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JURISDIÇÃO EXECUTIVA Execução de título executivo extrajudicial A guisa de introdução: como já visto, a execução pode se dar por força de título executivo oriundo de processo de conhecimento, gerando o procedimento expropriatório na mesma relação processual provocada pela petição inicial da ação com pretensão condenatória. Mas é da tradição do processo civil a execução que dispensa prévio processo cognitivo, amparando-se o processo expropriatório em título executivo extrajudicial, isto é, formado o título sem a participação do estado-juiz. Como, por força da segurança jurídica, não é dado ao devedor formar seu próprio título, os documentos representativos de obrigação de pagar, dar coisa, fazer ou não fazer só adquirem a força executiva se o legislador lhes imprimir tal qualidade. A exemplo, o cheque – identificado como título executivo extrajudicial no art. 585, inciso I, do CPC – só ganha a força executiva quando implementados os seus requisitos formais, que são regulados pelo legislador, através da Lei 7.357/85, entre os quais, o seu prazo de eficácia executiva, conforme respectivo art. 59. Desimporta se o legislador é o legislador material (como no caso das hipóteses do inciso I do art. 585) ou se o próprio legislador processual (como na hipótese do inciso II do art. 585). Ou seja, o título só ganha as características de certeza, liquidez e exigibilidade ou por comando judicial ou por expressa disposição legal. A única exceção é a que diz respeito aos créditos fiscais, competindo ao próprio fisco o poder de criar o seu título através de um procedimento administrativo que diz com a inscrição da dívida ativa da fazenda pública. Essa regra geral (o julgador ou o legislador é que detêm a competência de criar os títulos executivos) decorre do princípio basilar da execução que vem estabelecido no art. 580, do CPC, e que traduz a idéia de ser nula a execução se desprovida de título. De outro lado, cumpre que o título executivo tenha as características do art. 586, do CPC, pena de não se legitimar o processo executivo que tem, por fundamento, a expropriação do patrimônio do devedor, base na responsabilidade patrimonial e no devido processo legal garantido pelo art. 5º, inciso LIV, da Constituição Federal. Em se tratando de título extrajudicial, a execução mantém a disciplina prevista no Livro II do Código, inaugurando o processo autônomo, cuja disposições sofreram as modificações da Lei 11.232/05, bem como da Lei 11.382/06. Importante, também, registrar que a instituição do procedimento do cumprimento de sentença não absorveu, por si só, a fase expropriatória, considerando, inclusive, o disposto no art. 475-R, que remete a expropriação, naqueles casos, para o Livro II do CPC, no que couber. Títulos executivos extrajudiciais (art. 585, CPC): 1) Letra de câmbio. 2) Nota promissória. 3) Duplicata. 4) Debênture. 5) Cheque. 6) Escritura ou documento público: escritura pública é aquela feita por tabelião; documento público é feito por qualquer autoridade pública. 7) Documento particular, firmado pelo devedor e assinado por 2 testemunhas: O STJ já disse que as testemunhas não precisam ser presenciais, mas isto não se mostra o mais adequado. 8) Transação entre as partes referendada pelo MP, Defensoria ou pelos respectivos advogados: pode ser um único advogado assistindo as duas partes. 9) Contrato com garantia por hipoteca, penhor ou anticrese. 10) Contrato com garantia por caução: a caução pode ser real ou fidejussória (fiança). 11) Contrato de seguro de vida. 12) Crédito de foro ou laudêmio: é o que decorre da enfiteuse. 13) Crédito decorrente de aluguéis e acessórios: o contrato de locação é TEEJ, abrangendo não só os aluguéis, mas também IPTU e condomínio. Apenas o locador pode executar o locatário, seja em razão do débito do principal, seja em razão do débito das demais obrigações assumidas pelo locatário, como no caso do pagamento da taxa condominial. Diversa é a situação do condomínio, que não pode executar o condômino, necessitando de ação própria, cujo procedimento previsto está arrolado no art. 275, do CPC. 14) Crédito de serventuário da justiça das custas, honorários ou emolumentos. 15) Certidão da dívida ativa. 16) Demais títulos: estão espalhados pela legislação. A exemplo, contrato escrito de honorários advocatícios; cédula rural, industrial ou comercial, cédula do produtor etc. Importante: estes títulos somente configurar-se-ão títulos executivos se forem certos, líquidos e exigíveis. A ausência de eventual requisito formal essencial ou a perda da força executiva pela prescrição não legitima o processo de execução, obrigando o credor a se valer das vias ordinárias do processo de conhecimento ou, ainda, da ação monitória, que se caracteriza como ação materialmente sumária. Legitimados para a execução: a legitimação ativa e passiva no processo de execução vem tratada nos artigos 566 a 568 do CPC. A legitimação ad causam, regulada nesses artigos, encontra seu amparo no próprio direito material, que estabelece as fontes das obrigações: o contrato, a lei ou o ato ilícito (esse último dando, por força da situação fática, origem necessariamente ao processo de conhecimento para obtenção do título executivo judicial, a exemplo do que ocorre com o ressarcimento de dano em decorrência de acidente de trânsito). E é este direito material que estabelecerá os limites da legitimação ativa ou passiva, porquanto também estabelece quem é credor e quem é devedor da prestação a ser executada. Também a legislação material prevê casos em que o credor ou devedor original possam ser substituídos ou cedidos por outrem. Ao fim e ao cabo, está se cuidando de regras que encontram seu espaço no âmbito do direito material, mas se refletem no direito processual. Procedimento expropriatório Citação ou intimação e penhora: em caso de cumprimento da sentença, se o devedor não cumprir espontaneamente a obrigação de pagar, será expedido mandado de penhora e avaliação (art. 475-J, “caput”), do qual será o devedor intimado, na pessoa de seu advogado (art. 475-J, § 1º). Se, por qualquer motivo, não tiver advogado constituído nos autos deverá, somente então, ser intimado pessoalmente para cumprir a decisão. No caso de execução de TEEJ o executado é citado para pagar em 3 dias (art. 652). Não feito o pagamento, o oficial de justiça, imediatamente, efetuará a penhora e avaliação dos bens do executado (art. 652, § 1º). Se o executado não for encontrado, o oficial de justiça fará o arresto dos bens que encontrar e procurará o devedor, dentro de 10 dias, por mais 3 vezes alternadas (art. 653). O exequente será intimado do arresto e terá 10 dias para requerer a citação por edital do executado. No final do prazo do edital, abre-se prazo de 3 dias para o executado pagar, sendo que o não-pagamento acarreta em conversão do arresto em penhora (art. 654). Segundo Fredir Didier (p. 571, obra referida), no caso de cumprimento da sentença “não tendo sido encontrado [o devedor], parece possível aplicar aqui o que diz o art. 653 do CPC, autorizando que o oficial de justiça procede à pré-penhora dos bens do executado.” As disposições acerca da penhora, aplicáveis tanto à execução de título judicial como de título extrajudicial, encontram-se a partir dos arts. 646 e ss e 659 e ss, do CPC. Conceito: a penhora é o ato de apreensão e depósito de bens para empregá-los, diretamente (quando houver adjudicação pelo credor) ou indiretamente (quando o bem penhorado for alienado e o produto da venda for entregue ao credor),na satisfação do crédito executado. É o primeiro ato expropriatório da execução, constrangendo o patrimônio do devedor e o colando à disposição do juízo da execução. Natureza Jurídica: conforme a doutrina majoritária, a penhora é ato executivo. Funções: o ato de penhora desempenha 3 funções: (i) individualização e apreensão do bem; (ii) depósito e conservação do bem, (iii) atribuição do direito de preferência do credor. Objeto: a penhora pode recair sobre os bens do patrimônio do devedor (art. 591) e do patrimônio de terceiros responsáveis (art. 592). Jamais deve ser atingido o patrimônio de terceiros estranhos à obrigação ou à responsabilidade originada do seu inadimplemento. É o que decorre das regras dos arts. 591 e 592. Impenhorabilidade: há alguns bens do devedor que não podem ser objeto de penhora, conforme o rol do art. 649. Isto se deve à garantia de manutenção da dignidade do executado. O rol do art. 649 deve ser analisado casuisticamente, uma vez que pelo princípio da adequação, em proteção aos direitos fundamentais, a norma pode ser ampliada, proibindo-se, por exemplo, a penhora de uma cadeira de rodas. Apesar de o texto legal falar em impenhorabilidade absoluta, a doutrina e a jurisprudência vêm relativizando a regra. Segundo Fredie Didier Jr (p. 544 e ss), se alguns desses bens são alienáveis extrajudicialmente, não há vedação para que sejam penhorados, desde que, claro, com a anuência do devedor. Assim, a única televisão da casa é impenhorável. Porém, se o próprio devedor oferecer ela à penhora, querendo satisfazer seu débito, não há razões para a proibição. Com este entendimento afasta-se a ideia de que a penhora é matéria de ordem pública, apesar de haver vozes dissonantes. No mesmo sentido, tem-se como vedado ao devedor oferecer, espontaneamente, um bem de regra impenhorável e em seguida alegar sua impenhorabilidade, uma vez que atenta contra a proibição do venire contra factum proprium. Ainda sobre o tema da relativização, o imóvel de família é impenhorável. Porém, imaginando-se um bem de altíssimo valor, cujo proprietário tem dívida que atinge 40% do valor do imóvel. Pode-se entender que é possível a penhora e alienação do imóvel, permitindo que com o restante do dinheiro (60% do valor do imóvel), o proprietário adquira outra bem, menor, e viva com dignidade. Muitas vezes, portanto, a penhora deve ser analisada à luz do caso concreto. - Beneficium competentiae: o benefício de competência é a impenhorabilidade do estritamente necessário à sobrevivência do executado, de sua família e de sua dignidade. Limites: a penhora se restringe aos bens suficientes para a satisfação do crédito atualizado, juros, custas e honorários (art. 659). Além disso, não pode haver penhora de bens cujo valor venha a ser absorvido tão-somente pelos custos da execução. Escolha do bem a ser penhorado: conforme o art. 652, 2º, a escolha cabe, preferencialmente, ao credor, que indicará o bem que quer que seja penhorado na petição de execução (ou pedido de cumprimento da sentença). Munido da escolha, a penhora será feita pelo oficial de justiça. O executado poderá se insurgir contra a escolha feita pelo credor. Deve-se analisar a ordem de preferência do art. 655 bem como o princípio da menor gravosidade ao executado. Conforme o art. 668: “O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias após intimado da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exeqüente e será menos onerosa para ele devedor (art. 17, incisos IV e VI, e art. 620).” A ordem do 655 é preferencial, mas não impositiva. Dentro do caso concreto, pode sofrer variações. Se o credor indicar, mas houver dificuldade para encontrar bens, o juiz pode determinar que o executado indique, em 5 dias, bens passíveis de penhora (652, § 3º). Lugar: de acordo com o art. 659, § 1º, a penhora é feita onde estiver o bem, ainda que sob guarda, posse ou detenção de terceiros. Há, porém, uma preferência para a penhora de bens que estejam no foro da execução (656, III). Se o devedor não possuir bens no foro da execução, via de regra a penhora deverá ser feita por carta precatória (658). Esta regra, porém, admite exceções, como em caso de penhora on-line e penhora de imóveis (659, §§ 4º e 5º). Em caso de execução contra servidor público, o oficial de justiça pode ir à repartição pública para buscar bens e se possível, efetuar a penhora. Dispensada, atualmente a exigência de autorização do chefe da repartição, antes imposta. Tempo: o oficial de justiça fará buscas e efetuará penhora em dias úteis das 6 às 20 horas (art. 172), podendo, ultrapassar estes limites em casos excepcionais (art. 172, § 2º). Realização e formalização: a penhora se aperfeiçoa com a apreensão e o depósito do bem (art. 664). A apreensão é feita por termo (quando a penhora é feito na sede do juízo, como a penhora on-line) ou auto (quando a penhora, para ser feita, precisa de diligências externas, feita pelo oficial de justiça). Se o devedor não permitir a entrada do oficial em sua casa ou empresa (art. 660), será requisitado ao juiz autorização para arrombamento (art. 661), sendo possível o auxílio de força policial (art. 662) para, até mesmo, prender o devedor resistente. Todas as diligências feitas em um só dia podem ser reunidas em um só auto, mas se ultrapassar um dia, deve ser feito um auto para cada dia, bem como um auto para cada penhora (art. 664 e § único). Ordem: a penhora deve, tanto quanto possível, observar a ordem do art. 655 (saber!). Depósito: o depósito é parte integrante da penhora (alguns dizem ser elemento externo, e outros elemento interno). Apreendidos os bens, é necessário entregá-los a um depositário, que deverá guardá-los, conservá-los e se for o caso, administrá-los até a expropriação. A regra sobre o depositário está no art. 666. O depósito com o próprio executado, atualmente, é exceção, que ocorrerá nos seguintes casos: a) quando o exequente concordar (666, § 1º), b) quando for difícil a remoção do bem (666, § 1º), c) quando for imóvel, pois não há risco de ocultação. O depositário (quando não o próprio executado) é auxiliar da justiça, devendo guardar e conservar os bens, sendo possuidor direto dos mesmos. Em alguns casos (art. 677), deverá, também, administrá-los. Em todos os casos, o depositário receberá remuneração (emolumentos). Atualmente, o depositário infiel não pode ser submetido à prisão civil (decisão do STF no julgamento do RExt 466.343-1/SP, com base no Pacto San Jose da Costa Rica, retirando a aplicabilidade do § 3º, do art. 666). Intimação: a intimação da penhora é feita na pessoa do advogado do executado. Se não tiver, o próprio devedor é intimado (arts. 652, § 4º e 475-J, § 1º). Em caso de cumprimento da sentença, a intimação da penhora é o termo inicial para o oferecimento de impugnação; no caso de execução de TEEJ, a intimação não é para embargar, pois o prazo dos embargos começa a correr da juntada do mandado de citação nos autos. Penhora de imóvel (art. 659, § 4º): a penhora de imóveis é feita com o termo ou auto. Porém, para a ciência de terceiros, deve o exeqüente providenciar a averbação da penhora no CRI, sob pena de não ser reconhecida fraude á execução. Segundo a Súmula 375, STJ: “O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.” Um a vez intimado o devedor ou seu advogado da penhora,o devedor será investida na função de depositário, independentemente de assinatura do auto. Em caso de penhora de imóveis, o cônjuge do devedor deve ser intimado, salvo se forem casados pelo regime da separação total (art. 655, § 1º). Importante: segundo o art. 655-B, sendo o devedor casado e o imóvel for indivisível, não se deve alienar apenas a metade do bem. Aliena-se tudo, e do produto da venda, reserva-se 50% para o cônjuge do executado. Ampliação, redução e renovação da penhora: se após a avaliação do bem penhorado se constatar que seu valor não atinge o crédito, pode-se requerer a penhora de novos bens (ampliação), ouvindo o executado (art. 657). Se, porém, constatar-se que o bem tem valor muito superior ao do crédito, o credor pode pedir que a penhora recaia sobre outro bem, de valor mais razoável com o crédito (redução). Somente haverá renovação da penhora na mesma execução nas hipóteses do art. 667. Trata-se, contudo, de rol não taxativo. Substituição: há duas possibilidades de substituição: (i) por iniciativa de qualquer das partes (art. 656), ou (ii) por iniciativa apenas do executado (art. 668). Sendo por iniciativa de qualquer um, não há prazo específico, desde que seja antes da expropriação judicial, até mesmo porque nestes casos há alguma mácula sobre a penhora. No caso de substituição por iniciativa exclusiva do executado, as regras são mais rígidas, uma vez que não há qualquer defeito na penhora ou dificuldades para a alienação. Desta forma, há prazo (10 dias a contar da intimação da penhora) e requisitos cumulativos: ausência de prejuízo ao exequente + menor gravosidade ao executado + requisitos do § único, dependendo o tipo de bem a ser penhorado. A falta de qualquer um dos requisitos poderá ser impugnada pelo credor. Situações especiais: o CPC prevê, ainda, as seguintes modalidades de penhora: (i) penhora on-line, b) penhora de créditos e outros direitos patrimoniais e c) penhora de empresa e outros estabelecimentos. - Penhora on-line (art. 655-A): rigor não é uma penhora. Trata-se da tradicional penhora de dinheiro, apenas realizada mediante procedimento diferenciado, utilizando-se dos sistemas informatizados. Remete-se o aluno para leitura de artigo de autoria da professora que compõe o acervo bibliográfico do curso. Cumpre salientar que é ônus do executado demonstrar que os valores que estão em determinada conta bancária são impenhoráveis. - Penhora de créditos e outros direitos patrimoniais (arts. 671/676): é a situação em que o executado tem um crédito em haver de um terceiro. O exequente pode requer a penhora sobre este crédito. Diante disto, observa-se que: - Se o crédito estiver consubstanciado em letra de câmbio, nota promissória, cheques ou outros títulos, a penhora se dá com a apreensão do documento. - Se o terceiro, em conluio com o executado negar a dívida, há fraude à execução. - Feita a penhora sobre direitos e ações, e não havendo impugnação, ou sendo esta rejeitada, o credor se sub-roga nos direitos do devedor. Se for penhora sobre direitos e ações de bem imóvel, o credor se sub-roga no direito à aquisição do imóvel, podendo até mesmo ingressar com ação de adjudicação compulsória. O credor escolhe se prefere se sub-rogar no direito ou se prefere que o bem seja alienado e ele receba, então, o produto da alienação. - É cabível penhora no rosto dos autos (art. 674). - Penhora de empresa e outros estabelecimentos (arts. 677/679): o que se destaca aqui é a necessidade de haver um depositário administrador, uma vez que a empresa ou estabelecimento deverá continuar em funcionamento. Avaliação: as disposições acerca da avaliação estão reguladas pelos arts. 680-684, do CPC. A avaliação é extremamente importante, uma vez que é com base no valor por ela alcançado que se fará a alienação do bem penhorado, irrelevante se por adjudicação, alienação por iniciativa do particular ou por hasta pública. A avaliação pode ser feita pelo próprio oficial de justiça no momento da penhora, salvo se for necessário conhecimento especializado (art. 680). Nem sempre será necessária a avaliação, como por exemplo, nos casos de penhora de dinheiro, ações (que já tem sua cotação), ou quando o credor aceitar o valor sugerido pelo devedor (art. 684). Alienação do bem penhorado e avaliado: após penhora e avaliação, dá-se início aos atos de alienação do bem penhorado. A alienação pode ser dar de 3 formas: pela adjudicação, por alienação por iniciativa particular e por arrematação em hasta pública. É o que determina o art. 647, que estabelece uma ordem de preferência (que arrola, ainda, o usufruto). Adjudicação: as regras atinentes à adjudicação estão previstas nos arts. 685-A e 685-B. Conceito: o conceito de adjudicação sofreu transformações com as inovações legislativas. A adjudicação é, hoje, forma preferencial de pagamento ao credor (art. 647, I). O que ocorre na adjudicação é que após a penhora e avaliação, faculta-se, em primeiro lugar, a adjudicação do bem pelo valor da avaliação. Legitimados: Antes, apenas o credor poderia adjudicar o bem, hoje (com a revogação do instituto da remição de bens em favor de determinados terceiros), também podem adjudicar as pessoas arroladas no § 2º do art. 685-A, quais sejam: credor com garantia real (credor hipotecário, por exemplo), credores concorrentes que tenham penhorado o mesmo bem, cônjuge (ou companheiro em união estável), ascendentes e descendentes do executado. Havendo concorrência entre eles, verifica-se quem oferece a maior oferta; em caso de igualdade de ofertas, tem preferência o cônjuge, ascendentes e descendentes, nesta ordem (685, § 3º), o que diz com a proteção da família, mantendo-se o bem penhorado no seu âmbito. No caso de penhora de cota social (685, § 4º), os sócios têm preferência absoluta à adjudicação, antes mesmo dos familiares. Objeto: podem ser objeto de adjudicação bens móveis ou imóveis (antes apenas imóveis poderiam ser adjudicados). Momento: a adjudicação pode ser requerida a partir do momento da avaliação definitiva do bem, até o início da hasta pública. Segundo Fredier Didier Jr (p. 618, obra referida): “Não havendo licitante na venda judicial, não há problema em que se admita a adjudicação depois de realizada a frustrada tentativa de alienação do bem a terceiros.” Requerimento: pode ser feito de forma oral ou escrita, pelo advogado, com poderes especiais, pois é técnica de pagamento (art. 38, CPC). Auto de adjudicação: decididas todas as questões, o juiz determina que se lavre o auto de adjudicação (art. 685-A, § 5º). Desta decisão, cabe agravo de instrumento. Uma vez assinado o auto pelo juiz, escrivão, adjudicante e, se presente, pelo executado, a adjudicação estará perfeita e acabada, expedindo-se a carta de adjudicação se for bem imóvel ou o mandado de entrega, se for móvel (art. 685-B). Carta de adjudicação: é documento imprescindível em caso de adjudicação de imóvel. Com ela, quem adjudicou poderá proceder à transferência no registro de imóveis. Remição: remanesce, hoje, no direito processual pátrio, a figura da remição da execução, que vem regulada no art. 651, do CPC. A antiga remição de bens foi substituída pela possibilidade do cônjuge ou parentes do devedor adjudicar o bem penhorado. Explica- se: Remir a execução é pagar integralmente a dívida executada com juros, custas e honorários. Esta é uma faculdade que o executado (e só ele) tem, por força do art. 651, até a lavratura do auto (logo antes da assinatura),pois depois disso, com a assinatura do auto, o bem é adjudicado ao exequente. Remir o bem: é o pagamento do valor do bem (e não de toda a execução, como no caso de remição da execução), para que não saia do âmbito familiar. Antes das recentes reformas do CPC, os familiares do executado não podiam adjudicar, sendo esta conduta inerente ao executado. Cabia, então, aos familiares a remição do bem, ou seja, o resgate do bem, evitando-se que os bens da família saíssem do respectivo patrimônio. Hoje, aos familiares foi conferido o direito de adjudicação, e com preferência se houver concurso e igualdade de ofertas. Assim, uma vez ultrapassado o prazo para a adjudicação, não podem mais os familiares resgatar o bem que acabou sendo transferido para o exequente ou terceiro (em caso de hasta). Segundo essa orientação, como aos familiares agora é dado o direito de adjudicação, afasta-se a possibilidade de remição dos bens. Porém, há o art. 1.482 do Código Civil, que diz: “Realizada a praça, o executado poderá, até a assinatura do auto de arrematação ou até que seja publicada a sentença de adjudicação, remir o imóvel hipotecado, oferecendo preço igual ao da avaliação, se não tiver havido licitantes, ou ao do maior lance oferecido. Igual direito caberá ao cônjuge, aos descendentes ou ascendentes do executado.” Se a regra que trata dos direitos dos familiares veio revogada pela nova disposição do CPC, o mesmo não se poderia afirmar em relação ao executado, havendo vozes na doutrina que defendem a possibilidade do executado remir o bem penhorado. De qualquer sorte, não se antevê prejuízo ao credor, que receberá o valor em dinheiro, o que lhe é muito mais útil. Ganha importância prática a hipótese quando, por exemplo, tratar-se de bem hipotecado, que foi alienado ao exeqüente ou ao terceiro, sendo caso de se permitir ao executado a remição do bem hipotecado, com o pagamento do preço da avaliação, pois se trata de direito potestativo que lhe foi conferido por norma de direito material, que, por não haver qualquer outra regra em sentido contrário, bem como não causar prejuízo ao exeqüente, deve ser garantido e efetivado pelo direito processual. Importante registrar que, com base no art. 1.482 do Código Civil, esse direito deve ser exercido até a assinatura da carta de arrematação ou até a prolação da decisão que adjudique o bem ao exequente ou aos legitimados a adjudicar previstos nos §§ 2º e 4º do art. 685-A, CPC, até como garantia da conservação dos atos processuais já praticados. Conclusão: os familiares do executado podem adjudicar o bem penhorado (685-A, § 2º), mas não remi-los. O executado pode adjudicar o bem (685-A, caput), remir a execução (651) ou então remir o bem penhorado em execução hipotecária (1.482, CC). Jurisprudência: Remição da execução: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. REMIÇÃO DA EXECUÇÃO. PRAZO. ART. 651 DO CPC. ANTES DE PERFECTIBILIZADA A ARREMATAÇÃO. o art. 651 do CPC, admite a remição da execução a qualquer tempo antes de perfectibilizada a alienação, ou seja, no caso dos autos, antes da assinatura do auto de arrematação (art. 694 do CPC). Agravo de instrumento provido. (Agravo de Instrumento Nº 70025940552, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Voltaire de Lima Moraes, Julgado em 18/02/2009). Impossibilidade de remição por familiares: EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PEDIDOS DE REMIÇÃO E ADJUDICAÇÃO. DESCENDENTE. ART. 685- A DO CPC. Não há falar em pedido de remição dos bens penhorados, mas de adjudicação, nos termos da Lei nº 11.382/06. A venda judicial não merece prevalecer diante da realidade dos autos. O pedido de adjudicação deve ser aceito, considerando os princípios da satisfação do processo executivo conjugado com o do menor sacrifício à parte devedora. Soma-se ao fato de que o auto de arrematação não se encontra perfeito e acabado. O aceite da adjudicação trará ao credor o recebimento de valor, ainda que parcial. IMPENHORABILIDADE. Matéria não levada ao conhecimento do juízo de primeiro grau. Ainda, não detém a agravante, filha dos executados, legitimidade para postular a impenhorabilidade. CONHECERAM, EM PARTE, E DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70020692885, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Francisco Pellegrini, Julgado em 26/08/2008). Embargos: não remindo a execução ou o bem, o executado pode oferecer embargos à adjudicação (art. 746), cujo prazo de 5 dias tem início na data da assinatura do auto de adjudicação. Nos embargos, o executado pode arguir: nulidade da execução ou causa extintiva da obrigação, desde que tenha ocorrido após a penhora. Jurisprudência: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. NULIDADE DA ADJUDICAÇÃO. INOCORRÊNCIA. A nulidade da adjudicação deve ser argüida em sede de embargos (art. 746, CPC), ou em ação anulatória (art. 486, CPC). AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO PROVIDO. UNÃNIME. (Agravo de Instrumento Nº 70027977651, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bernadete Coutinho Friedrich, Julgado em 07/05/2009). EMBARGOS À ADJUDICAÇÃO. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. O prazo para interposição dos embargos à adjudicação é de cinco dias contados da adjudicação. Inteligência do art. 746 do CPC. Sendo eles flagrantemente intempestivos, correta a sentença em rejeitá-los liminarmente. NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. (Apelação Cível Nº 70024529919, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Francisco Pellegrini, Julgado em 10/03/2009). Alienação por iniciativa particular: as regras sobre a alienação por iniciativa particular estão no art. 685-C. Com o advento da lei 11.382/2006, conferiu-se prioridade à adjudicação. Penhorado um bem, já é possível a adjudicação pelos legitimados. Não havendo adjudicação, poderá, então, ser feita a alienação por iniciativa particular. Não realizada a alienação por iniciativa particular, aí sim é que se designa leilão ou praça para venda do bem. Significa que a venda em hasta pública somente se realiza, caso não haja adjudicação do bem nem sua venda por iniciativa particular. Conceito: é uma venda judicial da coisa penhorada, semelhante à hasta pública, mas com procedimento mais simples, pois a busca de compradores pe feita pelo próprio exeqüente, sem participação obrigatória do aparelho estatal. Procedimento inicial: não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderá requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária (art. 685-C, caput). Fiscalização e exigências: a alienação é por iniciativa particular, mas é fiscalizada pelo juiz que fixa: o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo (art. 680), as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem (art. 685-C, § 1º). Objeto: vale para bens móveis ou imóveis. Tanto que se for imóvel, expede-se carta de alienação, e se for móvel, expede-se mandado de entrega (art. 685-C, § 2º). Legitimados: apesar de a literalidade do art. 685-C dizer que cabe apenas ao exequente a escolha por esta modalidade de expropriação, entende-se que se deve oportunizar também ao executado a escolha, em decorrência do princípio da menor gravosidade, desde que não haja prejuízo ao exequente. O deferimentose o pedido for feito pelo executado deve ser analisado frente aos casos concretos. Momento: pode haver o pedido de alienação por iniciativa particular a partir do momento em que se abdica da adjudicação e até a arrematação, mesmo que já tenha se iniciado o procedimento da hasta. O que não pode é a alienação particular após a arrematação, mesmo que não se tenha ainda concretizado a assinatura do respectivo auto. O procedimento tem início com o pedido do exequente (ou executado), finalizando com a expedição da carta de alienação ou mandado de entrega. Corretor: se o juiz entender que o negócio deve ser intermediado por alguém com conhecimento no ramo, pode designar um corretor. Não é obrigatória a presença do corretor. O corretor pode ser designado para a alienação de móveis ou imóveis. Porém, se for bem imóvel, o corretor deve estar inscrito na entidade que representa os corretores. O corretor deve estar trabalhando no ramo há, no mínimo, 5 anos. O juiz deve definir os honorários do corretor. O CPC não fixou parâmetros para os honorários, devendo ser analisados casuisticamente. Nada impede que o exequente acerte diretamente com o corretor o valor dos honorários, mas o ressarcimento junto ao executado será nos limites estabelecidos pelo juiz. Flexibilização: como a ideia aqui é uma alienação menos onerosa e complicada do que a hasta, as regras admitem flexibilização no caso concreto. Pode-se, por exemplo, determinar o depósito do bem com o exequente, para facilitar a venda, ou então que a alienação se dê por preço inferior ao da avaliação, se o executado concordar. O contraditório é sempre necessário, apesar do silêncio do CPC. Arrematação: a arrematação em hasta pública, hoje, é residual, somente tendo lugar se não houver adjudicação ou alienação particular. O termo arrematação, na verdade, é o ato de encerramento da hasta pública. Apesar de ser o ato de encerramento, não é o último, uma vez que ainda deve haver o auto de arrematação e a carta de arrematação. Conceito: arrematação é negócio jurídico de direito público, pelo qual o Estado, no exercício de sua soberania, transfere, ao licitante vencedor, o domínio da coisa penhorada, mediante pagamento do preço. Praça e leilão: o CPC diferencia a praça (alienação de bem imóvel) do leilão (alienação de bem móvel). A praça ocorre no átrio do Fórum e o leilão onde estiver o bem ou em outro local designado pelo juiz (art. 686, § 2º). Edital: como ao Estado não é dado o direito de escolher o adquirente, ele convoca os interessados a oferecerem suas propostas. O ato de convocação se materializa no edital, cujos requisitos estão no art. 686. O respeito aos requisitos é muito importante, pois na falta de algum, poderá ser arguida nulidade, desde que cause prejuízos, o que reclama alegação e prova. - Publicidade: é imprescindível a publicidade do edital. O art. 687 determina a afixação do edital e a publicação em jornal de ampla circulação local, com pelo menos, 5 dias de antecedência. O § 2º do art. 687 flexibiliza a regra acerca da publicação, uma vez que deve-se buscar a efetivação em detrimento ao formalismo. Isto significa que se na comarca não há jornal de ampla circulação, permite-se que o juiz determine a divulgação por outros meios, como o rádio. É possível, ainda, a utilização da Internet (parte final do § 2º e do art. 689-A). Se o credor tiver AJG, a publicação é feita no órgão oficial (art. 687, § 1º). - Dispensa de publicação: não é necessária a publicação dos editais se o valor do bem não exceder a 60 vezes o salário-mínimo. - Transferência: não se realizando o ato, publica-se a transferência (art. 688). Horário: só é possível a realização de praça ou leilão de dia, de modo que, sobrevindo o período da noite (leia-se 20 horas), os atos prosseguem no dia seguinte, independentemente de novo edital (art. 689). É hipótese de suspensão da hasta. Segunda hasta e preço vil: o edital designará a data da hasta pública, cujo valor de alienação não será inferior ao da avaliação. Contudo, no próprio edital (art. 686, VI) constará a comunicação que se não houver “lanço” superior ao da avaliação, haverá outra hasta, entre 10 e 20 dias desta primeira, onde poder-se-á arrematar o bem por valor abaixo da avaliação, desde que não seja vil (692). Não há regras específicas sobre o que seja preço vil. Sugere-se, em alusão ao art. 701, CPC, que seria aquele abaixo de 80% da avaliação (há divergências, muitas vezes sendo considerado o valor abaixo de 50%). A decisão que considera, ou não, o preço vil pode ser atacada por agravo de instrumento. O preço vil é caso de desfazimento da arrematação (art. 694, § 1º, V). Jurisprudência: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ARREMATAÇÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. Tendo ocorrido a arrematação na segunda praça por valor superior a 60% da avaliação, não se configura o alegado preço vil. NEGADO SEGUIMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70030717565, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Angelo Maraninchi Giannakos, Julgado em 22/06/2009). APELAÇÃO CÍVEL. LOCAÇÃO. EMBARGOS À ARREMATAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. CASO CONCRETO. ALEGAÇÃO DE VENDA POR PREÇO VIL NÃO CONFIGURADA NA ESPÉCIE. É CONSIDERADO VIL O PREÇO INFERIOR A 50% DO VALOR DE AVALIAÇÃO. PRECEDENTES. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME.. (Apelação Cível Nº 70026172502, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Otávio Augusto de Freitas Barcellos, Julgado em 29/04/2009). Legitimidade: conforme o art. 690-A, todo aquele que estiver na livre administração de seus bens pode arrematar. Até mesmo o exequente ou aqueles que estavam legitimados a adjudicação podem arrematar, mas agora não dispõem de privilégios. Se o exeqüente arrematar e o valor estiver dentro do seu crédito, não precisa dar o dinheiro; se o valor da arrematação for maior, deve complementar o preço em 3 dias (690-A, § único). As questões que merecem atenção no tocante à legitimidade dizem respeito àqueles que não podem arrematar. O art. 690-A trouxe um rol de impedidos. Contudo, o art. 497 do CC/02 também apresenta um rol de impedidos. Entende-se que as listas devem ser conjugadas, uma acrescida da outra. Assim, não podem arrematar: - os tutores, curadores, testamenteiros, administradores, síndicos ou liquidantes, quanto aos bens confiados a sua guarda e responsabilidade; - os mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam encarregados; - do juiz, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, escrivão e demais servidores e auxiliares da Justiça, quanto aos bens ou direitos que estejam em litígio em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade (em negrito o complemento do art. 497, CC); - os leiloeiros e seus prepostos, desde que estejam encarregados dos bens (497). Também não podem arrematar o cônjuge dos impedidos, se casados em comunhão de bens e aqueles que não pagaram o preço na 1ª hasta, não podem arrematar na 2ª. Pagamento: a regra é o pagamento à vista ou em 15 dias, a contar da assinatura da carta (art. 690). Se for em 15 dias, o arrematante deve oferecer caução real ou fidejussória. É possível, ainda, que seja feito pagamento parcelado no caso de bem imóvel (art. 690, §§). Neste caso, deve ser pago 30% à vista e o restante fica garantido pelo próprio imóvel (hipoteca legal). As parcelas que forem sendo pagas vão para o exequente, até o limite do seu crédito, as demais,para o executado. Auto de arrematação (art. 693): é o último ato da hasta pública propriamente dita. No auto de arrematação descreve-se o desenvolvimento da hasta. O auto deve ser assinado pelo juiz, pelo arrematante e pelo porteiro (aquele que conduz a praça) ou leiloeiro (aquele que conduz o leilão). Diz-se que a arrematação está perfeita, acabada e irretratável com a assinatura do auto de arrematação (art. 694). Permanece como “perfeita, acabada e irretratável” ainda que eventuais embargos do executado sejam julgados procedentes. Conseqüências da alienação de imóvel (praça): a alienação de imóvel é conduzida pelo “porteiro” no átrio do Fórum. Encerrada a praça, com a assinatura do auto e pago o preço ou prestadas as garantias, o juiz expede a carta de arrematação, que é o título formal de aquisição do bem. Os requisitos da carta estão no art. 703. Com a carta em mãos, o arrematante vai ao CRI registrar a carta. Eventuais dúvidas devem ser resolvidas pelo juiz. - Alienação de bem de incapaz (art. 701): é possível a alienação de bem de incapaz, mas deve-se observar algumas regras, como a impossibilidade de alienação na 2ª praça por valor abaixo de 80% da avaliação. Enquanto que as disposições acerca do preço vil para bens de não incapazes são construídas pela doutrina e jurisprudência, aqui, há determinação expressa. Deve haver participação do MP. Ver §§ do art. 701. Conseqüências da alienação de imóvel (leilão): o leilão ocorre onde estiver o bem ou em outro lugar determinado pelo juiz e é conduzido pelo leiloeiro. As regras do leilão estão no art. 705. Se o bem a ser leiloado for negociado em Bolsa de Valores, é nela que o leilão será realizado. Efetuado o leilão, expede-se, se necessário, mandado de entrega ao arrematante (art. 707). Embargos à arrematação: o executado pode oferecer embargos à arrematação (art. 746), cujo prazo de 5 dias tem início na data da assinatura do auto de arrematação. Nos embargos, o executado pode arguir: nulidade da execução ou causa extintiva da obrigação, desde que tenha ocorrido após a penhora. Jurisprudência: NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EMBARGOS À ARREMATAÇÃO. PRAZO QUE INDEPENDE DE INTIMAÇÃO, TENDO INÍCIO A CONTAR DA DATA DA ASSINATURA DO AUTO, A TEOR DO ART. 746 DO CPC. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70029830775, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elaine Harzheim Macedo, Julgado em 21/05/2009). APELAÇÃO CÍVEL. LOCAÇÃO. EMBARGOS À ARREMATAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. REJEIÇÃO LIMINAR. PRAZO. O prazo para a interposição dos embargos à arrematação é de 5 dias, contados da lavratura do auto, independentemente de intimação (arts. 746, § único, c/c 730, ambos do CPC, com a redação atual). (...) (Apelação Cível Nº 70024125403, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Otávio Augusto de Freitas Barcellos, Julgado em 29/04/2009). Desfazimento: o § 1º do art. 6941 arrola casos em que a arrematação torna-se sem efeito. Os casos arrolados devem ser separados, até para melhor compreensão. As hipóteses de desfazimento são: (i) revogação: desistência do arrematante, (ii) resolução: o arrematante não cumpre sua obrigação, (iii) invalidade: há defeito na arrematação. 1 § 1º. A arrematação poderá, no entanto, ser tornada sem efeito: I - por vício de nulidade; II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução; III - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a existência de ônus real ou de gravame (art. 686, inciso V) não mencionado no edital; IV - a requerimento do arrematante, na hipótese de embargos à arrematação (art. 746, §§ 1o e 2o); V - quando realizada por preço vil (art. 692); VI - nos casos previstos neste Código (art. 698). - Revogação ou desistência: hipótese do inciso IV. Se o executado opor embargos à arrematação, o arrematante pode desistir da arrematação. É uma mitigação da “irretratabilidade” da arrematação após a assinatura do auto. Se os embargos versarem sobre a arrematação propriamente dito, perde o objeto. - Resolução: hipótese do inciso II. A pena para o arrematante, ou seu fiador, que não pagar o preço ajustado, é a perda da caução e a impossibilidade de participar de nova hasta, que deverá ocorrer. - Invalidade: hipóteses dos incisos I, III e V. Os defeitos na hasta, desde o edital até o preço podem dar margem à invalidação da arrematação. - Não observância do art. 698. Encerramento: segundo § único do art. 692, “suspende-se” (rectius encerra-se) a hasta quando alcançar-se o valor da execução. Não se alienam mais bens se já foi alcançado o valor pretendido. Estes bens que “sobraram” não ficam, pelo menos ainda, liberados da penhora. Isto só ocorrerá com a extinção da execução (art. 794). Outras questões: - Natureza jurídica da arrematação: alguns dizem ser forma de transmissão derivada da propriedade; o STJ, por sua vez, já disse ser forma originária. - Direito à posse: a arrematação confere ao arrematante o direito de investir-se na posse do bem. Com as inovações do art. 475-N, inciso I, do CPC, pode-se considerar a carta de arrematação (que é o documento da decisão judicial) como título executivo, de modo que prescinde o arrematante que não está conseguindo se imitir na posse de novo processo, podendo executá-lo desde já. Eventual terceiro que se sinta prejudicado, está aberta a via dos embargos de terceiro. - Vício redibitório: com base no art. 441, do CC/02, o adquirente tem direito ao abatimento do preço (quanti minoris) ou à resolução do negócio se houver vícios que comprometam a utilização da coisa. Usufruto judicial: o art. 708, do CPC, traz como uma das formas de pagamento o “usufruto de bem imóvel ou de empresa”. Com a lei 11.382/2006, não existe mais o usufruto de empresa, passando a ser esta modalidade de pagamento o “usufruto de bens móveis ou imóveis”. As regras deste instituto estão nos arts. 716 a 724, CPC. Conceito: é forma de pagamento ao exequente, pelo qual se atribui ao credor os rendimentos de determinado bem do executado por determinado período de tempo. Utilidade do instituto: o usufruto judicial tem sua razão de ser na medida em que evita a retirada do bem do patrimônio do executado, e ao mesmo tempo, permite o pagamento ao credor. Objeto: bens móveis ou imóveis. Requisitos: a medida deve, a um só tempo, ser efetiva para o pagamento do credor e menos gravosa ao devedor. Legitimados: apesar do art. 721 só falar no exequente, entende-se que o executado também pode requerer a medida. Momento: antes da realização da hasta. Concordância: não é necessária a concordância do executado, mas ele deve ser sempre ouvido. Medida pro solvendo: significa que o usufruto perdurará por quanto tempo baste até a satisfação do crédito do exequente. Procedimento: 1º) Requerimento de usufruto judicial (art. 721). 2º) Vistas à parte contrária para manifestação (art. 722). 3º) Perícia técnica para avaliar o rendimento e saber por aproximadamente quanto tempo deve perdurar o usufruto (art. 722). 4º) Manifestação das partes sobre o laudo (art. 722, § 1º). 5º) Decisão do juiz (arts. 722, § 1º e 719). O juiz nomeará um administrador, que poderá ser tanto o credor como o devedor, se houver concordância entre eles. Desta decisão cabe agravo de instrumento. 6º) Decretado o usufruto, o executado perde o gozo do bem até que seja pago o principal, juros, custas e honorários (art. 717). Fraude contra credores e Fraude à execução Fraude contra credores: é instituto de direto material previsto no art. 158 do CC/02. A fraude contracredores é a diminuição patrimonial que leva o devedor à insolvência. Há requisitos objetivos e subjetivos para a caracterização da fraude. O requisito objetivo é a redução patrimonial (chamado de eventus damni). O requisito subjetivo é a o conluio entre devedor e adquirente (chamado de consilium fraudis). Para parte da doutrina é desnecessária a demonstração do consilium fraudis, desimportando a intenção da causar um dano. O que deve haver é a scientia fraudis, ou seja, a consciência de fraude pelo terceiro beneficiário. Para outros, ainda, deve haver apenas a insolvência. Segundo Nery (p. 849): “Para a caracterização da fraude contra credores não é necessário que tenha havido ciência da consequencia do ato (scientia fraudis) ou consenso entre devedor e o adquirente (consilium fraudis). De qualquer modo, o importante é que não é necessário que haja uma ação contra o devedor. Basta que exista um crédito anteriormente constituído + uma transferência patrimonial que leve à insolvência + a consciência do objetivo nocivo. Ônus da prova: diz-se que se o ato de transferência patrimonial for gratuito, há presunção de fraude; se for oneroso, cabe ao credor demonstrar o consilium fraudis e a scientia fraudis. Remédio jurídico: ação pauliana, de procedimento ordinário, admitindo a mais ampla defesa, seja via alegações ou via produção de prova. Efeito da sentença que acolhe a fraude a credores: anulabilidade da transação e, portanto, desconstitutiva negativa. Não se ignora discussões doutrinárias ou jurisprudenciais. Jurisprudência: AÇÃO PAULIANA. FRAUDE A CREDORES. DOAÇÃO DE IMÓVEIS A DESCENDENTE. NULIDADE. Presença dos pressupostos para a ação. Anterioridade do crédito. Consilium fraudis. Vínculos familiares que apontam para o conhecimento das circunstâncias da alienação. Insolvência. Prejuízo aos credores. Nulidade das doações. Negaram provimento. (Apelação Cível Nº 70028889244, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Rafael dos Santos Júnior, Julgado em 12/05/2009). Fraude à execução: é instituto de direito processual, caracterizando pelas regras de ordem pública. Visa, substancialmente, a garantir e dar efetividade à própria execução. Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz do processo. É requisito indispensável para a ocorrência de fraude à execução a existência de uma demanda (e não necessariamente uma execução) capaz de levar o devedor à insolvência. Estabelecer o início da demanda não é questão pacífica, dividindo-se a doutrina entre o simples ajuizamento e a citação. Numa ou noutra hipótese, a consequência é ter-se qualquer alienação ou oneração de bens passíveis de responsabilizar-se pela satisfação do crédito como alvo de fraude à execução, se não restarem outros para garantir futura execução, o que caracteriza o segundo requisito para reconhecimento da fraude à execução. Os requisitos, portanto, são: ação contra o devedor e estado de insolvência (ausência de outros bens para garantir a execução). É importante destacar que se o devedor tiver outros bens, não há fraude na alienação. Não se exige intenção de fraudar pois há presunção absoluta que o devedor não podia se desfazer de seu patrimônio e ficar insolvente. Boa-fé do adquirente: antes não se falava em boa ou má-fé do terceiro adquirente. Contudo, o STJ pacificou a questão dizendo ser necessária a prova da má-fé do adquirente para a caracterização da fraude à execução. Súmula 375, STJ: “O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.” Trata-se de súmula que revoga dispositivos de lei. Conseqüência do seu reconhecimento: atinge o plano da eficácia da transação. Argüição: nos próprios autos. O juiz pode agir de ofício, o que hoje está muito restringido considerando a nova orientação do STJ, que praticamente, revogou o instituto como um todo. Art. 615-A, CPC: diz o artigo: “O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto.” Agora, assim que uma ação de execução for distribuída, o credor pode (mas a diligência é dele) registrar a existência de demanda contra o réu. Assim, se houver a alienação de bem sobre o qual pende o registro, o adquirente não poderá alegar boa-fé. É válido para todos os bens que tenham órgão de registro, como CRI, Detran e outros. Normalmente não há registro para bens móveis, de modo que se presume-se a boa-fé de eventual adquirente, sob a nova orientação jurisprudencial, exigindo do credor a prova que deverá, por obviedade, ser produzida em ação própria até porque o processo de execução não autoriza tal dilação. Jurisprudência: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENHORA DE VEÍCULO. FRAUDE À EXECUÇÃO NÃO CONFIGURADA. BOA-FÉ DO ADQUIRENTE. Não demonstrada a má-fé do adquirente e inexistente registro de gravame quando da aquisição, afasta-se a alegação de fraude à execução. AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70030534226, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini Bernardi, Julgado em 10/06/2009). AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS Á EXECUÇÃO. DÉBITO CONDOMINIAL. PENHORA DE IMÓVEL. FRAUDE Á EXECUÇÃO. SÚMULA 375 DO STJ. CASO EM QUE NÃO PODE SER DECLARADA A FRAUDE À EXECUÇÃO QUANDO NÃO EXISTIA RESTRIÇÃO JUDICIAL SOBRE O BEM NEGOCIADO PELO RECORRENTE POR OCASIÃO DO NEGÓCIO CELEBRADO COM TERCEIRO, ALÉM DE INEXISTIR PROVA DE MÁ-FÉ OU CONLUIO. INCIDÊNCIA, NA ESPÉCIE, DA RECENTE ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ ATRAVÉS DA SÚMULA Nº 375, RESTANDO VÁLIDA A VENDA DO IMÓVEL REALIZADA, PORQUANTO NÃO HÁ CARACTERIZAÇÃO DA FRAUDE À EXECUÇÃO, NA MEDIDA EM QUE A ALIENAÇÃO DO IMÓVEL A TERCEIRO SE DEU EM MOMENTO ANTERIOR AO REGISTRO DA PENHORA. AGRAVO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70029145166, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elaine Harzheim Macedo, Julgado em 28/05/2009). APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. FRAUDE Á EXECUÇÃO CARACTERIZADA. - O imóvel em questão, como já apreendido quando do julgamento do agravo de instrumento que indeferiu o pleito liminar de suspensão da execução em face do manejo dos presentes embargos, fora doado pelo pai do agravante, e sucessivamente, sogro da agravante, mas em qualquer momento ficou devidamente comprovado tal doação no Registro de Imóveis, e a cópia da conta de energia elétrica, como comprovante de residência, não mostra devidamente o endereço, ou até mesmo o nome de qualquer um dos demandantes. - Ademais, a doação do imóvel ao filho e à nora, quando contra os pais corria demanda capaz de reduzi-los à insolvência, dá-se em fraude à execução. Sentença mantida. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70022887996, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dálvio Leite Dias Teixeira, Julgado em 04/06/2009). Alienação de bem penhorado: é a mais grave das hipóteses de fraude à execução. Neste caso, a ineficácia da alienação não depende de prova da insolvência do devedor. Ressalva-se, contudo, segundo a nova orientação jurisprudencial, a alienação de bem móvel que não tenha órgão para ser registrado; neste caso é possível que o adquirente esteja de boa-fé. O ônus de provar a má-fé recaia sobre o credor. Execução das obrigações de fazer e não-fazer e de entregar coisa Introdução:a execução de obrigação de fazer, não-fazer ou entregar coisa (dar) pode estar consubstanciada em título executivo judicial ou extrajudicial. A execução de obrigação de fazer e não-fazer com base em TEJ está prevista no art. 461; a execução de obrigação de dar com base em TEJ está prevista no art. 461-A; a execução de obrigação de fazer e não-fazer com base em TEEJ está prevista nos arts. 632 a 643; a execução de obrigação de dar com base em TEEJ está prevista nos arts. 621 a 631, todos do CPC. Conforme o art. 644, as disposições contidas nos arts. 621 a 643 aplicam-se, subsidiariamente, aos arts. 461 e 461-A. Execução das obrigações de fazer e não-fazer e de dar fundadas em TEJ: historicamente, a regra quanto ao cumprimento das obrigações era a possibilidade de conversão da obrigação não cumprida em perdas e danos. Isto se dava pela influência do Estado Liberal, não sendo possível ao Estado compelir alguém a fazer algo que não queria, pois estar-se-ia violando a liberdade individual. Vigorava o princípio de nemo precise cogit potest ad factum (ninguém pode ser compelido a prestar um fato contra sua vontade). Com a passagem do tempo, a regra foi se relativizando, pois se percebeu que em alguns casos não era satisfatória a conversão em obrigação pecuniária, sendo necessária a tutela específica. O 1º caso no Brasil de relativização veio com o Decreto-lei 58/37, que regulamentou o compromisso irretratável de compra e venda, obrigando o promitente vendedor a transferir a propriedade, sob pena de adjudicação compulsória. A discussão acabou com a reforma do CPC de 1994, que implementou a tutela específica das obrigações de fazer e não-fazer. Em 2002, a regra foi estendida às obrigações de dar, através da Lei 10.044/02. Com a reforma, o que antes era faculdade do devedor, ou seja, optar por cumprir a obrigação ou pagar, se transformou em faculdade do credor. Assim, a tutela específica (exatamente aquilo que se quer) somente se transforma em outra obrigação (pagar) se: a) for opção do credor, ou b) a prestação específica for impossível. Esta nova configuração chamou-se de princípio da primazia da tutela específica, segundo qual (Didier, p. 421): “se deve buscar dar ao credor tudo aquilo e exatamente aquilo que ele obteria se o devedor tivesse cumprido espontaneamente a obrigação que lhe cabia, isto é, tudo aquilo e exatamente aquilo que o credor obteria se não fosse necessário provocar a atividade jurisdicional para imposição da ordem.” Execução das obrigações de fazer e não-fazer com base em TEJ (art. 461): determina o caput do art. 461: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.” Desta norma se extrai a ideia de primazia da tutela específica, de modo que se buscará, em primeiro lugar, o cumprimento exato da obrigação devendo o juiz agir para alcançar tal objetivo. Entretanto, há uma divergência na doutrina sobre o alcance das providencias jurisdicionais. Para alguns doutrinadores, a exemplo de Dinamarco, o juiz somente pode agir para alcançar exatamente aquilo que foi pedido. Já o STJ adota posicionamento no sentido de que o objetivo inicial deve ser a tutela específica; porém, nada impede que o juiz busque outras formas de alcançar o mesmo resultado. Para Didier (obra citada), “...se vê que, embora haja um prioridade na busca e na concessão da tutela específica, o caput do art. 461 do CPC autoriza que o magistrado, à luz do caso concreto, ponderando os valores em jogo, tome providências no sentido de garantir ao credor um resultado prático equivalente ao que obteria com a tutela específica ou com o adimplemento voluntário da obrigação imposta. Essa via alternativa – que sempre deve ser trilhada como rota subsidiária e excepcional – configura exceção legal ao princípio da congruência objetiva, segundo o qual a decisão deve ficar adstrita ao pedido formulado pela parte, na medida em que permite ao magistrado desbordar-se dos limites objetivos fixados até mesmo ao pedido imediato (bem da vida) formulado pelo demandante.” Como exemplo tem-se o caso de um vizinho que constrói uma varanda, cujo telhado joga água na casa do vizinho quando chove. O vizinho prejudicado ingressa com ação pedindo a demolição da varanda. O juiz pode julgar procedente o pedido, mas em vez de demolir a varanda, pode determinar que o vizinho-réu construa uma canaleta e livre o vizinho-autor das águas da chuva. É um exemplo de adoção do “resultado equivalente” que trata o caput. Conversão em perdas e danos: haverá casos, porém, que não será possível alcançar a tutela específica, nem mesmo seu resultado equivalente. Esta situação é tratada no parágrafo 1º do art. 461: “A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.” É a incidência da exceção, portanto. Quando o cumprimento da obrigação restar impossível, não há muitas discussões, na medida em que a conversão em perdas e danos é a única saída. Deve-se atentar para que não seja caso de extinção do negócio. Se houver perecimento do objeto por força maior, extingue-se a obrigação, não podendo ser convertida. Para que a conversão possa ocorrer, a impossibilidade do cumprimento da obrigação deve ser: a) superveniente (se desde o início o cumprimento era impossível, o negócio é nulo), b) absoluta e c) decorrer de culpa do devedor (o art. 248 do CC diz: Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos). No tocante ao requerimento do credor para que se opera a conversão, o requisito básico é o inadimplemento, ou seja, enquanto não exigível a obrigação, mesmo que o credor prefira, não pode requerer a conversão em perdas e danos. Segundo Didier (obra referida), após o inadimplemento, o credor pode optar pela conversão, mesmo que ainda pudesse ser cumprida a obrigação principal. A partir do inadimplemento torna-se faculdade do credor optar pelo cumprimento da tutela especifica ou pala conversão. É necessário, porém, que a conversão tenha resultado prático, não sendo possível onerar abusivamente o devedor. Uma vez tida a obrigação como impossível, verificar-se-á, nos próprios autos a veracidade da informação e o valor das perdas e danos, podendo ser feito todo tipo de prova, inclusive a pericial, como em uma liquidação de sentença. Procedimento único: uma das formas de garantir maior celeridade e eficácia jurisdicional é a desnecessidade de um processo executivo autônomo. A execução de fazer e não-fazer se dá nos mesmos autos e sem qualquer intervalo, tal como é hoje o cumprimento da sentença. Natureza jurídica: a decisão que determina um fazer ou não-fazer pode ser mandamental ou executiva. Entende-se executiva quando não contar com a participação do devedor, ficando este absolutamente inerte. Neste caso, o juiz substituirá a vontade dele por atos que levem à eficácia das medidas. Por outro lado, verifica-se grande incidência de sentenças mandamentais, isto é, o juiz adota medidas que compelem o devedor a agir, mesmo contra sua vontade. Poder geral de efetivação: o § 5º do art. 461 confere ao juiz o poder de utilizar os meios que o caso concreto sinalize serem os necessários para a efetivação da obrigação. Importante destacar queo juiz pode agir de ofício ou a requerimento da parte. O rol do § 5º é exemplificativo, não estando o juiz vinculado a nenhuma medida em especial, mas deve sempre balizar suas decisões pelo princípio da proporcionalidade. Também não fica o juiz vinculado a uma medida requerida pela parte, pode deferir ou não, utilizado outra. Um dos meios mais utilizados é a multa coercitiva, mas é possível também a “sanção premial”, isto é, algum bônus ao devedor se cumprir o comando, como uma redução de honorários, por exemplo. Da mesma forma que o § 5º confere o poder geral de efetivação, o § 6º permite que o juiz, novamente de ofício ou a requerimento, altere a medida que determinou, podendo agravá-la ou abrandá-la, dependendo da necessidade do caso concreto. Apesar do art. Se referir apenas à multa, pode ser aplicada para qualquer medida. Todas estas decisões devem ser fundamentadas, e se possível, submetidas ao contraditório, até mesmo porque as partes podem interpor recurso contra elas. Tutela antecipada: de acordo com o § 3º, o juiz pode conceder tutela antecipada, sendo relevante o fundamento da demanda e havendo receio de ineficácia do provimento final. Como na tutela antecipada “comum”, o juiz pode modificar a decisão, sempre fundamentando. Multa coercitiva: trata-se de medida que visa a coagir o devedor a cumprir com a obrigação (como visto acima, está relacionada com decisões mandamentais, pois conta com a “participação” do devedor). Pode ser aplicada em sede de tutela antecipada ou na sentença (§ 4º). Como o próprio nome diz, tem caráter coercitivo, portanto, não é indenização nem perdas e danos. Esta explicação serve para entender o § 2º do art. 461 que diz que “a indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa.” Não há critérios definidos de valores da multa, mas deve ser aplicada com razoabilidade, não sendo tão alta que gere enriquecimento sem causa do credor, nem tão baixa que não atemorize o devedor. Apesar de comumente falar-se em “multa diária”, ela pode ser diária, semanal, mensal, ou então por hora ou até mesmo fixa. Tudo depende das necessidades do caso concreto. Em relação à Fazenda Pública, apesar de algumas críticas, o STJ já entendeu ser possível cominar multa coercitiva visando ao cumprimento da obrigação. Multa e litigância de má-fé: é possível a cumulação da multa coercitiva do art. 461 com a multa por litigância de má-fé do art. 14, ambos do CPC. Ocorre que esta tem a função de punir e aquela de inibir o devedor para que não descumpra a obrigação. De qualquer sorte são multas que se distinguem e que não guardam a mesma base de incidência, sob pena de ofender-se o princípio do ne bis in idem. Execução da multa coercitiva: a questão que surge aqui é se a multa aplicada em sede de tutela antecipada é devida independentemente do resultado final, ou só será devida se o devedor acabar sendo vencido na demanda. Para alguns ela é autônoma, e não depende do resultado final, podendo ser cobrada pelo credor ainda que este tenha sido vencido na ação. Quem sustenta esta tese permite que se execute provisoriamente a multa, salvo se contra esta decisão for interposto agravo de instrumento que receba efeito suspensivo. Para outra corrente, a exigibilidade da multa está adstrita ao resultado da demanda. O credor só poderá cobrá-la se sair vencedor. A segunda tese está sendo pacificada, tendo o TJRS já se manifestado neste sentido (70017344631 e 70012173563). Também o ECA (art. 213, § 3º) e o Estatuto do Idoso (art. 83, § 3º) dizem que é necessário o trânsito em julgado para se possível a execução da multa. Abuso do credor: não é possível, à luz da boa-fé, que o credor aja de modo a retardar o feito e aumentar o valor da multa. Neste sentido, o enunciado 169 da IIIª Jornada de Direito Civil da Conselho da Justiça Federal: “Princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.” Segundo Didier (p. 460, obra referida): “Ao não exercer a pretensão pecuniária em lapso de tempo razoável, deixando que o valor da multa aumente consideravelmente, o autor comporta-se abusivamente, violando o princípio da boa-fé.” Defesa do executado: apesar do artigo silenciar sobre a defesa do executado, poderá, em tese, insurgir-se contra as decisões proferidas durante o cumprimento da sentença, situação naturalmente reduzida porque, a rigor, toda e qualquer defesa deverá ter sido deduzida em sede de contestação quando do processo de conhecimento que gerou a sentença. Nesses casos, os incidentes deverão ser arguidos através de petição simples e não terão o condão de suspender o cumprimento da sentença. Execução da obrigação de dar com base em TEJ (art. 461-A): como visto acima, em 2002 foi acrescentado o art. 461-A visando a implementar maior efetividade à execução das obrigações de dar. Por expressa determinação do § 3º, aplica-se à execução de dar as disposições da execução de fazer e não-fazer. Assim, tem-se como procedimento padrão o seguinte: 1) O juiz dá um prazo para o devedor entregar a coisa (art. 461-A, caput). 2) Não sendo cumprido o determinado, o juiz toma medidas de apoio, quais sejam: busca e apreensão, se bem móvel ou imissão na posse, se bem imóvel (art. 461-A, § 2º), o que caracteriza a sentença como de eficácia auto-executiva. 3) Não sendo possível a obtenção da tutela específica, o juiz pode lançar mão das medidas coercitivas do art. 461 (art. 461-A, § 3º c/c art. 461, § 5º). Tendo em vista que o juiz deve tomar as medidas necessárias para a eficácia do provimento judicial, poderá inverter a ordem do procedimento, determinando as medidas antes mesmo de ouvir o réu, se o caso concreto mostrar que esta é a solução mais adequada. Coisa em mãos de terceiro: quando a coisa a ser entregue estiver em mão de terceiro, o credor pode optar por converter a execução em perdas e danos (art. 627) ou requerer que se expeça ordem para que o terceiro entregue a coisa. Esta última determinação encontra sustentação no art. 42, § 3º (A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário). Individualização da coisa: o procedimento do art. 461-A diz respeito tanto à coisa certa como coisa incerta. Sendo a obrigação de dar coisa certa (aquela determinada pelo gênero, quantidade e qualidade), não há maiores problemas, na medida em que a coisa está individualizada. Se, contudo, a obrigação for de dar coisa incerta (aquela determinada pelo gênero e quantidade), verifica-se o disposto no § 1º, pois antes da entrega, a coisa incerta deve ser individualizada. Se couber ao devedor a escolha (maioria dos casos), este deve entregar a coisa individualizada no prazo fixado pelo juiz; se couber ao credor, este deve individualizar o que quer na petição inicial. Qualquer que seja a parte que deva escolher, a outra parte poderá impugnar a escolha, podendo as partes valerem-se de todos os meios de provas admitidos para demonstrar o que pretendem. Conversão da obrigação de dar em perdas e danos: a possibilidade existe tendo em vista que se aplicam as regras da execução de fazer e não-fazer. Contudo, no que tange à execução de dar, a liberdade do credor é menor. Isto porque aqui o bem existe, e existindo, deve-se priorizar a tutela específica. Primeiro deve-se oportunizar ao devedor a possibilidade de entregar a coisa para, apenas se houver o descumprimento, o credor possa requerer a conversão. O art. 627 trás as hipóteses de conversão: (i) quando a coisa não for entregue, (ii) quando a coisa se deteriorou (por culpa do devedor),(iii) quando a coisa não for encontrada, e (iv) quando a coisa estiver em poder de terceiro adquirente e o credor optar por não reclamá-la. Observação: no caso de deterioração da coisa, as conseqüências variam caso se trate de obrigação de dar coisa certa, incerta ou restituir ou ainda, se é caso de direito possessório com boa ou má-fé. Apuração das perdas e danos: como na execução de fazer e não-fazer, a apuração da existência ou não de perdas e danos, bem como seu valor, depende de incidente de conhecimento durante a execução. O que difere aquela execução desta é a matéria em debate. Defesa do executado: como dito na execução de obrigação de fazer e não-fazer, as insurgências devem ser feitas no âmbito do processo de conhecimento. Eventualmente alguma defesa poderá se dar após sentença, por petição simples, mas não tendo o condão de suspender o cumprimento da sentença. Execução de obrigação de fazer e não-fazer com base em TEEJ (arts. 632-643): como visto, se a obrigação de fazer e não-fazer tiver origem em uma sentença, a execução será feita com base no art. 461; é o que diz o art. 644. Se, por outro lado, a obrigação estiver consubstanciada em TEEJ, ingressa-se com processo executivo autônomo, seguindo as regras dos arts. 632 a 643, do CPC. Fases: no procedimento executivo, nota-se que há uma “fase” para cumprimento voluntário e, se não satisfeita a obrigação, inicia-se a execução forçada. Procedimento: 1º) Ingresso da ação de execução com base em TEEJ. 2º) Juiz manda citar o réu para cumprir a obrigação assinalada no título, fixando prazo razoável, se este não estiver previsto no título (art. 632). 3º) Juiz fixará multa em caso de atraso (art. 645). Neste ponto, vale tudo o que foi dito a respeito da multa coercitiva e do poder geral de efetivação do juiz. O juiz pode fixar multa propriamente dita ou outra medida que entender cabível. 4º) Citado o devedor pode: (i) cumprir a obrigação, dando azo à extinção da execução, (ii) apresentar embargos, no prazo de 15 dias, contados da juntada do mandado de citação (art. 738), sem necessidade de segurança do juízo (art. 736), a menos que queria a suspensão da execução (art. 739-A, § 1º), (iii) ficar inerte. Embargando ou ficando inerte, tem início a fase de execução forçada. Deve-se diferenciar, a partir daqui, se a obrigação pode ser feita por terceiro (fungível) ou se apenas o devedor pode cumprir (infungível). Sendo fungível, a matéria está disciplinada nos arts. 633 a 637; se infungível, no art. 638. Tratando-se, outrossim, de obrigação juridicamente infungível, o seu regramento está previsto nos arts. 466-A, 466-B e 466-C, do CPC. 5º) Sendo a obrigação fungível, o credor pode: (i) requerer que um terceiro cumpra a obrigação, às custas do devedor, (ii) cumprir ele mesmo, às custas do devedor, (iii) insistir no cumprimento coercitivo, ou (iv) requerer a conversão da obrigação em perdas e danos. 5º) Se a obrigação for infungível, o credor pode requerer que o juiz fixe prazo para o cumprimento e com a recusa ou mora, converte-se em perdas e danos. Execução de obrigação de dar com base em TEEJ (arts. 621-631): da mesma forma que na execução de dar fundada em TEJ, deve-se diferenciar a “coisa certa” da “coisa incerta”. A coisa é incerta quando determinada pelo gênero e quantidade, mas não qualidade (ex.: 600 sacas de café); a coisa é certa quando determinada pelo gênero, quantidade e qualidade (ex.: 600 sacas de café árabe, tipo exportação). Assim, o início da execução de dar é diferente havendo coisa certa da coisa incerta., pois para esta deve haver, primeiro, a individualização. Verifica-se, ainda, que, como no procedimento da execução de fazer ou não-fazer fundado em TEEJ, há um 1º momento em que busca-se o cumprimento voluntário, mas somente depois, iniciar-se com a execução forçada. - Procedimento inicial da execução de entregar coisa certa: 1º) Ingresso da ação de execução com base em TEEJ. 2º) O devedor é citado para entregar a coisa em 10 dias, ou então, se não entregar, poderá embargar a execução2-3. 3º) O juiz pode valer do poder geral de efetivação e determinar quaisquer medidas que entender cabíveis, visando o cumprimento da obrigação. 4º) Citado, o executado pode: (i) entregar a coisa, restando extinta a execução, salvo se houver a necessidade de pagamento de frutos ou prejuízos (art. 624), (ii) embargar a execução, sem necessidade de segurança do juízo, salvo se quiser que seja agregado efeito suspensivo (art. 739-A, § 1º), (iii) ficar inerte. Nos casos (ii) e (iii) terá início a execução forçada. - Procedimento inicial da execução de entregar coisa incerta: a diferença é que a coisa deverá ser individualizada. Se a escolha couber ao exequente, este deve individualizar na petição inicial; se coube ao executado, deve ser citado para entregar a coisa 2 Apesar da redação do art. 621, com o advento da lei 11.382/2006, não é mais necessário estar seguro o juízo para o oferecimento de embargos. Vale a regra do novo art. 736. O mesmo se diz do art. 622, que não tem mais aplicação. 3 A redação do art. 621 pode dar a entender que o prazo dos embargos seria de 10 dias, o que não é verdade. O prazo é de 15 dias, contados da juntada do mandado de citação. individualizada (art. 629). Após a escolha, a parte que não escolheu pode impugnar a escolha em 48 horas, devendo o juiz decidir na sequência, podendo ouvir um perito (art. 630). A partir da decisão, a coisa torna-se certa e o procedimento é o posto acima. - Execução forçada: não entregando a coisa ou oferecendo embargos sem efeito suspensivo, tem início a execução forçada, podendo o juiz determinar a imissão de posse ou busca e apreensão, em favor do credor, conforme diz o art. 625, ou então utilizar qualquer outra medida, tendo em vista o poder geral de efetivação. Coisa em poder de terceiro: se após o executado ter sido citado alienou a coisa para 3º, o credor decide se quer que o 3º seja citado ou se quer a conversão da execução em perdas e danos. O art. 626 diz que o 3º só pode ser ouvido se depositar a coisa, mas esta regra sofre críticas, tendo em vista o atual art. 736. Conversão em perdas e danos: desde ocorrida alguma das hipóteses do art. 627, o credor ter o direito de requerer a conversão da obrigação em perdas e danos. Embargos à execução Natureza jurídica: há divergências, pois alguns dizem ser uma defesa, enquanto outros dizem ser ação e há quem diga que é um misto de ação de defesa. A doutrina majoritária (Araken) diz que é uma ação, ainda que conexa com a execução, tanto que deve ter a forma prescrita nos arts. 282 e 283, do CPC. Classificação: a) quanto ao momento de oferecimento, podem ser “de primeira fase”, opostos após a citação do executado (art. 7384), ou então, “de segunda fase”, que servem para impugnar a adjudicação, alienação particular e arrematação, no prazo que se 4 Art. 738. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação. conta da realização destes atos (art. 7465); b) quanto ao objeto, podem ser de mérito ou processuais. Valor da causa: é o valor que se aproveitará, não necessariamente tendo o mesmo valor da execução. Se os embargos versarem todo o valor da execução, aí sim o valor será o mesmo. Já se a discussão for de excesso de execução, o valor será justamente o excesso apontado. Prazo e procedimento: o procedimento “normal” é: 1) Exeqüente ingressa com execução de TEEJ. 2) Verificando o juiz que se trata, de fato, de TEEJ, manda citar o executado. 3) O executado
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