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Exemplos Concretos de Aplicação da Responsabilidade Civil Ambiental

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08/06/2018 Exemplos Concretos de Aplicação da Responsabilidade Civil Ambiental
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Exemplos Concretos de Aplicação da
Responsabilidade Civil Ambiental
Site: Campus Online I
Curso: Direito Ambiental - TIV - Turma D - 1217 - Virtual
Livro: Exemplos Concretos de Aplicação da Responsabilidade Civil Ambiental
Impresso por: Thayná Lacerda Diniz
Data: sexta, 8 Jun 2018, 19:14
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Sumário
Introdução da Aula
Tópico 1 - A Responsabilidade Ambiental
Tópico 2 - O Acidente Ambiental em Mariana/MG
Encerramento
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Introdução da Aula
Na aula “Exemplos Concretos de Aplicação da Responsabilidade Civil Ambiental” veremos sobre a
responsabilidade ambiental e em especial o caso do acidente em Mariana/MG.
 Ao final desta aula, você deverá:
• Identificar a aplicação da responsabilidade civil em casos práticos.
 
Reflexão
Como a responsabilidade por danos ambientais pode ser associada aos casos concretos? A casuística pode
aperfeiçoar o modelo de responsabilidade por risco integral em matéria ambiental?
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Tópico 1 - A Responsabilidade Ambiental
 
A responsabilidade civil ambiental ainda é um instituto em construção. Não obstante o seu assentamento como
responsabilidade a nível objetivo (pelo menos), há ainda diferentes situações que se apresentam e que podem
aumentar a complexidade de sua relação com a ordem jurídica.
 
Reflexão
O discurso da responsabilidade ambiental pode ocultar práticas delitivas que prejudicam o meio ambiente e
a comunidade como um todo.
Souza et al., 2017 demonstram como a noção de responsabilidade social corporativa se apresenta como
movimento ideológico a ser utilizado para legitimar o poder de grandes corporações. Em seu ensaio, analisaram
discursos de responsabilidade socioambiental de uma corporação que tem sido protagonista de um crime ambiental.
Neste ensaio, o objetivo era analisar o que foi declarado e o que foi praticado.
Estudo complementar
O detalhamento da pesquisa pode ser conferido no artigo “Crimen corporativo y el discurso de la
responsabilidad socioambiental: el bueno, el feo y el perfumado”, de Lionardo D. de Souza, Valdir M.
Valadão Júnior, Cintia R. de O. Medeiros, Esther S. Gallego.
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Importante observar uma preocupação de extrema relevância para o direito ambiental: a empresa estudada utiliza-se
do discurso da responsabilidade social e ambiental para ocultar práticas indevidas que prejudicam o meio ambiente e
a comunidade. Isto é, “perfuma” suas práticas com discursos de proteção do meio ambiente (SOUZA et al., 2017).
Outro exemplo interessante diz respeito à responsabilidade ambiental pós-consumo à luz do princípio do
poluidor-pagador. Isto pode ser visto na análise do nível de implementação da responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida dos produtos. Trata-se de uma das obrigações legais estabelecida pela Política Nacional de Resíduos
Sólidos – instituída pela Lei 12.305/2010 e regulamentada pelo Decreto 7.404/2010. 
 
 
A justificativa se deve em virtude da complexidade inerente à produção e a gestão dos resíduos na sociedade atual de
consumo. Por essa razão, é necessário o aperfeiçoamento e a implementação de eficientes instrumentos com a
finalidade de promover a destinação adequada dos resíduos especiais pós-consumo.
Esta finalidade alcança tanto a prevenção de ocorrência de danos ambientais, como também visa garantir a reparação
daqueles que sobrevierem.
 
Estudo complementar
A partir da pesquisa “Responsabilidade Ambiental Pós-Consumo À Luz do Princípio do Poluidorpagador”,
será possível examinar criticamente os dados disponibilizados no Sistema Nacional de Informações sobre
Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), sobretudo para o exame de acordos setoriais, celebração de termos de
compromisso referentes a resíduos especiais pós-consumo e, ainda, analisar – de maneira crítica – os dados
sobre os sistemas de logística reversa implementados por acordo setorial ou de forma independente desse
mecanismo (MOREIRA et al., 2016).
Estabelece referida Política a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. O principal meio
utilizado é a logística reversa. Para tanto, (Moreira et al., 2017) demonstram a importância do princípio do
poluidor-pagador como fio condutor da responsabilidade ambiental pós-consumo.
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Terceiro exemplo pode ser relacionado ao nível de evidenciação ambiental das empresas, isto é, o grau de
responsabilidade das empresas na divulgação de dados sobre a sua estratégia ambiental para resposta às pressões
institucionais, bem como de seu nível de preocupação com o meio ambiente.
As informações sobre o meio ambiente podem ser facilmente manipuladas, pois o uso da divulgação seletiva permite
o gerenciamento de impressões.
 
Estudo complementar
Por isso que a leitura do artigo “Responsabilidade social e ambiental”, de Vogt, Degenhart, Rosa e Hein
(2016) analisam os impactos ambientais nos relatórios anuais e de sustentabilidade das empresas brasileiras.
A doutrina levanta outro exemplo que é o da Responsabilidade de instituições financeiras (ANTUNES, 2016). A
literatura especializada compreende que os riscos ambientais são riscos financeiros.
O polêmico Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco afigura como exemplo.
 
Fonte
Clique na imagem acima.
 
Estas questões relacionadas à transposição do Rio São Francisco foram apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal no
Agravo Regimental na Medida Cautelar na Ação Civil Originária 876/BA (STF, ACO 876 MC-AgR/BA, 2007):
Clique na imagem para aprofundar seu conhecimento.
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Logo, em termos de interpretação sistemática infraconstitucional, as instituições financeiras devem se utilizar do
princípio da precaução no momento de avaliação da concessão de créditos para determinados investimentos. Isto
porque elas podem ser responsabilizadas como poluidoras-indiretas, de acordo com a sistemática estabelecida no
artigo 3º, inciso IV da Lei 6.938/1981:
 
Inclusive, além de poluidoras-indiretas, podem ser responsabilizadas na esfera penal por determinada degradação
ambiental, consoante artigo 2º da Lei 9.605/1998:
Ao recusar determinado financiamento bancário, a instituição financeira evita que determinado empreendimento
possa se transformar em uma catástrofe ambiental.
Sobre o tema, caso interessante (e terrível) foi o que ocorreu no Município de Mariana/MG, protagonizado pela
empresa SAMARCO.
Lei 6.938/1981
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambientalresultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a
estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de
conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo
da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
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Tópico 2 - O Acidente Ambiental em
Mariana/MG
 
Fonte
Em 5/11/2015 ocorreu um dos maiores desastres ambientais no Brasil. A barragem do Fundão – responsável por
reter os detritos da exploração mineral da empresa Samarco Mineradora S.A. – rompeu-se e avançou ao longo do
Rio Doce, atingindo o litoral do Espírito Santo, inúmeras municipalidades, e, por último, o Parque Nacional de
Abrolhos, no sul da Bahia.
O caso suscitou diversos questionamentos de ordem jurídica e de políticas públicas no campo ambiental, sobretudo
por ter deixado 19 pessoas mortas.
Em 29/8/2016, a Samarco e as suas controladoras – Vale do Rio Doce e BHP Billiton – reconheceram que a ruptura
do reservatório ocorreu numa obra aberta no topo da estrutura.
 
Reflexão
A complexidade do dano ambiental cometido suscita diversas perguntas jurídicas: Quem são os
responsáveis pelo dano ambiental? De quem é a competência para investigar o ocorrido? Como deve ser
realizada a reparação do meio ambiente?
Como visto, a responsabilidade pelos danos ambientais causados é do poluidor-pagador. No caso em análise,
quanto primeiro questionamento – quem é o responsável pelo dano ambiental – tanto a Samarco – como também
suas controladoras – responderam pelo processo em discussão, independentemente da existência de culpa.
O segundo questionamento diz respeito à competência para investigar o ocorrido. Como a catástrofe atingiu o Rio
Doce e mais de um Estado da federação, é natural que a competência original seja da Justiça Federal.
O STJ foi chamado para decidir a questão no Conflito de Competência 144.922/MG:
Clique na imagem para aprofundar seu conhecimento.
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Como se vê, a apreciação das questões judiciais relacionadas
aos danos ambientais ocasionados pela Samarco é da Justiça
Federal, sobretudo pela absorção de determinadas atribuições
que se conectam à União. 
 
Em virtude da causalidade complexa, a relação do dano
ambiental deve contemplar os elementos da
responsabilização. Quando a empresa Samarco assumiu que a
causa principal foram as reformas realizadas na barragem,
denota-se o primeiro compromisso de boa-fé com a reparação dos danos causados pelo dano ambiental.
 
 
Como a reparação do dano ambiental deve ser integral, o ponto essencial é a reconstituição de toda a biota do
local. Isto é o primeiro aspecto para o retorno à respeitabilidade dos direitos fundamentais, dentre eles ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, com o fim de se resgatar a dignidade da pessoa humana.
 
 
Os aspectos seguintes dizem respeito ao socorro financeiro a serem prestados às vítimas. Cada cidadã e cada cidadão
que perderam seus bens materiais, parentes, perderam também todo um contexto social de vida.
A reparação destes tipos de dano – o aspecto financeiro e o aspecto imaterial – corresponde também à necessidade
de se restaurar uma parte daquilo que estas pessoas perderam com a tragédia em Mariana/MG.
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Encerramento
O caso Samarco pode ser emblemático para definir as balizas teóricas da responsabilidade por risco integral.
Aperfeiçoar os pressupostos teóricos da responsabilidade por danos ambientais poderá ser um dos caminhos
hermeneuticamente mais adequados para o alcance do desenvolvimento da teoria do direito ambiental. Este
aperfeiçoamento passa, sem dúvida, pelo exame da aplicação da teoria da responsabilidade civil aos casos
ambientais, em especial em casos desta magnitude.
Agora que finalizamos, você está apto a realizar os exercícios desta aula.
Fique atento a sua performance e frequência nas atividades!

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