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Fundamentos da Administração Aula 8 – Motivação, Liderança e Cultura Organizacional Motivação Segundo Maximiano (2002, p. 275), motivação é o “alto grau de disposição para realizar uma tarefa ou atividade de qualquer natureza”. O objetivo das diferentes teorizações a respeito é tentar apontar algumas variáveis que afetam esta “disposição”. Como ressaltou Chiavenato (2004, p. 116) no módulo anterior, “a experiência de Hawthorne teve o mérito de demonstrar que a recompensa salarial [...] não é o único fator decisivo na satisfação do trabalhador dentro da situação de trabalho”. Também podemos resumir, dizendo que a Motivação é a necessidade de todos. Os objetivos da motivação em uma empresa costumar passar pelos seguintes fatos: - Encorajar empregados potenciais a ingressar na empresa. - Estimular os empregados a produzir mais a desempenhar suas funções com eficácia. - Encorajar empregados a permanecer na empresa. Evidente que o tema Motivação gerou várias teorias. Maximiano, por exemplo, agrupa as teorias em duas vertentes: Teorias de Processo e Teorias de Conteúdo (op. cit., p. 275): - No grupo das Teorias de Processo, o chamado modelo de comportamento coloca diferentes indivíduos com diferentes objetivos ou fins, condicionados pelo meio externo ou pelos “motivos internos” de cada um, podendo encontrar frustração, conflito ou ansiedade (ibid, p. 277). A teoria da expectativa postula que as pessoas agem com vistas a níveis esperados de satisfação, os quais podem ser maiores ou menores e acabam condicionando o esforço dos agentes (ibid, p. 278). Outra corrente deste grupo é a behaviorista, que trabalha com o conceito de condicionamento operante, pelo qual “o comportamento é reforçado por suas próprias conseqüências (chamados reforços)”. Por fim, a chamada teoria da eqüidade prevê a necessidade de iguais recompensas para iguais esforços (MAXIMIANO, loc. cit.). - As Teorias de Conteúdo têm, em primeiro lugar, um conjunto de vertentes consideradas clássicas (ibid, p. 287-288): as hipóteses do homem econômico racional, do homem social, do homem auto-realizador e do homem complexo. Ainda sobre motivação, podemos estudar duas teorias muito importantes que a administração assumiu para o tema: - A Hierarquia das Necessidades de Maslow: Maslow elaborou a pirâmide de necessidades (vide imagem abaixo). A teorização sobre frustração enfoca reações às necessidades não atendidas como compensação, resignação, agressão e substituição. De acordo com Maslow, os indivíduos serão motivados a satisfazer a necessidade que para eles estiver preponderante, ou mais forte, num determinado momento. A preponderância de uma necessidade depende da situação do indivíduo no momento e de suas experiências recentes. Partindo das necessidades físicas, que são as mais básicas, cada necessidade deve ser ao menos parcialmente satisfeita antes do indivíduo desejar satisfazer uma necessidade no próximo nível acima. Uma conclusão óbvia da teoria de Maslow é que os empregados precisam de um salário suficiente para alimentar, abrigar e proteger a si mesmos e às suas famílias de um modo satisfatório, bem como de um ambiente de trabalho seguro, antes dos administradores tentarem oferecer incentivos destinados a dar-lhes estima, sentimentos de participação ou oportunidades de crescimento. As necessidades de segurança incluem estabilidade no trabalho, estar livre de coação ou de tratamento arbitrário, e regulamentos claramente definidos. - Teoria dos dois fatores de Herzberg que liga elementos do contexto do trabalho e elementos do trabalho em si à motivação do empregado. Herzberg concluiu que a satisfação e a insatisfação no trabalho decorrem de dois conjuntos separados de fatores. Entre os fatores de insatisfação (fatores higiênicos) estavam o salário, as condições de trabalho e a política da empresa, todos eles afetavam o contexto em que o trabalho era realizado. O mais importante desses fatores é a política da empresa, que segundos muitos indivíduos pode ser uma grande causa de ineficiência e ineficácia. Os pontos positivos atribuídos a esses fatores não levavam à satisfação no trabalho, mas meramente à ausência de insatisfação. Entre os fatores de satisfação (fatores motivantes) estão a realização, o reconhecimento, a responsabilidade, e o progresso, todos eles relacionados ao conteúdo do trabalho e às recompensas ao desempenho profissional. Liderança Liderar é conduzir pessoas rumo a um objetivo. Liderança é a influência que uma pessoa exerce sobre outros indivíduos e sobre as atividades dos grupos e equipes. Vale lembrar que a influência deve, de certa maneira, ser sancionada pelos seguidores, porque uma definição completa de liderança precisa considerar também o contexto em que o líder está inserido, o simbolismo que esse líder representa, assim como, deve considerar a missão que ele tem que atingir e os objetivos propostos dentro do ambiente organizacional em que se atua. Influenciar tem um significado muito próximo ao de poder, pois se refere também à habilidade de mudar comportamentos, mas tende a ser mais sutil e menos direto que a exerção do poder. Poder indica a habilidade de afetar os resultados com maior facilidade do que a influência, dizem Lyness Thompson (apud DUBRIN, 2006). As lideranças podem ser representadas de forma autocrática, democrática e liberal: - Autocrática ou autoritária é a liderança com base no poder de coerção e posição, que despende alta quantidade de energia, procurando o maior controle possível sobre as ações e reações das pessoas. Este estilo de liderança gera, no ambiente organizacional, pessoas passivas e alienadas, porque a sua forma de gerir é impositiva, centralizadora das decisões. - A liderança democrática é mais comunicativa e seu objetivo é tornar os grupos ou equipes mais participativos e motivados para atender aos objetivos organizacionais. - O líder liberal ou laissez–faire, completamente descomprometido, deixa a tarefa da tomada de decisão para seus funcionários. Exerce baixa influência e não se envolve com as atividades diárias. As lideranças são movidas pelos objetivos, de forma que não existe liderança sem objetivos a atingir. Cabe às lideranças manterem os seus funcionários estimulados por meio da sua capacidade de influenciar seus comportamentos rumo a esses objetivos, seja este estímulo orientado pela premiação, pela recompensa ou ainda pela valorização de cada indivíduo. Cultura Organizacional O Conceito de Cultura Organizacional é muito amplo e, atualmente, de extrema importância para as empresas. A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos, comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas internas e externas de uma empresa. Uma boa cultura pode motivar os funcionários e ajudá-los a crescer junto com o empreendimento. Em outras palavras, é a cultura organizacional que vai desenvolver diretrizes para uma empresa de sucesso, a começar pela forma como os funcionários vão enxergar o negócio e agir dentro dele. Quem investe em uma gestão de pessoas e uma cultura corporativa de qualidade acaba gerando maior satisfação entre os clientes e obtendo maior lucro em suas atividades. Abaixo temos os elementos da Cultura Organizacional de uma empresa: Portanto, a cultura organizacional eficiente transforma o ambiente de uma empresa, trazendo mais objetividade, produtividade e sintonia entre todos os envolvidos. Aula 9 – A Escola Japonesa de Administração A partir do final da II Guerra Mundial, o Japão buscou combinar suas tradições eprincípios culturais com a administração de grandes organizações e conglomerados, com enorme contribuição em técnicas e métodos a partir da década de 70 (MAXIMIANO, 2002). São elas: a) Qualidade (Qualidade Total e CCQ) A ênfase na qualidade destacava os princípios (ibid, p. 213) de “fazer certo da primeira vez”, corrigir “causas fundamentais dos erros” e “círculos de qualidade”. Os trabalhadores tornam-se mais atuantes e responsáveis pelos controles e padrões de qualidade, com estímulo ao envolvimento e formação de grupos (ibid, p. 215). No âmbito metodológico, a aplicação do Princípio de Pareto e o Diagrama de Ishikawa foram práticas fundamentais. No primeiro caso, era possível escolher um número menor de problemas mais significativos dentre os vários existentes (idem). No segundo caso, era elaborado um diagrama do tipo “espinha de peixe”, no qual o problema aparece como uma pergunta e as causas possíveis postas em destaque. A finalidade era “orientar o raciocínio e a discussão” (ibid, p. 217). Por fim, destacam-se elementos culturais da sociedade japonesa como representativos para o sucesso de seu modelo de administração. O senso de coletividade e de grupo colocam a dimensão coletiva acima da dimensão individual, a ponto de cada trabalhador identificar-se em primeiro lugar como membro de um determinado grupo, antes de apresentar-se como indivíduo. O nacionalismo sempre foi presente na sociedade japonesa e estimulava o espírito coletivo, mesmo quando cada empresa seguia rituais de louvor à pátria. A lealdade em relação ao grupo e à organização foram favorecidos pela prática do emprego vitalício e emprego seguro (ibid, p. 220-221). Enfim, a ética japonesa ajudou a moldar seu sistema de administração incluindo disciplina, lealdade ao grupo, busca de consenso e senso de dever. O menor individualismo contrastava com o Ocidente, em que qualquer um sentia-se mais livre do ponto de vista ético para trocar de emprego ou organização (ibid, p. 220). b) Toyotismo Modelo japonês de produção, criado pelo japonês Taiichi Ohno e implantado nas fábricas de automóveis Toyota, após o fim da Segunda Guerra Mundial. A ideia principal era produzir somente o necessário, reduzindo os estoques (flexibilização da produção), produzindo em pequenos lotes, com a máxima qualidade, trocando a padronização pela diversificação e produtividade. As relações de trabalho também foram modificadas, pois agora o trabalhador deveria ser mais qualificado, participativo e polivalente, ou seja, deveria estar apto a trabalhar em mais de uma função. Os desperdícios detectados nas fábricas montadoras foram classificados em sete tipos: - produção antes do tempo necessário; - produção maior do que o necessário; - movimento humano (por isso o trabalho passou a ser feito em grupos); - espera; - transporte; - estoque; - operações desnecessárias no processo de manufatura. As principais características deste modelo são: - Flexibilização da produção: produzir apenas o necessário, reduzindo os estoques ao mínimo. - Automatização: máquinas que desligavam automaticamente caso ocorresse qualquer problema, por exemplo. - Just in time (na hora certa): sistema para detectar a demanda e produzir os bens, que só são produzidos após a venda. - Kanban: método para programar a produção, de modo que o just in time se efetive. - Team work: trabalho em equipe, orientados por uma líder. O objetivo é de ganhar tempo, ou eliminar os “tempos mortos”. - Controle de qualidade total: todos os trabalhadores, em todas as etapas da produção são responsáveis pela qualidade do produto e a mercadoria só é liberada para o mercado após uma inspeção minuciosa de qualidade. Aula 10 – Pensamento Sistêmico e Administração Estratégica Pensamento Sistêmico O livro A Quinta Disciplina, escrito por Peter Senge na década de 1990, tornou- se um dos maiores clássicos da administração moderna. O propósito do autor era definir os contornos da "organização que aprende", na qual as pessoas poderiam expandir continuamente sua capacidade de criar os resultados que realmente desejam. Pensamento sistêmico nada mais é do que criar uma forma de analisar e uma linguagem para descrever e compreender as forças e inter-relações que modelam o comportamento dos sistemas, segundo Peter Senge. É a disciplina que permite mudar os sistemas com maior eficácia e agir mais de acordo com os processos do mundo natural e econômico. As disciplinas que fundamentam a base do Pensamento Sistêmico são: - Domínio Pessoal: capacidade pessoal para obter resultados; - Modelos Mentais: melhora contínua na tomada de decisões; - Visão Compartilhada: expandir a visão entre todos os envolvidos no processo; - Aprendizado em Equipe: transformar aptidões coletivas e fazer com que as equipes desenvolvam capacidades maiores do que a soma dos talentos individuais. Administração Estratégica A Administração Estratégica é definida como um processo contínuo e interativo que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente. No passado, o processo de administração estratégica era influenciado em grande parte pelo departamento de planejamento das organizações. Os integrantes desses departamentos eram envolvidos pelo projeto e implementação dos sistemas de administração estratégica dentro de suas organizações. Entretanto, mais recentemente, os departamentos de planejamento perderam um pouco de sua influência (CERTO, 1993). O processo atual de administração estratégica tende, especialmente em organizações menores, a ser dominado pelo diretor-presidente (CEO) da companhia. A Administração Estratégica envolve um processo de várias etapas: a) Execução de uma análise do ambiente: monitorar o ambiente organizacional para identificar os riscos e as oportunidades presentes e futuras. Nesse contexto, o ambiente organizacional encerra todos os fatores, tanto internos como externos à organização, que podem influenciar o progresso obtido através da realização de objetivos da organização. Uma das formas de se efetuar esta análise é por meio de uma matriz SWOT (com vemos abaixo). b) Diretriz Organizacional: determinação da meta da organização. Há dois indicadores principais: missão e os objetivos organizacionais, sendo que a missão é a razão de sua existência e os objetivos são as metas das organizações. c) Estratégia Organizacional: curso de ação com vistas a garantir que a organização alcance seus objetivos. Formular estratégias é projetar e selecionar estratégias que levem à realização dos objetivos organizacionais. d) Implementação da Estratégia: colocar em ação o que foi planejado. e) Controle Estratégico: concentra na monitoração e avaliação do processo de administração estratégica no sentido de melhorá-lo e assegurar um funcionamento adequado. Aula 11 – Empreendedorismo Empreendedor é “aquele que faz acontecer, se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização.”. José Dornellas (2001) Podemos encontrar diversas definições para empreendedorismo e para empreendedor, porém percebemos em todas as definições que alguns aspectos estão sempre presentes: - iniciativa para criar / inovar e paixão pelo que faz; - utiliza recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive; - aceita assumir riscos e a possibilidade de fracassar. Tabela para entendimento do fator empreendedor (Dornelas, 2008) O empreendedorismo surge, principalmente, no final da década de 90 e vem crescendo cada vez mais nos dias atuais, devido às características marcantes do “novo” modelo econômico que surge com a globalização:- novos modelos de negócio e novos conceitos de competitividade. - recursos escassos com necessidade de imaginação e conhecimento para ser competitivo; - sobrevivência dos mais rápidos e mais preparados; O processo empreendedor, portanto, envolve ações, processos e atividades associadas com a percepção de oportunidades e a criação de meios para persegui-las. Para resumir, segundo Dornelas, “a conjunção desse intenso dinamismo empresarial e rápido crescimento econômico, somado aos baixos índices de desemprego e baixas taxas de inflação, aparentemente apontam para uma conclusão: o empreendedorismo é o combustível para o crescimento econômico, criando emprego e prosperidade”. O empreendedor e as fases do processo de empreender O processo de empreender é composto por quatro fases: 1 – Identificar e avaliar a oportunidade - criação e abrangência - valor percebidos e valores reais - riscos e retornos - oportunidade X habilidades e metas pessoais - situação dos competidores 2 – Desenvolver o plano de Negócios - Sumário Executivo - Conceito do Negócio - Equipe de Gestão - Mercado e Competidores - Marketing e Vendas - Estrutura e Operação - Análise Estratégica - Plano Financeiro 3 – Determinar e Captar Recursos - pessoais, familiares, “angels”, bancos, governos, incubadoras, capitalistas de risco, etc. 4 – Gerenciar o Negócio - Fatores Críticos de Sucesso + Estilo de Gestão + Controle Podemos afirmar, então, que as duas primeiras etapas são essenciais para o Sucesso do empreendedorismo. Ao identificar e avaliar a oportunidade e desenvolver um plano de negócios dentro dos padrões estabelecidos, o empreendedor/administrador terá maiores condições de alcançar os objetivos estabelecidos, bem como terá ferramentas para consultar e avaliar as alterações de rumo (que são necessárias) durante a execução do que foi previamente planejado. O trabalho do Empreendedor Quando se analisam os estudos sobre o papel e as funções do administrador, e ainda sobre a abordagem processual do trabalho do administrador, pode-se dizer que existem muitos pontos em comum entre o administrador e o empreendedor. Ou seja, o empreendedor é um administrador, mas com diferenças consideráveis em relação aos gerentes ou executivos de organizações tradicionais, pois os empreendedores são mais visionários que os gerentes, se preocupando mais com os aspectos estratégicos. As diferenças entre os domínios empreendedor e administrativo podem ser comparadas em 05 dimensões distintas de negócio: • Orientação estratégica; • Análise das oportunidades; • Comprometimento dos recursos; • Controle dos recursos; • Estrutura gerencial. É interessante observar que o empreendedor de sucesso leva consigo ainda uma característica singular, que é o fato de conhecer como poucos o negócio em que atua, o que leva tempo e requer experiência. Talvez esse seja um dos motivos que levam à falência empresas criadas por jovens entusiasmados, mas sem o devido preparo. Observamos abaixo uma comparação entre os empreendedores e os gerentes tradicionais, em relação a alguns temas relevantes: Temas Gerentes Tradicionais Empreendedores Motivação principal Promoção e outras recompensas tradicionais da corporação, como secretária, status, poder, etc. Independência, oportunidade para criar algo novo, ganhar dinheiro. Referência de tempo Curto prazo, gerenciando orçamentos semanais, mensais, etc., e com horizonte de planejamento anual. Sobreviver e atingir 5 a 10% de crescimento no negócio. Atividade Delega e supervisiona. Envolve-se diretamente. Status Preocupa-se com o status e como é visto na empresa. Não se preocupa com status. Como vê o risco Com cautela. Assume riscos calculados. Falhas e erros Tenta evitar erro e surpresas. Aprende com erros e falhas. Decisões Geralmente concorda com seus superiores. Segue seus sonhos para tomar decisões. A quem serve Aos outros (superiores). A si próprio e aos seus clientes. Histórico familiar Membros da família trabalharam em grandes empresas. Membros da família possuem pequenas empresas ou já criaram algum negócio. Relacionamento com outras pessoas A hierarquia é a base do relacionamento. As transações e acordos são a base do relacionamento. Aula 12 – Ética e Responsabilidade Social Ética e responsabilidade individual Segundo Maximiano (2007, p. 416), “Alguns autores fazem distinção entre ética e moral: a ética compreende uma teoria ou reflexão crítica sobre os fundamentos de um sistema moral, ou de um sistema de costumes de uma pessoa, grupo ou sociedade”. A ética situa-se no campo filosófico, que reflete acerca do comportamento humano virtuoso ou vicioso, entre o certo e o errado, ou seja, avalia a própria moral particular de um grupo social. Para Aristóteles (384-322 a.c.), o hábito pode direcionar as tendências de um indivíduo rumo à virtude, fazendo preponderar a parte racional da alma, mais do que a “desejante” e a “vegetativa” ou de funções meramente orgânicas (fome, sede etc.). Seu ponto de partida é o indivíduo, cuja responsabilidade por suas ações é clara na medida em que não haja um futuro pré-determinado e que seus atos dependam apenas dele (VERGNIERES, 1999). O indivíduo que se habitua à virtude não só sabe se conter, mas pode chegar a um estágio de desejar o próprio ato virtuoso por ele mesmo, o que se denomina temperança. A intemperança é o mal ou vício feitos de modo intencional. Menos grave é a incontinência, quando não conseguimos controlar desejos, mas há conflitos na ação. O primeiro passo é a continência ou saber conter tais impulsos, e depois chegar à temperança (mais elevado). Responsabilidade Social A responsabilidade dita “social” diverge da visão centrada no indivíduo. Enquanto membro de um grupo ou classe social, pode ter responsabilidades que não derivam de atos diretos seus, mas de sua condição social. As empresas em geral, ou de seu setor específico, têm poder e os atos do grupo afetam o meio- ambiente ou o bem-estar da população. A empresa pode preocupar-se tanto com consequências de atos próprios e evitar qualquer efeito prejudicial (informar o consumidor sobre seus produtos), como devolver à sociedade algum serviço em troca do poder (MAXIMIANO, 2002, p. 428) que de certa forma esta mesma sociedade lhe concedeu através do tempo (sustentar uma creche ou asilo, por exemplo). Dois princípios contribuíram para a evolução da doutrina da responsabilidade social: - O princípio da caridade (ibid, p. 429): “os indivíduos mais afortunados devem cuidar dos menos afortunados”. Do indivíduo, esta norma passa a envolver as empresas. - O princípio do zelo: atribui ao empresário cuidar de sua riqueza e de “fazer aumentar a riqueza da sociedade”. Efeitos indesejados da ação empresarial, como danos ao meio-ambiente, também trazem responsabilidade às empresas. É possível argumentar que a preocupação recente com o meio-ambiente ou com os efeitos indesejados (externalidades negativas, nos termos da Economia) e com os direitos do consumidor também reforçaram a noção de responsabilidade social. Institutos voltados para a difusão desta doutrina, assim como prêmios às empresas "socialmente responsáveis" decorreram dessa evolução. Contudo, dúvidas permanecem quanto ao caráter ético ou meramente voltado para marketing de tais medidas, visto que aobtenção de prêmios com fins comerciais e não o ato responsável em si passa a ser o objeto ambicionado pelas organizações. Para resumir, podemos citar a definição de Responsabilidade Social das Organizações do Instituto Ethos: “Responsabilidade social empresarial é uma forma de conduzir os negócios que torna a empresa parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguir incorporá-los ao planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos, não apenas dos acionistas ou proprietários.” (Ethos)
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