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22 Nutrição no Esporte Número 22 Abril/Maio/Junho - 1999 SPORTS SCIENCE EXCHANGE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS PARA GANHO DE PESO Priscila M. Clarkson, Ph. D. Professora e Diretora Associada Department of Exercise Science University of Massachusetts Amherst, MA PRINCIPAIS ASPECTOS 1. Entre os principais suplementos nutricionais utilizados para aumentar a massa muscular encontramos: cromo, creatinina, sulfato de vanádio, boro, beta hidroxi beta metil butirato (HMB), compostos protéicos e aminoácidos. 2. O cromo é um mineral traço que potencializa os efeitos da insulina. Estudos científicos muito bem conduzidos demonstraram que a suplementação com cromo não aumenta a massa muscular. 3. A creatina, encontrada na carne, tem demonstrado que aumenta o peso corporal em algumas pessoas. O aumento de peso a curto prazo, parece ser devido à retenção de água, porém, pesquisas recentes demonstram que o seu uso, a longo prazo, pode promover uma elevação do peso corporal devido ao aumento da proteína muscular. 4. O vanádio é um mineral traço não essencial, que supostamente tem efeitos semelhantes ao da insulina. Não foi observado nenhum aumento da massa muscular devido ao seu uso. O boro também é um mineral traço não essencial, cuja função no organismo não parece muito clara; ele não aumenta a massa muscular. 5. O HMB é um produto do metabolismo da leucina. Um estudo demonstrou que o HMB aumenta a massa muscular, a resistência e reduz as contusões musculares durante a prática de exercícios. Pesquisas adicionais são necessárias para confirmar esses resultados e estabelecer o seu mecanismo de ação, assim como a segurança de seu uso. 6. A ingestão de suplementos protéicos para aumento da massa muscular são desnecessários porque a ingestão de quantidades adequadas de proteína (1,4 a 1,8 g de proteína/kg/dia), pode ser obtida através da alimentação. Se bem que, os suplementos protéicos de “alta tecnologia” são adicionados a algumas substâncias com o propósito de estimular o ganho de peso, muito embora muitos deles nunca foram avaliados para ter a sua eficácia comprovada. 7. As pesquisas demonstram que o ganho de massa muscular e resistência ocorre quando o atleta está bem nutrido (i.e. tem uma ingestão adequada de energia e proteína), e está desenvolvendo um programa de treinamento bem elaborado para aprimorar a resistência. INTRODUÇÃO A aparência da musculatura do homem, ao longo tempo, tem sido considerada através de um determinado padrão. No início da década de 20, Charles Atlas iniciou uma campanha promocional, preconizando um programa de musculação destinado ao fisiculturismo. Nessa propaganda, através de uma estória em quadrinhos, era mostrado um homem magro, com menos de 50kg de peso corporal, deitado na areia de uma praia, e sendo molestado por um indivíduo musculoso. O molestado fez o curso de Charles Atlas, e retornou à praia para desafiar o seu desafeto. Ainda nos nossos dias, o curso de Charles Atlas continua sendo oferecido, o corpo perfeito preconizado por ele, atualmente é apenas um pálido exemplo quando o comparamos com os atuais fisiculturistas apresentados em revistas especializadas. Muitos fisiculturistas não acreditam que apenas com o treinamento possam desenvolver os músculos de acordo com os padrões atuais. Aqueles que não desejam comprometer seu organismo e sua saúde com drogas para desenvolver a musculatura, dedicam-se à ingestão de suplementos nutricionais. Entre os suplementos nutricionais mais divulgados para aumentar a massa corporal, destacam-se: o cromo, a creatina, o sulfato de vanádio, o boro, o beta hidroxi beta metil butirato (HMB), as preparações protéicas e misturas de aminoácidos. Esses suplementos normalmente estão em promoção e disponíveis para compra em academias, por telefone, correio ou mesmo pela Internet. A popularidade dos suplementos nutricionais para aumento da massa corporal tem aumentado nos últimos anos, em paralelo com a cultura estética de um corpo musculoso. Este trabalho visa fazer uma revisão sobre a crendice popular a respeito dos suplementos e apresentar estudos científicos avaliando a eficácia dos mesmos. CROMO O cromo é um mineral “traço”, essencial para o organismo. Devido a metodologia ainda insuficiente para determinar o papel do cromo no metabolismo, o Comitê Norte- Americano para Alimentos e Nutrição não determinou as necessidades diárias (RDA) para esse mineral. Entretanto, uma faixa de valores foi estimada como segura para ser ingerida diariamente (ESID) e está situada entre 50-200mg (Food and Nutrition Board, 1989). Anderson & Kozlovsky (1985) verificaram que a maior parte da população americana não ingere 50mg por dia. A ESID foi estabelecida usando equipamentos menos sofisticados que os atuais, daí a possibilidade dos valores recomendados poderem ser maiores (Stoecker, 1996). O cromo potencia a ação da insulina, e esta estimula a captação de glicose e de aminoácidos pelas células (Lefavi, et al., 1992; Mertz, 1992). Sabe-se que o incremento na captação de aminoácidos pelas células promove um aumento na síntese protéica e, consequentemente, um aumento na massa muscular. De fato, já foi observado que a suplementação com cromo promove um ganho de massa muscular em animais na fase de crescimento (Stoecker, 1996). Entretanto, os efeitos do cromo em seres humanos não estão bem esclarecidos. A suplementação com cromo é mais eficiente na forma de picolinato, entretanto, também apresenta-se efetivo na forma de nicotinato e de cloreto. O ácido picolinico é um composto orgânico, que se une ao cromo e aumenta a sua absorção e transporte no organismo (Evans, 1989). Evans, em 1989, foi o primeiro pesquisador a mostrar os efeitos da suplementação com cromo no aumento da massa magra em seres humanos praticantes de exercícios físicos. Em seus estudos, Evans forneceu 200mg de picolinato de cromo ou placebo a estudantes de nível colegial divididos em dois grupos, um que treinava futebol americano e o outro que era composto por estudantes que não praticavam exercícios. A administração era diária, e o programa de treinamento de resistência levou de 40 a 42 dias. O autor verificou que os estudantes que receberam suplementação de cromo ganharam uma massa muscular significativamente maior quando comparado com o grupo que recebeu placebo. Entretanto, o aumento da massa magra foi determinado pela medida de circunferências, e o erro deste método pode ter interferido nos resultados. Quatro estudos subseqüentes não confirmaram os resultados obtidos por Evans. Hasten e seus colegas (1992), forneceram 200mg de picolinato de cromo ou placebo, durante 12 semanas a estudantes que participavam de um programa de treinamento de força. Os resultados demonstraram que ocorreu um pequeno aumento de peso corporal entre os homens, tanto no grupo que recebeu o picolinato de cromo, como no grupo que recebeu o placebo. Entre as mulheres ocorreu um pequeno aumento de peso no grupo que recebeu o placebo, porém o grupo que recebeu a suplementação com cromo teve um aumento de massa corporal da ordem de 2,5kg (Figura 1). Não foi determinada a massa magra. Os autores fazem diversas especulações para explicar o aumento de peso corporal entre as mulheres que ingeriram o suplemento de cromo: 1) as mulheres possivelmente estavam com deficiência de cromo (não foram apresentados dados sobre a dieta); 2) a dose de cromo foi elevada para o grupo feminino; 3) possivelmente as mulheres são menos resistentes à insulina que os homens; e 4) o ganho de peso relativamente elevado encontrado no grupo masculino e no início do treinamento de força pode ter mascarado o efeito da suplementação. Estudos adicionais devem ser feitos para confirmar os resultados obtidos com os participantes do sexo feminino para determinar quais as razões das mesmas terem sido mais beneficiadas com a suplementação com cromo, durante o programa detreinamento para desenvolvimento de força. Estudando os efeitos da suplementação com cromo na massa magra, Clancy e seus colegas (1994) deram 200mg por dia de picolinato de cromo ou placebo, durante 9 semanas, a estudantes de nível colegial, jogadores de futebol americano, e que estavam inseridos em um programa de treinamento de força. As modificações na composição corporal foram feitas através da determinação da densidade corporal (peso sub-aquático) e medidas antropométricas. Foi feita a determinação da ingestão de alimentos e a excreção urinária de cromo. Não foram observadas diferenças entre o grupo que recebeu suplementação com cromo e o que recebeu placebo nas medidas das dobras cutâneas, percentual de gordura, massa magra e medidas de circunferências. A excreção urinária de cromo foi baixa antes da suplementação, e em alguns casos não foi detectável. Este fato também foi observado no grupo que recebeu o placebo. Entretanto, no grupo que recebeu a suplementação com cromo, a excreção urinária aumentou significativamente após 4 semanas, e permaneceu elevada por 9 semanas. Esses resultados, sugerem que as reservas de cromo do organismo estavam adequadas e a ingestão extra de cromo foi eliminada através da urina. Em outro estudo (Hallmark, et al.,1996), usando praticamente o mesmo planejamento experimental de Clancy e cols. (1994), mas empregando pessoas destreinadas do sexo masculino, também não observou resultados positivos com a suplementação com cromo na massa magra. Em um estudo muito bem controlado, Lukaski e colegas (1996) procuraram 24 22 20 18 16 14 12 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo (Semanas) Cr-CI Chr-PIC Placebo C ro m o (n m ol /d ia ) Semanas 0 3 6 9 12 0 -1 1 2 3 4 5 G an ho d e P es o (% d o p ré -t es te ) F-CrPic M-P M-CrPic F-P FIGURA 1. Peso corporal após 12 semanas, expresso como percentagem do peso inicial. F-CrPic = feminino suplementado com picolinato de cromo; M-P = masculino ingerindo placebo; M-CrPic = masculino ingerindo suplemento de picolinato de cromo; e F-P = feminino ingerindo placebo. Modificado de Hasten et al., (1992). FIGURA 2. Excreção urinária de cromo em amostras coletadas por três dias antes (0) e durante 8 semanas de treinamento de força, com ingestão de cloreto de cromo, picolinato de cromo e placebo. Modificado de Lukaski et al., (1996). verificar o efeito da suplementação de cloreto de cromo, picolinato de cromo ou placebo, durante 8 semanas, em homens que estavam iniciando um programa de treinamento de resistência. A composição corporal foi cuidadosamente determinada através de dobras cutâneas, circunferências e a dupla verificação da absorção de raios X (DEXA). O controle alimentar também foi observado. As duas formas de cromo administradas aumentaram de maneira similar a excreção urinária de cromo, e não apresentaram nenhum efeito na composição corporal (Figura 2). A maioria dos trabalhos publicados demonstram que a suplementação com cromo é ineficiente no aumento da massa magra. Estudos feitos com cultura de células, sugerem que o picolinato de cromo pode se acumular nas células e provocar danos nos cromossomas (Stearns et al., 1995a; Stearns et al., 1995b). Esses resultados não foram encontrados em estudos efetuados com seres humanos (McCarty, 1996), e parece ser mais prudente ingerir alimentos ricos em cromo. Entre os alimentos que apresentam um alto teor de cromo encontra-se o levedo, o queijo, cogumelos e germe de trigo. CREATINA A creatina é encontrada na carne e no peixe. Quando ingerida, ela é absorvida a nível intestinal e é lançada na corrente circulatória sem sofrer alterações. Uma vez na corrente sangüínea, ela é levada para os tecidos, como o muscular, por proteínas transportadoras específicas. A creatina é normalmente sintetizada pelo organismo utilizando os aminoácidos glicina e arginina. No músculo esquelético, a creatina se combina com o fosfato, formando a creatina fosfato, uma molécula importante como fornecedora de radicais fosfatos para as moléculas de adenosina di- fosfato regenerarem a adenosina tri-fosfato (ATP), a primeira fonte de energia para os músculos. A creatina se tornou um dos suplementos nutricionais mais populares na última década (Balsom, 1994; Volek & Kraemer, 1996). Muitos, porém nem todos, estudos científicos mostraram ser a creatina um agente ergogênico, que melhora o desempenho em esportes repetitivos de alta intensidade e curta duração; sua eficácia continua em discussão (Mujika e Padilla, 1997). O efeito colateral dos suplementos com creatina reside no aumento da massa muscular. Diversos estudos demonstraram que a suplementação com creatina (20 a 30g/dia durante 5 dias), resulta em um aumento significativo (da ordem de 1 a 3kg) no peso corporal, (Balsom et al., 1993 a-b; Balsom et al., 1995; Earnest et al., 1995; Green et al. 1996; Greenhaff et al., 1996; Jacobs et al., 1997; Mujika et al., 1996; Söderlund et al., 1994; Stroud et al., 1994; Volek et al., 1997). Entretanto, alguns estudos não encontraram um aumento significativo no peso corporal (Earnest et al., 1997; Grindstaff et al., 1997; Prevost et al., 1997). É importante destacar que a ingestão de 20g de creatina corresponde a cerca de 5,5kg de carne (Eichner, 1997). Em um estudo no qual os participantes ingeriram 30g de creatina por dia, durante 6 dias, a pessoa que apresentou o maior aumento de peso corporal (2,5kg), foi um vegetariano (Balsom et al., 1993a). Parece que a captação de creatina pelo músculo é maior em vegetarianos (Harris et al., 1992), o que parece ser lógico, pois os vegetarianos apresentam uma reserva de creatina baixa a nível muscular (Delanghe et al., 1989). Alguns indivíduos apresentam uma grande alteração na massa muscular, enquanto outros apenas pequenas modificações. Parece que a grande variação observada nas respostas do organismo à ingestão de creatina reflete o estágio inicial do nível deste elemento no organismo. O modo de ação da creatina em aumentar o peso corporal não é conhecido. A ingestão de 20g de creatina durante 4 a 5 dias resulta em um aumento significativo nos níveis de creatina muscular (Harris et al., 1992). A ação da creatina no músculo pode ser osmótica, aumentando a retenção de água pelas células (Volek & Kraemer, 1996). Hultman et al. (1996), observaram que quando as pessoas ingerem creatina ocorre uma diminuição na excreção de urina, indicando uma retenção de água. Estudos preliminares sugerem que pode ocorrer um aumento na síntese protéica, assim como na retenção de fluidos (Ziegenfuss et al., 1997; Flisinska- Bojanowska, 1996). A segurança do uso de suplementos de creatina chamou a atenção em dezembro de 1997, após a morte de três colegiais halterofilistas. Na ocasião especulou-se como tendo a creatina alguma participação no fato. Entretanto, esses halterofilistas se submeteram a uma desidratação intensa, que possivelmente teria causado um estresse térmico fatal. Qualquer contribuição que a creatina tenha dado ao evento, não foi confirmada. Muitas são as informações corriqueiras a respeito dos efeitos da creatina no organismo que são divulgadas por preparadores físicos, destacando-se as cãibras, espasmos e mesmo distensões musculares. Tem sido postulado que a retenção de água pelo músculo causa esses problemas, porém esses fatos não foram estudados ou documentados. Estudos laboratoriais tem demonstrado um mínimo ou mesmo nenhum efeito colateral que possa ser atribuído à ingestão de creatina, esses estudos tem utilizado um protocolo de estudo de curta duração (de 4 dias a menos de 2 meses). O uso de altas doses de creatina por períodos longos não foi estudado. Os fabricantes recomendam a ingestão de 20g de creatina por dia, durante 5 dias, e continuaro programa com a ingestão diária de 2 a 5g. Os atletas muitas vezes elevam a ingestão quando os períodos são longos, partindo do princípio de que se pouco é bom, mais é ainda melhor. São necessários mais estudos para definir se a ingestão de suplementos de creatina em diversas quantidades e períodos é segura, e quais são as condições que exigem cuidados especiais. VANÁDIO O vanádio é um mineral traço, cuja essencialidade ainda não foi demonstrada para os seres humanos. Embora algumas informações sobre suas necessidades possam ser encontradas (Food and Nutrition Board, 1989), a ingestão de uma quantidade diária ao redor de 10mg provavelmente atende a qualquer necessidade postulada (Nielsen, 1996). A deficiência de vanádio em animais tem demonstrado efeitos deleteriosos, como a diminuição da longevidade, porém ainda não foram relatados casos de deficiência de vanádio em humanos. Tem sido propostas diversas funções para o vanádio, incluindo uma semelhante à da insulina em promover o transporte de aminoácidos para o interior das células. Devido ao fato de aumentar a captação de aminoácidos pelos músculos, lhe é atribuída a característica de aumentar a massa muscular; o vanádio, na forma de sulfato é amplamente utilizado como construtor de músculos. Os dados obtidos com animais e cultura de células, sugerem que o vanádio tem uma função anabólica. Devido ao fato de que as informações relativas à essencialidade do vanádio para os seres humanos ainda não serem suficientes, não foi estabelecida uma RDA ou uma ESID (Food and Nutrition Board, 1989). Entre os alimentos ricos em vanádio encontramos os cogumelos, a salsa e os crustáceos. As frutas, verduras, gorduras e óleos contém pequenas quantidades de vanádio (Nielsen, 1996). Foi sugerido, que alguns atletas devem ingerir cerca de 60mg por dia durante 2 a 3 meses para aumentar a massa muscular (Fawcett et al., 1996). Entretanto, não existe nenhum trabalho demonstrando os efeitos anabolizantes do vanádio em seres humanos. No único estudo, que avalia o uso de uma suplementação com vanádio, os indivíduos ingeriram 0,5mg/kg/dia de sulfato de vanádio ou placebo por 12 semanas, durante um programa de treinamento de força, e os resultados não demonstraram efeitos positivos na composição corporal, obtida através de medidas antropométricas ou por escaneamento DEXA (Fawcett et al., 1996). A utilização de suplementos com vanádio pode ser prejudicial, se for feita por um período de tempo longo. A ingestão suplementar de 13,5mg de vanádio por dia, durante 6 semanas, ou de 9mg até 16 meses não demonstraram toxicidade. Entretanto, doses maiores provocaram diarréia, língua verde, distúrbios gastro- intestinais e cãibras (Nielsen, 1996). Até o momento, não existe justificativa científica para o uso do sulfato de vanádio como um agente anabólico para atletas, e doses elevadas por um período mostraram ser prejudiciais. BORO O boro é um elemento químico essencial para o crescimento de plantas, e pode também ser essencial para os animais, porém para os seres humanos ainda não existem dados suficientes para que se estabeleça uma RDA ou uma ESID (Food and Nutrition Board, 1989; Nielsen, 1996). Não existem dados relativos ao conteúdo de boro nos alimentos, porém a ingestão foi calculada estar entre 0,5 e 3,1mg (Nielsen, 1996). Estudos com animais sugerem uma ingestão da ordem de 1mg/dia. O boro está presente em alimentos de origem vegetal. As frutas não cítricas, folhas de vegetais, nozes e legumes são boas fontes de boro (Nielsen, 1996). Ainda não se conhece a maneira como o boro ingerido é transportado no organismo. O boro está presente em todos os tecidos moles, porém apresenta concentrações mais elevadas nos ossos, unhas, cabelos e dentes (Nielsen, 1996). Ainda é desconhecida com exatidão a função do boro no organismo, porém sabe- se que ele afeta o metabolismo do cálcio e do magnésio e a função da membrana (Chrisley, 1997). Foi proposto que o boro aumenta a massa muscular devido ao aumento na produção de testosterona. Um estudo demonstrou que a ingestão de 3mg/dia de boro diminui a excreção urinária de cálcio, quando a dieta é deficiente em magnésio, e promove um aumento nos estrogenos e na testosterona sérica em mulheres no período pós- menopausa. Entretanto, também foi observado que a ingestão de 3mg de boro altera os níveis dos minerais no soro, porém, não modifica os teores dos hormônios circulantes (Meachan et al., 1994; 1995; Volpe et al., 1993a; 1993b). No único estudo efetuado com o boro para verificar seu efeito na massa muscular em homens, Green e Ferrando (1994), forneceram diariamente uma suplementação de 2,5mg de boro ou placebo, durante 7 semanas, a fisiculturistas e não encontraram diferenças entre os grupos no que tange à massa muscular, total de testosterona e força nas 7 semanas do experimento. Até o presente, não existem informações que comprovem a eficiência da ingestão de boro no aumento da massa muscular de atletas. BETA HIDROXI BETA METIL BUTIRATO (HMB) O HMB é um composto derivado do metabolismo da leucina, que é um amino- ácido essencial, e por essa razão é também chamado de metabólito da leucina. Além de ser produzido pelo organismo, o HMB é encontrado em alguns alimentos como nas frutas cítricas e em alguns peixes, como no peixe gato. O HMB não é um nutriente essencial. A função do HMB no organismo humano não está perfeitamente esclarecida, mas é sugerida uma ação no aumento da massa muscular pela prevenção da degradação protéica que ocorre com a prática de exercícios intensos e de resistência, assim como teria uma atuação no aumento no processo de reconstituição dos tecidos (Nielsen et al., 1996). Embora possa ser encontrado na literatura alguns resumos científicos demonstrando os efeitos anabólicos do HMB, existe apenas uma publicação que faz uma pré-revisão do assunto (Nielsen et al., 1996). No primeiro experimento descrito nesse trabalho, foram estudados os efeitos da ingestão de zero, 1,5 e 3,0g de HMB durante 3 semanas, por homens submetidos a um treinamento padronizado em 3 dias por semana, cujas sessões eram supervisionadas por preparadores físicos. Os indivíduos dos grupos que receberam suplementos de HMB tiveram um maior aumento da massa magra quando comparados com o grupo placebo, e o aumento da ingestão resultou, também em um ganho maior de massa muscular após as 3 semanas (1,21kg). A ingestão de doses mais elevadas também ocasionou um aumento na força (total em exercícios de levantamento e agachamento). No grupo que recebeu suplementação, também foi observado uma diminuição nas primeiras 2 semanas da degradação muscular, assim como uma menor evidência de danos na musculatura. No segundo experimento, os indivíduos foram treinados por 7 semanas, e a intensidade dos exercícios foi maior. Neste experimento, também foi observado que a ingestão de 3g/dia de HMB aumenta significativamente a massa magra e a força de apreensão (mas não a força de pegada no levantamento e no agachamento) comparando com o placebo. Os resultados são interessantes, e parecem demonstrar que o HMB pode ser um suplemento anabolizante para ser usado no treinamento de força. Deve ser ressaltado que o aumento de massa muscular não foi muito elevado. A ingestão alimentar foi bem controlada no primeiro experimento, quando eram fornecidos alimentos congelados e lanches embalados, fato que não ocorreu no segundo estudo. Todavia, estudos complementares são necessários para comprovação dos resultados, determinar o possível mecanismo de ação e a sua inocuidade no uso por períodos prolongados. PROTEÍNA Muitos suplementos contendo proteínas e várias combinações de aminoácidos estão disponíveis no mercado para aqueles que desejam um aumento na massa muscular. A ESID para a ingestão de proteína é de 0,8g/kg/dia (Food and Nutrition Board, 1989),porém diversos estudos demonstram que os atletas necessitam de quantidades superiores. Outras revisões bibliográficas estão disponíveis para informações adicionais sobre necessidades de proteínas para atletas (Lemon, 1991; 1992; 1994). Os exercícios de resistência, aumentam a síntese protéica e ocasionam um balanço nitrogenado negativo (Chesley et al.,1992; Marable et al., 1979; Yarasheski, et al., 1993), os quais sugerem a necessidade de aumentar a ingestão de proteína na dieta. Alguns estudos preconizam a ingestão de 2g/kg/dia de proteína, como quantidades adequadas para manter um balanço nitrogenado positivo em atletas em programas de treinamento de força (Celejowa et al., 1970; Laritcheva et al., 1978). Quando os atletas no período de treinamento, ingeriram 2g de proteína/kg/dia, além do que normalmente ingeriam (1,3g/kg/dia), durante 4 semanas, portanto ingeriam 3,3g/kg/dia, a síntese protéica total do organismo aumentou, e foi observado um aumento significativo na massa magra (Fern et al., 1991) (Figura 3). Esse estudo também demonstrou que houve um aumento significativo na oxidação dos aminoácidos, fato este que sugere que ocorreu um ingestão excessiva de proteína, portanto superior àquela necessária para o crescimento muscular (Lemon, 1994). Tarpolsky et al. (1992) verificou que a ingestão de 2,4g/kg/dia de proteína, não aumenta a síntese protéica acima de quando a ingestão é da ordem de 1,4g/kg/dia, porém o aumento na ingestão de proteína provoca um aumento na oxidação dos aminoácidos. Assim, a ingestão extra de proteína é utilizada principalmente para a produção de energia e não na síntese protéica. Lemon (1995) recomenda aos atletas a ingestão de 1,4 a 1,8g/kg/dia de proteína. Os atletas principiantes, nas primeiras 3 semanas podem necessitar de uma quantidade mais elevada que os atletas já treinados (Lemon, 1992). Tão logo ocorra a adaptação ao treinamento, o balanço nitrogenado positivo retorna ao normal, assim sendo, é recomendada a ingestão de quantidades de proteína nos níveis menores a atletas mais experientes e nos limites mais altos para os iniciantes. Até o presente momento, não existem informações suficientes para garantir que a ingestão de quantidades superiores a 2g/kg/dia de proteína aumenta a massa muscular acima da observada com a ingestão de quantidades moderadas. A maior parte dos atletas ingerem grandes quantidades de energia, e a ingestão de proteína geralmente atende as necessidades preconizadas ou excede a faixa recomendada para atletas em programa de treinamento de força. Os atletas que ingerem uma dieta deficiente em energia, ou quando a ingestão de alimentos não é muito variada, ou ainda os atletas vegetarianos, que via de regra não consomem quantidades adequadas de proteína, não atingem os níveis adequados de ingestão protéica. Para que ocorra um 3 2 1 0 Tempo (Dias) G an ho d e P es o C o rp or al (k g) 7 14 21 28 3,3g proteína/kg de peso corporal 1,3g proteína/kg de peso corporal FIGURA 3. Modificações no peso corporal de indivíduos que ingeriram diariamente por 28 dias uma dieta contendo 1,3g/kg/dia de proteína ou 3,3g/kg/dia. Todos os participantes integravam um programa de treinamento pesado de resistência, durante os 28 dias Modificado por Fern et al. (1991). aumento na massa muscular, é necessário ingerir quantidades adequadas de energia e de proteína. As necessidades protéicas geralmente são maiores quando a ingestão energética é baixa (Butterfield et al., 1992). Também, uma ingestão inadequada de carboidratos, resulta numa depleção do glicogênio muscular mais rápida durante o exercício, fato que contribui para o aumento na utilização da proteína como fonte de energia (Lemon, 1992). Os atletas em programas de desenvolvimento de força, que apresentam como objetivo o aumento da massa muscular, devem ser cuidadosos para não ingerir quantidades adicionais de carne vermelha ou de ovos, que apresentam um teor elevado de gordura. Se os atletas acreditam que não estão ingerindo quantidades adequadas de proteína, uma boa forma de suplementação seria a ingestão de leite em pó (caseína), que é uma proteína de alto valor biológico e barata, pois além de fornecer todos os aminoácidos essenciais em quantidades adequadas, custa bem menos que os “suplementos protéicos de alta tecnologia”, encontrados no comércio de suplementos nutricionais para atletas. A maioria desses suplementos nutricionais fornecem quantidades adicionais de energia e proteína. A eficiência de formulações que incluem substâncias “especiais”, não foram testadas cientificamente, razão pela qual sua eficiência para o aumento da massa muscular não pode ser garantida. AMINOÁCIDOS São atribuídos efeitos anabolizantes aos seguintes aminoácidos: arginina, ornitina, lisina, metionina e fenilalanina. Existem dois estudos que relacionam a ingestão de arginina e ornitina conjugado com um programa de treinamento de força, com o aumento da massa muscular, e a diminuição da massa gordurosa, quando comparado com a ingestão de placebo (Elam, 1988; Elam et al., 1989). Porém, a composição corporal só foi determinada através das dobras cutâneas e o consumo alimentar não foi controlado. É sugerido que esses aminoácidos estimulam a liberação de hormônio de crescimento e da insulina, e dessa maneira ocorre o aumento da massa muscular (Jacobson, 1990; Kreider et al., 1993). Bucci et al. (1990; 1992), forneceu 40, 100, ou 170mg de L-ornitina a fisiculturistas em três diferentes ocasiões, não tendo sido observada nenhuma modificação na quantidade de insulina sérica, embora tenha sido observado um aumento significativo no teor de hormônio de crescimento quando a dose administrada era de 170mg/kg (cerca de 12g de ornitina para um atleta de 70kg). No único estudo disponível com doses baixas de aminoácidos com uma resposta positiva, foi administrada uma única dose de 1,2g de L-lisina mais 1,2g de L-arginina e os resultados demonstraram um aumento plasmático do hormônio de crescimento e da insulina (Isidori et al., 1981). Outros estudos não comprovaram esses efeitos. A administração durante 4 dias de uma combinação de L-arginina, L-ornitina e L-lisina (2g/dia de cada) não aumentou os níveis séricos de hormônio de crescimento e de insulina (Fogelholm et al., 1993). A ingestão, por fisiculturistas do sexo masculino, de um suplemento de 2,4g de arginina/lisina, ou de 1,85g de ornitina/tirosina, ou ainda de uma bebida protéica, não alterou a liberação de hormônio de crescimento (Lambert et al., 1993). Halterofilistas de elite da categoria juniores, que tomaram um suplemento de aminoácidos (contendo vários amino- ácidos), durante uma semana de treinamento muito volumoso, não mostraram alterações nos níveis séricos de hormônio de crescimento, testosterona ou cortisol, durante os exercícios e em repouso (Fry et al., 1993). Embora, Suminski et al. (1997), encontraram um aumento no hormônio de crescimento sérico, nas condições de repouso, quando se administrava 1,5g de L-arginina e 1,5g de L- lisina, ressalte-se que o aumento foi pequeno (7,5mg/l), transitório, e com uma grande variação individual. A ingestão desses aminoácidos antes de uma sessão de treinamento de resistência, não afeta a resposta do organismo ao hormônio de crescimento. Em outro estudo, a administração de 200mg/kg de arginina, por dez dias, não aumenta o hormônio de crescimento sérico, nem influencia na perda de peso, gordura, tecido magro ou mesmo na força (Walberg – Rankin et al., 1994). As doses recomendadas pelos fabricantes de suplementos de amino- ácidos, não se assemelham àquelas que elevam o hormônio de crescimento e alteram o peso corporal. Os suplementos de aminoácidos disponíveis comercialmente no mercado norte-americano, contém menos de 4g por porção; doses elevadas de aminoácidospodem ocasionar cólicas estomacais e diarréias. Esses suplementos são de preço elevado, e as conseqüências do uso de somente alguns aminoácidos por um período de tempo prolongado ainda não foi determinada. A ingestão de quantidades elevadas de um aminoácido afeta a absorção de outros aminoácidos. Até o momento existem poucas evidências que o uso de suplementos de aminoácidos possa promover um aumento na massa muscular. RESUMO Neste trabalho, foi feita uma revisão sobre a eficiência anabolizante de algumas substâncias utilizadas como suplementos para atletas; foram estudados: cromo, creatina, sulfato de vanádio, boro, HMB, proteína e aminoácidos. Muitos outros produtos encontrados no comércio americano proclamam o aumento da massa corporal, porém não existem estudos científicos que comprovem a sua eficiência em seres humanos até a presente revisão da literatura. Os resultados apresentados mostram que o cromo não promove um aumento na massa muscular. A creatina demonstrou ser efetiva no ganho de peso corporal em alguns casos. O ganho de peso registrado no início da ingestão de creatina parece ser devido à retenção de água pelo músculo, a longo prazo parece que ocorre um aumento na síntese protéica. As pesquisas demonstram que o sulfato de vanádio e o boro não promovem um aumento da massa muscular. No único estudo disponível, o HMB demonstrou ser efetivo no aumento da massa muscular e no da força, mostrou também diminuir a degradação protéica nos exercícios de resistência. Esses resultados necessitam de confirmação, assim como o seu mecanismo de ação, que não está claro. As necessidades de proteína para atletas durante o treinamento de força é da ordem de 1,4 a 1,8/g/kg/dia, juntamente com a ingestão de quantidades adequadas de energia; essa quantidade de proteína pode ser obtida através da alimentação normal, sem haver necessidade da ingestão de suplementos. Se bem que, suplementos protéicos de “alta tecnologia” incluem em suas fórmulas uma série de substâncias estimuladoras do ganho de peso, cuja eficácia nunca foi cientificamente avaliada. Parece ser muito improvável que esses suplementos sejam mais efetivos que a alimentação ou um suplemento como a caseína (leite em pó). Diversas formulações de aminoácidos tem sido preconizadas para aumentar os níveis séricos de hormônio do crescimento e da insulina, e consequentemente promoverem um aumento na massa muscular, porém os estudos efetuados não demonstraram consistência nos resultados. A propaganda dos suplementos nutricionais normalmente são enganosas e/ou conduzem a interpretações erradas. Esses suplementos podem ser comercializados nos EUA, sem o aval do US Food and Drug Administration (FDA) no que diz respeito a sua segurança e seus efeitos, e muitos dos efeitos preconizados não são confirmados. A concentração dos ingredientes ativos varia de um produto para outro, justamente devido a ausência de uma regulamentação. Os estudos sobre os efeitos desses suplementos no aumento da massa muscular foram feitos quase que exclusivamente com homens. Existe uma falta de informações sobre os possíveis efeitos em mulheres, e a sua eficiência e tipo de respostas em mulheres em diferentes situações fisiológicas. Alguns estudos indicam que a creatina e o HMB podem aumentar a massa corporal, seus efeitos na força e no desempenho não estão esclarecidos; o aumento de peso é relativamente pequeno, e os resultados não foram confirmados adequadamente. Um suplemento nutricional, não transformará um indivíduo magro de 45kg em um Charles Atlas. Além do mais, um suplemento nutricional, mesmo combinando a sua ingestão com um programa de treinamento de força, certamente não transformará o físico de Charles Atlas em algo parecido com o corpo dos fisiculturistas atuais. AGRADECIMENTOS Parte deste trabalho foi publicado em: Clarkson, P.M. (1998). Dietary supplements and pharmaceutical agents for weight loss and gain. In: D.R. Lamb and R. Murray (eds) Perspectives in Exercise Science and Sports Medicine Vol 10. Exercise, Nutrition, and Weight Control Carmel, IN: Cooper Publishing Group. Referências Anderson, R.A., A.S Kozlovsky (1985). 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Para maiores informações, escreva para: Gatorade Sports Science Institute®/Brasil Caixa Postal 11454 CEP 05422-970 São Paulo-SP
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