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1. Abordagem do paciente em situação de urgência e emergência psiquiátrica

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Daniella Brum
Mestranda em Ciências pelo PGENF - UFSJ
Abordagem do paciente em situação de urgência e emergência psiquiátrica 
08/06/17
STEFANIELLI, M C.; FUKUDA, I. M. K.; ARANTES, E. C. (Orgs.) Enfermagem psiquiátrica em suas dimensões assistenciais. Barueri, SP: Manole, 2008.
1
Urgência e Emergência
“Urgência e Emergência” = aquilo que é crítico e requer intervenção em curto prazo ou imediata. 
Necessariamente, intervenção em crise.
Emergência psiquiátrica: risco significativo ou iminência de morte ou lesão decorrente de pensamentos, sentimentos e comportamentos de risco à integridade da pessoa e outrem, exigindo intervenção imediata (minutos ou horas). 
Urgência: os riscos são menos graves, precisando de intervenções em dias ou semanas. O fator cultural influi na caracterização entre um e outro (p. 635).
Sumário
1º momento: 8h às 9h30 
Enfermagem psiquiátrica do século XXI 
Conhecer o panorama da enfermagem em saúde mental e psiquiátrica no Século XXI; refletir sobre panorama atual em face aos dados da OMS sobre doença mental mundialmente.
 Papel do enfermeiro em saúde mental e psiquiátrica
Descrever a evolução do papel do enfermeiro em enfermagem em saúde mental e psiquiátrica; refletir sobre os fatores que exercem influência na definição do papel do enfermeiro; refletir sobre os desafios atuais e futuros para o papel do enfermeiro em enfermagem em saúde mental e psiquiátrica.
O enfermeiro em emergência psiquiátrica: intervenção em crise 
Conceito de crise; descrever seus tipos, discorrer sobre os diagnósticos de enfermagem da pessoa em crise, listar e justificar as intervenções de enfermagem para a situação de crise, descrever a importância de intervenção em crise para a saúde mental.
Sumário
2º momento: 10 às 11h00
O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: situações específicas
Identificar as situações de emergência psiquiátrica (SEP) mais comuns; descrever os diagnósticos de enfermagem mais comuns em emergência psiquiátrica (EP); descrever os resultados esperados na assistência de enfermagem em situações de emergência psiquiátrica; discorrer sobre as intervenções de enfermagem em emergência psiquiátrica, especificando cada situação; comparar ações do enfermeiro em emergência psiquiátrica nos diferentes níveis de assistência: 1ª, 2ª e 3ª.
3º momento: 11 às 11h50
Roda de conversa com o(s) Enfermeiro(s) Luiza Cantão e Cristiano (ok), atuantes no CAPS Divinópolis.
Enfermagem psiquiátrica no séc. XXI
Avanço das tecnologias 
Dominar todo o conhecimento em profundidade
Comunicação x isolamento
Maior tempo gasto em frente a alguma tela eletrônica
Competitividade informacional
Neste contexto, quem se está formando?
“O homem tem de aprender a conviver com essa avalanche de informações e tecnologias sem se esquecer de que é um ser social e se desenvolve por meio da relação com os demais” (p. 4).
Enfermagem psiquiátrica no séc. XXI
Onde estão o bem-estar, a saúde, a felicidade dos seres humanos, fim último da ciência? Como fica a saúde mental dos seres humanos? 
Avanço do conhecimento e suas tecnologias  repensar coletivo para a compreensão das doenças da mente e do cérebro e daqueles que são acometidos por elas – contextualização.
Diante do panorama de saúde mental apresentada pela OMS, é fundamental unir esforços em prol do BEM COMUM, o bem-estar e a qualidade de vida de todos  saúde mental e atendimento adequado como direito de seres humanos.
Panorama da saúde mental em âmbito mundial
Segundo relatório da OMS de 2001, 450 bilhões de pessoas no mundo sofrem de transtornos mentais ou neurobiológicos ou problemas psicossociais decorrentes do uso de álcool e outras drogas. 
70 milhões apresentam dependência de álcool
50 milhões têm epilepsia
24 milhões apresentam esquizofrenia
1 milhão comete suicídio
Entre 10 e 20 milhões tentam suicídio
Raras são as famílias sem um integrante com algum TM
Uma em cada 4 pessoa será afetada no curso da vida por um transtorno mental (hoje ½)
O aumento do número de idosos traz consigo maior incidência de Alzheimer e outras demências
A depressão grave é a principal causa de incapacitação em nível mundial, quarta principal causa de doenças na CID, com projeção para ser a segunda em 2020. 
Qualidade de vida de uma população
crenças, mitos, tabus, preconceitos
Ex: índios
singularidade e complexidade
Paradigmas: multicausalidade do processo saúde-doença
delirium
multiplicidade de fatores que intervêm na saúde e na doença mental
Enfermagem mental e psiquiátrica
O enfermeiro está perdendo sua identidade e visibilidade. 
Preconceito, medo, falta de integração dos conceitos básicos de saúde mental aos da enfermagem em geral.
Carga horária dedicada ao ensino da área não é suficiente para a familiarização, o que leva à escassez de enfermeiros com formação em assistência neste campo.
Enfermagem mental e psiquiátrica
Teoria de Peplau no atendimento à pessoal com doença mental (relações interpessoais):
Empatia, habilidade de relacionamento interpessoal construtivo e terapêutico, favorecendo o caminhar do paciente, num movimento da dependência para a independência.
Dentre as NIC (Classificação das Intervenções de Enfermagem): estabelecer confiança, encorajar a verbalização de pensamentos, sentimentos, percepções, entre outros.
Enfermagem mental e psiquiátrica
Arte + técnica: cuidado + conhecimento científico
Docentes qualificados + (especialização + rara)
Despreparo  sensações desagradáveis  abandono da área
Competência  modificar área  resultados de pesquisas 
Cuidado efetivo, digno do ser humano, em todas as suas dimensões, proporcionando maior qualidade de vida
Aqui e agora do cliente, no convívio e no enfrentamento do transtorno mental a partir de suas possibilidades (COM)
Condição para conhecer o outro = conhecer-se (autocuidado na saúde mental
Uso consciente de estratégias de comunicação adequada ou terapêutica nas relações interpessoais
Conceitos de saúde e doença mental
“Saúde mental é o estado de funcionamento harmônico que as pessoas desenvolvem e mantêm, para viver em sociedade, em constante interação com seus semelhantes e meio ambiente, valendo-se de sua capacidade para descobrir e potencializar suas aspirações e possibilidades e, inclusive, de provocar mudanças, quando estas são necessárias, face à diversidade do mundo em que vivemos, sendo porém capazes de reconhecerem suas limitações” (p. 10).
Conceitos de saúde e doença mental
“Doença mental é o estado que surge quando as pessoas não conseguem desenvolver ou manter-se em funcionamento harmônico para viver com seu grupo cultural ou em sociedade, não conseguindo transformar suas possibilidades em realidade” (p. 10).
Atribuir a doença mental a um só fator é favorecer sua visão parcial. Não há critérios suficientemente objetivos para se afirmar onde termina uma e começa a outra. É necessário considerá-las como um processo contínuo ou de relação mútua.
Conceitos de saúde e doença mental
predisposição para funcionamento bioquímico desviado do normal em algumas zonas cerebrais
Papel do enfermeiro em enfermagem em saúde mental e psiquiátrica
Até 1946: evolução lenta.
satisfação de necessidades elementares e terapias somáticas
1947: Lei Nacional de Saúde Mental (EUA)
“atitude terapêutica”: o uso de condutas que contribuiriam para a recuperação do cliente
preparo de enfermeiros para assistir em saúde mental  estudo da relação enfermeiro – cliente
mudança da aprendizagem teórica para a prática
funções mais independentes do enfermeiro, desenvolvendo tarefas psicoterapêuticas e conceitos relacionados ao conhecimento de si próprio e do cliente, com quem se trabalha junto, não para.
Papel do enfermeiro em enfermagem em saúde mental e psiquiátrica
1951: escassez de enfermeiros capacitados na área de saúde mental e uso parcial de sua capacidade
decisão sobre a política de enfermagem e treinamento de equipe de auxiliares de acordo com os padrões profissionais
Participação em atividades comunitárias e psicoterápicas:participar de programas de saúde mental da comunidade, fazer pesquisas sobre a prática preventiva e ajudar na educação do público sobre saúde.
Maxwell Jones: auxiliou na reconstrução do papel do enfermeiro em enfermagem psiquiátrica.
criou as comunidades terapêuticas na Escócia
enfatizava a responsabilidade do cliente no tratamento
a atitude em relação ao cliente tornou-se mais compreensiva e voltada para a saúde mental
Papel do enfermeiro em enfermagem em saúde mental e psiquiátrica
1952: Peplau lançou as bases para o papel do enfermeiro psiquiátrico e em saúde mental  relações interpessoais
1962: Peplau redefine o papel do enfermeiro: “conselheiro”, “terapeuta” (cerne da enfermagem psiquiátrica, sem desprezar as outras funções e papel como as de figura significativa, técnica, educadora, gerencial e de agente socializador).
A Teoria de Peplau é central para os conhecimentos na área e tem grande repercussão ainda hoje, em diversos países do mundo. 
Atende não só a enfermagem psiquiátrica, mas a geral, porque abrange também o cuidado comunitário, sempre com vistas à independência e autonomia do cliente. 
Papel do enfermeiro em enfermagem em saúde mental e psiquiátrica
1963: Lei de Saúde Mental Comunitária nos EUA  centros comunitários de saúde mental, valorizando-se o tratamento do cliente na comunidade, evitando ou reduzindo a internação. 
1978: Peplau descreve as ações que compõem o papel do enfermeiro  ações amplas, tanto de locais de atuação, como de clientela. Cuidado desde a pré-concepção até o pós-mortem  relações interpessoais desenvolvidas entre cliente, familiares e profissionais da área da saúde.
Papel do enfermeiro em enfermagem em saúde mental e psiquiátrica
Metas com o processo interpessoal:
educar o cliente e a família sobre promoção, manutenção e recuperação de comportamento que contribua para o seu funcionamento integrado;
contribuir para melhorar suas habilidades de enfrentamento de desafios à saúde mental; 
 O cliente é sempre visto como uma pessoa, família ou comunidade, com seus direitos e deveres em relação à saúde.
Papel do enfermeiro em enfermagem em saúde mental e psiquiátrica
“De acordo com as concepções mais recentes de saúde, pode-se afirmar que o processo interpessoal é mais dirigido ao modo do cliente ser e estar no mundo, o que depende do funcionamento harmônico do seu todo, que pode estar mais afetado em uma ou outra área; todas elas, no entanto, merecem atenção. 
Cabe ao enfermeiro adquirir o conhecimento necessário para o cuidado daqueles com manifestações de comportamento decorrentes de transtornos mentais, a assistência à promoção e à manutenção da saúde mental e o desempenho de seu papel na prevenção secundária para a prevenção de recaídas e recorrências” (p. 31). 
Papel do enfermeiro em enfermagem em saúde mental e psiquiátrica
“Enfermagem em saúde mental e psiquiátrica é uma especialidade centrada no cuidado à saúde mental da pessoa e de sua família, em todos os níveis de assistência – promoção, manutenção e recuperação, bem como na prevenção secundária e no preparo para a reintegração ou reabilitação social da pessoa, com respeito aos seus direitos e deveres de cidadão” (p. 31). 
Fatores que afetam o desempenho do papel do enfermeiro
Fatores que podem afetar de forma isolada ou associada e dependem de como a doença mental é conceituada no universo de culturas:
qualificação profissional;
descobertas científicas;
legislação;
política do local de trabalho;
cultura; e
iniciativa da pessoa.
Os conceitos predominantes no conhecimento científico e popular, as descobertas sobre saúde mental, os recursos para sua promoção e prevenção, o tratamento e a aceitação da doença mental pela comunidade têm influência decisiva no tipo de assistência desenvolvida nos diferentes serviços.
Funções do papel do enfermeiro
A partir do conceito anterior de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica, elaboraram-se funções que compõem o papel do enfermeiro na área:
Criar e manter o ambiente terapêutico;
Atuar como figura significativa;
Educar o cliente e família sobre saúde mental;
Gerenciar o cuidado;
Realizar terapia do cotidiano (relações interpessoais);
Atuar em equipe interdisciplinar;
Participar de e criar ações comunitárias para a saúde mental;
Participar da elaboração de políticas de saúde mental.
Funções do papel do enfermeiro
Com variados níveis de atuação e clientes, o enfermeiro entra em contato com os serviços de saúde mental existentes na comunidade em que atua, perpassando por unidades básicas de saúde, centros de saúde, ambulatórios gerais e de saúde mental ou de especialidades, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), emergências psiquiátricas, unidades psiquiátricas em hospital geral, hospital-dia, hospital psiquiátrico, residências terapêuticas, etc.
O continnum da assistência requer o atendimento do cliente de acordo com suas necessidades, que determinam a priorização do serviço que devem procurar. 
Prevenção primária
Promoção e manutenção da saúde e prevenção da doença, em população saudável. 
Etiologia dos transtornos mentais  atuação sobre os fatores de risco / vulnerabilidade.
Objetiva diminuir a suscetibilidade de pessoas, famílias e comunidades aos transtornos mentais  aumentar o enfrentamento de situações conflitantes ou estressantes.
Prevenção primária
Atividades de educação e orientação sobre:
Princípios de saúde mental;
Melhores condições de vida;
Direitos e deveres em relação a si mesmo e aos outros;
Crescimento e desenvolvimento normais;
Desenvolvimento sexual;
Promoção e manutenção da saúde mental;
Prevenção de transtornos mentais em hospital geral.
Ações de identificação e avaliação de:
Grupos vulneráveis a agravos à saúde mental;
Fatores de riscos;
Potencial para enfrentamento de situações estressantes;
Atividades de participação em ações comunitárias e políticas de saúde mental. 
Prevenção secundária
Envolve o trabalho de detecção precoce e assistência imediata à pessoa em situação de crise ou com transtorno mental. 
Gerência e avaliação de serviços de enfermagem de saúde mental;
Criação e manutenção de ambiente terapêutico nos diferentes serviços de saúde mental;
Criação nos serviços de saúde mental de unidade para atendimento pós-alta do cliente;
Oferecimento de assistência pós-alta para cliente e família;
Criação de serviços de interconsulta de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica, abrangendo o atendimento de enfermagem às emergências psiquiátricas em hospitais gerais e em unidades de outras especialidades;
Planejamento e avaliação de unidades psiquiátricas em hospital geral bem como a avaliação do cuidado nelas oferecido;
Desenvolvimento da terapia do cotidiano (relações interpessoais enfermeiro-cliente);
Intervenção em crise;
Atuação na comunidade e em organizações relacionadas à saúde mental.
Prevenção terciária e reabilitação social
Envolve a redução da incapacidade, se houver, os mecanismos de enfrentamento de prejuízos em decorrência de transtornos mentais e a reabilitação do cliente. 
Encaminhamento para serviços existentes na comunidade como oficinas abrigadas, residências terapêuticas, grupos de autoajuda, programas psicoeducacionais, etc;
Organização e participação em programas que ajudem na inserção na comunidade;
Esclarecimento da população sobre os recursos existentes na comunidade, sua utilização e a conscientização de seus direitos e deveres;
Promoção e reabilitação social do cliente.
O enfermeiro em emergência psiquiátrica: intervenção em crise
Origem da intervenção em crise: intervenção de Lindemann e colegas do Massachussets General Hospital em incêndio em Boston, em 1942.
Krisis (grego): 
É uma emergência psiquiátrica, já que a pessoa requer atendimento assim que chega o serviço, dado o risco imediato para a pessoa, para as demais e para o ambiente ao seu redor.
Refere-se à inabilidade da pessoa para resolver um problema, o que provoca aumento crescente da ansiedade e deve ser considerada um evento crítico.O enfermeiro em emergência psiquiátrica: intervenção em crise
Crise:
Estado emocional de desequilíbrio perante uma situação ou evento, real ou percebido, que envolve mudança, perda ou ameaça biológica, psicológica, social, cultural, espiritual.
Evento que surge quando a pessoa se depara com uma situação de conflito e não se sente capaz de ignorar ou resolver com seus mecanismos habituais de enfrentamento.
Representa um esforço máximo para recuperação do equilíbrio emocional.
Não é em si patológica, mas requer esforço intenso para o equilíbrio e ajustamento por parte da pessoa.
Durante o período pode haver desorganização pessoal, aumentando sua vulnerabilidade ou seu crescimento pessoal pelo aprendizado de novos padrões de enfrentamento.
Características da crise
Ocorrência em pessoas saudáveis (não necessariamente associada a uma patologia, portanto);
Caráter agudo;
Duração limitada;
Experimentada como uma reação emocional excessivamente opressora;
A gravidade do evento é definida pela pessoa que o experimenta e não pela sua magnitude;
Vivência pessoal, singular;
Possibilidade de ser vivenciada como uma oportunidade para crescimento.
Características da crise
A percepção do evento como ameaçador depende do impacto que ele tem para os valores e objetivos de vida de quem o vivencia. 
Visto como um desafio, o ser humano em crise mobiliza sua energia e engaja-se em atividades de resolução para a situação surgida.
Eventos podem gerar vulnerabilidade à crise (profissional e cliente devem avaliá-los):
Desemprego, perdas significativas, separação conjugal, dificuldade de lidar com problemas cotidianos, história de situação mal-resolvidas ou de transtornos psiquiátricos (redução da autoestima). 
Tipos de crise
Crise maturacional ou do desenvolvimento
Eventos evolutivos no amadurecimento da pessoa ao longo do curso da vida, caracterizados por estágios geralmente estressantes.
Crise situacional
Originada a partir da influência do meio sobre o comportamento das pessoas, impactando positiva ou negativamente, conforme o estado mental da pessoa. A resposta é individual.
Crise acidental
Decorrente de situações imprevisíveis, que não fazem parte da vida cotidiana. Gera sério estresse, geralmente um evento traumático.
Fases da crise
Ao defrontar-se com o fator estressante que ameaça seu autoconceito, a pessoa experimenta aumento da ansiedade, pois seus mecanismos habituais de enfrentamento não são suficientes para diminuí-la ou para resolver o problema.
O desconforto aumenta, a ansiedade eleva-se e começa o processo de desorganização do funcionamento da pessoa. Várias tentativas de ensaio e erro são colocadas em prática para restabelecer o equilíbrio anterior. Se isto não acontece, surge o sentimento de preocupação, incapacidade e impotência com vivência de extremo desconforto.
Fases da crise
Se as tentativas anteriores falham, a ansiedade torna-se intensa e são acionados automaticamente todos os recursos internos e externos para obter alívio desta sensação. Se isto não acontece, a ansiedade torna-se intensa e a pessoa mobiliza comportamentos de alívio automáticos, como isolamento e fuga, havendo regressão do nível de funcionamento.
Caso não se obtenha sucesso com as tentativas da fase 3, a ansiedade intensifica-se e torna-se esmagadora, provocando desorganização da personalidade, pânico, confusão, violência contra outros e tentativa de suicídio. 
Fatores que atuam na resolução da crise
Percepção do evento desencadeante pela pessoa;
Sistema de apoio do cliente;
Estilo de enfrentamento;
Aceitação genuína;
Experiências anteriores com eventos semelhantes;
Capacidade para aceitar a necessidade de mudança;
Habilidades cognitivas;
Controle do humor e afeto;
Traços da personalidade;
Habilidade pessoal para utilizar sistemas de apoio.
Efeitos dos fatores de equilíbrio sobre o evento estressante
Ser humano
Estado de equilíbrio
Estado de desequilíbrio
Necessidade de recuperar o equilíbrio
Fatores de equilíbrio presentes
Fatores de equilíbrio ausentes (um ou +)
Percepção adequada do evento
Percepção inadequada do evento
Apoio situacional adequado
Apoio situacional inadequado
Mecanismos de enfrentamento adequados
Mecanismos de enfrentamento inadequados
Resolução do problema
Problema não resolvido
Equilíbrio recuperado
Manutenção do desequilíbrio
Ausência de crise
CRISE
Níveis de intervenção
Manipulação ambiental
Ações diretas sobre a situação física ou interpessoal da pessoa, identificando e mobilizando seus sistemas de suporte social, o que oferece apoio situacional ou removem o estresse.
Suporte Geral
Transmite a sensação de que o enfermeiro está ao lado do cliente e o ajudará – disponibilidade, aceitação genuína, empatia, atenção e comunicação terapêutica.
Níveis de intervenção
Abordagem Geral
Em face dos traços comuns de vivências de crises, é possível propor uma abordagem geral em grupos de pessoas de alto risco. Essa atuação abrange o encorajamento direto da mudança de comportamento, o apoio, a mudança do ambiente, pode-se usar a comunicação terapêutica para ajudar na recordação dos eventos, esclarecimento das experiências traumáticas e a visualização em perspectiva do evento para evitar respostas desadaptativas.
Abordagem Individual
Ênfase e avaliação do profissional dos processos interpessoal e intrapsíquico da pessoa em crise, compreendendo as características do cliente para propor uma resposta adequada à crise segundo seus recursos.
Intervenção em crise
A intervenção em crise é uma forma de terapia breve, com foco somente no problema atual a ser resolvido, centrada na solução imediata da crise. 
O resultado esperado da intervenção em crise é que a pessoa se recupere do evento crítico. 
O tempo de resolução é de 4 a 6 semanas.
O clima terapêutico deve estimular a concentração de atenção do terapeuta e do cliente.
Objetivos: segurança e redução da ansiedade, retorno da pessoa ao estágio de funcionamento anterior á crise ou a nível mais alto (novas habilidades).
Intervenção em crise e o processo de enfermagem
Avaliação inicial da crise
O enfermeiro deve identificar as manifestações de comportamento, o evento desencadeante, a percepção do evento pelo cliente, os sistemas de apoio, os recursos de enfrentamento, as competências e os mecanismos de enfrentamento anteriores.
Obter dados e identificar necessidades;
Definir problema e seus antecedentes do ponto de vista do cliente;
Avaliar o estado da pessoa: risco de suicídio ou homicídio;
Tomar decisão em equipe. 
Intervenção em crise e o processo de enfermagem
Avaliação inicial da crise:
Importante possibilitar que o cliente avalie seu problema atual;
Focar no presente;
Usar de técnicas que favoreçam a descrição e avaliação exata do evento desencadeador da crise em si e o que motivou o cliente a procurar ajuda profissional;
Determinar quando o evento aconteceu;
Avaliar condições físicas e mentais;
Avaliar resultados de mecanismos de enfrentamento anteriores;
Avaliar se o comportamento do cliente é um risco para si e/ou outros (suicídio / homicídio);
Avaliar a existência e a adequação de sistema de apoios;
Decidir em equipe sobre o tipo de intervenção e local de atendimento, evitando-se ao máximo a hospitalização.
Intervenção em crise e o processo de enfermagem
Diagnósticos de enfermagem:
Ansiedade
Sentimento de impotência
Isolamento social
Enfrentamento ineficaz individual
Pensamento perturbado
Confusão aguda
Síndrome pós-trauma
Risco de violência autoinfligida
Intervenção em crise e o processo de enfermagem
Risco de lesão
Risco de suicídio
Angústia espiritual
Desesperança
Baixa autoestima situacional
Interações sociais e familiares prejudiciais
Manutenção ineficaz da saúde
Déficit no autocuidado
Intervenção em crise e o processo de enfermagem
Resultados esperados:
Descreve o evento crítico;
Identifica padrões eficazes e ineficazes de enfrentamento da crise atual;
Utiliza estratégias eficazes de enfrentamento;
Verbaliza necessidade de ajuda e a procura,quando oportuno;
Verbaliza redução dos sentimentos negativos e sensação de controle ou redução do estresse, utilizando comportamentos para isto;
Relata sensação de conforto;
Discute seu nível de funcionamento antes da crise e suas percepções sobre a mesma;
Desenvolve planos para aumentar a habilidade e aprendizagem de novos recursos para enfrentamentos futuros;
Utiliza apoio social disponível.
Intervenção em crise e o processo de enfermagem
Planejamento da intervenção em crise
Considerar a rapidez do processo entre a ocorrência do evento precipitante e o momento da procura de ajuda (1-2 semanas);
Planejar de 5 a 6 sessões;
Verificar o tipo de crise, explorar como começou e o quanto impactou a vida da pessoa e outras envolvidas;
Identificar os pontos fortes do cliente e de suas capacidades de enfrentamento bem-sucedidas em situações anteriores;
Identificar a pessoa que pode servir de apoio na família ou na comunidade.
 Cliente = participante ativo no estabelecimento de objetivos e planejamento de soluções
Intervenção em crise e o processo de enfermagem
Intervenção: A escolha da técnica depende da competência, capacidade, criatividade e flexibilidade do terapeuta.
Abordagem focada na necessidade atual, evitar explicações longas;
Oferecer apoio à pessoa demonstrando aceitação e não-julgamento, respeito e confiança;
Ouvir reflexivamente a pessoa, favorecendo a descrição e reconhecimento dos sentimentos e pensamentos da experiência atual;
Encorajar a expressão não-destrutiva de sentimentos;
(Re)direcionar a atenção do cliente ao foco;
Favorecer a conscientização dos sentimentos atuais;
Intervenção em crise e o processo de enfermagem
Intervenção:
Estabelecer limites adequados às demonstrações agressivas e destrutivas;
Validar a compreensão do evento estressante e da situação presente com o cliente;
Explorar os mecanismos de enfrentamento para ajudar o cliente a examinar modos alternativos;
Avaliar a pertinência do uso de mecanismos de enfrentamento anteriores na situação atual;
Valer-se das técnicas de resolução de problemas para ajudar a pessoa a mover-se para mudanças positivas;
Explorar métodos originais de enfrentamento;
Identificar e encaminhar a pessoa e família para sistemas de apoio da comunidade.
Intervenção em crise e o processo de enfermagem
Avaliação final
Feita junto ao cliente, para avaliar o resultado da intervenção. Quando as metas não são alcançadas, juntos devem retornar a uma das fases anteriores.
Se o enfermeiro perceber a necessidade de encaminhamento a outro profissional, deve fazê-lo com a maior brevidade possível. 
Aplicações da intervenção em crise
Pode ser implementada em qualquer contexto, compondo uma das funções do enfermeiro em saúde mental e psiquiátrica, mas todo enfermeiro precisa ter conhecimento básico para reconhecê-la, agir de forma terapêutica e providenciar o atendimento da pessoa o mais rápido possível.
A intervenção em crise atende aos níveis de assistência primário, secundário e terciário. 
1º pessoas de risco; 2º recuperação do equilíbrio e prevenção de novas crises; 3º atende pessoas em crise apoiando e minimizando seu sofrimento.

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