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Fatos e Negócios Jurídicos UNIP - Carlos Marcatto 1 Bibliografia Básica (Autores) • Sílvio Rodrigues • Washington de Barros Monteiro • Orlando Gomes • Caio Mário da Silva Pereira • Maria Helena Diniz • Sílvio Venosa • Nehemias Domingos de Melo • Espínola Filho • Clóvis Bevilaqua • Carlos Dabus Maluf • Carlos Roberto Gonçalves • Pontes de Miranda 2 Questão Histórica • Novo Código Civil alterou profundamente a matéria • Deixou a teoria unitária do direito francês e passou para a teoria dualista alemã • Teoria Unitária - Maior amplitude da noção ato jurídico • Teoria Dualista - Maior ênfase a negócio jurídico (substitui a noção ato jurídico quase integralmente) 3 Divisão do Código de 16 Fatos Juridicos em sentido amplo Fatos da Natureza Atos Humanos Morte Nascimento Enchente Lícitos - atos jurídicos Ilícitos - atos Ilícitos 4 Críticas à Classificação de 16 • Irreal • Ato ilícito é também ato humano que gera relações na órbita do direito • Incompleta • Ignora atos que não contém intuito negocial, mas são lícitos (quem encontra um tesouro e.g.) 5 Classificação do Código de 02 Fatos Jurídicos (em sentido Amplo) Fatos Naturais Fatos Humanos (atos jurídicos em sentido amplo) Ordinários Extraordinários Lícitos Atos Jurídicos em sentido estrito ou meramente lícito Negócio Jurídico Ato-fato jurídico ilícitos 6 Fato Jurídico em Sentido Amplo • Savigny • “Todos os acontecimentos suscetíveis de produzir alguma aquisição, modificação ou extinção de direitos entram na ordem dos fatos de que trata esta seção” • Logo, fato jurídico é o que repercute na órbita do direito • juízo de valor -> determina a existência ou não de um fato jurídico • Ex.: enchente 7 Fatos Naturais • Fatos jurídicos em sentido estrito • ordinários, • como o nascimento e a morte, que constituem respectivamente o termo inicial e final da personalidade, bem como a maioridade, o decurso do tempo etc. • extraordinários, • Geralmente na categoria do fortuito e da força maior: terremoto, raio, tempestade etc. 8 Fatos Humanos • Lícitos: • atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente. • Praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, produzem efeitos jurídicos voluntários, queridos pelo agente; • Ilícitos • produzem efeitos jurídicos involuntários, mas impostos pela norma. • Em vez de direito, criam deveres, obrigações • Hoje aceitos como atos humanos (atos jurídicos em sentido amplo) 9 Atos Lícitos • Tipo de vontade • Negócio Jurídico - intenção de alcançar o fim => vontade qualificada • Ato jurídico em sentido estrito - fisgar um peixe não exige vontade de comprar ou adquirir o peixe - ocorre uma figura jurídica chamada ocupação - vícios do negócio jurídico não são aplicáveis - mera intenção • Ato-fato jurídico - não há qualquer manifestação de vontade - a pessoa nem cogita, nem imagina o que vai acontecer (não importa vontade ou intenção do agente) quem encontra um tesouro 10 Atos Materiais e Participações • Divisão dada por poucos autores aos atos jurídicos em sentido estrito • Orlando Gomes, Maria Helena Diniz e alguns outros • Atos materiais ou reais • o ato jurídico potestativo, isto é, o agente pode influir na esfera de interesses de terceiro, quer ele queira, quer não. Os efeitos decorrentes desses atos estão predeterminados na lei. • onde há manifestações da vontade sem destinatário e sem finalidade específica, • como no caso de ocupação, fixação de domicílio, confusão, pagamento indevido. 11 Atos Materiais e Participações (cont.) • Participações • declarações para ciência ou comunicação de intenções a um destinatário, i.e., apenas declarações para ciência de terceiros ou comunicação de intenções ou de fatos • notificações, intimações e interpelações, confissão • têm necessariamente destinatário, mas sem finalidade específica (no sentido negocial) Negócio Jurídico • Origem alemã (BGB) e austríaca • Karl Larenz • “Negócio jurídico é um ato, ou uma pluralidade de atos, entre si relacionados, quer sejam de uma ou de várias pessoas, que tem por fim produzir efeitos jurídicos, modificações nas relações jurídicas no âmbito do direito privado”. • Miguel Reale • “não se confundem com os atos jurídicos em sentido estrito, nos quais não há acordo de vontade, como, por exemplo, se dá nos chamados atos materiais, como os da ocupação ou posse de um terreno, a edificação de uma casa no terreno apossado etc. Um contrato de compra e venda, ao contrário, tem a forma específica de um negócio jurídico…” 13 Negócio Jurídico • CC de 16 art. 81 • “todo o ato lícito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos, se denomina ato jurídico”. • Hoje ele é denominado negócio jurídico - alteração de conceito -> intuito negocial • ARTME - (todo ato lícito que tenha por fim imediato) adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir (direitos) 14 Negócio Jurídico: Aquisição (Transmissão) • Aquisição = Incorporação do direito à personalidade do titular • Modo de Aquisição • originária: • quando se dá sem qualquer interferência do anterior titular. • ocupação de coisa sem dono (res derelicta ou res nullius — CC, art. 1.263) e na avulsão (art. 1.251); • derivada: • quando decorre de transferência feita por outra pessoa. • Compra e Venda 15 Negócio Jurídico: Aquisição (Transmissão) • Quanto a gratuidade e onerosidade • gratuita • só o adquirente aufere vantagem • sucessão hereditária; doação • onerosa • quando se exige do adquirente contraprestação, facultando a ambos os contratantes a obtenção de benefícios, • compra e venda e na locação. 16 Negócio Jurídico: Aquisição (Transmissão) • Quanto à extensão • a título singular • a que ocorre no tocante a bens determinados • em relação ao comprador, na sucessão inter vivos, e em relação ao legatário, na sucessão causa mortis; • a título universal • quando o adquirente sucede o seu antecessor na totalidade de seus direitos • herdeiro 17 Negócio Jurídico: Aquisição (Transmissão) • A questão da aquisição de direitos futuros (ainda não constituídos) - em contraposição aos direitos atuais (adquiridos - Art. 6º, § 2º, LINDB (LICC) • Primeira divisão: deferido (depende do arbítrio do sujeito - registrar um imóvel) ou não deferido (depende de condições fora do controle do agente) • Expectativa de direito: mera possibilidade de sua aquisição, não estando amparada pela legislação em geral, uma vez que ainda não foi incorporada ao patrimônio jurídico da pessoa. • Fase de tratativas para celebração de um contrato. 18 Negócio Jurídico: Aquisição (Transmissão) - direitos futuros (cont.) • Direito eventual: situações em que o interesse do titular ainda não se encontra completo por não se terem realizado todos os elementos básicos exigidos pela norma jurídica. • direito à sucessão legítima, que, embora protegido pelo ordenamento jurídico, só se consolida com a morte do autor da herança. • Direito condicional: somente se perfaz se ocorrer determinado acontecimento futuro e incerto. • Vendo se me entregar certa garantia de pagamento. • Obs: O art. 130 do Código Civil emprega a expressão “direito eventual” abrangendo o direito condicional: “Ao titular de direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo” Negócio Jurídico: Resguardar • Preventivas: visam garantir eacautelar o direito contra futura violação • a) de natureza extrajudicial: asseguram o cumprimento de obrigação Ex. garantias reais (hipoteca, penhor, alienação fiduciária em garantia etc.) e pessoais (fiança, aval); • b) de natureza judicial: previstas no Código de Processo Civil arresto, sequestro, caução, busca e apreensão, protesto, notificação, interpelação etc.) • Repressivas: visam restaurar o direito violado. • A pretensão é deduzida em juízo por meio da ação - Poder Judiciário ou mediação e arbitragem. • Obs: defesa privada ou autotutela só é admitida excepcionalmente, porque pode conduzir a excessos. Ex.: art. 188, I e II, do Código Civil, concernente à legítima defesa, ao exercício regular de um direito e ao estado de necessidade; art. 1.210 - possuidor fazer uso da legítima defesa e do desforço imediato para manter-se ou restituir-se na posse por sua própria atuação 20 Negócio Jurídico: Modificar • Objetiva: quanto ao objeto. • a) qualitativa — se converte em outra espécie, sem que aumentem ou diminuam as faculdades do sujeito. • credor por dívida em dinheiro que anui em receber determinado objeto, do mesmo valor, a título de dação em pagamento; e • b) quantitativa — o objeto aumenta ou diminui no volume ou extensão, sem alterar a qualidade. • Ex.: proprietário de um terreno ribeirinho constata o acréscimo nele havido em decorrência do fenômeno da aluvião. • Subjetiva: quando concerne à pessoa do titular, • A alteração do sujeito pode dar-se inter vivos ou causa mortis. • Inter vivos: A cessão de crédito, a desapropriação e a alienação são exemplos da primeira hipótese. • Mortis causa: sucessão (falecimento -> transferência mediata ao herdeiros (droit de saisine)) • Obs.: Direitos personalíssimos - intuitu personae não permitem alteração subjetiva (como certos direitos de família) 21 Negócio Jurídico: Extinguir • Por diversas razões: • Ex.: o perecimento do objeto alienação, renúncia, abandono, falecimento do titular de direito personalíssimo • Certos autores distinguem extinção de perda dos direitos. • perda do direito • quando ele se destaca do titular e passa a subsistir com outro sujeito • extinção • quando desaparece, não podendo ser exercido pelo sujeito atual nem por outro qualquer 22 Negócio Jurídico Unilateral • Possível • Aperfeiçoamento com uma única manifestação de vontade. • testamento, a instituição de fundação, a renúncia da herança, a procuração, a confissão de dívida • Obs: Doação aperfeiçoa-se com a aceitação, logo não é negócio jurídico unilateral, mas bilateral (é unilateral quanto aos efeitos) 23 Classificação dos Negócios Jurídicos • Possíveis parâmetros: • número de declarantes; • vantagens para as partes; • momento da produção dos efeitos; • modo de existência; • formalidades a observar; • número de atos necessários; • modificações que podem produzir; • modo de obtenção do resultado • Etc 24 Classificação: Número de Declarantes Unilaterais Bilaterais Plurilaterais Não Receptícios Receptícios Bilaterais Simples Sinalagmáticos 25 Classificação: Número de Declarantes (cont.) • Unilaterais • se aperfeiçoam com uma única manifestação de vontade, • testamento, instituição de fundação, procuração, títulos de crédito, confissão de dívida • Subdividem-se em: • a) receptícios — a declaração de vontade tem de se tornar conhecida do destinatário para produzir efeitos, • denúncia ou resilição de um contrato; revogação de mandato; e • b) não receptícios — conhecimento por parte de outras pessoas é irrelevante, • testamento e na confissão de dívida. 26 Classificação: Número de Declarantes (cont.) • Bilaterais • duas manifestações de vontade coincidentes sobre o objeto (consentimento mútuo ou acordo de vontades) • a) bilaterais simples — os em que somente uma das partes aufere vantagens, enquanto a outra arca com os ônus, • doação e no comodato; e • b) sinalagmáticos — onde são outorgados ônus e vantagens recíprocos, • como na compra e venda e na locação. • Sinalagmático deriva do vocábulo grego sinalagma, que significa contrato com reciprocidade. • Podem existir várias pessoas no polo ativo e também várias no polo passivo sem que o contrato deixe de ser bilateral pela existência de duas partes, pois estas não se confundem com aquelas. 27 Classificação: Número de Declarantes (cont.) • Plurilaterais — são os que envolvem mais de duas partes, • Contrato de sociedade com mais de dois sócios e os consórcios de bens móveis e imóveis. • As deliberações, nesses casos, decorrem de decisões da maioria. • Parte da doutrina menciona os negócios jurídicos plurilaterais como figura diferenciada dos contratos e os trata como acordos, em razão de se destinarem à adoção de decisões comuns em assuntos de interesses coletivos 28 Classificação: Vantagens Patrimoniais Bifrontes Neutros Onerosos Gratuitos Comutativos Aleatórios 29 Classificação: Vantagens Patrimoniais • Negócios jurídicos gratuitos • são os em que só uma das partes aufere vantagens ou benefícios • doação; comodato • outorgam-se vantagens a uma das partes sem exigir contraprestação da outra • Obs.: Doação com encargo - para muitos não descaracteriza gratuidade 30 Classificação: Vantagens Patrimoniais • Negócios jurídicos onerosos • ambos os contratantes auferem vantagens, às quais, porém, corresponde um sacrifício ou contraprestação. -> impõem ônus e, ao mesmo tempo, acarretam vantagens, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos. • Compra e venda, a locação, a empreitada etc. • Obs.: Todo negócio oneroso é bilateral, Mas nem todo ato bilateral é oneroso. Doação, comodato -> contratos e, portanto, bilaterais, porém gratuitos. • Subdividem-se em: • a) comutativos: de prestações certas e determinadas, em princípio equivalentes. Não envolvem nenhum risco • b) aleatórios: incerteza, para as duas partes -> perda ou lucro dependem de um fato futuro e imprevisível. O risco é da essência do negócio, como no jogo e na aposta. Para maioria, seguro 31 Classificação: Vantagens Patrimoniais • Negócios jurídicos neutros • se caracterizam pela destinação dos bens. Não podem ser incluídos na categoria dos onerosos nem dos gratuitos, pois lhes falta atribuição patrimonial. • Exemplos • vinculação de um bem -> indisponível pela cláusula de inalienabilidade ou de incomunicabilidade que impede a sua comunicação ao outro cônjuge • Instituição do bem de família 32 Classificação: Vantagens Patrimoniais • Negócios jurídicos bifrontes • São os que podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes, como o mútuo, o mandato, o depósito. • Obs.: 1) A conversão só se torna possível se o contrato é definido na lei como negócio gratuito, pois a vontade das partes não pode transformar um contrato oneroso em benéfico, visto que subverteria sua causa. • Obs.: 2) Nem todos os contratos gratuitos podem ser convertidos em onerosos por convenção das partes. A doação e o comodato, por exemplo, se transformariam em venda e locação 33 Classificação: Inter-Vivos e Mortis Causa • Momento da produção dos efeitos: • Inter vivos: efeitos desde logo, isto é, estando as partes ainda vivas, como a promessa de venda e compra, a locação, a permuta, o mandato, o casamento etc. • Mortis causa: destinados a produzir efeitos após a morte do agente: testamento, o codicilo e a doação estipulada em pacto antenupcial para depois da morte do testador. O evento morte, nesses casos, é pressuposto necessário à sua eficácia. • Obs.1: Os negócios jurídicosmortis causa são sempre nominados ou típicos. Ninguém pode celebrar senão os definidos na lei e pelo modo como os regula • Obs. 2: O seguro de vida é negócio inter vivos, em que o evento morte funciona como termo • Obs. 3: Por isso, também são inter vivos: a doação com cláusula de reversão caso o donatário morra antes do doador; a estipulação em favor de terceiro para que a prestação seja cumprida depois da morte do estipulante 34 Classificação: Modo de Existência • Principais são os que têm existência própria e não dependem, pois, da existência de qualquer outro, como a compra e venda, a locação e a permuta. • Acessórios são os que têm sua existência subordinada à do contrato principal, como se dá com a cláusula penal, a fiança, o penhor e a hipoteca. • Como regra, seguem o destino do principal (acessorium sequitur suum principale), salvo estipulação em contrário na convenção ou na lei. • Desse modo, a natureza do “acessório é a mesma do principal". Extinta a obrigação principal, extingue-se também a acessória, mas o contrário não é verdadeiro. • Negócios derivados ou subcontratos são os que têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, denominado básico ou principal (sublocação e subempreitada, p. ex.). • Têm em comum com os acessórios o fato de que ambos são dependentes de outro. • Diferem, porém, pela circunstância de o derivado participar da própria natureza do direito versado no contrato- base. 35 Classificação: Formalidade a Observar • solenes ou formais e não solenes ou de forma livre. • Solenes são os negócios que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoarem. • ad solemnitatem ou ad substantiam: quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, i.e., constitui a própria substância do ato, como a escritura pública na alienação de imóvel acima de certo valor (CC, art. 108), o testamento como manifestação de última vontade (arts. 1.864 e s.), a renúncia da herança (art. 1.806) etc. • ad probationem tantum: forma pode ser exigida apenas como prova do ato. Nesse caso, trata-se de uma formalidade, como o é a lavratura do assento do casamento no livro de registro, determinada no art. 1.536 do Código Civil. • Diz-se que, em regra, a formalidade é ad probationem nos casos em que o resultado do negócio jurídico pode ser atingido por outro meio. • Não solenes são os negócios de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação. • podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal Ex. locação, compra e venda de bem móvel • Em regra, os contratos têm forma livre, salvo expressas exceções: art. 107 do Código Civil “a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”.” 36 Classificação: Quanto ao número de atos • Podem ser: simples, complexos e coligados. • Simples são os negócios que se constituem por ato único. • Complexos são os que resultam da fusão de vários atos sem eficácia independente. • Ex.: C e V de um imóvel em prestações, que se inicia pela celebração de um compromisso de compra e venda, mas se completa com a outorga da escritura definitiva; • complexidade objetiva: várias declarações de vontade, são emitidas pelo mesmo sujeito tendo em vista o mesmo objeto. É necessário, nessa forma de complexidade, a identidade tanto do sujeito como do objeto do negócio. • complexidade subjetiva: pluralidade de declarações de diferentes sujeitos, devendo convergir para o mesmo objeto, ou seja, ter uma única causa, mas podendo ser emitidas contemporânea ou sucessivamente. • Coligados: compõem-se de vários outros, enquanto o negócio complexo é único. • Ex.: arrendamento de posto de gasolina, coligado pelo mesmo instrumento ao contrato de locação -> o vínculo que une todos os contratos é a exploração do posto de gasolina como um complexo comercial. 37 Classificação: Modificações que podem produzir • Dispositivos: são os utilizados pelo titular para alienar, modificar ou extinguir direitos. • remissão de dívida; alienação de um bem (móvel ou imóvel) • Obrigacionais: são os que, por meio de manifestações de vontade, geram obrigações para uma ou ambas as partes, possibilitando a uma delas exigir da outra o cumprimento de determinada prestação, como sucede nos contratos em geral. • Geralmente o negócio dispositivo completa o obrigacional. A alienação de uma propriedade, de natureza dispositiva, que se consuma com o registro do título ou da tradição, é precedida do contrato de compra e venda, de natureza obrigacional, pelo qual o adquirente se obriga a pagar o preço e o alienante a entregar a coisa objeto do negócio 38 Classificação: Modo de obtenção do resultado • Negócio fiduciário é aquele em que alguém, o fiduciante, “transmite um direito a outrem, o fiduciário, que se obriga a devolver esse direito ao patrimônio do transferente ou a destiná-lo a outro fim” (Karl Larenz). • 2 fases: 1) ocorre a transmissão de um direito pertencente ao fiduciante. 2) o adquirente fiduciário se obriga a restituir o que recebeu ou seu equivalente. Esses negócios compõem-se de dois elementos: a confiança e o risco. • A transmissão da propriedade, quando feita ao fiduciário para fins de administração, é verdadeira. Tanto que, se o fiduciário recusar-se a restituir o bem, caberá ao fiduciante somente pleitear as perdas e danos, como consequência do inadimplemento da obrigação de o devolver. • O negócio fiduciário não é considerado negócio simulado ou ilegal, malgrado a transferência da propriedade seja feita sem a intenção de que o adquirente se torne verdadeiramente proprietário do bem. Não há a intenção de prejudicar terceiros nem de fraudar a lei. • Negócio simulado é o que tem a aparência contrária à realidade. • Embora, nesse ponto, haja semelhança com o negócio fiduciário, as declarações de vontade são falsas. As partes aparentam conferir direitos a pessoas diversas daquelas a quem realmente os conferem ou fazem declarações não verdadeiras para fraudar a lei ou o Fisco, por exemplo. • O negócio simulado não é válido. 39
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