Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MELANIE KLEIN ALGUMAS INFORMAÇÕES INTRODUTÓRIAS �� INCLUDEPICTURE "http://m.i.uol.com.br/melanieklein152214_rep.jpg" \* MERGEFORMATINET - Melanie Reizes (nome da família do pai). - Se tornou Klein após um infeliz casamento com Arthur Klein (engenheiro químico). - Família de origem hebraica e humilde. - Queria ser médica, mas casou-se com 21 anos e teve três filhos: Melitta, Hans e Erich. - Quando se casou, mudou para Budapeste em 1910. - Em 1914 (com 32 anos) – inicia seu contato com a Psicanálise: ela lê um texto de Freud sobre os sonhos e começa sua análise com Sandor Ferenczi (teve depressão). - Em 1918 – participa do 5º Congresso Internacional de Psicanálise em Budapeste (ouviu Freud lendo um texto sobre os avanços da teoria psicanalítica). - Muda para Berlim em 1921 sem a companhia do marido. - Em 1922 (com 40 anos) – ingressou como membro-associado da Sociedade Psicanalítica de Berlim (marcando sua entrada para o mundo da psicanálise mundial). - Em 1924 fez análise com Karl Abraham. - Em 1926 muda-se para a Inglaterra e torna-se membro da Sociedade Britânica de Psicanálise. - Em 1927 divorcia-se. - Em 1934 seu filho Hans morre ao escalar uma montanha. - Em 1960 morre aos 78 anos. MELANIE KLEIN, A PSICANÁLISE E O MOVIMENTO PSICANALÍTICO INTERNACIONAL: DADOS HISTÓRICOS - Em 1910: começa a atender em casa o próprio filho Erich, que sofria de inibição de aprendizagem. - Em Berlim analisou filhos de analistas e elaborou seus primeiros trabalhos escritos. - 1921 a 1926 – estabelece a análise de crianças como uma área legítima da clínica psicanalítica. - Rivalidade entre as idéias de Melanie Klein e Anna Freud (Berlim). - Em 1932 – lança seu primeiro livro: “A Psicanálise de crianças” – apresenta os fundamentos técnicos da análise de crianças mediante o brincar, por meio de muitos casos de análise infantil conduzidos por ela. - Em 1934 – ainda sob o impacto da morte do filho Hans, produz o texto “Contribuição para a psicogênese dos estados maníaco-depressivos”. - Na Sociedade Britânica de Psicanálise, após a morte de Freud, formaram-se três grupos: Kleiniano – (Ernest Jones) Freudiano (Anna Freud) Independentes (Winnicott, Balint) - Melanie Klein teve boa receptividade na América Latina, em primeiro lugar na Argentina e depois no Rio de Janeiro e principalmente em São Paulo. - Em 1950 – instalação definitiva do kleinismo no panorama internacional da Psicanálise. - Em 1957 – publica “Inveja e gratidão” – apresentando as disposições afetivas do ser humano, desde seus primórdios e ao longo de toda a sua existência. MELANIE KLEIN APRECIAÇÃO INTRODUTÓRIA DO ESTILO DE PENSAMENTO E DE ESCRITA - Klein valorizava a experiência pessoal e a observação clínica para descrever processos psíquicos inconscientes. - Sua obra versa a respeito da descrição dos mecanismos da vida mental do bebê e de crianças pequenas (3 a 6 anos de idade). - A obra deve ser conhecida não só pelas teses, teorias e conceitos que a psicanalista elabora, mas também pelo estilo de escrita dos pensamentos kleinianos. - O estilo de Klein causou estranheza e choque em boa parte da comunidade psicanalítica americana e francesa. - M. Klein começou sua obra a partir de “observações analíticas” do próprio filho, teorização que começou literalmente em casa, sem caráter acadêmico. Ela não tinha formação universitária. - M. Klein sempre valorizou a importância da observação e do contato direto com o paciente (observando e descrevendo processos psíquicos profundos). - Klein fala em “observar a mente de um recém-nascido” (intuição e contato direto com os processos e fenômenos). - Seu estilo revela que, desde o princípio, Klein aprendeu a enfatizar e valorizar a experiência pessoal (mãe de três filhos) – maternidade como plataforma para sua teoria. - Sua teoria é essencialmente empirista e clínica. - MELANIE KLEIN – OBRAS COMPLETAS Volume I – “Amor, culpa e reparação” (1921- 1945) Volume II – “A Psicanálise de crianças” Volume III – “Inveja e gratidão” (1946 – 1963) Volume IV – “Narrativa da análise de uma criança” KLEIN. M. “Amor, culpa e reparação”. Rio de Janeiro: Imago, 1996, Vol. I. Cap. 9 - “Estágios iniciais do conflito edipiano” (1928). (p. 214-227) - É um dos artigos mais importantes de M. Klein. - Ela defendia a ideia de que o Complexo de Édipo tinha início antes do que Freud imaginava em “A análise de crianças pequenas” (1923). - Freud sugere que o Complexo de Édipo começa quando a criança está entre os 2 e 3 anos de idade. - M. Klein diz que começaria bem mais cedo- no primeiro ano de vida, durante o desmame. - Klein fala a respeito no artigo “Os princípios psicológicos da análise de crianças pequenas”: “... tendências edipianas são liberadas como consequência da frustração sentida pela criança com o desmame, e que se manifestam no final do primeiro ano e início do segundo ano de vida; elas são reforçadas pelas frustrações anais sofridas durante treinamento dos hábitos de higiene”. (p. 216) - Segundo a autora, o próximo elemento que influencia de forma determinante os processos mentais é a diferença anatômica entre os sexos. - O menino - quando se vê impelido a trocar a posição oral e anal pela genital, passa a ter o objetivo associado à posse do pênis. Assim ele muda sua posição libidinal e também seu objetivo, o que permite que ele mantenha o objeto amoroso original (mãe). - A menina - por outro lado, o objetivo receptivo passa da posição oral para a genital: ela muda sua posição libidinal, mas mantém o mesmo objetivo, que já levou à frustração em relação à mãe. Desse modo, a menina se volta para o pai como objeto amoroso. - Desde o início, os desejos edipianos ficam associados ao medo da castração e a sentimentos de culpa. - O sentimento de culpa é o resultado da introjeção dos objetos amorosos edipianos. - As frustrações orais e anais, que formam o protótipo de todas as frustrações posteriores para o resto da vida, significam punições e dão origem à ansiedade. - O corpo da mãe é visto como palco de todos os processos e desenvolvimento sexuais (fase de feminilidade). KLEIN. M. “Inveja e Gratidão”. Rio de Janeiro: Imago, 1996, Vol. III Cap. 8 - “A técnica psicanalítica através do brincar: sua história e significado” (1955). (p. 149-168) ��� HYPERLINK "http://loja.trenzinho.com.br/Produto.aspx?IdProduto=21&IdProdutoVersao=36" \l "#" \o "" �� INCLUDEPICTURE "http://www.simque.com.br/imagens/brinquedos/conjuntos/225.jpg" \* MERGEFORMATINET �� - O primeiro paciente de M. Klein foi um menino de cinco anos de idade (“Fritz”). – 1919. - O tratamento foi conduzido na casa da criança, com seus próprios brinquedos. - Esta análise representou o início da técnica psicanalítica por meio do brincar. - Desde o início a criança expressou suas fantasias e ansiedades (interpretação do seu significado para a criança). - M. Klein utilizou a associação livre, princípio fundamental da Psicanálise. - O brincar como meio da criança se expressar. - M. Klein também utilizou dois outros princípios da Psicanálise estabelecidos por Freud: a exploração do inconsciente e a transferência. - De acordo com M. Klein, para realizar a psicanálise de uma criança, é necessário compreender e interpretar as fantasias, sentimentos, ansiedades e experiências expressos por meio do brincar. - Se o brincar e as atividades estão inibidas, deve-se buscar as causas da inibição. - No decorrer de sua experiência, M. Klein concluiu que a psicanálise não deveria ser realizada na casa da criança, pois esse espaço representava uma atitude ambivalente da criança e umaatmosfera hostil ao tratamento. - A situação transferencial só poderia ser estabelecida e mantida se o paciente for capaz de sentir que o consultório ou a sala de análise de crianças é algo separado de sua vida familiar cotidiana. - Sob tais condições ele pode superar suas resistências contra vivenciar e expressar pensamentos, sentimentos e desejos que são incompatíveis com as convenções sociais. - M. Klein sugere os seguintes brinquedos: pequenos homens e mulheres de madeira (de dois tamanhos) carros, carrinhos de mão trens, aviões animais blocos, casas, cercas papel, tesouras facas lápis, giz, tintas, colas bolas e bolas de gude massa de modelar barbante - Segundo a autora, é essencial serem brinquedos pequenos, porque seu número e variedade permitem à criança expressar uma ampla variedade de fantasias e experiências. - Esse material possibilita chegar a uma imagem mais coerente das atividades de sua mente. - M. Klein considera que o consultório de crianças também deve ser simples: chão lavável água corrente uma mesa, algumas cadeiras um pequeno sofá algumas almofadas um móvel com gavetas - Os equipamentos de brincar de cada criança são guardados e trancados em uma gaveta particular e ela assim sabe que seus brinquedos e o seu brincar com eles são apenas conhecidos pelo analista e por ela mesma. - A caixa faz parte da relação privada e íntima entre o analista e paciente, característica da situação transferencial psicanalítica. - Os brinquedos não são o único requisito para uma análise por meio do brincar (atividades na sala, desenho, escrita, pintura, recortes, consertar brinquedos, etc). - Os jogos também são recomendáveis- as criança atribui papéis ao analista e a si mesma (ex: brincar de loja, médico e paciente, escola, mãe e criança). - Segundo M. Klein, a criança muitas vezes assume o papel do adulto, expressando assim não apenas seu desejo de reverter os papéis, mas também demonstrando como se sente em relação à seus pais ou outras pessoas de autoridade (como se comportam em relação à ela ou deveriam comporta-se). - Algumas vezes, a criança dá vazão à sua agressividade e ressentimento, sendo, no papel de um dos pais, sádica em relação à criança, representada pelo analista. - A agressividade é expressa de várias formas no brincar da criança, seja direta ou indiretamente. - Frequentemente um brinquedo se quebra, ataques com faca ou tesoura, água ou tinta esparramados pela sala. - É essencial permitir à criança trazer a tona a sua agressividade (impulsos destrutivos). - É importante observar suas consequências na mente da criança. - Sentimentos de culpa podem seguir-se logo após a criança ter quebrado um brinquedo. Esta culpa refere-se não apenas ao estrago real produzido, mas ao que o brinquedo representa no inconsciente da criança, como por exemplo, um irmãozinho ou irmãzinha ou um dos pais. - Portanto a interpretação tem que lidar com estes níveis mais profundos também. - A partir deste comportamento da criança para com o analista, ela pode mostrar não apenas a culpa, mas também a ansiedade persecutória, como consequência de seus impulsos destrutivos e a retaliação. - M. Klein lembra que é necessário manter e delimitar o limite desses impulsos (o analista não deve permitir ataques físicos por parte da criança). - A atitude da criança para com o brinquedo que ela danificou é muito reveladora. - A criança põe esse brinquedo de lado e o ignora por um tempo – isso indica desagrado pelo objeto danificado, devido ao medo persecutório de que a pessoa atacada (representada pelo brinquedo) tenha se tornado retaliadora e perigosa. - O sentimento de perseguição pode ser tão forte que encobre sentimentos de culpa e depressão que também são despertados pelo dano produzido. - No entanto, um dia a criança pode procurar pelo brinquedo danificado em sua caixa. - Isto sugere que foram analisadas algumas defesas importantes, diminuindo assim os sentimentos persecutórios e tornando possível que os sentimentos de culpa sejam vivenciados. - Sugere também mudanças na relação da criança com o elemento representado pelo brinquedo, ou em suas relações em geral. - A ansiedade persecutória diminuiu, juntamente com o sentimento de culpa, aparecendo o desejo de fazer a reparação. - A culpa e o desejo de reparar podem seguir-se logo após o ato de agressão (ex: ternura para com o irmão ou irmã). - Essas mudanças são importantes para a formação do caráter e para as relações de objeto, assim como para a estabilidade mental. Amor X Ódio Felicidade X Depressão Satisfação X Ansiedade persecutória - O analista não deve demonstrar desaprovação em relação à criança por ter quebrado um brinquedo. - O analista deve permitir à criança vivenciar suas emoções e fantasias na medida em que aparecem. - Deve compreender a mente do paciente e comunicar a ele o que ocorre nela. - A variedade de situações emocionais que podem ser expressas por meio de atividades lúdicas é ilimitada: sentimentos de frustração e de ser rejeitado; ciúmes do pai e da mãe; ou de irmãos e irmãs; agressividade que acompanha tais ciúmes; prazer em ter um companheiro aliado contra os pais; sentimentos de amor e ódio em relação a um bebê recém-nascido ou esperado; ansiedade, culpa e reparação. - No brincar da criança também encontramos a repetição de experiências e detalhes reais da vida cotidiana, frequentemente entrelaçados com suas fantasias. - Há muitas crianças que são inibidas em seu brincar. - Segundo M. Klein, na análise de crianças pequenas, a capacidade de insight é bem maior que a de adultos (as conexões entre consciente e inconsciente são mais próximas em crianças pequenas do que em adultos e as repressões infantis são menos poderosas). - A criança também repete na transferência com o analista, emoções e conflitos anteriores. - Interpretação transferencial – levar de volta suas fantasias e ansiedades para o lugar onde elas se originaram, ou seja, na infância e na relação com seus primeiros objetos. - M. Klein propõe uma mudança radical na técnica psicanalítica: as interpretações deveriam ser profundas (compreensão das fantasias infantis, das ansiedades e defesas arcaicas). - Em sua experiência, Klein descobre que o superego surge em um estágio anterior ao que Freud supunha, considerando que o superego deriva dos estágios nos quais a criança internalizou (introjetou) seus pais. - Para M. Klein a atenção do analista deve estar centrada sobre as ansiedades da criança. Por meio da interpretação de seus conteúdos é possível diminuir a ansiedade. - Para tanto utiliza a linguagem simbólica do brincar. FREUD KLEIN SONHOS BRINCAR (interpretação) DA CRIANÇA \ / \_____SÍMBOLOS______/ ACESSO AO INCONSCIENTE - A análise por meio do brincar mostrou que o simbolismo possibilitava à criança transferir não apenas interesses, mas também fantasias, ansiedades e culpa a outros objetos (brinquedos), além das pessoas. - Desta forma, muito alívio é experimentado no brincar. Este é um dos fatores que o tornam tão essencial para a criança. - De acordo com M. Klein, as relações de objeto iniciam-se quase no nascimento e surgem com a primeira experiência de alimentação. - Desta forma, todos os aspectos da vida mental estão intimamente ligados a relações de objeto. - Na mente do bebê a mãe aparece primariamente como um seio bom e um seio mau cindidos. Em poucos meses, com a integração crescente do ego,os aspectos contrastantes começam a ser sintetizados (desenvolvimento do ego). - A ansiedade depressiva surge como um resultado da síntese pelo ego dos aspectos bons e maus (amados e odiados) do objeto- POSIÇÃO DEPRESSIVA. - Esta é precedida pela POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE (primeiros 3 ou 4 meses de vida) – é caracterizada por ansiedade persecutória e processos de cisão. KLEIN. M. “Inveja e Gratidão”. Rio de Janeiro: Imago, 1996, Vol. III Cap. 12 - “Nosso mundo adulto e suas raízes na infância” (1959). (p. 280-297) - O comportamento das pessoas em seu ambiente social é resultado do desenvolvimento do indivíduo desde a infância à maturidade. - Descobertas de Freud mostram a complexidade das emoções da criança e revelam que as crianças passam por sérios conflitos (melhor compreensão da mente infantil e de suas conexões com os processos mentais do adulto). - A técnica do brincar desenvolvida por M. Klein permitiu novas conclusões acerca dos estágios iniciais da infância e camadas mais profundas do inconsciente. - Compreensão da vida mental do bebê – para M. Klein, a vida mental do bebê é influenciada pelas mais arcaicas emoções e fantasias inconscientes. - A hipótese de M. Klein é a de que o bebê tem um conhecimento inconsciente inato da existência da mãe. Esse conhecimento instintivo é a base da relação primordial do bebê com a mãe. - Com apenas poucas semanas de vida, o bebê já olha para o rosto de sua mãe, reconhece seus passos, o toque de suas mãos, o cheiro e a sensação de seu seio ou da mamadeira que ela lhe dá. - O bebê não espera da mãe apenas o alimento, mas deseja também o amor e a compreensão. - Nos estágios mais iniciais, amor e compreensão são expressos pela mãe por meio do seu modo de lidar com o bebê e levam ao sentimento inconsciente de unicidade que se baseia no fato de o inconsciente da mãe e o inconsciente da criança, estarem em íntima relação um com o outro. - O sentimento resultante que o bebê tem de ser compreendido subjaz a primeira e fundamental relação em sua vida – a relação com a mãe. - Nos primeiros meses de vida a mãe representa para o bebê todo o mundo externo. - Dessa forma, tanto o que é bom quanto o que é mau vem à sua mente como provindos dela. - O bebê também experimenta frustração, desconforto e dor, que são vivenciados como perseguição. - Tanto a capacidade de amar quanto o sentimento de perseguição são focalizados primeiramente na mãe. - Os impulsos destrutivos (frustração, ódio, inveja) despertam ansiedade persecutória no bebê. - A agressividade inata é incrementada por circunstâncias externas desfavoráveis. - Deve-se considerar o desenvolvimento da criança e as atitudes dos adultos como resultantes da interação entre influências internas e externas. - Alguns bebês vivenciam um intenso ressentimento frente a qualquer frustração e o demonstram sendo incapazes de aceitar gratificação quando esta se segue à privação. - Se um bebê mostra que é capaz de aceitar o alimento e amor, significa que ele pode superar o ressentimento em relação à frustração e recuperar seus sentimentos de amor. SELF E EGO - Ego – de acordo com Freud, é a parte organizada do self. - O ego dirige todas as atividades e estabelece e mantém a relação com o mundo externo. - Self - é o termo utilizado para abranger toda a personalidade. - O self inclui não apenas o ego, mas também a vida pulsional. - De acordo com M.Klein, o ego existe e opera desde o nascimento e tem a tarefa de defender-se contra a ansiedade. PROJEÇÃO E INTROJEÇÃO - Ambos os mecanismos funcionam desde o início da vida pós-natal, como algumas das primeiras atividades do ego. - Introjeção: significa que o mundo externo, as situações que o bebê atravessa e os objetos que ele encontra são levados para dentro do self, vindo a fazer parte da sua vida interior. - Projeção: há uma capacidade na criança de atribuir a outras pessoas a sua volta, sentimentos de diversos tipos, predominantemente o amor e o ódio. - O amor e o ódio dirigidos à mãe, estão intimamente ligados à capacidade do bebê muito pequeno de projetar todas as suas emoções sobre ela, convertendo-a em um objeto bom, assim como em um objeto perigoso (objeto mau). Objeto bom (seio bom) X Objeto mau (seio mau) - A introjeção e a projeção fazem parte das fantasias inconscientes do bebê, que operam desde o princípio e ajudam a moldar sua impressão do ambiente. - Os processos de introjeção e projeção contribuem para a interação entre os fatores internos e externos. - Essa interação prossegue através de cada estágio da vida e transformam-se no decorrer da maturação. - Portanto, mesmo no adulto, o julgamento da realidade nunca é completamente livre da influência de seu mundo interno. FANTASIAS - Uma fantasia representa o conteúdo particular das necessidades ou sentimentos (por exemplo: desejos, medos, ansiedades, triunfos, amor ou tristeza), que dominam a mente no momento. - As fantasias continuam ao longo de todo o desenvolvimento e acompanham todas as atividades. Elas sempre desempenham um papel importante na vida mental. - Se a mãe é assimilada ao mundo interno da criança como um objeto bom do qual esta pode depender, um elemento de força é agregado ao ego. - O ego desenvolve-se em torno desse objeto bom e a identificação com as características boas da mãe, torna-se a base para identificações benéficas posteriores. - Essa característica aparece exteriormente no bebê que copia as atividades e atitudes da mãe, o que pode ser visto em seu brincar e frequentemente em seu comportamento em relação à crianças menores. - Uma forte identificação com a mãe torna fácil para a criança identificar-se também com um pai bom e, mais tarde, com outras figuras amistosas. - Tudo isso contribui para o desenvolvimento de uma personalidade estável. - Portanto, fica claro que uma relação dos pais entre si e com a criança e uma atmosfera feliz em casa, desempenham um papel vital no êxito desse processo. - No entanto, por mais que sejam bons os sentimentos da criança em relação a ambos os pais, a agressividade e o ódio também se mantêm em atividade (Complexo de Édipo). - Esse Complexo existe desde muito cedo e está enraizado nas primeiras suspeitas que o bebê tem de que o pai tira dele o amor e a atenção da mãe. IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA - Por meio da projeção de si mesmo para dentro de outra pessoa, ocorre uma identificação projetiva com esta. - A identificação se baseia na atribuição a essa outra pessoa de algumas das próprias qualidades. - Identificação projetiva – colocar partes do self para dentro de um objeto. - Por meio da atribuição de parte de nossos sentimentos à outra pessoa, compreendemos seus sentimentos, suas necessidades e satisfações (nos colocamos em sua pele). - Se a projeção é predominantemente hostil, ficam prejudicadas a empatia verdadeira e a capacidade de compreender os outros. - Portanto, o caráter da projeção é de grande importância em nossas relações com outras pessoas. CISÃO - Divisão do seio em um objeto bom e um objeto mau. - Tendência do ego infantil para cindir impulsos e objetos (uma das atividades primordiais do ego). - Necessidade de cindir o amor do ódio. - A autopreservação do bebê depende da sua confiança em uma mãe boa. - Por meio da cisão o bebê preserva a sua crença em um objeto bom e em sua capacidade de amá-lo, sendo esta uma condição essencial para manter-se vivo. - Sem esse sentimento, o bebê estaria exposto a um mundo inteiramente hostil, que ele teme e o destruiria. - Os impulsos destrutivos onipotentes, a ansiedade persecutória e a cisão predominam nos primeiros 3 ou 4 meses de vida e é denominada de POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE. VORACIDADE - A voracidade varia consideravelmente de um bebê para outro.- Há bebês que nunca estão satisfeitos porque sua voracidade excede tudo o que possam receber. - Necessidade premente de esvaziar o seio da mãe e explorar todas as fontes de satisfação sem consideração por ninguém. - A voracidade é incrementada pela ansiedade (de ser privado, roubado e de não ser suficientemente bom para ser amado). - O bebê que é tão voraz por amor e atenção, é também inseguro sobre sua própria capacidade de amar e todas essas ansiedades reforçam sua voracidade. INVEJA - A mãe que alimenta o bebê e cuida dele, pode ser também objeto de inveja (fantasia que o leite e o amor são deliberadamente recusados ou retirados do bebê). - Base da inveja – é inerente ao sentimento de inveja não apenas o desejo da posse, mas também uma forte necessidade de estragar o prazer que as outras pessoas têm com o objeto cobiçado (necessidade que tende a estragar o próprio objeto). - Se a inveja é muito intensa, essa característica de estragar resulta em uma relação perturbada com a mãe, assim como mais tarde com outras pessoas. - Também significa que nada pode ser plenamente desfrutado, porque a coisa desejada já foi estragada pela inveja. - Se a inveja é intensa, aquilo que é bom não pode ser assimilado, não pode se tornar parte da vida interior e nem dar origem à gratidão. - No desenvolvimento normal, com a integração crescente do ego, os processos de cisão diminuem e a maior capacidade para entender a realidade externa, leva o bebê a uma síntese maior dos aspectos bons e maus do objeto. - Isso significa que pessoas podem ser amadas apesar de suas falhas. - De acordo com M. Klein o superego opera no quinto ou sexto mês de vida – o bebê começa a temer pelo estrago que seus impulsos destrutivos e sua voracidade podem causar aos seus objetos amados. Isso porque ele não pode ainda distiguir entre seus desejos e impulsos e os efeitos reais deles. - O bebê vivencia sentimentos de culpa e necessidade de preservar esses objetos e de reparar os danos. A ansiedade agora é vivenciada de natureza predominantemente depressiva – é a POSIÇÃO DEPRESSIVA. - Os sentimentos de culpa, que ocasionalmente surgem em todos nós, têm raízes muito profundas na infância e a tendência a fazer reparação desempenha um papel importante em nossas relações de objeto. - De acordo com a sua observação de bebês, M. Klein afirma que às vezes os bebês parecem deprimidos. Neste estágio eles tentam agradar as pessoas ao redor (com sorrisos, gestos divertidos) e até mesmo em tentativas de alimentar a mãe, colocando-lhe uma colher de comida na boca. - As crianças maiores expressam necessidade de agradar e de serem prestativas (expressam não apenas o amor, mas também a necessidade de reparar). KLEIN. M. “Inveja e Gratidão”. Rio de Janeiro: Imago, 1996, Vol. III Cap. 10 - “Inveja e gratidão” (1957). (p. 207-267) - De acordo com a teoria kleiniana, a relação com a mãe e a relação com o seio materno é de importância fundamental à primeira relação de objeto do bebê. - Esse objeto originário é introjetado. - Sob o predomínio de impulsos orais, o seio é instintivamente sentido como sendo a fonte de nutrição e, portanto, num sentido mais profundo, da própria vida. - Seio ou o seu representante simbólico (a mamadeira). - O seio bom é tomado para dentro (introjeção) e torna-se parte do ego e o bebê (que antes estava dentro da mãe) tem agora a mãe dentro de si. - M. Klein considera que uma forte ansiedade persecutória é suscitada pelo nascimento (experiências desagradáveis do bebê) – em relação ao sentimento de segurança dentro do útero materno. - As circunstâncias externas desempenham um papel vital na relação inicial com o seio. - Se o nascimento foi difícil (complicações como a falta de oxigênio) – há uma perturbação na adaptação ao mundo externo (dificuldade de experimentar novas fontes de gratificação). - Se a criança não é adequadamente alimentada e cercada de cuidados maternais (se a mãe é ansiosa ou tem dificuldades psicológicas com a amamentação) – influencia a capacidade do bebê de aceitar o leite com prazer e internalizar o seio bom. - A vida emocional do bebê apresenta uma constante luta entre: Pulsão de vida X Pulsão de morte Amor X Ódio Seio bom X Seio mau - Portanto, a vida emocional arcaica caracteriza-se por uma sensação de perda e recuperação do objeto bom. - A capacidade tanto para o amor quanto para impulsos destrutivos é constitucional. - O seio não é simplesmente o objeto físico, não apenas a nutrição real, mas também representa os desejos instintivos e as fantasias inconscientes. - De acordo com M. Klein, o seio bom é o protótipo da “bondade” materna, da paciência, generosidade e confiança (tem raízes na oralidade). DISTINÇÃO ENTRE INVEJA, CIÚME E VORACIDADE - INVEJA: é o sentimento raivoso de que outra pessoa desfruta algo desejável. - Pressupõe a relação do indivíduo com uma só pessoa (sendo a primeira relação com a mãe). -A inveja está intimamente ligada à projeção. - CIÚME: é baseado na inveja, mas envolve a relação com pelo menos duas pessoas. - o amor que o indivíduo sente como lhe sendo devido e que lhe foi tirado, ou está em perigo de sê-lo (rival). - VORACIDADE: é uma ânsia impetuosa e insaciável, que excede aquilo que o indivíduo necessita. - A voracidade está intimamente ligada à introjeção. - O primeiro objeto a ser invejado é o seio nutridor, pois o bebê sente que o seio possui tudo o que ele deseja e que tem um fluxo ilimitado de leite e amor que guarda para sua própria gratificação. - Quando o seio o priva – ele se torna mau. - O bebê não consegue dividir e separar o objeto bom do objeto mau (está sujeito a sentir-se confuso entre o que é bom e o que é mau) – o que gera um conflito. -Uma criança com uma forte capacidade de amor e gratidão tem uma relação profundamente enraizada como o objeto bom e pode suportar estados temporários de inveja, ódio e ressentimento sem ficar danificada. - Ou seja, o objeto bom é recuperado (essa é a base para a estabilidade de um ego forte). GRATIDÃO - É um dos principais derivados da capacidade de amar. - É essencial à construção da relação com o objeto bom (apreciação do que há de bom nos outros e em si mesmo). - Tem suas raízes nas emoções e atitudes que surgem no estágio mais inicial da infância, quando para o bebê a mãe é o único e exclusivo objeto. - Essa primeira ligação é a base para todas as relações subsequentes com uma pessoa amada. - Sentimento de unicidade com a outra pessoa – ser plenamente compreendido, o que é essencial para toda relação amorosa ou amizade felizes. - Se há a experiência frequente de ser alimentado sem que a satisfação seja perturbada, a introjeção do seio bom se dá com relativa segurança. - Uma gratificação plena ao seio significa que o bebê sente ter recebido do objeto amado uma dádiva especial que ele deseja guardar – essa é a base da GRATIDÃO. - A gratidão está intimamente ligada à confiança em figuras boas. - A gratidão também está ligada à generosidade - a riqueza interna deriva de o objeto bom ter sido assimilado e o indivíduo se torna capaz de compartilhar com os outros os dons do objeto (introjeção de um mundo externo mais amistoso). - A inveja intensa impede o desenvolvimento da gratidão – estraga e danifica o objeto bom, que é a fonte de vida. - O sentimento de haver danificado e destruído o objeto originário prejudica a confiança do indivíduo na sinceridade de suas relações subsequentes e o faz duvidar de estar capacitado para o amor e para o que é bom. - As alterações do caráter têm probabilidades de acontecer em pessoas que não estabeleceram firmemente seu primeiro objeto e que não são capazes de manter gratidão para com ele. - Nestescasos, ocorrem os mecanismos de cisão e desintegração, existindo um sentimento de destruição onipotente e a inveja. - Em todas as pessoas, a frustração e as circunstâncias infelizes despertam certa inveja e ódio no decorrer da vida, i que varia é a intensidade dessas emoções e a maneira como o indivíduo as enfrenta. - A integração do ego baseia-se em um objeto bom firmemente enraizado, que forma o núcleo do ego. - Certo momento de cisão também é essencial para a integração, por preservar o objeto bom e capacitar o ego a sintetizar os dois aspectos do objeto. - A inveja excessiva (expressão de impulsos destrutivos) interfere na cisão fundamental entre o seio bom e o seio mau, e a estruturação do objeto bom não pode ser suficientemente conseguida – mecanismos paranóides e esquizóides que formam a base da esquizofrenia. IDEALIZAÇÃO - A idealização é a necessidade de obter o melhor do objeto (indiscriminadamente), buscando a perfeição. - Algumas pessoas têm como característica a idealização de suas relações amorosas e de amizade. - A idealização ocorre no nível da paixão. - Essa idealização tende a desmoronar, uma vez que o objeto amado tem que ser constantemente trocado por outro, pois nenhum objeto preenche integralmente as expectativas (isso leva à instabilidade nos relacionamentos e à fraqueza do ego). - A consequência direta da inveja excessiva é o aparecimento da culpa. - Se a culpa for experimentada por um ego ainda não capaz de tolerá-la, ela é sentida como perseguição e o objeto que a desperta é sentido como um perseguidor. - Quando surge a posição depressiva, o ego mais integrado e fortalecido tem maior capacidade de suportar a dor da culpa e de desenvolver defesas correspondentes, principalmente a reparação. - A culpa leva à ansiedade persecutória, com suas defesas correspondentes (projeção e negação onipotente). - Uma das mais profundas fontes de culpa está sempre relacionada à inveja do seio nutridor e ao sentimento de haver estragado sua “bondade” por meio de ataques invejosos (destrutivos). - Há uma ligação direta entre a inveja vivenciada em relação ao seio da mãe e o desenvolvimento do ciúme. - No caso do bebê, o ciúme se baseia em suspeita e rivalidade com o pai, que é acusado de ter levado embora o seio materno e a mãe. - De acordo com M. Klein, a rivalidade marca os estágios iniciais do Complexo de Édipo (quarto a sexto mês de vida). - Desta forma, o ciúme é inerente à situação edipiana (ódio e desejos de morte). - O seio “bom” que nutre e inicia a relação de amor com a mãe é o representante da pulsão de vida. - Um bebê que tenha estabelecido com segurança o objeto bom pode igualmente encontrar compensação para perdas e privações na vida adulta. - M.Klein descreve a ansiedade como um ponto focal em sua técnica. - Considera que desde o início da vida a ansiedade está presente e que a primeira e principal função do ego é lidar com a ansiedade. - O ego está constantemente se protegendo da dor e da tensão que a ansiedade faz surgir e, portanto, faz uso de defesas desde o início da vida pós-natal (onipotência, negação e cisão). - O processo de cisão surge nos estágios mais iniciais do desenvolvimento. - Se a cisão é excessiva, faz parte integrante de traços paranóides e esquizóides, que podem ser a base da esquizofrenia. - No desenvolvimento normal, as tendências esquizoides e paranóides (posição esquizo-paranóide) são superadas pela posição depressiva e ocorre a integração do ego. A INVEJA NA VIDA COTIDIANA - Freud falou quase que exclusivamente sobre um único tipo de inveja, que ele chamou de “inveja do pênis”. - O significado da inveja foi mais amplamente discutido por M. Klein. - O ciúme – envolve um relacionamento entre 3 pessoas. - Sente-se ciúme porque alguém a quem se ama, ou a quem se está ligado, pode demonstrar mais interesse ou afeição por outra pessoa. - A inveja – envolve basicamente 2 pessoas. - Inveja-se o que a outra pessoa possui, ou suas capacidades, conquistas ou qualidades pessoais. - A inveja está ligada à voracidade (a pessoa que é voraz quer obter algo). - A pessoa invejosa não está interessada em obter algo para si própria e usufruir isso, mas em tirar algo da outra pessoa, de forma que se torne parte de si própria. - A inveja está presente na vida cotidiana: sentimentos de ressentimento por alguém que está à frente, ou por alguém que faz melhor. - Ocorrem a hostilidade, a rivalidade e a competitividade. - Quando a inveja é muito intensa – conduz a uma crítica incessante. - Muitas pessoas demonstram uma necessidade de obter o que a outra pessoa tem (equivalente ou melhor). - Uma pessoa verdadeiramente invejosa não consegue suportar e encarar o sucesso e o prazer do outro. - Não consegue tolerar que algo de bom lhe seja dado por outra pessoa, não pode usufruir, não reconhece seu valor e será incapaz de experimentar e expressar gratidão (portanto, sua capacidade de amar sofre graves interferências). - Uma pessoa muito invejosa dificilmente consegue tolerar escutar o que outra pessoa tem a dizer e tenta parar a conversa, tomando conta do assunto (não consegue tolerar ouvir coisas divertidas, experiências e pensamentos interessantes que venham de outra pessoa). - A inveja impede que o indivíduo construa relacionamentos bons, calorosos e confiáveis. Portanto todo o seu mundo interno (e seu caráter) será influenciado e o sujeito se sentirá inseguro. - A insegurança incrementa a inveja (círculo vicioso). - A pessoa muito invejosa sentirá seu mundo hostil e se tornará mais paranóide ou desconfiada em suas atitudes e em relação às pessoas, de modo que seu mundo torna-se desagradável para si própria e para os outros (elas têm muito pouco prazer real na vida). KLEIN. M. “Amor, culpa e reparação”. Rio de Janeiro: Imago, 1996, Vol. I. Cap. 20 - “O luto e suas relações com os estados maníaco-depressivos” (1940). (p. 385 - 412) - M. Klein se reporta ao trabalho de Freud em sua obra “Luto e Melancolia” – que afirma que uma parte essencial do trabalho do luto é o teste da realidade (durante o luto é preciso tempo para elaborar a perda; quando esse trabalho é concluído, o ego consegue libertar sua libido do objeto perdido). - Segundo a autora, há uma íntima ligação entre o teste da realidade no luto normal e os processos arcaicos da mente. - Portanto, M. Klein afirma que a criança passa por estados mentais comparáveis ao luto do adulto, ou seja, o luto arcaico é revivido sempre que se sente algum pesar na vida ulterior. - O teste da realidade é o método mais importante que a criança emprega para superar seus estados de luto. - A Posição depressiva surge do medo de perder os objetos amados. - Durante o luto, o indivíduo passa por um estado maníaco-depressivo modificado e transitório, vencendo-o depois de algum tempo – assim ele repete os processos que a criança normalmente atravessa no seu desenvolvimento inicial. - O maior perigo que o indivíduo corre durante o luto é o desvio de seu ódio para a própria pessoa que ele acaba de perder. - O indivíduo de luto obtém um grande alívio ao recordar a bondade e as boas qualidades da pessoa que acaba de perder. Isso se deve em parte ao conforto que sente ao manter seu objeto amado temporariamente idealizado. - Quando o sofrimento é vivido ao máximo e o desespero atinge seu auge, o indivíduo de luto vive novamente seu amor pelo objeto. Ele sente com mais força que a vida continuará por dentro e por fora e que o objeto amado perdido pode ser preservado em seu interior. - Nesse estágio as experiências dolorosas de todos os tipos estimulam as sublimações e despertam novas habilidades nas pessoas, que iniciam outras atividades produtivas. - Qualquer dor trazida por experiências infelizes seja de qualquer natureza, em algo em comum como luto. - Todo avanço no processo do luto resulta num aprofundamento da relação do sujeito com seus objetos internos, na felicidade de reconquistá-los depois que eles foram considerados perdidos. - De forma semelhante, à medida que a criança constrói gradualmente sua relação com os objetos externos, ela ganha confiança não só por meio das experiências agradáveis, mas também pela forma como supera frustrações e experiências dolorosas. - No luto normal o indivíduo reintrojeta e restaura não só a pessoa que perdeu, mas também os objetos bons que foram internalizados, o que caracteriza o trabalho de luto bem sucedido. KLEIN. M. “Inveja e Gratidão”. Rio de Janeiro: Imago, 1996, Vol. III Cap. 4 - “As origens da transferência” (1952). (p. 70- 79) - A transferência opera ao longo de toda a vida e influencia todas as relações humanas. - E característica do procedimento psicanalítico, pois abre caminhos para dentro do inconsciente do paciente. - É uma ferramenta essencial no processo analítico. - Seu passado, suas experiências, suas relações de objeto e emoções vão sendo gradualmente revividos no processo terapêutico. -De acordo com M. Klein, quanto mais profundamente conseguirmos penetrar dentro do inconsciente e quanto mais longe no passado pudermos levar a análise, maior será nossa compreensão da transferência. - A transferência é como uma estrutura na qual algo está sempre acontecendo, onde há sempre movimento e atividade. - É importante observar como as relações do paciente com seus objetos originais são transferidos para a figura do analista. - M. Klein fala em “situações totais” – que são transferidas do passado para o presente, bem como suas emoções, defesas e relações objetais. - Situações totais – tudo o que o paciente traz para a relação – como o paciente transmite aspectos do seu mundo interior, desenvolvidos desde a infância. - No processo analítico, os relatos da vida cotidiana dão pistas para as ansiedades inconscientes estimuladas na situação transferencial. - As experiências às vezes não são ditas em palavras, mas podem ser apreendidas através dos sentimentos provocados em nós por meio de nossa contratransferência (sentimentos provocados no analista). - As ansiedades imediatas do paciente e a natureza de sua relação com figuras internas emergem na situação total revivida na transferência. ULHÔA, C.E.M. & FIGUEIREDO, LC. “A clínica kleiniana: estilo, técnica e ética”. In: “Melanie Klein, estilo e pensamento”. São Paulo: Escuta, 2004, (p. 171-188). - A partir de seus atendimentos com crianças e bebês, M. Klein pôde estender o campo da Psicanálise clínica. - Melanie Klein trouxe novas propostas clínicas, novas estratégias terapêuticas e um novo estilo de trabalho para o atendimento de crianças e adultos. - M. Klein comprovou que as brincadeiras das crianças, seus desenhos, seus jogos podem ser vistos e escutados exatamente como se escutam as associações livres dos pacientes adultos. - As interpretações, desde que formuladas de maneira compreensível e na linguagem da criança, produzem profundas alterações no psiquismo inconsciente, com significativos reflexos na vida emocional, intelectual e nas relações sociais das crianças. - Os fenômenos transferenciais também emergem nas crianças e são desenvolvidos de forma intensa e rápida. - A teoria kleiniana afirma que existem impulsos libidinosos e hostis (destrutivos) desde o início da vida de um ser humano. - A análise kleiniana é guiada pelas ansiedades e culpas do paciente e o analista deve saber captá-las. - M. Klein supõe que os conteúdos mais primitivos e as ansiedades mais arcaicas são projetadas sobre o analista. - O analista deve ser capaz de ir ao encontro dessas ansiedades, mobilizá-las e interpretá-las. - Outro aspecto importante no estilo de M. Klein é a suposição de que tudo o que realmente importa no processo analítico estará sendo trazido para a análise e trabalhado na forma da transferência (reedição das experiências e padrões de relacionamento com objetos externos e internos). - Tudo o que o paciente diz, tudo o que relata, suas brincadeiras, seus desenhos, os sonhos que conta ao analista, seus comentários e associações ocorrem no nível da transferência. - Na clínica kleiniana, o trabalho analítico focaliza a situação transferencial e as respostas contratransferenciais do analista. - O analista deve saber identificar os elementos da voracidade, da inveja, do ciúme e do ódio, presentes em transferências negativas (destrutividade do paciente). - De acordo com a análise kleiniana, a cura se dá por meio da capacidade do paciente de suportar a frustração decorrente dos limites, das perdas e das separações, sem recorrer aos mecanismos esquizo-paranóides e às defesas maníacas (ego suficientemente forte para lidar com os impulsos destrutivos). - Para que o ego possa se fortalecer é preciso que ele tenha sido capaz de internalizar e proteger o objeto bom (vínculo parental). RESUMO MELANIE KLEIN - Conceito de POSIÇÃO – estado mental que se alterna durante a vida. POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE (primeiros 3 meses de vida) - ansiedade persecutória - cisão - introjeção / projeção - identificação projetiva POSIÇÃO DEPRESSIVA (após os 3 meses de vida) - ansiedade depressiva - culpa - dano - reparação POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE: Divide sente-se perseguido (cisão) (perseguição) OBJETO BOM X OBJETO MAU (perseguidor) Frustração (o bebê se dá conta da sua diferenciação do outro) - Ansiedade persecutória: iminência de ameaça do eu (perigos sentidos como ameaçadores para o ego) - Defesa: cisão (divisão do objeto, emoções) SEIO BOM X SEIO MAU - Mecanismo onipotente. - Projeção: colocar dentro do outro partes nossas (identificação projetiva) - Relação de objeto: parcial (uma experiência emocional é vivida como boa ou má). POSIÇÃO DEPRESSIVA: - Ansiedade depressiva: acrescenta a ameaça de perigo para o objeto amado (principalmente através da agressividade). - Impulsos destrutivos, agressivos, hostis. - Defesas: negação reparação (quer restaurar o objeto) (dano – culpa - reparo) - Relação de objeto: total (integração da relação de objeto – bom e mau) – portanto, integração do ego. �PAGE � �PAGE �44�
Compartilhar