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UNP – UNIVERSIDADE POTIGUAR CTGÁS-ER – CENTRO DE TECNOLOGIA DO GÁS & ENERGIAS RENOVÁVEIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS A GÁS NATURAL DANIEL CÂMARA GADÊ DE VASCONCELOS PROJETO PARA ESTAÇÃO DE MEDIÇÃO DE GÁS NATURAL NATAL 2010 DANIEL CÂMARA GADÊ DE VASCONCELOS PROJETO PARA ESTAÇÃO DE MEDIÇÃO DE GÁS NATURAL . Monografia de especialização apresentada a banca examinadora do curso de Automação de Processos a Gás Natural da Universidade Potiguar e do Centro de Tecnologia do Gás como requisito necessários para a obtenção do título de Especialista em Automação de Processos a Gás Natural. ORIENTADOR: Prof. Ms. Marcos Ferreira de Lima NATAL 2010 V331p Vasconcelos, Daniel Câmara Gadê de. Projeto para estação de mediação de gás natural. / Daniel Câmara Gadê de Vasconcelos. – Natal, 2010. 109f. Monografia (Pós-Graduação em Automação de Processos à Gás Natural / CTGÁS). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Bibliografia. f. 83-85. 1. Automação de Processo à Gás Natural – Monografia. 2. Medição de gás natural. 3. Tipos e redes de computadores. I. Título. RN/UnP/BSRF CDU: 553.981(043) DANIEL CÂMARA GADÊ DE VASCONCELOS PROJETO PARA ESTAÇÃO DE MEDIÇÃO DE GÁS NATURAL Monografia de especialização apresentada a banca examinadora do curso de Automação de Processos a Gás Natural da Universidade Potiguar e do Centro de Tecnologia do Gás como requisito necessários para a obtenção do título de Especialista em Automação de Processos a Gás Natural. Aprovado em:____/____/_____ BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Profº Ms. Marcos Ferreira de Lima Orientador Universidade Potiguar – UnP AGRADECIMENTOS A minha família e aos meus amigos que me deram força para continuar este trabalho. Aos professores que se dedicaram a transferir todo o conhecimento necessário para que este trabalho fosse realizado. Em especial ao meu orientador, que me guiou nesta empreitada. A Deus. Não podemos construir uma máquina do tempo para mudar o passado porque se o passado fosse mudado não construiríamos uma máquina do tempo. [...] Todos nós temos máquinas do tempo. As que nos levam ao passado são nossas lembranças, e as que nos fazem ir em frente são os nossos sonhos. Herbert George Wells – “A Máquina do Tempo” RESUMO Este trabalho tem como objetivo elaborar um projeto para instalação de uma estação de medição de gás natural típica (também conhecida como EMED de gás), utilizando dados de processos genéricos, buscando elaborar um comparativo entre os diversos instrumentos usados neste tipo de instalação, bem como os tipos de redes e de computadores de vazão utilizados. Também serão especificados todos os instrumentos usados neste projeto, a partir dos dados de processo gerados, incluindo toda documentação para detalhamento dos métodos de cálculos gerados para os instrumentos selecionados e todo o embasamento teórico das normas vigentes no Brasil para a execução destes cálculos. O sistema de filtragem e de regulação da vazão e da pressão do gás para a EMED não é escopo deste projeto. Palavras-chave: EMED. Gás Natural. Automação. Instrumentação. Projeto. ABSTRACT This study have a objective to develop a project to install of a monitoring station of natural gas typical (also known as gas EMED), using data from generic processes, seeking to draw a comparison between the various instruments used in this type of installation, and types of networks and flow computers used. Also be specified all the instruments used in this project, from process data generated, including all documentation for details of the calculation methods generated for the selected instruments and all the theoretical foundation of rules in Brazil for a execution of this calculations. The filtration system and regulation of flow and pressure of gas for EMED is not scope of this project. Keywords: EMED. Natural Gas. Automation. Instrumentation. Design. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Exemplo de cadeia de transporte do gás natural. ..................................... 15 Figura 2 - A ANP e o Inmetro são responsáveis por regular a medição de petróleo e gás natural no Brasil. ................................................................................................. 18 Figura 3 - A API, a ISA e a AGA São as agências reguladoras internacionais. ........ 18 Figura 4 - Medidor do tipo turbina de forma eletrônica. ............................................. 21 Figura 5 - Medidor do tipo turbina de forma mecânica. ............................................. 22 Figura 6 - Diferentes tamanhos de medidores do tipo turbina. .................................. 22 Figura 7 - Modo de operação medidor de efeito Doppler. ......................................... 23 Figura 8 - Modo de operação medidor de tempo de trânsito. .................................... 24 Figura 9 - Diferentes tipos de montagem de transdutores. ....................................... 25 Figura 10 - Medidor do tipo Pitot, placa de orifício e tubo Venturi respectivamente .. 25 Figura 11 - Esquema de funcionamento de um transmissor de vazão (SMAR LD300) .................................................................................................................................. 27 Figura 12 - Detalhe de funcionamento do transmissor de pressão do tipo indutivo .. 28 Figura 13 - Transmissor eletrônico de pressão Indutivo ............................................ 29 Figura 14 - Transmissor eletrônico de pressão piezoelétrico .................................... 30 Figura 15 - Transmissor eletrônico de pressão piezoresistivo................................... 31 Figura 16 - Detalhe de funcionamento do transmissor de pressão do tipo piezoresistivo ............................................................................................................. 32 Figura 17 - Detalhe de funcionamento do transmissor de pressão do tipo capacitivo .................................................................................................................................. 33 Figura 18 - Componentes da célula capacitiva.......................................................... 33 Figura 19 - Funcionamento básico do sensor ........................................................... 35 Figura 20 - Transmissor de pressão manométrico e diferencial, respectivamente, do tipo capacitivo. ...........................................................................................................35 Figura 21 - Esquema de montagem do transmissor de vazão para fluidos líquidos . 36 Figura 22 - Esquema de montagem do transmissor de vazão para fluidos gasoso e vapores ..................................................................................................................... 36 Figura 23 - Montagem do elemento secundário para medição de vazão de gás ...... 37 Figura 24 - Montagem de flanges de orifício ............................................................. 37 Figura 25 - Exemplos de porta-placas e flanges de orifício ....................................... 38 Figura 26 - Exemplo de computador de vazão instalado em painel. ......................... 46 Figura 27 - Modelo do computador de vazão da Smar ............................................. 47 Figura 28 - Computador de vazão Floboss™ 103 da Emerson ................................ 48 Figura 29 - Floboss 103 da Emerson/Fisher ............................................................. 49 Figura 30 - Estrutura de um projeto de instrumentação ............................................ 50 Figura 31 - Configuração de ERP ............................................................................. 53 Figura 32 - Configuração da EMED. ......................................................................... 54 Figura 33 - Exemplo de arquitetura de sistema de medição ..................................... 57 Figura 34 - Na transmissão de dados analócos (esquerda), cada instrumento tem que ser conectado individualmente, na digital (direita), todos podem ser ligados em um único barramento, criando uma malha. ............................................................... 59 Figura 35 - Diferença de sinal entre transmissões de dados analógicos e digital. .... 59 Figura 36 - Exemplo de montagem do computador de vazão da Smar em painel. ... 61 Figura 37 - Exemplo de diagrama lógico ................................................................... 63 Figura 38 - Exemplo de instalação ao processo. ....................................................... 65 Figura 39 - Exemplo de instalação ao processo (foto anterior – vista de trás). ......... 66 Figura 40 - Exemplo de detalhe de instalação pneumática. ...................................... 67 Figura 41 - Modelo de lista de cabos. ....................................................................... 70 Figura 42 - Programa de cálculo de vazão utilizado pela Petrobras. ........................ 74 Figura 43 - Condicionador de fluxo do tipo feixe tubular. .......................................... 76 Figura 44 - Exemplos de selos remotos e selo diafragma, respectivamente. ........... 80 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Montagem do transmissor de vazão. ....................................................... 36 Tabela 2 - Comparativo entre rede Hart e Foundation Fieldbus. ............................... 58 Tabela 3 - Critérios de dimensionamento de placa de orifício. .................................. 73 Tabela 4 - Dimensões do trecho reto calibrado, de acordo com a AGA 3. ................ 75 Tabela 5 - Dimensões do trecho reto calibrado com condicionador de fluxo, de acordo com a AGA 3. ................................................................................................ 76 Tabela 6 - Diferenças de limites entre as normas de medição de vazão de gás natural. ...................................................................................................................... 77 LISTA DE SIGLAS ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas OIML Organização Internacional de Metrologia Legal ISO International Organization for Standardization API American Petroleum Institute AGA American Gas Association ASTM American Society for Testing and Materials CNP Conselho Nacional do Petróleo INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas RBC Rede Brasileira de Calibração CLP Controlador Lógico Programável SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13 2. DISTRIBUIÇÃO E MEDIÇÃO DO GÁS NATURAL ................................................ 15 3. ESTAÇÃO DE MEDIÇÃO ............................................................................................ 17 3.1 MEDIÇÃO DE ÓLEO .............................................................................................. 18 3.2 MEDIÇÃO DE GÁS NATURAL ............................................................................. 19 4. MEDIDORES DE VAZÃO ............................................................................................ 21 4.1 MEDIDOR DE VAZÃO TIPO TURBINA .............................................................. 21 4.2 MEDIDOR DE VAZÃO TIPO ULTRA-SÔNICO ................................................. 23 4.3 MEDIDOR DE VAZÃO TIPO DIFERENCIAL DE PRESSÃO COM PLACA DE ORIFÍCIO ...................................................................................................................... 25 4.3.1 Transmissor Eletrônico de Pressão Tipo Indutivo ............................... 28 4.3.2 Transmissor Eletrônico de Pressão Tipo Piezoelétrico ...................... 29 4.3.3 Transmissor Eletrônico de Pressão Tipo Piezoresistivo ou Strain- Gage ............................................................................................................................ 30 4.3.4 Transmissor Eletrônico de Pressão Tipo Capacitivo .......................... 32 4.3.5 Montagem dos Equipamentos ................................................................... 35 4.4 PARÂMETROS DE SELEÇÃO ............................................................................. 38 4.4.1 Dados da Vazão ............................................................................................. 39 4.4.2 Custo ................................................................................................................. 39 4.4.3 Função .............................................................................................................. 40 4.4.4 Desempenho ................................................................................................... 40 4.4.5 Instalação ......................................................................................................... 41 4.4.6 Fluido ................................................................................................................ 41 4.4.7 Perda de Carga ............................................................................................... 41 5. COMPENSAÇÕES ........................................................................................................ 43 6. COMPUTADOR DE VAZÃO ....................................................................................... 44 7. PROJETANDO A EMED .............................................................................................. 50 7.1 PROJETO BÁSICO ................................................................................................ 51 7.1.1 Critérios do Projeto ....................................................................................... 51 7.1.2 Fluxograma de Engenharia ......................................................................... 54 7.1.3 Folha de Dados de Processo ..................................................................... 55 7.1.4 Listas de Instrumentos................................................................................ 55 7.1.5 Memorial Descritivo ...................................................................................... 55 7.1.6 Matriz de Causa e Efeito .............................................................................. 56 7.1.7 Arquitetura de Automação .......................................................................... 57 7.2 PROJETO EXECUTIVO ........................................................................................ 61 7.2.1 Diagrama Lógico ............................................................................................ 62 7.2.2 Diagrama de Malha ........................................................................................ 63 7.2.3 Detalhamento Típico de Instrumentos (Detalhes de Instalação) ...... 64 7.2.4 Planta de Instrumentação e Encaminhamento de Cabos ................... 68 7.2.5 Lista de Cabos ................................................................................................ 68 7.2.6 Memorial de Cálculo ..................................................................................... 71 7.2.7 Folhas de Dados dos Instrumentos ......................................................... 77 8. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 82 9. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 83 APÊNDICE A – FLUXOGRAMA DE ENGENHARIA ...................................................... 86 APÊNDICE B – FOLHAS DE DADOS DE PROCESSO ................................................ 87 APÊNDICE C – LISTA DE INSTRUMENTOS .................................................................. 90 APÊNDICE D – ARQUITETURA DE AUTOMAÇÃO ...................................................... 91 APÊNDICE E – DIAGRAMA DE MALHA ......................................................................... 92 APÊNDICE F – DETALHE DE INSTALAÇÃO AO PROCESSO .................................. 94 APÊNDICE G – DETALHE DE INSTALAÇÃO ELÉTRICA ........................................... 95 APÊNDICE H – DETALHE DE INSTALAÇÃO DE SUPORTES .................................. 98 APÊNDICE I – MEMORIAS DE CÁLCULO ..................................................................... 99 APÊNDICE J – FOLHAS DE DADOS ............................................................................. 101 13 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o gás natural tem se tornado um importante insumo energético com participação crescente na matriz energética nacional. As suas qualidades e vantagens frente às outras fontes de energia fomentaram as aplicações industriais, domiciliares e automotivas do gás natural, notadamente nos grandes centros urbanos e industriais das regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Com efeito, somente o volume de gás transportado através de tubulações em terra já ultrapassa os 22 milhões de metros cúbicos por dia. [2] O gás natural é um combustível fóssil encontrado em rochas porosas no subsolo, podendo estar associado ou não ao petróleo. A sua formação advém das eras pré-históricas, como resultado do acúmulo de energia solar sobre matérias orgânicas soterradas em grandes profundidades ao longo o processo de acomodação da crosta terrestre. O gás natural é composto por gases inorgânicos e hidrocarbonetos saturados, predominando o metano e, em menores quantidades o propano e o butano, entre outros. Geralmente, apresenta baixos teores de contaminantes como o nitrogênio, CO2, água e compostos de enxofre. O gás natural permanece no estado gasoso, sobre pressão atmosférica e temperatura ambiente. Mais leve que o ar, o gás natural dissipa-se facilmente na atmosfera em caso de vazamento. Para que se inflame, é preciso que seja submetido a uma temperatura superior a 620°C. A título de comparação, vale lemb rar que o álcool se inflama a 200°C e a gasolina a 300°C. Além disso, é incolor e inodoro, queimando com uma chama quase imperceptível. Por questões de segurança, o gás natural comercializado é odorizado com compostos que possuem enxofre natural como o metil-mercaptana ou o t-butil-mercaptana. [2] São inúmeras as vantagens econômicas do uso do gás natural, mas sua maior contribuição está ligada diretamente à melhoria dos padrões ambientais. Devido à sua pureza, produz uma queima limpa e uniforme, sem a presença de fuligem e de outras substâncias que prejudicam o meio ambiente. O gás natural é usado como combustível para fornecimento de calor, geração de eletricidade e de força motriz; como matéria-prima nas indústrias siderúrgica, química, petroquímica e de fertilizantes. Na área de transportes é utilizado como substituto da gasolina e do 14 álcool. Tais fatores permitem a utilização quase irrestrita do produto em vários segmentos, atendendo as determinações ambientais e contribuindo de forma eficaz e eficiente no controle dos processos, segurança e qualidade. Desta forma, o gás natural participa direta ou indiretamente da vida de toda a população. [2] 15 2. DISTRIBUIÇÃO E MEDIÇÃO DO GÁS NATURAL Para chegar ao consumidor final, o gás natural passa por uma série de etapas que vão desde a exploração da jazida, passando pela produção, processamento, transporte, e chegando finalmente à distribuição. Nesse caminho, que se assemelha ao percurso do sangue através das artérias e capilares do corpo humano, o gás é comprimido, processado e transportado ao longo de centenas de quilômetros de tubulações que compõem as malhas de gasodutos que cruzam fronteiras de estados e de municípios, passando por estações de regulagem e medição até chegar às distribuidoras e seus consumidores. Na fase de distribuição, o gás já deve estar atendendo a padrões rígidos de especificação, e praticamente isento de contaminantes para não causar problemas aos equipamentos onde será utilizado como combustível ou matéria-prima. [2] Figura 1 - Exemplo de cadeia de transporte do gás natural. [2] 16 A medição é um dos pontos chaves na utilização e na exploração do gás natural. É com ela que se obtêm o lucro proveniente da sua utilização. A medição eficiente e precisa do gás natural é de importância vital no gerenciamento de energia do mundo atual. [1] A medição de gás é baseada em uma combinação de leis da física, da química, da engenharia e do balanço de massa, e não é uma ciência exata. É uma ciência aplicada, que muda com as altercações da tecnologia, negócios e meio ambiente. Devido ao aumento da demanda e a tendência para cobranças automáticas, forçaram a indústria de gás a se mover rapidamente na direção da medição eletrônica. Embora os elementos primários de medição de vazão de gás não tendem a mudar no futuro próximo, os equipamentos secundários convergem para instrumentos eletrônicos modernos. As principais atividades onde podemos encontrar estações de medição de gás são na transferência de custódia onde o gás é vendido de uma empresa para outra, e a medição fiscal onde o gás extraído é medido para fins de fiscalização e pagamento de impostos. Essa medição é regida pelo decreto nº 2.705 da ANP. Existem também as medições de apropriação (similar a anterior, utilizada para o pagamento dos royalties aos responsáveis pelas terras onde o gás foi extraído) e a medição operacional que possui instrumentos de medição com precisão menor que o exigido pelos tipos de medições anteriores e é utilizado apenas para o controle da produção do gás. Todosestes tipos de medição são regidos normas rígidas a fim de definir um padrão para o sistema de medição e reduzir ao máximo o grau de incerteza (erro entre o que é medidor e o que realmente é transferido) na medição dando mais confiabilidade ao processo. Por isso, no Brasil esses tipos de medição são normatizados pela portaria conjunta nº 1 do Inmetro e da ANP onde especifica os principais critérios adotados no Brasil para a medição de gás e de petróleo. Como o objetivo deste trabalho é apresentar um modelo de um projeto para a especificação de uma estação de medição de gás natural (EMED), será abordado principalmente as características da medição fiscal na abordagem dos tópicos a seguir. 17 3. ESTAÇÃO DE MEDIÇÃO Por definição, uma EMED é uma estação de medição que delimita fisicamente o sistema de medição no campo. O sistema de medição é um conjunto de equipamentos dedicados a medição de um fluido tais como: transmissores de campo (vazão, temperatura e pressão), computadores de vazão, IHM (Interface Homem- Máquina), gateway (interface entre as redes dos computadores de vazão e a rede de automação), linhas e periféricos (analisadores de BS&W (“basic sediment and water” - relação percentual entre volume de água/sedimentos e volume total de líquido) e densidade, amostradores manuais e automáticos, filtros, condicionadores de fluxo, válvulas, etc.) destinados à medição fiscal e transferência de custódia. Os locais de instalação das estações de medição de gás natural devem ser aprovados pela ANP e devem se localizar imediatamente após as instalações de separação e condicionamento e antes de quaisquer instalações de transferência, processamento ou transporte. Os instrumentos de medição e os sistemas de medição utilizados devem ser submetidos ao controle metrológico do INMETRO ou comprovar rastreabilidade aos seus padrões. Ainda, de acordo com o INMETRO, os sistemas de medição fiscal da produção de petróleo e gás natural devem ser protegidos contra acessos não autorizados, de forma a evitar dano, falha ou perda de calibração dos instrumentos e componentes do sistema. Devem ser instalados selos para evitar acesso não autorizado às operações que possam afetar o desempenho dos instrumentos e dos sistemas de medição. Para operações realizadas através de programação, devem ser incluídas palavras-chave ou outros meios para impedir o acesso não autorizado aos sistemas e programas de configuração, ajustes, calibração, alarmes, históricos e eventos. Os cálculos dos volumes produzidos a partir de medidores de vazão devem ser realizados por computadores de vazão ou dispositivos do tipo PLC e os seus algoritmos de vazão de gás deverão atender ao API MPMS Chapter 14 (AGA-3 e AGA-8), comprovados por certificação independente. Os sistemas de medição de petróleo e gás natural para efeito fiscal e de apropriação da produção devem incluir 18 dispositivos para compensação automática das variações de pressão estática (absoluta no caso de gás natural) e de temperatura. Figura 2 - A ANP e o Inmetro são responsáveis por regular a medição de petróleo e gás natural no Brasil. Figura 3 - A API, a ISA e a AGA São as agências reguladoras internacionais. A seguir serão especificados os principais instrumentos de medição utilizados nas EMED’s. 3.1 MEDIÇÃO DE ÓLEO Os sistemas de medição de óleo em linha devem, pelo menos, segundo a ANP e o INMETRO, ser constituídos dos seguintes equipamentos: • Medidores de fluidos do tipo deslocamento positivo ou do tipo turbina, ou medidores mássicos tipo coriolis, com indicação de volume. Outros tipos de medidores podem ser utilizados, desde que sua utilização seja 19 previamente autorizada pela ANP. Os medidores devem ser providos com totalizador sem dispositivo de retorno a zero ou, no caso de dispositivos eletrônicos, cujo retorno a zero não seja possível sem operar ajustes protegidos por meio de selos ou de outras proteções contra acesso não autorizado; • Um instrumento ou sistema de medição de temperatura ou de compensação automática de temperatura; • Um instrumento ou sistema de medição de pressão ou de compensação automática da pressão; • Um sistema de amostragem proporcional à vazão; • E um sistema de calibração fixo ou móvel. 3.2 MEDIÇÃO DE GÁS NATURAL Os sistemas de medição de gás natural em linha devem, pelo menos, segundo a ANP e o INMETRO, ser constituídos dos seguintes equipamentos: • Medidores de gás natural do tipo placa de orifício, turbina ou medidor do tipo ultra-sônico. Outros tipos de medidores podem ser utilizados, desde que sua utilização seja previamente autorizada pela ANP. Pode ser utilizado sistema de porta placa para a troca da placa de orifício da tubulação; • Os instrumentos de medição de vazão, pressão diferencial e pressão e temperatura de fluxo devem ser selecionados e operados para que o valor medido esteja na faixa de medição e sua exatidão seja compatível com aquela necessária para se obter a incerteza especificada na resolução conjunta nº1 do INMETRO e ANP; • Todos estes instrumentos serão mais bem detalhados a frente. 20 Como se está tratando especificamente de medição de gás natural, agora iremos nos deter em detalhar os instrumentos e os métodos de medição regulamentados para este fim. 21 4. MEDIDORES DE VAZÃO 4.1 MEDIDOR DE VAZÃO TIPO TURBINA O medidor de vazão do tipo turbina funciona através na rotação de suas pás inseridas dentro da tubulação causada pelo fluxo do fluido. A indicação da vazão instantânea e da vazão total pode ser realizada mecanicamente, através da rotação do eixo da turbina fazendo girar engrenagens de acordo com a vazão, ou eletronicamente através da indução magnética da passagem das pás próximo a um contator magnético no corpo do medidor, gerando pulsos que são interpretados pelos circuitos eletrônicos do mesmo, podendo ser transmitido até o supervisório da estação. Figura 4 - Medidor do tipo turbina de forma eletrônica. [5] e [6] 22 Figura 5 - Medidor do tipo turbina de forma mecânica. [7] e [8] Figura 6 - Diferentes tamanhos de medidores do tipo turbina. [9] e [10] A característica mais importante da turbina é sua altíssima precisão, podendo ater ser usada como padrão de calibração de outros medidores como o magnético e o ultra-sônico e sua instalação requer basicamente um trecho reto a jusante (antes do medidor) de 10 vezes e a montante (após o medidor) de 5 vezes o diâmetro da tubulação. As desvantagens deste medidor referem-se ao seu alto custo em tubulações de diâmetros elevados (a partir de 6 polegadas) visto que ele necessita de um carretel para a passagem do fluxo, e a necessidade de trabalhar com fluidos extremamente limpos e pouco viscosos, já que as impurezas nos fluidos causam um desgaste excessivo nas palhetas, no rotor e nas engrenagens da turbina. O mesmo acontece com fluidos muito viscosos. Em instalações onde pode-se conter sujeiras no gás, a manutenção constante desses medidores pode inviabilizar a sua instalação. 23 Nas medições de gás com turbinas devem ser atendidos os requisitos da norma AGA Measurement of Gas by Turbine Meters, A.G.A. Report n.º. 7. Além desta norma, pode-se obter mais informações sobre instalação e calibração de medidores do tipo turbina na norma ISO 9951. 4.2 MEDIDOR DE VAZÃO TIPO ULTRA-SÔNICO Existem dois tiposde medidores ultrassônicos: efeito Doppler e tempo de trânsito, este último sendo o mais usado. Em todos os medidores ultrassônicos, a energia elétrica é usada para excitar um cristal piezelétrico em sua frequência de ressonância. Esta frequência de ressonância é transmitida na forma de onda, viajando à velocidade do som, no fluido e no material onde o cristal está tocando. Normalmente o medidor ultrassônico utiliza dois transdutores para envio e recebimento do sinal na linha, mas, dependendo da precisão necessária e do diâmetro da tubulação, pode-se utilizar 1, 4, 6 ou até 8 transdutores para fazer essa medição. O medidor tipo Doppler é utilizado em tubulações onde o fluido a ser medidor possui impurezas ou não está totalmente preenchido porque ele utiliza a reflexão da onda sonora no fluido em movimento para realizar a medição da vazão. Esses medidores geralmente não são usados em fluidos limpos e possuem precisão entre 2 e 5%. Figura 7 - Modo de operação medidor de efeito Doppler. [11] 24 O medidor de vazão ultrassônico a diferença de tempo ou tempo de trânsito mede a vazão, medindo o tempo gasto pela energia ultrassônica atravessar a seção do tubo, indo a favor e contra a vazão do fluido dentro da tubulação. Os tempos de propagação da onda, através do fluido, são diferentes quando no sentido da vazão e quando no sentido contrario [1]. Como outros medidores de vazão, o medidor de tempo de trânsito necessita que o fluido preencha totalmente a tubulação e que ele contenha poucas impurezas para não resultar em erro na medição. A sua precisão pode variar de 1 a 5%. Figura 8 - Modo de operação medidor de tempo de trânsito. [11] Outro fator que influencia a escolha do medidor ultrassônico,é o tipo de instalação usada nos transdutores. Atualmente existem três modelos diferentes de instalação: o tipo permanente (onde os transdutores são integrados ao carretel do medidor na tubulação), os de inserção à tubulação (onde os carretéis já possuem entradas definidas a partir de seu diâmetro para receber os transdutores, e esses podem ser facilmente retirados para manutenção) e os do tipo “clamp-on” (que podem ser moveis ou fixos). Este último se caracteriza pela facilidade de instalação, visto que não é necessária nenhuma intervenção na linha para a sua instalação (desde que respeitados os limites de trecho reto a montante e a jusante), sendo os transdutores fixados externamente a uma distância predefinida entre eles (de forma permanente ou temporária), dependendo do diâmetro da tubulação, e muito usada em tubulações de grandes diâmetros devido ao seu baixo custo em comparação aos medidores com carretel. Para uma especificação completa devem ser consultada a norma AGA Reports n° 9. 25 Figura 9 - Diferentes tipos de montagem de transdutores. [12] e [13] 4.3 MEDIDOR DE VAZÃO TIPO DIFERENCIAL DE PRESSÃO COM PLACA DE ORIFÍCIO O sistema de medição de vazão é formado por dois elementos separados e combinados: um elemento primário e um elemento secundário (sensor ou transmissor). O elemento primário está em contato direto com o fluido e produz a pressão diferencial. Os principais tipos de elementos primários são: placa de orifício, tubo Venturi e Pitot. Figura 10 - Medidor do tipo Pitot, placa de orifício e tubo Venturi respectivamente [16] O uso destes tipos de medidores para medição de vazão é bastante antigo. De acordo com registros históricos, têm-se notícias que os romanos, na Roma antiga, usavam a placa de orifício para a medição da água de consumo. De acordo com a portaria conjunta Inmetro/ANP deve-se usar apenas placa de orifício em medições de vazão do tipo pressão diferencial e será nele que o projeto irá se basear. O uso do medidor de vazão por pressão diferencial de deve a vários fatores: 26 • Simplicidade na confecção; • Baixo custo; • Possibilidade de medir grandes volumes de fluidos a grandes velocidades; • Facilidade de calibração; • Grande acervo de informações acumulados e registrados; • É o tipo de medição de vazão mais utilizado no mundo (estima-se que cerca de 50% dos medidores sejam do tipo pressão diferencial). Com relação especificamente à placa de orifício, algumas observações devem ser feitas: • Ela consiste basicamente de uma chapa metálica, normalmente de aço inoxidável, perfurada de forma precisa e calculada, a qual é instalada perpendicularmente ao eixo da tubulação entre flanges ou em dispositivos porta-placas, para gerar uma diferença de pressão do fluido antes e depois da placa. • O diâmetro do orifício é calculado de modo que seja o mais preciso possível, e suas dimensões sejam suficientes para produzir, à máxima vazão, uma pressão diferencial máxima adequada, de acordo com a norma AGA n°3. • Normalmente o orifício da placa é concêntrico, quer dizer, ele se localiza no centro da placa e é utilizada para todos os tipos de fluidos sem sólidos em suspensão. No caso do fluido possuir sólidos em suspensão, pode-se utilizar os orifícios concêntricos ou segmental, conforme figura abaixo. • A face de entrada deverá ser polida, o ângulo de entrada do orifício deverá ser de 90° e totalmente isenta de rebarbas e imperfeições. Na saída o ângulo pode variar, sendo mais comum o uso de 45°. 27 A placa de orifício gera a pressão diferencial proporcional ao quadrado da vazão medida. Deve se, depois, medir e condicionar esta pressão diferencial gerada para completar o sistema de medição da vazão. [1] O instrumento usado para fazer esse tipo de medição é o transmissor de vazão por pressão diferencial. Ele pode ter, como elemento sensor, os seguintes dispositivos: elemento indutivo, piezoelétrico, piezoresistivo ou strain-gauge e célula capacitiva, para citar os mais utilizados, para medir a pressão diferencial causada pela placa de orifício ou por qualquer outro elemento de vazão produtor de pressão diferencial (depriogênico). Esses instrumentos medem uma pressão diferencial relativamente baixa, medidas normalmente em mmH2O ou polegadas de H2O. O elemento secundário (sensor de pressão diferencial) detecta a diferença de pressão gerada pelo elemento primário. A pressão diferencial gerada pelo elemento primário é medida através das tomadas de impulso, geralmente localizada nos flanges da placa de orifício, pelo elemento secundário. O elemento secundário ainda pode ser do tipo analógico, para indicação local, ou eletrônica, para transmissão do valor da vazão medida. Todos os transmissores geram um sinal analógico e podem convertê-los em sinais digitais para envia-los em redes digitais (como rede Foundation Fieldbus ou rede Hart), se necessário. Abaixo está um esquema do funcionamento do medidor e transmissor de vazão por pressão diferencial eletrônico: Figura 11 - Esquema de funcionamento de um transmissor de vazão (SMAR LD300). [28] Abaixo serão detalhados os diversos sensores citados para o transmissor de pressão diferencial ou manométrico. 28 4.3.1 Transmissor Eletrônico de Pressão Tipo Indutivo A pressão do processo, aplicada no elemento metálico elástico (fole), movimenta/deforma-o; este movimento é transmitido à barra de força ou alavanca transmissora por intermédio da lâmina de articulação. A barra de força ou alavanca transmissora é acoplada ao diafragma de selagem que também funciona como seu ponto de apoio (pivô). Esta força é transmitida ao disco de rearme, através da alavanca de deflexão, aproximando o disco de rearme do detector. Esta aproximação gera um aumento da indutância, com um consequente aumento no consumo de corrente e um aumento no sinal de saída do detector. Paralelamenteà aproximação do disco de rearme, acontece o afastamento da bobina de realimentação do imã permanente; ao mesmo tempo, o sinal se saída do detector é amplificado e retificado na unidade amplificadora, resultando no sinal de saída do transmissor (4 a 20 mA). Este sinal também é aplicado na bobina de realimentação, aumentando a força para equilíbrio do sistema. [34] Figura 12 - Detalhe de funcionamento do transmissor de pressão do tipo indutivo. [34] 29 Esta força age sobre o braço de rearme, em sentido contrário à variação do sinal anterior, afastando o disco de rearme do detector; deste modo, o sistema atinge um novo equilíbrio, com o sinal de saída do transmissor ficando proporcional ao valor da pressão medida naquele momento. O sinal de saída do instrumento é transmitido para um receptor eletrônico de faixa compatível, seja para fins de indicação, registro ou controle. [34] Devido a sua elevada complexidade e a ter dispositivos mecânicos móveis, este tipo de transmissor é pouco utilizado. Figura 13 - Transmissor eletrônico de pressão Indutivo. [34] 4.3.2 Transmissor Eletrônico de Pressão Tipo Piezoelétrico A medição de pressão utilizando este tipo de sensor se baseia no fato dos cristais assimétricos ao sofrerem uma deformação elástica ao longo do seu eixo axial, produzirem internamente um potencial elétrico causando um fluxo de carga elétrica em um circuito externo. A quantidade elétrica produzida é proporcional à pressão aplicada, sendo então essa relação linear o que facilita sua utilização. Outro fator importante para sua utilização está no fato de se utilizar o efeito piezoelétrico de semi-condutores, reduzindo assim o tamanho e peso do transmissor, sem perda de precisão. Cristais de turmalina, cerâmica Policristalina Sintética, quartzo e quartzo cultivado podem ser utilizado na sua fabricação, porém o quartzo cultivado é o mais empregado por apresentar características ideais de elasticidade e linearidade. [34] 30 Figura 14 - Transmissor eletrônico de pressão piezoelétrico. [34] 4.3.3 Transmissor Eletrônico de Pressão Tipo Piezoresistivo ou Strain-Gage Este tipo de instrumento tem o funcionamento de seu transdutor baseado na variação de comprimento e diâmetro, e, portanto, na variação da resistência, que ocorre quando um fio de resistência sofre uma deformação elástica proveniente de uma tensão mecânica gerada por uma pressão. Neste tipo de instrumento, a pressão do processo atua no elemento mecânico elástico (diafragma) que se movimenta/deforma e, em consequência, movimenta a alavanca onde estão instalados os sensores strain-gage, esticando-os ou comprimindo-os de acordo com a pressão do processo e a disposição que o fabricante tenha adotado para sua instalação. [34] 31 Figura 15 - Transmissor eletrônico de pressão piezoresistivo. [34] Os strain-gage (extensômetros) fazem parte de uma ponte de Wheatstone, na qual se aplica uma tensão, de forma que a pequena corrente que circula pelas resistências ocasione uma queda de tensão e a ponte se equilibre para estas condições. Neste sistema, qualquer variação na pressão do processo moverá o diafragma metálico, que, por sua vez, variará a posição da alavanca e, em consequência, variará a resistência dos sensores strain-gage, desequilibrando a ponte e fazendo variar o sinal de saída do instrumento (4 a 20 mA). Na ponte com dois braços ativos, o elemento sensor que funciona como medidor fica montado na parte deformada do dispositivo, enquanto o elemento utilizado para comparação fica montado na parte não deformada. Com este arranjo, obtém-se a compensação da expansão térmica dos suportes e da modificação da resistência dos elementos, em consequência da alteração de temperatura. [34] Na ponte com quatro braços ativos, dois elementos sensores são montados de modo a serem tensionados pelo aumento de pressão e os outros dois são montados em compressão, ou sem qualquer tensão. Esta configuração aumenta a sensibilidade do transdutor e mantém a característica de compensação de temperatura. [34] 32 Figura 16 - Detalhe de funcionamento do transmissor de pressão do tipo piezoresistivo. [34] 4.3.4 Transmissor Eletrônico de Pressão Tipo Capacitivo Este tipo de instrumento tem seu funcionamento baseado na variação de capacitância que se introduz em um capacitor quando se desloca uma de suas placas em consequência de aplicação de pressão. Neste instrumento, a pressão de processo é transmitida através do movimento/deslocamento do elemento mecânico elástico (diafragma isolador), cujo interior é cheio de óleo ou silicone, para o diafragma sensor localizado no centro da célula. A pressão atmosférica de referência é transmitida da mesma maneira pelo segundo diafragma isolador para o outro lado do diafragma sensor. O deslocamento do diafragma sensor (o movimento máximo é da ordem de 0,004 polegada) é proporcional ao diferencial de pressão aplicado sobre ele e que, por sua vez, variará em função da pressão aplicada nos diafragmas isoladores. [34] 33 Figura 17 - Detalhe de funcionamento do transmissor de pressão do tipo capacitivo. [34] A posição do diafragma sensor (placa móvel) é detectada pelas placas do capacitor colocadas nos dois lados do diafragma sensor. O valor da capacitância diferencial existente entre o diafragma sensor e as placas do capacitor (aproximadamente 150 pf) é convertido eletronicamente, resultando no sinal de saída do transmissor (4 a 20 mA), que é transmitido para um receptor eletrônico para fins de indicação, registro e/ou controle. [34] Figura 18 - Componentes da célula capacitiva. [34] 34 A principal característica dos sensores capacitivos é a completa eliminação dos sistemas de alavancas na transferência da força/deslocamento entre o processo e o sensor. Este tipo de sensor resume-se na deformação de uma das armaduras do capacitor. Tal deformação altera o valor da capacitância total, que é medida por um circuito eletrônico. Esta montagem, se por um lado elimina os problemas mecânicos das partes móveis, expõe a célula capacitiva às rudes condições do processo, principalmente à temperatura do processo. Esse inconveniente pode ser superado através de circuitos sensíveis à temperatura montados juntos ao sensor. Outra característica inerente à montagem é a falta de linearidade entre a capacitância e a distância das armaduras devido à deformação não linear, sendo necessário, portanto, uma compensação (linearização) a cargo do circuito eletrônico. O sensor é formado pelos seguintes componentes: [34] • Armaduras fixas metalizadas sobre um isolante de vidro fundido; • Dielétrico formado pelo óleo de enchimento (normalmente silicone); • Armadura móvel (diafragma sensor). Uma diferença de pressão entre as câmaras de alta (High) e de baixa (Low) produz uma força no diafragma isolador, que é transmitida pelo líquido de enchimento. A força atinge a armadura flexível (diafragma sensor) provocando sua deformação alterando, portanto, o valor das capacitâncias formadas pelas armaduras fixas e a armadura móvel. Esta alteração é medida pelo circuito eletrônico que gera um sinal proporcional à variação de pressão aplicada à câmara da cápsula de pressão diferencial capacitiva. [34] Figura Este tipo de transmissor de pressão é o mais utilizado pela indústria por ter um custo relativamente baixo e nã Por isso, este tipo de sensor é o que será escolhido para ser utilizado nos transmissores de pressão deste projeto. Figura 20 - Transmissor de pressão manométrico e diferencial, respectivamente, do tipo capacitivo 4.3.5Montagem dos Equipamentos Para a montagem das linhas de impulso do fluido e do sensor, deve obedecer a tabela abaixo: Figura 19 - Funcionamento básico do sensor. [34] Este tipo de transmissor de pressão é o mais utilizado pela indústria por ter um custo relativamente baixo e não possuir partes mecânicas (menos manutenção). Por isso, este tipo de sensor é o que será escolhido para ser utilizado nos transmissores de pressão deste projeto. Transmissor de pressão manométrico e diferencial, respectivamente, do tipo capacitivo Montagem dos Equipamentos Para a montagem das linhas de impulso do fluido e do sensor, deve obedecer a tabela abaixo: 35 Este tipo de transmissor de pressão é o mais utilizado pela indústria por ter o possuir partes mecânicas (menos manutenção). Por isso, este tipo de sensor é o que será escolhido para ser utilizado nos Transmissor de pressão manométrico e diferencial, respectivamente, do tipo capacitivo. Para a montagem das linhas de impulso do fluido e do sensor, deve-se 36 Tabela 1 - Montagem do transmissor de vazão. Fluido do Processo Localização das Tomadas Localização do Transmissor em Relação às Tomadas Gás Superior ou Lateral Acima Líquido Lateral Abaixo ou no Mesmo Nível Vapor Lateral Abaixo com o uso de pode de condensado Figura 21 - Esquema de montagem do transmissor de vazão para fluidos líquidos. [29] Figura 22 - Esquema de montagem do transmissor de vazão para fluidos gasoso e vapores. [29] 37 Figura 23 - Montagem do elemento secundário para medição de vazão de gás. [17] A figura anterior mostra a montagem da placa de orifício diretamente na tubulação através do uso de flanges especiais que sustentam a placa e possuem as tomadas de pressão diferencial, são os chamados flanges de orifício. Figura 24 - Montagem de flanges de orifício. [29] Caso o processo exija, pode-se utilizar porta-placas para que seja feita a substituição das placas de orifício sem que a tubulação seja desmontada e sem que o processo seja parado, porém ela tem um custo bem superior. 38 Figura 25 - Exemplos de porta-placas e flanges de orifício. [18] O elemento secundário consegue fazer a medição de vazão através de algumas fórmulas matemáticas que, de acordo com John Bernoulli (quem desenvolveu o teorema básico das equações hidráulicas), a pressão diferencial gerada através do orifício é proporcional ao quadrado da vazão que passa através da placa. Esta relação ainda é válida, com algumas modificações para fluidos compressíveis. Se observa que a teoria de funcionamento da medição de vazão por placa de orifício é bastante simples porém seu comissionamento e seleção são bastantes complexos. Eles são regidos pelas normas ISO 5167 e AGA Report n° 3 . Elas também trazem informações sobre o tamanho do trecho reto a montante e a jusante do elemento primário necessária para a medição, localização das tomadas de pressão, diâmetro do orifício, material da placa, número de orifícios, geometria do orifício, etc. 4.4 PARÂMETROS DE SELEÇÃO Quanto maior o número de opções, mais difícil é a escolha. A seleção do medidor de vazão é uma tarefa difícil e complexa, geralmente exigindo várias iterações para se chegar à melhor escolha. Para dificultar a escolha, a vazão é a 39 variável do processo industrial que possui o maior número de diferentes elementos sensores e de medidores. São disponíveis tabelas relacionando os tipos dos medidores e as suas aplicações ideais, aceitáveis e proibidas. Porém, tais tabelas não são completas e não consideram todas as exigências e aplicações. Às vezes, elas são apresentadas pelo suspeito fabricante de determinado medidor e relacionam imparcialmente as principais vantagens do medidor especifico. A seleção do medidor é algo tão complicado que não deve-se limitar a uma tabela bidimensional. [1] Os parâmetros que devem ser considerados na escolha e na especificação do medidor de vazão são os seguintes: 4.4.1 Dados da Vazão Antes da seleção do medidor de vazão mais conveniente e para qualquer medidor escolhido é mandatório se ter todos os dados disponíveis da vazão de modo claro, confiável e definitivo. A vazão requer mais dados que a temperatura e a pressão, pois devem ser conhecidas as condições e instalações do processo e do fluido medido. [1] É necessário o conhecimento dos seguintes dados da vazão: • O tamanho da linha a ser usada; • A faixa de medição vazão máxima, mínima e normal; • A precisão requerida; • A função do instrumento (indicação, registro, controle ou totalização); • O tipo de vazão (pulsante, constante, com golpe de aríete, turbulenta ou laminar); • As características e tipo do fluido medido (líquido, vapor ou gás); • Os efeitos de corrosão química do fluido. 4.4.2 Custo 40 O custo do sistema de medição incluem os relativos a instalação, operação e manutenção. A maioria das pessoas só considera os custos diretos e imediatos da compra dos instrumentos, o que é incompleto. [1] Os custos de um sistema de medição com placa de orifício incluem: • Placa (dimensionamento, confecção); • Instalação da placa (flange de orifício ou furos na tubulação); • Transmissor eletrônico, convencional ou inteligente; • Tomada do transmissor à tubulação; • Instrumento sensor, indicador ou transmissor com circuito para cálculo da vazão; • Trecho reto calibrado e retificado de fluxo, caso necessário; • Perda de carga aceitável; • Manutenção e calibração. 4.4.3 Função A função associada à vazão, a ser fornecida pelo instrumento receptor é um fator determinante na escolha do medidor. Medidores com saída em pulso são convenientes para totalização; medidores com saída analógica são mais apropriados para registro e controle. Para a indicação, é indiferente se o sinal é analógico ou digital. [1] 4.4.4 Desempenho A precisão do medidor inclui a repetitividade, reprodutitividade, linearidade, sensibilidade, rangeabilidade e estabilidade da operação. A exatidão do medidor se refere à calibração e à necessidade de recalibrações ou aferições freqüentes. [1] Geralmente, quanto mais preciso o instrumento, mais elevado é o seu custo. O medidor mais preciso é a turbina medidora de vazão, usada como padrão de calibração de outros medidores. Porém, o mesmo tipo de medidor pode ter 41 diferentes precisões em função do fabricante, projeto de construção e materiais empregados. [1] 4.4.5 Instalação A instalação do medidor inclui todos os acessórios, tomadas, filtros, retificadores, suportes e miscelânea do medidor. Antes de escolher o medidor, deve- se avaliar a facilidade da instalação na tubulação já existente, a simplicidade da operação futura e a possibilidade de retirada e de colocação do medidor sem interrupção do processo. [1] 4.4.6 Fluido As características químicas e físicas do fluido que entra em contato direto com o medidor: corrosividade, viscosidade, abrasividade, sólidos em suspensão, valor e perfil da velocidade são determinantes na escolha do medidor de vazão e dos seus materiais constituintes. [1] 4.4.7 Perda de Carga A perda de carga permanente é a queda de pressão que o medidor provoca irrecuperavelmente na pressão estática da tubulação. Os medidores intrusivos provocam grande perda de carga e os medidores não intrusivos provocam pequena ou nenhuma perda de carga. Quanto maior a perda de carga provocada pelo medidor, maior deve ser a pressão a montante do medidor e como consequência, maior a pressão de bombeamento.O outro inconveniente de se provocar grande perda de carga, além da maior pressão a montante, é a possibilidade de haver cavitação no líquido, que pode destruir o medidor. A cavitação é provocada por baixa pressão. [1] Um detalhe deve ser levado em consideração com relação à perda do fluido causada pela placa de orifício, quanto maior a perda de carga causada, maior será o diferencial de pressão e, com isso, será mais fácil para o medidor de vazão detectar a pressão diferencial. Por outro lado, quanto menor for a perda de carga causada, 42 menor será o diferencial de pressão e será mais difícil para o transmissor de vazão detectar a pressão diferencial. Esses dados estão relacionados com o β da placa de orifício, que nada mais é que a relação entre o diâmetro do orifício da placa e o diâmetro interno da tubulação. O β é o parâmetro mais significativo da placa de orifício. Tipicamente, o β deve estar entre 0,15 e 0,75 para líquido e 0,20 e 0,70 para gases e vapores. � � �� Quanto menor o β, maior é a pressão diferencial gerada. Quanto maior o β, menor a pressão diferencial gerada. 43 5. COMPENSAÇÕES Em serviços de medição de gás, a maioria dos medidores de vazão mede o volume real ou infere o volume real, tomando como referência a vazão volumétrica nas condições nominais de operação. Quando as condições reais do processo se afastam das condições nominais de projeto de operação, ocorrem grandes variações no volume real, resultando em grande incerteza na medição da vazão. Como os gases são compreensíveis, é necessário fazer a compensação da pressão estática e da temperatura do processo. [1] A temperatura influi na densidade, na viscosidade e na compressibilidade dos fluidos. Por isso, na medição da vazão volumétrica de gases é mandatória a compensação da temperatura. [1] Para que seja feita a compensação da pressão estática, basta acrescentar um medidor de pressão manométrica na linha em que está sendo feita a medição a uma distância definida em norma no elemento primário. O mesmo processo deve ser feito para a medição da temperatura, sendo, desta vez, instalado um poço com um elemento sensor para que seja feita a medição, normalmente utilizam-se bimetal para indicação local e resistência metálica ou termopar para transmissores. 44 6. COMPUTADOR DE VAZÃO O computador de vazão é projetado para a solução instantânea e continua das equações de vazão dos elementos geradores de pressão diferencial (placa, venturi, bocal) e dos medidores lineares de vazão (turbina, medidor magnético, vortex.) O computador de vazão recebe sinais analógicos proporcionais à pressão diferencial, temperatura, pressão estática, densidade, viscosidade e/ou pulsos proporcionais à vazão e os utiliza para computar, totalizar e indicar a vazão volumétrica compensada ou não compensada e a vazão mássica. [1] O computador de vazão é um instrumento a base de microprocessador, que pode ser montado em painel da sala de controle ou diretamente no campo, onde é alojado em caixa para uso industrial, com classificação mecânica do invólucro à prova de tempo e, quando requerido, com classificação elétrica da caixa à prova de explosão ou a prova de chama. [1] Ele também pode ser um CLP destinado especificamente para o cálculo das vazões, neste caso, nenhum outro instrumento que não esteja na medição poderá ser acrescentado a ele. Nas medições de vazão volumétrica de gás o computador de vazão pode receber até 5 sinais diferentes por medição: • O sinal do transmissor de vazão, proporcional ao quadrado da vazão medida; • O sinal do transmissor de pressão, proporcional à pressão absoluta estática do processo; • O sinal do transmissor de temperatura, proporcional à temperatura absoluta do processo. Opcionalmente, pode-se recebe o sinal de resistência de um RTD ou a milivoltagem de um termopar. • Opcionalmente, pode receber o sinal de um transmissor de densidade, para corrigir a densidade do gás. • Opcionalmente, também pode-se receber o sinal de pulsos dos medidores tipo ultrassônico e turbina para totalização da vazão. 45 Para medidores de pressão diferencial todas as contagens devem ser totalizadas. A quantidade volumétrica nas condições de medição deve ser calculada e a somatória executada, no mínimo em um intervalo equivalente à unidade de tempo. O projeto de norma da ABNT 04:005.10-023, de Março de 2002, estabelece: • Os elementos necessários e a formulação dos algoritmos tanto para o cálculo da medição através de diferencial de pressão, como também para medidores lineares. A composição dos algoritmos estabelecem sistemáticas de amostragem, metodologias de cálculo e técnicas de estabelecimento de valores médios representativos. Cada elemento constituinte do algoritmo é aplicável à determinada equação de vazão, no entanto, a formulação global do algoritmo é estabelecida de maneira a assegurar confiabilidade a um sistema de medição de gás. Ao aplicar estes métodos à medição através de placa de orifício. as equações de vazão apropriadas são encontradas na última revisão da API NPMS, capítulo 14.3 , parte 1 a parte 4; • Que a frequência mínima de amostragem para qualquer variável dinâmica é de uma vez a cada segundo; • Que uma vazão mínima de corte para medição pela pressão diferencial deve ser estabelecida contratualmente entre as partes envolvidas tomando como base a realidade das condições operacionais; • As fórmulas para se detectar as quantidades de fluido medidos, além da forma de disponibilização das informações; • As formas de registro e de realização de auditorias das informações processadas. Esse registro deve conter a data e hora das medições, o tipo de algoritmo de cálculo utilizado, o registro de alterações no algoritmo, dados da placa de orifício e da tubulação, além das informações do fluido; • As instalações dos equipamentos de medição; • A frequência e os procedimentos de calibração dos instrumentos. 46 Figura 26 - Exemplo de computador de vazão instalado em painel. Existem diversos fabricantes que produzem computadores de vazão, entre eles a Smar Equipamentos Industriais Ltda. (com sua linha FC302) e a Emerson Eletric Co. (com sua linha Floboss™). O objetivo de ambas é o mesmo, coletar as informações dos sensores do campo, fazer os cálculos de vazão com compensação e cálculo de incerteza, elaborar relatórios e permitir segurança contra alterações não autorizadas em seu código. O FC302, computador de vazão da Smar, possui, entre outras, as seguintes vantagens: • Compatível com todos os métodos de medição (pressão diferencial, coliolis, turbina, ultrassônico, etc.); • Pode controlar o processo (válvulas e atuadores); • Possui registro de atividades, podendo identificar usuários e níveis de acesso; • Pode se comunicar através de Foundation Fieldbus, Modbus, Ethernet ou Hart; 47 • Realiza medições de líquidos e gases com compensação; • Capacidade de criar relatórios em acordo com as normas API 21.1 e API 21.2; • Pode detectar falha de leitura dos instrumentos; • Possui hardware modular, quer dizer, ele é instalado em chassi que pode incorporar outros computadores ou outros controladores para receber a quantidade de malhas de controle e de medição adequadas, podendo, através apenas da compra de cartões extras, ampliar sua capacidade. A figura abaixo mostra um exemplo de montagem do computador de vazão da Smar com 2 racks, 1 fonte de alimentação, 1 móduloprocessador (FC302) e 6 módulos de entrada e saída para receber as informações e controlar os instrumentos de campo. Ele ainda pode conter toda a gama de módulos para o controlador LC700 com E/S discretas e analógicas, barreiras de segurança intrínsecas, fontes de alimentação e módulos de conversão de sinal (Hart/Foundation Fieldbus, por exemplo). Figura 27 - Modelo do computador de vazão da Smar. [30] A Emerson, por sua vez, possui uma ampla gama de opções de computadores de vazão da linha Floboss, entre eles destacam-se o Floboss 103 e o Floboss 407. 48 O Floboss 103 é o computador de vazão mais “simples” da linha da Emerson, isso porque ele permite apenas a medição de uma malha de vazão de gás por pressão diferencial, porém é o mais econômico e prático, visto que ele é muito parecido com um transmissor de vazão mutivariável, quer dizer, ele possui as seguintes características: • Ele é compacto; • Possui invólucro em alumínio e é a prova de explosão (deve ser instalado junto ao processo); • Possui sensores para medir a pressão diferencial e a pressão estática; • Possui entrada para as informações da termorresistência via 2 ou 3 fios; • Possui microcontrolador de 32 bits; • Possui conexão para alimentação via painel solar; • Possui comunicação via protocolo RS-232 ou RS-485; • Possui visor de cristal líquido para visualização local; • Efetua cálculo de vazão de acordo com a norma AGA-8; • Possui registro de alarmes e eventos e arquivos as informações por até 60 dias; • Possui controle de energia para economizar bateria; • E o nível de acesso do usuário é configurável. Figura 28 - Computador de vazão Floboss™ 103 da Emerson. [31] 49 Entretanto o Floboss 407 é um computador de vazão com as funções parecidas com o 103, mas que possui como diferenças sua estrutura física em forma de caixa, a possibilidade de interligar até 4 medidores de vazão, pode fazer a medição de vazão a partir de medidores tipo turbina utilizando a norma AGA 8 (dependendo da versão) e possui maior capacidade de armazenamento . Figura 29 - Floboss 103 da Emerson/Fisher. [32] 50 7. PROJETANDO A EMED A estrutura sequencial de um projeto de instrumentação consiste de etapas a serem cumpridas de acordo com a evolução do projeto. Estas etapas podem ser visualizadas no fluxograma mostrado a seguir: [14] Figura 30 - Estrutura de um projeto de instrumentação. [14] Será detalhada apenas etapas referentes à concepção do projeto da EMED (Projeto básico e projeto executivo). Devido ao enorme volume de documentos gerados em um projeto, é necessário existir um sistema para manter o controle e rastreabilidade destes papéis. Além de controlar os desenhos e documentos criados, faz-se necessário controlar as revisões destes documentos. Muitos dos desenhos foram iniciados na fase preliminar do projeto e serão modificados na fase de detalhamento da engenharia, o que prova que nenhum documento é realmente um documento final. Um sistema de controle de documentação pode ser simples ou complexo, porém recomenda-se que o mesmo seja o mais descomplicado possível. Será necessário criar um sistema que contemple as seguintes informações relacionadas ao documento : [14] • Número • Título • Tipo • Tamanho • Data de criação • Data de Revisões • Nota das revisões 51 7.1 PROJETO BÁSICO O projeto básico detalha o projeto para análise, quer dizer, define todo o processo, determina-se o layout e lista-se os equipamentos e instrumentos. Para a instrumentação, os documentos mais importantes a serem desenvolvidos nesta fase são: • Critérios de projeto (projeto conceitual) • Fluxograma de engenharia • Folha de dados do processo • Lista de instrumentos • Memorial descritivo • Matriz de causa e efeito • Arquitetura de Automação 7.1.1 Critérios do Projeto Neste projeto será utilizado o medidor do tipo diferencial de pressão utilizando placa de orifício, pois este é o método mais barato e mais usado no mundo, apesar das tecnologias de ultrassom e turbina estarem se popularizando e exigirem menor gasto ao se calcular suas especificações. Será usado uma arquitetura com dois tramos de medição igualmente montados para possibilitar uma redundância de medidores, muito necessário caso algum instrumento apresente defeito e a medição não pode ser interrompida, fazendo o procedimento para desviar o fluxo para o tramo de medição que esteja funcionando corretamente até que o outro seja consertado. Os dados de processo gerados nos documentos são hipotéticos, mas baseiam-se em processos reais. Essa EMED será composta por duas partes: 52 • A primeira será composta por válvulas responsáveis por regular a pressão e a vazão no medidor de vazão. Esta unidade de regulagem e condicionamento do gás a ser medido é chamada de Estação de Redução de Pressão (ERP). Ela é composta por: 1 - Válvula de Bloqueio: É o elemento inserido em pontos estratégicos da rede, com o objetivo de propiciar o isolamento de uma parte deste sistema, para que possa ser efetuada a sua manutenção ou facilitar a drenagem de impurezas acumuladas. Tipos de válvulas utilizados: Válvula Tipo Esfera, Válvula Tipo Macho, Válvula Tipo Globo e Válvula Tipo Borboleta. 2 - Filtro e Coletor de Líquidos O filtro tem como função primordial reter as partículas sólidas em suspensão e o vaso coletor aprisionar as substâncias liquefeitas, que são purgadas manualmente para o ambiente. 3 - Válvula de Bloqueio Automático: É um dos dispositivos de proteção recomendado pela norma, que atua rapidamente caso ocorra uma anormalidade no setor em que se encontra instalado, decorrente do aumento excessivo da pressão (falha no regulador de pressão) ou do aumento exagerado do fluxo de gás (rompimento da tubulação). 4 - Válvula Reguladora de Pressão: Esta válvula é utilizada para manter os níveis de pressão dentro de uma faixa satisfatória, e similarmente a válvula de bloqueio automática, pode ser acionada diretamente ou por piloto. No acionamento direto, o grau de abertura da válvula, é obtido pelo equilíbrio obtido entre as forças que atuam no conjunto mola-diafragma, 53 quanto maior a pressão menor a abertura, o que compatibiliza o fluxo do gás passante com a demanda deste combustível. O piloto é um dispositivo secundário que permite um controle mais preciso do perfil da pressão. 5 - Válvula de Alívio de Pressão e de Segurança: A válvula de alívio de pressão normalmente é aplicada como retaguarda para a válvula de bloqueio automático, pois a sua graduação de atuação é superior a de atuação desta. A válvula de segurança tem uma função similar ao de alívio de pressão, ou seja, a de atuar quando um determinado nível de pressão pré-estabelecido é ultrapassado, diferindo somente pela vazão de escoamento. Na válvula de segurança esta vazão é superior, pois somente fecha caso a pressão diminua para um valor abaixo do disparo, enquanto que na válvula de alívio é restabelecida assim que a pressão retorne ao valor de disparo. 6 - Válvula de Retenção: É adotada em Estação Reguladora de Pressão que possui a configuração By Pass, para permitir que haja a seletividade entre as válvulas de bloqueio. Figura 31 - Configuração de ERP. [22] 1 3 5 4 6 2 54 • A segunda será composta especificamente pelos instrumentos de vazão e compensação da medição do gás. Ela é composta por: válvulas de bloqueio, transmissoresde pressão (PT) para a compensação da pressão estática, transmissores de temperatura (TT) para compensação da temperatura do gás, placa de orifício (FT) para gerar a pressão diferencial que será medida pelo transmissor de pressão diferencial (PDT). Figura 32 - Configuração da EMED. Como apenas a EMED é escopo deste projeto, a Estação de Redução de Pressão não será detalhada. Apenas a Estação de Medição terá seu detalhamento aplicado neste projeto. 7.1.2 Fluxograma de Engenharia O fluxograma de engenharia inclui detalhes do processo e dos equipamentos incluindo todos os tubulações, motores, válvulas, instrumentos para controle, e seus respectivos tags (identificações). As malhas de controle são mostradas de forma detalhada indicando a instrumentação de campo e de painel (local ou remota). A simbologia usada no fluxograma deverá estar de acordo com a norma ISA 5.1. O fluxograma deste projeto encontra-se no Apêndice A. 55 7.1.3 Folha de Dados de Processo As folhas de dados de processo são fundamentais para a correta seleção e dimensionamento dos instrumentos. Ela deve ser elaborada em formulários padronizados e devem conter o tipo de serviço, condições mínimas, normais e máximas das principais variáveis (pressão, vazão, temperatura, etc.), condições de alarme, segurança, salinidade, características químicas e físicas dos materiais, etc. Abaixo temos um modelo de folha de dados de processo de temperatura. As folhas de dados normalmente são gerados em folhas de formato A4. No Apêndice B estão as folhas de dados de processo dos instrumentos deste projeto (instrumentos de temperatura, pressão e vazão) e foram elaboradas prevendo um hipotético sistema fiscal de medição de gás. Lembrando que os instrumentos na Estação de Redução de Pressão não serão especificadas visto que não é parte do escopo deste projeto. 7.1.4 Listas de Instrumentos Uma Lista de Instrumentos tem a função de referenciar e ordenar todos os instrumentos de uma planta industrial, ordenando suas identificações e fazendo referencia aos documentos que contém todas as informações que lhes são pertinentes: serviços, fluxograma, equipamentos ou linha onde estão instalados, desenhos dos detalhamentos de instalação elétrica, pneumática, de processo, diagrama de malha, planta de instrumentação, etc. O tamanho deste documento normalmente é do formato A3. Os instrumentos deverão ser grupados por variável e ordenados por malhas ou serviço que estão executando, seguindo a ordem numérica de identificação (tag). A lista de instrumentos do projeto está no Apêndice C. 7.1.5 Memorial Descritivo O memorial descritivo para instrumentação divide-se em dois: o memorial descritivo das malhas de controle e o memorial descritivo do sistema de instrumentação. 56 O Memorial Descritivo do Sistema de Instrumentação deve conter as informações que permitam o entendimento do projeto de instrumentação/automação como um todo, o escopo de fornecimento de materiais, equipamentos e serviços e a descrição dos diversos elementos dos sistemas de instrumentação, individualmente. O Memorial Descritivo das Malhas de Controle deve conter explicações sobre o objetivo e forma de funcionamento das malhas de controle, bem como explicitar as equações, parâmetros e algoritmos a serem ajustados nas funções envolvidas nestas malhas. Ambos os memoriais podem ser unidos em um único documento no formato A4. 7.1.6 Matriz de Causa e Efeito A matriz de causa e efeito deve mostrar o inter-relacionamento entre os eventos (causa) e as ações (efeito), que devem ocorrer de forma automática e controlada pelo sistema (SIS, SDCD etc.). Deve ser apresentado em uma forma matricial com as causas nas linhas e os efeitos nas colunas. A matriz de causa e efeito é criada a partir do Memorial Descritivo e é um dos principais documentos para a criação do diagrama lógico durante o desenvolvimento do projeto executivo, no futuro. Como foi dito anteriormente, ele é dividido em linhas e colunas. Nas linhas são identificados os sensores que irão transmitir as informações do processo, a descrição da variável que ele está transmitindo (“vazão alta”, “pressão baixa”, por exemplo), e o set de ajuste em que o processo deve ser atuado. Na coluna devem ser inseridos a identificação dos atuadores do processo (válvulas, bombas, etc.) bem como sua descrição (“liga bomba”, fecha válvula”, por exemplo). No centro da matriz deve ser assinalado o item em que há interrelação entre o sensor e o atuador. Quer dizer, no ponto de intercessão entre a linha do sensor e a coluna do atuador do processo, este será acionado ao se atingir o ponto de ajuste indicado para o sensor. A forma de atuação será descrita na coluna do atuador e melhor detalhada no diagrama lógico e no memorial descritivo. Além da atuação direta, pode-se descrever acionamentos temporizados e com retardo, além de lógicas de programação na matriz. Não se deve inserir ações 57 de alarme na matriz de causa e efeito. Neste projeto da EMED Fiscal não há elaboração de matriz de causa e efeito, visto que não há ações de controle automático. 7.1.7 Arquitetura de Automação A arquitetura de automação mostra, de forma pictográfica, os equipamentos de automação, sua localização física e a maneira que se interligam. Deve estar claro os tipos de rede, os meios de comunicação e os protocolos utilizados, bem como a especificação de equipamentos que já estão definidos (rádios, controladores, etc). Abaixo há um desenho que representa um modelo de arquitetura de sistema de automação. Figura 33 - Exemplo de arquitetura de sistema de medição. [30] Neste projeto serão utilizadas redes Foundation Fieldbus para interligar os instrumentos ao computador de vazão da Smar, o FC302, devido a ele ser mais flexível e permitir o controle posterior da unidade de controle e redução da pressão e da vazão do gás natural. 58 A rede Foundation Fieldbus foi escolhida por ser uma rede digital, amplamente utilizada em todo mundo, com diversas vantagens em relação às transmissões de dados analógicas, como: • Maior confiabilidade; • Maior número de funções dos instrumentos; • Menor custo de instalação do cabeamento; • Maior segurança, com as barreiras intrínsecas; • Maior velocidade no tráfego de dados, entre outros. Com relação a outras redes digitais, como a HART, por exemplo, a tabela abaixo mostra um comparativo: Tabela 2 - Comparativo entre rede Hart e Foundation Fieldbus. CARACTERÍSTICA HART FOUNDATION FIELDBUS Aceitação de Tecnologia Base instalada bastante numerosa. Fácil manutenção. Base instalada em crescimento. Comunicação 100 bits/s. No modelo H1 se comunica a 31.250 bits/s Diagnóstico Apenas do próprio dispositivo Do próprio dispositivo e dos outros da rede. Comunicação entre Dispositivos Não possui. Possui. Número de dispositivos conectados na rede (Max.) 15 teórico – 3 real. 32 teórico – 16 real. Barreira de Segurança Intrínseca Possui. Possui. Aplicações de controle avançado no campo Não suporta. Suporta blocos de funções. Plug and Play Não. Sim. 59 Quer dizer, no geral, a rede Foundation Fieldbus possui, tecnicamente, mais vantagens que a rede HART, em compensação, a rede HART possui uma base instalada de instrumentos bem maior e mais técnicos habilitados nesta tecnologia. Com relação à transmissão de dados analógica (4 a 20mA), a diferença é ainda maior visto que estes instrumentos devem ser ligados diretamente ao CLP, cada um individualmente. Isto causa um aumento grande no cabeamento usado para interligar os instrumentos. Outra
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