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143
UNIDADE 3
O CONTEXTO HISTÓRICO-
FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• analisar o espaço da educação brasileira como local de continuidade e des-
continuidade, ou rupturas e permanências em termos de teorias, modelos, 
explicações, métodos, normas e leis educacionais;
• estudar o contexto histórico e as estruturas educacionais do período colo-
nial brasileiro, em especial o sistema de ensino da Companhia de Jesus;
• conhecer as condições históricas e sociais do período político denominado 
de Brasil Império, no que diz respeito a instituições políticas e políticas 
públicas em educação para a época;
• analisar as principais diretrizes educacionais que se instalaram no Brasil a 
partir da Proclamação da República e nos primeiros anos do século XX;
•	 identificar	e	compreender	os	novos	rumos	e	tendências	que	se	configura-
ram na educação brasileira a partir da Constituição de 1988.
A	Unidade	3	deste	caderno	está	dividida	em	três	tópicos	de	conteúdos.	Ao	
longo	de	cada	um	você	encontrará	sugestões	de	filmes,	de	leitura,	resumos	e	
atividades	de	fixação	dos	conteúdos	estudados.
TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL NO 
PERÍODO COLONIAL E IMPERIAL
TÓPICO 2 – CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL A 
PARTIR DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E NOS PRI-
MEIROS ANOS DO SÉCULO XX
TÓPICO 3 – CONTEXTO HISTÓRICO E INTELECTUAL DA SEGUNDA 
METADE DO SÉCULO XX
Assista ao vídeo 
desta unidade.
144
145
TÓPICO 1
CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA 
EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL E 
IMPERIAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Caro	 acadêmico!	 Agora	 chegou	 o	 momento	 de	 analisarmos	 em	 linhas	
gerais	 como	se	deu	a	estruturação	do	ensino	e	das	 instituições	educacionais	no	
Brasil.	Isso	significa	reconhecer	o	que	adaptamos	de	outras	regiões	e	países,	como	
a	Europa	e	os	Estados	Unidos,	e	o	que	desenvolvemos	de	forma	genuína,	ou	seja,	o	
que	a	intelectualidade	brasileira	foi	capaz	de	pensar	e	realizar	a	partir	do	contexto	
de	desafios	da	realidade	que	se	apresentava.
Antecipamos	que	o	Brasil,	em	termos	de	políticas	de	governo	em	educação,	
por muito tempo não se preocupou em pensar uma estrutura educacional coesa e 
sólida	que	envolvesse	ensino,	pesquisa	e	extensão.	Isto	passou	a	ser	uma	realidade	
somente	 a	 partir	 do	 século	 XX	 e,	 hoje,	 no	 descortinar	 das	 primeiras	 décadas	
do século XXI, ainda não representa uma prática sólida e autônoma, ainda nos 
encontramos numa posição de dependência no que diz respeito a matrizes teóricas 
e	metodológicas	do	que	é	produzido	no	exterior.
Gostaríamos	que	 estas	 reflexões	não	 sejam	 responsáveis	por	desmerecer	
toda	a	jornada	e	luta	que	foi	travada	pelas	gerações	anteriores,	pois	sem	o	trabalho	
deles	não	estaríamos	hoje	aqui,	revisitando	e	refletindo	o	seu	legado,	e	muito	menos	
teríamos o ponto de partida no qual nos situamos; assim como não desestimulem 
ou	desmotivem	as	 superações	 que	 você,	 sua	 turma	 e	 sua	 geração	podem	 fazer	
pelo	contexto	educacional	atual,	seja	em	meio	à	sua	comunidade,	região,	país	e/ou	
mundo.
Neste	momento,	nos	dedicaremos	mais	a	descrever	e	explicar	as	estruturas	
políticas,	as	instituições	e	os	movimentos	educacionais,	os	métodos	e	os	principais	
idealizadores	 de	 teorias	 pedagógicas	 brasileiras.	 Fique	 atento	 aos	 tópicos	 que	
compõem	esta	unidade,	procure	 identificar	as	continuidades	e	semelhanças	que	
perpassaram cada época e, em especial, as mudanças e rupturas que possibilitaram 
a	renovação	do	pensamento	pedagógico	no	Brasil.
O	 que	 compreendemos	 por	 período	 colonial	 brasileiro	 se	 refere	 a	 uma	
temporalidade	 iniciada	 em	 1500,	 quando	 da	 viagem	 de	 Pedro	 Álvares	 Cabral,	
até	 a	 Independência	do	Brasil,	 em	1822.	Todavia,	 estes	marcos	 cronológicos	da	
história brasileira não correspondem, necessariamente, aos períodos de maior 
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
146
intensidade	nas	transformações	sociais	que	permitiram	ao	Brasil	sua	composição	
socioeconômica	presente;	de	modo	 sistemático	 e	 cronológico,	 a	história	política	
brasileira	se	divide	em	três	períodos:	período	colonial,	período	imperial	e	período	
republicano (FAUSTO, 2000).
Votos	de	uma	boa	leitura	e	apropriação	de	conhecimentos	pela	frente!
2 O EXEMPLO DE PORTUGAL 
 
A	 educação	 brasileira,	 no	 período	 colonial,	 se	 relaciona	 às	 dinâmicas	
educacionais	 da	 metrópole;	 na	 colônia	 obrigatoriamente	 vigoraria	 a	 confissão	
religiosa	 da	 metrópole,	 portanto,	 muitas	 das	 decisões	 relativas	 às	 questões	
educacionais	 durante	 o	 período	 colonial	 brasileiro	 se	 relacionam	 às	 políticas	
portuguesas	em	relação	às	suas	colônias.	Por	isso,	devemos,	antes	de	compreender	
o	Brasil,	analisar	os	antecedentes	portugueses	na	educação.	
Portugal	 surge	 como	nação	 por	 volta	 do	 século	XIII,	 quando	 se	 tem	no	
poder	os	reis	da	dinastia	afonsina.	Durante	a	chamada	Revolução	de	Avis,	de	1385,	
surge	uma	nova	dinastia	homônima	ao	movimento	revolucionário.	Com	os	reis	
da	Dinastia	Avis	 temos	o	 auge	das	grandes	navegações	portuguesas.	Expansão	
ultramarina	 iniciada	 em	 1415,	 quando	 os	 lusitanos,	 liderados	 pelo	 infante	 D.	
Henrique,	conquistaram	a	cidade	de	Ceuta,	no	norte	da	África.	Depois	 tivemos	
as	chamadas	grandes	viagens	de	Gil	Eanes,	que	ultrapassou	o	Cabo	Bojador;	de	
Bartolomeu Dias, que descobriu o Cabo da Boa Esperança, e Vasco da Gama, que 
descobriu o caminho marítimo para as Índias. Dois anos após, as embarcações 
comandadas	 por	 Pedro	 Álvares	 Cabral	 alcançaram	 as	 praias	 de	 Porto	 Seguro,	
sendo	a	data	“oficial”	da	primeira	chegada	dos	portugueses	ao	Brasil	(MATOSO,	
2001). 
Portugal	confessava-se	cristã	católica,	sendo	assim	o	modelo	antropológico	
e	cosmovisão	tomista,	cuja	matriz	encontra-se	nas	obras	de	São	Tomás	de	Aquino.	
Segundo	Lauand	e	Sproviero	(1999),	a	doutrina	de	São	Tomás	centra-se	na	noção	de	
participação,	no	sentido	de	que	os	indivíduos	comungam	dos	ideais,	congregam,	
fazem	parte	do	grupo	ou	do	movimento.	O	que	nos	leva	a	interpretar	que	os	novos	
adeptos	e	convertidos	da	fé	católica	deveriam	ser	catequizados	e	posteriormente	
demonstrá-la	e	professá-la	de	forma	íntegra	e	convincente.
Lauand	e	Sproviero	(1999)	acrescentam	que	o	pensamento	de	São	Tomás	
de	Aquino	foi	responsável	por	sustentar	filosoficamente	as	alianças	que	a	Igreja	
Católica	realizou	com	as	instituições	políticas	e	econômicas	ao	longo	da	era	das	
grandes	navegações,	descobertas,	colonização	e	catequização	do	Novo	Mundo.
A	relação	das	grandes	navegações	portuguesas	com	a	educação	é	um	
ponto	de	discórdia	 entre	diversos	historiadores,	 pois,	 para	 alguns,	 existiu	
uma	instituição	formada	com	o	objetivo	de	educar	jovens	marinheiros	para	a	
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL E IMPERIAL
147
“faina	marítima”,	isto	é,	para	as	lidas	cotidianas	navais.	A	escola	teria	como	
local	de	sede	o	promontório	de	Sagres,	no	sul	da	Península	Ibérica.	Teria	como	
principal	diretor	 o	 infante	D.	Henrique,	 que	 seria	 o	principal	 responsável	
pela	fundação	e	manutenção	de	uma	instituição	de	ensino	para	a	Marinha.	
Todavia,	existem	outros	historiadores,	que	não	concordam	com	a	existência	
de	 tal	 “escola	 de	 aprendizes-marinheiros”.	 Isto	 porque	 as	 navegações,	 em	 seus	
aspectos	de	maior	materialidade,	 como	a	construção	naval,	ou	 teóricos,	 como	a	
navegação	astronômica,	tiveram	seu	desenvolvimento	ligados	a	uma	empiria	no	
trato	com	o	mar,	e	da	 tradição	de	povos	que	habitam	a	Península	 Ibérica	e	que	
possuíam	o	hábito	tradicional	de	contemplar	as	estrelas,	como	os	judeus	e	árabes.			
Uma instituição de ensino que pode ser considerada um ponto de concórdia 
entre	os	historiadores	da	educação	em	língua	portuguesa	foi	a	Universidade	de	
Coimbra.Fundada	ainda	no	período	medieval,	a	universidade	foi	formada	para	
ser	um	centro	intelectual	do	reino	português.	
Enquanto	Guimarães	e	posteriormente	Lisboa	foram	as	capitais	políticas	
de	 Portugal,	 Coimbra	 foi	 a	 sua	 capital	 cultural,	 pois	 está	 nesta	 cidade	 a	 mais	
antiga	universidade.	Não	apenas	por	sua	tradição,	mas	também	por	sua	condição	
enquanto	universidade,	Coimbra	se	destacou.	Em	geral,	a	principal	carreira	a	ser	
seguida	era	a	de	Direito.	Os	 letrados	de	Coimbra	eram	as	principais	figuras	da	
burocracia	 do	 Império	 Marítimo	 Português.	 Com	 isso,	 podemos	 compreender	
algumas	questões	ligadas	às	instituições	educacionais	do	Brasil	Colonial.	
No	Brasil,	 ao	 contrário	 da	América	 Espanhola,	 não	 havia	 universidades	
(HOLANDA,	1995).	Isto	é,	ao	invés	de	investir	em	universidades	no	ultramar,	o	
governo	português	centralizava	a	educação	superior	em	uma	única	instituição.	O	
Império	Espanhol,	ao	contrário,	instituiu	universidades	em	diversos	pontos	de	sua	
colônia	americana,	sendo	a	mais	antiga	a	Universidade	de	São	Marcos,	no	Peru.		
Tal política de educação superior da realeza lusitana possuiu pontos 
positivos	e	negativos.	Os	pontos	negativos	podem	ser	enumerados	na	dificuldade	
de	acesso	ao	Ensino	Superior	aos	súditos	lusitanos	na	América	Portuguesa,	além	
da	pouca	produção	 intelectual,	 algo	que	a	presença	de	uma	universidade	pode	
fomentar,	porém,	entre	os	pontos	positivos,	está	a	de	uma	mentalidade	uniforme	
entre	os	burocratas	do	reino	português,	pois	alguns	homens	teriam	de	exercer,	em	
uma	mesma	existência,	cargos	de	poder	em	pontos	distintos	do	globo,	como	na	
Ásia,	na	África	e	no	Brasil.				
A	educação	desde	os	tempos	mais	longínquos	consiste	em	um	dos	principais	
vetores	na	divulgação	de	novas	ideias	políticas,	filosóficas	e	científicas.	Por	isso,	
os	Estados	nacionais,	durante	o	Antigo	Regime,	possuíam	um	profundo	controle	
não	apenas	nas	instituições	universitárias,	como	também	sobre	todas	as	produções	
intelectuais.	Em	Portugal	 existiu	 a	denominada	Mesa	de	Consciência	 e	Ordem,	
órgão	responsável	pela	censura	de	livros,	peças	teatrais	e	demais	obras	a	serem	
publicadas	 no	 reino	 e	 nos	 domínios	 de	 ultramar.	 Todavia,	 para	 se	 estabelecer	
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
148
o	 “certo”	 e	 o	 “errado”	do	ponto	de	vista	 intelectual,	 temos	de	 compreender	 as	
disputas	intelectuais	no	interior	do	reino	português	quinhentista.	
No	Portugal	dos	Quinhentos,	dois	grupos	sociais	lutavam	pela	hegemonia	
das ideias: os erasmianos e os neoescolásticos. Os erasmianos eram os intelectuais 
ligados	 às	 ideias	 de	 Erasmo	 de	 Roterdã.	 Tal	 postura	 intelectual	 era	 ligada	 a	
influências	 agostinianas	 e	 humanísticas,	 típicas	 do	 Renascimento	 europeu:	 o	
pensamento neotomista.
 
A	 concepção	 erasmiana	 era	 influenciada	 pelo	 platonismo	 agostiniano,	
enquanto	os	neoescolásticos	eram	ligados	ao	pensamento	de	São	Tomás	de	Aquino.	
O	pensamento	erasmiano	foi	fecundo	em	Portugal	na	primeira	metade	do	século	
XVI.	Damião	de	Góis	foi	um	dos	principais	intelectuais	erasmianos	portugueses.	
O termo erasmiano é oriundo de Erasmo de Roterdã, intelectual importante no 
século	XVI,	 autor	 de	 um	 clássico	 do	pensamento	 ocidental	 chamado	Elogio	 da	
Loucura.
Os	erasmianos	realizaram	uma	obra	educacional	interessante	no	afamado	
Colégio	das	Artes	de	Coimbra.	Todavia,	são	expulsos	e	colocados	sob	suspeita.	Em	
Portugal,	assim	como	na	Espanha,	se	debateu	qual	é	o	melhor	método	filosófico,	e	os	
neoescolásticos	ganharam	a	disputa.	Os	jesuítas	eram	os	principais	neoescolásticos	
e	 foram	os	religiosos	que	substituíram	os	erasmianos	no	colégio	coimbrão.	Esta	
substituição é um marco na mudança de rumos da educação durante a Idade 
Moderna	portuguesa.
Um	dos	marcos	da	colonização	portuguesa	nos	trópicos	da	América	foi	a	
instalação	do	Governo	Geral	em	1550.	Este	foi	acompanhado	por	religiosos	jesuítas,	
que	se	instalaram	no	Brasil	e	marcaram	profundamente	a	história	brasileira	nos	
séculos XVI e XVII, a ponto de se atribuir uma máxima ao historiador Capistrano 
de	 Abreu,	 cuja	 História	 do	 Brasil	 dos	 dois	 primeiros	 séculos	 é	 a	 história	 da	
Companhia de Jesus.
Na	tentativa	de	explicar	a	instauração	dos	modelos	de	civilização,	educação	
e	aculturação	da	metrópole	na	colônia,	Saviani	(2004,	p.	123)	colabora	descrevendo	
que	“[...]	no	caso	da	educação	instaurada	no	âmbito	do	processo	de	colonização	
tratava-se,	evidentemente,	de	aculturação,	 já	que	as	tradições	e	costumes	que	se	
busca	inculcar	decorrem	de	um	dinamismo	externo,	isto	é,	que	vai	do	meio	cultural	
do	colonizador	para	a	situação	objeto	de	colonização”.	
Segundo	Paiva	(1978),	havia	o	projeto	de	transformação	de	costumes,	que	
deveria	 alcançar	 e	 sensibilizar	 desde	 as	 organizações	 familiares,	 a	 estrutura	 de	
governo,	a	geografia	das	aldeias	e	as	relações	no	interior	das	mesas,	entre	outros	
aspectos,	almejando	a	superação	dos	costumes	autóctones	sob	o	pretexto	de	obter	
a	salvação	das	almas.	Em	outras	palavras,	os	hábitos	selvagens	dos	povos	nativos	
deveriam	 ser	 suprimidos	 e	 em	 seu	 lugar	 cultivados	 os	 valores	 da	 civilização,	
aqueles	ainda	da	antiguidade	clássica	de	Aristóteles	e	Platão,	de	superar	os	vícios	
por	meio	do	hábito	constante	das	virtudes.
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL E IMPERIAL
149
BEDEL: ou disciplinador; nome dado ao responsável por aplicar a disciplina 
no interior dos espaços escolares, é comum também o nome ser utilizador para referir e 
denominar os profissionais que são responsáveis pelas atividades burocráticas. 
Tobias	(1987)	explica	que,	além	da	finalidade	de	aculturar	e	converter	os	
nativos	brasileiros,	a	educação	desenvolvida	no	Brasil	almejava	formar	padres,	e	
que	a	estrutura	familiar	do	Brasil,	que	se	caracterizava	por	ser	numerosa,	fornecia	
condições	favoráveis	para	tal,	sendo	que:	“o	primeiro	filho	tinha	que	ser	o	herdeiro	
da	herança	material	do	pai;	o	segundo,	o	intelectual	da	família;	o	‘terceiro	filho’	
‘entrava	para	a	Igreja”	(TOBIAS,	1987,	p.	80).
DICAS
Segundo	 Saviani	 (2007,	 p.	 41),	 diversas	 ordens	 religiosas,	 tais	 como	
franciscanos,	 beneditinos,	 carmelitas,	 mercedários,	 oratorianos	 e	 capuchinhos	
desenvolveram	ações	educativas	e	religiosas	em	terras	brasileiras,	mas	foram	os	
jesuítas	que	as	consolidaram	ao	longo	da	maior	parte	do	período	colonial.	Logo,	se	
faz	necessário	aprofundar	os	conhecimentos	sobre	elas.	
A	Companhia	de	Jesus	foi	fundada	por	volta	de	1530,	por	Inácio	de	Loyola,	
um	basco	que,	desejando	se	 tornar	 cavaleiro,	ficou	 ferido	e,	 se	 tratando	em	um	
mosteiro,	 solicitou	 ler	 sobre	 aventuras	 da	 cavalaria,	mas	 acabou	 lendo	 a	 única	
literatura	disponível	no	mosteiro,	as	hagiografias,	isto	é,	a	escrita	sobre	a	vida	de	
santos.	Inspirado	por	esta	literatura	religiosa,	acabou	por	fundar	uma	Companhia	
de Soldados de Cristo. Possuem os mesmos o lema Ad Majorem Gloriam Dei (Para a 
Maior	Glória	de	Deus),	como	sigla	as	letras	SJ,	além	de	uma	regra	de	vida	comum	
própria.	Dois	livros	são	marcas	do	pensamento	inaciano:	Os exercícios espirituais e a 
Ratium Studiorum (SEBE, 1981). 
 
A	Companhia	de	Jesus	tinha	como	finalidade	traduzir	em	ações	a	fé	que	
professava;	não	lhe	bastando	meditar	e	orar,	daí	o	fervor	missionário,	de	caráter	
militante	e	combatente,	que	moveu	os	seguidores	a	considerar	a	cruz	e	a	espada	
como	faces	de	uma	mesma	moeda.
A Ratio atque Institutio Studiorum Societatis Iesu	 (Plano	 e	Organização	 de	
Estudos	da	Companhia	de	Jesus)	foi	publicada	no	ano	de	1599,	continha	as	regras	
que	orientavam	 todas	 as	 atividades	dos	 agentes	diretamente	 ligados	 ao	 ensino.	
Abrangia	desde	as	regras	do	Provincial,	passando	pelas	do	Reitor,	do	Prefeito	de	
Estudos,	dos	professores	de	modo	geral	e	de	cada	matéria	de	ensino,	abrangendo	
as	regras	daprova	escrita,	da	distribuição	de	prêmios,	do	bedel,	chegando	às	regras	
dos	alunos	e	concluindo	com	as	regras	das	diversas	academias.
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
150
3 FUNDAMENTOS DO MODELO E MÉTODO JESUÍTICO DE 
ENSINO
Os	portugueses	que	gradualmente	chegaram	ao	Brasil	traziam	os	modelos	
e	concepções	que	estavam	em	voga	em	Portugal	e	na	Europa	medieval.	Os	jesuítas	
se	 instalaram	em	diversos	pontos	do	país.	Dois	dos	mais	afamados	 jesuítas	que	
atuaram	no	Brasil	colonial	foram	os	padres	José	de	Anchieta	e	Antônio	Vieira.	
A	importância	da	educação	jesuítica	para	a	história	brasileira	é	incontável,	
pois	foram	eles	os	fundadores	do	Colégio	de	São	Paulo	de	Piratininga,	que	deu	
origem	à	atual	cidade	de	São	Paulo,	a	maior	metrópole	brasileira.
Os	 jesuítas	 possuíam	 como	método	de	 estudo	 o	Ratium Studiorum, pelo 
qual	os	estudantes	eram	disciplinados,	ligando	as	ideias	de	Inácio	de	Loyola	com	
o	cotidiano	dos	alunos.	Na	colônia,	as	principais	instituições	eram	as	vinculadas	
ao	ideal	jesuítico.	O	Colégio	de	Salvador	possuiu	grande	qualidade	acadêmica,	a	
ponto	de	as	autoridades	coloniais	solicitarem	uma	equiparação	do	Colégio	Jesuíta	
de	Salvador	com	a	Universidade	de	Coimbra.	Equiparação	esta	que	não	ocorreu	
por questões políticas. 
Quanto	aos	indígenas,	a	ação	jesuítica	foi	muito	intensa.	Eles	organizaram	
sua	ação	com	relação	às	maneiras	de	catequizar	através	das	reduções,	 formas	de	
atrair	 os	 indígenas	 e	 nelas	 também	 explorar	 sua	mão	de	 obra,	 em	 especial	 nas	
denominadas	“drogas	do	sertão”,	isto	é,	as	especiarias	brasileiras,	como	castanhas.	
No	 interior	 da	América	 do	 Sul,	 entre	 os	 territórios	 do	 Paraguai,	 Paraná	 e	 Rio	
Grande	do	Sul,	 a	 ação	dos	 jesuítas	 com	os	 indígenas	 foi	grande,	nas	 chamadas	
missões,	nas	quais	os	 jesuítas	 influenciaram	a	cultura.	Os	padres	 traduziram	as	
histórias	bíblicas	para	o	idioma	guarani,	até	hoje	a	língua	oficial	dos	paraguaios,	ao	
lado do espanhol. Em relação ao idioma, em muitas localidades do Brasil Colonial, 
a	chamada	língua	geral,	uma	forma	de	tupi-guarani	padronizado	pelos	 jesuítas,	
era	língua	corrente.
As	reduções	que	foram	edificadas	no	interior	do	Rio	Grande	do	Sul,	quando	
da	expulsão	dos	jesuítas	do	Brasil,	passaram	por	um	longo	período	de	declínio	e	
decadência	e	hoje	restam	apenas	ruínas	das	estruturas	edificadas,	que	abrigavam	
as	unidades	de	 educação,	 trabalho	 e	moradias.	As	 edificações	mais	 expressivas	
encontram-se	na	cidade	de	São	Miguel	das	Missões,	que	foi	reconhecida	como	sítio	
arqueológico	de	São	Miguel	Arcanjo	e,	em	1983,	declarado	patrimônio	mundial	
pela	Unesco.	Observe	a	imagem	a	seguir	da	estrutura	que	a	redução	possuía,	bem	
como	uma	imagem	do	local	na	atualidade:
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL E IMPERIAL
151
FIGURA 23 - ESTRUTURA DA REDUÇÃO DE SÃO MIGUEL ARCANJO, SIMULAÇÃO DA 
ESTRUTURA ORIGINAL
FONTE: Disponível em: <http://compartilhandoescritas.blogspot.com.br/2012/06/missoes-
jesuiticas-os-sete-povos-das.html>. Acesso em: 30 out 2016.
FONTE: Disponível em: <http://portaldasmissoes.com.br/site/view/id/406/ruinas-de-sao-
miguel-arcanjo-sitio-arqueologico.html>. Acesso em: 29 out. 2016. 
FIGURA 24 - REDUÇÃO DE SÃO MIGUEL DAS MISSÕES-RS, IMAGEM ATUAL
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
152
Silva	(2012)	procura	explicar	que:
A	 didática	 dos	 jesuítas	 era	 fiel	 aos	 fundamentos	 de	 sua	 pedagogia,	
reproduzindo,	quase	que	completamente,	o	modelo	medieval	escolástico.	
Conteúdos	e	 formas	de	ensino,	assim,	manteriam	os	professores	e	os	
estudantes	sob	a	tutela	magisterial	da	igreja,	principalmente	porque	a	
livre	 interpretação	das	escrituras	e	a	 salvação	pela	 fé	 eram	bandeiras	
protestantes	que	atribuíam	liberdades	exageradas	aos	fiéis,	do	ponto	de	
vista	católico.
Se	nos	séculos	XVI	e	XVII	os	jesuítas	se	destacaram	nos	aspectos	educacionais	
da	colônia,	tal	assertiva	não	corresponde	ao	século	XVIII,	no	qual	a	ordem	inaciana	
perdeu	grande	parte	de	 seu	prestígio,	 e	 em	1759	os	 jesuítas	 foram	expulsos	do	
Brasil. 
Por	 reformas	 pombalinas	 ou	 reformas	 ilustradas	 são	 denominadas	 as	
transformações	 político-sociais	 empregadas	 por	 um	 conselheiro	 do	 rei	 D.	 José	
I,	 José	 Sebastião	de	Carvalho	Mello,	 que	 tinha	 o	 título	de	 nobreza	Marquês	de	
Pombal.	De	maneira	geral,	possuíam	caráter	iluminista,	racionalista	e	defendiam	o	
estado	laico,	ou	seja,	o	governo	político	sem	a	influência	da	Igreja.	A	partir	daquele	
momento	foram	organizadas	as	aulas	régias,	avulsas	e	que	seriam	ministradas	por	
um	professor	pago	pela	Coroa	portuguesa.
Ao	tentar	modernizar	o	Estado	português,	Pombal	 influiu	em	diferentes	
campos	da	sociedade,	com	reflexos	na	educação,	pois	uma	de	suas	medidas	em	
relação	ao	contato	do	Estado	português	com	os	indígenas	brasileiros	foi	instituída	
em	 um	 dispositivo	 legal,	 o	 Diretório	 dos	 Índios	 do	 Grão-Pará	 e	 Maranhão.	
Nesta	lei,	Pombal	instituiu	que	as	reduções	deveriam	ser	comandadas	não	mais	
por	 religiosos,	mas	por	 funcionários	do	Estado.	Com	 isto,	 o	 poder	dos	 jesuítas	
diminuiu.	Este	poder	jesuítico	acabou	com	a	expulsão	desta	ordem	religiosa	dos	
territórios	portugueses	(FAUSTO,	2000).	
 
Para	substituir	os	Soldados	de	Cristo	foram	denominados	irmãos	da	Ordem	
do	Oratório,	como	substitutos	dos	inacianos	nas	instituições	religiosas.	Em	grande	
parte,	 pela	 similaridade	 do	 carisma	 das	 duas	 ordens	 em	 pregar	 o	 evangelho,	
além	dos	interesses	econômicos	por	parte	da	monarquia	portuguesa,	que	via	na	
Companhia	de	Jesus	uma	concorrente	comercial.	A	expulsão	dos	jesuítas	significou	
uma	 profunda	 alteração,	 pois	 eles	 eram	 os	 principais	 promotores	 da	 educação	
brasileira.
PARA REFLETIR:
Caro	acadêmico,	ao	longo	de	todo	o	período	do	Brasil	Colonial	não	
existiram	universidades	em	nosso	país.	Até	que	ponto	esta	característica	de	
nossa	colonização	nos	prejudicou	no	que	diz	respeito	ao	desenvolvimento	
educacional? 
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL E IMPERIAL
153
O	período	colonial	foi	um	tempo	de	forte	controle	sobre	a	estruturação	e	o	
desenvolvimento	do	Brasil;	o	país	não	era	impedido	somente	de	criar	universidades,	
como	também	de	estruturar	atividades	industriais.
Para	compreender	o	grau	de	controle	que	Portugal	exercia	sobre	o	Brasil	e	
os	alcances	do	domínio	que	exercia,	observe	a	passagem	a	seguir,	que	ilustra	uma	
das	determinações	da	rainha	Maria	I,	que	governou	o	Brasil	e	Portugal	entre	os	
anos	de	1777	e	1815:	
O	Brasil	é	o	país	mais	fértil	do	mundo	em	frutos	e	produção	da	terra.	
Os seus habitantes têm, por meio da cultura, não só tudo quanto lhes é 
necessário	para	o	sustento	da	vida,	mais	ainda	artigos	importantíssimos,	
para	 fazerem,	 como	 fazem,	 um	 extenso	 comércio	 e	 navegação.	 Ora,	
se	 a	 estas	 incontáveis	 vantagens	 reunirem	 as	 das	 indústrias	 e	 das	
artes	para	o	vestuário,	luxo	e	outras	comodidades,	ficarão	os	mesmos	
totalmente	 independentes	 da	 metrópole.	 É,	 por	 conseguinte,	 de	
absoluta	 necessidade	 acabar	 com	 todas	 as	 fábricas	 e	manufaturas	 no	
Brasil	(Alvará	de	05.01.1785	in	Fonseca,	1961-	D.	Maria	I-	A	louca).
Tendo	em	vista	as	implicações	destas	determinações	ao	processo	histórico	
de	desenvolvimento	do	Brasil,	passam	a	fazer	sentido	muitos	dos	problemas	em	
termos	 de	 desenvolvimento	 e	 justiça	 social	 que	 ainda	 se	 apresentam	 em	nossa	
época. 
Caro acadêmico! Vamos adiante nos estudos. O cenário histórico, social, 
político	 e	 filosófico	 passa	 por	 significativas	 alterações	 a	 partir	 da	mudança	 do	
sistema	colonial	ao	sistema	monárquico.	Prossiga	na	leitura.
4 FUNDAMENTOS HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
NA ÉPOCA IMPERIAL
 
Nos	mais	de	80	anos	em	que	o	Brasil	foi	governado	pelo	regime	de	monarquia(1808-1889),	o	sistema	educacional	atuava	em	três	níveis:	o	ensino	elementar	(ou	
primário),	o	ensino	secundário	e	o	ensino	superior.	Piletti	(2006)	destaca	que	o	ensino	
no	Brasil	Império	era	fragmentado	em	aulas	avulsas	(e	dispersas),	caracterizando	
conteúdos totalmente desconexos para o ensino elementar e o ensino secundário. 
Deve-se	considerar	ainda	que	não	havia	exigência	de	conclusão	de	uma	forma	de	
ensino	para	alcançar	a	outra	fase,	ou	seja,	mesmo	sem	concluir	o	ensino	elementar,	
o ensino secundário poderia ser acessado. 
 
A	configuração	social	do	Brasil	no	século	XIX	não	favorecia	investimentos	
à	 educação	 primária.	 A	 Constituição,	 outorgada	 em	 1824,	 destacava	 que	 “A	
instrução	primária	é	gratuita	para	todos	os	cidadãos	[...]”,	mas	o	número	de	escolas	
era	reduzido.	Foi	somente	em	15	de	outubro	de	1827	que	a	Assembleia	Legislativa	
aprovou	a	primeira	lei	sobre	a	instrução	pública	nacional	do	Império	Brasileiro.	
Esta	 lei	 estabelecia	 que	 “em	 todas	 as	 cidades,	 vilas	 e	 lugares	populosos	
haverá	escolas	de	primeiras	 letras	 [ler,	 escrever,	 contar]	que	 forem	necessárias”	
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
154
(WEREBE,	 1994,	 p.	 63).	 A	 Constituição	 do	 Brasil	 também	 determinava	 os	
conteúdos das disciplinas a serem ministradas nas escolas primárias e secundárias. 
Destacavam-se	os	princípios	da	moral	cristã	e	de	doutrina	da	religião	católica	e	
apostólica	romana.	A	preferência	acerca	dos	temas,	para	o	ensino	de	leitura,	era	
para	a	Constituição	do	Império	e	História	do	Brasil	(AZEVEDO,	1971).
O	Ato	Adicional,	de	6	de	agosto	de	1834,	instituiu	as	Assembleias	Legislativas	
Provinciais,	 com	 o	 poder	 de	 elaborar	 o	 seu	 próprio	 regimento,	 desde	 que	 não	
ferissem	 as	 imposições	 gerais	 do	 Estado.	 Cada	 província	 passava	 a	 responder	
pelas	 diretrizes	 e	 pelo	 funcionamento	 das	 suas	 escolas	 de	 ensino	 elementar	 e	
secundário.	Dificuldades	surgiram	quanto	aos	moradores	dos	 lugares	distantes,	
devido	à	falta	de	escolas	e	de	professores.	Outro	Ato	Adicional,	em	1835,	instituiu	
as	Escolas	Normais,	que	objetivavam	formar	docentes.	Embora	houvesse	muitas	
leis,	na	prática	os	investimentos	na	área	educacional	por	parte	do	governo	eram	
mínimos e atendiam somente a população elitizada (NASCIMENTO, 2004). 
O	surgimento	das	Escolas	Normais	(em	Niterói,	Bahia,	Ceará	e	São	Paulo)	
ampliou	um	pouco	a	formação	docente.	No	entanto,	o	título	de	bacharel,	necessário	
para	acessar	o	Ensino	Superior,	só	era	frequentado	pela	sociedade	abastada,	que	se	
formava	para	manter	a	elite	como	dirigente	social.	
Em	1840	existiam	441	escolas	primárias,	sendo	o	Colégio	Pedro	II	considerado	
escola	modelo	 no	 país	 (AZEVEDO,	 1971).	 O	 governo	 imperial	 estabeleceu,	 em	
1854,	algumas	normas	para	o	exercício	da	 liberdade	de	ensino	e	de	um	sistema	
de	preparação	do	professor	primário,	bem	como	a	criação	do	ensino	para	cegos	e	
surdos-mudos.	A	iniciativa	privada	foi	responsável	pela	criação	do	Liceu	de	Artes	
e	Ofícios,	em	1856.	Embora	essas	normas	 tivessem	sido	 ideias	produtivas	e	que	
geraram	 avanços	 na	 área	 educacional,	 não	 produziram	 resultados	 satisfatórios	
(NASCIMENTO, 2004). 
	A	partir	 de	 1843,	mesmo	 sem	permissão	 oficial,	 a	Companhia	de	 Jesus	
retoma	a	missão	no	Brasil	e	 funda	o	Colégio	Catarinense,	em	Florianópolis,	e	a	
Escola	de	Latim,	em	Porto	Alegre.	No	Recife,	em	1873,	um	colégio	jesuíta	é	fechado	
pela hostilidade da maçonaria e do imperador D. Pedro II. Com o passar do 
tempo,	a	Companhia	de	Jesus	fundou	novos	colégios	e	faculdades	em	todo	o	país	
(WEREBE, 1994).
Em	1879,	a	reforma	de	Leôncio	de	Carvalho	instituiu	a	liberdade	de	ensino,	
possibilitando	 o	 surgimento	 de	 colégios	 protestantes	 e	 positivistas,	 além	 de	
colégios	privados.	Ainda	assim,	o	período	do	governo	imperial	brasileiro	terminou	
deixando	muitas	lacunas	quanto	à	acessibilidade,	qualidade	e	interesse	no	sistema	
educacional,	 pois	 a	 população	 analfabeta	 ultrapassava	 67%	 dos	 brasileiros	
(NASCIMENTO, 2004). 
Embora a educação sempre tenha sido pensada no Brasil como instrumento 
de	 domínio,	 desde	 que	 os	 jesuítas	 foram	 expulsos	 pelo	Marquês	 de	 Pombal,	 a	
educação	 teve	 como	 característica	 a	 simplificação	 e	 abreviação	 dos	 estudos.	 O	
ensino	secundário	deixou	de	ser	organizado	em	cursos	e	passou	a	ser	aplicado	em	
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL E IMPERIAL
155
FONTE: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_
Lancaster#/media/File:Joseph_Lancaster_by_John_Hazlitt.jpg>. 
Acesso em: 30 out. 2016.
Tais	diretrizes	foram	adaptadas	ao	Brasil,	por	meio	de	aulas	régias,	nas	quais	
usava-se	o	Método	Lancaster	(1789),	em	que	as	crianças	tinham	noção	de	leitura,	
cálculo,	escrita	e	catecismo.	Devido	à	falta	de	professores,	um	professor	atendia	
cerca de 100 alunos e escolhia seus melhores discípulos para auxiliar outros dez 
alunos	(chamado	de	método	decúria,	em	que	o	ajudante	era	um	decurião).	Apesar	
das	evidentes	dificuldades	e	falhas,	considerando-se	que	a	aprendizagem	girava	
em	torno	do	conhecimento	de	colegas	da	própria	classe,	esse	método	prevaleceu	
por	15	anos	no	país	(FÁVERO,	2002).
Com	professores	mal	preparados	e	mal	remunerados,	com	a	dificuldade	
de	 locomoção	 dos	 alunos	 e	 com	 o	 total	 desinteresse	 do	 governo,	 a	 educação	
permaneceu	estagnada.	As	aulas	régias	foram	extintas	em	1857	por	não	abrangerem	
as disciplinas necessárias para acessar o Ensino Superior (latim, comércio, 
geometria,	francês,	retórica	e	filosofia)	(AZEVEDO,	1984).	Como	alternativa	a	este	
cenário	existiam,	desde	1835,	os	liceus	provincianos,	que	funcionavam	nas	capitais	
brasileiras	e	que	tinham	como	objetivo	reunir	todas	as	aulas	avulsas	em	um	mesmo	
lugar,	construindo	assim	os	primeiros	currículos	seriados.	
aulas	avulsas,	ou	seja,	um	processo	rápido	e	básico	de	ensino,	em	que	o	aluno	ia	até	
o	professor	para	obter	conteúdos	para	sua	formação	(HAIDAR,	1972).	
Em	nível	mundial,	em	1827	ocorreu	a	criação	da	escola	das	primeiras	letras,	
idealizada	por	Andrew	Bell,	pastor	anglicano,	e	Joseph	Lancaster,	pastor	Quacker.	
De	 maneira	 geral,	 ambos	 propunham	 uma	 metodologia	 em	 que	 prevalecia	 a	
disciplina	e	hierarquização	do	espaço,	no	qual	o	professor	supervisionava	a	classe	
e	indicava	o	estudante	mais	avançado	para	auxiliá-lo;	além	disso,	as	preocupações	
e	 os	 objetivos	 das	 atividades	 restringiam-se	 em	 silabar	 e	 soletrar,	 e	 o	 método	
avaliativo	centrava-se	no	aproveitamento	e	no	comportamento	do	estudante.
 FIGURA 25 - JOSEPH LANCASTER
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
156
Os liceus atendiam aos alunos de 10 a 18 anos, pertencentes ao ensino 
secundário,	que	hoje	corresponde	à	 faixa	etária	que	vai	do	sexto	ano	ao	Ensino	
Médio.	 Receberam	 este	 nome	 para	 diferenciar-se	 dos	 colégios	 que	 ofereciam	 o	
ensino primário. Nos liceus, o aluno poderia escolher a ordem e a quantidade de 
disciplinas	que	quisesse	cursar	ao	mesmo	tempo,	formando	uma	reunião	de	aulas	
avulsas,	mas	que	atendiam	às	disciplinas	exigidas	nos	exames	preparatórios	para	
o	Ensino	Superior	(HAIDAR,	1972).
Muitos	liceus	surgiram	e	se	tornaram	importantes,	mas	no	Rio	de	Janeiro	
foi	 criado,	 em	 1837,	 o	Colégio	Pedro	 II	 (também	 chamado	de	Colégio	 Imperial	
Pedro II e de Ginásio Nacional), considerado o liceu modelo em todo o país. 
 FIGURA 26 - COLÉGIO D. PEDRO II, DESENHO DE 1856
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_educa%C3%A 
7%C3%A3o_no_Brasil#/media/File:Colegio_Pedro_II_(1856).jpg>. Acesso em: 
5 nov. 2016.
De	1835	até	1959	foram	criadas	21	instituições	de	ensino	secundário,	e	destas,	
17	 foram	chamadas	de	 liceu	(FÁVERO,	2002).	Nos	 liceus,	sobretudo	no	ColégioPedro	II,	após	estudar	por	sete	anos	conteúdos	variados,	embora	fragmentados,	o	
estudante (masculino, pois as mulheres não podiam cursar o ensino secundário, a 
profissão	de	professor	era	exclusivamente	masculina)	recebia	a	carta	de	bacharel	
em Letras.
Depois	de	prestar	juramento	perante	ao	Ministro	do	Império,	o	estudante	
tinha o direito de lecionar para o primário. Estas escolas tinham a intenção de 
disponibilizar	mão	de	obra	que	aceitasse	os	salários	pagos	pelo	Estado.	No	entanto,	
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL E IMPERIAL
157
embora	sanasse	a	carência	de	professores,	começaram	a	 faltar	alunos	devido	ao	
alto	preço	dos	materiais	didáticos,	que	não	eram	gratuitos	(AZEVEDO,	1984).
Proibidas	de	criarem	cursos	de	nível	superior,	prerrogativa	exclusiva	do	
governo	 nacional,	 as	 províncias	 passaram	 a	 tentar	 estabelecer	 liceus	 técnicos,	
dando	ênfase	a	disciplinas	como	Química,	Física,	Botânica	e	Agricultura.	Assim,	
efetivaram-se	 as	 escolas	 técnicas	 voltadas	 a	 mercados	 como	 enfermagem,	
contabilidade,	agricultura,	pedagogia,	desenho,	artífices,	costura,	prática	manual,	
música,	artes	plásticas	etc.	(HAIDAR,	1972).
O	 retorno	dos	 jesuítas	ao	Brasil	 em	1842,	 ainda	que	 sem	autorização	do	
governo,	 proporcionou	 a	 fundação	 de	 vários	 colégios	 particulares	 de	 ensino	
secundário (para meninos, e mais tarde para meninas). Diante disso, criou-se 
rapidamente	uma	rede	amplamente	disputada	pela	elite	brasileira	e	seguida	por	
outras	 instituições	que	também	investiram	na	formação	particular.	Assim,	essas	
instituições	supriram	parte	da	necessidade	de	formação	educacional	que	deveria	
ser	atribuição	do	Estado	(HAIDAR,	1972).	
Data	 deste	 contexto	 a	 criação	de	 instituições	 como	o	Colégio	Caraça	 de	
1820,	 em	Minas	Gerais;	o	Colégio	Mackenzie,	de	1870,	na	 cidade	de	São	Paulo;	
o	Colégio	São	Luís,	que	iniciou	as	atividades	em	Itu,	em	1867,	e	que	em	1919	foi	
transferido	 para	 São	 Paulo;	 o	 Colégio	 Internacional,	 de	 1873,	 em	 Campinas;	 o	
Colégio	Americano,	de	1885,	em	Porto	Alegre,	entre	outros.	
O desprezo que a elite nutria pelo trabalho, sobretudo pelo trabalho 
manual	 que	 estava	bem	de	 acordo	 com	a	 estrutura	 social	 e	 econômica	vigente,	
explica em parte o abandono do ensino no primário e o total desinteresse pelo 
ensino	 profissional.	 A	 repulsa	 pelas	 atividades	 manuais	 levava	 essa	 elite	 a	
considerar	vis	as	profissões	ligadas	às	artes	e	aos	ofícios.	Só	mesmo	o	descaso	com	
que	o	ensino	primário	era	tratado	e	a	falta	de	visão	na	busca	de	soluções	para	os	
problemas educacionais permitem entender a adoção por tanto tempo do método 
lancasteriano	nas	escolas	brasileiras.	(WEREBE,	1974,	p.	369).
A	fundação	de	escolas	particulares	não	garantiu	um	ensino	de	qualidade	
ao	Brasil	Imperial,	pois	o	objetivo	da	iniciativa	privada	era	o	êxito	financeiro.	Sem,	
no entanto, se preocupar em discutir ou tentar melhorar as condições econômicas 
e	 sociais	 do	 país	 ou	 ajudar	 no	 desenvolvimento	 nacional	 (FÁVERO,	 2002).	 O	
Ensino	Médio	gratuito	para	as	mulheres	 só	 foi	 conquistado	no	fim	do	 Império,	
antes,	 somente	 as	 escolas	 particulares	 ofereciam	 a	 modalidade.	 Ainda	 assim,	
no	 setor	 privado,	 as	 mulheres	 eram	 mantidas	 em	 escolas	 ou	 salas	 separadas,	
com	ensinamentos	diferenciados,	voltados	à	vida	doméstica,	 à	maternidade	e	à	
religião.	O	conteúdo	 intelectual	e	científico	ainda	era	exclusivamente	masculino	
(NASCIMENTO, 2004).
Vale	 destacar	 ainda	 que	 a	 chegada	 de	 imigrantes	 ao	 país	 também	 fez	
surgir	escolas	voltadas	aos	imigrantes.	Algumas	eram	comunitárias,	outras	eram	
particulares,	geralmente	mantidas	por	entidades	religiosas	do	país	de	origem	ou	
laicas.	No	entanto,	essa	iniciativa	não	ocorreu	com	todos	os	imigrantes.	Destacaram-
se,	nesse	sentido,	alemães,	italianos,	poloneses	e	japoneses	(TRAVERSINI,	1998).	
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
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ENSINO SUPERIOR: No período colonial, existiam no Brasil apenas cursos 
superiores de Filosofia e Teologia, oferecidos pelos jesuítas, pois Portugal impedia o 
desenvolvimento do Ensino Superior nas suas colônias, temendo contribuir com os 
movimentos de independência. 
Com	a	vinda	da	Família	Real	Portuguesa	para	o	Brasil,	a	partir	de	1808,	o	
Ensino	Superior	passou	a	existir	em	instituições	formais.	Foram	criadas	as	escolas	
de	Cirurgia	e	Anatomia	em	Salvador	(hoje	Faculdade	de	Medicina	da	Universidade	
Federal	da	Bahia),	a	de	Anatomia	e	Cirurgia,	no	Rio	de	Janeiro	(atual	Faculdade	de	
Medicina da UFRJ) e a Academia da Guarda Marinha, também no Rio de Janeiro. 
Dois	 anos	 depois	 foi	 fundada	 a	Academia	 Real	 Militar	 (atual	 Escola	 Nacional	
de	Engenharia	da	UFRJ).	 Seguiram-se	o	 curso	de	Agricultura	 em	1814	 e	 a	Real	
Academia de Pintura e Escultura.
 
Foram	 propostos	 24	 projetos	 para	 criação	 de	 faculdades	 [e	 não	
universidades]	no	período	1808-1882,	mas	nenhum	deles	foi	aprovado.	Ao	Brasil	
não	 interessava	 formação	superior,	que	não	 trazia	mais	que	 formação	a	poucos	
profissionais	liberais	e	prestígio	social.	Depois	de	1850	observou-se	uma	discreta	
expansão do número de instituições de Ensino Superior, mas a capacidade de 
investimentos	dependia	do	governo	central	e	de	sua	vontade	política	(inexistente).	
Até	o	fim	do	século	XIX	existiam	somente	24	estabelecimentos	de	Ensino	Superior	
no	Brasil,	 com	cerca	de	10	mil	estudantes,	em	que	se	destacava	a	Faculdade	de	
Medicina	(CUNHA,	2007).	
Em	19	de	abril	de	1879,	o	ministro	do	Império,	Leôncio	de	Carvalho,	propôs	
a	reforma	do	ensino	primário	e	secundário	no	município	da	Corte,	e	do	Ensino	
Superior	em	todo	o	 Império,	publicando	o	Decreto	de	nº	7.247/1879.	Todavia,	o	
decreto	somente	reafirmou	a	liberdade	de	criação	de	escolas	particulares	quanto	à	
oferta	de	Ensino	Superior	no	país.	Cabia	ao	Império	a	fiscalização	para	a	garantia	
de	moralidade	e	de	condições	de	higiene	nesses	cursos	(MOROSINI,	2005).
As	 faculdades	 privadas	 que	 funcionassem	 regularmente	 pelo	 período	
consecutivo	de	sete	anos,	com	outorga	de	grau	acadêmico	para	40	alunos	no	mínimo,	
receberiam	do	governo	o	título	de	“faculdade	livre”,	com	todos	os	privilégios	e	
vantagens	outorgadas	às	escolas	oficiais	(BRASIL,	1879),	§	1º,	art.	21	do	Decreto	
7.247).	Conforme	Morosini	(2005),	a	criação	de	cursos	superiores	no	Brasil	Império	
foi	 marcada	 por	 cursos	 isolados	 e	 profissionalizantes,	 desvinculando	 teoria	 e	
prática.	Os	principais	cursos	eram	voltados	ao	ensino	médico,	engenharia,	direito,	
ATENCAO
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL E IMPERIAL
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agricultura	e	artes.	A	revisão	e	valorização	do	Ensino	Superior	só	teve	amplitude	
no país após a Proclamação da República. Ressalta-se ainda que essas instituições 
não	eram	universidades,	estas	só	foram	criadas	a	partir	do	século	XX	(CUNHA,	
2007).
Caro acadêmico! Apresentamos acima como se deu a formação das primeiras 
faculdades e universidades do Brasil; estas nomenclaturas são muito ouvidas em nossa 
época e, muitas vezes, não se sabe ao certo o que cada uma significa; agora, neste momento, 
aproveitamos para diferenciar no que consiste uma instituição de Ensino Superior que é 
denominada de ‘Universidade’, a que é chamada de ‘Faculdade’ e o que leva o nome de 
‘Centro Universitário’.
UNIVERSIDADE: oferece atividade de ensino, pesquisa e extensão à comunidade; não 
precisam de autorização do MEC (Ministério da Educação) para abrir cursos; precisam ter 
1/3 do corpo docente de mestres e doutores, 1/3 dos docentes com carga horária integral e 
pelo menos quatro cursos de pós-graduação stricto sensu.
CENTRO UNIVERSITÁRIO: possui curso de graduação em várias áreas do conhecimento e 
autonomia para criar cursos no Ensino Superior, 1/3 do corpo docente de mestres e doutores 
e 1/5 dos docentes com cargahorária integral.
FACULDADE: instituições que oferecem um número mais reduzido de cursos e em uma 
determinada área do saber, não possuem autonomia para criar cursos sem a autorização do 
MEC e o corpo docente precisa ter pelo menos pós-graduação lato sensu.
Agora lançamos o desafio para que você pesquise as diferenças que existem no que diz 
respeito às modalidades de pós-graduação, que são lato sensu e stricto sensu. Para tanto, 
acesse o site do Ministério da Educação, disponível em: <http://www.mec.gov.br/>. 
DICAS
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 Neste tópico você viu que: 
•	 A	educação	que	prevaleceu	na	época	colonial	era	oriunda	do	modelo	institucional	
da	Companhia	de	 Jesus,	 idealizado	por	Santo	 Inácio	de	Loyola,	por	volta	de	
1534,	a	fim	de	expandir	os	dogmas	e	converter	fiéis	à	Igreja	Católica.
•	 Os	integrantes	da	Companhia	de	Jesus	eram	chamados	de	jesuítas	e	o	método	
que	utilizavam	foi	o	da	catequese,	no	qual	a	função	social	da	educação	era	de	
caráter	religioso,	sendo	os	clérigos	os	principais	educadores.	
•	 Com	a	expulsão	dos	jesuítas	e	o	cumprimento	das	reformas	pombalinas	foram	
implantados,	no	Brasil,	os	modelos	de	educação	que	se	encontravam	em	voga	
na época na Europa, que eram os dos pastores Andrew Bell e Joseph Lancaster, 
que	haviam	formulado	uma	modalidade	de	ensino	que	previa	a	indicação	e	a	
participação	de	estudantes	mais	avançados	para	atuar	como	tutores	em	meio	às	
atividades	pedagógicas	realizadas	pelos	professores.
•	 As	reformas	pombalinas	estavam	alinhadas	aos	valores	iluministas,	racionalistas	
e	advogavam	em	defesa	do	Estado	laico.
• A estrutura educacional da época imperial pode ser sintetizada no modelo de 
aulas	 régias	 e	 liceus;	 as	 aulas	 régias	 correspondiam	ao	 ensino	primário,	 e	 os	
liceus	ao	ensino	secundário;	havia	pouco	interesse	e	investimento	por	parte	do	
governo,	pois	as	elites	enviavam	seus	filhos	para	estudar	na	Europa.
•	 Na	 época	 imperial	 formaram-se	 diversas	 instituições	 de	 ensino,	 porém	
extremamente	 elitistas,	 que	 desvalorizavam	 os	 trabalhos	manuais	 e	 as	 artes,	
apresentavam	restrições	às	mulheres,	que	eram	mantidas	em	salas	separadas	e	
com	conteúdos	que	tratavam	da	vida	doméstica,	maternidade	e	ensinamentos	
religiosos.
• Tanto no período colonial como no imperial, o Brasil possuía um Ensino Superior 
insuficiente,	 isso	 se	 deve	 ao	 fato	 de	 que	 no	 período	 colonial	 foi	 impedida	 a	
criação	de	universidades.	Somente	no	período	imperial,	a	partir	da	existência	de	
escolas	normais,	foram	emitidos	os	primeiros	títulos	em	Ensino	Superior.
RESUMO DO TÓPICO 1
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1	 As	 ordens	 religiosas	 mantidas	 pela	 Igreja	 Católica	 possuem	 uma	
incomensurável	 importância	 para	 o	 desenvolvimento	 educacional	 do	
Ocidente.	 Assim	 compreendendo,	 pergunta-se:	 qual	 é	 a	 importância	 dos	
jesuítas	para	a	educação	brasileira	colonial?	Assinale	a	alternativa	correta:	
a)	 (	 )	 Os	jesuítas	foram	apenas	mais	uma	das	ordens	católicas	a	pisar	o	solo	
brasileiro,	sem	maior	importância	que	as	demais	ordens	religiosas	que	aqui	
trabalharam. 
b)	 (	 )	 Os	 jesuítas	 foram	 os	 principais	 religiosos	 a	 pregar	 o	 evangelho	 no	
Brasil	colonial,	respeitando	a	diversidade	cultural	e	desejando	catequizar	os	
indígenas.	
c)	 (	 )	 Os	 jesuítas	 foram	os	principais	 religiosos	a	catequizar	os	 indígenas.	
Sua	 ação	 os	 fez	 aprender	 o	 idioma	 tupi-guarani.	A	 sua	 eficácia	 nas	 ações	
na	América	Portuguesa	 chegou	a	 rivalizar	 com	a	Coroa,	 o	que	 explica	 sua	
expulsão	dos	territórios	ultramarinos	portugueses	no	século	XVIII.	
d)	(	 )	 Os	jesuítas	não	obtiveram	êxito	na	sua	pregação	evangélica,	em	grande	
parte	por	se	negarem	a	aprender	o	idioma	indígena.	Sua	pouca	produtividade	
no	processo	colonizador	foi	patente.	Por	isso,	foram	expulsos	dos	territórios	
ultramarinos	portugueses	pelo	Marquês	de	Pombal,	no	século	XX.	
2	 As	instituições	de	Ensino	Superior	foram	criadas	no	Brasil	apenas	após	a	
vinda	da	família	real	portuguesa,	em	1808.	Assim	compreendendo,	pergunta-
se:	qual	é	a	importância	da	criação	dos	cursos	superiores	no	Brasil,	a	partir	da	
vinda	da	família	real	portuguesa	para	o	Rio	de	Janeiro?	Assinale	a	alternativa	
correta: 
a) ( ) A criação de cursos superiores possibilitou a construção de um 
pensamento	 brasileiro	 autônomo,	 não	 mais	 ligado	 à	 antiga	 metrópole,	 a	
Inglaterra.	
b) ( ) A criação de cursos superiores no Brasil Império não alterou o 
panorama da educação brasileira.
c) ( ) A criação de cursos superiores no Brasil, durante o século XIX, 
possibilitou	uma	ampliação	do	acesso	dos	brasileiros	às	faculdades.	
d)	(	 )	 A	criação	de	cursos	superiores	no	Brasil	só	aconteceu	com	a	fundação	
da	Universidade	de	São	Paulo,	nos	anos	1930.		
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de 
resolução da questão 1
162
163
TÓPICO 2
CONTEXTO HISTÓRICO-FLOSÓFICO 
EDUCACIONAL NOS PRIMEIROS ANOS DA 
REPÚBLICA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Segundo	os	estudiosos,	foi	somente	a	partir	da	época	imperial	e	republicana	
que	o	Estado/governo	passou	a	assumir	a	responsabilidade	em	prover	formação	
escolar	 à	 população	 brasileira.	 Até	 então,	 quem	 coordenava	 e	 monitorava	 as	
atividades	 educacionais	 desenvolvidas	 no	Brasil	 era	 a	 Igreja	Católica,	 como	 foi	
estudado no Tópico 1 desta unidade.
A educação no denominado período da República Velha passou por poucas 
transformações,	se	compararmos	ao	sistema	educacional	“herdado”	do	império.	
Grande	parte	das	instituições	de	ensino	ainda	era	oriunda	do	segundo	reinado.	A	
principal	alteração	é	a	que	vincula	a	educação	com	as	elites	políticas.
As	 elites	 políticas	utilizavam-se	da	 educação	 como	uma	 ferramenta	 que	
alavanca	 as	 condições	 econômica	 e	 social	 na	 qual	 se	 encontravam	 e	 galgavam	
prestígio	e	integração	em	espaços	e	postos	superiores.	Porém,	as	novas	acomodações	
do	cenário	político	(monarquia	para	república)	e	da	nova	base	econômica	(elites	
das	 oligarquias	 agrícolas	 a	 elites	 urbano-industriais)	 promoveram	 abalos	 nas	
antigas	estruturas	sociais	do	país	e	a	demanda	por	instituições	que	coordenassem	
a implantação de um sistema de ensino propriamente dito.
O	cenário	político	 que	 se	 configurou	 entre	 os	 anos	de	 1930	 e	 1964	 foi	 o	
de	concorrência	entre	o	modelo	que	havia	sido	hegemônico	até	os	anos	de	1930,	
ou	seja,	de	base	agrícola,	rural,	pecuarista,	voltado	à	exportação	e	abastecimento	
do	 mercado	 internacional,	 e	 outro	 que	 almejava	 promover	 a	 industrialização	
da produção, a urbanização da população e a produção para abastecimento do 
mercado consumidor interno.
Caro	 acadêmico!	 Prossiga	 na	 leitura,	 nas	 próximas	 páginas	 estaremos	
apresentando conteúdos que ilustram como se deu a ampliação e consolidação da 
educação pública e o processo de democratização da sociedade brasileira, e como 
este processo se inseria no contexto histórico e educacional mundial.
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UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
2 ELEMENTOS EDUCACIONAIS DO BRASIL IMPÉRIO
Por	volta	de	1870	ocorreram	embates	entre	quem	defendia	as	concepções	
cientificistas	e	os	setores	conservadores	ligados	ao	ensino	moralizante	dominado	
pela	Igreja	Católica,	o	que	gradualmente	resultou	na	ampliação	dos	conteúdos	e	na	
incorporação de disciplinas como Ciências Físicas, História Natural, com a adoção 
dos	 preceitos	 metodológicos	 das	 chamadas	 “lições	 de	 coisas”	 e	 a	 inclusão	 de	
tópicos	sobre	História	e	Geografia	Universal,	História	do	Brasil	e	História	Regional	
(BRASILO,	1997).
Estas	mudanças	incluíram	nas	discussões	temas	sobre	o	fim	da	escravidão,	
a	transformação	do	regime	político	do	Império	para	a	República	e	a	retomada	dos	
debates	sobre	o	ensino	laico,	visando,	cada	vez	mais,	à	separação	entre	o	Estado	e	
a	Igreja	Católica	e	sua	ampliação	para	outros	segmentos	sociais.
A	precariedade	das	escolas	elementares	indicava	que	entre	as	propostasde	
ensino	e	sua	efetivação	na	sala	de	aula	existiu	sempre	um	hiato.	Em	geral,	as	salas	
de	aula	eram	palco	de	uma	prática	bastante	simplificada.	Por	isso,	as	autoridades	
escolares	 exigiam	dos	 professores	 o	 cumprimento	mínimo	da	 parte	 obrigatória	
composta de leitura e escrita, noções de Gramática, princípios de Aritmética e o 
ensino	da	doutrina	religiosa.
A	Constituição	Republicana,	promulgada	em	1891,	indicava	que	o	voto	era	
universal,	e	não	mais	definido	pela	renda	do	cidadão.	As	condições	para	ser	eleitor	
eram	ter	mais	de	21	anos,	do	sexo	masculino	e	ser	alfabetizado.	Porém,	grande	
parte	da	população	continuou	analfabeta,	mesmo	a	alfabetização	significando	um	
status	social	distinto,	o	de	eleitor.	Do	ponto	de	vista	das	instituições	de	ensino,	a	
Igreja	Católica	ainda	possuía	grande	importância,	sendo	mantenedora	de	grande	
parte das instituições educacionais, porém, com a laicidade dos Estados Unidos 
do	Brasil,	algumas	instituições	educacionais	protestantes	e	judaicas	começaram	a	
ser	formadas,	algumas	delas	até	hoje	presentes	no	campo	educacional	brasileiro.
Os	materiais	didáticos	eram	escassos,	restringindo-se	à	fala	do	professor	
e	aos	poucos	livros	didáticos	que	seguiam	o	modelo	dos	catecismos.	No	final	do	
século	XIX,	com	a	abolição	da	escravatura,	a	implantação	da	República,	o	civismo,	o	
patriotismo,	a	higiene,	a	preocupação	pela	racionalização	das	relações	de	trabalho	
e	o	processo	migratório,	atribuiu-se	à	educação	o	duplo	papel	de	dar	conta	de	uma	
formação	ao	mesmo	tempo	civilizatória	e	patriótica.
												O	ensino	era	dividido	em	primário,	até	a	4ª	série.	Posteriormente,	
viria	o	Curso	Ginasial,	de	também	quatro	anos	de	duração.	Havia	a	chamada	Prova	
de	Admissão	ao	Ginasial,	um	exame	que	selecionava	os	alunos	mais	capazes.		E,	
por	fim,	o	Clássico	e	o	Científico,	que	corresponderiam	ao	atual	Ensino	Médio.	O	
Clássico	mais	ligado	a	áreas	humanas,	e	o	Científico	mais	ligado	às	ciências	exatas.	
Todavia,	 o	 único	 colégio	 responsável	 por	ministrar	 o	 segundo	 grau	 em	 todo	 o	
território	nacional	era	o	Colégio	D.	Pedro	II,	da	capital	da	República.	
TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO-FLOSÓFICO EDUCACIONAL NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA
165
Porém,	 alguns	 estabelecimentos	 de	 ensino	 das	 capitais	 dos	 principais	
estados,	além	de	ter	vários	ginásios,	pediam	a	equiparação	ao	Colégio	Pedro	II,	
possibilitando, assim, um aumento no número de matrículas. Contudo, o processo 
de	equiparação	se	tratava	de	um	procedimento	difícil.	Com	isso	era	comum	muitos	
dos	filhos	das	elites	estaduais	estudarem	como	internos	no	Colégio	Pedro	II.
O	 Colégio	 D.	 Pedro	 II	 representava	 uma	 instituição	 moderna,	 dividida	
em	 salas,	 pátios	 e	 jardins,	 que	 deveriam	 conter	 ambientes	 limpos	 e	 higiênicos,	
favoráveis	às	atividades	físicas.	Júnior	(2012,	p.	64)	explica	que:
Essa	 organização	 do	 espaço	 físico	 possibilitou	 uma	 nova	 estrutura	
escolar,	 com	 a	 reunião	 de	 vários	 professores	 e	 de	 um	 corpo	 técnico-
administrativo,	formado	por	diretores	e	funcionários,	exigindo,	assim,	a	
elaboração	de	regimes	e	cumprimentos	de	rotinas	burocráticas.	Ou	seja,	
foram	instituídos	horários	para	início	e	fim	das	aulas,	normas	de	conduta	
a	serem	seguidas	por	 todos	os	alunos	e	professores,	o	surgimento	da	
figura	do	diretor,	como	o	principal	cargo	dentro	desse	universo.
Júnior	 (2012)	 explica	que	 foram	 incluídas	novas	disciplinas	no	 currículo	
escolar,	tais	como	ciências	físicas	e	naturais,	história,	geografia,	música,	geometria,	
instrução	moral,	educação	física,	desenho,	 instrução	cívica	e	 trabalhos	manuais,	
o	que	por	sua	vez	ia	ao	encontro	da	proposta	republicana	de	formar	um	cidadão	
apto	 a	desempenhar	diversas	 funções	 na	 sociedade,	 por	 isso	 a	 preocupação	de	
aumentar	as	disciplinas	obrigatórias.
 
Tratou-se	 de	 uma	 união	 de	 disciplinas	 que	 envolviam	 tanto	 o	 trabalho	
mental	(história,	geografia,	instrução	moral	e	cívica	etc.)	como	disciplinas	voltadas	
para trabalhos manuais (música, desenho, etc.), o que culminaria nos preceitos de 
educação	integral	que	almejava	a	educação	física,	intelectual	e	moral,	defendida	
pelo	teórico	inglês	Herbert	Spencer,	na	obra	intitulada	"Educação intelectual, moral 
e física",	 publicada	 na	 segunda	metade	do	 século	XIX.	Rui	 Barbosa	 foi	 um	dos	
intelectuais	a	recomendar	a	obra	de	Spencer	à	realidade	brasileira.
A herança do Império brasileiro em que a educação era direcionada para a 
elite	(em	1900,	75%	da	população	era	analfabeta),	valorizando	o	ensino	secundário	
e	 superior	 em	 detrimento	 da	 formação	 primária	 e	 profissional,	 que	 atingia	 as	
camadas	mais	pobres,	continuou	no	início	dos	primeiros	governos	presidenciais.	
O	 Código	 Epitácio	 Pessoa,	 criado	 em	 1901,	 incluía	 a	 Lógica	 entre	 as	 matérias	
ministradas	 nas	 escolas	 imperiais	 e	 retirava	 a	 Biologia,	 a	 Sociologia	 e	 a	Moral,	
acentuando a literatura e não a ciência. 
O	cenário	social	dos	primeiros	anos	da	República	brasileira	foi	o	da	entrada	
de	fortes	levas	de	imigrantes	europeus	(italianos,	alemães,	poloneses,	 japoneses,	
judeus	alemães),	que	por	sua	vez	atuariam	tanto	nas	 lavouras	de	café	e	regiões	
agrícolas	do	Brasil	e	nas	vagas	que	as	indústrias	pudessem	necessitar.	
A	 pintura	 de	 Tarsila	 do	 Amaral	 que	 apresentamos	 a	 seguir	 ilustra	 a	
diversidade	 social	 que	 passava	 a	 compor	 as	 cidades	 do	 Brasil	 da	 época.	 A	
166
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
concentração	da	população	se	deu	nas	principais	capitais	do	Brasil,	pois	lá	estavam	
as oportunidades de trabalho no campo da indústria, no comércio e nos espaços 
públicos	das	unidades	do	governo.
 FIGURA 27 - OPERÁRIOS. TARSILA DO AMARAL, 1933, ÓLEO SOBRE TELA
FONTE: Disponível em: <http://acervo.novaescola.org.br/arte/pratica-pedagogica/
tem-muitas-historias-brasil-telas-tarsila-424884.shtml>. Acesso em: 31 out. 2016.
As	primeiras	décadas	do	século	XX	foram	de	forte	diversidade	populacional.	
Nos	 espaços	 urbanos	 cresceu	 a	 organização	 de	 trabalhadores	 em	 sindicatos	
que	militavam	por	melhores	 condições	de	 trabalho,	 salário,	 direitos	 e	moradia.	
A	 organização	 dos	 movimentos	 foi	 favorecida	 pela	 presença	 dos	 imigrantes	
europeus	que	já	conheciam	as	lutas	operárias	e	a	organização	sindical	na	Europa.	
Destaque	do	jornal	Correio	Paulistano	abordando	a	grande	confusão	reinante	no	
ano	de	1917,	em	São	Paulo,	por	conta	da	grande	greve	dos	operários,	que	lutavam	
por	melhores	salários	e	condições	mais	dignas	de	trabalho,	observe	a	manchete	a	
seguir:
 
TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO-FLOSÓFICO EDUCACIONAL NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA
167
FIGURA 28 - AGITAÇÃO SOCIAL NO COMEÇO DO SÉCULO XX
FONTE: Jornal Correio Paulista de 14/07/1917
APROPRIAÇÃO SIGNIFICATIVA
Caro acadêmico! Aproveite este anúncio de jornal, que significa uma fonte primária, para se 
apropriar de outros elementos além da notícia sobre o movimento operário de São Paulo nos 
anos de 1917. Procure compreender também como ocorria a mobilização dos movimentos 
sociais, como se dava a reação das forças do governo diante das agitações sociais, assim 
como o jornal retratou o ocorrido, e, por fim os elementos ortográficos que faziam parte da 
língua portuguesa na época. 
O	 cenário	 político	 foi	 o	 de	 diversas	 correntes	 que	 chegavam	da	 Europa	
ao	Brasil,	porém	marcadas	por	confusões	no	que	diz	 respeito	às	 ideologias	que	
cada	 uma	pregava.	Atente	 aos	 estudos	 e	 explicações	 de	Carvalho	 (1987,	 p.	 42):	
“Liberalismo,	positivismo,	socialismo,	anarquismo	misturavam-se	e	combinavam-
se	das	maneiras	mais	esdrúxulas	na	boca	e	na	pena	das	pessoas	mais	inesperadas”.		
DICAS
168
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Carvalho	(1990)	explica	que	após	a	Proclamação	da	República	existiam	no	
Brasil	pelo	menos	trêscorrentes	políticas	que	disputavam	a	hegemonia	no	cenário	
político	nacional,	sendo	elas:	o	liberalismo	à	americana,	o	jacobinismo	à	francesa	
e	o	positivismo,	que	travaram	disputas	acirradas	ao	longo	dos	primeiros	anos	da	
República,	porém	o	‘liberalismo	americano’	sobressaiu-se.	
Os	 anos	 de	 1920	 foram	 marcados	 por	 crises	 generalizadas	 no	 cenário	
educacional. O modelo elitista entrou em crise, bem como outras áreas sociais: o 
controle	político	dos	coronéis	da	cultura	café	com	leite	(São	Paulo	e	Minas	Gerais),	
as	 fraudes	 nas	 eleições	 (falsificações	 de	 documentos,	 mortos	 que	 votavam	 e	 o	
voto	exclusivo	para	homens	maiores	de	21	anos),	a	classe	média	oprimida,	a	crise	
econômica	do	café	nos	mercados	internacionais,	tudo	isso	gerou	uma	frustração	
no ideal democrático. 
Este contexto culminou na Semana de Arte Moderna, em 1922, com 
representantes das artes plásticas, música, arquitetura e literatura propondo uma 
cultura autenticamente brasileira. Essas crises desencadearam muitas discussões 
polêmicas,	 que	 resultaram	 na	 fundação	 da	 Associação	 Brasileira	 de	 Educação	
(ABE), em 1924. 
Em	 conferências	 para	 debater	 a	 educação,	 sugestões	 de	 profissionais	
renomados	 foram	 levantadas	 pelo	 jornal	 “O	 Estado	 de	 São	 Paulo”,	 em	 1926,	
dirigido	por	Fernando	Azevedo,	em	relação	a	soluções	para	o	sistema	educacional,	
muitas	das	quais	colocadas	em	prática.	Nas	 reformas	educacionais	em	diversos	
estados	brasileiros,	durante	toda	a	década	de	1920,	melhorou-se	consideravelmente	
o ensino primário e secundário, ainda responsabilidades dos estados (destacam-
se	 aqui	 as	 iniciativas	 dos	 estados	 de	 São	 Paulo,	 Ceará,	 Bahia,	Minas	 Gerais	 e,	
sobretudo, do Distrito Federal, de maior repercussão).
 
Entre os principais intelectuais que pensaram a educação brasileira no 
período	entre	a	Proclamação	da	República	e	a	Revolução	de	1930,	está	a	figura	de	
Antônio	Carneiro	Leão.	Formado	pela	prestigiosa	Escola	de	Direito	do	Recife,	suas	
ações como educador podem ser apontadas tanto na produção literária quanto 
na	ação	política.	Enquanto	produtor	de	livros	sobre	temáticas	educacionais,	sua	
estreia	foi	em	1909,	com	o	livro	de	título	Educação. 
Em	1917,	Leão	publicou	O Brasil e a educação popular.	Morto	em	1966,	recebeu	
importantes	 títulos	 honoríficos	 no	 estrangeiro,	 como	Doutor	Honoris Causa, pela 
Universidade	de	Paris	(Sorbone)	e	pela	Universidade	Autônoma	do	México.	Quando	
na	função	de	gestão,	foi	secretário	no	então	Distrito	Federal	(Rio	de	Janeiro)	e	em	
Pernambuco, oportunidades nas quais se caracterizou por abrir escolas. 
 
Foi	um	momento	de	profundas	mudanças	em	meio	à	sociedade	brasileira,	
quando	 ocorreu	 ampla	modernização	 nas	 principais	 cidades/capitais	 do	 Brasil,	
arruamentos	e	sistemas	de	transporte,	reformulação	de	prisões,	hospitais	e	escolas,	
tendo	como	referência	os	modelos	e	métodos	positivistas	e	científicos	europeus.	
Toda	a	movimentação	pela	qual	o	Brasil	passou	ficou	 também	conhecida	como	
belle époque (bela época).
TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO-FLOSÓFICO EDUCACIONAL NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA
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Conforme	explica	Foucault	(1987),	a	modernização	poderia	ser	traduzida	
como	a	ideologia	de	controle,	que	se	multiplicou	por	todo	o	corpo	social,	formando	
o	que	se	pode	chamar	de	sociedade	disciplinar.	A	ideologia	de	controle	abrangia	
hospitais, manicômios, prisões, escolas, praças, cemitérios, entre outros espaços 
públicos	 de	 convivência,	 de	 circulação,	 de	 comum	 uso	 da	 população;	 e	 seria	
instalado	um	regime	que	invadiria	e	vigiaria	o	comportamento	e	os	costumes	dos	
indivíduos	nestes	espaços.
As	posturas	da	racionalidade	organizacional	e	positivista	foram	e	ainda	são	
possíveis	de	se	observar	na	organização	interna	das	escolas,	nos	espaços	das	salas	
de aula; nos hospitais, com os leitos de internação; no exército, na apresentação 
dos recrutas; nos restaurantes, em torno dos buffets; nos bancos e no comércio, no 
momento	do	pagamento	de	produtos	ou	serviços;	e	até	no	interior	das	igrejas,	na	
disposição	dos	bancos	para	os	fiéis	se	acomodarem.
Assim	 como	 a	 sociedade,	 a	 educação	 brasileira	 passou	 por	 profundas	
transformações	 após	 a	 Revolução	 de	 1930.	A	 partir	 desta	 data,	 tivemos	 várias	
ações	 que	 viabilizaram	 uma	 melhora	 no	 nível	 e	 acesso	 à	 educação	 no	 Brasil.	
Uma	importante	medida	foi	a	criação,	em	1931,	do	Ministério	da	Educação	e	da	
Saúde.	 Posteriormente,	 em	 1932,	 tivemos	 o	 Manifesto	 dos	 Pioneiros	 da	 Nova	
Educação.	O	Manifesto	teve	ampla	repercussão	nos	meios	políticos-educacionais,	
e	foi	um	importante	marco	para	a	ampliação	do	acesso	e	aumento	da	qualidade	
educacional.	Porém,	podemos	relacionar	este	manifesto	às	transformações	sociais	
por que passou o Brasil nos anos 1920. 
Júnior	(2012)	explica	que	os	fundamentos	da	Escola	Nova	consistiam	em	
ampliar	a	importância	dos	processos	de	aprendizagem	e	amenizar	a	ênfase	que	era	
atribuída	ao	grande	número	de	conteúdos	lecionados	em	sala	de	aula.	
2.1 DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA APÓS OS ANOS 
DE 1930
As mudanças educacionais também alteraram as características políticas 
brasileiras.	 Durante	 a	 década	 de	 1920	 ocorreu	 o	 Movimento	 dos	 18	 do	 Forte,	
também	 chamado	 de	 Revolta	 do	 Forte	 de	Copacabana	 (1922).	 Este	movimento	
desejava	a	queda	da	República	Velha,	ou	seja,	o	fim	do	poder	nas	mãos	dos	coronéis	
da	cultura	café	com	leite.	Sob	o	comando	do	Capitão	Euclides	Hermes	da	Fonseca,	
esse	 movimento,	 isolado	 e	 facilmente	 controlado	 pelo	 governo,	 originou,	 com	
muitas	vítimas,	um	sentimento	patriótico	que	segmentou	outras	revoltas,	como	a	
Coluna Prestes (uma marcha de soldados pelo Brasil, que durante dois anos e meio 
(1924-1927)	tentou	a	adesão	da	população	contra	a	opressão	do	governo,	o	voto	
secreto	e	ensino	primário	público	e	gratuito	para	todos).	Liderada	por	Luís	Carlos	
Prestes,	também	chamado	de	Cavaleiro	da	Esperança,	originou	o	ideal	do	Soldado	
Cidadão	e	culminou	na	criação	dos	ideais	da	Revolução	de	1930,	que	eclodiu	logo	
em	seguida.	
170
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Uma	das	importantes	medidas	das	elites	brasileiras	foi	a	de	buscar	instituir	
universidades	no	país.	Uma	das	motivações	foi	a	visita,	em	1922,	do	rei	Alberto,	da	
Bélgica,	ao	Brasil.	Quando	quis	visitar	a	universidade	brasileira,	foi	informado	de	
que	no	Brasil	não	existiam	universidades.
Além	 disso,	 contribuiu	 para	 a	 Revolução	 de	 1930,	 no	 que	 se	 refere	 à	
educação,	a	realização	de	diversas	reformas	de	abrangência	estadual,	como	a	de	
Lourenço Filho, no Ceará, em 1923; a de Anísio Teixeira, na Bahia, em 1925; a de 
Francisco	 Campos	 e	Mario	 Casassanta,	 em	Minas,	 em	 1927;	 a	 de	 Fernando	 de	
Azevedo,	no	Distrito	Federal	(atual	Rio	de	Janeiro),	em	1928,	e	a	de	Carneiro	Leão,	
em Pernambuco, em 1928. 
Em	1932,	 um	manifesto	denominado	Manifesto	dos	Pioneiros	da	Escola	
Nova,	escrito	durante	o	governo	de	Getúlio	Vargas,	por	diferentes	segmentos	da	
elite	 intelectual,	 inclusive	de	posicionamentos	diferentes,	 vislumbrava	 interferir	
na	educação	do	país,	revolucionando-a.	Entre	os	26	intelectuais	que	assinaram	o	
Manifesto	 destacam-se	 Fernando	de	Azevedo,	Anísio	 Teixeira,	Afrânio	 Peixoto,	
Lourenço	Filho,	Antônio	F.	Almeida	Junior,	Roquette	Pinto,	Delgado	de	Carvalho,	
Hermes	Lima	e	Cecília	Meireles.	Além	de	criticar	o	ensino	e	sua	organização,	sugeria	
um	plano	educacional	que	se	propunha	público,	laico,	obrigatório	e	gratuito.	
Segundo	Aranha	(2006,	p.	263),
 
[...]	 um	 movimento	 que	 defendia	 a	 educação	 ativista,	 a	 partir	 da	
renovação	da	pesquisa	pedagógica,	na	busca	teórica	dos	fundamentos	
filosóficos	e	científicos	de	uma	prática	educativa	mais	eficaz.	Ao	 lado	
de	uma	atenção	 especial	 na	 formação	do	 cidadão	 em	uma	 sociedade	
democrática	 e	 plural	 –	 que	 estimulava	 oprocesso	 de	 socialização	da	
criança	 –,	 havia	 o	 empenho	 em	 desenvolver	 a	 individualidade,	 a	
autonomia,	o	que	só	seria	possível	em	uma	escola	não	autoritária	que	
permitisse	ao	educando	aprender	por	si	mesmo,	e	aprender	fazendo.	
Embora	duramente	criticado	pela	Igreja,	detentora	de	expressiva	parcela	de	
escolas	da	rede	privada	na	sociedade,	o	manifesto	conseguiu	orientar	(até	os	dias	
de	hoje)	algumas	mudanças	na	concepção	pedagógica	e	na	forma	de	olhar	para	o	
ensino	(SANDER,	2007).	Observe	um	trecho	do	documento	que	apresentamos	a	
seguir:
Ora,	 se	 a	 educação	 está	 intimamente	 vinculada	 à	 filosofia	 de	 cada	
época,	que	lhe	define	o	caráter,	rasgando	sempre	novas	perspectivas	ao	
pensamento	pedagógico,	a	educação	nova	não	pode	deixar	de	ser	uma	
reação	categórica,	intencional	e	sistemática	contra	a	velha	estrutura	do	
serviço	educacional,	artificial	e	verbalista,	montada	para	uma	concepção	
vencida.	 Desprendendo-se	 dos	 interesses	 de	 classes,	 a	 que	 ela	 tem	
servido,	a	educação	perde	o	"sentido	aristológico",	para	usar	a	expressão	
de	Ernesto	Nelson,	deixa	de	constituir	um	privilégio	determinado	pela	
condição	 econômica	 e	 social	 do	 indivíduo,	 para	 assumir	 um	 "caráter	
biológico",	 com	 que	 ela	 se	 organiza	 para	 a	 coletividade	 em	 geral,	
reconhecendo	 a	 todo	o	 indivíduo	o	direito	 a	 ser	 educado	 até	 onde	o	
permitam as suas aptidões naturais, independente de razões de ordem 
econômica	e	social.	A	educação	nova,	alargando	a	sua	finalidade	para	
TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO-FLOSÓFICO EDUCACIONAL NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA
171
além	dos	limites	das	classes,	assume,	com	uma	feição	mais	humana,	a	
sua	verdadeira	função	social,	preparando-se	para	formar	"a	hierarquia	
democrática"	pela	"hierarquia	das	capacidades",	recrutadas	em	todos	os	
grupos	sociais,	a	que	se	abrem	as	mesmas	oportunidades	de	educação.	
Ela	tem,	por	objeto,	organizar	e	desenvolver	os	meios	de	ação	durável	
com	 o	 fim	 de	 "dirigir	 o	 desenvolvimento	 natural	 e	 integral	 do	 ser	
humano	em	cada	uma	das	etapas	de	seu	crescimento",	de	acordo	com	
uma	certa	concepção	do	mundo.	[...]	A	diversidade	de	conceitos	da	vida	
provém,	em	parte,	das	diferenças	de	classes	e,	em	parte,	da	variedade	
de	 conteúdo	 na	 noção	 de	 "qualidade	 socialmente	 útil",	 conforme	 o	
ângulo	visual	de	cada	uma	das	classes	ou	grupos	sociais.	A	educação	
nova	que,	certamente	pragmática,	se	propõe	ao	fim	de	servir	não	aos	
interesses	de	classes,	mas	aos	interesses	do	indivíduo,	e	que	se	funda	
sobre	o	princípio	da	vinculação	da	escola	com	o	meio	social,	tem	o	seu	
ideal	condicionado	pela	vida	social	atual,	mas	profundamente	humano,	
de	 solidariedade,	 de	 serviço	 social	 e	 cooperação.	 (MANIFESTO	DOS	
PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA, Finalidades da Educação, 1932). 
A	crítica	de	 que	 a	 educação	brasileira	 servia	 apenas	 a	um	grupo	 social,	
às	elites,	marca	o	 tom	do	manifesto,	e	em	contrapartida	seus	autores	defendem	
uma	educação	que	dê	conta	de	desenvolver	competências	e	habilidades	a	todo	e	
qualquer	indivíduo,	ou	seja,	que	tenha	alcance	universal	e	que	seja	democrática.	Os	
autores	do	Manifesto	dos	Pioneiros	da	Escola	Nova,	a	fim	de	alcançar	os	objetivos	
e	 abordagem	 que	 estavam	 reclamando	 à	 educação	 brasileira,	 estruturaram	 um	
plano	educacional	nos	seguintes	termos:	
A estrutura do plano educacional corresponde, na hierarquia de 
suas	 instituições	 escolares	 (escola	 infantil	 ou	 pré-primária;	 primária;	
secundária	 e	 superior	 ou	 universitária)	 aos	 quatro	 grandes	 períodos	
que	 apresenta	 o	 desenvolvimento	 natural	 do	 ser	 humano.	 É	 uma	
reforma	 integral	 da	 organização	 e	 dos	 métodos	 de	 toda	 a	 educação	
nacional, dentro do mesmo espírito que substitui o conceito estático 
do	ensino	por	um	conceito	dinâmico,	fazendo	um	apelo,	dos	jardins	de	
infância	à	Universidade,	não	à	receptividade	mas	à	atividade	criadora	
do	 aluno.	 A	 partir	 da	 escola	 infantil	 (4	 a	 6	 anos)	 à	 Universidade,	
com	escala	pela	educação	primária	 (7	a	12)	e	pela	secundária	 (l2	a	18	
anos),	a	 "continuação	 ininterrupta	de	esforços	criadores"	deve	 levar	à	
formação	 da	 personalidade	 integral	 do	 aluno	 e	 ao	 desenvolvimento	
de	sua	faculdade	produtora	e	de	seu	poder	criador,	pela	aplicação,	na	
escola,	para	a	aquisição	ativa	de	conhecimentos,	dos	mesmos	métodos	
(observação,	pesquisa,	e	experiência),	que	segue	o	espírito	maduro,	nas	
investigações	científicas.	A	escola	secundária,	unificada	para	se	evitar	o	
divórcio	entre	os	trabalhadores	manuais	e	intelectuais,	terá	uma	sólida	
base	comum	de	cultura	geral	(3	anos),	para	a	posterior	bifurcação	(dos	
15	 aos	 18),	 em	 seção	 de	 preponderância	 intelectual	 (com	 os	 3	 ciclos	
de	 humanidades	modernas;	 ciências	 físicas	 e	matemáticas;	 e	 ciências	
químicas	e	biológicas),	 e	 em	seção	de	preferência	manual,	 ramificada	
por	 sua	vez,	 em	 ciclos,	 escolas	 ou	 cursos	destinados	 à	preparação	 às	
atividades	 profissionais,	 decorrentes	 da	 extração	 de	 matérias-primas	
(escolas	agrícolas,	de	mineração	e	de	pesca)	da	elaboração	das	matérias-
primas	 (industriais	 e	 profissionais)	 e	 da	 distribuição	 dos	 produtos	
elaborados (transportes, comunicações e comércio). (MANIFESTO 
DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA, Plano de reconstrução 
educacional, 1932).
172
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Os	pioneiros	reclamam	por	uma	educação	criativa,	não	estática,	que	esteja	
atenta	à	formação	integral	dos	estudantes,	que	abranja	o	campo	científico	e	prático,	
que	associe	atividades	manuais	e	atividades	intelectuais	para	os	temas	de	cultura	
geral,	humanidades	e	ciências	cada	vez	mais	ramificadas	e	aprofundadas.	
Com	métodos	ativos,	com	aulas	mais	dinâmicas,	centradas	nas	atividades	
do	aluno,	 com	a	 realização	de	 trabalhos	concretos	como	 fazer	maquetes,	visitar	
museus,	assistir	 a	filmes,	 comparar	 fatos	e	 épocas,	 coordenar	os	 conhecimentos	
históricos	 aos	 geográficos,	 quando	o	 que	predominava	 era	 a	memorização	 e	 as	
festividades	cívicas,	que	passaram	a	ser	parte	fundamental	do	cotidiano	escolar.	
Porém, a prática no interior das salas de aula continuou sendo a de recitar as “lições 
de	cor”,	com	datas	e	nomes	dos	personagens	considerados	mais	significativos	da	
História	(PCN,	1997).
 FIGURA 29 - INTEGRANTES DO MANIFESTO DOS PIONEIROS DA ESCOLA 
 NOVA, 1936
FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ce/
Manuel_Bandeira%2C_Alceu_Amoroso_Lima%2C_H%C3%A9lder_C%C3%A2mara%2C_
Louren%C3%A7o_Filho%2C_Roquette_Pinto_e_Gustavo_Capanema.jpg>. Acesso em: 5 
nov. 2016.
Em	1930	havia	sido	criado	o	Ministério	da	Educação	e	Saúde.	Da	junção	
de	diversas	 instituições	 foram	fundadas	algumas	universidades.	As	primeiras	a	
serem	instituídas	foram	a	Universidade	do	Distrito	Federal,	no	Rio	de	Janeiro,	e	
a	Universidade	de	São	Paulo	 (USP).	 	Grande	parte	dos	professores	 contratados	
eram	 estrangeiros,	 vieram	 ao	 Brasil	 para	 lecionar	 nos	 cursos	 recém-criados.	A	
Universidade	do	Distrito	Federal	foi	fechada	por	problemas	políticos	advindos	do	
TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO-FLOSÓFICO EDUCACIONAL NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA
173
Estado	Novo.	Em	seu	lugar	foi	inaugurada	a	Universidade	do	Brasil,	que	após	o	
golpe	militar	de	1964	foi	rebatizada	como	Universidade	Federal	do	Rio	de	Janeiro.	
A	tradição	colonial	dos	filhos	das	elites	irem	para	a	Europa	estudar,	que	
no	império	“diminuiu”,	após	os	anos	1930	diminuiu	ainda	mais.	A	Constituição	
de	1934,	promulgada	por	Getúlio	Vargas,	apontava	a	necessidade	de	se	implantar	
um Plano Nacional de Educação, o qual estabeleceu competências no interior dos 
níveis	administrativos,	regulamentou	e	fixou	os	financiamentos	de	cotas	específicas	
de	verbas	à	federação,	aos	estados	e	aos	municípios.	Por	conseguinte,	implantou-
se	a	gratuidade,	a	obrigatoriedadee	o	ensino	religioso	tornou-se	optativo.
Na	Constituição	de	1937	avançou-se	no	sentido	de	que	se	incluiu	o	ensino	
profissionalizante	e	de	que	os	grupos	 industriais	e	os	 sindicatos	deveriam	criar	
escolas	de	aprendizagem	e	aperfeiçoamento	em	áreas	especializadas	para	atender	
aos	trabalhadores	sindicalizados,	aos	seus	familiares	e	à	comunidade.	Na	mesma	
Constituição	constava	que	os	conteúdos	de	educação	moral	e	política	se	tornavam	
obrigatórios	nos	currículos	escolares.	
Com	 o	 fim	 do	 Estado	Novo,	 tivemos	 uma	 grande	 disputa	 política,	 que	
caracterizou	os	debates	sobre	a	educação	entre	1945	e	1964:	a	promulgação	da	Lei	
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Uma das principais polêmicas era se 
o	ensino	deveria	ser	laico	ou	religioso.	Polêmicas	que	eram	refletidas	nas	disputas	
eleitorais para a Presidência da República.
Entre	os	presidentes	que	se	destacaram	no	período	em	relação	à	educação,	
podemos	destacar	os	governos	de	Getúlio	Vargas	e	Juscelino	Kubistchek.	No	governo	
Getúlio	Vargas	tivemos	a	fundação	de	instituições	que	auxiliaram	sobremaneira	a	
expansão	do	Ensino	Superior	e	de	pós-graduação	no	Brasil:	a	fundação	da	CAPES	
e	do	CNPq.	O	CNPq	é	um	órgão,	de	título	Central	Nacional	de	Pesquisas,	e	 foi	
idealizado	pelo	Almirante	Álvaro	Alberto,	tendo	como	função	fomentar	a	pesquisa	
científica	no	Brasil.	A	CAPES	é	a	Coordenação	de	Aperfeiçoamento	de	Pessoal	de	
Nível	Superior	e	tem	como	função	desenvolver	a	pós-graduação	no	país.	
Acesse os sites:
CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior: <http://www.capes.
gov.br/>.
CNPQ: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico: <http://www.
cnpq.br/>. 
DICAS
174
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Estes	órgãos	foram	fundamentais	para	o	aumento	das	universidades	nos	
diversos	Estados	brasileiros,	pois	foram	os	responsáveis	por	formar	os	professores	
de	nível	superior.	A	educação	no	governo	Juscelino	Kubistchek	foi	um	dos	temas	
dos	Planos	de	Metas.	Uma	das	metas	era,	justamente,	construir	uma	universidade	
federal	em	cada	capital	de	estado	da	federação.	O	que	possibilitou	uma	melhora	
geral	no	ensino	brasileiro,	ao	aumentar	as	portas	de	acesso	ao	Ensino	Superior.
	Caro	acadêmico!	Para	que	você	possa	compor	uma	análise	mais	próxima	
das	condições	educacionais	do	país	e	de	sua	população,	observe	o	quadro	a	seguir,	
procurando perceber relações que existem entre as décadas, a relação que existe 
entre o local de residência (rural ou urbana), a localização das escolas (urbana) e o 
número	de	analfabetismo	da	população	brasileira:		
QUADRO 7: Números da população, residência e índice de analfabetismo, Brasil, 1920-1950
Indicadores 1900 1920 1940 1950
População total 17.438.434 30.635.605 41.236.315 51.944.397
%	da	população	urbana 10 16 31 36
%	de	analfabetos 65,3 69,9 56,2 50,0
FONTE: Adaptado de Lourenço Filho (1970)
O	quadro	 ilustra	 os	 desafios	 que	 existiam	 em	 termos	de	percentuais	 de	
analfabetismo	na	primeira	metade	do	século	XX.	Os	dados	presentes	nas	décadas	de	
1900	e	1920	ilustram	os	resultados	obtidos	por	meio	das	políticas	de	governo	desde	
a	implantação	da	República,	que	foi	de	aumento	dos	índices	de	analfabetismo,	bem	
como as políticas de modernização das instituições e das políticas de urbanização 
da população; os dados precisam ser pensados num contexto social mais amplo, que 
foi	o	de	aumento	da	população,	através	de	nascimentos	e	das	ondas	de	imigrações	
europeias	e	asiáticas,	dados	que	 foram	responsáveis	por	originar	boa	parte	dos	
objetivos	dos	intelectuais	do	Movimento	dos	Pioneiros	da	Educação	Nova.
 
Os	dados	das	décadas	de	 1940	 e	 1950	 ilustram	os	 resultados	que	 foram	
alcançados	pelas	políticas	educacionais	de	governo	a	partir	dos	anos	de	1930,	ou	
seja,	em	meio	ao	governo	de	Getúlio	Vargas,	da	criação	do	MEC	e	pelo	Movimento	
dos	Pioneiros	da	Escola	Nova.	Entre	os	anos	de	1920	a	1950,	ou	seja,	num	intervalo	
de	30	anos,	o	alcance	da	redução	do	índice	de	analfabetismo	foi	de	quase	20%.
 
Não	se	pode	esquecer	que	as	unidades	escolares	não	conseguiam	atender	
aos	 brasileiros	 que	 residiam	 nas	 regiões	mais	 afastadas	 dos	 centros	 urbanos	 e	
das	capitais	do	país,	e	que	os	números	de	analfabetismo	passaram	a	ser	alterados	
significativamente	a	partir	do	momento	em	que	a	população	passou	a	migrar	e	
residir nas cidades.
TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO-FLOSÓFICO EDUCACIONAL NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA
175
2.2 O LEGADO DE ANÍSIO TEIXEIRA: O DEFENSOR DA 
ESCOLA NOVA NO BRASIL
Anísio	Teixeira	 (1900-1971),	nascido	na	 cidade	de	Caetité,	no	 interior	da	
Bahia,	foi	um	jurista,	intelectual	e	educador	responsável	por	difundir	os	conceitos	
e	 valores	 do	 pedagogo	 norte-americano	 John	 Dewey	 e	 da	 Escola	 Nova,	 com	
quem	 teve	 contato	e	firmou	amizade	em	uma	viagem	 feita	aos	Estados	Unidos	
da	América.	No	retorno	ao	Brasil,	se	dedicou	a	viabilizar	a	adaptação	à	realidade	
brasileira	e	a	vislumbrar	a	concretização	prática	de	tais	ideais,	por	meio	da	qual	
preconizava	o	ensino	público,	gratuito,	obrigatório,	integral	e	laico.	
Contribuiu	significativamente	na	reforma	do	ensino	no	Estado	da	Bahia	e	
no	Rio	de	Janeiro,	e	em	1935	foi	o	personagem	fundamental	na	consolidação	da	
Universidade	do	Distrito	 Federal-UDF,	 na	 cidade	do	Rio	de	 Janeiro,	 capital	 do	
Brasil	na	época.	A	universidade	funcionava	com	as	escolas	de	Ciências,	Educação,	
Economia	 e	Direito,	 Filosofia	 e	 Instituto	 de	Artes,	 e	 contou	 com	 a	 colaboração	
dos	professores	e	intelectuais	franceses	Eugène	Albertini,	Henry	Hauser,	Jacques	
Perro.	Porém,	em	1937,	em	meio	a	agitações	políticas,	a	universidade	foi	fechada,	
os	 estudantes	 e	 o	 quadro	 de	 professores	 foram	 transferidos	 para	 a	 Faculdade	
Nacional	 de	 Filosofia	 da	Universidade	 do	 Brasil,	 cuja	 orientação	 ideológica	 foi	
católico-cristã.
Caro acadêmico! Deixemos este dissabor de lado e nos centremos um pouco 
mais na produção intelectual de Anísio Teixeira. Entre os principais trabalhos 
publicados tem-se o “A Educação não é privilégio”,	publicado	em	1953,	que	consiste	
em	uma	reunião	de	vários	textos;	“A escola pública, universal e gratuita”,	de	1956;	“A 
educação e a formação nacional do povo brasileiro”,	de	1959;	“A educação é um direito”,	
de	1968.
Para	Teixeira	é	 fundamental	o	financiamento	estatal	do	ensino,	pois	este	
deve	atender	à	esfera	pública.	A	escola	primária	é	para	o	autor	a	mais	importante	
escola do sistema de educação, ao ponto de que o Ensino Superior existe porque o 
homem	foi	capaz	de	inventar	a	arte	da	escrita	e	porque	as	pessoas	a	dominam.	A	
capacidade	de	ler,	escrever,	somar,	subtrair,	dividir	e	multiplicar	possibilitou	todo	
o	desenvolvimento	do	dito	mundo	ocidental.	É	realmente	fundamental	termos	o	
domínio	destas	simples,	pequenas	e	fundamentais	operações,	pois	exercem	papel	
primordial	no	exercício	e	atividade	de	libertação	do	homem	(FREIRE,	1987).	
Anísio	 Teixeira	 foi	 autor	 de	 importantes	 livros	 educacionais,	 como	 “A 
Educação Não é privilégio”,	 no	qual	 apontou	 as	principais	deficiências	 e	desafios	
da	educação	brasileira.	Em	especial,	as	dificuldades	da	formação	dos	professores,	
e	a	necessidade	de	se	ter	uma	formação	universitária	para	os	docentes	do	ensino	
primário.
Para	Teixeira,	era	muito	grave	que	o	ensino	primário	no	Brasil	não	fosse	
tratado	como	prioridade,	denunciava	que	o	país	contava	com	centros	universitários	
comparados	com	os	do	‘primeiro-mundo’,	porém	não	conseguia	oferecer	a	toda	
176
UNIDADE 3 | O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
população ensino público elementar com qualidade. O modelo ideal de escola 
pública	ao	qual	se	dedicou	Anísio	foi	o	de	escola	integral.	Para	dar	conta	de	tal	tese	
ele	fundou,	em	Salvador,	uma	escola	modelo	chamada	Carneiro	Ribeiro.
O	professor	Anísio	foi	o	responsável	por	uma	das	principais

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