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Finanças Públicas Aula Externalidades Carlos Eugênio da Costa EPGE Outubro de 2016 C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 1 / 48 Teoremas de Bem-estar O primeiro teorema essencialmente diz que todo equilíbrio competitivo é eficiente. (essencialmente sem muita qualificação) O segundo teorema oferece um reverso parcial. Toda alocação eficiente pode ser realizada como um equilíbrio após pagamento de impostos lump sum e transferências apropriadas. (com algumas importantes qualificações) C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 2 / 48 Falhas de Mercado Não são observados os pressupostos do 1o. teorema de bem-estar quando há: Externalidades Bens Públicos Assimetria de Informação Mercados não concorrenciais (Não-convexidades) C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 3 / 48 Existência de falhas de mercado não garante um papel para o governo: gov. pode estar sujeito às mesmas restrições que os agentes privados; poder de coerção: gov. é capaz de implementar alocações que não seriam possíveis simplesmente se deixadas às forças de mercado. ‘Unanimidade’? Somente garantida se não houver várias intervenções alternativas. Ordenamento de Pareto é bastante incompleto (em particular, ser eficiente no sentido de Pareto não significa dominar no sentido de Pareto) C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 4 / 48 Existência de falhas de mercado não garante um papel para o governo: gov. pode estar sujeito às mesmas restrições que os agentes privados; poder de coerção: gov. é capaz de implementar alocações que não seriam possíveis simplesmente se deixadas às forças de mercado. ‘Unanimidade’? Somente garantida se não houver várias intervenções alternativas. Ordenamento de Pareto é bastante incompleto (em particular, ser eficiente no sentido de Pareto não significa dominar no sentido de Pareto) C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 4 / 48 Na demonstração do primeiro teorema usamos o fato de que a utilidade dos agentes não depende de variáveis escolhidas por outros e que o conjunto de possibilidade de produção das firmas não depende de variáveis escolhidas por outras firmas. O que acontece se abandonamos essas hipóteses? C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 5 / 48 Externalidades: Definições Definição Existe externalidade quando as ações de um agente afetam diretamente as possibilidades de escolha (e.g., conjunto de consumo, conjunto de possibilidades de produção) e/ou o bem-estar de outro agente. Definição Uma externalidade está presente sempre que o bem-estar econômico de um agente (utilidade ou lucro) inclui variáveis cujos valores são escolhidos por outros agentes sem atenção particular sobre os efeitos no bem-estar dos agentes que eles afetam. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 6 / 48 Externalidades: Definições Definição Existe externalidade quando as ações de um agente afetam diretamente as possibilidades de escolha (e.g., conjunto de consumo, conjunto de possibilidades de produção) e/ou o bem-estar de outro agente. Definição Uma externalidade está presente sempre que o bem-estar econômico de um agente (utilidade ou lucro) inclui variáveis cujos valores são escolhidos por outros agentes sem atenção particular sobre os efeitos no bem-estar dos agentes que eles afetam. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 6 / 48 Externalidades: Definições Definição Existe externalidade quando as ações de um agente afetam diretamente as possibilidades de escolha (e.g., conjunto de consumo, conjunto de possibilidades de produção) e/ou o bem-estar de outro agente. Definição Uma externalidade está presente sempre que o bem-estar econômico de um agente (utilidade ou lucro) inclui variáveis cujos valores são escolhidos por outros agentes sem atenção particular sobre os efeitos no bem-estar dos agentes que eles afetam. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 6 / 48 É razoável definir externalidade fora de um contexto institucional? Definição Uma externalidade está presente sempre que não há incentivos suficientes para que um mercado de algum bem seja criado sendo que a não existência desse mercado faça com que o equilíbrio competitivo não seja ótimo no sentido de Pareto. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 7 / 48 Externalidades no Consumo Dois indivíduos com preferências representadas por U1 = U1 ( x11, x 1 2, x 2 1 ) e U2 = U2 ( x21, x 2 2, x 1 1 ) , onde xji i, j = 1, 2 é a quantidade de bem i consumida pelo agente j. Externalidade gerada pelo consumo do bem 1 Positiva se ∂xi1 Uj > 0 Negativa se ∂xi1 Uj < 0. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 8 / 48 Equilíbrio Competitivo Como definir equilíbrio competitivo nesse ambiente? Escolha individual max xj Uj ( xj, x−j1 ) s.a. p · xj ≤ p · x¯j tem por solução demanda excedente zj ( p,p · x¯j, x−j1 ) = xj ( p,p · x¯j, x−j1 ) − x¯j. Equilíbrio competitivo desta economia é ( p, z1, z2 ) tais que zj = zj ( p,p · x¯j, x−j1 ) , j = 1, 2 e z1 ( p,p · x¯1, x21 ) + z2 ( p,p · x¯2, x11 ) = 0. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 9 / 48 Problema de Pareto Alocações Pareto eficientes são as que resolvem maxU1 ( x1, x21 ) s.a. { U2 ( x2, x11 ) ≥ U¯2 x1 + x2 ≤ x¯1 + x¯2 No ótimo, ∂x12 U1 ( x1, x21 ) ∂x11 U1 ( x1, x21 ) + µ∂x11 U2 ( x2, x11 ) = µ∂x22U2 (x2, x11) µ∂x21 U2 ( x2, x11 ) + ∂x21 U1 ( x1, x21 ) que é diferente de ∂x12 U1 ( x1, x21 ) ∂x11 U1 ( x1, x21 ) = ∂x22U2 (x2, x11) ∂x21 U2 ( x2, x11 ) C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 10 / 48 Externalidades na Produção Duas firmas: 1) Na parte de baixo do rio: Yd = Fd ( Ld,Lu ) ; 2) Na parte superior do rio: Yu = Fu (Lu) . Firmas resolvem max Ld Fd ( Ld,Lu ) −wLd e max Lu Fu (Lu)−wLu O que dá ∂Fd ( Ld,Lu ) ∂Ld = w e ∂Fu (Lu) ∂Lu = w. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 11 / 48 Lucro total da economia é maximizado no ponto em que se resolve max Ld,Lu Fd (Ld,Lu) + Fu (Lu)−w [Ld + Lu] , o que dá ∂Fd (Ld,Lu) ∂Ld = w e ∂Fu (Lu) ∂Lu + ∂Fd (Ld,Lu) ∂Lu = w Sejam L∗d e Lˆd as quantidades ótimas e de equilíbrio produzidas pela firma a jusante. Podemos afirmar alguma coisa sobre L∗d R Lˆd? C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 12 / 48 Lucro total da economia é maximizado no ponto em que se resolve max Ld,Lu Fd (Ld,Lu) + Fu (Lu)−w [Ld + Lu] , o que dá ∂Fd (Ld,Lu) ∂Ld = w e ∂Fu (Lu) ∂Lu + ∂Fd (Ld,Lu) ∂Lu = w Sejam L∗d e Lˆd as quantidades ótimas e de equilíbrio produzidas pela firma a jusante. Podemos afirmar alguma coisa sobre L∗d R Lˆd? C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 12 / 48 Exemplos Tragédia da propriedade comum Congestionamentos Performance relativa (ou corrida de ratos) Externalidade de rede Mudanças Climáticas C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 13 / 48 Tragédia da Propriedade Comum Comunidade de pescadores situada à beira de um grande lago. Preço do peixe igual a 1. Pescadores: pescar ou trabalhar na indústria de turismo por salário w. Pescar: aluguel do barco, c, lhe garante pescar F (B) peixes. B é o número de barcos e F′ (B) < 0, (aumento no número de barcos reduz a quantidade de peixes que cada barco consegue pescar) Número de barcos de equilíbrio, B∗, dado por F (B∗)− c = w. Ótimo, social dado pela solução de max B B [F (B)− c−w] , o que dá F (Bo) + BoF′ (Bo)− c = w. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 14 / 48Tragédia da Propriedade Comum Comunidade de pescadores situada à beira de um grande lago. Preço do peixe igual a 1. Pescadores: pescar ou trabalhar na indústria de turismo por salário w. Pescar: aluguel do barco, c, lhe garante pescar F (B) peixes. B é o número de barcos e F′ (B) < 0, (aumento no número de barcos reduz a quantidade de peixes que cada barco consegue pescar) Número de barcos de equilíbrio, B∗, dado por F (B∗)− c = w. Ótimo, social dado pela solução de max B B [F (B)− c−w] , o que dá F (Bo) + BoF′ (Bo)− c = w. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 14 / 48 Tragédia da Propriedade Comum Comunidade de pescadores situada à beira de um grande lago. Preço do peixe igual a 1. Pescadores: pescar ou trabalhar na indústria de turismo por salário w. Pescar: aluguel do barco, c, lhe garante pescar F (B) peixes. B é o número de barcos e F′ (B) < 0, (aumento no número de barcos reduz a quantidade de peixes que cada barco consegue pescar) Número de barcos de equilíbrio, B∗, dado por F (B∗)− c = w. Ótimo, social dado pela solução de max B B [F (B)− c−w] , o que dá F (Bo) + BoF′ (Bo)− c = w. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 14 / 48 max n U ( n F(n+ n−i) n+ n−i , 1− n ) ∂xU (xi, 1− ni) { n−i N2 F(N) + n F′(N) N } − ∂lU (xi, 1− ni) = 0 ∂xU (xi, 1− ni) { F(N) N − n N [ F(N) N − F′(N) ]} − ∂lU (xi, 1− ni) = 0 F(N) N − n N [ F(N) N − F′(N) ] = ∂lU (xi, 1− ni) ∂xU (xi, 1− ni) Quando H→ ∞, n/N → 0, and F(N) N = ∂lU (xi, 1− ni) ∂xU (xi, 1− ni) C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 15 / 48 Planner max∑ i U(xi, 1− ni) ∑ i xi = F ( ∑ i ni ) ∂lU (xi, 1− ni) ∂xU (xi, 1− ni) = F ′ (N) C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 16 / 48 Suponha agora um regime em que a produção total da sociedade é dividida entre os agentes ao fim do dia. max n U ( F(n+ n−i) H , 1− n ) No equilíbrio temos F′(N) H = ∂lU (xi, 1− ni) ∂xU (xi, 1− ni) C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 17 / 48 Congestionamentos cidade com duas alternativas distintas de transporte. Trem: independentemente da quantidade de freqüentadores, leva 40 minutos para percorrer dos subúrbios, onde moram as pessoas, até o centro, onde elas trabalham. Carro: tempo para fazer o percurso de carro dado por t = F (n) , onde n é a proporção de indivíduos que vão para o trabalho de carro. Em equilíbrio F (n∗) = 40 minutos. Para a sociedade, o deperdício mínimo de tempo no trânsito se dá quando nF (n) + 40 (1− n) é minimizado, o que dá F (no) + noF′ (no) = 40. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 18 / 48 Congestionamentos cidade com duas alternativas distintas de transporte. Trem: independentemente da quantidade de freqüentadores, leva 40 minutos para percorrer dos subúrbios, onde moram as pessoas, até o centro, onde elas trabalham. Carro: tempo para fazer o percurso de carro dado por t = F (n) , onde n é a proporção de indivíduos que vão para o trabalho de carro. Em equilíbrio F (n∗) = 40 minutos. Para a sociedade, o deperdício mínimo de tempo no trânsito se dá quando nF (n) + 40 (1− n) é minimizado, o que dá F (no) + noF′ (no) = 40. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 18 / 48 Performance Relativa Por que o doping deve ser (normativo) proibido nos esportes? O uso de esteróides nos esportes gera um tipo de externalidade relacionado à performance relativa. Corrida de 100 metros rasos. Que importa o tempo absoluto? Se todos corressem abaixo de 9s (em vez de 10s) ninguém se importaria com um corredor que fizesse os 100 metros em 9.58s. O que importa, não é o quão rápido alguém corre, mas se ele (ou ela) detém o recorde mundial. Ao correr muito rápido eu obrigo os demais corredores a se esforçarem ainda mais exercendo uma externalidade negativa. Quando alguém usa anabolizante não é somente a si que está afetando, mas também aos atletas com quem compete. Princípio é mais geral, e é comumente utilizado para dizer que, em uma sociedade em que o status (definido como sua posição no ’ranking’ da sociedade) importa, as pessoas se esforçam além do socialmente ótimo. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 19 / 48 Externalidades de Rede A economia do QWERTY. Externalidades de rede ocorrem quando o valor de um produto depende da quantidade de pessoas que o usam. O problema pode surgir quando estas externalidades levam à adoção de um padrão inferior. Exemplo: Teclado QWERTY Windows vs OS X? Linguas C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 20 / 48 Implementando o Ótimo Internalização Teorema de Coase Licenças. Tributos piguvianos C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 21 / 48 Internalização Lucro total da economia é maximizado no ponto em que se resolve max Ld,Lu Fd (Ld,Lu) + Fu (Lu)−w [Ld + Lu] , Por que uma firma não compra a outra e internaliza? Problemas: Poder de mercado, verticalização, etc. Extenalidades no consumo??? C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 22 / 48 Internalização max Ld,Lu { Fd ( Ld,Lu ) + Fu (Lu)−w [ Ld + Lu ]} ≥ max Ld { Fd ( Ld, Lˆu (w) ) −wLd } +max Lu Fu (Lu)−wLu, em que Lˆu (w) ≡ argmax Lu Fu (Lu)−wLu. Logo, se a firma comprasse pelo valor relativo à maximização dos problema individuais condeguiria ter um lucro maior. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 23 / 48 Teorema de Coase Theorem Em uma economia competitiva com informação completa e sem custos de transação a alocação de recursos i) será eficiente e invariante com relação às regras de distribuição dos direitos. Eficiência e Invariância Hipóteses: informação completa; ausência de custos de transação C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 24 / 48 Teorema de Coase Theorem Em uma economia competitiva com informação completa e sem custos de transação a alocação de recursos i) será eficiente e invariante com relação às regras de distribuição dos direitos. Eficiência e Invariância Hipóteses: informação completa; ausência de custos de transação C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 24 / 48 Licenças Rio tem dois afluentes. Afluente à esquerda firma com y1 = f (x2) . No outro afluente: indivíduo com preferências representadas por u ( xc1, x c 2 ) e dotação incial (x¯1, x¯2) . A jusante da confluência uma fábrica produz bem 2 com tecnologia y2 = g ( x1, y1, xc1 ) . C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 25 / 48 Equilíbrio competitivo dessa economia: Problema do Consumidor (xc1(p), x c 2(p)) ∈ { argmax u(xc1, x c 2) s.a. xc1 + px c 2 ≤ x¯1 + x¯2 + pi1(p) + pi2(p) Problema das Firmas x2(p) ≡ argmax f (x2)− px2 pi1(p) ≡ max f (x2)− px2 x1(p) ≡ argmax pg(x1, y1, xc1)− x1 pi2(p) ≡ max pg(x1, y1, xc1)− x1 Market Clearing xc1(p) + x1(p) ≤ x¯1 + f (x2(p)) xc2(p) + x2(p) ≤ x¯2 + g(x1(p), f (x2(p)), xc1(p)) C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 26 / 48 Alocação eficiente dessa economia é a solução de maxu (xc1, x c 2) sujeito a xc1 + x1 ≤ x¯1 + y1, [ λ1 ] xc2 + x2 ≤ x¯2 + y2, [ λ2 ] y1 ≤ f (x2) , [ λ3 ] y2 ≤ g (x1, y1, xc1) . [ λ4 ] C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 27 / 48 Equilíbrio ∂u (xc1, x c 2) /∂x c 1 ∂u (xc1, x c 2) /∂x c 2 = 1 p = ∂g (x1, y1, xc1) ∂x1 = 1 f ′(x2) Ótimo ∂u (xc1, x c 2) /∂x c 1 ∂u (xc1, x c 2) /∂x c 2 = ∂g (x1, y1, xc1) ∂x1 − ∂g (x1, y1, x c 1) ∂xc1 , e ∂g (x1, y1, xc1) ∂x1 = 1 f ′ (x2) − ∂g (x1, y1, x c 1) ∂y1 . C Eugênio(EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 28 / 48 Sistema de Licenças Então, governo concede à firma a jusante o poder de vender ‘direitos de poluição’. Para consumir o bem 1, consumidor tem que pagar à firma um valor r por unidade consumida. Para cada unidade produzida, firma no afluente esquerdo tem que pagar um direito de poluição no valor de q. O problema do consumidor maxxc1,xc2 u (x c 1, x c 2) s.a. x c 1 (1+ r) + x c 2p ≤ x¯1 + px¯2 Problema da firma a montante max x2 (1− q) f (x2)− px2 Problema da firma a jusante max x1,y1,xc1 pg (x1, y1, xc1) + rx c 1 + qy1 − x1, C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 29 / 48 Sistema de Licenças Então, governo concede à firma a jusante o poder de vender ‘direitos de poluição’. Para consumir o bem 1, consumidor tem que pagar à firma um valor r por unidade consumida. Para cada unidade produzida, firma no afluente esquerdo tem que pagar um direito de poluição no valor de q. O problema do consumidor maxxc1,xc2 u (x c 1, x c 2) s.a. x c 1 (1+ r) + x c 2p ≤ x¯1 + px¯2 Problema da firma a montante max x2 (1− q) f (x2)− px2 Problema da firma a jusante max x1,y1,xc1 pg (x1, y1, xc1) + rx c 1 + qy1 − x1, C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 29 / 48 Sistema de Licenças Então, governo concede à firma a jusante o poder de vender ‘direitos de poluição’. Para consumir o bem 1, consumidor tem que pagar à firma um valor r por unidade consumida. Para cada unidade produzida, firma no afluente esquerdo tem que pagar um direito de poluição no valor de q. O problema do consumidor maxxc1,xc2 u (x c 1, x c 2) s.a. x c 1 (1+ r) + x c 2p ≤ x¯1 + px¯2 Problema da firma a montante max x2 (1− q) f (x2)− px2 Problema da firma a jusante max x1,y1,xc1 pg (x1, y1, xc1) + rx c 1 + qy1 − x1, C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 29 / 48 Esquema de licenças implementa o ótimo. Lógica: governo oferece àqueles que sofrem com a externalidade o direito de vender direitos de poluição mercado ’competitivo’ de direitos de poluição levam a solução eficiente Na prática: nem sempre é possível identificar todos quem sofrem a externalidade hipótese de mercado competitivo não parece razoável com somente uma firma dona dos direitos de vender licença C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 30 / 48 Esquema de licenças implementa o ótimo. Lógica: governo oferece àqueles que sofrem com a externalidade o direito de vender direitos de poluição mercado ’competitivo’ de direitos de poluição levam a solução eficiente Na prática: nem sempre é possível identificar todos quem sofrem a externalidade hipótese de mercado competitivo não parece razoável com somente uma firma dona dos direitos de vender licença C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 30 / 48 Tributos Piguvianos Suponha que em vez de dar os direitos o governo instituisse tributos sobre o consumo do bem 1, τc1 , e sobre a produção deste bem τ y 1 tais que τc1 = r e τ y 1 = q, tais quais definidos no equilíbrio anterior. Então implementaríamos o ótimo Problema: governo tem que conhecer os detalhes da economia C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 31 / 48 Regular preços ou quantidades? Nos exemplos anteriores, tanto faz. Vamos considerar exemplos com: Firmas heterogêneas Custos incertos C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 32 / 48 Redução da Poluição O nível de poluição pode ser reduzido em ρ unidades a um custo C (ρ) gerando um benefício social de B (ρ) . benefício privado para o poluidor é 0. No ótimo, devemos ter C′ (ρˆ) = B′ (ρˆ), C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 33 / 48 O planejador pode induzir uma redução na externalidade por meio de um subsídio, τ, por unidade de redução no poluente ρ. O ótimo pode ser implementado pela escolha de τ tal que C′ (ρˆ) = τ. O planejador pode, porém, implementar a mesma solução por meio da fixação direta da quantidade ρˆ. Qual dos dois (preço ou quantidade) é melhor? C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 34 / 48 economistas mais liberais tendem a preferir τ e mais reguladores, ρˆ no entanto, os dois sistemas são equivalentes A distinção se torna relevante quando: incerteza múltiplas e heterogêneas tecnologias C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 35 / 48 Incerteza Assim, introduziremos incerteza no problema considerando um exemplo devido a Weitzman (1974). A firma resolve min ρ −τρ+ C (ρ) . O custo é C (ρ, θ) e o benefício, B (ρ, η), θ e η são variáveis aleatórias com distribuições conhecidas. A política deve ser decidida antes da realização dessas variáveis aleatórias. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 36 / 48 Se o regulador escolher ρˆ, este deverá resolver, ρˆ ∈ argmax ρ E [B (ρ, η)− C (ρ, θ)] , o que, nos dá E [ ∂ρB (ρˆ, η) ] = E [ ∂ρC (ρˆ, θ) ] . C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 37 / 48 Política alternativa: tributar as emissões (ou subsidiar sua redução). A escolha de redução das emissões é feita pela firma após a revelação da incerteza. Ou seja, a quantidade de emissão definida pela firma em função de τ e condicional à realização da variável aleatória θ é r (θ, τ) = argmin ρ {C (ρ, θ)− τρ} que tem por condição de primeira ordem, ∂ρC (ρ, θ) = τ. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 38 / 48 A escolha ótima de τ por parte do governo deve ser tal que τˆ ∈ argmax τ E [B (r (θ, τ) , η)− C (r (θ, τ) , θ)] , ou seja, E [ ∂ρB (r (θ, τˆ) , η) ∂τr (θ, τˆ) ] = E [ ∂ρC (r (θ, τˆ) , θ) ∂τr (θ, τˆ) ] . C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 39 / 48 Usando, ∂ρC (ρ, θ) = τ, temos E [ ∂ρB (r (θ, τˆ) , η) ∂τr (θ, τˆ) ] = τˆE [∂τr (θ, τˆ)] , ou τˆ = E [ ∂ρB (r (θ, τˆ) , η) ∂τr (θ, τˆ) ] E [∂τr (θ, τˆ)] . Note que o custo marginal realizado é igualado a E [ ∂ρB (r (θ, τˆ) , η) ] + cov ( ∂ρB (r (θ, τˆ) , η) , ∂τr (θ, τˆ) ) E [∂τr (θ, τˆ)] . C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 40 / 48 Consideremos o caso especial em que não há incerteza quanto ao benefício, i.e., B (ρ, η) = B (ρ). Neste caso, os gráficos seguintes são ilustrativos das questões relevantes: C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 41 / 48 Qual das duas é melhor? Em geral, não é possível afirmar com certeza, ainda que se possa fazer alguma dicussão sobre quais são os fatores que determinam a superioridade de um sistema sobre outro. Note que no caso de regulação via preço, o nível de redução da externalidade só vai ser sabido após a redução da externalidade. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 42 / 48 Heterogeneidade Suponha agora duas firmas, A e B com custos marginais de redução dados por CAρ = 2ρ e CBρ = max{ρ− 50; 0} O benefício marginal privado é igual a 0 O benefício marginal social é suposto constante e igual a 100. O ótimo social ocorre no ponto em que o custo marginal agregado é igual ao benefício marginal social. Calculemos então este custo marginal CTρ C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 43 / 48 Para ρ > 50 C(ρ) = min ρB { (ρ− ρB)2 + 12ρ 2 B − 50ρB } Usando envelope, temos C′(ρ) = 2 (ρ− ρB) . Por outro lado, a condição de primeira ordem é 2 (ρ− ρB) = ρB − 50 que nos dá ρB = 2ρ+ 50 3 . C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 44 / 48 Portanto, C′(ρ) = 2 ( ρ− 2ρ+ 50 3 ) = 2 3 ρ− 100 3 O custo marginal global de redução é, portanto, CTρ = max { 2 3ρ− 50; 0 } Se o benefício marginal é constante, B′(ρ) = 100, temos, então, no ótimo2 3 ρ− 100 3 = 100⇒ ρ = 200 C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 45 / 48 O ótimo corresponde a uma redução total de 200. Quantidade: No entanto, uma regulação que exija que cada firma reduza em 100 unidades a poluição, terá uma das firmas com custo marginal igual a 200 e a outra com custo marginal de 50. Preço: Por outro lado, um subsidio de 100 por unidade de poluição reduzida, induziria a firma B a escolher uma redução de 150 e a firma A uma redução de 50, o que é o socialmente ótimo. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 46 / 48 Regulação por meio de preços é mais interessante do que regulação por quantidade quando há heterogeneidade entre as firmas pois isso lhes dá flexibilidade para escolher o nível eficiente. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 47 / 48 Regulação via quantidade com mercado de permissões Uma forma alternativa de lidar com a heterogeneidade é fixar uma quantidade global, dividir as permissões entre as firmas, e permitir que elas comprem e vendam permissões umas das outras. C Eugênio (EPGE-FGV) Finanças Públicas Outubro de 2016 48 / 48 Introdução
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