, design e todas as demais facilidades necessárias para 
seu funcionamento. O empreendedor deve ser capaz de dominar es-
sas tecnologias, uma vez que são ferramentas essenciais para qualquer 
negócio, nos dias atuais.
Atenção a novidades e mudanças � – é sempre necessário estar atento 
ao que acontece ao seu redor, como forma de poder identificar as no-
vidades que possam ser incorporadas a produtos, processos e/ou ser-
viços. Além disso, analisar o ambiente para identificar mudanças antes 
que afetem os negócios também é uma qualificação extremamente 
importante.
Habilidades de comunicação � – para dirigir um negócio é necessá-
rio estar em contato permanente com pessoas, o que inclui clientes, 
fornecedores, prestadores de serviços, entre outras. Assim, é preciso 
saber se comunicar com efetividade. O empreendedor apresenta uma 
característica de possuir uma comunicação assertiva.
Habilidades de negociação � – é essencial possuir essa qualificação 
para negociar com clientes, fornecedores e funcionários.
Habilidades de marketing � – um negócio para alcançar sucesso deve 
ancorar-se em bons programas de marketing, uma vez que um bom pla-
nejamento de marketing pode ser importante diferencial competitivo.
Conhecimento do mercado � – sem conhecer adequadamente o mer-
cado em que atua o empreendedor tende a fracassar.O conhecimento 
do mercado significa conhecer as necessidades e/ou desejos dos seus 
clientes.
Solucionar problemas � – o dia a dia organizacional é repleto de pe-
quenos e grandes problemas que precisam ser prontamente resolvi-
dos para não afetar o andamento das operações.
30
Características dos empreendedores
Flexibilidade � – entendida como a capacidade de adaptar-se às mu-
danças ambientais, a flexibilidade é uma qualificação essencial para 
qualquer empreendedor.
Aprendizagem contínua � – trata-se de uma qualificação fundamental 
para os dias atuais, em que o volume de informações que diariamente 
bombardeia os indivíduos e as organizações é muito grande. Portanto, o 
empreendedor necessita estar em processo de contínua aprendizagem.
Trabalho em equipe � – ninguém consegue realizar nada sozinho. To-
dos necessitam de outras pessoas para atingir seus objetivos, sejam 
pessoais ou organizacionais. Assim, o empreendedor deve saber tra-
balhar bem em equipe para alcançar seus objetivos.
Domínio de outro idioma � – essa qualificação, obviamente, não im-
pede ninguém de empreender. Porém, é uma qualificação importante 
para o monitoramento das novidades e mudanças que acontecem em 
outras partes do mundo e que podem ser aproveitadas pelo empre-
endedor.
Em síntese, o empreendedor precisa aliar conhecimentos tecnológicos 
com conhecimentos e habilidades de gestão. É fundamental possuir visão 
de negócios. Além disso, o empreendedor deve sempre ter consciência da 
importância do trabalho em equipe.
O plano de negócios como ferramenta 
para qualificação do empreendedor
Uma importante qualificação para o empreendedor é saber elaborar um 
plano de negócios para o empreendimento. Um plano de negócios é o “plano 
de voo” do empreendedor, uma espécie de roteiro seguro para o sucesso do 
empreendimento.
É uma ferramenta de planejamento que serve para orientar o empreen-
dedor que pretende iniciar um novo negócio ou expandir um já existente. 
Trata-se de um documento com a caracterização do negócio, sua forma de 
operar, as estratégias, o planejamento de marketing para conquistar a fatia 
de mercado almejada, as projeções de despesas e receitas e os resultados 
financeiros planejados.
Características dos empreendedores
31
Trata-se de uma forma de pensar no negócio e no seu futuro, define 
aonde o empreendedor pretende ir, como chegar lá, o que fazer, como fazer, 
quando fazer e os custos para fazer tudo o que se planeja. Um plano de ne-
gócios serve para orientar as ações de gerenciamento do negócio e, ainda, 
para obter financiamento para este.
Como descreve completamente o negócio, serve para atrair possíveis 
sócios e/ou investidores. O plano de negócios antecipa eventuais dificulda-
des que somente seriam percebidas na prática quando fosse tarde para tomar 
providências saneadoras. Além disso, o plano de negócios deve ser elabora-
do no intuito de determinar a viabilidade econômico-financeira do negócio e 
proporcionar clareza de ideias e maior conhecimento sobre a operação.
Um bom plano de negócios melhora a qualificação do empreendedor e, 
ainda, diminui as probabilidades de fechamento do negócio ainda nos está-
gios iniciais. Para se elaborar um plano de negócios, devem ser respondidas 
algumas questões essenciais como as contidas no quadro a seguir:
Quadro 1 – Questões-chave para elaboração de um plano de negócios
Aspectos a considerar Questões a responder
Planejamento
Qual é, realmente, o meu negócio?
Onde quero chegar com o negócio?
Que estratégias utilizarei para atingir os objetivos propostos?
Organização
Que pessoas necessito para o negócio? Onde encontrá-las e como 
recrutá-las?
Quais são os fatores críticos do negócio?
Quem serão meus fornecedores, onde se localizam?
Como será a divisão de tarefas e responsabilidades?
Marketing
Que mercado(s) pretendo atingir?
Quem serão meus clientes?
Como farei para conquistar o mercado?
Quem serão meus concorrentes?
Finanças
Quanto vou investir?
Quais os recursos que serão necessários em cada fase do negócio?
Qual o retorno que posso esperar do negócio?
Quais serão os impostos incidentes sobre o negócio?
Como se pode perceber, as perguntas são abrangentes e cobrem todas as 
áreas do negócio, permitindo que, ao respondê-las, o empreendedor tenha 
uma visão ampla e clara das possibilidades e dificuldades que enfrentará ao 
longo dos primeiros estágios do negócio.
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
32
Características dos empreendedores
Ao elaborar o plano de negócios, o empreendedor terá maiores possi-
bilidades de conseguir superar os percalços existentes no dia a dia dos 
negócios.
Ampliando seus conhecimentos
Neste tópico, indicamos sites na internet para que você possa avançar um 
pouco mais no assunto.
<www.sebraesp.com.br/faq/criacao_empresa/empreendedor/caracte-
risticas_empreendedor>. Nesse site você encontra algumas características 
do empreendedor identificadas pelo Sebrae-SP.
<www.guiarh.com.br/y49.htm>. Trata-se de um texto do professor Luis 
Marins, em que ele destaca 10 dicas para quem deseja ser empreendedor.
<http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI82612-17189-
,00-AS+DEZ+CARACTERISTICAS+DOS+EMPREENDEDORES+DE+SUCESSO.
html> é um artigo da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, muito 
interessante, sobre as características dos empreendedores de sucesso.
<www.universia.com.br/rue/materia.jsp?materia=12058>. Sinopse de 
artigo sobre pesquisa realizada para verificar as características dos empre-
endedores brasileiros.
<http://sucesso.powerminas.com/10-caracteristicas-de-um-empre-
endedor-de-sucesso/>. Apresenta uma série de textos sobre empreen- 
dedorismo.
Referências
DORNELAS, José Carlos de Assis. Empreendedorismo na Prática: mitos e verda-
des do empreendedor de sucesso. Rio de Janeiro: Campus, 2007.
SALIM, Cesar Simões; SILVA, Nelson Caldas. Introdução ao Empreendedorismo: 
despertando a atitude empreendedora. Rio de Janeiro: Campus, 2009.
SEBRAE. Histórias de Sucesso: experiências empreendedoras. São Paulo: SEBRAE, 
2004. 3 v.
Entendendo a questão 
do porte das empresas
Edelvino Razzolini Filho*
O objetivo deste capítulo é apresentar as discussões acerca de como se 
define o porte de uma PME e qual a relevância disso para o empreendedor, 
devido aos aspectos tributários, à obtenção de financiamentos etc.
Introdução
No dia a dia, é comum ouvirmos as pessoas afirmarem que desejariam 
deixar de ser empregados para abrir um negócio próprio. Esse é o sonho de 
muitas pessoas que trabalham a vida inteira sem, contudo, um dia abrirem 
um negócio próprio. Por que isso acontece? São muitas as razões que levam 
as pessoas a se manterem na “zona de conforto” de um emprego estável ou 
de uma vida sem grandes sobressaltos.
Ocorre que ser empreendedor não é uma tarefa fácil, ou simples. Empre-
ender um negócio próprio significa abster-se de muitas coisas, abdicar de 
horas de lazer, diversão com a família e/ou com amigos, para dedicar-se in-
tegralmente a um negócio, qualquer que seja ele. Porém, sempre existem 
aquelas pessoas que decidem “arriscar” e resolvem iniciar um novo negócio. 
Essas pessoas são conhecidas, atualmente, como empreendedoras, ou seja, 
são pessoas que decidem empreender.
Não se pretende, com essas considerações, desestimular quem quer que 
seja a empreender um negócio próprio. Apenas se pretende esclarecer o fato 
que existem dificuldades a serem consideradas ao se decidir por um empre-
endimento próprio.
Para quem decide construir seu próprio negócio, este será sempre “um 
grande negócio”, independente do que os outros possam pensar. Mas, tecni-
camente, existem diferenças entre os empreendimentos, uma vez que eles 
são avaliados por estabelecimentos bancários, por empresas fornecedoras 
etc. Assim, é necessário esclarecer a questão dacategorização do empreen-
dimento, ou seja, como se define o tamanho do negócio: se é uma microem-
* Doutor e Mestre em 
Engenharia de Produção 
pela Universidade Federal 
de Santa Catarina (UFSC). 
Especialista em Marke-
ting. Administrador de 
Empresas. Atualmente é 
professor e coordenador 
do curso de Gestão da In-
formação da Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). 
Foi supervisor de vendas 
e gerente de vendas de 
diversas empresas distri-
buidoras de materiais e 
equipamentos médico-
hospitalares na região 
Sul do Brasil. Gerente de 
produtos de indústria far-
macêutica com atuação 
em todo o território na-
cional. Foi sócio-diretor da 
empresa K. R. Consultoria 
e Assessoria Empresarial 
Ltda., atuando com treina-
mento e consultorias na 
área de logística. Também 
foi diretor-presidente da 
UNIEDUC Cooperativa dos 
Educadores e Consulto-
res de Curitiba. Autor de 
diversos livros e artigos 
publicados em revistas e 
eventos científicos nacio-
nais e internacionais.
34
Entendendo a questão do porte das empresas
presa, pequena empresa ou é um negócio de médio ou grande porte. Porém, 
o que é uma pequena empresa? E uma microempresa? Como se define o 
tamanho de uma empresa? São essas as questões, entre outras, que se busca 
responder neste capítulo.
Diferenciando as empresas pelo porte
A questão do tamanho do empreendimento é necessária para que seja 
possível dimensionar adequadamente os recursos necessários para seu 
funcionamento. Ou seja, um negócio de pequeno porte logicamente não 
necessitará dos mesmos recursos que um negócio de grande porte. Assim, 
os fornecedores (de matérias-primas ou componentes, produtos acabados 
etc.), os estabelecimentos bancários, entre outras organizações com as quais 
o empreendimento manterá relações comerciais, vão buscar categorizar o 
seu tamanho para dimensionar a concessão de crédito.
Também ao governo interessa saber o porte do empreendimento para 
definir o tratamento tributário que lhe será dispensado. Portanto, essa ques-
tão é importante, embora um tanto confusa para a maioria das pessoas. 
Segundo Ramos, Carvalho e Cunha (2006), mesmo não tendo a proporção 
produtiva das grandes empresas, as empresas de menor porte apresen-
tam importância significativa não apenas para governos, fornecedores ou 
instituições financeiras, mas também para a sociedade como um todo, em 
função de sua representatividade política e social.
De um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no ano de 
2002, é possível concluir que as micro, pequenas e médias empresas (MPEs) 
formam a maior parte do mercado na América Latina e Caribe, compondo 
um contingente em torno de 65 milhões de organizações de pequeno porte 
que empregam aproximadamente 110 milhões de pessoas, representando 
96% do total de negócios formais e 56% da mão de obra formal na região 
(RAMOS; CARVALHO; CUNHA, 2006).
Especificamente no Brasil, existem em torno de 15 milhões de MPEs, 
sendo que 4,5 milhões na formalidade e o restante na informalidade. Essas 
organizações respondem por quase 40 milhões de empregos e por 99% dos 
negócios realizados no país (SEBRAE, 2010).
Para se classificar e definir o que é uma pequena empresa, pode-se criar 
categorias quantitativas, qualitativas e mistas (ALBUQUERQUE, 2004). Usu-
Entendendo a questão do porte das empresas
35
almente, o critério mais utilizado é o quantitativo, porque o tamanho da or-
ganização fornece indicativos do seu comportamento econômico e social, 
de forma significativa (LEONE, 1991, apud ALBUQUERQUE, 2004). Essa cate-
gorização das empresas serve como parâmetro para ações dos governos e 
também é indicativo para solução de problemas específicos.
Conforme o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte 
(Lei 9.841/1999), o critério para classificação de uma empresa de pequeno 
porte é quantitativo. É considerada como empresa de pequeno porte aquela 
com receita bruta anual compreendida entre R$433.755,14 e R$2.133.222,00. 
Por outro lado, uma microempresa é aquela com receita bruta anual inferior 
a R$433.755,14. É importante destacar que os valores são atualizados perio-
dicamente (a atualização, que define os valores aqui considerados, foi em 
31/03/2004).
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) uti-
liza um critério misto, complementar ao critério do Governo Federal, onde 
considera como microempresa aquela que na indústria e na construção 
tenha até 19 funcionários; no comércio, até 9 funcionários. Por pequena 
empresa, o Sebrae entende como aquela que na indústria e na construção 
tenha entre 20 e 99 funcionários; e, no comércio, entre 10 e 49 funcionários.
Por sua vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizan-
do critérios qualitativos, aponta outros aspectos a serem considerados na 
definição de uma pequena empresa, sendo os seguintes:
baixa intensidade de capital; �
altas taxas de mortalidade e natalidade (fechamento e abertura de �
empresas);
demografia elevada; �
forte presença de proprietários, sócios e membros da família; �
poder decisório centralizado; �
estreito vínculo entre os proprietários e as empresas; �
registros contábeis pouco adequados; �
baixo investimento em inovação tecnológica. �
Contudo, em determinados ramos de atividade (como o de tecnologia, 
por exemplo), poucos funcionários podem não caracterizar uma pequena 
36
Entendendo a questão do porte das empresas
empresa, daí a necessidade de se conjugar vários aspectos, utilizando-se de 
um critério misto de classificação. Para tanto, o IBGE utiliza a Classificação 
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), versão 2.0, uma vez que:
Na Administração Pública e no Sistema Estatístico brasileiro, a prática usual tem sido o uso 
da variável receita de vendas como ponderador para a determinação da atividade principal, 
uma vez que é uma variável disponível e, no geral, guarda uma boa proporcionalidade 
com o valor adicionado.
Em algumas atividades, no entanto, a proporcionalidade entre receita de venda e valor 
adicionado não é efetiva. É o caso da atividade de comércio, onde o valor da receita de 
revenda tem, normalmente, uma relação bem mais baixa com o valor adicionado do que, 
por exemplo, na indústria de transformação. Distorção semelhante ocorre em atividades 
desenvolvidas com a prática de subcontratação da produção a terceiros.
Em algumas atividades, ainda, a variável receita de venda não faz sentido, como é o caso 
nas atividades de intermediação financeira e nas atividades de associações sem fins 
lucrativos. Nesses casos, o critério deve ser a real finalidade da unidade a ser classificada. 
(BRASIL, 2009).
Embora essa seja a classificação adotada pela administração pública, na 
prática, os dados sobre valor adicionado por bens e serviços individuais não 
são disponíveis. Isso leva à utilização de valor das vendas, volume de empre-
go ou outra variável que ofereça uma estimativa do valor adicionado.
A dificuldade na determinação do porte de um negócio é decorrência 
do fato que, no atual modelo econômico que vivenciamos, a sociedade vem 
observando o desenvolvimento de situações em que o ambiente organiza-
cional apresenta-se mais dinâmico e turbulento. Esse contexto exige das em-
presas uma postura inteligente, ágil e flexível de administrar seus processos 
(ALVIM, 1998), dificultando qualquer critério estático para sua análise.
Na continuação, são apresentados os critérios para classificação do porte 
de negócios, sob as diversas perspectivas existentes no contexto brasileiro.
Critérios utilizados para a 
classificação do porte de um negócio
Como afirmado, são diversos os critérios utilizados para se categorizar um 
negócio em termos do seu porte, entendido como a dimensão do negócio, 
lembrando que existem correlações entre o tamanho e a estrutura do negó-
cio, onúmero de níveis organizacionais, o grau de burocratização e de pro-
Entendendo a questão do porte das empresas
37
fissionalização existentes, o alcance das operações e o alcance de mercado 
que cada negócio apresenta.
Também como mencionado, os critérios podem ser quantitativos, quali-
tativos ou mistos, sendo que diferentes organismos utilizam diferentes crité-
rios, segundo suas finalidades, conforme veremos a seguir.
Critérios quantitativos
Os critérios quantitativos são os mais utilizados, sendo que os governos 
são seus maiores usuários. Além disso, bancos comerciais e outros setores de 
crédito também utilizam critérios dessa natureza.
Entre os critérios mais utilizados estão o faturamento do negócio (ver Lei 
da Microempresa e da Pequena Empresa), o número de funcionários, o valor 
do ativo fixo e o patrimônio líquido.
Por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Ex-
terior (MDIC), para identificar o porte de empresas exportadoras, utilizou um 
critério quantitativo que associa o número de empregados da empresa e o 
valor exportado por esta no período analisado, distribuídos por ramo de ati-
vidade (indústria e comércio/serviços). Esses critérios estão em conformidade 
com os parâmetros adotados no Mercosul, conforme disposto nas Resoluções 
Mercosul-GMC 90/93 e 59/98. Eles podem ser vistos na tabela a seguir onde, 
pelo princípio adotado, prevalece o resultado apurado no maior porte.
Tabela 1 – Critérios para definição do porte de empresas exportadoras
Porte
Indústria Comércio e serviços
N.º de 
empregados
Valor 
exportado
N.º de 
empregados
Valor 
exportado
Microempresa Até 10 Até US$400 mil Até 5 Até US$200 mil
Pequena empresa De 11 a 40 Até US$3,5 
milhões
De 6 a 30 Até US$1,5 
milhões
Média empresa De 41 a 200 Até US$20 
milhões
De 31 a 80 Até US$7 
milhões
Grande empresa Acima de 200 Acima de US$20 
milhões
Acima de 80 Acima de US$7 
milhões
 (M
D
IC
, 2
01
0)
38
Entendendo a questão do porte das empresas
Critérios qualitativos
Os critérios qualitativos são menos utilizados. Porém, são mais dinâmicos 
e dependem de avaliações metodológicas e da definição de graus de com-
plexidade. Entre os critérios mais utilizados podemos encontrar o grau de 
envolvimento e conhecimento do dono do negócio, o grau de profissiona-
lização, a complexidade das linhas de produtos e dos processos, o volume e 
a escala de transações, o relacionamento direto e próximo do dono (quanto 
mais direto e próximo, com clientes e fornecedores, menor o porte do negó-
cio), o poder de barganha, entre outros.
Como se pode inferir, os critérios qualitativos são complexos e de difí-
cil mensuração. Como se mensura o que é complexidade de uma linha de 
produto (objetivamente)? Como definir o que é grau de profissionalização? 
Como mensurar o grau de envolvimento do dono de um negócio? Como 
definir o seu grau de envolvimento? Ou seja, são questões complexas e de 
difícil resposta. Porém, define-se um critério e adota-se este para comparar o 
porte das organizações em análise.
De qualquer forma, os critérios qualitativos são mais interessantes sob a 
perspectiva de organizações diferenciadas. Por exemplo, uma empresa de 
alta tecnologia pode ter poucos funcionários e, sob essa perspectiva, seria 
de pequeno porte; mas, por outro lado, pode apresentar um faturamento 
anual acima dos R$2.133.222,00, indicando não ser um negócio de pequeno 
porte. Para casos como esse, os critérios qualitativos são mais indicados.
Critérios mistos
Qualquer que seja o critério de análise, se isolado, quantitativo ou qua-
litativo, será sempre um critério insatisfatório e incompleto, em razão das 
contradições que se verificam na prática (ver exemplo da empresa de alta 
tecnologia). Assim, uma alternativa interessante pode ser a adoção de com-
plementar os critérios, combinando-os entre si, utilizando critérios mistos 
para definir o porte do negócio.
Entre os critérios mistos frequentemente mais utilizados, podemos 
relacionar:
Entendendo a questão do porte das empresas
39
Relação entre investimentos e mão de obra empregada � – é possível 
relacionar os investimentos realizados e o número de pessoas empre-
gadas no negócio, como uma forma de mensurar se o volume de in-
vestimentos é proporcional ao número de empregos gerados, se a re-
lação for alta, tem-se um negócio de alta intensidade de mão de obra; 
ao contrário, tem-se um negócio de baixa intensidade de mão de obra, 
podendo caracterizar um negócio de grande porte, por exemplo.
Grau de dependência de tecnologia externa � – quanto maior o grau 
de dependência de tecnologia externa, menor seria o porte da orga-
nização, uma vez que não possuiria capacidade para desenvolver sua 
própria tecnologia, por não ter recursos humanos qualificados em nú-
mero suficiente, não dispor de recursos financeiros suficientes para de-
senvolver a tecnologia, entre outros aspectos possíveis de se inferir.
Suporte e apoio a cidades médias � – quanto maior o porte de um 
negócio, maior será o seu impacto sobre o nível de atividade econô-
mica de uma cidade. Por isso a importância de se mensurar o porte do 
negócio, pelo suporte que este pode oferecer como apoio ao desen-
volvimento de cidades médias.
Complemento a atividades mais complexas � – quando o negócio 
está voltado a produzir para complementar atividades de outras orga-
nizações, é possível que seu porte seja menor que o daquelas organi-
zações para as quais funciona como complemento.
Como se pode perceber, os critérios mistos são interessantes quando se 
deseja analisar o porte do negócio sob uma perspectiva diferenciada, por 
exemplo, para medir seu impacto social em determinada região geográfica.
Instituições e a utilização 
dos critérios de classificação
Como afirmado, diferentes instituições utilizam diferentes critérios de 
classificação. Porém, qualquer que seja o critério adotado, o importante é 
que essas instituições estão sempre dispostas a auxiliar o empreendedor no 
desenvolvimento do negócio.
40
Entendendo a questão do porte das empresas
O critério de porte é utilizado para definir políticas tributárias, políticas de 
incentivo e de apoio aos novos negócios e, também, a negócios já existentes. 
Vejamos como algumas instituições utilizam esses critérios.
Governos – os governos, das três esferas (federal, estadual e municipal), 
utilizam os critérios de porte para definir questões tributárias como quais 
os tipos de tributos incidirão sobre o empreendimento e quais as alíquotas 
que serão aplicadas. Também utiliza o porte das empresas para definir polí-
ticas públicas de incentivo a novos empreendimentos ou mesmo a negócios 
já estabelecidos. Essas políticas de incentivo são executadas por diferentes 
órgãos governamentais, como os diversos Ministérios e suas secretarias, de-
partamentos ou órgãos independentes, como o Banco Nacional de Desen-
volvimento Econômico e Social (BNDES), Conselho Nacional de Desenvolvi-
mento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos 
(Finep), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) etc.
Sebrae – o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas é 
uma entidade privada, sem fins lucrativos, que existe desde 1972 especifi-
camente com a missão de promover competitividade e desenvolvimento 
sustentável de micro e pequenos empreendimentos. Como também tem 
foco no empreendedorismo, estabelece parcerias com instituições públicas 
e privadas para desenvolver programas de capacitação, acesso ao crédito, 
estímulo ao associativismo e à inovação. Também promove feiras e rodadas 
de negócios com os empreendedores e gestores de negócios de porte pe-
queno e micro. Assim, o Sebrae utiliza a classificação para categorizar os ne-
gócios que recorrem a ele.
IBGE – o Instituto Brasileiro de Geografia

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