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Fotografia de microscopia óptica de neurónios em forma de pirâmide (a verde) que se desenvolvem a partir de uma rede fibrosa (a amarelo) no sistema nervoso central. O sistema nervoso é constituído pelo encéfalo, medula espinhal, ner- vos e receptores sensoriais. É res- ponsável pelas percepções senso- riais, pelas actividades da mente, pela estimulação dos movimentos dos mús- culos e pela estimulação da secreção de muitas glândulas. Por exemplo, quando um indivíduo esfomeado se prepara para beber uma tigela de sopa quente, cheira o seu aroma e antecipa o sabor da sopa. Sentindo o calor da tigela nas mãos, leva-a cuidadosamente até aos lábios e toma um pequeno gole. Como a sopa está tão quente que lhe “quei- ma” os lábios, afasta rapidamente a tigela e arfa com dor. Nenhuma destas sensações, pensamentos, emoções e movimentos seria possível sem o siste- ma nervoso. Este capítulo explica as funções do sistema nervoso (374), as divisões do sistema nervoso (374), as células do sistema nervoso (376), a organização do tecido nervoso (381), os sinais eléctricos (381), a sinapse (395) e as vias e circuitos neuronais (404). 11 C A P Í T U L O Organização Funcional do Tecido Nervoso Pa rt e 3 S is te m as d e In te gr aç ão e C on tr ol e Parte 3 Sistemas de Integração e Controle374 Funções do Sistema Nervoso Objectivo ■ Enumerar as principais funções do sistema nervoso. O sistema nervoso está envolvido de alguma maneira na maioria das funções orgânicas. Algumas das principais funções do sistema nervoso são: 1. Informação sensorial. Os receptores sensoriais monitorizam numerosos estímulos externos e internos, como a temperatura, o tacto, o paladar, o olfacto, o som, a pressão arterial, o pH dos líquidos corporais e a posição relativa das partes do corpo. 2. Integração. O encéfalo e a medula espinhal são os princi- pais órgãos processadores da informação sensorial e iniciadores de respostas. A informação pode produzir uma resposta imediata, ser armazenada como memória para uso posterior ou pode ser ignorada. 3. Homeostase. As actividades reguladoras e coordenadoras do sistema nervoso são necessárias para manter a homeostase. Os triliões de células do corpo humano não funcionam independentemente umas das outras, mas têm que trabalhar em conjunto para manter a homeostase. Por exemplo, as células cardíacas têm que se contrair a um ritmo que assegure o abastecimento adequado de sangue e as células do rim têm que regular o volume sanguíneo e remover os produtos de excreção. O sistema nervoso pode estimular ou inibir as actividades destas e outras estruturas, ajudando a manter a homeostase. 4. Actividade mental. O encéfalo é o centro das actividades mentais, incluindo a consciência, o pensamento, a memória e as emoções. 5. Controlo dos músculos e glândulas. Habitualmente, os músculos esqueléticos só se contraem quando estimula- dos pelo sistema nervoso e o sistema nervoso controla os principais movimentos do corpo pelo controlo do músculo esquelético. Alguns músculos lisos, como os da parede dos vasos sanguíneos, só se contraem quando estimulados pelo sistema nervoso ou por hormonas (ver o capítulo 18). O músculo cardíaco e alguns músculos lisos, como os da parede do estômago, contraem-se de forma autorrítmica. Isto é, não se torna necessária qualquer estimulação externa para ocorrer a contracção. Embora o sistema nervoso não inicie a contracção destes músculos, pode torná-la mais rápida ou mais lenta. Finalmente, o sistema nervoso controla as secreções de muitas glândulas, como as sudoríparas, as salivares e as do tubo digestivo. 1. Enumere as funções gerais do sistema nervoso, e dê exemplos. Divisões do Sistema Nervoso Objectivo ■ Enumerar as divisões do sistema nervoso e descrever as características de cada uma delas. Nos seres humanos existe apenas um sistema nervoso, em- bora algumas das suas subdivisões sejam designadas como siste- mas separados (figura 11.1). Assim o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico são subdivisões do sistema nervoso e não sistemas orgânicos isolados, como o nome pode sugerir. O sistema nervoso central (SNC) consiste no encéfalo e medula espinhal, que são protegidos pelos ossos que os rodeiam. O encéfalo localiza-se no interior da caixa craniana e a medula es- pinhal aloja-se no interior do canal raquidiano, formado pelas vértebras (ver o capítulo 7). O encéfalo e a medula espinhal es- tão em continuidade um com o outro através do buraco occipital. O sistema nervoso periférico (SNP) é exterior ao sistema nervoso central. Consiste em receptores sensoriais, nervos, gânglios e plexos. Os receptores sensoriais são terminações de Nervos raquidianos Nervos cranianos Sistema nervoso periférico Encéfalo Medula espinhal Sistema nervoso central Figura 11.1 Sistema Nervoso O SNC é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal. O SNP consiste em nervos cranianos, que nascem do encéfalo, e nervos raquidianos, que nascem da medula espinhal. Os nervos, que aqui aparecem seccionados, estendem-se de facto por todo o corpo. Capítulo 11 Organização Funcional do Tecido Nervoso 375 células nervosas, ou células isoladas, especializadas, que detec- tam a temperatura, dor, tacto, pressão, luz, som, odores e outros estímulos. Os receptores sensoriais localizam-se na pele, múscu- los, articulações, órgãos internos e órgãos sensoriais especializa- dos como os olhos e os ouvidos. Os nervos são feixes de axónios, com as suas bainhas, que ligam o SNC aos receptores sensoriais, músculos e glândulas. Doze pares de nervos cranianos têm ori- gem no encéfalo, e 31 pares de nervos raquidianos têm origem na medula espinhal (ver a figura 11.1). Os gânglios (do grego nó) são aglomerações de corpos celulares neuronais localizadas no exterior do SNC. Os plexos são extensas redes de axónios e, em alguns casos, também de corpos celulares neuronais, locali- zadas no exterior do SNC. O SNP compreende duas subdivisões. A divisão aferente ou sensorial transmite sinais eléctricos, chamados potenciais de acção, dos receptores sensoriais ao SNC. Os corpos celulares destes neurónios encontram-se nos gânglios localizados junto da medula espinhal (figura 11.2a) ou junto da origem de deter- minados nervos cranianos A divisão eferente ou motora, trans- mite os potenciais de acção do SNC aos órgãos efectores, como os músculos e glândulas. A divisão motora do sistema nervoso divide-se em siste- ma nervoso somático e sistema nervoso autónomo (SNA) por vezes designado por vegetativo (SNV). O sistema nervoso somático motor transmite os potenciais de acção do SNC aos músculos esqueléticos (figura 11.2b). Os músculos esqueléticos são controlados voluntariamente pelo sistema nervoso somático. Os corpos celulares dos neurónios somáticos motores localizam- se dentro do SNC e os seus axónios estendem-se através dos ner- vos até formarem sinapses com as células musculares esqueléticas. Sinapse é a junção de uma célula nervosa com outra célula. As junções neuromusculares, que são sinapses entre neurónios e células musculares esqueléticas, foram estudadas em pormenor no capítulo 9. As células nervosas também formam sinapses com outras células nervosas ou com células do músculo liso, do mús- culo cardíaco ou células glandulares. O SNA transmite os potenciais de acção do SNC ao mús- culo liso, ao músculo cardíaco e a certas glândulas. O controlo subconsciente ou involuntário do músculo liso, do músculo car- díaco ou das glândulas depende do SNA. O SNA tem dois con- juntos de neurónios sequenciais colocados entre o SNC e os ór- gãos efectores (figura 11.2c). Os corpos celulares do primeiro destes neurónios estão no interior do SNC e enviam os seus axónios para gânglios autónomos, ou autonómicos, onde se lo- calizam os corpos celulares do segundo neurónio.As sinapses existem entre o primeiro e segundo neurónios no interior do gânglio autónomo, e os axónios dos segundos neurónios esten- dem-se do gânglio autónomo para os órgãos efectores. O SNA subdivide-se em simpático e parassimpático e sis- tema nervoso entérico. Em geral o simpático, quando activado, prepara o corpo para a acção, enquanto o parassimpático regu- la o repouso ou as funções vegetativas, como digerir os alimen- tos ou esvaziar a urina da bexiga. O sistema nervoso entérico consiste em plexos localizados na espessura da parede do tubo digestivo (ver a figura 24.4). Embora o sistema nervoso entérico seja capaz de controlar o tubo digestivo independentemente do SNC, ele é considerado parte do SNA por causa dos neurónios Figura 11.2 Divisões do Sistema Nervoso Periférico (a) Divisão sensorial. Neurónio com o corpo celular num gânglio da raiz dorsal. (b) Sistema nervoso somático. O neurónio estende-se desde o SNC ao músculo esquelético. (c) Sistema nervoso autónomo. Há séries de dois neurónios entre o SNC e as células efectoras (músculo liso ou glândulas). O primeiro neurónio tem o corpo celular no SNC e o segundo neurónio tem o corpo celular num gânglio autonómico. Raiz dorsal do nervo raquidiano Gânglio da raiz dorsal Neurónio sensorial Nervo raquidiano Medula espinhal Receptor sensorial Músculo esquelético Intestino grosso Neurónio motor Medula espinhal Nervo raquidiano Raiz ventral do nervo raquidiano Medula espinhal Primeiro neurónio motor Segundo neurónio motor Órgão efector (por ex., músculo liso) Nervo raquidiano Gânglio autonómico (a) (b) (c) Parte 3 Sistemas de Integração e Controle376 simpáticos e parassimpáticos que contribuem para a constitui- ção dos seus plexos. Ver nos capítulos 16 e 24 mais detalhes so- bre o sistema nervoso entérico. A parte sensorial do SNP funciona primariamente para detectar os estímulos e transmitir informação sob forma de po- tenciais de acção ao SNC (figura 11.3). O SNC é o mais impor- tante local de processamento da informação, iniciação da res- posta e integração dos processos mentais. É análogo a um com- putador altamente sofisticado, com a capacidade de receber in- formação, processar e armazenar essa informação e gerar res- postas. A divisão motora do SNP conduz potenciais de acção do SNC para os músculos e glândulas. 2. Defina SNC e SNP. 3. O que é o receptor sensorial, o nervo, o gânglio e o plexo? 4. Com base na direcção em que transmitem os potenciais de acção, quais são as duas subcategorias do SNP? 5. Com base nas estruturas a que se destinam, quais são as duas subcategorias da divisão motora? 6. Onde estão localizados os corpos celulares dos neurónios sensoriais, somáticos motores e autonómicos? O que é uma sinapse? 7. Quais são as subcategorias do SNA? 8. Compare as funções gerais do SNC e do SNP. Estímulo (input) Resposta (output) SNP Receptores sensoriais, nervos, gânglios e plexos SNC Encéfalo e medula espinhal Processamento e integração da informação, iniciação das respostas, actividade mental A divisão sensorial transmite potenciais de acção da periferia A divisão motora transmite potenciais de acção à periferia Sistema nervoso somático motor Músculo esquelético Sistema nervoso autónomo Músculo cardíaco, músculo liso e glândulas Células do Sistema Nervoso Objectivos ■ Descrever a estrutura dos neurónios e os seus diferentes tipos. ■ Descrever os diferentes tipos de células gliais. ■ Comparar a estrutura e função dos axónios mielinizados e não mielinizados. O sistema nervoso é constituído por neurónios e células não neuronais. Os neurónios recebem estímulos e conduzem potenciais de acção. As células não neuronais são designadas por neuróglia, (cola dos nervos) nevróglia ou células gliais e dão suporte e protecção aos neurónios e desempenham outras fun- ções. Neurónios Os neurónios, ou células nervosas, recebem estímulos e trans- mitem potenciais de acção para outros neurónios ou para os ór- gãos efectores. Organizam-se de modo a formar redes comple- xas que desempenham as funções do sistema nervoso. Cada neurónio consiste em um corpo celular e dois tipos de pro- longamentos (figura 11.4). O corpo celular designa-se por cor- po celular neuronal ou soma (corpo), e os prolongamentos Figura 11.3 Organização do Sistema Nervoso A divisão sensorial do sistema nervoso periférico (SNP) detecta estímulos e transporta potenciais de acção ao sistema nervoso central (SNC). O SNC interpreta a informação que chega e inicia potenciais de acção que são conduzidos através da divisão motora, de modo a produzir uma resposta. A divisão motora subdivide-se em sistema nervoso somático e sistema nervoso autónomo. Capítulo 11 Organização Funcional do Tecido Nervoso 377 denominam-se dendritos (árvore), o que sublinha a sua dispo- sição ramificada, e axónios (eixo), o que se refere ao alinhamen- to rectilíneo e diâmetro uniforme da maioria dos axónios. Os axónios são também designados por fibras nervosas. Corpo Celular Neuronal Cada corpo celular neuronal contém um núcleo único, relativa- mente grande e centrado, com um nucléolo proeminente. O núcleo é rodeado por um retículo endoplásmico rugoso e por aparelhos de Golgi desenvolvidos, estando ainda presente um número moderado de mitocôndrias e outros organitos. Gotículas de lípidos e pigmentos de melanina acumulam-se, dispostas ao acaso, no citoplasma de alguns corpos celulares neuronais. As gotículas de lípidos e os pigmentos de melanina aumentam com a idade, mas o seu significado funcional não é conhecido. Nu- merosos filamentos intermédios (neurofilamentos) e microtú- bulos dispõem-se em feixes que cruzam o citoplasma em todas as direcções. Os neurofilamentos delimitam áreas de retículo endoplásmico rugoso designadas por substância cromatófila ou corpos de Nissl. A presença de organitos como o retículo endoplásmico rugoso indica que o corpo celular neuronal é o local privilegiado de síntese das proteínas nos neurónios. E X E R C Í C I O Prever o que se vai passar quando um axónio lesado perde o contacto com o corpo celular neuronal. Explicar a sua previsão. Dendritos Os dendritos são extensões citoplasmáticas regra geral curtas, muitas vezes altamente ramificadas, que se vão afunilando des- de as respectivas bases, situadas no corpo celular neuronal, até às extremidades (ver a figura 11.4). A superfície de muitos dendritos tem pequenas extensões, chamadas espinhas dendríticas, que formam sinapses com os axónios de outros neurónios. Os dendritos são o local de entrada da informação (input) no neurónio. Quando estimulados, geram pequenas correntes eléc- tricas que são conduzidas para o corpo celular. Axónios Na maioria dos neurónios, um único axónio emerge de uma área alargada do corpo celular neuronal designada por cone de im- plantação. O começo do axónio chama-se segmento inicial. O axónio pode conservar-se como uma estrutura singular, ou ra- mificar-se de modo a formar axónios colaterais ou ramos late- rais (ver a figura 11.4). Cada axónio tem um diâmetro constante e pode variar de comprimento desde poucos milímetros a mais de 1 m. O citoplasma do axónio chama-se axoplasma e a sua membrana celular designa-se por axolema (lemma quer dizer bainha). Os axónios terminam-se através de uma ramificação (telodendron) em prolongamentos curtos, que se alargam na sua extremidade, chamados terminais pré-sinápticos ou bo- tões terminais. Estão presentes nos terminais pré-sinápticos numerosas vesículas pequenas que contêm neurotransmissores. Os neurotransmissores são substâncias químicas libertadas do terminal pré-sináptico e que atravessam a sinapse para estimular ou inibir a célula pós-sináptica. Funcionalmente, os potenciais de acção são gerados na zona de gatilho, que consiste no cone de Figura 11.4 Neurónio Estruturalmente,um neurónio é constituído por um corpo celular e dois tipos de prolongamentos celulares: dendritos e um axónio. Corpo celular neuronal (soma) Dendritos Axónio Célula de Schwann Nódulo de Ranvier Botões terminais (terminais pré-sinápticos) Axónio colateral Bainha de mielina da célula de Schwann Aparelho de Golgi Mitocôndria Nucléolo Núcleo Corpos de Nissl Espinha dendrítica Cone de implantação Parte 3 Sistemas de Integração e Controle378 implantação e na parte do axónio mais próxima do corpo celu- lar. Os potenciais de acção são conduzidos ao longo do axónio para o terminal pré-sináptico, onde estimulam a libertação de neurotransmissores. Existem mecanismos de transporte nos axónios que são capazes de mover as proteínas do citoesqueleto (ver o capítulo 3), organitos como as mitocôndrias, e vesículas que contêm neuro-hormonas a serem segregadas (ver o capítulo 17), ao lon- go do axónio até aos terminais pré-sinápticos. Além disso, organitos danificados, membrana celular reciclada e substâncias obtidas por endocitose podem ser transportadas em sentido re- trógrado, através do axónio em direcção ao corpo celular. Em- bora o movimento de materiais ao longo do axónio seja neces- sário ao seu funcionamento normal, ele proporciona também uma via de transporte de agentes infecciosos e substâncias pre- judiciais, da periferia para o SNC. Por exemplo, os vírus da raiva e do herpes penetram nas terminações axonais da pele lesada e são transportados para o SNC. 9. Compare as funções da nevróglia e dos neurónios. 10. Descreva e indique as funções do corpo celular neuronal, dos dendritos e do axónio. 11. Defina zona de gatilho e neurotransmissor. Tipos de Neurónios Os neurónios classificam-se segundo a sua função, ou segundo a sua estrutura. A classificação funcional considera a direcção em que são conduzidos os potenciais de acção. Os neurónios aferentes ou sensoriais conduzem os potenciais de acção para o SNC e os neurónios eferentes ou motores conduzem os po- tenciais de acção do SNC para os músculos ou glândulas. Os neurónios de associação, ou interneurónios, conduzem os po- tenciais de acção de um neurónio para outro, dentro do SNC. A classificação estrutural baseia-se no número de prolon- gamentos que saem do corpo celular neuronal. Os três tipos de neurónios são: multipolares, bipolares e unipolares. Os neurónios multipolares têm numerosos dendritos e um único axónio. Os dendritos variam em número e no grau de ramificação (figura 11.5a). A maioria dos neurónios do SNC e os neurónios motores são multipolares. Os neurónios bipolares têm dois prolongamentos, um dendrito e um axónio (figura 11.5b). O dendrito especializa-se muitas vezes na recepção de estímulos, e o axónio conduz os potenciais de acção para o SNC. Os neurónios bipolares locali- zam-se em alguns órgãos sensoriais, como a retina, no olho, e a cavidade nasal. Os neurónios ditos unipolares são, em verdade, pseudo- unipolares; têm um prolongamento (figura 11.5c) que rapida- mente se divide em dois ramos, um axonal (que se dirige para o SNC) e um periférico, que se estende para a periferia onde se ramifica em receptores sensoriais de modo semelhante aos dendritos. Os dois ramos funcionam como um único axónio. Os receptores sensoriais periféricos respondem aos estímulos, ge- rando potenciais de acção que são conduzidos pelo axónio até ao SNC. O ramo de um neurónio pseudo-unipolar que se esten- de da periferia até ao corpo celular neuronal conduz os potenciais de acção para este corpo celular e, de acordo com a definição funcional do dendrito, pode ser classificado como um dendrito. No entanto, esse ramo é geralmente designado por axónio, por duas razões: não se pode distinguir de um axónio com base na sua estrutura e conduz potenciais de acção da mesma forma que o axónio. Dendrito Dendrito Corpo celular Axónio Para o sistema nervoso central Para o sistema nervoso central Axónio Axónio Receptores sensoriais Corpo celular Corpo celular Figura 11.5 Tipos de Neurónios (a) O neurónio multipolar tem muitos dendritos e um axónio. (b) O neurónio bipolar tem um dendrito e um axónio. (c) O neurónio unipolar ou pseudo-unipolar tem, aparentemente, apenas um único prolongamento. (a) (b) (c) Capítulo 11 Organização Funcional do Tecido Nervoso 379 Prolongamentos em forma de pé (foot processes) Capilar Astrócito Figura 11.6 Astrócitos Os prolongamentos astrocitários formam pés que cobrem as superfícies dos neurónios e vasos sanguíneos. Os astrócitos dão suporte estrutural e desempenham um papel na regulação de quais as substâncias do sangue que atingem os neurónios. substâncias tóxicas que existam no sangue, permite a troca de nutrientes e produtos de catabolismo entre os neurónios e o san- gue, e evita que as flutuações na composição do sangue afectem o funcionamento do encéfalo. Os astrócitos ajudam também a regular a composição do líquido intersticial, pois regulam a con- centração de iões e gases e absorvem e reciclam os neurotrans- missores. Células Ependimárias As células ependimárias pavimentam os ventrículos (cavi- dades) do encéfalo e o canal central (virtual) da medula es- pinhal (figura 11.7a) (canal ependimário). Conjuntos de células ependimárias especializadas, associadas a vasos san- guíneos, formam os plexos coroideus (figura 11.7b), que se localizam em determinadas regiões dos ventrículos. Os plexos coroideus segregam o líquido cefalorraquidiano, que circula através dos ventrículos do encéfalo (ver o capítulo 13). A su- perfície livre das células ependimárias tem muitas vezes zo- nas providas de cílios, que auxiliam o movimento do líquido cefalorraquidiano através das cavidades ventriculares. As cé- lulas ependimárias têm também longos prolongamentos (que não estão representados na figura) na sua superfície basal, que se estendem profundamente para o interior do encéfalo e da medula espinhal. Parece, em alguns casos, terem funções semelhantes às dos astrócitos. Micróglia A micróglia é um conjunto de pequenas células, macrófagos especializados do SNC, que se tornam móveis e fagocitárias em resposta à infecção, fagocitando tecido necrótico, micror- ganismos e substâncias estranhas que invadam o SNC (figu- ra 11.8). Figura 11.7 Células Ependimárias (a) As células ependimárias ciliadas que atapetam um ventrículo encefálico ajudam a mover o líquido cefalorraquidiano. (b) As células ependimárias à superfície do plexo coroideu segregam líquido cefalorraquidiano. Cílios Células ependimárias Células ependimárias 12. Descreva os três tipos de neurónios, com base na sua função. 13. Descreva os três tipos de neurónios com base na sua estrutura e dê um exemplo de onde se encontra cada um deles. Nevróglia do SNC A nevróglia é de longe muito mais numerosa que os neurónios e constitui mais de metade do peso encefálico. Consiste no con- junto mais importante de células de suporte do SNC, participa na formação da barreira hemato-encefálica (barreira de permea- bilidade entre o sangue e os neurónios), fagocita substâncias es- tranhas, produz líquido cefalorraquidiano e forma bainhas de mielina em torno dos axónios. Cada um dos 4 tipos de glia tem características estruturais e funcionais únicas. Astrócitos Os astrócitos (do grego estrela) são células gliais que devem a sua forma de estrela aos prolongamentos celulares que se esten- dem para fora do seu corpo. Os prolongamentos dos astrócitos estendem-se para, e cobrem, a superfície de vasos sanguíneos, neurónios (figura 11.6) e da piamáter. (A piamáter é uma mem- brana que recobre a superfície exterior do encéfalo e medula es- pinhal.) Os astrócitos têm um citosqueleto de microfilamentos muito desenvolvido (ver o capítulo 3), que os capacita para for- mar uma estrutura de suporte aos vasos sanguíneos e neurónios. Os astrócitosdesempenham um papel na regulação da com- posição do líquido extra-celular do encéfalo. Libertam substân- cias químicas que promovem a formação de tight junctions (ver o capítulo 4) das células endoteliais dos capilares. Estas células endoteliais, com as suas tight junctions, formam a barreira he- mato-encefálica, que determina quais as substâncias que podem passar do sangue para o tecido nervoso do encéfalo e da medula espinhal. A barreira hemato-encefálica protege os neurónios das Parte 3 Sistemas de Integração e Controle380 Oligodendrócitos Os oligodendrócitos têm prolongamentos do citoplasma que podem envolver os axónios (figura 11.9). Se os prolongamentos do citoplasma se enrolarem muitas vezes em torno dos axónios, formam bainhas de mielina. Um único oligodendrócito tem ca- pacidade para formar bainhas de mielina em redor de segmen- tos de vários axónios. Nevróglia do SNP Os neurilemócitos, ou células de Schwann, são células gliais do SNP que se enrolam em torno dos axónios. Se as células de Schwann se enrolarem muitas vezes em torno dos axónios, formam bainhas de mielina. Diferem no entanto dos oligodendrócitos porque cada neurilemócito forma uma bainha de mielina em torno de uma porção de um único axónio (figura 11.10). As células satélite, que são neurilemócitos especializados, rodeiam os corpos celulares neuronais nos gânglios, proporcio- nam suporte e podem proporcionar nutrientes aos corpos celu- lares neuronais (figura 11.11). Axónios Mielinizados e Não Mielinizados Os prolongamentos citoplasmáticos dos oligodendrócitos, no SNC, e das células de Schwann, no SNP, rodeiam os axónios de Micróglia e Lesão Encefálica Numerosas células da micróglia migram para áreas danificadas pela infecção, traumatismo ou acidente vascular cerebral (AVC) e actuam por fagocitose. Um anátomo-patologista pode identificar estas áreas danificadas do SNC durante a autópsia pela quantidade de micróglia aí encontrada. Célula da micróglia Figura 11.8 Micróglia A micróglia no sistema nervoso central é semelhante a macrófagos. Oligodendrócito Axónio Nódulo de Ranvier Bainha de mielina Figura 11.9 Oligodendrócito Prolongamentos do oligodendrócito formam as bainhas de mielina dos axónios no sistema nervoso central. Figura 11.10 Célula de Schwann O prolongamento da célula de Schwann forma a bainha de mielina de um axónio do sistema nervoso periférico. Núcleo da célula de Schwann Bainha de mielina Axónio Citoplasma da célula de Schwann modo a formar axónios mielinizados ou axónios não mieli- nizados. A mielina protege e isola electricamente os axónios uns dos outros. Além disso, os potenciais de acção propagam-se ao longo dos axónios mielinizados com maior rapidez do que ao longo dos axónios não mielinizados (ver “Propagação de poten- ciais de acção”, na p. 392). Nos axónios mielinizados, os prolongamentos dos oligodendrócitos ou neurilemócitos enrolam-se várias vezes em torno de um segmento de um axónio, de modo a formar um conjuntos de membranas dispostas em camadas muito aperta- das, ricas em fosfolípidos, com pequenas quantidades de cito- plasma intercaladas entre as camadas de membrana (figura 11.12a). As membranas, muito apertadas, formam a bainha de mielina, que confere aos axónios mielinizados um aspecto esbranquiçado, devido à sua elevada composição lipídica. A bai- nha de mielina não é contínua, pois apresenta interrupções es- paçadas de 0,3 a 1,5 mm. Nestes locais existem ligeiras constrições onde as bainhas de mielina de células adjacentes mergulham para o axónio, mas sem o cobrir, deixando uma área livre de 2–3 µm Capítulo 11 Organização Funcional do Tecido Nervoso 381 de comprimento. Estas interrupções na bainha de mielina cha- mam-se nódulos de Ranvier, e as áreas cobertas de e as áreas de mielina entre os nódulos chamam-se internódulos. Os axónios não mielinizados apoiam-se em invaginações dos oligodendrócitos ou das células de Schwann (figura 11.12b). A membrana celular envolve cada axónio, mas não se enrola vá- rias vezes em torno dele. Por isso cada axónio é rodeado por uma série de células, e cada célula pode rodear simultaneamente mais de um axónio não mielinizado. 14. Que tipo de nevróglia suporta os neurónios e os vasos sanguíneos e promove a formação da barreira hemato- -encefálica? O que é a barreira hemato-encefálica e qual a sua função? 15. Indique as diferentes espécies de nevróglia responsáveis pelas seguintes funções: produção do líquido cefalorraquidiano, fagocitose, produção das bainhas de mielina do SNC, produção das bainhas de mielina do SNP, suporte dos corpos celulares neuronais no SNP. 16. Defina bainha de mielina, nódulo de Ranvier e internódulo. Quais as diferenças entre axónios mielinizados e não mielinizados? Organização do Tecido Nervoso Objectivo ■ Descrever a organização do tecido nervoso no SNC e no SNP. O tecido nervoso organiza-se de modo a que os axónios formem feixes e os corpos celulares neuronais e os seus dendritos, regra geral relativamente curtos, se disponham em grupos. Os feixes de axónios paralelos e as suas bainhas de mielina são esbranquiçados e designam-se por substância branca. Os con- juntos de corpos celulares neuronais e axónios não mielinizados são de cor mais acinzentada e designam-se por substância cin- zenta. Os axónios que contêm a substância nervosa do SNC for- mam os feixes nervosos, que propagam os potenciais de acção de uma área do SNC para outra. A substância cinzenta do SNC desempenha funções de integração ou actua como área de retransmissão, onde os axónios formam sinapses com os corpos celulares neuronais. A área central da medula espinhal é consti- tuída por substância cinzenta, e a superfície exterior da maior parte do encéfalo consiste em substância cinzenta designada por córtex. No interior do encéfalo existem outras aglomerações de substância cinzenta, os núcleos. No SNP, os feixes de axónios e suas bainhas formam ner- vos, que conduzem potenciais de acção para o e do SNC. A maio- ria dos nervos contém axónios mielinizados, mas alguns consis- tem em axónios não mielinizados. Os conjuntos de corpos celu- lares neuronais no SNP são designados por gânglios. 17. O que é a substância branca e a substância cinzenta? 18. Defina e indique a localização dos feixes nervosos, nervos, córtex, núcleos e gânglios. Sinais Eléctricos Objectivos ■ Verificar as diferenças de concentração existentes entre o líquido intracelular e o extracelular e explicar como ocorrem. ■ Descrever a forma como o potencial de repouso se estabele- ce e como pode ser alterado. ■ Explicar a produção de potenciais de acção e a sua propaga- ção ao longo dos axónios. Tal como os computadores, os seres humanos dependem de sinais eléctricos para comunicar e processar informação. Os Figura 11.11 Células Satélites Os corpos celulares neuronais nos gânglios estão rodeados por células satélites. Axónio Célula de Schwann Corpo celular neuronal Células satélites Axónios Célula de Schwann Nódulo de Ranvier Núcleo da célula de Schwann Axónio Bainha de mielina Figura 11.12 Comparação de Axónios Mielinizados e Não Mielinizados (a) Axónio mielinizado, em que duas células de Schwann formam a bainha de mielina em redor de um único axónio. Cada célula de Schwann rodeia parte de um axónio. (b) Axónio não mielinizado, em que duas células de Schwann rodeiam vários axónios, dispostos em paralelo. Cada célula de Schwann rodeia uma porção de vários axónios. Parte 3 Sistemas de Integração e Controle382 sinais eléctricos produzidos pelas células chamam-se potenciais de acção. Estes são meios importantes pelos quais as células trans- ferem informação de uma parte para outra do corpo. Por exem- plo, estímulos como a luz, o som e a pressão actuam sobre célu- las sensoriais especializadas no olho, ouvido e pele no sentido deproduzir potenciais de acção, que são conduzidos dessas células para a medula espinhal e encéfalo. Os potenciais de acção com origem no encéfalo e medula espinhal são conduzidos a múscu- los e a certas glândulas de modo a regular as suas actividades. A capacidade de ter percepção do meio que nos rodeia, de desempenhar actividades mentais complexas e de agir depende dos potenciais de acção. Por exemplo, a interpretação de poten- ciais de acção recebidos das células sensoriais resulta nas sensa- ções de visão, audição e tacto. Actividades mentais complexas, como o pensamento consciente, a memória e as emoções, resul- tam de potenciais de acção. A contracção muscular e a secreção de certas glândulas ocorrem em resposta a potenciais de acção aí gerados. O conhecimento básico das propriedades eléctricas das cé- lulas é necessário à compreensão das funções normais do orga- nismo e de muitas patologias. Estas propriedades resultam das diferentes concentrações iónicas através da membrana celular e das características de permeabilidade da membrana celular. Diferenças de Concentração Através da Membrana Celular O quadro 11.1 enumera as diferenças de concentração para os iões carregados positivamente (catiões) e iões carregados nega- tivamente (aniões) entre os fluidos intracelular e extracelular. A concentração em iões sódio (Na+) e cloro (Cl-) é muito maior no exterior do que no interior da célula. A concentração de iões potássio (K+) e de moléculas com cargas negativas, como as pro- teínas e outras moléculas que contêm fosfatos, é muito mais ele- vada no interior da célula do que no exterior. De notar que exis- te um acentuado gradiente de concentração (ver o capítulo 3) para o Na+ do exterior para o interior da célula, da mesma forma que existe um acentuado gradiente de concentração para o K+ do interior para o exterior da célula. As diferenças nas concentrações iónicas intracelulares e extracelulares resultam principalmente (1) da bomba de sódio- potássio e (2) das características de permeabilidade da membra- na celular. Bomba de Sódio e Potássio As diferenças das concentrações transmembranares dos iões K+ e Na+ são mantidas principalmente pela bomba de troca sódio- potássio, designada correntemente apenas por bomba de sódio (figura 11.13). Por transporte activo, a bomba desloca os iões K+ e Na+ através da membrana no sentido inverso dos seus gra- dientes de concentração. Os iões K+ são transportados para o interior da célula, aumentando a concentração de iões K+ den- tro da célula e os iões Na+ são transportados para fora da célula, aumentando no exterior da célula a concentração dos iões Na+. São transportados, aproximadamente, três iões Na+ para fora da célula e dois iões K+ para dentro da célula, por cada molécula de ATP utilizada. Concentrações Representativas dos Principais Catiões e Aniões nos Líquidos Extracelular e Intracelular dos Vertebrados Líquido Intracelular Líquido Extracelular Iões (mEq/l) (mEq/l) Quadro 11.1 Catiões (Positivos) Potássio (K+) 148 5 Sódio (Na+) 10 142 Cálcio (Ca2+) < 1 5 Outros 41 3 TOTAL 200 155 Aniões (Negativos) Proteínas 56 16 Cloro (Cl-) 4 103 Outros 140 36 TOTAL 200 155 Características de Permeabilidade da Membrana Celular Como se viu no Capítulo 3, a membrana celular tem permea- bilidade selectiva, pelo que permite que algumas, mas não todas, as substâncias passem através dela. As proteínas, de carga negati- va, sintetizadas no interior da célula, devido ás suas grandes di- mensões e características de solubilidade, não se podem difun- dir com facilidade através da membrana celular (figura 11.14). Os iões Cl-, carregados negativamente, são repelidos pelas proteí- nas de carga negativa e outros iões de carga negativa no interior da célula. Os iões Cl- difundem-se através da membrana celular e acumulam-se no seu exterior, o que resulta numa maior con- centração de Cl- no exterior da célula do que no seu interior. Os iões atravessam a membrana celular através dos canais iónicos. Os dois tipos principais de canais iónicos são os sem portão e os com portão. Canais Iónicos sem Portão Os canais iónicos sem portão, ou canais permeáveis, estão sem- pre abertos e são responsáveis pela permeabilidade iónica da membrana celular quando não estimulada, ou em repouso (ver a figura 11.14). Cada canal iónico é específico para um único tipo de iões, embora a especificidade não seja absoluta. A quan- tidade de cada tipo de canais sem portão na membrana celular determina as características de permeabilidade da membrana em repouso para os diferentes tipos de iões. A membrana celular é mais permeável aos iões K+ e Cl- e muito menos permeável aos iões Na+, porque existem na membrana celular muito mais ca- nais de K+ e Cl- sem portão do que canais de Na+ sem portão. Canais Iónicos com Portão Os canais iónicos com portão abrem e fecham em resposta a estímulos. Abrindo e fechando, estes canais podem alterar as ca- racterísticas de permeabilidade da membrana. Os principais ti- pos de canais iónicos com portão são: 1. Canais iónicos com portão de ligando. O ligando é uma molécula que se liga a um receptor. O receptor é uma Capítulo 11 Organização Funcional do Tecido Nervoso 383 proteína ou glicoproteína que tem um sítio receptor a que o ligando se pode unir. A maior parte dos receptores localizam-se na membrana celular. Os canais iónicos com portão de ligando abrem ou fecham em resposta à ligação de um ligando a um receptor. Por exemplo, o neurotransmissor acetilcolina libertado no terminal pré- sináptico de um neurónio é um ligando que se pode unir a um canal de Na+ com portão de ligando na membrana da célula muscular. Em consequência, o canal de Na+ abre, permitindo aos iões Na+ a entrada na célula (figura 11.15). Existem canais iónicos com portão de ligando para os iões Na+, K+, Ca2+ e Cl- e estes canais são comuns em tecidos como o nervoso e o muscular, bem como nas glândulas. 2. Canais iónicos com portão de voltagem. Estes canais abrem e fecham em resposta a pequenas alterações de voltagem através da membrana celular. Numa célula não estimula- da, o interior da membrana tem carga negativa em relação ao exterior. Esta diferença pode ser medida em unidades chamadas milivolts (mV; 1 mV = 1/1000 V). Quando a célula é estimulada, as diferenças de carga alteram-se, o que leva os canais com portão de voltagem a abrir ou fechar. Os canais com portão de voltagem específicos para o Na+ e para o K+ são muito numerosos em tecidos electricamente excitáveis, mas os canais de Ca2+ Líquido extracelular Citoplasma ATP ADP Desdobramento do ATP (libertação de energia)A molécula transportadora muda de forma (necessita de energia) Na+ Na+ Na+ K+ K+ K+ Sítio de ligação do ATP P A molécula transportadora reassume a forma original 1. Três iões Na+ e ATP ligam-se à molécula transportadora. 2. O ATP desdobra-se em ADP e fósforo e liberta energia. A molécula transportadora muda de forma e o Na+ é transportado através da membrana. 3. O Na+ difunde-se para longe da molécula transportadora, à qual se ligam dois iões K+, e o fósforo é libertado. 4. A molécula transportadora reassume a sua forma original, transportando o K+ através da membrana e este difunde-se, afastando-se da molécula transportadora, que pode ligar-se de novo ao Na+ e ATP. P (Processo) Figura 11.13 A Bomba de Sódio e Potássio Líquido extracelular Citoplasma K+ Proteínas carregadas negativamente Canais de K+ sem portão (sempre abertos) Canais de Cl– sem portão (sempre abertos) Canais de Na+ com portão (encerrados) Na+ Cl– Figura 11.14 Permeabilidade da Membrana e Canais Iónicos A permeabilidade da membrana aos iões K+ e Cl– é superior à sua permeabilidade aos iões Na+, porque alguns canais de K+ e de Cl– sem mecanismo deportão se mantêm abertos, enquanto que a maior parte dos canais de Na+, providos de mecanismo de portão, está encerrada. A membra- na não é permeável às proteínas carregadas negativamente do interior da célula, que são grandes demais para passar nos canais. Parte 3 Sistemas de Integração e Controle384 com portão de voltagem também são importantes, especialmente nas células do músculo liso e do músculo cardíaco (ver os capítulos 9 e 20). 3. Outros canais iónicos com portão. Existem canais iónicos com portão que respondem a estímulos diferentes das alterações de ligando e de voltagem em tecidos especiali- zados electricamente excitáveis. São exemplos os recepto- res tácteis, que respondem à estimulação mecânica da pele e os receptores da temperatura que respondem a alterações da temperatura da pele. 19. Descreva as diferenças de concentração dos iões Na+ e K+ que existem através da membrana celular. 20. Em que direcção, para dentro ou para fora das células, a bomba de sódio desloca os iões Na+ e K+? 21. Defina canais iónicos sem portão e com portão. De que forma são eles responsáveis pelas características de permeabilidade da membrana em repouso, por oposição à membrana estimulada? 22. Defina ligando, receptor e sítio receptor. 23. Que tipos de estímulos levam os canais iónicos com portão a abrir ou a fechar? Potencial de Repouso da Membrana Embora existam diferentes concentrações iónicas nos líquidos intracelular e extracelular, estes líquidos são quase electricamente neutros. Isto é, o líquido intracelular e o extracelular têm um número quase igual de iões carregados positiva e negativamente. No entanto, existe uma distribuição de carga desigual entre a região imediatamente adjacente ao interior e ao exterior da mem- brana celular. Esta diferença de carga eléctrica através da mem- brana, chamada diferença de potencial, pode ser medida entre o interior e o exterior de praticamente todas as células. Colocan- do a extremidade de um microeléctrodo no interior da célula e outro no seu exterior, e ligando-os por fios a um instrumento de medição adequado, como um voltímetro ou um osciloscópio, é possível medir a diferença de potencial (figura 11.16). A diferen- ça de potencial transmembranar das fibras dos músculos es- queléticos e das células nervosas é de -70 a -90 mV. A diferença de potencial é indicada por um número negativo, porque o inte- rior da membrana é negativo quando comparado com o seu ex- terior. Nas células não estimuladas, ou em repouso, a diferença de potencial através da membrana chama-se potencial de mem- brana em repouso ou simplesmente potencial de repouso. Estabelecer o Potencial de Repouso O potencial de repouso resulta das características de permea- bilidade da membrana em repouso e da diferença de concentra- ções de iões entre o líquido intracelular e extracelular. A mem- brana celular é parcialmente permeável aos iões K+, por causa Acetilcolina Sítio receptor da acetilcolina Canal de Na+ encerrado Na+ (a) O Na+ difunde-se através do canal aberto A acetilcolina liga-se aos sítios receptores Canal de Na+ aberto (b) Figura 11.15 Canais Iónicos com Portão de Ligando (a) O canal de Na+ tem sítios receptores para o ligando, a acetilcolina. Quando os sítios receptores não estão ocupados pela acetilcolina, os canais de Na+ permanecem encerrados. (b) Quando duas moléculas de acetilcolina se ligam aos seus sítios receptores no canal de Na+, este abre-se de forma a permitir que o Na+ se difunda através do canal para o interior da célula. – – – – – – – – – – – – – – – – Osciloscópio + + + + + + + + + + + + + + + + + + 0 –50 –90 mV Tempo Célula nervosa Célula nervosa Osciloscópio + + + + + + + + + + + + + + + + + + 0 –50 –90 – – – – – – – – – – – – – – – – mV Tempo – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – Figura 11.16 Medição do Potencial de Repouso (a) Tanto os eléctrodos de registo (agulhas) como os de referência (blocos) estão no exterior da célula e não há registo de diferença de potencial (0 mV). (b) O eléctrodo de registo está no interior da célula, o de referência no exterior e está registada uma diferença de potencial de cerca de –85 mV, sendo o interior da membrana celular negativo em relação ao seu exterior. (a) (b) Capítulo 11 Organização Funcional do Tecido Nervoso 385 dos canais de K+ sem portão. Por isso, os iões K+ positivamente carregados podem difundir-se, de acordo com o seu gradiente de concentração, do interior para o exterior da célula. As proteínas e outras moléculas carregadas negativamente não se podem di- fundir através da membrana celular juntamente com os iões K+. À medida que o K+ se difunde para o exterior da célula, a perda de carga positiva torna o interior da membrana celular mais ne- gativo. Como as cargas opostas se atraem, os iões K+ são atraí- dos de regresso à célula. O K+ acumula-se no exterior imediato da membrana celular, tornando-o positivo em comparação com o interior. Assim, a tendência dos iões K+ para se difundirem de uma zona de maior concentração, no interior da célula, para uma zona de menor concentração, no seu exterior, é contrariada pela diferença de carga eléctrica que se desenvolve através da mem- brana celular. O potencial de repouso é um estado de equilíbrio, porque o gradiente de concentração dos iões K+, que os leva a difundir-se para o exterior da célula, é igual à diferença de po- tencial através da membrana, que se opõe a este movimento (fi- gura 11.17). E X E R C Í C I O Sabendo que o tecido A tem significativamente mais canais de K+ sem portão que o tecido B, qual deles tem o maior potencial de repouso? Outros iões, como o Na+, o Cl– e o Ca2+, têm de facto uma pequena influência no potencial de repouso da membrana, mas a principal influência é a do K+. Como a membrana em repouso é 50-100 vezes menos permeável ao Na+ do que ao K+, são muito poucos os iões Na+ que se podem difundir do exterior para o interior da célula em repouso. A membrana em repouso tam- bém não é muito permeável ao Ca2+. A membrana celular é rela- tivamente permeável ao Cl–, mas estes iões carregados negativa- mente são repelidos pela carga negativa do interior da célula. Por isso o potencial de repouso é proporcional à tendência do K+ para se difundir para o exterior da célula e não ao fluxo real dos iões K+. Em equilíbrio, existe um movimento muito reduzido destes iões através da membrana celular, porque o movimento para fora da célula é contrariado pela carga negativa no interior da célula. Ainda assim, algum Na+ e K+ difundem-se continuamente através da membrana, embora em pequena quan- tidade. Os elevados gradientes de concentração para o Na+ e o K+ desapareceriam sem a actividade contínua da bomba de sódio. Como foi dito, a função da bomba de sódio é manter os gra- dientes de concentração normais para o Na+ e para o K+, através da membrana celular. A bomba também é responsável por uma pe- quena parte do potencial de repouso, habitualmente menos de 15 mV, porque transporta aproximadamente três iões Na+ para fora da célula e dois iões K+ para dentro da célula por cada molécula de ATP utilizada (ver a figura 11.13). O exterior da membrana tor- na-se mais positivamente carregado do que o interior, porque são mais os iões positivamente carregados que são levados para o exte- rior da célula do que os que são transportados para dentro dela. As características responsáveis pelo potencial de repouso estão resumidas no quadro 11.2. Modificação do Potencial de Repouso da Membrana O potencial de repouso da membrana pode ser afectado por al- terações no gradiente de concentração de iões K+, por altera- ções na permeabilidade da membrana celular aos iões K+ e Na+ e por alterações nas concentrações extracelulares do Ca2+. Em res- posta a cada uma destas situações,estabelece-se rapidamente um novo equilíbrio através da membrana celular. Os iões K+ difundem-se para o exterior da célula porque existe uma maior concentração de K+ no interior do que no exterior da célula. O potencial de repouso é estabelecido quando o movimento do K+ para fora da célula é igual ao seu movimento para o interior da célula. Os iões K+ difundem-se para o interior da célula porque os iões com carga positiva são atraídos pelas proteínas e aniões com carga negativa. Proteínas com carga negativa K+ K+ Figura 11.17 Iões de Potássio e Potencial de Repouso da Membrana Parte 3 Sistemas de Integração e Controle386 1. Gradiente de concentração dos iões K+. A concentração de K+ é maior no interior do que no exterior da célula. O aumento da concentração de iões K+ no exterior da célula diminui esta diferença de concentração e, por isso, diminui o gradiente de concentração de K+. Em conse- quência, verifica-se uma menor tendência para os iões K+ se difundirem para fora da célula e é necessária uma menor carga negativa no interior da célula para resistir à difusão de iões K+ para fora da célula. Uma vez estabele- cido um novo equilíbrio, diminui a diferença de cargas através da membrana celular e o potencial de membrana é menos negativo (figura 11.18a), alteração que se designa por despolarização ou hipopolarização do potencial de membrana em repouso. Isto é, o potencial transmembranar torna-se menor ou menos polarizado. Uma diminuição da concentração extracelular dos iões K+ aumenta a diferença de concentração entre o interior e o exterior da célula, aumentando assim o gradiente de concentração dos iões K+. Por isso aumenta a tendência desses iões para se difundirem para fora da célula e é necessária uma maior carga negativa no interior da célula para resistir à difusão de iões K+ para fora da célula. Assim o potencial de repouso torna-se mais negativo (figura 11.18b), alteração que se designa por hiperpolarização. Isto é, a diferença de potencial através da membrana celular torna-se maior ou mais polarizada. E X E R C Í C I O O potencial de repouso aumenta ou diminui quando aumenta a concentração intracelular de iões de potássio pela injecção na célula de uma solução de succinato de potássio? Explique. 2. Permeabilidade da membrana aos iões K+. Apesar de os canais de K+ sem portão permitirem a difusão de algum K+ através da membrana, a membrana em repouso não é livremente permeável aos iões K+. Se os canais de K+ com portão abrirem, aumenta a permeabilidade da membrana aos iões K+ e há uma maior difusão destes para fora da célula. O aumento da tendência do K+ para se difundir para fora da célula é contrariado por uma maior carga negativa que se desenvolve no interior da membrana (hiperpolarização). 3. Permeabilidade da membrana aos iões Na+. Numa célula não estimulada, a membrana não é muito permeável aos iões Na+, porque existem poucos canais de Na+ sem portão. Por causa desta fraca permeabilidade, as altera- ções na concentração de iões Na+ de cada lado da mem- brana celular não influenciam muito o potencial de repouso. Se os canais de Na+ com portão abrirem, au- Características Responsáveis Pelo Potencial de Repouso Quadro 11.2 1. Existe um número praticamente igual de moléculas e iões carrega- dos no interior e no exterior da célula. 2. Existe uma maior concentração de iões K+ no interior do que no exterior da célula e uma maior concentração de iões Na+ no exterior do que no interior da célula. 3. A membrana celular é 50 a 100 vezes mais permeável aos iões K+ do que a outros iões carregados positivamente, como os iões Na+. 4. A membrana celular é impermeável a grandes moléculas intracelulares carregadas negativamente, como as proteínas. 5. Os iões K+ tendem a difundir-se através da membrana, do interior para o exterior da célula. 6. Como as moléculas carregadas negativamente não conseguem acompanhar os iões K+ carregados positivamente, desenvolve-se uma pequena carga negativa no interior da membrana celular. 7. A carga negativa dentro da célula atrai iões K+ carregados positiva- mente. Quando a carga negativa no interior da célula é suficiente- mente grande para evitar a difusão de mais iões K+ para fora da célula através da membrana, estabelece-se um equilíbrio. 8. A diferença de carga através da membrana em equilíbrio origina uma diferença de potencial, medida em milivolts (mV). 9. O potencial de repouso da membrana é proporcional ao potencial dos iões K+ para se difundirem para fora da célula, mas não ao fluxo real dos iões K+. 10. Em equilíbrio, o movimento de iões K+ ou de outros iões através da membrana celular é muito reduzido. Tempo –85 0 Aumento da concentração extracelular de K+ Movimento do PR para o zero (despolarização) (m V ) Tempo –85 0 Diminuição da concentração extracelular de K+ Movimento do PR afastando-se do zero (hiperpolarização)(m V ) Figura 11.18 Alterações do Potencial de Repouso da Membrana Provocadas por Alterações da Concentração Extracelular de Iões K+ (a) Uma elevada concentração extracelular de iões K+ leva à despolarização. (b) A diminuição da concentração extracelular de K+ causa hiperpolarização. (a) (b) Capítulo 11 Organização Funcional do Tecido Nervoso 387 menta a permeabilidade da membrana aos iões Na+ (ver a figura 11.15). O Na+ difunde-se então para o interior da célula, porque o gradiente de concentração para os iões Na+ é do exterior para o interior da célula. Quando os iões Na+ se difundem para o interior da célula, o interior da membrana celular torna-se mais positivo, daí resultan- do a sua despolarização. 4. Concentrações extracelulares de Ca2+. Os canais de Na+ com portão de voltagem são sensíveis a alterações nas concentrações extracelulares de Ca2+. Os iões Ca2+ do líquido extracelular são atraídos pelas proteínas da membrana celular com grupos de carga negativa expostos ao líquido extracelular. Se a concentração extracelular de Ca2+ diminuir, estes iões difundem-se para longe das proteínas da membrana, incluindo os canais de Na+ com portão de voltagem, provocando a abertura dos canais. Se a concentração extracelular de Ca2+ aumentar, estes iões ligam-se aos canais de Na+ com portão de voltagem, fazendo-os encerrar. Com as concentrações de Ca2+ que se encontram habitualmente no líquido extracelular, só uma pequena percentagem de canais de Na+ com portão de voltagem está aberta num dado momento, numa célula não estimulada. E X E R C Í C I O Prever o efeito sobre o potencial de membrana em repouso de uma diminuição da concentração extracelular dos iões de cálcio. Potenciais Locais Um estímulo aplicado em determinado ponto da membrana ce- lular produz normalmente uma modificação do potencial de re- pouso da membrana, chamada potencial local, que se confina a uma pequena região da membrana celular. Os potenciais locais podem resultar (1) da ligação de um ligando aos seus receptores, (2) de alterações na carga através da membrana celular, (3) de estimulação mecânica, (4) de alterações na temperatura ou (5) de alterações espontâneas na permeabilidade da membrana. As alterações da permeabilidade da membrana aos iões Na+, K+, ou outros podem produzir um potencial local, que pode con- sistir em despolarização ou hiperpolarização. Por exemplo, se um estímulo faz abrir os canais de Na+ com portão, a difusão de uma pequena quantidade de iões Na+ para o interior das células resulta em despolarização. Por outro lado, se um estímulo faz abrir os canais de K+ com portão, a difusão de uns poucos de iões K+ para o exterior das células resulta em hiperpolarização. Os potenciais locais são gradativos, porque a amplitude da modificação pode variar entre um valor mínimo e um va- lor máximo, dependente da intensidade ou frequência do es- tímulo. Por exemplo, umestímulo fraco pode provocar a aber- tura de poucos canais de Na+ com portão. Nesse caso, são pou- cos os iões Na+ que se difundem para o interior da célula, pro- duzindo uma pequena despolarização e um pequeno poten- cial local. Um estímulo mais forte pode produzir a abertura de um maior número de canais de Na+ com portão. Neste caso, o número maior de iões Na+ que se difundem para o interior da célula produz uma despolarização maior e um maior poten- cial local (figura 11.19a). Os potenciais locais podem somar-se (figura 11.19b). Por exemplo, se for aplicado um segundo estímulo antes de o poten- cial local produzido pelo primeiro ter regressado ao potencial de repouso, resulta uma despolarização maior do que a que seria produzida por um estímulo único. O primeiro estímulo provoca a abertura de canais de Na+ com portão e o segundo estímulo provoca a abertura de mais canais de Na+ com portão. Assim são mais os iões Na+ que se difundem para o interior da célula, pro- duzindo um potencial local maior. Os potenciais locais propagam-se, ou são conduzidos, de maneira decrescente ao longo da membrana celular. Isto é, os potenciais locais diminuem rapidamente de amplitude à medi- da que se espalham à superfície da membrana. É um pouco como o professor que se dirige a uma turma grande. Os alunos da frente ouvem bem a voz do professor, mas quanto mais longe o aluno estiver mais dificuldade tem em ouvir. Normalmente, um po- tencial local não pode ser detectado a mais de poucos milíme- –90 0 (m V ) Tempo Tempo –90 0 (m V ) 1 2 Dois estímulos iguais em curta sucessão em 1 e 2 1 2 Estímulos de curta duração, sucessivamente mais intensos de 1- 4 3 4 Figura 11.19 Potenciais Locais (a) Os potenciais locais são proporcionais à intensidade do estímulo. Um estímulo fraco aplicado durante pouco tempo provoca uma pequena despolarização, que rapidamente regressa ao potencial de repouso (1). Estímulos progressivamente mais intensos resultam numa despolarização maior (2 a 4). (b) Um estímulo aplicado a uma célula produz uma despolarização pequena. Quando, antes de desaparecer a despolarização, é aplicado um segundo estímulo, a despolarização causada pelo segundo estímulo é acrescentada à despolarização causada pelo primeiro, resultando numa despolarização maior. (a) (b) Parte 3 Sistemas de Integração e Controle388 tros do local de estimulação. Em consequência, um potencial local não consegue transmitir informação a longas distâncias, de uma área do corpo para outra. Os potenciais locais são importantes pelos seus efeitos so- bre geração de potenciais de acção. As características dos poten- ciais locais estão sintetizadas no quadro 11.3. 24. Defina potencial de repouso da membrana. O exterior da membrana celular está positiva ou negativamente carrega- do em comparação com o interior? 25. Explique o papel dos iões K+ e da bomba de sódio e potássio no estabelecimento do potencial de repouso da membrana. 26. Defina despolarização e hiperpolarização. Como é que as alterações no gradiente de concentração dos iões K+, na permeabilidade da membrana aos iões K+ ou Na+ e na concentração extracelular de Ca2+ afectam a despolarização e a hiperpolarização? 27. Defina potencial local. O que significa dizer que o potencial local é gradativo, pode somar-se e propaga-se de modo decrescente? E X E R C Í C I O Dadas duas células, idênticas em todos os aspectos excepto em que a concentração extracelular de sódio na célula A é superior à da célula B, de que forma a amplitude de um potencial local na célula A se distingue de um na célula B, quando um estímulo da mesma intensidade é aplicado a cada célula? Potenciais de Acção Quando o potencial local provoca despolarização da membrana celular, atingindo um nível que se designa por limiar, ocorre uma série de alterações de permeabilidade que resultam num poten- cial de acção (figura 11.20). Um potencial de acção consiste numa grande modificação do potencial de membrana, que se propaga por uma longa distância ao longo da membrana celular, sem alteração da sua amplitude. Por isso, os potenciais de acção podem transferir informação de uma parte para outra do corpo. A ocor- Características dos Potenciais Locais Quadro 11.3 1. Um estímulo provoca aumento da permeabilidade da membrana aos iões Na+, K+, ou Cl–. 2. A despolarização resulta do aumento da permeabilidade da membra- na aos iões Na+; a hiperpolarização resulta de um aumento da permeabilidade da membrana aos iões K+ ou Cl–. 3. Os potenciais locais são gradativos; isto é, a amplitude do potencial local é proporcional à intensidade do estímulo. Os potenciais locais podem somar-se. Por isso, um potencial local produzido como resposta a vários estímulos tem maior amplitude do que um outro produzido como resposta a um estímulo único. 4. Os potenciais locais propagam-se de forma decrescente, quer dizer, a sua amplitude diminui à medida que se difundem sobre a membrana celular. Não é possível registar potenciais locais a alguns milímetros de distância do ponto de estimulação. 5. O potencial local despolarizador é capaz de desencadear um potencial de acção. Características do Potencial de Acção Quadro 11.4 1. Os potenciais de acção são produzidos quando um potencial local atinge o limiar. 2. Os potenciais de acção seguem a “lei do tudo ou nada”. 3. A despolarização é o resultado do aumento da permeabilidade da membrana a iões Na+ e do movimento de iões Na+ para dentro da célula. As portas de activação dos canais Na+ com portão de voltagem abrem-se. 4. A repolarização é um resultado da diminuição da permeabilidade da membrana a iões Na+ e aumento da permeabilidade da membrana a iões K+, o que suspende o movimento de iões Na+ para dentro da célula e aumenta o movimento de iões K+ para fora da célula. As portas de inactivação dos canais Na+ com portão de voltagem fecham e os canais K+ com portão de voltagem abrem. 5. Nenhum potencial de acção pode ser produzido por qualquer estímulo, seja qual for a sua intensidade, durante o período refractário absoluto. Durante o período refractário relativo, um estímulo mais forte do que o limiar pode produzir um potencial de acção. 6. Os potenciais de acção propagam-se e, para um dado axónio ou fibra muscular, a amplitude do potencial de acção é constante. 7. A intensidade do estímulo determina a frequência de potenciais de acção. rência de um potencial de acção demora geralmente 1 a 2 milis- segundos (ms) (1 ms = 0,001 segundo). As características do potencial de acção estão resumidas no quadro 11.4. A geração de potenciais de acção depende de potenciais lo- cais. Potenciais locais despolarizadores podem gerar um potencial de acção, o que já não é possível com potenciais locais hiper- polarizadores. Além disso, a amplitude do potencial local afecta a probabilidade da geração de um potencial de acção. Um potencial local despolarizador maior tem mais probabilidade de produzir um potencial de acção do que um potencial local menor. Figura 11.20 Potencial de Acção O potencial de acção consiste numa fase de despolarização e numa fase de repolarização, muitas vezes seguidas por um curto período de hiperpolarização chamado potencial tardio. –90 +20 0 (m V ) Limiar Potencial tardio Potencial local Despolarização Repolarização Tempo (ms) Capítulo 11 Organização Funcional do Tecido Nervoso 389 Os potenciais de acção ocorrem de acordo com o princípio do tudo ou nada. Se um estímulo produzir um potencial de despolarização suficientemente intenso para atingir o limiar, todas as alterações da permeabilidade responsáveis por um potencial de acção prosseguirão, sem parar, e terão amplitude constante (a parte “tudo”). Se o estímulo for tão fraco que o potencial de despolarização local não atinge o limiar, ocorrem poucas alteraçõesda per- meabilidade. O potencial de membrana regressa ao seu nível de repouso após um breve período de tempo, sem produzir um po- tencial de acção (a parte “nada”). O potencial de acção pode ser comparado com o flash de uma máquina fotográfica. Quando o disparador é activado (atinge o limiar), o flash dispara (é produzi- do um potencial de acção) e cada flash tem a mesma claridade (mag- nitude; a parte “tudo”) que os anteriores. Se o disparador for pres- sionado mas não disparar, não há flash (a parte “nada”). O potencial de acção tem uma fase de despolarização, em que o potencial de membrana se afasta do potencial de repouso e se torna mais positivo, e uma fase de repolarização, em que o potencial de membrana regressa ao estado de repouso e se torna mais negativo. Após a fase de repolarização, a membrana pode ficar ligeiramente hiperpolarizada durante um curto período que se chama pós-potencial, ou potencial tardio (ver a figura 11.20). Fase de Despolarização A alteração na carga eléctrica através da membrana celular du- rante um potencial local provoca a abertura de um número cres- cente de canais de sódio com portão de voltagem durante um breve período de tempo. Logo que o limiar é atingido muitos mais canais de Na+ com portão de voltagem se começam a abrir. Os iões Na+ difundem-se para dentro da célula e a despolarização que daí resulta provoca a abertura de mais canais de Na+ com portão de voltagem. Como consequência, precipitam-se ainda mais iões Na+ para dentro da célula, provocando uma maior despolarização do potencial de membrana que, por sua vez, leva à abertura de mais canais de sódio. É o exemplo de um ciclo de retroacção positiva, que continua até que a maior parte dos ca- nais de sódio com portão de voltagem esteja aberta. Cada canal de Na+ com portão de voltagem tem duas por- tas sensíveis à voltagem, as portas de activação e de inactivação. Quando a membrana celular está em repouso, as portas de acti- vação estão encerradas e as de inactivação estão abertas (figura 11.21 1). Como as portas de activação estão fechadas, os iões Na+ não se podem difundir pelos canais. Quando o potencial local atinge o limiar, as alterações do potencial de membrana fazem abrir muitas portas de activação, podendo os iões Na+ difundir-se através dos canais para dentro da célula. Quando a membrana celular está em repouso, os canais de K+ com portão de voltagem, que têm apenas uma porta, estão encerrados (ver a figura 11.21 1). Quando o potencial local atin- ge o limiar, os canais de K+ com portão de voltagem começam a abrir ao mesmo tempo que os canais de Na+ com portão de vol- tagem, mas mais lentamente (figura 11.21 2). Apenas um peque- no número de canais de K+ com portão de voltagem estão aber- tos, comparativamente ao número de canais de Na+ com portão de voltagem, porque os primeiros abrem mais lentamente. A despolarização ocorre porque se difunde mais Na+ para dentro da célula do que se difunde K+ para fora dela. E X E R C Í C I O Prever o efeito de uma reduzida concentração extracelular de iões Na+ na amplitude do potencial de acção de uma célula electrica- mente excitável. Fase de Repolarização À medida que o potencial de membrana se aproxima da despolarização máxima, a modificação da diferença de potencial através da membrana celular faz com que as portas de inactivação dos canais de Na+ com portão de voltagem comecem a encerrar e a permeabilidade da membrana aos iões Na+ diminui. Durante a fase de repolarização, os canais de K+ com portão de voltagem, que começaram a abrir-se juntamente com os canais de sódio, continuam a abrir-se (figura 11.21 3). Consequentemente, di- minui a permeabilidade da membrana celular aos iões Na+e au- menta a permeabilidade aos iões K+. O abrandamento da difu- são dos iões Na+ para dentro da célula e o aumento da difusão dos iões K+ para fora da célula leva à repolarização. No fim da repolarização, a diminuição do potencial de membrana faz encerrar as portas de activação dos canais de Na+ com portão de voltagem e abrir as portas de inactivação. Embo- ra esta alteração não afecte a difusão do Na+, faz com que os canais de Na+ com portão de voltagem voltem ao estado de re- pouso (figura 11.21 4). Potencial Tardio Em muitas células, observa-se um período de hiperpolarização, ou potencial tardio, após cada potencial de acção. O potencial tardio ocorre porque os canais de K+ com portão de voltagem ficam abertos durante um curto período de tempo (ver a figura 11.21 4). A permeabilidade aumentada aos iões K+ que se desen- volve durante a fase de repolarização do potencial de acção de- mora ligeiramente mais tempo que o requerido para que o po- tencial de acção regresse ao seu nível de repouso. Á medida que os canais de K+ com portão de voltagem se encerram, e se reduz a permeabilidade ao K+, restabelece-se o potencial da membra- na em repouso original (figura 11.21 5). Durante o potencial de acção, um pequeno número de iões Na+ difunde-se para o interior da célula e um pequeno número de iões K+ difunde-se para o exterior da célula. A bomba de sódio e potássio intervém para restaurar a concentração iónica nor- mal de repouso, transportando estes iões na direcção oposta à do seu movimento durante o potencial de acção. Isto é, os iões Na+ são bombeados para fora, e os iões K+ para dentro da célu- la. A bomba de sódio e potássio é demasiado lenta para influen- ciar seja a fase de despolarização, seja a fase da repolarização dos potenciais de acção individuais. Enquanto se mantiverem inalteradas as concentrações de Na+ e K+ através da membrana celular, todos os potenciais de acção produzidos pela célula são idênticos. Todos demoram o mesmo tempo e todos têm igual amplitude. Período Refractário Uma vez produzido um potencial de acção em determinado ponto da membrana celular, a sensibilidade dessa área da membrana a uma estimulação posterior diminui durante um período de tempo Parte 3 Sistemas de Integração e Controle390 1. Potencial de repouso. Os canais de Na+ com portão de voltagem (rosa) estão encerrados (as portas de activação estão fechadas e as portas de inactivação estão abertas). Os canais de K+ com portão de voltagem (púrpura) estão encerrados. 2. Despolarização. Os canais de Na+ com portão de voltagem abrem, porque abrem as portas de activação. Os canais de K+ com portão de voltagem começam a abrir. Há despolarização porque a difusão dos iões Na+ para o interior é muito superior à dos iões K+. 3. Repolarização. Os canais de Na+ com portão de voltagem estão encerrados porque fecharam as portas de inactivação. Os canais de K+ com portão de voltagem estão agora abertos. A difusão dos iões Na+ para o interior da célula cessa e os iões K+ difundem-se para o exterior, causando repolarização. 4. Fim da repolarização e potencial tardio. Os canais de Na+ com portão de voltagem estão encerrados. O encerramento das portas de activação e a abertura das portas de inactivação restabelecem a situação de repouso para os canais de Na+ (ver o passo 1). A difusão dos iões K+ através dos canais com portão de voltagem produz o potencial tardio. 5. Potencial de repouso da membrana. O potencial de repouso é restabelecido após o encerramento dos canais de K+ com portão de voltagem. Portas de inactivação abertas Canais de Na+ Canais de K+ Canais de K+ abertos Na+ Na + Canais de Na+ Canais de K+ encerrados Portas de activação abertas Portas de inactivação encerradas Canais de K+ abertos Canais de K+ abertos Canais de K+ abertos Canais de K+ abertos Canais de K+ encerrados Canais de K+ encerrados Portas de activação abertas Portas de activação encerradas Portas de inactivação abertas Portas de activação encerradas Os iões K+ difundem-se para o exterior da célula Os iõesNa+ difundem-se para o interior da célula Os iões K+ difundem-se para o exterior da célula Canais de Na+ Canais de Na+ Canais de Na+ K+ K+ K+ K+ K+ (m V ) Tempo (m V ) Tempo (m V ) Tempo (m V ) Tempo (m V ) Tempo (Processo) Figura 11.21 Canais Iónicos com Portão de Voltagem e Potencial de Acção O passo 1 ilustra o estado dos canais de Na+ e K+ com portão de voltagem numa célula em repouso. Os passos 2 – 5 mostram a forma como os canais abrem e fecham de modo a produzir um potencial de acção. Ao lado de cada passo há um gráfico que mostra, a vermelho, o potencial de membrana que resulta do estado dos canais iónicos. Capítulo 11 Organização Funcional do Tecido Nervoso 391 chamado período refractário. A primeira parte do período refrac- tário, durante a qual há uma completa insensibilidade a outro estí- mulo, é o período refractário absoluto. O período refractário ab- soluto inicia-se com o desencadear do potencial de acção e termina perto do final da repolarização (figura 11.22). No início do poten- cial de acção, a despolarização ocorre quando as portas de activa- ção dos canais de Na+ com portão de voltagem se abrem. Nessa altura, as portas de inactivação dos canais de Na+ com portão de voltagem já estão abertas (ver a figura 11.21 2). A despolarização termina quando se encerram as portas de inactivação (ver a figura 11.21 3). Enquanto as portas de inactivação estiverem fechadas, não pode ocorrer mais despolarização. Quando as portas de inactivação abrem e as portas de activação encerram, perto do fim da despola- rização (ver a figura 11.21 4), torna-se mais uma vez possível esti- mular a produção de outro potencial de acção. A existência do período refractário absoluto garante que, uma vez iniciado um potencial de acção, as fases tanto de despolarização como de repolarização serão completadas, ou quase completadas, antes de ser possível iniciar um outro potencial de acção, e que um estímulo forte não possa conduzir a uma despolarização prolonga- da da membrana celular. O período refractário absoluto tem con- sequências importantes para a frequência com que podem ser ge- rados os potenciais de acção, e na sua propagação (ver abaixo). A segunda parte do período refractário, chamada período refractário relativo, segue-se ao período refractário absoluto. Du- rante o período refractário relativo, um estímulo acima do limiar pode iniciar outro potencial de acção. Assim, após o período re- fractário absoluto, mas antes de terminado o período refractário relativo, um estímulo suficientemente intenso pode produzir um segundo potencial de acção. Durante o período refractário relativo, a membrana está mais permeável aos iões K+, porque muitos ca- nais de K+ com portão de voltagem estão abertos (ver a figura 11.21 4). O período refractário relativo termina quando os canais de K+ com portão de voltagem encerram (ver a figura 11.21 5). 28. Defina potencial de acção. Como é que potenciais locais despolarizadores e hiperpolarizadores afectam a probabi- lidade de gerar um potencial de acção? 29. Explique a parte “tudo” e a parte “nada” do princípio do tudo ou nada dos potenciais de acção. 30. O que são as fases de despolarização e de repolarização de um potencial de acção? Explique como é que as alterações na permeabilidade da membrana e os movi- mentos dos iões Na+ e K+ causam cada fase. O que acontece quando abrem as portas de activação dos canais de Na+ com portão de voltagem e encerram as portas de inactivação? 31. Descreva o potencial tardio e a sua causa. 32. O que são os períodos refractário absoluto e refractário relativo? Relacione-os com as fases de despolarização e de repolarização do potencial de acção. E X E R C Í C I O O que é que produz mais potenciais de acção, um estímulo limiar prolongado ou um estímulo prolongado acima do limiar? Explicar. Frequência do Potencial de Acção A frequência do potencial de acção é o número de potenciais de acção produzidos em resposta a um estímulo. A frequência do potencial de acção é directamente proporcional à intensida- de do estímulo e à dimensão do potencial local. Um estímulo que resulta num potencial local tão pequeno que não atinge o limiar chama-se um estímulo sublimiar e não resulta num po- tencial de acção (figura 11.23). Um estímulo que tem apenas a intensidade necessária para alcançar o limiar, ou estímulo li- miar, produz um único potencial de acção. Um estímulo suficien- temente intenso para produzir a frequência máxima dos poten- ciais de acção, mas não mais do que isso, é um estímulo máxi- mo. Estímulo submáximo é o estímulo com intensidade locali- zada entre as intensidades de estímulo limiar e de estímulo má- ximo. Para os estímulos submáximos, a frequência do potencial de acção aumenta na proporção da frequência do estímulo, pois a grandeza do potencial local aumenta com a intensidade do es- tímulo. O estímulo supramáximo é qualquer estímulo mais in- tenso do que o estímulo máximo. Estes estímulos não podem produzir uma maior frequência de potenciais de acção do que um estímulo máximo. A frequência máxima de potenciais de acção gerados numa célula excitável é determinada pela duração do período refractá- rio absoluto. Durante o período refractário absoluto, um segun- do estímulo, seja qual for a sua intensidade, é incapaz de estimu- lar um potencial de acção adicional. No entanto, logo que termi- na o período refractário absoluto, é possível que um segundo estímulo determine a formação de um potencial de acção. E X E R C Í C I O Se a duração do período refractário absoluto de uma célula nervosa for de 1 milissegundo (ms), quantos potenciais de acção são gerados por um estímulo máximo em um segundo? Figura 11.22 Período Refractário Períodos refractários absoluto e relativo de um potencial de acção. Em algumas células, o período refractário absoluto pode terminar durante a fase de repolarização do potencial de acção. Absoluto Relativo –90 0 Limiar (m V ) +20 Período refractário Tempo (ms) Parte 3 Sistemas de Integração e Controle392 A frequência dos potenciais de acção permite tirar conclu- sões sobre a intensidade do estímulo. Por exemplo, um estímulo doloroso fraco gera uma baixa frequência de potenciais de ac- ção, enquanto que um estímulo doloroso mais forte gera uma maior frequência de potenciais de acção. A capacidade para in- terpretar um estímulo como moderadamente doloroso ou mui- to doloroso depende, em parte, da frequência de potenciais de acção gerados pelos receptores do indivíduo à dor. A comunica- ção referente à intensidade do estímulo não pode depender da magnitude dos potenciais de acção porque, de acordo com o prin- cípio do tudo-ou-nada, a magnitude é sempre a mesma. A mag- nitude dos potenciais de acção produzidos por uma dor mode- rada ou por uma dor forte é a mesma. A capacidade de estimular células musculares ou glandula- res depende também da frequência dos potenciais de acção. Uma baixa frequência de potenciais de acção produz uma contracção muscular mais fraca ou uma secreção menor do que uma maior frequência. Num músculo, por exemplo, uma baixa frequência de potenciais de acção leva a uma tetania incompleta e uma maior frequência leva à tetania completa (ver o capítulo 9). Para além da frequência de potenciais de acção, o tempo durante o qual se produzem potenciais de acção dá informação importante. Por exemplo, um estímulo doloroso de 1 segundo é interpretado de maneira diferente do mesmo estímulo aplicado durante 30 segundos. 33. Defina frequência dos potenciais de acção. Quais os dois factores que determinam a frequência dos potenciais de acção? 34. Defina estímulo sublimiar, limiar, submáximo, máximo e supramáximo. O que é que determina a frequência máxima de geração dos potenciais de acção? Propagação de Potenciais
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