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DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 Caro candidato, Dando continuidade aos nossos exercícios acerca da matéria de Direito empresarial para o concurso de Analista Judiciário – Área Judiciária – STJ, teremos, hoje, nossa segunda aula de Direito Societário, com foco nas sociedades anônimas, operações societárias e relações societárias. O assunto será dividido nos seguintes subtópicos: Disciplinas Direito Societário — parte II: sociedade anônima, Lei nº 6.404/1976; operações societárias: transformação, incorporação, fusão e cisão; Relações entre sociedades: coligações de sociedades, grupos societários, consórcios, sociedade subsidiária integral, sociedade de propósito específico; dissolução, liquidação e extinção das sociedades; concentração empresarial e defesa da livre concorrência. Inicialmente, é relevante ressaltar que esta aula encontra-se dividida em duas partes. A primeira apresenta questões na forma certo/errado, retiradas de provas das mais diversas bancas ou por nós elaboradas, enquanto a segunda é composta por questões de múltipla escolha. Ao fim de cada parte, é apresentado o gabarito dos exercícios com os respectivos comentários acerca dos enunciados. Ademais, para um entendimento mais profundo da matéria e melhor consolidação do conteúdo cobrado no edital, também iremos trazer à baila alguma teoria sobre os temas que estão sendo discutidos, com referência à doutrina e à respectiva legislação. Registre-se, por fim, que o número de questões relativas a cada tópico é determinado de acordo com a importância dos respectivos temas e com a frequência em que são cobrados em concursos públicos. Outrossim, algumas questões podem tratar, também, de tópicos vistos em aulas passadas, tendo em vista que as questões de concurso não necessariamente abordam apenas um tema específico de cada matéria. E então candidato, vamos aos trabalhos? DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 AULA 3 Responda Certo ou Errado 1. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos, 2012) Em relação às companhias anônimas, julgue os itens abaixo. I – Mesmo se tratando de sociedade anônima, é possível que o nome do fundador possa figurar na denominação; II – O valor do capital social das sociedades anônimas deverá ser fixado no estatuto, em moeda nacional ou estrangeira; III – São consideradas companhias abertas aquelas que têm ações admitidas para negociação em bolsa. 2. (CGU-2008/ESAF, adaptada) A respeito da responsabilidade dos administradores na legislação das sociedades anônimas, julgue os seguintes itens. I – Compete à companhia, mediante prévia deliberação do conselho fiscal, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio; II – Os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do não-cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles; III – O administrador responde civilmente pelos prejuízos que causar, quando proceder, dentro de suas atribuições ou poderes, com violação da lei ou do estatuto. 3. (CGU-2008/ESAF, adaptada) Quanto à composição dos órgãos legais de administração e fiscalização das sociedades anônimas, julgue as assertivas: DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 I – O estatuto da companhia poderá prever a participação no conselho de administração de representante dos empregados, escolhido pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem; II – Não podem compor o conselho fiscal membros de órgãos de administração e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo. III – O conselho de administração será composto por dois ou mais membros, eleitos pela assembléia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo. 4. (Auditor INSS – 2006/ESAF, adaptada) Julgue as seguintes afirmativas. I – Nas sociedades anônimas, os membros do conselho de administração necessitam invariavelmente ter domicílio no Brasil; II – Nas sociedades anônimas, a competência das assembléias gerais extraordinárias é formada por exclusão, em relação à competência das assembléias gerais ordinárias; III – Nas sociedades anônimas, para os efeitos legais de responsabilidade, os diretores são considerados administradores e os membros do conselho de administração responsáveis pelo controle social. 5. (Auditor Ministério do Trabalho – 2003/ESAF, adaptada) Quanto aos administradores das sociedades anônimas, julgue os seguintes itens: I – Os administradores devem exercer suas funções em atendimento ao dever de diligência; II – Os administradores podem ser pessoas jurídicas, devendo, neste caso, ser designado um representante residente e domiciliado no Brasil; III – Os administradores respondem solidariamente pelos atos ou omissões danosos dos demais administradores, tendo ação regressiva contra estes quando forem inocentes. 6. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos, 2012) No tocante às ações preferenciais, julgue os seguintes itens. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 4 I – O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou com restrição a este direito, não pode ultrapassar 50% do total das ações emitidas; II – Dentre os direitos atribuídos às ações preferenciais, podemos mencionar a prioridade na distribuição do dividendo; III – As ações preferenciais das companhias fechadas não podem ser de diferentes classes. 7. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos, 2012) Em relação aos deveres e direitos dos acionistas previstos na Lei 6.404/76, julgue os itens abaixo. I – A fiscalização da gestão da companhia não é um direito essencial dos acionistas, já que tal atribuição pertence ao conselho fiscal; II – A assembleia geral não poderá privar o acionista de participar dos lucros; III – Somente como último recurso a companhia poderá vender em bolsa as ações do acionista remisso. 8. (Assistente Jurídico AGU – 1999/ESAF, adaptada) Sobre o preenchimento dos cargos de administração — diretoria e conselho de administração —, julgue os seguintes itens. I – Os administradores devem ter formação superior nas áreas de atuação respectivas; II – Os conselheiros podem ser pessoas jurídicas estrangeiras; III – Os conselheiros não necessitam ser acionistas. 9. (Juiz, RS – 2009, adaptada) No caso de eleição do conselho de administração de uma sociedade anônima em que haja utilização do processo de voto múltiplo solicitada pelo representante de um grupo de acionistas minoritário com mais de 10% do capital social votante, julgue as seguintes assertivas. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 5 I – Se forem cinco conselheiros, dois serão nomeados pelo grupo majoritário e dois pelo grupo minoritário e o último será nomeado pelo presidente da assembléiageral; II – O grupo minoritário deve solicitar a instalação do processo de voto múltiplo em, pelo menos, 48 horas antes da assembléia geral; III – Para obter-se a quantidade de votos de cada grupo na eleição para o conselho de administração, deve-se multiplicar o número de ações de cada grupo pelo número de vagas no conselho. 10. (OAB Unificada — 2006.2, adaptada) Com relação às operações societárias, segundo a Lei nº 6.404/1976, julgue os itens abaixo. I – A operação em que ABC Ltda. une-se à ABC S.A. e, ao final do procedimento, subsiste a sociedade ABC S.A. é uma incorporação. II – A transformação de sociedade somente é possível de S.A. para Ltda. e vice-versa. III – A fusão de sociedades somente pode ocorrer entre pessoas jurídicas organizadas sob a mesma forma societária. 11. (COPS-UEL - 2011 - PGE-PR - Procurador - do Estado, adaptada) Sobre o regime jurídico das sociedades anônimas, julgue os itens abaixo: I – As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; ou em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou ainda, na acumulação de ambas as preferências e vantagens. II – O estatuto pode assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito de eleger, em votação em separado, um ou mais membros dos órgãos de administração, sendo que o estatuto pode subordinar as alterações estatutárias que especificar à aprovação, em assembléia especial, dos titulares DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 6 de uma ou mais classes de ações preferenciais. III – A debênture terá valor nominal expresso em moeda nacional, salvo nos casos de obrigação que, nos termos da legislação em vigor, possa ter o pagamento estipulado em moeda estrangeira. 12. (TRT - 3ª Região/MG – Juiz, 2011, adaptada) Leia as afirmativas e julgue se estão corretas ou erradas: I – Os administradores agem na qualidade de órgãos da sociedade anônima e todos os atos que praticarem em decorrência dessa condição são de responsabilidade exclusiva da própria companhia, pois é ela que se fez presente por seus órgãos. Em outras palavras, o administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão. II – O administrador da sociedade anônima só responde civilmente pelos prejuízos que causar à sociedade anônima nos seguintes casos: mesmo agindo dentro de suas atribuições ou poderes, vier a fazê-lo com culpa ou dolo; proceder com violação da lei ou do estatuto; agir nos estritos limites da lei ou do estatuto, mas se portar de forma imprudente, negligente ou com imperícia, ou ainda com manifesta intenção de causar prejuízo à sociedade. Nesses casos, estará ele obrigado a reparar o dano, se veio a causar prejuízo à sociedade anônima por ter agido contrariamente à lei ou ao estatuto, situação em que a existência de culpa ou dolo é presumida. III – Em princípio, nas sociedades anônimas, não existe a responsabilidade solidária dos administradores, ou seja, um administrador não responde pelos atos ilícitos de outro, a não ser que seja conivente, negligente em descobrir estes ilícitos, ou então que os descubra e não tome nenhuma providência para impedir sua prática. 13. (CESPE - OAB - Exame de Ordem Unificado - 1 – 2009, adaptada) Com base na disciplina jurídica das sociedades anônimas, julgue os seguintes itens. I – As sociedades por ações podem ser classificadas em abertas ou fechadas, considerando-se a participação do Estado em seu capital social. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 7 II – A Comissão de Valores Mobiliários, entidade autárquica em regime especial vinculada ao Ministério da Fazenda, é responsável pela emissão de ações em mercado primário. III – As ações, as debêntures, os bônus de subscrição e as partes beneficiárias, entre outras, são espécies de valores mobiliários emitidos pelas companhias para a captação de recursos. 14. (CESGRANRIO - 2010 - EPE – Advogado, adaptada) No que diz respeito à Sociedade Anônima, considere as afirmativas abaixo: I - Trata-se de sociedade empresária com capital social dividido em ações, cujos sócios têm, como obrigações sociais, responsabilidade limitada ao preço da emissão das ações que titularizam. II - O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. III - A forma de transferência da ação pode ser nominativa, escritural, endossável e ao portador. 15. (FGV - 2008 - TJ-MS – Juiz, adaptada) Em tema de sociedades anônimas, analise os itens a seguir: I. As partes beneficiárias são títulos negociáveis, sem valor nominal, estranhos ao capital social e podem ser emitidos por companhias abertas ou fechadas. II. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser observados pela companhia quando arquivados no Registro do Comércio. III - O estatuto poderá prever a participação, no Conselho de Administração, de representantes dos empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem. Questões de múltipla escolha 16. (CESGRANRIO - 2005 - Petrobrás – Advogado) Tratando-se de DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 8 Sociedade Anônima regulada pelas disposições da Lei no 6.404/76, é INCORRETO afirmar que a: a) sociedade anônima é sempre empresária (mercantil), mesmo que seu objeto seja uma atividade civil. b) utilização da expressão "Companhia" ao final da denominação social da sociedade anônima não é admitida. c) Companhia pode participar de outras sociedades, ainda que não previsto em seu estatuto, desde que tal ato represente meio destinado à realização do objeto social. d) responsabilidade dos sócios ou acionistas da sociedade anônima será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. e) classificação de uma sociedade anônima como aberta decorre da efetiva comercialização dos valores mobiliários de sua emissão na Bolsa de Valores. 17. (FCC - 2002 - MPE-PE - Promotor de Justiça) Em tema de sociedades anônimas, considere o que segue: I. A Companhia cria, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, que garantem aos seus titulares direito de participação eventual nos lucros anuais dessa empresa. II. A Companhia emite títulos nominativos que conferirão a seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado. III. Os títulos negociáveis, emitidos pelas Companhias de capital autorizado, conferindo a seus titulares, nas condições mencionadas no respectivo certificado, direito de subscrever ações do capital social. Esses títulos referem-se, respectivamente, a) às ações ao portador, às ações nominativas, e às partes beneficiárias. b) aos bônus de subscrição, aos commercial paper, e às debêntures. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br9 c) às debêntures, às ações endossáveis, e às ações escriturais. d) às partes beneficiárias, às debêntures, e aos bônus de subscrição. e) aos commercial paper, às ações escriturais, e às ações endossáveis. 18. (TRT - 21ª Região/RN - 2010 - Juiz) A sociedade anônima pode, por deliberação dos acionistas, sofrer modificações na sua estrutura e configuração societária, transformando o tipo de sociedade, transferindo patrimônio e alterando o corpo acionário. As mudanças trazem características próprias. Observando a ordem das assertivas abaixo, indique a alternativa que aponta os institutos jurídicos mencionados. I - operação pela qual a companhia transfere parcelas de seu patrimônio para uma ou mais sociedades, extinguindo-se a companhia, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão; II - operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro; III - operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações; IV - operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. a) transformação, cisão, fusão e incorporação; b) fusão, cisão, incorporação e transformação; c) cisão, incorporação, transformação e fusão; d) cisão, transformação, incorporação e fusão; e) todas as alternativas estão incorretas. 19. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz) A lei que dispõe sobre as sociedades por ações reconhece como essencial o direito de o acionista a) participar do acervo da companhia em caso de liquidação e fiscalizar as DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 10 deliberações da assembleia geral. b) fiscalizar a gestão dos negócios sociais e retirar-se da sociedade nos casos previstos em lei. c) fiscalizar a gestão dos diretores e participar do acervo da companhia, em caso de liquidação. d) participar dos aumentos de capital decorrentes de correção monetária e fiscalizar a observância da convenção do grupo. e) participar das decisões da política financeira ou operacional da investida e dos lucros sociais. 20. (CESGRANRIO - 2010 - Petrobrás - Profissional Júnior – Direito) Qual é o órgão da sociedade anônima de capital aberto que tem competência para a alienação de bens do ativo não circulante de uma companhia? a) Diretoria. b) Assembleia Geral. c) Conselho Fiscal. d) Conselho de Administração. e) Conselho Consultivo. 21. (TRT - 8ª Região - PA e AP – 2009 - Juiz - 1ª fase - 2ª etapa) Marque a alternativa incorreta relativamente aos estatutos das sociedades anônimas: a) Pode haver a previsão de que os votos dos minoritários podem ser apurados em separado, quando para eleger membro, seu representante, do conselho fiscal ou do conselho de administração. b) Poderá ficar fixado que as divergências entre os acionistas entre si, entre estes e a companhia, entre os controladores e os minoritários, serão resolvidas unicamente por arbitragem. c) Não se pode conferir direito de voto, com restrições, às ações preferenciais. d) Não se pode atribuir voto plural a qualquer classe de Ações, mas pode estabelecer limitação ao numero de votos de cada acionista. e) É licito assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito de DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 11 eleger, em votação em separado, um ou mais membros dos órgãos de administração. 22. (CESPE - 2009 - TCE-ES - Procurador Especial de Contas) A respeito da sociedade anônima aberta e das regras que lhe são aplicáveis, assinale a opção correta. a) A venda de ações para aumento de capital exige que o capital social esteja integralizado. b) Em regra, não há responsabilidade solidária entre os administradores. c) O estatuto não pode eliminar o direito de preferência para subscrição de ações. d) Se o representante age nos limites da lei e do contrato social, terá responsabilidade limitada. e) A subscrição do capital social é, em regra, retratável. 23. (PUC-PR - 2011 - TJ-RO – Juiz) Acerca das Sociedades Anônimas, assinale a única alternativa CORRETA: a) A Assembleia Geral Ordinária (AGO) pode ser realizada várias vezes no ano e tem competência para tratar de quaisquer assuntos os do interesse da companhia. b) O capital social de uma Sociedade Anônima pode ser composto por ações ordinárias e preferenciais. As ações ordinárias sempre dão a seu titular o direito de voto. Já as preferenciais nunca conferem aos seus titulares o direito de voto, mas sim vantagens de natureza política ou econômica em relação às ações ordinárias. c) O agente fiduciário é o legitimado para a propositura de medidas judiciais em caso de inadimplemento, pela companhia emissora, de debêntures emitidas em subscrição pública por Sociedade Anônima de capital aberto. d) A competência para a eleição e destituição dos Diretores, em uma Sociedade Anônima de capital aberto, é da Assembleia Geral. e) O Conselho Fiscal, caso detecte alguma irregularidade nas operações da Diretoria de uma Sociedade Anônima, não tem competência para convocar DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 12 Assembleia Geral Extraordinária. Para tanto, precisa fazer pedido formal para que a Diretoria da Companhia convoque uma Assembleia Geral Extraordinária. 24. (PUC-PR - 2011 - TJ-RO – Juiz) Sobre as Sociedades Anônimas, assinale única alternativa CORRETA. a) Em uma Companhia com o capital dividido em 1000 ações, sendo 500 ordinárias e 500 preferenciais sem direito a voto, o acionista A detém 251 ações ordinárias e 100 preferenciais, totalizando 351 ações. O acionista B detém 249 ordinárias e 400 preferenciais, totalizando 649 ações. Diante disso, é correto afirmar que o acionista A é o acionista controlador. b) Quando uma sociedade anônima detém 100% das quotas de uma sociedade limitada, diz-se que esta é uma subsidiária integral da primeira. c) Os acionistas em Assembleia não podem destituir, sem motivo justificado, os integrantes dos órgãos de administração. d) Caso a sociedade A detenha a maioria do capital social da sociedade B, é correto dizer que a sociedade B é controladora da sociedade A. e) Não existe previsão legal para a constituição, por sociedades anônimas e outras sociedades, de consórcio para executar determinado empreendimento. 25. (CESPE - 2008 - TJ-SE – Juiz) O liquidante judicial de determinada empresa, percebendo a existência de ativo remanescente, após ter pago todos os credores conhecidos, convocou a assembleia geral, antes de ultimada a liquidação para deliberarem a respeito da destinação do ativo apurado. Com o voto de 90% dos acionistas, a assembleia geral aprovou que a partilha do ativo remanescente seria feita com a atribuição de bens aos sócios majoritários pelo valor contábil. Feito o rateio do ativo remanescente e aprovadas as contas pela maioria de votos da assembleia geral, foi encerrada a liquidação e extinta a referida sociedade, com a publicação da ata de encerramento no dia 30/1/2008. A propósito dessa situação hipotética, assinale a opção correta. a) Eventuais credores não pagos da referida empresa terão 2 anos para ajuizar DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJPROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 13 ação contra os acionistas e o liquidante, contado o prazo a partir da publicação da ata de encerramento da liquidação da companhia. b) No pagamento dos credores conhecidos, o liquidante, respeitados os direitos dos credores preferenciais, deverá pagar inicialmente as dívidas vencidas e, depois, as vincendas. Consumados todos os pagamentos, deverá o liquidante apurar a existência de ativo remanescente. c) A responsabilidade dos acionistas e liquidantes pelo pagamento do credor não satisfeito pela liquidação é limitada ao valor total do ativo remanescente, independentemente da soma individualmente recebida. d) O acionista que divergir da deliberação da assembleia geral que aprovar a prestação final das contas da liquidação poderá promover a ação que lhe couber no prazo de um ano, a contar da publicação da respectiva ata. e) Havendo divergência em relação à partilha do ativo remanescente, aprovada em assembleia geral com o voto de 90% dos acionistas, o acionista dissidente que provar que a partilha se operou em detrimento da parcela que lhe caberia poderá ajuizar ação de reparação de danos contra os sócios majoritários, que deverão indenizá-lo pelos prejuízos apurados. 26. (CESPE - 2008 - TJ-SE – Juiz, adaptada) Considerando que a Ômega S.A., uma companhia de capital aberto, pretenda cancelar seu registro na Comissão de Valores Mobiliários para negociação de ações no mercado, assinale a opção correta acerca da legislação de regência. a) Considerando-se que 50% das ações da Ômega S.A. sejam de propriedade do acionista controlador, dos diretores, dos conselheiros de administração ou estejam em tesouraria, é correto afirmar que os titulares de 5% das ações da companhia são suficientes para convocação de assembléia especial para deliberar sobre a realização de nova avaliação da companhia prevendo-se o cancelamento do referido registro. b) São consideradas ações em circulação no mercado todas as ações do capital da companhia aberta, com exceção apenas das que estejam em tesouraria. c) Para que a referida companhia cancele seu registro, será necessário que o acionista controlador ou a sociedade que a controla formule oferta pública para adquirir, por preço justo, a totalidade das ações em circulação no DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 14 mercado, considerando-se a cotação das ações no mercado de valores mobiliários e sendo vedada a adoção de outro critério de avaliação da companhia. d) Eventuais gastos realizados pela companhia para a realização de uma nova avaliação aprovada pela assembléia especial de acionistas com a finalidade de apurar o preço justo da oferta pública de aquisição de ações não poderão ser cobrados dos acionistas que a requereram, mesmo na hipótese de ficar comprovada a veracidade da primeira avaliação. e) Se, após o prazo fixado da oferta pública para aquisição de ações, remanescerem em circulação menos de 5% do total das ações emitidas pela companhia, será realizada nova oferta e, após esse novo prazo, serão consideradas nulas as referidas ações e invalidadas para negociação no mercado de valores mobiliários. 27. (CESPE - 2007 - TJ-PI – Juiz) Assinale a opção correta quanto à disciplina jurídica das sociedades anônimas. a) A emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal depende de prévia autorização de, no mínimo, um quarto dos acionistas. b) Uma vantagem política conferida a certas classes de ações preferenciais é o direito de se elegerem, em votação em separado, membros dos órgãos de administração da companhia. c) Em sociedades anônimas que admitam a negociação de suas ações no mercado de valores mobiliários, as ações somente poderão ser negociadas depois de realizados 60% do preço de emissão. d) Às sociedades anônimas é vedado, em qualquer hipótese, receber em garantia as próprias ações. e) As partes beneficiárias, valores mobiliários emitidos pelas companhias abertas e fechadas, podem ser atribuídas a acionistas como remuneração de serviços prestados à companhia emissora. 28. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos, 2012) A respeito das sociedades em comandita por ações, assinale a opção correta. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 15 a) A sociedade em comandita por ações terá o capital dividido em ações e reger-se-á pelas normas relativas às sociedades limitadas, sem prejuízo das modificações constantes em seu capítulo próprio no Código Civil. b) A sociedade somente poderá comerciar sob firma. A firma deve ser seguida das palavras “Comandita por Ações”, por extenso ou abreviadamente, e ficam ilimitada e solidariamente responsáveis, nos termos desta Lei, pelas obrigações sociais, os que, por seus nomes, figurarem na firma ou razão social. c) Os diretores ou gerentes serão nomeados, sem limitação de tempo, no estatuto da sociedade, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem a maioria absoluta do capital social. d) A assembléia-geral pode, independentemente do consentimento dos diretores ou gerentes, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital social, emitir debêntures ou criar partes beneficiárias nem aprovar a participação em grupo de sociedade. e) Não se aplica à sociedade em comandita por ações o disposto nesta Lei sobre conselho de administração, autorização estatutária de aumento de capital e emissão de bônus de subscrição. 29. (FGV - 2010 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas) Com relação à proteção da ordem econômica e da concorrência, analise as afirmativas a seguir: I. A discriminação de adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada de preços, conduta prevista no artigo 21, XII, da Lei n.° 8.884/94, não caracterizará infração da ordem econômica se essa conduta foi praticada sem a intenção de ou não tiver o efeito de prejudicar a livre concorrência, dominar mercado relevante, aumentar arbitrariamente os preços ou exercer de forma abusiva uma posição dominante. II. O Conselho Administrativo de Defesa da Ordem Econômica - CADE, um dos órgãos de defesa da ordem econômica e da concorrência, tem atuação de natureza administrativa tanto repressiva como preventiva. III. A livre iniciativa é princípio garantido, no Brasil, em sede constitucional. Assinale: a) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 16 b) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. c) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. d) se somente a afirmativa III estiver correta. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 30. (CESPE - 2009 - TCE-TO - Analista de Controle Externo – Direito) Assinale a opção correta, acerca da lei antitruste. a) Para que se constitua infração da ordem econômica, a conduta de aumentar arbitrariamente os lucros depende de culpa ou dolo do infrator. b) As penas de cisão de sociedade, transferência de controle societário e venda de seus ativos somente poderão ser aplicadas isoladamente. c) Constitui infração da ordem econômica a conduta de dividir os mercados de serviços ou produtos, acabados ou semiacabados. d) As infrações da ordem econômica prescrevem no prazo de dois anos, acontar da prática do ato ilícito. e) O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é fundação pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 17 Gabarito Questão 1: I – C, II – E, III – C. Questão 2: I – E, II – C, III – C. Questão 3: I – C, II – C, III – E. Questão 4: I – E, II – C, III – E. Questão 5: I – C, II – E, III – E. Questão 6: I – E, II – E, III – C. Questão 7: I – E, II – C, III – E. Questão 8: I – E, II – E, III – C. Questão 9: I – E, II – C, III – C. Questão 10: I – C, II – E, III – E. Questão 11: I – C, II – C, III – C. Questão 12: I – C, II – C, III – C. Questão 13: I – E, II – E, III – C. Questão 14: I – E, II – C, III – E. Questão 15: I – E, II – E, III – C. Questão 16: E Questão 17: D Questão 18: D Questão 19: B Questão 20: D Questão 21: C Questão 22: B Questão 23: C Questão 24: A Questão 25: E Questão 26: A Questão 27: B Questão 28: E Questão 29: E Questão 30: C DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 18 Comentários 1. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos, 2012) Em relação às companhias anônimas, julgue os itens abaixo. I – Mesmo se tratando de sociedade anônima, é possível que o nome do fundador possa figurar na denominação; II – O valor do capital social das sociedades anônimas deverá ser fixado no estatuto, em moeda nacional ou estrangeira; III – São consideradas companhias abertas aquelas que têm ações admitidas para negociação em bolsa. Questão 1 A questão versa sobre algumas das características das sociedades anônimas. O item I trata da denominação, estando de acordo com o preceito do art. 3º e seu parágrafo primeiro da Lei das S.A.. O item II está errado, já que afirma que o capital social pode estar previsto em moeda estrangeira, de modo contrário à norma estatuída no art. 5º. O item II trata da divisão entre companhias abertas e fechadas, conforme o art. 4º, e está correto. Sobre o tema da denominação, esta é um tipo de nome empresarial, cujas considerações teóricas já tecemos em nosso primeiro encontro. Tratemos, então, do capital social e da distinção entre companhias abertas e fechadas. O capital social representa o valor dos bens que os sócios transferiram ou se comprometeram a transferir à sociedade. Então, podemos dizer que capital social é igual ao patrimônio? A resposta para tal questionamento é negativa. Utilizando a lição do professor José E. Tavares Borba, podemos afirmar que “o capital é um valor formal e estático, enquanto o patrimônio é real e dinâmico. O capital não se modifica no dia-a-dia da empresa – a realidade não o afeta, pois se trata de uma cifra contábil”. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 19 Com efeito, pode-se afirmar que quando se iniciam as operações da companhia há alguma equivalência entre o capital social e o patrimônio. Posteriormente, pode haver uma flutuação negativa ou positiva neste patrimônio, mas o capital continuará o mesmo constante no estatuto. O art. 5º da Lei 6.404/76 dispõe que o capital social será fixado no estatuto, sendo expresso em moeda nacional. Dispõe o art. 6º que a modificação do capital social deverá ser feita com observância daquela lei e do estatuto da companhia, nos remetendo à leitura dos arts. 166 a 174 do mesmo diploma legal. A regra do art. 7º também merece destaque. Ao dispor que “o capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro”, a norma está se referindo à integralização do capital. Os bens devem ser avaliados, nos termos do subsequente art. 8º, e posteriormente, salvo disposição em contrário, serão transferidos à companhia a título de propriedade (art. 9º), incorporando-se ao patrimônio da mesma. Perceba que, como se trata de bem móvel, o crédito também pode ser usado para integralizar o capital. Todavia, conforme disposição do parágrafo único do art. 10, aquele que subscreve um crédito fica responsável pela solvência do devedor, podendo ser acionado caso este não tenha bens para honrar seu crédito. Quanto a distinção entre companhias fechadas e abertas, para uma compreensão simples, podemos afirmar que as companhias abertas são aquelas que tenham as suas ações negociadas na bolsa de valores. As companhias fechadas não têm essa permissão. O caput do art. 4º da Lei das S.A. dispõe que a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. Para operar no mercado de ações, as companhias abertas dependem da autorização da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Mas o que é a CVM? A Comissão de Valores Mobiliários é uma autarquia, criada pela Lei 6.385/76, vinculada ao Ministério da Fazenda, e que tem a competência de fiscalizar e regulamentar, de acordo com as diretrizes do Conselho Monetário Nacional, as questões ligadas ao mercado de valores mobiliários e ao mercado de ações. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 20 Apesar de se tratar de um único tipo societário, há fortes diferenças nos regimes que devem ser observados pelas companhias abertas e pelas fechadas. De forma simplificada, podemos dizer que as companhias abertas, justamente por terem ações negociadas no mercado, devem observar normas mais rígidas, com uma fiscalização mais intensa por parte da CVM, de modo a garantir mais segurança e liquidez aos tais valores mobiliários. Note que os parágrafos seguintes ao art. 4º demonstram justamente a intensa atividade que a CVM exerce em relação às companhias abertas. Perceba, ainda, que, de acordo com os dispositivos incluídos pela Lei 10.303/01 ao art. 4º, para que seja cancelado o registro de uma companhia aberta, deve ocorrer a oferta pública para a aquisição da totalidade das ações que estão circulando no mercado, seguindo a orientação do §4º e §5º da citada norma. 2. (CGU-2008/ESAF, adaptada) A respeito da responsabilidade dos administradores na legislação das sociedades anônimas, julgue os seguintes itens. I – Compete à companhia, mediante prévia deliberação do conselho fiscal, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio; II – Os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do não-cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles; III – O administrador responde civilmente pelos prejuízos que causar, quando proceder, dentro de suas atribuições ou poderes, com violação da lei ou do estatuto. Questão 2 O tema tratado — responsabilidade dos administradores — refere-se às normas contidas no art. 158 e 159 da Lei das S.A., apresentando a transcrição de diversos trechos daquele dispositivo. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbregawww.pontodosconcursos.com.br 21 Deste modo, evidencia-se que o item I está incorreto, já que afirma que é o conselho fiscal que deve deliberar sobre a propositura de ação de responsabilidade civil em face do administrador, quando, na realidade, tal competência pertence à assembleia geral, conforme o caput do art. 159. Assim, percebe-se que o item II faz alusão ao texto do parágrafo segundo do artigo 158 e o item III refere-se à previsão insculpida no incisos II do mesmo artigo, estando ambos corretos. A responsabilidade civil do administrador das sociedades anônimas vem instituída no art. 158 da Lei 6.404/76. De início, convém recordar que aqueles que ocupam os cargos de cúpula das sociedades anônimas, ao praticarem os atos de gestão da empresa, o fazem na qualidade de órgãos da companhia, agindo em nome e por conta desta. As pessoas jurídicas não têm vontade própria, sendo necessário que atuem por meio de seus órgãos, compostos pelos administradores. A primeira parte do caput do art. 158 exclui a responsabilidade pessoal do administrador “pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão”. Contudo, certas situações podem afastar essa capa de proteção que reveste os atos do administrador. Destarte, o administrador responderá civilmente, sendo obrigado a reparar o dano eventualmente causado, quando proceder dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo; ou com violação da lei ou do estatuto. A primeira hipótese de responsabilização do administrador refere-se às situações onde, apesar de ter atuado conforme as regras consignadas no estatuto e nos normativos vigentes, está caracterizado a existência de dolo ou culpa. Trata-se da definição de responsabilidade civil. O administrador apenas será responsabilizado se restar devidamente demonstrado que agiu de maneira dolosa. Para melhor entendimento, com a intenção de obter vantagem em prejuízo da companhia, ou com culpa, nas modalidades de negligência, imprudência ou imperícia, causando danos à companhia. Saliente-se que a alegação de que atuara de acordo com a previsão estatutária não é suficiente para afastar a obrigação de indenizar por parte do administrador. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 22 O inciso II se refere aos casos pelos quais a atuação do administrador conflita com o estatuto ou com a legislação vigente. A norma parte do princípio de que aqueles que ocupam os cargos de alto escalão dentro da companhia conhecem profundamente as leis aplicáveis às atividades desenvolvidas, bem como o estatuto social da empresa, ou, pelo menos, tem o assessoramento necessário para atuar de acordo com estes mandamentos. Desta forma, poderia até se afirmar que não haveria necessidade da demonstração de dolo ou culpa, pois estaria configurada uma modalidade de responsabilidade objetiva ou a presunção de culpa por parte do administrador faltoso. Adiante, ainda no art. 158, a Lei 6.404/76 apresenta três hipóteses em que um administrador responde solidariamente pelos atos ilícitos de outro, afastando a regra geral da natureza individual da responsabilidade civil dos ocupantes daqueles cargos. Com efeito, são três as possibilidade estatuídas no parágrafo primeiro que podem trazer o efeito da solidariedade: conivência, negligência ou omissão deliberada. Relembrando as lições do jurista Haroldo Malheiros D. Verçosa, nos apresenta uma esclarecedora lição: � A conivência decorre do conluio de dois administradores na prática de atos danosos à companhia, devidamente comprovado. � A negligência, no caso, está ligada ao dever de fiscalização recíproca estabelecido na lei, em benefício direto da sociedade e indireto dos seus acionistas e credores. � A omissão deliberada acontece quando um administrador toma conhecimento de ilícitos praticados por outro, mas se mantém absolutamente inerte tanto para impedir a prática do ato como na sua comunicação à sociedade. A solidariedade ainda encontra previsão no subsequente parágrafo segundo, quando dispõe que todos os administradores serão responsáveis pela adoção das providências necessárias ao funcionamento normal dos negócios da companhia. Ou seja, caso um administrador deixe de praticar ato legalmente indispensável para que a empresa possa realizar suas atividades, como, por DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 23 exemplo, a obtenção de autorizações ou licenças, todos os administradores serão responsáveis pelos prejuízos advindos desta omissão. Deve-se enfatizar, contudo, que no tocante à companhia aberta, esta última hipótese de responsabilidade solidária irá incidir somente para os “administradores que, por disposição do estatuto, tenham atribuição específica de dar cumprimento àqueles deveres” (§3º). Se o administrador tiver ciência do não cumprimento dos deveres impostos pela lei para que a companhia possa exercer suas atividades por seu predecessor, ou pelo administrador a quem competir a realização de tal ato, e não comunicar o fato à assembleia geral, irá se tornar solidariamente responsável (§4º). O último parágrafo do art. 158 determina que pessoas, estranhas ou não à sociedade, poderão ser solidariamente responsáveis com os administradores caso, “com o fim de obter vantagem para si ou para outrem”, concorram “para a prática de ato com violação da lei ou do estatuto”. 3. (CGU-2008/ESAF, adaptada) Quanto à composição dos órgãos legais de administração e fiscalização das sociedades anônimas, julgue as assertivas: I – O estatuto da companhia poderá prever a participação no conselho de administração de representante dos empregados, escolhido pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem; II – Não podem compor o conselho fiscal membros de órgãos de administração e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo. III – O conselho de administração será composto por dois ou mais membros, eleitos pela assembléia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo. Questão 3 As alternativas elencadas apontam diversas regras atinentes à composição dos órgãos societários das sociedades anônimas, conforme as regras estatuídas na Lei 6.404/76. O enunciado da do item I é idêntico ao do parágrafo único do art. 140, enquanto o item II apresenta parte do parágrafo segundo do art. 162. Ambos estão corretos DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 24 O item III, apesar de apresentar texto praticamente igual ao do caput do art. 140, modifica o número mínimo legal previsto para o conselho de administração de três para dois, estando incorreto. O conselho de administração é órgão integrante da estrutura de algumas companhias, tendo como objetivo deliberar sobre questões relativas à gestão dos negócios da sociedade, bem como acompanhar e fiscalizar a atuação dos diretores, de acordo com o elenco de competências previstas no art. 142. A composição do conselho de administração vem insculpida no art. 140, que determina que este órgão “será composto por, no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela assembleia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo”. Perceba que a competência da assembleia geral é tanto para eleição dos membros quanto para a destituição dos mesmos. Ademais, note que três é o número mínimode membros do conselho de administração, sendo possível que o estatuto fixe número superior. Ainda em relação à composição do conselho de administração, insta salientar que o prazo máximo de mandato para seus membros é de três anos, sendo possível a reeleição, conforme inciso III, do art. 140, e a norma do art. 146, que determina que só pessoas naturais podem fazer parte do conselho de administração. Até a publicação da L. 12.431/2011, somente acionistas poderiam ser membros do conselho de administração, havendo, como exceção, apenas a regra do parágrafo único do art. 140, permitindo a participação excepcional de funcionários da sociedade anônima no conselho. Porém, esta limitação não existe mais. O conselho fiscal é órgão interno de fiscalização da gestão da companhia, tendo como função o acompanhamento dos negócios da empresa e a verificação da regularidade dos procedimentos adotados. Funciona como órgão de assessoramento da assembleia geral na apreciação das contas dos administradores, bem como na votação das demonstrações financeiras da companhia. O art. 161 da Lei das S.A. dispõe que toda a companhia terá um conselho fiscal. Por outro lado o mesmo dispositivo afirma que “o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas”. Pelo exposto, conclui-se que, não obstante ser obrigatória a existência do conselho fiscal, seu funcionamento é facultativo. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 25 Desta forma, ainda que omisso estatuto, o conselho fiscal existirá, podendo estar ou não em funcionamento. 4. (Auditor INSS – 2006/ESAF, adaptada) Julgue as seguintes afirmativas. I – Nas sociedades anônimas, os membros do conselho de administração necessitam invariavelmente ter domicílio no Brasil; II – Nas sociedades anônimas, a competência das assembléias gerais extraordinárias é formada por exclusão, em relação à competência das assembléias gerais ordinárias; III – Nas sociedades anônimas, para os efeitos legais de responsabilidade, os diretores são considerados administradores e os membros do conselho de administração responsáveis pelo controle social. Questão 4 O item I, com o intuito de atrapalhar o candidato, cria uma confusão na regra lapidada no art. 146 da Lei 6.404/76, estando errado. Apenas o diretores necessitam ter domicílio no Brasil. O item II está de acordo com o fato de que “a assembleia geral extraordinária – AGE pode deliberar sobre todos os assuntos que não forem de competência exclusiva da AGO”, nos termos do art. 131 da lei em debate. O item III cria uma inexistente diferença na figura dos diretores e membros do conselho de administração para efeitos de responsabilidade, conforme se percebe na leitura do art. 145. Está incorreto. A assembleia geral é o órgão máximo de deliberação da companhia. Ao dispor sobre os poderes da assembleia geral, o art. 121 da Lei 6.404/76 afirma que este órgão “tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento”. Apesar desta competência genérica para tratar dos assuntos relativos à gestão da companhia, o art. 122 apresenta um rol de matérias que são de competência privativa da assembleia geral, não podendo ser atribuídas a outros órgãos da sociedade. Desta forma, havendo necessidade de deliberar DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 26 sobre estas questões, é necessária a convocação da assembleia geral. O referido elenco é o seguinte: O caput do art. 123 dispõe que a competência para a convocação da assembleia geral pertence ao conselho de administração ou aos diretores. Contudo, perceba candidato, que as hipóteses insculpidas nos itens “a” a “d” do parágrafo único do mesmo artigo apresentam situações nas quais o conselho fiscal e os próprios acionistas podem convocar a realização da assembleia geral. Os diretores e o conselho de administração são ambos considerados órgãos de administração das companhias. Eis a razão do equívoco do item III. Porém, enquanto a diretoria constitui-se órgão indispensável, o conselho de administração, não, podendo ou não ser adotado pelo estatuto da companhia. Frise-se que, conforme o §2º do art. 138, as companhias abertas e as de capital autorizado terão, obrigatoriamente, conselho de administração. Justamente por não ser obrigatória a existência do conselho de administração, é possível, segundo o caput do art. 138, que a administração da companhia seja atribuição somente da diretoria ou de ambos os órgãos societários. I - reformar o estatuto social; II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia, ressalvado o disposto no inciso II do art. 142; III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas; IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no § 1o do art. 59 V - suspender o exercício dos direitos do acionista (art. 120); VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social; VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias; VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e IX - autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 27 5. (Auditor Ministério do Trabalho – 2003/ESAF, adaptada) Quanto aos administradores das sociedades anônimas, julgue os seguintes itens: I – Os administradores devem exercer suas funções em atendimento ao dever de diligência; II – Os administradores podem ser pessoas jurídicas, devendo, neste caso, ser designado um representante residente e domiciliado no Brasil; III – Os administradores respondem solidariamente pelos atos ou omissões danosos dos demais administradores, tendo ação regressiva contra estes quando forem inocentes. Questão 5 Mais uma questão tratando dos administradores. O item I está correto, tendo em vista que se reporta ao art. 153. O item II está errado, pois contraria a norma do art. 146, que determina que os administradores devem ser pessoas naturais. O item III contraria o §1º do art. 158, que determina que “O administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua prática. Exime-se de responsabilidade o administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembleia geral”. Está errado, portanto. Sobre a responsabilidade dos administradores, já comentamos; trataremos então de seus deveres. A relevância do papel desempenhado pelos administradores acarreta uma gama de deveres e obrigações para os ocupantes dos cargos de cúpula da companhia. O comportamento probo do administrador deve se voltar não somente aos interesses da empresa, mas também ao mercadode valores mobiliários, aos acionistas e à própria comunidade. O primeiro dos deveres previstos na Lei 6.404/76 é o de diligência. Destarte, o artigo 153 dispõe que o “administrador da companhia deve empregar, no DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 28 exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios”. A definição é fluída, sendo recomendável a análise do caso concreto, para que possa se verificar se o administrador pautou sua atuação pelos padrões naturalmente exigíveis daqueles que participam da gestão dos negócios da companhia. O art. 154 versa sobre as finalidades das atribuições do administrador, que deve ter como principal objetivo os fins e interesses da companhia. Perceba candidato, que não está se determinando uma busca desenfreada pelo lucro, pois o próprio artigo prevê na parte final que sejam satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa. Os objetivos financeiros devem ser alcançados de modo que se harmonizem com o papel que a companhia desempenha dentro da sociedade. O poder investido ao administrador deve ser utilizado para que a companhia seja orientada em sua atuação, de modo que as finalidades inerentes a sua atividade fiquem mais próximas de serem alcançadas. Note que não se trata de obrigação de fim, mas de meio, já que não se pode exigir que os objetivos sejam sempre atingidos. O que se demanda do administrador é que direcione a atuação da companhia neste sentido. O §1º do art. 154 nos apresenta uma importante regra, ressaltando que os deveres dos administradores são para com a companhia e não para o grupo que os elegeu. A referida norma dispõe que o “administrador eleito por grupo ou classe de acionistas tem, para com a companhia, os mesmos deveres que os demais, não podendo, ainda que para defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses deveres”. O parágrafo segundo apresenta três práticas que podem ser consideradas desvio de poder por parte dos administradores, são elas: � Praticar ato de liberalidade à custa da companhia; � sem prévia autorização da assembleia geral ou do conselho de administração, tomar por empréstimo recursos ou bens da companhia, ou usar, em proveito próprio, de sociedade em que tenha interesse, ou de terceiros, os seus bens, serviços ou crédito; � receber de terceiros, sem autorização estatutária ou da assembleia geral, qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razão do exercício de seu cargo. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 29 Frise-se que o próprio parágrafo quarto subsequente excetua a regra da primeira prática acima listada, ao dispor que “O conselho de administração ou a diretoria podem autorizar a prática de atos gratuitos razoáveis em benefício dos empregados ou da comunidade de que participe a empresa, tendo em vista suas responsabilidades sociais”. Adiante, o art. 155 passa a discorrer sobre o dever de lealdade. Ao abordar o tema, o já citado mestre Rubens Requião afirma que “se o acionista se prende, por um dever ético, à sociedade, com muito mais força deve o administrador pautar sua atuação dentro de princípios de lealdade para com a empresa. Embora isso esteja implícito na conduta de qualquer pessoa dentro do grupo social em que vive e atua, a lei resolveu reiterar, como regra expressa, o dever de lealdade do administrador”. A lista de condutas que são vedadas pelo art. 155 são as seguintes: � usar, em benefício próprio ou de outrem, com ou sem prejuízo para a companhia, as oportunidades comerciais de que tenha conhecimento em razão do exercício de seu cargo; � omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia ou, visando à obtenção de vantagens, para si ou para outrem, deixar de aproveitar oportunidades de negócio de interesse da companhia; � adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe necessário à companhia, ou que esta tencione adquirir. O parágrafo primeiro trata da figura do chamado insider trading, o qual se utiliza de informações privilegiadas e sigilosas para obter vantagens para si ou para outrem com a compra ou venda de ações, já que possui ciência de fatos ainda não divulgados ao mercado. Registre-se que a previsão daquela norma é relativa às companhias abertas e garante o direito do prejudicado de pleitear perdas e danos, nos termos do parágrafo terceiro. O conflito de interesses, que se encontra positivado no art. 156, decorre do próprio dever de lealdade. Busca o legislador evitar que, diante de uma situação em que haja um choque entre o interesse privado do administrador e os interesses da companhia, estes últimos fiquem em segundo plano, com evidente prejuízo à gestão dos negócios da empresa. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 30 Deste modo, o aludido dispositivo estatui que “é vedado ao administrador intervir em qualquer operação social em que tiver interesse conflitante com o da companhia, bem como na deliberação que a respeito tomarem os demais administradores (...)” É relevante destacar que, não obstante um possível conflito de interesses, não há proibição que o administrador contrate com a própria sociedade. Mesmo considerando que as partes que irão figurar no contrato são diferentes pessoas de direito (companhia de um lado e administrador de outro), evidencia-se que a vontade para a conclusão do negócio possivelmente partiu, de fato, de uma só pessoa, o administrador. Por essa razão, o parágrafo primeiro do art. 156 determina que “o administrador somente pode contratar com a companhia em condições razoáveis ou eqüitativas, idênticas às que prevalecem no mercado ou em que a companhia contrataria com terceiros”. A sanção para os contratos celebrados entre a companhia e o administrador que não observarem as exigências acima mencionadas é a anulabilidade, nos termos do parágrafo segundo do mesmo artigo. O dever de informar é o último previsto na seção ora em estudo. Preliminarmente acentue-se que, ao arrazoar sobre este tema, o art. 157 se refere especificamente às companhias abertas. Além de fornecer os dados concernentes aos valores mobiliários de emissão da companhia, bem como de outras empresas controladas ou do mesmo grupo (caput), o administrador ainda deve revelar à assembleia geral ordinária as informações arroladas no parágrafo primeiro do art. 157. Neste passo, perceba que a alínea “e” menciona “quaisquer atos ou fatos relevantes nas atividades da companhia”, abrindo o leque de fatos que deverão ser revelados pelos administradores. Como se disse, as informações citadas acima são divulgadas à companhia. Contudo, há também fatos que devem ser revelados ao mercado, de acordo com a racionalidade dos parágrafos quarto e sexto. Para enriquecer o debate, vale, novamente, fazer alusão à sempre elucidativa e agradável obra de Fábio Ulhoa Coelho, quando afirma que “o aspecto mais importante do direito de informar, contudo, diz respeito às comunicações ao mercado. Assim, o administrador deve informar à CVM, bem como à bolsa de valores em que os valores mobiliários da companhia são negociáveis, qualquer modificação em sua posição acionária; isto é, qualquer compra ou venda de ações emitidas pela companhia.” (§6º) DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGAProf. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 31 Ainda em relação às informações que devem ser divulgadas ao mercado, prossegue o mestre com a afirmação que “o administrador deve providenciar comunicação à bolsa de valores e à CVM e publicação pela imprensa da ocorrência de fatos relevantes. (...) Será relevante o fato se puder influir, de modo ponderável, na decisão de investidores do mercado de capitais, no sentido de vender ou comprar valores mobiliários.” (§4º) Para terminar, é mister chamar atenção à regra (§5º) que permite que o administrador não revele certas informações (§1º, alínea “e” e §4º), caso entenda que tal divulgação possa vir a prejudicar os interesses da companhia. A intenção da norma é evitar uma vigorosa desestabilização nos negócios da empresa, bem como a oscilação dos preços dos valores mobiliários por ela emitidos. Contudo, observe-se que essa decisão não é discricionária, já que a CVM poderá decidir sobre a prestação de informações, responsabilizando o administrador, se for o caso. 6. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos, 2012) No tocante às ações preferenciais, julgue os seguintes itens. I – O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou com restrição a este direito, não pode ultrapassar 50% do total das ações emitidas; II – Dentre os direitos atribuídos às ações preferenciais, podemos mencionar a prioridade na distribuição do dividendo; III – As ações preferenciais das companhias fechadas não podem ser de diferentes classes. Questão 6 A questão apresenta várias assertivas em relação às ações preferenciais, de acordo com o teor da Lei das S.A.. Os itens I e II estão de acordo, respectivamente, com o parágrafo segundo do art. 15 e com o inciso I do art. 17. Ambos estão corretos. O item III não se harmoniza com o texto legal, já que conflita com o parágrafo primeiro do art. 15, estando errado, portanto. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 32 De modo preciso e técnico, utilizando a citação do festejado Modesto Carvalhosa, as ações apresentariam dois perfis: “uma das partes ou frações em que se divide o capital social ou a medida deste capital e; o complexo de direitos e obrigações de caráter patrimonial e pessoal de quem pagou ou prometer uma das frações do capital, habilitando o titular a fazê-lo valer contra a sociedade e contra a coletividade dos sócios”. De modo mais simples, podemos afirmar que as ações são parcelas em que se divide o capital social, investindo o proprietário da qualidade de sócio, com um complexo de direitos e deveres. A ação, é necessário notar, por se tratar de coisa móvel, sendo considerado um valor mobiliário, tem circulação autônoma, de acordo com a própria natureza capitalista das sociedades anônimas, ou seja, em regra, é livre a negociação envolvendo estes bens. A classificação em ações ordinárias, preferenciais e de fruição considera os direitos dos titulares daqueles valores mobiliários. As ações ordinárias são aquelas que conferem a seus titulares direitos comuns. Deste modo, o titular deste tipo de ação não possui nenhum direito especial em relação a outros sócios, bem como não encontra restrição para o exercício de suas prerrogativas. Como direitos atribuídos aos titulares de ações ordinárias, podemos mencionar o direito a voto e o de fiscalizar a administração da companhia. Perceba candidato que, nas companhias fechadas, as ações ordinárias podem ser de classes diferentes, de acordo com a racionalidade do §1º do art. 15 da Lei das S.A.. Esta divisão de classes deverá ocorrer em virtude da conversibilidade em ações preferenciais, exigência de nacionalidade brasileira do acionista, ou direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos administrativos (art. 16). De acordo com sua própria definição, as ações preferenciais conferem aos seus proprietários vantagens e preferências especiais, sendo possível que o estatuto retire alguns dos direitos concedidos aos titulares das ações ordinárias. De acordo com a redação do art. 17, as preferências podem ser: DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 33 � Prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; � Prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; � Acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II. A prioridade na distribuição dos dividendos (parcelas dos lucros distribuídas aos acionistas) garante que receberão tais valores antes de outros sócios. A prioridade no reembolso do capital ocorre em determinadas hipóteses em que a companhia entra em processo de dissolução, quando os titulares das ações preferenciais, após realizado o ativo e pago o passivo, receberão anteriormente aos outros sócios. É relevante asseverar que, conforme o §2º do art. 15, o “número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas”. Em geral, como forma de compensar as vantagens das ações preferências, estes acionistas não têm direito a voto, ou o tem de forma restrita, de acordo com a permissão prevista no art. 111 da Lei 6.404/76. Contudo, poderão afastar tal limitação no caso da “companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus”. Nos parágrafos seguintes ao art. 17, são mencionadas várias peculiaridades acerca das preferências a que terão direito os titulares das ações em debate. Por fim, com previsão no §5º do art. 44 da lei em comento, as ações de fruição são aquelas emitidas em substituição das ações preferenciais ou ordinárias que foram totalmente amortizadas, o que significa dizer que os acionistas receberão provavelmente o que lhes caberia na hipótese de dissolução da sociedade. Com efeito, ocorre a devolução ao acionista de todo o seu investimento. Deste modo, os titulares das ações de fruição passam a ter somente direitos de gozo e fruição em relação à companhia, podendo participar da vida política da sociedade, já que continuam tendo os direitos previstos no art. 109 da Lei 6.404/76. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 34 7. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos, 2012) Em relação aos deveres e direitos dos acionistas previstos na Lei 6.404/76, julgue os itens abaixo. I – A fiscalização da gestão da companhia não é um direito essencial dos acionistas, já que tal atribuição pertence ao conselho fiscal; II – A assembleia geral não poderá privar o acionista de participar dos lucros; III – Somente como último recurso a companhia poderá vender em bolsa as ações do acionista remisso. Questão 7 O tema agora trata dos acionistas e seus deveres. O item I conflita com o inciso III do art. 109 e está errado. O item II apresenta teor verdadeiro, de acordo com o art. 109 da Lei 6.404/76. A questão da venda das ações do acionista remisso está prevista no inciso II do art. 107. O item III conflita com este dispositivo, estando errado. Vejamos os direitos essenciais dos acionistas. Relacionados no art. 109 da Lei das S.A., estes são os seguintes: participar dos lucros; participar do acervo da companhia, no caso de liquidação; fiscalizar a gestão dos negóciosda companhia; preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172 e; retirar-se da sociedade nos casos previstos em lei. O direito de participar dos lucros é o interesse primordial do acionista, o qual decide aportar seus recursos na companhia com o escopo de alcançar um resultado mais proveitoso do que aquele que possivelmente seria atingido caso estes valores fossem aplicados individualmente. A natureza da sociedade é justamente essa, a aglutinação de recursos para a realização de atividades que geram retorno financeiro. Assim, caso verifique-se que houve lucro – podendo-se entender lucro como o montante das receitas da companhia em um exercício, subtraído dos seus custos e das reservas legais e estatutárias - por parte da sociedade, deverá ser convocada assembleia para deliberação do destino destes recursos, obedecendo a DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 35 regra do art. 202 referente a dividendos obrigatórios. Sendo determinada a distribuição de lucros, tal providência pode ser feita em dinheiro ou em ações emitidas com fulcro no lucro da companhia, títulos que poderão ser posteriormente vendidos pelos acionistas. O inciso II do art. 109 diz respeito ao direito de participação no acervo da companhia em caso de liquidação. Caso ocorra o encerramento das atividades da sociedade anônima em virtude das hipóteses do art. 206 da Lei 6.404/76, seja dissolução judicial, de pleno direito ou por decisão da autoridade administrativa, é possível que se apresente patrimônio líquido positivo. O patrimônio líquido positivo é, em linguagem objetiva, o que sobrou do seu ativo após o pagamento de todas as suas dívidas. O que a lei garante é justamente a participação proporcional do acionista na distribuição destes recursos. Com efeito, o rateio do acervo que resultar da liquidação da companhia deve proporcionar o mesmo tratamento para todos os acionistas da mesma classe ou categoria. O direito de fiscalizar a gestão dos negócios da companhia vem estatuído no inciso III, do art. 109. O exercício desta faculdade legal ocorre de diversas formas, inclusive através do conselho fiscal e das auditorias independentes. A fiscalização dos acionistas ocorre em variadas ocasiões, como na assembleia geral ordinária que ocorrerá quatro meses após o fim do exercício social (art. 132) ou por meio da análise dos livros sociais que poderá ser requerida judicialmente por acionistas que representem, no mínimo, cinco por cento do capital, nas hipóteses do art. 105. O direito de preferência, mencionado no inciso IV do art. 109, é disciplinado no art. 171. Trata-se de preferência para que o acionista participe proporcionalmente da subscrição de novas ações, diante do aumento de capital social. Sem nos aprofundarmos demasiadamente neste tópico, é conveniente registrar que a Lei 6.404/76 procura assegurar ao acionista a possibilidade de manter a mesma posição acionária quantitativa que possuía anteriormente ao aumento de capital. O último direito essencial previsto no art. 109 é o direito de recesso, previsto no art. 137, que faz remissão ao teor do art. 136, o qual será visto adiante. Apesar de ser um direito fundamental do acionista, perceba que, para que seja exercido, é necessária a configuração de algumas das hipóteses legais. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 36 Contudo, o art. 137 não esgota o elenco de possibilidades para que o acionista possa exercer seu direito de retirada. Podemos mencionar, a título exemplificativo, a transformação da companhia, com fulcro no art. 221, ou a aquisição e controle de sociedade por preço superior àquele delineado no §2º, do art. 256. 8. (Assistente Jurídico AGU – 1999/ESAF, adaptada) Sobre o preenchimento dos cargos de administração — diretoria e conselho de administração —, julgue os seguintes itens. I – Os administradores devem ter formação superior nas áreas de atuação respectivas; II – Os conselheiros podem ser pessoas jurídicas estrangeiras; III – Os conselheiros não necessitam ser acionistas. Questão 8 O item I está errado, tendo em vista que não há nenhuma norma que determine esta obrigação. A questão das pessoas jurídicas do item II é afastada pelo teor do caput do art. 146, que determina que os membros dos órgãos de administração devem ser pessoas naturais. Item também errado. O item III apresenta o preceito lapidado também no art. 146, recentemente alterado pela L. 12.431/2011, que dispõe que os conselheiros não necessitam ser acionistas. Como já discorremos sobre os conselheiros, teceremos, agora, alguns comentários sobre a diretoria. Como vimos, o estatuto da companhia pode determinar que a administração da companhia seja dividida entre o conselho de administração e a diretoria ou ser atribuição somente deste último órgão, no caso de não haver previsão para a constituição do primeiro. Havendo divisão de atribuições com o conselho de administração, a diretoria será preponderantemente um órgão executivo, dando cumprimento às determinações emanadas por aquele conselho. Caso a diretoria seja o único órgão de administração da companhia, suas funções administrativas são mais DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 37 amplas, delineando a política dos negócios da companhia e executando-a na forma prevista no estatuto. A redação do art. 143 da Lei 6.404/76 evidencia que caso o conselho de administração esteja constituído, caberá a este órgão a eleição e destituição dos membros da diretoria. Caso contrário, tal competência será da assembleia geral. Outrossim, é importante notar que a diretoria deverá ser composta por, no mínimo, dois membros, e o prazo de seus mandatos não deve ser superior a três anos, sendo permitida a reeleição. Os diretores devem ser pessoas naturais e residentes no País (art. 146). O parágrafo primeiro do art. 143 dispõe que até um terço dos membros do conselho de administração podem ser eleitos diretores. Perceba que nada impede que todos os diretores sejam conselheiros, já que não há limitação para o número de cargos da diretoria que podem ser ocupados por membros do conselho de administração. Mesmo o estatuto prevendo uma divisão de atribuições entre os diretores, tal como a competência para tratar de questões financeiras ou jurídicas, nada impede que seja determinado que certas matérias sejam necessariamente deliberadas em reunião de diretoria, de acordo com o parágrafo segundo do art. 143. Neste caso, a decisão deverá ser tomada por maioria dos votos. Outro ponto que merece atenção é a previsão do §2º do art. 138, que estatui que a representação da companhia é privativa da diretoria. Ainda, não havendo previsão estatutária ou deliberação do conselho de administração, qualquer diretor poderá representar a companhia e praticar os atos necessários ao seu funcionamento regular (art. 144). 9. (Juiz, RS – 2009, adaptada) No caso de eleição do conselho de administração de uma sociedade anônima em que haja utilização do processo de voto múltiplo solicitada pelo representante de um grupo de acionistas minoritário com mais de 10% do capital social votante, julgue as seguintes assertivas. I – Se forem cinco conselheiros, dois serão nomeados pelo grupo majoritário
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