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José Lins do Rego

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RESUMO
	José Lins do Rego foi um escritor brasileiro que ao lado de outros escritores, figura como um dos romancistas regionalistas mais prestigiosos da literatura nacional. Nascido na Paraíba, legou de seus antepassados senhores de engenho, a riqueza do engenho de açúcar que lhe ocupou toda a infância. Seu contato com o mundo real do Nordeste lhe deu a oportunidade e conteúdo para relatar suas experiencias através das personagens de seus primeiros romances. 
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INTRODUÇÃO
É atribuído a José Lins do Rego a invenção de um novo romance moderno brasileiro. O conjunto de sua obra é um marco histórico na literatura regionalista por representar o declínio do Nordeste canavieiro. Alguns críticos acreditam que o autor ajudou a construir uma nova forma de escrever fundada na "obtenção de um ritmo oral", que foi tornada possível pela liberdade conquistada e praticada pelos modernistas de 1922. 
Ao contar a história de sua terra, segundo o crítico Peregrino Júnior, José Lins do Rego nos apresenta um “documentário autêntico de toda a vida do Nordeste: o mandonismo dos coronéis, o conflito entre os patriarcas rurais e os jovens bacharéis fracassados, a luta da indústria (usinas) contra o ‘atraso feudal’ (engenhos)”; de acordo com o crítico, “o drama do fanatismo popular, as tropelias heroicas dos bandoleiros soltos a fazer justiça com as próprias mãos, as intrigas miúdas da política municipal”, isso tudo o escritor mostra poeticamente, de forma dolorosa, como a vida de toda a gente dos engenhos, canaviais e das casas-grandes do Nordeste.
Num misto de ficção e lembranças de sua vida de menino, o escritor retrata, no conjunto de sua obra, a vida nordestina na visão de quem participou ativamente dela, num período de grandes transformações de natureza econômica e social, resultado da decadência do engenho que começava a ser substituído pela usina moderna. Isso numa linguagem regionalista, popular e fluida.
	
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BIOGRAFIA DO AUTOR
Na história da moderna literatura brasileira a obra de José Lins do rego representa uma época, uma corrente de pensamento dentro da atividade criadora na ficção. Confluíram em seus livros caminhos de diversas origens, raízes no solo e outras de mais longa viagem subterrânea, as primeiras de contemporâneas em tentativas recentes e as segundas de nomes mais antigos na história do romance brasileiro. 
Mas o menino José – José Lins do Rego Cavalcanti – nascido aos 3 de julho de 1901, no engenho Corredor, município de Pilar, Paraíba, já trazia consigo outras raízes que iria acrescentar a essas heranças. Raízes de João do Rego Cavalcanti e Amélia Lins Cavalcanti, seus pais, passando de geração em geração por outros homens e mulheres sempre ligados ao mundo rural do Nordeste açucareiro. E essas, afinal, foram as predominantes em sua obra, que reflete todo esse mundo do patriarcalismo rural, reconstituído pelo escritor sem receio de confessar que ele participara como seu direto beneficiário. 
José Lins do Rego foi considerado por muitos o signo da memória e imaginação, ou do regionalismo. Em sua infância livre do menino de engenho, título de seu primeiro livro, marca a etapa inicial, no adulto dessa procura das raízes perdidas no tempo, dessa reconstituição do mundo em contínua fuga. Foi breve, por sinal, a liberdade de infância, logo sofreada com as primeiras letras o Instituto Nossa Senhora do Carmo, em Itabaiana, e a seguir, em 1912, com os estudos ginasiais no Colégio Diocesano Pio X, na capital do estado, onde também começaram a revelar-se seus pendores literários, seus gostos iniciais de leitor. É de 1916, por exemplo, o primeiro contato com “O Ateneu”, Raul Pompéia, obra por sinal que deve ter tido em seu espírito profunda repercussão dada a natureza do tema que aborda. Em 1918, aos 17 anos, portanto, José Lins do Rego trava conhecimento com Machado de Assis, através do “ Dom Casmurro” e publica seu primeiro artigo, tendo como tema Rui Barbosa. Nesse mesmo ano faz amizade com Olívio Montenegro que lhe revela as obras de Rousseau e Stendhal. Dois anos depois, matriculando-se na Faculdade de Direito do Recife, José Lins amplia seus contatos com meio literário pernambucano, tornando-se amigo de José Américo de Almeida, Osório Borba, Luís Delgado, Aníbal Fernandes e outros. Gilberto Freyre, voltando em 1923 de uma longa temporada de estudos universitários nos EUA, marcou uma nova fase de influências no espírito do autor, através das ideias novas que o mestre de “Casa-grande & senzala”, já então defendia sobre a formação social brasileira. Além disso, através desse convívio intelectual, ampliou-se o campo de leitura do futuro romancista, que passou a interessar-se também pelo vasto mundo da literatura inglesa. Em 1923 José Lins, após o semanário de crítica política e literária Dom Casmurro, fundado por Osório Borba, recebe o diploma de bacharel em Direito. 
Bacharel, com leitura intensa e sonhos acalentados de uma literatura própria, José Lins vai agora experimentar o Ministério Público. Em 1925 é nomeado promotor público em Manhuaçu, Minas Gerais, onde, entretanto não se demora, o jornalismo e a literatura já se haviam imposto em sua formação intelectual, e José Lins não se sentia adaptado aos deveres que o exercício profissional da justiça lhe impunha. Por essa época suas leituras favoritas eram Thomas Hardy e Marcel e Proust, a que se acrescentariam naturalmente alguns nomes novos do modernismo já vitorioso, embora ainda meio confinado ao ambiente paulistano. Desistindo afinal de fazer carreira na magistratura, Lins do Rego, transferiu-se em 1926 para capital de Alagoas, onde passa a exercer as funções de fiscal de bancos. Em Maceió, passa a fazer parte de um grupo, o grupo de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Aurélio Buarque de Holanda, Jorge de Lima, Valdemar Cavalcanti, Aloísio Branco, Carlos Paurflio e outros. E foi ainda em Maceió que Lins do Rego escreveu seu primeiro livro – Menino de engenho – chave de uma obra que se revelou de importância fundamental na história do moderno romance brasileiro.
O livro recebeu algumas críticas que de certa forma foi recebida como um presente do céu. Tinha razão o emotivo José Lins, muito embora o autor e critico nem de longe suspeitavam que de que ali começava a existir um grande romancista brasileiro. “ Bem examinadas as cousas”, dizia João Ribeiro a propósito de Menino de engenho, “este livro pungente é de uma realidade profunda.
Nada há que não seja o espelho do que se passa na sociedade rural e nas cidades do norte e sul do Brasil. É de todo o Brasil e um pouco de todo o mundo. “ Mas não ficou nisso a estreia feliz do novo romancista. Além das opiniões elogiosas da crítica, o livro mereceu também o prêmio de romance da Fundação Graça Aranha, o que consolidou sem dúvida a posição do estreante.
Que então se lança ao trabalho com maior entusiasmo e ímpeto criador, para oferecer no ano seguinte – 1933 – o segundo livro de “Ciclo da Cana-de-Açúcar” – Doidinho – que alguns críticos aproximaram do Ateneu, de Raul Pompéia, e que em verdade contém alguma cousa de autobiográfico, tanto quanto o continha o romance de estreia. Daí por diante sua obra não conheceu interrupções maiores. A partir do Banguê, em 1934 (romance que ainda foi escrito em Maceió), seus livros trazem então uma nova e definitiva chancela editorial – Livraria José Olympio Editora – casa com a qual, a partir daí o escritor se ligaria por laços de amizade profundos. No ano seguinte, 1935, já nomeado fiscal do imposto de consumo, José Lins do Rego transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a residir, publicando nesse mesmo ano Moleque Ricardo, penúltima parte do “Ciclo da Cana-de-Açúcar”, que ficará definitivamente encerrado com o aparecimento de Usina, em 1936.
No Rio, integrando-se plenamente no ambiente carioca, José Lins passou de novo a fazer Jornalismo, colaborando assiduamente em O Globo, Diários Associados e Jornal dos Sports. Desempenha cargos de direção no Clubede Regatas do Flamengo, na Confederação Brasileira de Desportos e no Conselho Nacional de Desportos. Revelou-se então, por essa época, a faceta esportiva de sua personalidade, sofrendo e vivendo as paixões desencadeadas pelo futebol, o esporte de sua predileção. Certa vez, por exemplo, escrevendo um autorretrato, dizia ele: “Vou ao futebol e sofro como um pobre diabo. Jogo tênis, pessimamente, e daria tudo para ver meu clube campeão de tudo. ” Pureza, primeiro romance isolado da obra cíclica, saiu em 1937, seguido nos anos imediatos de Pedra Bonita e Riacho Doce, surgindo pela primeira vez, em Pedra Bonita, o problema do fanatismo religioso no Nordeste. Em 1941, com Água Mãe, primeiro dos seus livros cujo cenário não é o Nordeste, e sim Cabo Frio, no Estado do Rio, onde exercia então o cargo de fiscal do imposto de consumo, José Lins obtinha o Prêmio Felipe d’Oliveira. Mas já em 1943 voltava ao romancista ao regionalismo nordestino, publicando o romance Fogo morto, onde surge talvez uma de suas maiores criações – O Capitão Vitorino – que alguns críticos compararam a um Quixote sertanejo dos nossos dias. Visitando no ano seguinte a Argentina e o Uruguai, em missão oficial, pronunciou nesses países várias conferências sobre literatura brasileira, abrindo então uma pausa, até 1947, em sua produção ficcionista. Não que sua atividade intelectual tenha conhecido o repouso completo, pois nesses anos de intervalo saem Gordos e magros, Pedro Américo, Conferências na Prata e Poesia e vida, crônicas e conferências que refletem sua permanente inquietação diante de qualquer estímulo exterior. E, quatro anos de pois de Fogo morto, sai então seu primeiro romance tendo o Rio de Janeiro como cenário – Eurídice – com que obteve, aliás, o Prêmio Fábio Prado de 1947. Já então consagrado como um dos nossos maiores romancistas, José Lins diz de si mesmo nessa época:
“Tenho quarenta e seis anos, moreno, cabelos pretos, com meia dúzia de fios brancos, um metro e 74 centímetros, casado, com três filhas e um genro, 86 quilos bem pesados, muita saúde e muito medo de morrer. Não gosto de trabalhar, não fumo, não durmo com muitos sonos, e já escrevi 11 romances. Se chove, tenho saudades do Sol, se faz calor, tenho saudades da chuva. Sou homem de paixões violentas. Temo os poderes de Deus, e fui devoto de Nossa Senhora da Conceição. Enfim, literato da cabeça aos pés, amigo de meus amigos e capaz de tudo se me pisarem nos calos. Perco então a cabeça e fico ridículo. Não sou mau pagador. Se tenho, pago, mas se não tenho, não pago, e não perco o sono por isso. Afinal de contas, sou um homem como os outros. E Deus queira que assim continue. ”
E assim continuou – felizmente para ele mesmo, para seus amigos e até para seus possíveis inimigos. Extrovertido, exuberante, incapaz de rancores, apaixonado, amando avida por ela mesma, interessando-se por tudo, tornando-se enfim um verdadeiro cronista do Rio, sobretudo nas suas conhecidas Conversas de Lotação, coluna que manteve durante vários anos no vespertino carioca O Globo. Três anos depois – 1950 – eis o nosso romancista em sua primeira viagem a Europa, visitando a França a convite do governo desse país, viagem que seria repetida em 1951, conhecendo Portugal, a Suécia, e Dinamarca, dessa vez integrando uma delegação esportiva brasileira. Ainda nesse ano, José Lins do Rego vai ao Peru, ainda como esportista, e em 1952 dá início à publicação em folhetim do seu último romance – Cangaceiros – que aparece em volume em 1953. Esse romance é sua despedida, o seu adeusa todo um mundo de ficção onde realidade e fantasia se cruzam e entrecruzam, mundo que resistirá pelo que encerra arte literária, documento e verdade humana. Mas as viagens também lhe serviram de estimulo, como se vê do volume Bota de sete léguas de 1952, e gregos e troianos, de 1957. Essas viagens, por sinal, repetiram-se com frequência nos últimos anos de sua vida, pois conheceu a Finlândia, em 1954, a Grécia, em 1955, retornando a esse país em 1956, quando fez então sua derradeira viagem pelo mundo conhecido. Em 1955, abrindo-lhe as portas, a Academia Brasileira de Letras elegeu José Lins do Rego para a cadeira nº25, substituindo Ataulfo de Paiva; recebendo-o oficialmente a 15 de dezembro do ano seguinte, após o seu regresso da Europa, já então com a saúde seriamente abalada. Nove meses mais tarde, a 12de dezembro de 1957, no Rio, fez José Lins do Rego Cavalcanti sua última viagem – a viagem final, para o mundo desconhecido. Mal completara os 56 anos de idade. Mas a obra que deixou sobretudo na área do romance, assegurou-lhe consagração insofismável, principalmente na linha dessa perspectiva. 
CONTEXTO HISTÓRICO 1930-1945
Houve muitos que consideraram um exagero o uso do termo revolução para designar o ocorrido em 1930. Na realidade, segundo esse ponto de vista, a chamada Revolução de 1930 nada mais teria sido senão um golpe que deslocou do poder de Estado um setor da oligarquia brasileira (oligarquia cafeeira), para dar lugar a outro setor dessa mesma oligarquia.
A Revolução de 1930 não foi importante para o nosso passado? 
Pelo contrário. A Revolução de 1930 foi decisiva para a mudança de rumos da história brasileira.
 Ao afastar do poder os fazendeiros do café, que o vinham controlando desde o governo de Prudente de Morais, em 1894, mudou o caminho para uma significativa reorientação da política econômica do país.
Tendo cortado o cordão umbilical que unia o café às decisões governamentais referentes ao conjunto da economia e da sociedade brasileiras, a Revolução ocasionou uma dinamização das atividades industriais. Até 1930, os impulsos industrialistas derivavam do desempenho das exportações agrícolas.
A partir de 1930, a indústria passa a ser o setor mais prestigiado da economia, concorrendo para importantes mudanças na estrutura da sociedade. Intensifica-se o fluxo migratório do campo para os centros urbanos mais industrializados, notadamente São Paulo e Rio de Janeiro, que, adicionado ao crescimento vegetativo da população, proporciona uma maior oferta de mão-de-obra e o aumento do consumo.
Significado da era Vargas:
Getúlio implantou no país um novo estilo político - O POPULISMO - e um modelo econômico baseado no intervencionismo estatal objetivando desenvolver um capitalismo industrial nacional (processo de substituição de importações).
Populismo é um fenômeno típico da América Latina, durante o séc. XX, no momento de transição para estruturas econômicas mais modernas. Ele significa "política de massas", ou seja, política que utiliza as massas como elemento fundamental nas regras do jogo.
Caracteriza-se pelo contato direto da liderança e o povo. Através dele, Getúlio lutou contra as oligarquias, manteve o povo sob controle assumindo uma imagem paternalista e consolidou a indústria dentro de um esquema intervencionista. Não se tratava de povo no governo, mas de manipulação do povo para benefício do próprio líder carismático e das elites possuidoras.
 O governo de Vargas divide-se em três momentos, sendo: 
O Governo Provisório -1930-1934 
O Governo Constitucional - 1934-1937 
O Estado Novo - 1937-1945
 Durante o Governo Provisório, o presidente Getúlio Vargas deu início ao processo de centralização do poder, eliminou os órgãos legislativos (federal, estadual e municipal), designando representantes do governo para assumir o controle dos estados, e obstruiu o conjunto de leis que regiam a nação. A oposição às ambições centralizadoras de Vargas concentrou-se em São Paulo, que de forma violenta começou uma “revolução” armada (este evento entrou para a história com o nome de Revolução Constitucionalista), exigindo a realização de eleições para a elaboração de uma Assembléia Constituinte. Apesar do desbaratamento do movimento, o presidente convocou eleições para a Constituinte e, em 1934, apresentou a nova Carta.
A nova Constituição sancionou o voto secreto e o voto feminino, além de conferir vários direitos aos trabalhadores, os quais existem até hoje.
Durante o Governo Constitucional, a altercaçãopolítica se deu em volta de dois ideários primordiais: o fascista (conjunto de ideias e preceitos político-sociais totalitários introduzidos na Itália por Mussolini), defendido pela Ação Integralista Brasileira, e o democrático, representado pela Aliança Nacional Libertadora, que contava com indivíduos partidários das reformas profundas da sociedade brasileira.
Getúlio Vargas, porém, cultivava uma política de centralização do poder e, após a experiência frustrada de golpe por parte da esquerda (a histórica Revolta Comunista de 35), ele suspendeu outra vez as liberdades constitucionais, fundando um regime ditatorial em 1937. Nesse mesmo ano, estabeleceu uma nova Constituição, influenciada pelo padrão fascista, que assegurava vastos poderes ao Presidente. A nova constituição acabava com o Legislativo e determinava a sujeição do Judiciário ao Executivo. Objetivando um domínio maior sobre o aparelho de Estado, Vargas instituiu o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que, além de fiscalizar os meios de comunicação, deveria espalhar uma imagem positiva do governo e, especialmente, do Presidente.
As polícias estaduais tiveram suas mordomias expandidas e, para apoderar-se do apoio da classe trabalhadora, Vargas concedeu-lhes direitos trabalhistas, tais como a regulamentação do trabalho noturno, do emprego de menores de idade e da mulher, fixou a jornada de trabalho em oito horas diárias de serviço e ampliou o direito à aposentadoria a todos os trabalhadores urbanos, apesar de conservar a atividade sindical nas mãos do governo federal. 
O Estado Novo implantou no Brasil a doutrina política de intervenção estatal sobre a economia e, ao mesmo tempo em que proporcionava estímulo à área rural, apadrinhava o crescimento industrial, ao aplicar fundos destinados à criação de infraestrutura industrial. Foi instituído, nesse espaço de tempo, o Ministério da Aeronáutica, o Conselho Nacional do Petróleo que, posteriormente, no ano de 1953, daria origem à Petrobrás, fundou-se a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco e a Fábrica Nacional de Motores (FNM), dentre outras. Publicaram o Código Penal, o Código de Processo Penal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), todos em vigor atualmente. Getúlio Vargas foi responsável também pelas concepções da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário mínimo, da estabilidade no emprego depois de dez anos de serviço - revogada em 1965 -, e pelo descanso semanal remunerado.
Até 1941, o Brasil manteve-se neutro na guerra com declarada simpatia pelos fascistas. Mais em 1942 a ajuda americana para construção da usina de Volta Redonda foi decisiva para que Vargas declarasse guerra ao EIXO. A contradição entre a política externa e a realidade interna do regime se torna patente forçando a abertura do regime. Essa abertura aconteceu em 1945 e surgiram partidos políticos como a UDN (burguesia financeira urbana ligada ao capital estrangeiro), o PSD (oligarquias agrárias), o PTB (criado por Vargas - massas operárias citadinas), o PCB (intelectualidade).E ao mesmo tempo, Getúlio adotava um discurso cada vez mais nacionalista e articulava o movimento QUEREMISTA, favorável a sua permanência nos cargo. Em 1945, o exército derrubou o presidente evitando o continuísmo. Mas não o fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à presidência pelo voto popular.
ANALISE DAS OBRAS LITERARIAS
Histórias da Velha Totônia
ANÁLISE DA OBRA:
 Personagens: Com excessão da história "O príncipe pequeno", o protagonismo é dividido entre um ser humano e um animal (que possue falas e ações como as do homem). Respectivamente os pesonagens são: o macaco Felisberto, o marceneiro Botelho, o rei e a princesa na história "O macaco mágico"; a princesa Maria, a cobra Labismínia, o rei, a rainha e o príncipe na história "A cobra que era uma princesa"; o príncipe, a princesa Guimarra, o rei dos gigantes, a rainha dos gigantes e o rei dos homens pequenos na história "O príncipe pequeno"; a princesa Maria (que mais tarde se tornaria o sargento verde), seu pretendente Guilherme, Nossa Senhora, o cavalo magro, o rei, a rainha e a princesa resgatada do fundo do mar na história "O Sargento Verde".
 Narrador: Narrador observador, que revela os fatos que consegue observar (onisciente) e conta a história em terceira pessoa. Funciona como "Deus" na história, pois sabe dos pensamentos das personagens. 
Tempo: O tempo é cronológico, ou seja, é narrado uma sucessão de acontecimentos, com poucas voltas ao passado por parte das personagens. As histórias possuem características medievais europeias, como por exemplo: carruagens, castelos, reis, vestimentas, e vários outros aspectos que retratam esse momento histórico. 
Enredo: As histórias possuem enredos semelhantes: o bem sempre vence o mal passando uma boa lição para os leitores, onde os protagonistas lutam a história inteira em busca de um objetivo e, no final, alcançam o que desejam com ajuda de outros personagens.
 Espaço: O espaço físico das narrativas são: florestas, castelos e praias. Todos cenários possuem características medievais europeias e algumas personagens chegam a citar países da Europa, como por exemplo França, Áustria e Inglaterra que são citadas pelo rei na história "A princesa que era cobra".
RESUMO DA OBRA:
O livro de José Lins do Rego foi escrito em 1936 e é o único livro de histórias infantis do autor. José Lins dedicou seu livro infantil para suas filhas, mas também para "os meninos do Brasil" dizendo: "quisera que todos eles me ouvissem com a ansiedade e o prazer com que eu escutava a velha Totônia do meu engenho.
 Uma característica da escrita de José Lins é a memória. Todas as histórias que ele recriou em seus romances foram fruto de suas memórias de infância no engenho do avô. E é através das histórias desse livro que José Lins tenta compartilhar com as crianças o prazer que sentia sempre que esperava ansiosamente para ouvir a velha Totônia, "que era bem velha e bem magra", e que visitava o engenho e alegrava as crianças com suas histórias.
 Esse livro não deixa de ser também uma homenagem a todas as contadoras de histórias que alimentaram e alimentam a imaginação de milhares de crianças Brasil afora. Nas quatro histórias reunidas nesse livro (O macaco mágico, A cobra que era uma princesa, O príncipe pequeno, O Sargento Verde), está presente a temática tradicional dos contos de fadas, com a luta entre o bem e o mal, sendo que o bem sempre vence. Há também um pouco de magia, com personagens encantadas que vencerão porque são bons. 
É possível identificar traços de histórias da tradição europeia em cada uma das histórias, que aqui tem ambientação brasileira e são contadas numa linguagem coloquial, cheia de regionalismos, característica da escrita de José Lins. A edição conta também com ilustrações de Tomás Santa Rosa, que ilustrou a primeira edição dos seus livros. Todas as histórias do livro possuem um ensinamento, seja ele de bondade, gratidão, humildade, e vários outros valores que servem de exemplo para todas as crianças. 
Pedra bonita
ANALISE:
Personagens: 
ANTÔNIO BENTO " Personagem central. Viera de Pedra Bonita trazido por sua mãe e entregue ao Padre Amâncio. Cresceu na casa do Padre. Tocava o sino. Não gostava de D. Eufrásia. Tinha dezoito anos, era magro, franzino. De certa forma foi transformado por Deoclécio, após ouvir-lhe tantas histórias. Gostava muito do padre. Toma uma decisão muito importante quando é enviado pelo padre para buscar um confessionário: no caminho prefere ir avisar ao pessoal da Pedra que a mesma seria invadida pelas tropas do Governo.
PADRE AMÂNCIO " Homem bom, sem ambição, 50 anos, mas parecia um velho, mantinha sua igreja com dignidade precisa. Cara séria, de ar beatífico. Era um padre santo. As mãos, a pele, a cara, tudo queimado, tudo encardido, como se ele fosse um trabalhador de eito.
BENTO VIEIRA " Pai de Antônio Bento, alto e magro,de barba rala, deixada ao tempo, de olhar duro de gavião, e calado, furiosamente calado, como se o uso da palavra o constrangesse. Desde moço, parecia um velho, um doente. Queria só o que desse para comer e vestir.
JOSEFINA " Mãe de Antônio Bento. Mulher forte, destemida, era do mesmo sangue de seu marido. Tinha um amor especial por Antônio Bento. Sofre com as intempéries da vida e com as consequências das ações do filho Aparício, que era cangaceiro. No segundo filho os peitos caíram. A cor se fora, a pele pegara mancha, sumira-se toda a sua beleza, fora muito bonita, "pobre mãe consumida em vão" (p. 312).
APARICIO " Irmão de Antônio Bento, de comportamento um tanto agressivo, abandonava a fazenda, depois retornava. Cometeu um crime e entrou para o cangaço, sendo citado na obra com características de um homem comum. Tinha muito do avô que também fora cangaceiro.
DOMÍCIO " Outro irmão de Antônio Bento, com o qual se relacionava muito bem. Ensinou Antônio Bento a tocar os cantos da terra, se tornou chefe do povo na Pedra Bonita.
ZELADORA FRANCISCA DO MONTE " Era uma das beatas da igreja. Vivia na Igreja como dona de casa, mulher esquisita, com tosse seca, olheiras fundas. Tinha um chamego danado com um caixeiro-viajante do Recife.
SACRISTÃO LAURINDO " Pai de dez filhos, fizera a mulher parir até que o doutor de Camaru aleijara a pobre. Sua esposa era D. Auta, uma das beatas, chamada de burra-de-padre, que arrastava a perna.
CORONEL CLARIMUNDO " O prefeito do Açu. Possuía a mais importante casa da localidade. Não se dava com o major Evangelista. Falava superior a todos.
MAJOR EVANGELISTA " Não se dava bem com a filha, desde a morte da esposa. Criava pássaros em gaiola. Sofria horrores nas mãos da filha. Tinha bigodes compridos, não passava de um maluco, dando mais valor aos canários do que à família. Morre no decorrer do enredo, após entregar-se à bebida. Sua filha era D. FAUSTA, solteirona, odiava o pai e seus amigos, chegando a se passar por louca, tentando até seduzir Antônio Bento.
D. MARGARIDA " Tocava serafina. Sua voz se confundia com o som da serafina. Tinha voz horrível, maneira de se pentear, com os cabelos caindo em cachos naquela idade. O olhar não era simples, procurava algo, queria espreitar alguma coisa.
D. EUFRÁSIA " Irmã do Padre. De voz seca e autoritária, com uma fisionomia mais de homem que o padre Amâncio. Casada, vivia ela em Goiana com o marido, escrivão da terra. Vinha visitar o padre, organizando a igreja e os pertences do padre.
D. SENHORA " Esposa do juiz. Dentro dela havia qualquer coisa de esquisito. Era traída pelo marido, mas concordava com as decisões tomadas pelo marido, inclusive nas humilhações feitas ao padre.
DIOCLÉCIO " O cantador de viola, Dioclécio, é destacado na obra por várias transformações em Antônio Bento. Dioclécio aparentava uns trinta anos e era escuro, com os cabelos colorindo as orelhas. Carregava uma viola e uma bolsa com uma rede suja. Como andarilho adentrava as cidades, despertando o lado emotivo do povo com suas cantigas de viola. Outra característica dele era contar histórias inusitadas e fantásticas, as quais despertaram a curiosidade de Antônio Bento, principalmente as que falavam em mulheres. 
DR. CARMO " Juiz do Açu. Não era um homem que se desse respeito, formado, de chinelo, em mangas de camisa pela rua, com a barriga branca aparecendo, cara gorda, com a papada bamba; não respeitava a mulher.
JOCA BARBEIRO " Era a maior língua do Açu. Substituiu o Major Evangelista, como escrivão.
A NEGRA MAXIMINA " Era boa, queria bem a Antônio Bento. Saindo do feijão e do arroz, ela não sabia mais nada. Não tinha senhor. Ás vezes ficava alegre, os olhos vermelhos e dava a falar " bebia e ninguém sabia aonde. Sabia de histórias, as quais contava a Antônio Bento.
TENENTE MAURICIO " Comandava uma volante, sendo trucidado nas redondezas da Pedra Bonita. Mandava dar em pessoas, despeitava coronel de barbas compridas.
ZÉ PRETO DO SERROTE PRETO " Morava numa casa de palha e de barro escuro, defronte a um pé de pau-ferro que dava sombra. Revelou a Domício e Antônio Bento os segredos da Pedra Bonita, além de revelar a chegada do beato à Pedra Bonita como o enviado de Deus.
BEATO " Apareceu na Pedra Bonita informando ser um enviado do Filho (Deus) que há cem anos dera o sangue pelo povo. Era um homem barbado, de cajado na mão, com um cavalo branco que fazia milagre.
Narrador: Na obra Pedra Bonita o narrador é de terceira pessoa. Os fatos são apresentados de forma objetiva. O narrador é onisciente e onipresente.
RESUMO DA OBRA:
A obra Pedra Bonita do escritor paraibano José Lins do Rego se divide em duas partes, as quais têm como temática predominante o contexto sócio-político e religioso de uma das regiões mais castigadas pela seca: o Nordeste brasileiro. O autor prioriza através desses temas a religiosidade do povo tão sofrido daquela região.
Na primeira parte da obra o autor revela, de forma descritiva, a personagem principal do romance, Antônio Bento, ajudante do padre Amâncio. Percebe-se então toda uma visão de mundo em volta de Antônio Bento, com enfoques que se direcionam mais para o lado negativo das coisas do que para o positivo, visto que o sofrimento do povo do Açu era sem limites, já que a mesma era uma terra esquecida pelos grandes autoridades.
No Açu apenas o Coronel Clarimundo, o juiz Dr. Carmo e seus familiares têm privilégios, como revela o autor em relação à residência do coronel "(...) a casa mais importante do lugar, recebia o sol com festa" (p. 147) e mais adiante "só o filho do Coronel Clarimundo e os do juiz não trabalhavam" (p. 165). 
Essa característica não deve ser encarada como algo fora do comum, mas como cena presente de um mundo moderno onde o ser humano comum é, cotidianamente, excluído e uma minoria toma conta de tudo; o poder favorece apenas alguns privilegiados. Sempre foi assim e continua sendo nos dias atuais. É a imagem de um capitalismo desumano.
Antônio Bento vive nesse lugar isolado e procura descobrir ao longo do enredo suas origens, já que fora dado por sua mãe, D. Josefina, ainda muito pequeno ao Padre Amâncio, por ocasião do sofrimento da seca de 1904, a qual assolou a região nordestina.
Outro detalhe importante é o estilo narrativo do autor, o qual impressiona pela descrição exata dos detalhes por onde passa sua onisciência e onipresença. Como um vidente nato do tempo, ele vai mostrando a miserabilidade, as angústias, às esperanças, os conflitos, as injustiças, o abuso de autoridade por parte do governo, da polícia e dos cangaceiros, o fanatismo religioso e o analfabetismo tão vigente nos personagens da obra.
O autor é um perfeito fotógrafo nessa primeira parte da obra mostrando detalhes do Açu, destacando Padre Amâncio como um santo, comparando-o a Padre Cícero e Ibiapina, figuras tidas no inconsciente do povo nordestino como verdadeiros homens santos, justifica-se então tamanha disparidade religiosa no contexto histórico da região Nordeste direcionando-se para o lado do fanatismo em algumas abordagens, com drásticas consequências a exemplo do que acontecera em Canudos.
Os conflitos existenciais também se manifestam na primeira parte do romance, a exemplo do que acontece no relacionamento conflituoso entre pai versus filha (Major Evangelista, D. Fausta).
Verifica-se ainda nesta primeira parte da obra a figura e presença da mulher destacada pelo autor, quer seja no âmbito religioso ou no lar. Os homens são descritos como figuras centralizadoras, afastados da igreja e que se aglomeram debaixo da tamarineira para as conversas, nesse aspecto não se encontra a figura do Padre Amâncio.
Antônio Bento busca saber informações de suas origens e comumente esbarra na figura da Pedra Bonita, sobre a qual se revela todo um contexto de maldição sobre o povoado do Açu. A pedra simbolizava morte, angústia e uma espera pelo filho de Deus, que manifestaria no meio do povo, libertando-o do sofrimento, milagres que autoridades as políticas e religiosas daquela região jamais conseguiriam.
A figura de Dioclécio,cantador de viola, através da narração de histórias, atrai a atenção de Antônio Bento. Como obra regionalista, Pedra Bonita também valoriza o folclore nordestino através do bumba-meu-boi "Ô mateu, cadê o boi? / Senhor, o boi morreu (...) Seu padre-mestre / Não seja tão mau / Dance aquele passo / Do pinica-pau". Já na segunda parte da obra aparece o cenário da furna dos caboclos, versando para a figura da mãe-d “água.
Na segunda parte do romance a temática passa a ser a Pedra Bonita. Antônio Bento vai morar com seus pais na Serra do Araticum, na propriedade do velho Bento Vieira, seu pai. Ali ele reconhece o sofrimento de sua família, principalmente de sua genitora "pobre mãe consumida em vão" (p. 312). Entre os irmãos, ele tem uma maior aproximação com Domício. 
O pai, Bento Vieira, é uma figura indiferente, que não percebe as virtudes dos filhos, nem reconhece a imagem da mulher, suas preocupações se direcionam para os animais que possui, como as vacas e um bode. O paternalismo fica a desejar, como isto o autor como visionário além do seu tempo, já focaliza a desestruturação familiar tão presente nos dias atuais. 
Domício realiza o desejo de Antônio Bento conhecer Pedra Bonita, desvendando alguns segredos sobre sua família em relação aos acontecimentos da Pedra, na conversa que teve com Zé Preto do Serrote Preto. A família de Antônio Bento passa por situações desagradáveis de espancamento e prisões após Aparício, o outro irmão, ter assassinado um soldado em Açu. Aparício entra para o cangaço, a exemplo do que fora seu avô.
Antônio Bento retorna à casa do padre, e aos afazeres da igreja, mas não deixa de pensar no sofrimento dos seus familiares, principalmente de sua mãe. Um fato curioso que acontece no romance é a entrada do cangaceiro Aparício como pessoa comum no povoado do Açu. Somente Antônio Bento o reconhece e mantém diálogo com o mesmo. 
A ideia da ferrovia que passaria pelo Açu e pela Pedra Bonita parece suscitar a esperança de progresso para a região, fato esse que é fracassado pela ação dos cangaceiros.
A chegada de um beato à Pedra Bonita provocou a vinda de milhares de pessoas ao local, fazendo-se acreditar na existência de milagres atribuídos a ele, que se autodenominava o escolhido por Deus para libertar aquele povo das injustiças sociais. A visita do Padre Amâncio à Pedra Bonita é encarada como fracasso pelo padre, que não consegue mudar a visão do beato em relação aos mandamentos da Igreja.
"O santo queria o sangue das donzelas e dos meninos para lavar a pedra, para com isso fazer o mundo virar. Rios de leite correriam para os famintos. O sertão seria verde de inverno a verão", assim se resumia a vinda do beato à Pedra Bonita, mais uma vez o fanatismo se materializava como uma ameaça ao Governo e à Igreja.
Chega a força do Governo para destruir Pedra Bonita ao mesmo tempo em que o Padre Amâncio está morrendo. Ele pede para que Antônio Bento vá chamar o padre da paróquia vizinha. No caminho, Antônio Bento começa refletir a situação: o padre na sua concepção já é um santo, não precisaria confissão. Portanto, decide ir a Pedra Bonita para avisar que a mesma seria invadida, assim poderia salvar seus familiares
OBSERVAÇÕES DA OBRA:
Romance psicológico, romance regional, romance social, Pedra Bonita é, ainda, de todos os livros do autor, aquele que mais se aproxima da poesia popular. É sobretudo a ele que se refere ao definir, numa entrevista, os próprios modelos: "O jornalista procurou falar de minhas influências estrangeiras, dos mestres que haviam nutrido a minha formação cultural—eu lhe falei dos cegos cantadores da feira de Paraíba e Pernambuco... Dizia-lhe então, quando imagino os meus romances, tomo sempre como roteiro e modo de orientação o dizer as coisas como elas me surgem na memória, com o jeito e as maneiras simples dos cegos poetas." Tal como nas histórias versejadas dos cantores populares, neste livro não se nota diferença de tom entre os trechos de narração, as falas das personagens e os seus monólogos íntimos. Para conseguir essa uniformidade o narrador se apaga, faz-nos esquecer a sua existência independente. A história parece contar-se a si mesma, ou sair da boca de um comparsa que não se diferencia das demais personagens, em linguagem homogênea, com todo o colorido da fala popular, cheia de locuções saborosas e expressivas.	
A força do estilo está, também, na sintaxe popular, reproduzida com fidelidade, como nestes casos: "A tamarineira frondosa onde por debaixo faziam a feira." "Um rico, um poderoso, e uma mulher daquela!" "Soprava um vento que chega sacudia as franjas da rede." "Era uma reza que nunca Domício ouvira igual." "Com o padrinho morto, iria para Goiana com D. Eufrásia. Nunca que fosse, melhor a terra fria." "Bentinho, nos devemos é voltar pra falar com o velho Zé Pedro." Mas, em tudo isso, nenhum exagero. Uma linguagem, em suma, que dá impressão perfeita de oralidade, direta e natural, sem que o autor recorra ao processo incômodo da rigorosa reprodução fonética. Diga-se, para terminar, que a história de Antônio Bento não acaba em Pedra Bonita. Ele reaparecerá em Cangaceiros, o último romance de José Lins do Rego, onde também revivem seu irmão Domício e a figura inesquecível do cantador Dioclécio, que em cada encontro com o afilhado do Padre Amâncio reacende neste a chama da aventura e da liberdade. Mas o que nos propusemos foi acompanhar o espantoso criador de um mundo fictício de insuperável vitalidade apenas até o final de Pedra Bonita, sem dúvida uma etapa das mais importantes de seu caminho ascendente.
Fogo Morto	
 	Obra-prima de José Lins do Rego, esse romance regionalista mostra o declínio dos engenhos de cana-de-açúcar nordestinos e traça amplo perfil das figuras decadentes que giravam em torno dessa atividade econômica. 
ANALISE DA OBRA:
Narrador: A história é narrada em 3 º pessoa e em cada uma das partes é dominada por uma personagem, a quem o narrador deixa falar, ou deixa mostrar-se, expressando a sua visão de mundo. Essa técnica é conhecida como onisciência multisseletiva, que permite revelar o mundo a partir do ponto de vista da personagem.
 Tempo e espaço: A história se passa no Engenho de Santa Fé, de Lula de Holanda Chacon, personagem principal da segunda parte da obra. O tempo não é determinado na primeira e terceira parte da obra, porém na segunda parte do livro, para contar a história do personagem Luís César de Holanda Chacon(Seu Lula), o narrador promove um recuo temporal rumo a época da construção do Engenho de Santa Fé, desde modo a história passa a decorrer no ano de 1848.
 Linguagem: Quando José Lins do Rego publicou Fogo Morto, já não se discutia mais a necessidade de renovar a linguagem literária brasileira na ficção. O compromisso regionalista de José Lins do Rego é sobretudo de âmbito popular, e é exatamente a linguagem popular da Paraíba, isolada de influências externas, conservada em sua autenticidade regional, que o escritor utiliza. É a linguagem dos poetas populares, distribuída, agora, com um ritmo narrativo mais tradicional. 
Personagens:
 MESTRE JOSÉ AMARO: é branco e sente-se orgulhoso por isso. É explorado por seu patrão, mas sabe que não tem outra alternativa. Trabalhador livre, tem coragem e apoio do cangaço.
 SEU LULA (LÚIS CÉSAR DE HOLANDA CHACON): preguiçoso e autoritário, acaba perdendo toda a herança que recebeu e arruinando o Engenho Santa Fé. Após perder tudo, refugia-se na religião.
 CAPITÃO VITORINO CARNEIRO DA CUNHA (PAPA-RABO): é o defensor dos mais pobres e dos oprimidos. Embora plebeu, por ter parentesco com o Coronel José Paulino, diz-se capitão.
 CORONEL JOSÉ PAULINO: poderoso senhor de engenho.
 SINHÁ E MARTA: respectivamente mulher e filha do Mestre José Amaro.
 AMÉLIA: esposa do coronel Lula. 
ADRIANA: esposa do Capitão Vitorino. 
CAPITÃO ANTÔNIO SILVINO: chefe dos jagunços que atemorizam os senhores de engenho e políticos da região, lembra a figura do lendário Lampião. 
TENENTE MAURÍCIO: chefe das tropas do governo, é antagonista do Capitão Antônio Silvino.RESUMO
 Primeira parte:
 	“O mestre José Amaro” Seleiro renomado da região, Mestre José Amaro vive nas terras pertencentes ao Seu Lula. A dedicação do homem ao ofício consome a saúde, conferindo-lhe um aspecto doentio. Mora inicialmente com a filha Marta, uma solteirona que acaba enlouquecendo, e com a mulher, Sinhá. José Amaro reside na beira da estrada, localização que favorece o contato com vários personagens que passam pelo caminho.
 Entre as principais figuras com as quais desenvolve suas conversas estão o Capitão Vitorino Carneiro da Cunha, de quem se apieda pelo modo como é tratado pelo povo da região; o cego Torquato e Alípio, mensageiros do Capitão Antônio Silvino, cangaceiro temido da região.
 O mestre admira e respeita o cangaceiro, por considerá-lo o vingador dos pobres e explorados. Em certo momento, Marta tem um forte ataque de convulsão nervosa e José Amaro a espanca no intuito de curá-la. Em virtude de seu semblante doentio e da insônia, que o leva a vagar pelas madrugadas nas ermas estradas da região, José Amaro é amaldiçoado pelo povo, que o acusa de ser um lobisomem. Homem orgulhoso, que sempre se gabava de trabalhar apenas para quem lhe aprouvesse, o mestre se indispõe com o dono da terra em que vivia, de onde acaba sendo expulso.
 A tragédia do personagem se completa com a internação da filha, que enlouquece, e com a fuga da mulher, que teme sua figura doentia e vai aos poucos acreditando nas histórias do povo, até enxergar no marido a figura maldita do lobisomem. Seu fim trágico só será revelado na terceira parte do livro: entregue à própria sorte, José Amaro é preso e humilhado pela tropa do Tenente Maurício, acusado de colaborar com o Capitão Antônio Silvino. Perdido irremediavelmente o orgulho, único bem que possuía, o mestre se suicida.
 Segunda parte:
“O Engenho do Seu Lula” Para contar a história do personagem Luís César de Holanda Chacon (Seu Lula), o narrador promove um recuo temporal rumo à época da construção do Engenho de Santa Fé. O fundador do engenho fora o capitão Tomás Cabral de Melo, que chegou à região, um sítio próximo ao engenho Santa Rosa, e criou um dos maiores engenhos do local, conquistando o respeito e a admiração de todos. Homem sério e trabalhador, o capitão trouxera para a região gado de primeira ordem, escravos e a família.
 Construído seu imenso patrimônio, faltava a ele uma única realização: casar a filha – que tocava piano e havia estudado no Recife – com um homem digno de sua educação. Rejeitando todos os pretendentes da região, por não terem os requisitos necessários, o capitão começa a se preocupar com a idade da filha e com sua condição de solteira.
 É quando chega de Pernambuco o filho de Antônio Chacon, homem de coragem e muito admirado pelo capitão. O nome do rapaz é Luís César de Holanda Chacon. Fino e estudado, é considerado pelo capitão Tomás um ótimo partido para a filha e para suas ambições. Depois de casado, o capitão percebe que o genro não se interessa pelo trabalho do engenho e passa a considerá-lo um leseira (pessoa tola ou preguiçosa) para os negócios. 
Após a morte do capitão, essas suspeitas se confirmam. Seu Lula, como passou a ser chamado, mostra-se um senhor de engenho autoritário, que impõe severos castigos aos escravos e lidera sua família e o engenho sem o talento nem o trabalho do capitão Tomás. Dessa forma, o engenho entra em decadência e, após a abolição da escravatura, os escravos debandam e o engenho deixa de produzir açúcar (torna-se “fogo morto”). 
Comandando tudo de forma autoritária, Seu Lula proíbe sua filha Neném de namorar um moço de origem humilde e a moça acaba virando motivo de chacota na cidade. Após um ataque epilético, Seu Lula passa a se entregar à religião sob influência do negro Floripes. Por fim, acaba gastando todo o dinheiro que havia recebido de seu sogro como herança. Esta parte do livro se encerra com a famosa frase “Acabara-se o Santa Fé”. 
Terceira parte: 
“O Capitão Vitorino” Capitão Vitorino é uma personagem que perambula pelas estradas, como um cavaleiro errante, ostentando um poder e uma dignidade que está longe de possuir, sendo uma paródia de Dom Quixote de La Mancha. O capitão vive, assim como Mestre José Amaro e Seu Lula, em uma realidade muito diferente da que tenta aparentar. Certo dia, o capitão Antônio Silvino invade o engenho Santa Fé após saquear a cidade do Pilar. Ao tentar defender o engenho, Capitão Vitorino é agredido. Porém, ele é salvo com a intervenção de José Paulino. Com a chegada da polícia, todos são presos. Após ser liberado, Vitorino pensa em seguir carreira política na região.
Cangaceiros
ANALISE DA OBRA:
Narrador: Analisado no aspecto estrutural, Cangaceiros é narrado em 3ª pessoa. O espaço da narrativa é a caatinga, no sertão. Em determinados momentos José Lins do Rego consegue dar ares de cinema para a narrativa, tamanha forma descrição de determinadas cenas e profundidade dos diálogos.
Personagens: Os grupo de personagens principais giram na orbita de Bentinho, irmão do cangaceiro Aparício. Temos a sua mãe, que não mais conversa nada linear na primeira parte do romance, tamanha dor pela perda do filho Aparício e do irmão Domício, ambos envolvidos no cangaço. Alice permanece como a namoradinha do herói da trama, juntamente com seus pais e Sinhá Aninha, Custódio e Negra Donata. O núcleo do cangaço, liderado pelo demoníaco Aparício é formado por Germano (citado como Corisco durante a narrativa), Bem-te-Vi e Beiço Lascado, um negro que faz parte do bando. A Doida e Cazuza Leutério são personagens citados apenas em flashback, considerados coadjuvantes distantes.
Espaço: Em Presença do Nordeste na literatura, José Lins do Rego aborda com destaque o fenômeno do cangaço, traçando-lhe um rápido esboço histórico e buscando uma interpretação dele como se escrevesse um prefácio aos seus romances Pedra Bonita e Cangaceiros. Trata-se de uma temática abrangente, que pode ser trabalhada ricamente com relações a outras linguagens.
RESUMO:
 
Continua a correr neste Cangaceiros o rio e a vida que tem as suas nascentes em meu anterior romance Pedra Bonita. É o sertão dos santos e dos cangaceiros, dos que matam e rezam com a mesma crueza e a mesma humanidade”. José Lins do Rego, em 1938, publicou o seu primeiro romance do ciclo do cangaço, que resultaria logo depois em Cangaceiros.
Cangaceiros é a continuação de Pedra Bonita, um romance extenso sobre o misticismo messiânico e o flagelo das secas, temáticas abordadas em outros diversos romances do ciclo regionalista: Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz.
Cangaceiros tem ligação direta com Pedra Bonita por ser a sua continuação. Alguns personagens retornam, uns com maior foco outros apenas de passagem. José Lins do Rego mantém o mesmo estilo excessivamente descritivo, por vezes prolixo na sua narrativa, assim como podemos ver nas narrativas de Fogo morto, Menino de engenho e Riacho doce.
A obra faz parte de uma linhagem de romances que narram fatos históricos. O fenômeno do cangaço (em partes) pode ser entendido através do estudo detalhado da narrativa.
O primeiro relato do fenômeno do cangaço na literatura é encontrado no romance O Cabeleira, de Franklin Távora, que conta a vida de José Gomes, O Cabeleira, cujo pai, Joaquim Gomes, foi um bandido muito temido. Pai e filho, associados a outro delinqüente, Teodósio, roubam e matam ao estilo cangaceiros: sem piedade. Um casamento no arrabalde, de Fraklin Távora também é um precursor do cangaço e misticismo. O cangaço na literatura pode ser considerado uma das raízes do Brasil, iniciada no romantismo pela literatura indianista de José de Alencar, vindo para o realismo de Machado de Assis e sua visão irônica da urbanização no Rio de Janeiro, chegando ao nordeste de Euclides da Cunha e Graciliano Ramos. Com Graciliano Ramos, o cangaço ganha feições artísticas.
Assim como em Pedra Bonita, Cangaceiros divide-se em duas partes: a primeira, intitulada "As mães dos cangaceiros" e logo em seguida, Cangaceiros prossegue a história da família de Bento,depois que os beatos são dizimados pelas tropas. Domício, o irmão mais chegado a Bento, já se encontra incorporado ao bando de Aparício, o irmão mais velho. Bentinho toma conta da mãe. Refugiam-se na fazenda do coronel Custódio. A ação do livro desenvolve-se entre a vida de Bento, a sua amizade com os outros moradores, o seu namoro com Alice, a notícia das continuadas aventuras do irmão, as pragas da mãe que enlouquece, e a esperança de Custódio em ter vingada a morte do filho pelos cangaceiros.
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CONCLUSÃO
Com a realização deste trabalho, conclui-se que José Lins do ego é considerado um dos maiores escritores ficcionistas da literatura nacional por motivos diverso, motivos esse que vão desde sua habilidade altíssima para descrever o Nordeste brasileiro, até sua capacidade de expor através da escrita, sentimentos e emoções profundo com o objetivo de passar ao leitor de forma fictícia (e as vezes realista) história do sertão.
Romancista da decadência dos senhores de engenho, sua obra baseia-se em memórias e reminiscências. Seus romances levantam todo um sistema econômico de origem patriarcal, com o trabalho semiescravo do eito, ao lado de outro aspecto importante da vida nordestina, ou seja, o cangaço e o misticismo. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Saiba tudo sobre Era Vargas. Disponível em: 
<https://www..mundovestibular.com.br%2Farticles%2F2774%2F1%2FERA-VARGAS-1930-1945%2FPaacutegina1.html >.
Resenhas “ Historias da Velha Totonia”. Disponível em:
<www.skoob.com.br%2Flivro%2Fresenhas%2F35541%2Fedicao%3A38854&h>
José Lins do Rego. Disponível em: 
<https//www.Feducacao.uol.com.br%2Fbiografias%2Fjose-lins-do-rego.html >
Fogo Morto, José Lins do Rego. Disponível em:
< http//www.passeiweb.com%2Festudos%2Flivros%2Ffogo_morto&html>
Cangaceiros, de José Lins do Rego. Disponível em:
< www.passeiweb.com/estudos/livros/cangaceiros>

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