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Exemplo de contestação 1

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EXCEL ENT ÍS S IMO SE NHOR DO UTO R J UÍZ D E DIRE IT O D A 1 ª VARA CÍVE L DA COM ARCA DE CAMP INAS /SP 
Processo n° 1234 
JU L IAN A F L ORE S , brasileira, solte i ra, empresária, portad ora da cartei ra de i dentida de n°, e xpe di da pelo, i nscrita no CP F /MF sob o n° , resid ente e domici li ad a na R ua T uli pa, n° 333 , bai rro, C ampi nas, S P, C EP , endereço eletrô ni co, nos autos da AÇÃO D E ANU LAÇ ÃO D E N E GÓC IO JU R ÍDICO, pelo ri to co mum, que l he mo ve, S U ZANA MAR QUE S , ve m por se u a d vogad o, que, p ara fi ns do arti go 10 6, i nci so I do C ódi g o d e P rocesso Ci vil, i nfo rma seu endereço p rofi ssi ona l à R ua , n° , bai rro , C i da de, Estado, C E P , end ereço eletrô ni co, ve m pera nte V o ssa Exce lê ncia apresentar sua 
CO NT ESTA ÇÃ O 
Pe lo s fatos e f unda me ntos jur íd i cos q ue a segui r e xpõe: 
D AS PR E LIMINARE S 
1.D A AU S Ê N C IA D E LE GITIM IDADE :
Ve m a ré, preli mi narme nte, i ndi ca r sua i legi timida de passi va na presente açã o, te ndo em vi sta que a do ação i nd i cada pela autora na i ni ci al foi fei ta em fa vor do Or fa nato Se me ntes do Ama nhã, e não em fa vor da ré. 
Po r e ste moti vo a ré, em respei to ao di sp osto no ar ti go 3 37, i nci so XI, CP C , ap onta s ua ilegi timi dade .
 “Art. 337. Incum be ao réu, antes de discutir o mé rito, ale gar: (...) XI – ausênci a de l e gitimi dade ou de i nteresse proce ssual.” 
C ombi nado a este di spo si ti vo tê m-se o ar tigo 33 9 q ue a trib ui o ré u na posi ção de ilegi timid ade, i ndi car o le g ítimo ré u a de manda , como di spõe : 
“Art. 339. Q uando ale gar su a il e gitim i dade, inc umbe ao réu i ndic ar o suje i to passi vo da rel ação jurí dic a discutida sem pre que tiver c onheci m e nto, sob pena de arcar c om as de spesas proce ssuais e de indenizar o auto r pel os pre juízos de c orre nte s da falta de i ndic ação.” 
A ré, em co nsequê nci a d i sto, aponta como le gi timado p assi vo d es ta demanda o Orfa nato S eme ntes do A manhã, loca li zado à Rua , n°, bai rro, C i dad e, E stado, C E P , que fo i o real fa vorecido di retame nte co m a doaçã o da autora . 
 2) D A C OIS A JU LGAD A: 
D eve se r de stacado, nobre magi strado , q ue a a uto ra já fo rm ulo u e m face d a ré o utra açã o co m as mesmas causas de p edi r e pedi do . E sta tendo si do proposta em 10 de A bril de 2015 e trami tado na 2ª V a ra C íve l da C o marca de Campi nas/SP, te ndo sido declarada se nte nça de improcedênci a. 
É certo q ue a se nte nça co m reso lução de mé rito, q ua ndo tra nsi tada em j ulg ado produz coi sa j ulgada fo rmal e ma teri al, o q ue i mpede , respectivame nte, a di sc ussão d a matéria na ação se nte nci ad a e em q ualq uer out ra. 
Ne ste fato fica nítid a a ap li ca ção do i nci so V d o arti g o 4 85 do C ódi go de Processo C i vil q ue c la rame nte di ta:
“Art. 485. O juí z não re solve rá o m é rito quan do: (...) V – rec onhec e r a e xi stê nc ia de perem pção, li tispendênc ia ou de coisa j ulgada;” 
E, respei tando o que de termi na -se no texto d o arti g o 337 , em seu i nci so VII, do mesmo di sposi ti vo legal , apresenta -se a preli mi nar da coi sa coi sa julgada. 
 “Art. 337. Incum be ao réu, antes de discutir o mé rito, ale gar: (...) VII – c oisa j ulgada;” Esta preli mi nar ve m a mparada, ai nda , pela d o utri na como pode ser notado no arg ume nto de A le xa ndre Frei tas C âmara em s ua ob ra “Li çõe s de D i reito Processual C ivi l”, vol . I, pági nas 483 -484, d efi ne coisa j ulgada como: 
 “a i mutabil i dade do c omando em e rgente de uma sentença.” 
 Ha ve ndo a e xi stênci a de coi sa ju lg ada tor na -se apli cáve l o ente ndi me nto de Miguel Tei xei ra de S ou za e m s ua ob ra “Est ud os S obre o No vo Processo Ci vi l ” na pági na 568, q ue assi m a nali sa : 
“O c aso j ulgado é uma e xi gênci a da boa admi nistraç ão da j ustiç a, da funci onali dade dos tribunais e da salvagu arda d a paz soci al, po is que e vita que uma me sma ação seja i nstaura da várias vezes, obsta a que sobre a me sm a situação rec aiam soluçõe s c ontraditó ri as e garan te a re solução defi nitiva dos l i tígios que os tri bunais são c hamados a dirim ir. El a é , por i sso, expres s ã o de val ores de s egura nça e certeza que s ã o imanentes a qua l quer orde m ju rídic a .” 
 Ne ste co ntexto tor na -se cab ível o requeri me nto de e xtinção des ta demanda sem reso lução de mé rito. 
D O MÉR ITO 
D A P R E JU DICIAL DO MÉR ITO 
D A D E C ADÊ NC IA 
 Em sua ini ci a l a a utora rela ta uma d oação reali zad a e m 18 de Março de 2012 enqua nto coagi da pe la ré. Te ndo proposta a prese nte de ma nda pe la anulação do neg óci o jur ídi co ape nas em 2 0 de Ja nei ro de 2017. 
 Ha ve ndo o víci o d a coa ção na fo rmação de um negóci o j ur ídi co, este, seg u ndo a lei ci vi l vi gente, é pass íve l d e a nulação . C ont udo o mesmo di spo si ti vo determi na e m se u arti go 178, cap ut , o pra zo decad enci al de 4 ano s, tendo em se u i nci so I o mome nto e m q ue se i ni cia a contagem e m ca so de coação , co mo se lê: 
 “Art. 178. É de quatro ano s o praz o de dec adênci a para ple i te ar- se a anulaç ão do ne góci o j urí dic o, contado: I – no c aso de c oação, do dia e m que ela c e ssar;” 
Re sta, por tanto, a o a na li sar a da ta do negó ci o jur ídi co e a da proposi tura d a a ção, a de cadênci a do di reito da a utora. Ora q ue esta teri a até 18 de Março de 20 16 para p lei tear a a nula ção e só o fe z 1 0 meses a pós o fim do prazo deter mina do por lei . 
D OS FATOS: 
 A auto ra alega em s ua i nici a l q ue reali zou, e nq ua nto coagi da pela ré , a d oação de um de se us 3 i móvei s, sendo o de me nor valor , q ua l seja o s íti o lo cali zado na R ua Me lão, n° 121 , no m uni c ípi o de Ri bei rão P reto, S P , a va lia do em R$ 50.0 00,00 (cinq ue nta mil reai s). 
A a utora re lata a i nda q ue a doaçã o foi fei ta em favo r do Or fana to Se mente do Ama nhã, e m 18 d e Março de 2 012, no q ual a ré de sempenha va a função d e d i retora . E q ue a coaçã o o corri a enq ua nto era funcio nária da empresa X YZ L td a o nde a a utora é sóci a ma jo ri tá r i a e preside nte. 
 Foi di to a i nda na i ni ci al q ue a ré di a ri ame nte di zi a a autora q ue es ta deveria doar a lg um bem para a ca rida de a fi m d e q ue “reser vasse se u esp aço no cé u” , cre nça da re li gi ão a qual p e rte nci a. Te nd o di to a ré q ue rea li zo u a doaçã o p or recei o de ser de mi tida, já que trab al ha va como ge rente de recursos huma nos da emp resa. 
Ocorre q ue a ré aco nsel ha va a prá ti ca d e a tos de cari dade não só à autora , mas ta mbém aos seus o ut ros f unci oná ri os, p oré m jamais utili zou di sto como ameaça a q ualq ue r um de s e us f uncio nários. Po dendo i sto ser consta tado pelos funci oná ri os que ad otam reli gi ão d i versa da ré e nunca reali zara m q ualq uer do ação em fa vor do o r fana to di rig i do pela ré . 
Além di sso a a cusação i mp utada a ré nã o p oss ui f undame nto uma ve z q ue e s ta nem se q uer seb ene fici o u d a doaçã o, te ndo ai nd a dei xado a di reto ria do orfa nato e m 2013. 
C umpre di ze r ai nda q ue a a utora pedi u de missão da empresa X YZ Ltda em A bril de 2012 por ter a cei tado proposta da e mpresa co ncorre nte em Feverei ro de 2 012, ou seja , u m mês ant es da reali zação d o neg óci o jur ídico que requer a a nulação. E q ue, e nq uanto era fu nci oná ria da ré a a utora percebia mensa lme nte um salário d e R$ 15.000,00 (qui nze mil reai s), q ua ntia esta razoá ve l q ue não tor na va necessária a doação de um imó vel . 
Po r fim, de ve ser notada q ue a alegação da a utora b ei ra o abs urdo , uma ve z q ue per te nci a a mesma re lig i ão da ré e que a d oação é li b erali da de reali zada po r li vre vo ntade da a utora. Não podendo es ta di zer -se coagi da pe la ré qua ndo seguem os mesmos precei tos relig i os os. 
D OS FU N D AME N TOS 
A autora em sua i ni ci a l i ndi ca o caráter anulá vel do negóci o ju r ídi co de doação por e ste ter si do reali zado p or víci o de conse nti mento , q ual seja, no caso, a coação re a li zada pela ré. 
O C ódi go Civi l B rasileiro vi gente em seu artig o 1 51 define a coa ção nos seg ui n tes termos : 
“Art. 151. A coação, para vi ci ar a dec l aração da vontade, há de ser tal que i ncuta ao paci e nte fundado tem or de dano i m i nente e c onsiderável à sua pessoa, à sua f amí l ia, ou aos seus bens.” 
Se ndo a coaçã o feita por vi s a bsol u ta e por vi s com p ul si va , naq ue la sendo o pa ci ente i mpedi do de nã o reali zar o negó ci o jur ídi co acarre ta ndo em nulid ade, pelo posi cio namento da doutri na , enq ua nto na seg unda a vo ntade não res ta presa , se ndo o neg óci o a nulá ve l. 
No presente caso há d e ser vi sta a coa ção pela vi s com p ul si va , ou seja, a autora não este ve i mpedi da de não rea li zar o negó ci o ju r ídi co, es tando sua vo ntade li vre. 
C ont udo a autora demo nst ra que a coação ocorria pe la co nduta d a ré d e a conse l har a rea li zaçã o d e a tos de carid ade para q ue a a utora “reser vasse o se u espaço no cé u” . 
Ni sto há de se o bserva r a e xistência de temor reve renci al , que é defini do como recei o res ulta nte d e d o respei to o u da esti ma q ue se ded i ca a algué m, de modo q ue se receie ca usar q ualq uer ab orre ci me nto o u desgosto. 
Toda via , pe lo q ue di sp õe a le i ci vi l no ar tig o 1 53, temor re ve re ncia l não co nfi g ura coação . 
“Art. 153. Não se c onside ra coação a am e aça do e xe rcí ci o norm al de um direi to, nem o sim ple s tem or reve renc i al.” 
Pe la do utri na também é vi sta a fa lta de configuração de co ação pelo temor re vere nci al no mome nto em que se a va lia o prese nte caso sob a ég i de do entendi me nto de C ló vis Be vi laqua q ue a nalisa: 
“não sendo ac ompanhad o de ame aças e vi olê ncias, nem assumi ndo a f orma de forç a moral i rre sistível , é i nfl uênci a i ncapaz de vic iar o ato.” 
So mand o os argume ntos da ré ao ordenamento j ur ídico e doutri na resta cla rame nte o e rro da a utora na proposi tura da prese nte de manda . Tendo em vi sta q ue alé m da i legi timid ade passi va e presença de coi sa julgad a a le gou ser coagi d a p ela ré no que po de ser vi sto como temo r reve re nci al, q ue como demonst rado não co nfi g ura co ação. 
Logo , resta demo nst rada a j us tificativa para se nte nça d e i mprocedência dos pedidos da autora.
D OS PE D IDOS 
 D i ante do e xposto, vem p era nte Vossa E xcelê ncia req uere r: 
1 – S eja acolhi d a a p ri meira p reli mi nar de i legi timid ade passi va, substi t ui ndo o réu pelo Orfa nato S ementes d o A manhã locali zado à Rua , n °, 
bai rro, C i dad e, E stado, C E P , ou exting uind o-se o p rocesso sem aná li se d e mérito co m f ulcro no a rti go 485 do C ódi g o de P rocesso Ci vi l ; 
 2 – S eja aco lhi d a a segunda p reli mi nar arg ui da de coi sa julgada, exti ng ui ndo -se o p rocesso sem reso l ução de méri to nos termos do a rti go 48 5 do Cód i go de Processo Ci vi l; 
3 – C a so não se ja o entend i me nto d e V ossa E xcelê nci a, req uer o acolhi me nto da pre j udi ci al de mérito de decad ênci a com a conse que nte exti nção do processo com aná li se de méri to, com f ulcro no ar ti go 487, i nci so II, do Cód i go de Processo Ci vi l; 
4 – S ejam julgados IMP ROCE D E NTE S todos os pedi do s formulados pelo a utor e decla rados por se ntença ; 
5 – Se ja o a utor co nde nado a o pagamento d e ho norário s advocat íci o s e despe sas process uai s na base de 2 0% sobre o valor da ca usa; 
D AS PR OVAS
Re que r a produção de todas as provas e m di rei to admi tid as, e m especi al documental , d ocume ntal s uper ve ni ente , teste munha l, peri ci al e depo i mento pesso al do a utor , na a mp li t ud e do ar tig o 36 9 e segui ntes do C ódi g o de Processo C i vil. 
Ne stes termos 
 Pe de deferi mento 
 __________,_ ___,_____ de _________ de ________
 Advogado 
OAB

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