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CULTURA CLÁSSICA

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CULTURA CLÁSSICA 
 
 
AULA 1 – HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DA GRÉCIA E DE ROMA 
 
 Seja bem-vindo à Disciplina Cultura Clássica Contribuições Linguísticas! 
 Nesta aula, conheceremos as origens das duas mais importantes civilizações da antiguidade: Grécia e 
Roma. Elas são importantes em dois sentidos. Primeiro, por seu desenvolvimento, sua cultura e inventos, sua 
literatura e idiomas, por suas guerras e conquistas, por seus valores e mitos. 
 Segundo, porque este legado dos gregos e dos romanos permanece entre nós, através da arte, da 
literatura, da mitologia, das tragédias, da poesia, das línguas. 
 Nas memórias destas duas civilizações construiu-se o Ocidente, a Europa e, em consequência das 
colonizações nas Américas, este legado greco-romano tornou-se também uma fonte para a formação da 
literatura e da arte no Brasil. 
 
 
LOCALIZAÇÃO E POVOAMENTO DA GRÉCIA 
 
 O Mundo Grego Antigo, ou Hélode, como era chamado pelos próprios gregos (Grécia é uma 
nomenclatura romana), ocupava a parte sul da península bakânica, as ilhas do mar Egeu. As costas da Ásia 
Menor e o sul da Itália. 
 A Grécia setentrional (norte) tinha três importantes regiões: Tessália, Fócida e Etólia (ou Epiro). Na 
Grécia peninsular, ligada central pela faixa de terra chamada Corinto, estavam a Lacônia e a Messênia. Na 
Grécia central, encontravam se a Beócia e a Ática. Fora do continente, havia a Grécia insular. Ao final do período 
Neolítico, a região já era habitada por povos sedentários de língua não grega, chamados pelasgos. A partir 
de 2000 a.C., aproximadamente, povos de origem indo-europeia, chamados helenos, começaram a chegar à 
região. 
 Os primeiros helenos a alcançar a Grécia foram os aqueus (1950 a.C., originários das estepes russas, 
que, em busca de melhores pastagens para seus rebanhos, espalharam-se por quase toda a Grécia, parte da 
Ásia Menor e pelo sul da Itália. 
 O contato dos aqueus com os cretenses deu origem à civilização micênica. A seguir, chegaram os jônios 
e os eólios (1500 a.C.), que se estabeleceram na Ática e na Ásia Menor. A última leva foi a dos dórios (1200 a.C. 
que se estabeleceram no Peloponeso, destruindo parte da civilização micênica. A invasão dórica não chegou a 
atingir a região da Ática. 
 
AS CIVILIZAÇÓES PRÉ-GREGAS: CRETENSES E MICÊNICOS 
 
 Entre 2500 e 1400 a.C., desenvolveu-se no Mediterrâneo uma cultura bastante importante para a 
História, cujo principal centro era a Ilha de Creta. Essa civilização expandiu-se. chegando à costa da Ásia Menor, 
as llhas do mar Egeu e parte da penínsuta balcânica Grécia). 
 A civilização cretense distinguiu-se por sua intensa produção artesanal, de caráter luxuoso, o que indica 
que já dominava técnicas de fabricação mais sofisticadas. Essa produção era comercializada através de 
estradas que ligavam suas cidades-palácios e também era exportada ao Oriente Médio. 
 Na civilização cretense as cidades-palácios que mais se destacaram foram Cnossos e Faestos que eram 
governadas por reis e funcionavam como se fossem pequenos Estados independentes. Como vimos 
anteriormente, foi do contato dos aqueus com os cretenses que surgiu a civilização micênica. 
 Os aqueus estabeleceram-se em pequenos Estados independentes, governados por príncipes ou chefes 
militares religiosos. Esses governantes tinham suas cortes de nobres guerreiros sustentados pelo trabalho dos 
camponeses servis. Construíram castelos fortificados em locais bastante altos; para facilitar a defesa. Eram as 
Acrópoles, Isto é, cidades altas. As mais famosas dessas cidades foram Tirinto e Micenas, esta quase inacessível. 
Por volta de 1400 a.C., os micêncos invadiram Creta e destruiram Cnossos. Micenas passou a ocupar o lugar de 
Creta no comércio e na produção artesanal. A civilização micênica tinha várias características da civilização 
grega: sua língua era semelhante ao grego, por exemplo. 
 No entanto, a existência de uma forte burocracia e de um poder central que controlava a economia 
dava à civilização micênica – características das civilizações orentais. A religião micênica era uma fusão de 
deuses indo-europeus com deuses cretenses. Alguns transformaram-se em deuses gregos. Zeus e Poséidon são 
dois exemplos. Mesmo com o desaparecimento da civilização micênica, notamos que os gregos preservaram 
várias raízes dessa cultura: a língua, os principais deuses e a herança dos feitos históricos da Guerra de Tróia. 
 
O PERÍODO HOMÉRICO 
 
 A principal fonte histórica para o estudo da Grécia nos períodos anterior e posterior à invasão dórica 
tem sido os poemas épicos Ilíada e Odisseia, ambos atribuídos a Homero. 
 As duas obras parecem ter sido produzidas em épocas diferentes. Pois na Odisseia há muitas menções a 
armas, ferramentas e instrumentos de ferro, enquanto na Ilíada não se faz referência a esse material. Isso indica 
que a Odisseia é mais recente que Ilíada. 
 A Ilíada descreve a Guerra de Tróia, cidade que representava parte de uma civilização pré-helênica que 
entrou em choque com os aqueus (chamados gregos). 
 Já a Odisseia descreve as peripécias de Ulisses. Nobre grego, com suas viagens de volta para Ítaca, na 
Grécia, através do Mediterrâneo. Foi o estudo da Odisseia que forneceu as mais ricas informações para a 
compreensão da sociedade e da economia da Grécia do período homérico. 
 
A FORMAÇÃO DA CIVILIZAÇÃO GREGA NO PERÍODO HOMÉRICO 
 
 Com a invasão dos dórios, a ascendente civilização micênica sofreu violento impacto. Seguiu-se um 
período de acentuado declínio da produção material e intelectual que ficou conhecido como a Idade Média 
Grega ou Idade das Trevas. 
 Nesse período, a sociedade retrocedeu para um tipo de organização política e econômica relativamente 
simples. Formaram-se os clãs ougénos: grupos de parentes consanguíneos descendentes de um mesmo 
antepassado. Formavam uma aristocracia que controlava os meios de produção (as melhores terras, escravos e 
ferramentas). Toda a produção era fruto do trabalho dos escravos e dos servidores. No entanto, esses escravos 
gozavam da proteção de seus senhores e não eram submetidos a maus tratos. Também os membros do 
ougénos trabalhavam junto a seus escravos. 
 
O PERÍODO ARCAICO 
 
 A Grécia antiga não era um país centralizado e unificado como o de hoje. Era formada por um grande 
número de pequenos Estados independentes entre si que ficaram conhecidos com o nome de cidades-Estados 
ou, em grego, pólis. 
 
O NASCIMENTO DA PÓLIS. 
 
 Depois da invasão dos dórios, a Grécia foi aos poucos se transformando. 
 Surgiram construções no alto dos morros para melhor defesa de possíveis ataques. As casas e templos 
se aglomeravam e formaram o que ficou conhecido como pólis, que pode ser grosseiramente traduzida por 
cidade. 
 Nas cidades Estados da Grécia antiga na parte mais alta habitava a aristocracia liderada pelo basileu, 
espécie de rei-sacerdote. Nas partes mais baixas, localizava-se o mercado e nelas moravam os comerciantes, 
artesãos e trabalhadores em geral. 
 A acrópole era a parte da pólis onde ficavam as fortificações militares e os templos religiosos. Um 
exemplo famoso desse tipo de construção é a Acrópole de Atenas. 
 
AS TRANSFORMAÇÕES DA SOCIEDADE GREGA 
 
 A consolidação da cidade-Estado iniciou-se no século VII, mas a sociedade grega já apresentava 
problemas: 
 O aumento da população, a escassez de terras férteis e o monopólio das maiores e melhores terras pela 
aristocracia que enriquecia sempre mais. O pequeno camponês tinha que recorrer ao grande proprietário para 
obter empréstimos de sementes e alimentos que sua propriedade não produzia (por ser pequena); em troca, 
tinha que dar uma parte do que produzisse ao rico proprietário. 
 Nessa relação o camponês era conhecido como hectemoro e o grande proprietário, era chamado 
eupótrida. Quando o hectemolo no conseguia pagar suas dívidas ao eupátrida, tinha suas terras confiscadas por 
este e,na maioria das vezes, o próprio camponês era vendido como escravo. 
 Na Grécia, no início do século VIII, não havia terras para todos e os alimentos eram escassos para uma 
população crescente. As melhores terras ficavam em mãos de poucos, que também eram os donos do poder 
político. 
 Entre os séculos VIII e VII a.C, os gregos saíram em busca de terras fora da Grécia. 
 Ocuparam várias regiões do Mediterrâneo, como o sul da Itália e a Sicília. A organização dessas colônias 
era semelhante a das cidades-Estados, com as quais mantinham estreitos vínculos culturais e religiosos. A 
colonização ajudou a diminuir um pouco as tensões na Grécia, mas não resolveu as questões principais. 
 Para suprir o problema da falta de alimentos, foram criadas colônias nas regiões férteis do mar Negro, 
que produziam o trigo. Para pagar a importação, desenvolveu-se na Grécia a cultura da uva e da oliveira para 
produzir vinho e azeite que, por sua vez, eram trocados pelo trigo. Para o armazenamento e transporte desses 
produtos, eram utilizados potes e vasos produzidos por uma dinâmica manufatura de cerâmica. 
 Surgiu então uma nova camada na sociedade grega: a dos proprietários de terra que produziam e 
comerciavam o azeite e o vinho. Essa nova camada social, embora rapidamente enriquecida, era impedida de 
qualquer participação política. A situação dos camponeses pobres continuava a mesma, enquanto a aristocracia 
mantinha seus privilégios e aumentava suas propriedades, oprimindo os pobres. O descontentamento era geral 
e crescente. 
 
O PERÍODO CLÁSSICO: A PÓLIS DE ATENAS 
 
 A região da Ática havia sido pouco atingida pelas invasões dóricas. Isso contribuiu para que as pequenas 
aldeias que formavam essa região se agrupassem pacificamente sob a hegemonia de uma delas: Atenas. A esse 
processo de união das aldeias deu-se o nome de sinecismo. E foi desse fenômeno que se formou a cidade- 
Estado de Atenas. As transformações econômicas trouxeram também transformações sociais a Grécia, Atenas 
tomou-se um dos principais centros exportadores de vinho e azeite e grande produtora de cerâmica. As 
diferenças entre as classes sociais se acentuavam. 
 Com o surgimento de duas novas classes: 
- a dos novos ricos, proprietários que se beneficiavam da expansão econômica e, 
- a dos escravos, que aumentavam em número - a situação tornou-se mais e mais tensa. 
 Os eupátridas oprimiam os camponeses pequenos proprietários, enquanto aumentavam sua riqueza e 
monopolizavam o poder político. Era preciso encontrar uma solução. A aristocracia propôs, então, uma reforma 
na sociedade, que foi planejada sucessivamente por dois Legisladores: 
- Drácon limitou-se a escrever as Leis, que até então eram orais, tirando a justiça das mãos dos eupátridas e 
passando-a para o Estado. Mesmo assim, a situação dos pobres era aflitiva. 
 - Sóton, em 594 a.C, iniciou as seguintes reformas: nenhum cidadão grego poderia ser vendido como escravo; 
assim, os hectemoros que haviam sido vendidos como escravos puderam voltar às suas terras; realizou uma 
reforma sociaI, dividindo a sociedade em quatro classes: 
 As duas primeiras classes eram as que tinham renda anual entre 300 e 500 medidas de trigo, azeite ou 
vinho e participavam dos cargos mais importantes do governo; 
 A terceira classe era a dos guerreiros de Infantaria (zeugitos, cuja renda tinha que ser suficiente para a 
compra de um escudo e uma lança. 
 A quarta classe era a dos thétos, camponeses e artesãos pobres, que somente participavam da 
assembleia popular; criou a eclêslo, assembleia popular que opinava sobre os assuntos de interesse geral; 
estabeleceu o bulé, conselho de 400 membros formado por 100 representantes de cada uma das quatro tribos 
que existiam na Ática; o poder executivo estava nas mãos do Areópago, que era monopólio das duas camadas 
mais ricas. 
 
HISTÓRIA DE ROMA - DA MONARQUIA À REPÚBLICA 
ROMA: FUNDAMENTOS 
 
 Principais períodos da história de Roma. Situada na planície do Lácio, às margens do rio Tibre e próxima 
ao litoral (mar Tirreno), a cidade de Roma originou-se a partir da fusão de dois povos: 
 
 Inicialmente, uma aldeia pequena e pobre, numa data difícil de precisar. Roma foi conquistada pelos 
seus vizinhos do norte, os etruscos, que dela fizeram uma verdadeira cidade. Os romanos eram também 
vizinhos dos gregos, que, ao sul, haviam criado a chamada Magna Grécia, onde habitavam desde a época da 
fundação de Roma. Dos etruscos e dos gregos, os romanos receberam importantes influências e, com base 
nelas, elaboraram a sua própria civilização. 
 A sociedade romana, como a grega, é exemplo de sociedade escravista, embora difira desta em alguns 
aspectos fundamentais. O processo de concentração de terras pela aristocracia patrícia jamais foi bloqueado, e 
o poder e a influência daquela camada social permaneceram praticamente inalterados até o fim. 
 O elemento central da grande estabilidade desfrutada por Roma foi a instituição do latifúndio 
escravista, que, estabelecido ali, mina escala desconhecida pelos gregos, proporcionou aos patrícios o controle 
sobre os rumos da sociedade. 
 A solidez econômica e política da situação dos patrícios, somou-se o talento militar dos romanos, que 
fez de Roma uma cidade-Estado, a sede de um poderoso império. 
 Os gregos e os romanos iniciaram sua história sob o regime monárquico (fundado por Rômulo, segundo 
a Lenda), experimentaram a república e terminaram os seus dias sob o domínio de um Império universal 
despótico e muito parecido com os modelos orientais. 
São os três períodos em que se costuma dividir a história de Roma: 
 
MONARQUIA - PATRÍCIOS E PLEBEUS 
 
 Desde o tempo da Monarquia, a sociedade romana encontrava-se dividida em patrícios e plebeus. Os 
patrícios pertenciam à camada superior da sociedade, e os plebeus, a camada inferior. O que distinguia a ambos 
era a gens, uma instituição análoga ao genos grego. Somente os patrícios pertenciam às gentes (pluraL de gens). 
Lima gens congregava os indivíduos que descendiam, pela linha masculina, de um antepassado comum. 
Portanto, a gens nada mais era do que familia em sentido amplo. 
 Em outras palavras, gens era o nome que os romanos davam àquilo que conhecemos como clã, e como 
qualquer clã, a gens era composta de várias famílias individuais. Uma gens distinguia-se de outra pelo nome: 
gens Lívia, gens Fábia etc. e todos os seus membros traziam o nome da gens. O nome dos patrícios era 
composto de três elementos: o prenome, o nome gentílico, ou da gens, e o cognome ou designação especial, 
uma espécie de apelido. Exemplos: Lúcio Cornélio Sita, Caio Júlio César etc. Quer dizer: Sua era membro da gens 
Cornélia, e Cêsar, da gens Júlia. 
 A palavra senado deriva do Latim senex, que significa “velho”. O Senado era, pois, um conselho de 
anciãos, uma instituição muito comum na Antiguidade. Seu equivalente, na Grécia, era a Gerúsia, em Esparta. 
Inicialmente composto de cem membros, o Senado passou a ter, depois, trezentos e, mais tarde, seiscentos 
membros. 
 Os que não pertenciam a nenhuma gens eram plebeus e, por esse motivo, estavam excluídos da vida 
política, sem direitos políticos, eram considerados cidadãos de segunda classe. Mas, atenção, ser plebeu não 
significava ter uma condição econômica inferior ou de pobreza. 
 
AS REFORMAS SERVIANAS 
 
 Sérvio Túlio, o segundo rei etrusco, é tido como o realizador de diversas reformas que favoreceram os 
plebeus. 
 Ele criou várias gentes, promovendo famílias plebeias à condição de nobres, organizou assembleias 
militares, os comícios centuriatos, e estimulou o comércio e o artesanato visando fortalecer economicamente 
os plebeus. 
 Essas medidas, que a tradição atribuiu a Sérvio Túlio, ficaram conhecidas como reformas servianas. O 
objetivo do rei, entretanto, não era propriamente beneficiar os plebeus, mas fortalecer o poder monárquico. 
 A criação de uma classe plebeiavigorosa tinha por fim a neutralização do poder dos patrícios, ou seja, 
algo semelhante ao pretendido pelos tiranos, como Pisístrato, na Grécia, Mas em Roma, essa política não teve o 
mesmo efeito. 
 
A QUEDA DA MONARQUIA 
 
 Foi um movimento dos patrícios desejosos de manter seus privilégios contra a política popular de Sérvio 
Túlio, Tarquínio, chamado de “O Soberbo”, deu continuidade à política de seu antecessor. Os patrícios reagiram 
em 509 aC. contra aquela política destronando Tarquínio e dando fim a Monarquia. Para a felicidade dos 
patrícios, o êxito do movimento foi assegurado em boa parte pelo declínio da civilização etrusca, que não 
conseguiu realizar uma intervenção pronta e eficaz em Roma. Assim nasceu a República romana. 
 
A REORGANIZAÇÃO DOS PODERES NA REPÚBLICA 
 
 Vitoriosos, os patrícios fizeram algumas modificações nas instituições de poder. O Senado e os 
comidos curlotos e centurlotos permaneceram como estavam. Mas o poder antes exercido pelo rei foi dividido 
e entregue a dois cônsules, que permaneciam apenas um ano no cargo. Desse modo, os patrícios tentaram 
eliminar o risco de retorno da Monarquia. 
 Nos anos que se seguiram a vitória contra Marco Antônio. Otávio, através de títulos e mudanças no 
próprio nome, foi cumulado de honrarias, a última delas como fundador do Império. Em 40 a.C., ele recebeu do 
exército o título de Imperador, que transformou em seu prenome, para ressaltar a sua relação de parentesco 
com César, divinizado após a morte, e para significar que dele havia adquirido o direito de comando do exército, 
Otávio conservou para si a denominação César. O nome que adotou foi, “Imperador Caesar Divi Filius, 
significando imperador Filho de César Divino”. 
 Depois de ter exercido o governo com poderes excepcionais desde a guerra contra Marco Antônio, 
Otávio executou, em 27 a.C.. uma manobra política bem-sucedida: renunciou aos seus poderes numa sessão do 
Senado e declarou restaurada a República. Nessa mesma reunião, o Senado não apenas reafirmou seus 
poderes, como concedeu-lhe novos títulos, como prénceps, que significava “primeiro cidadão romano”. AIém 
disso, conferiu-lhe o título Augusto, dado apenas aos deuses. Otávio, que dai em diante passou a ser conhecido 
por Augusto, saiu, portanto, mais fortalecido desse episódio. 
 Os quatro primeiros imperadores que sucederam Augusto eram todos parentes entre si e fizeram parte 
da dinastia conhecida como Júlio-Cláudia, e foi sucedida pelas dinastias: 
 
 A crescente influência do exército na vida política foi a principal característica do Principado. Sua 
primeira intervenção ocorreu no remado de Calígula, um imperador cujo comportamento mostrava claros sinais 
de desequilíbrio mental, morto em decorrência de um complô dirigido contra ele pelos oficiais da guarda 
pretoriana. 
 Apesar dessa tendência, o Principado conheceu uma fase de grande estabilidade com a dinastia 
Antonina, durante a qual vigorou a chamada Pax Romaria (paz romana), que perdurou por quase cem anos. 
Com a chegada dos Severos ao poder imperial, teve início outro período de turbulência, que chegou ao auge em 
235 d.C. Esse foi o ano em que começou a mais profunda crise do Império Romano, da qual ele saiu 
completamente transformado cinquenta anos depois. Nesse conturbado período conhecido como “anarquia 
militar”, de 235 a 285, Roma conheceu uma rápida sucessão de mais de vinte imperadores, dos quais apenas 
um morreu de morte natural. Em constantes motins, o exército romano estava dividido em facções rivais, que 
proclamavam os imperadores com a mesma facilidade com que os assassinavam. 
 
AS DUAS FASES DO IMPÉRIO 
 
 O Principado (27 a.C.. 235 d.C.) e o Dominato (284 476) constituem as duas fases do Império, separadas 
uma da outra por um período conhecido como “anarquia militar” (235 - 284). O primeiro período é também 
chamado de Alto Império e o segundo, de Baixo Império. 
 O Império começou com Augusto tendo nas mãos os poderes civil, militar e religioso. Ele vinculou a 
posição social do indivíduo à renda e restringiu a competência do Senado e das magistraturas aos assuntos civis 
relativos a Roma e à Itália. Por fim, reorganizou o exército profissional e tomou-o permanente. A intervenção 
dos militares na política foi o traço marcante do Principado e continuou a sê-lo ainda mais no Baixo Império. 
 
 
AULA 2 – A MITOLOGIA GREGA E LATINA 
 
 
 Nesta aula, você irá avançar no conhecimento dos aspectos que identificam as culturas grega e romana 
(ou latina) na Antiguidade Clássica. Vamos estudar a sua literatura oral através das lendas e dos mitos de 
formação, das festas, cultos religiosos e invenção da historiografia na Grécia e em Roma. 
 
A RELIGIÃO, MITO E LITERATURA NA CULTURA GREGA 
 
 Uma literatura difere de outra, posterior ou anterior, menos pelo texto que pela maneira de ser lida; se 
pudéssemos ler qualquer página atual da maneira como será lida no ano dois mil, saberíamos como será a 
literatura no ano dois mil. Entre os gregos, a tradição religiosa era transmitida oralmente por poetas como 
Homero e Hesíodo, que viveram entre os séculos IX a.C. e VIII a.C., inspirados por divindades ligadas à música e 
à poesia, as Musas. Seus relatos foram retomados por dramaturgos dos séculos V a.C. e IV a.C. (BORGES, J. L. 
Outras inquisições - ensaios: 1937-1952. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Globo, 2000.) 
 Os gregos, e a maioria dos povos antigos, desenvolveram um sistema relioso politeísta, ou seja, eles 
cultivavam a crença simultânea na existência de vários deuses. Esta plêiade de deuses dava origem a diversas 
crenças, a cultos e práticas religiosas que constituíam a vida publica na Grécia antiga. A natureza em sua 
linguagem ora fascinante, ora aterrorizante era uma das fontes das construções sofre a existência e a função 
divina dos personagens do Pantheon grego. Esta concepção da natureza como fonte da religião foi estudada 
com sucesso, já no século XIX, por Rudolf Otto (1869-1937), um eminente estudioso em religiões comparadas e 
criador do termo numinous, o qual exprime um importante conceito. Segundo Otto, dois sentimentos 
dominaram a humanidade diante da Natureza, de um lado, o Terror, do outro a Fascinação (Tremans et 
Foscinans). 
 A obra que deu destaque a Rudolf Otto foi “O Sagrado - Os aspectos irracionais na noção do divino e sua 
relação com o racional” e foi publicada em 1917, durante a primeira guerra mundial. Otto entendia o conceito 
de Sagrado corno categoria essencial para compreender as religiões, mesmo não sendo um elemento 
racionalizável, era o elo da natureza com o divino. O Sagrado era uma ideia ou uma noção complexa, sendo 
formado por dois aspectos opostos: 
• Racional: os elementos passíveis de serem claramente comunicados pela linguagem. Por exemplo: narrativas, 
doutrinas, ética e moral religiosa. 
• Irracional: o oposto, os elementos que não se dobram à linguagem, fugindo a uma apreensão conceitual. 
 Aqui surge o conceito de NUMINOSO. Esse termo tem sua origem no termo (atino Numen, significa deus 
ou divino. E implica que haja uma manifestação (Téoffania divina na experiência do furor ou da beleza da 
Natureza. O numinoso, entretanto, não se manifesta de uma forma simples, mas, complexa, Otto propôs uma 
fórmula básica para expressar essa complexidade. Segundo Otto, o numinoso é o “mysterlum tremendum et 
fascinans” (mistério é terrível e fascinante). 
 O mysterium corresponde à forma como o numinoso se manifesta. É o mistério, o desconhecido, 
incompreensível, que quando manifesto, se faz perceber como algo distinto da realidade que experimentamos, 
é o totalmente outro. Desta noção temos a noção de mytho, narrativas sobre os deuses e heróis. 
 O Tremendum é o aspecto negativo ou repulsivo do sagrado, onde a manifestação nos impele para trás, 
que nos impõem o temor. Ele pode ser percebido sob três formas: Tremendum, majestas e orgé. 
 O Tremendumé o terrível no sagrado; é o que nos faz tremer, que causa calafrios, que traz a sensação 
de risco à nossa integridade. O Majestas está relacionado com o poder ou a majestade com a qual a experiência 
se apresenta. O terceiro aspecto é o Orgê, que é a energia do numinoso. Este se faz manifestar na “vivacidade, 
paixão, natureza emotiva, vontade, força, comoção[ii]” gerados no indivíduo pelo contato com o objeto 
numinoso. O Fascinans é o aspecto positivo ou atrativo do sagrado, que é formado por dois aspectos, 
o augustus que impacta o indivíduo com a sensação de pureza, santidade; e o sebastus que se manifesta 
impondo a prudência, reverência, veneração. 
 O relâmpago era resultado da ação de Zeus, e por isso os lugares atingidos pelos raios eram 
considerados sagrados, diferenciados dos outros lugares em que não havia manifestação dos deuses, os lugares 
comuns, ou profanos. Os gregos acreditavam que a água causava os tremores de terra e, como tudo o que se 
relacionava à água era relativo a Posêidon, então o deus do mar era chamado sacudidos de terra. Além da 
Natureza, outro campo da experiência do sagrado, ou da religião, era a memória dos mortos. As almas dos 
antepassados também eram cultuadas pelas famílias, através de uma série de rituais que ficavam a cargo das 
mulheres. 
 Havia ainda os seres imortais, com poderes extraordinários e considerados deuses; alguns inclusive 
eram ‘estrangeiros’, originários de tradições de outros povos, com os quais os gregos tiveram algum contato. 
Alguns exemplos: 
Deméter: deusa da terra. Era semelhante às antigas deusas da fertilidade, muito comuns no período Neolítico. 
Afrodite: deusa do amor. Era uma deusa da tradição mesopotâmica 
Astarté, Dioniso e Hefesto. Deuses do vinho e da técnica. Seriam originários do Oriente, talvez da Índia. 
 Acreditava-se que esses deuses habitavam o monte Olimpo, na Tessália, embora algumas versões 
localizassem sua morada no céu. São doze os principais: 
 
 Os mitos são relatos aceitos, entendidos e sentidos como tais (...). Comportam assim, em sua origem, 
uma dimensão de ‘fictício’, demonstrado pela evolução semântica do termo ‘mythos’, que acabou por designar, 
em oposição ao que é da ordem do real por um lado, e da demonstração argumentada por outro, o que é do 
domínio da ficção pura: a fábula. Este aspecto relaciona o mito grego ao que chamamos religião’. (VERNANT, 
2001, p. 230.) 
 O teatro do mundo ordenado pelo relato mítico está pronto para a entrada em cena de atores divinos 
de tipos diferentes. Com a descendência de Urano (céu) e Gaia (a terra), estão dados os atores que 
desempenharão o último episódio do processo cosmogônico. Nesta gênesis, percebe-se o mundo que se 
organiza pela mescla dos contrários, num universo de mistos em conflito para além das linhas divisórias do bem 
e do mal. De fato, Homero ouve o canto das musas. Elas cantam a verdade, isto é, na análise da linguagem 
mítica para além dos sistemas religiosos, a ‘alétheia’ defini-se como uma potência, solidária de todo um sistema 
de entidades religiosas que lhe são ao mesmo tempo associadas e opostas. 
 Próxima da diké, a alétheia articula-se à Memória cantada (Mousa), Luz, Louvor, e, assim, opõe-se ao 
esquecimento (Lethê), silêncio e escuridão, censura. Ela não se refere a um saber, a um objeto ao qual deveria 
conformar-se, que lhe seria anterior e que continuaria estrangeiro a ela. Trata-se da verdade assertória 
enraizada logo de início no real no sentido mais forte, no sentido religioso do termo, porque a palavra da 
verdade é em si, como potência eficaz, criadora do ser. 
 A formulação do verdadeiro envolve uma instauração ou restauração da ordem. Como palavra 
pronunciada por personagens que têm o poder e a função de dizer o verdadeiro, a palavra reta é um aspecto ou 
um momento do jogo das forças que compõem e ordenam o mundo humano. Mas qual seria então o lugar do 
erro, da ilusão, da palavra ineficaz? Em outras palavras, se a palavra e o ser coincidem de certa forma, se o dito 
de verdade é criador do que enuncia, por onde se pode insinuar entre as palavras e as coisas esta distância que 
permite à linguagem dizer tanto o falso como o verdadeiro? 
 Léthê e Alétheia, em vez de se excluírem, constituem os dois polos complementares de uma única 
potência religiosa, onde a negatividade arremata a verdade, é sua sombra inseparável. Porque detém a 
potência ambígua da persuasão, sem a qual a palavra seria ineficaz, os profetas e os poetas são mestres da 
verdade e do logro. 
 Assim não tanto o falso que vale, mas a mentira e o fingimento. Para mentir, é também preciso, antes 
de mais nada, saber a verdade; para enganar, é preciso saber mais do aquele que é enganado. 
 O domínio de Zeus marca a terceira geração de deuses. Ele repartiu o mundo com seus irmãos. 
Posêidon ficou com os mares, Hades com o mundo subterrâneo, e a ele próprio coube o céu. Essa geração 
também teve muitos filhos. De Zeus e Deméter nasceu Perséfone: de sua união com Memória nasceram as 
Musas; com Leto, Apolo e Ártemis; com Hera, Ares, Hebe e Ílitia; com Maia, Hermes; com Sêmele, Dioniso. Mas 
a primeira esposa de Zeus, Métis, a astúcia, foi engolida por ele, porque estava destinada a dar à luz dois filhos: 
um era Atena, e o outro seria aquele que destronaria seu pai. Zeus engoliu Métis e ficou astucioso, e gerou 
Palas Atena, que nasceu de sua cabeça. (Hesíodo, Teogonia) 
 Assim como a do mundo, a origem do homem é relatada por inúmeros mitos que falam de seus 
antepassados: em algumas regiões eram considerados filhos da Terra, em outras eram formigas transformadas, 
ou seres feitos a partir do barro ou da areia. Num fragmento atribuído a Hesíodo, encontra-se uma história 
sobre a origem dos habitantes da ilha de Egina, segundo a qual a deusa Egina teve um filho com Zeus, Éaco, que 
ficou inteiramente só na ilha. Ao tornar-se adulto, a solidão o aborrecia. Para acabar com essa solidão, Zeus 
converteu as formigas da ilha em homens e mulheres, concedendo a Éaco um povo chamado urirmidões. 
 Havia também mitos sobre relações entre pais e filhos. Um exemplo é o mito de Édipo, que foi tratado 
pelo dramaturgo Sófocles na tragédia Édipo-Rei. Édipo era filho do rei de Tebas, Laio, e sem saber matou seu 
próprio pai, casando-se com sua mãe, Jocasta, que ele não conhecia. Tudo isso aconteceu porque quando Édipo 
nasceu, seus pais foram informados de uma profecia que relatava seu destino. Para evitá-lo, ordenaram a um 
criado que matasse o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de 
camponeses que morava longe de Tebas para que o criassem. Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. 
Saiu então da casa de seus pais adotivos para evitar a tragédia, ignorando que aqueles não eram seus legítimos 
genitores. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que, 
insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou os integrantes do grupo, sem saber que 
estava matando seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge, que 
devorava as pessoas que não decifrassem seu enigma: “Qual o animal que anda com quatro patas ao 
amanhecer, duas ao meio dia e três ao entardecer?”. Édipo decifrou o enigma, respondendo: o homem. A 
Esfinge morreu, Édipo tornou-se herói de Tebas e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia. 
 Prometeu era um titã, portanto, descendente de Urano, como Cronos, e derrotado por Zeus, conforme 
a história de Hesíodo. Titãs, segundo o mesmo Hesíodo, seriam “aqueles que por presunção teriam tentado 
realizar uma grande obra porém foram punidos”. Essa grande obra foi partilhar a audácia do plano divino com 
os homens. O que aconteceu da seguinte maneira: 
 O titã Jápeto, irmão de Cronos, tinha dois filhos que se tornaram o elo entre os deuses e os humanos: 
Prometeu (que quer dizer “o astuto”) e Epimeteu (que quer dizer “o que só aprendedepois do erro”). Segundo 
Platão, depois que os deuses fizeram as criaturas com uma mistura de terra e fogo, deram aos irmãos Prometeu 
e Epimeteu a incumbência de dar a cada uma delas a capacidade que lhe fosse mais adequada. Para essa tarefa 
eles tinham um certo prazo, ao fim do qual as criaturas sairiam das trevas do centro da terra para a luz. 
 Eles combinaram que Epimeteu faria o serviço e Prometeu o verificaria. E assim foi feito. Epimeteu 
distribuiu força, alimentos, velocidade, proteção a todos, de tal forma que as criaturas pudessem sobreviver; no 
entanto, deixou o homem nu, sem nenhum atributo que o protegesse. Quando Prometeu foi verificar o trabalho 
de seu irmão, percebeu perplexo, a situação do homem. Resolveu roubar as artes de Hefesto e Atena - a 
metalurgia e a tecelagem - e o fogo, que deram ao homem a sabedoria e as condições para enfrentar os 
problemas da vida cotidiana. Por isso os homens têm uma maior proximidade com os deuses do que as outras 
criaturas. Mas também por isso Prometeu foi castigado. 
 Ficou acorrentado por trinta mil anos no pico mais alto do Cáucaso, tendo o fígado picado por um 
pássaro, até que Hércules, o semideus filho de Zeus, o libertou. Segundo alguns, sua libertação deveu-se ao fato 
de Zeus querer tornar seu filho famoso, porém outros interpretam-na como recompensa por Prometeu ter 
guardado o segredo da deposição de Zeus. Segundo as várias versões da história de Prometeu, sua libertação 
exigiu que ele deixasse um outro imortal sofrendo em seu lugar. Quem tomou para si o sofrimento de Prometeu 
foi o centauro Quíron, que fora ferido acidentalmente por Hércules. Quíron passou a ser identificado com a 
invenção da arte de curar. 
 
O MITO DA CRIAÇÃO DA MULHER 
 
 A primeira mulher surgiu como uma represália de Zeus contra o roubo do fogo por Prometeu, segundo 
o relato de Hesíodo. 
 Filho de Jápeto, sobre todos hábil em tuas tramas, apraz-te furtar o fogo fraudando-me as entranhas; 
/grande praga para ti e para os homens vindouros/Para esses em lugar do fogo eu darei um mal e/todos se 
alegrarão no ânimo, mimando muito este mal. Disse assim e gargalhou o pai dos homens e dos deuses;/ 
ordenou então ao ínclito Hefesto muito velozmente/terra à água misturar e aí pôr humana voz e/força, e 
assemelhar de rosto às deusas imortais/esta bela e deleitável forma de virgem; e a Atena/ensinar os trabalhos I 
em seu peito, Hermes Mensageiro/ mentiras, sedutoras palavras e dissimulada conduta/forjou, por designios de 
Zeus (... E a esta mulher chamou /Pandora porque todos os que têm olímpica morada/deram-lhe um dom, um 
mal aos homens que comem pão. (Hesiodo, Os trabalhos e os dias.) 
 Essa mulher foi dada de presente ao irmão de Prometeu, Epimeteu (o que vê depois), e trouxe consigo, 
em uma caixa (em algumas versões, num jarro), todos os dons maléficos que os deuses lhe deram. Proibiu-lhe 
abri-Ia, mas ele, cada vez mais curioso, não aguentou e, vendo-se sozinho, abriu-a. De dentro saíram as 
doenças, as infelicidades, todos os males que os homens não conheciam até então. Desde esse dia os homens 
passaram a sofrer, e os longos e despreocupados festins que tinham com os deuses nunca mais aconteceram. 
 As divindades gregas, como as de todas as religiões, são consideradas seres dotados de consciência 
como o homem, porém com poderes superiores aos humanos. Uma vez que as divindades são seres 
conscientes, os homens pretendem relacionar-se com tal poder superior atingindo suas consciências da mesma 
forma como fazem entre si: através de laços afetivos e de trocas, que se realizam por sacrifícios, preces, 
oferendas e por sistemas de consultas, - os oráculos -, que muitas vezes são realizadas nos templos. 
 
OS SACRIFÍCIOS 
 
 Os sacrifícios eram uma forma de repetir os banquetes dos deuses com os homens, quando ambos 
partilhavam da vítima do sacrifício, seguindo um ritual no qual um animal doméstico era conduzido em 
procissão, ao som de flautas, até o altar exterior do templo; os participantes e o animal eram ornados com 
coroas de flores. A solenidade acontecia no exterior do templo, e poucos podiam nele entrar, pois era a casa do 
deus. Acreditavam que o deus efetivamente morava ali, senão sempre, pelo menos de vez em quando. 
 
OS ORÁCULOS 
 Entre os gregos havia templos dedicados aos vários deuses, e em alguns deles existiam oráculos, 
sistemas de interpretação da sabedoria dos deuses, que se comunicavam com os homens que vinham pedir 
conselhos ou saber do futuro. 
 Um exemplo disso era o que ocorria no oráculo de Zeus, em Dodona, onde sacerdotes interpretavam o 
balançar das folhas dos carvalhos sagrados como a fala do deus. 
 A consulta ao oráculo era uma ocasião solene, como uma visita ao próprio deus, e exigia vários rituais, 
como podemos ler neste relato de Pausânias, que descreveu, em suas viagens pela Grécia, como era o oráculo 
de Trofônio, uma divindade local absorvida por Zeus. 
 Muitas vezes a consulta não era pessoal, envolvia uma cidade inteira, sobretudo em épocas de guerra 
ou de peste. As maneiras de os deuses responderem às perguntas variavam. Por exemplo, em Delfos, no 
oráculo de Apolo, o deus respondia pela boca de uma sacerdotisa, a Pítia ou Pitonisa, que entrava em transe e 
incorporava o deus. Em outros templos, o homem podia ocupar a função de intermediário entre os homens e os 
deuses. 
 O que acontece no oráculo é o seguinte: quando uma pessoa está decidida a descer ao oráculo de 
Trofônio, deve se alojar num certo lugar por alguns dias. Nos sacrifícios, um adivinho está presente, e olha nas 
entranhas da vítima para ver se Trofônio vai receber a pessoa que desce. 
 Agamedes, parceiro de Trofônio. Se as entranhas da ovelha indicarem, ele pode ir. Primeiro ele é levado 
ao rio Hercyna por dois meninos de treze anos, que o banham. Depois é levado por sacerdotes até algumas 
fontes, das quais ele deve beber a água do esquecimento e da memória, para se livrar de seus pensamentos e 
para se lembrar do que aconteceu durante sua descida ao oráculo. Há uma imagem que só é mostrada aos que 
vão visitar o deus, que é então reverenciada. Daí se pode entrar no oráculo, que fica numa caverna na 
montanha, na qual se entra por uma escada. Lá dentro, o suplicante encontra um buraco, no qual deve entrar 
passando primeiro os pés. 
 Depois que seus joelhos passam ele é puxado como que por um fio. Lá dentro fica sabendo do futuro, 
ouvindo ou vendo, conforme o caso. Quando volta, é levado pela mão dos sacerdotes até a cadeira da memória, 
onde conta tudo aquilo que soube pelo oráculo. Depois é levado ao alojamento, paralisado pelo terror. 
Gradualmente vai melhorando, e recupera a faculdade de rir. [...] O que eu conto não é de ouvir dizer; eu 
mesmo consultei o oráculo de Trofônio. (Pausânias.). Além dos oráculos, os gregos acreditavam em presságios, 
sinais significativos que eram interpretados como um aviso dos deuses, como o voo das aves, que em certas 
ocasiões eram identificados como bons ou maus. 
 Na Guerra de Troia, por exemplo, os troianos foram intimidados por uma águia que voava com uma 
serpente nas suas garras, ensanguentada, ainda viva, que picou a ave perto do pescoço, e eles acreditaram que 
era um presságio de Zeus. 
 
AS FESTAS: O CONVÍVIO DE DEUSES E HOMENS NA VIDA DA CIDADE 
 
 As Panateneias, festas em homenagem a Atena, realizadas todos os anos, começavam com uma 
procissão que partia do bairro dos ceramistas (o Cerâmico) e atravessavam o centro de Atenas para levar 
solenemente à Acrópole o peplo (manto), bordado todos os anos por jovens previamente escolhidas. Ele se 
destinava a vestir a estátua do culto de Atena. 
 Ou festas das sementeiras celebradas em honra de Apolo. Nesta ocasião, se ofereciam um prato de 
favas e vários outros legumes, misturados com farinha de trigo a Apolo. Depois levavam em procissão um ramo 
de oliveira envolvido em lã e carregado de frutos da primeira safra, o que consideravamum talismã de 
fertilidade. Neste período, os gregos desenvolveram, por causa das festas, uma gama de diversidades de 
atividades culturais e cívicas. Daí se entende que o sistema religioso não pode ser divorciado do conjunto da 
vida social. 
 As festas eram pretexto para o exercício de ‘areté’ (educação) dos jovens e das crianças em várias 
atividades: atlética, lírica, musical, dramática (tragédia ou comédia). Os festivais eram as únicas ocasiões em que 
havia representações dramáticas, que tinham sempre o intuito de mostrar a conduta humana e refletir sobre 
ela. Havia três gêneros de espetáculos teatrais: as tragédias, as sátiras e as comédias. 
 As tragédias apontavam as consequências terríveis de um comportamento desmedido, ao qual davam o 
nome de hybris. As sátiras e as comédias também tinham função educativa, apontando o ridículo da condição 
humana através de personagens estereotipados e ridículos. Falaremos mais detalhadamente sobre os três 
gêneros literários gregos (a poesia épica, lírica e a tragédia). 
 
RELIGIÃO E MITOLOGIA ROMANA 
 
 Primeiramente, deve-se dizer que a cultura latina, destarte, as suas características próprias, sua língua, 
suas manifestações artístico-literárias, sua mentalidade, nunca negou sua vinculação e fascínio que eles 
devotavam à cultura denominada: a grega. 
 
 Em outras palavras, os romanos tiveram vida própria e identidade, que na verdade correspondem à 
recepção criativa da cultura e da identidade dos gregos. No campo da Religião, Roma Antiga, capital do Império, 
caracterizou-se como uma sociedade na qual as pessoas seguiam uma religião politeísta, ou seja, acreditavam 
em vários deuses. 
 Conheça abaixo uma relação das principais divindades da Roma Antiga e suas características: 
 
] 
 A mitologia romana pode ser dividida em duas partes: 
 A primeira, tardia e mais literária, consiste na quase total apropriação da mitologia grega. 
 Foi antiga e ritualística. Nesta fase, percebem-se mudanças em relação ao modelo grego. Neste período, 
segundo os estudiosos, os romanos desenvolvem dois conceitos religiosos: uma cultura religiosa pública e 
social, a ‘Pax deorum’ (A paz dos deuses) e outra privada, doméstica, um respeito escrupuloso pelo rito religioso 
— o Pax deorum — que consistia muitas vezes em danças, invocações ou sacrifícios. Ao lado dos deuses 
domésticos, os romanos possuíam diversas tríades divinas, adaptadas várias vezes ao longo das várias fases da 
História de Roma. 
 A tríade primitiva: 
 Júpiter (senhor do Universo) 
 Marte (deus da guerra) 
 Quirinus (deus da fecundidade), 
 A Influência dos Etruscos: 
 Minerva (deusa da inteligência e sabedoria) 
 Juno Regina (rainha dos céus e esposa de Júpiter). 
 
 O período da República Romana (Estado romano e suas províncias desde o fim do Reino de Roma em 
509 a. C. ao estabelecimento do Império Romano em 27 a.C.): 
 Ceres (deusa da Terra e dos cereais), 
 Liber e Libera. 
 
 A influência grega: 
 Hermes (deus do comércio e da eloquência – Mercúrio para os Gregos) 
 Dionísio (deus do vinho – o deus grego Baco). 
 
 O sistema mitológico dos romanos, obviamente influenciado pelos gregos, foi sistema bastante 
desenvolvido de rituais, escolas de sacerdócio e grupos relacionados a deuses. Também apresentava um 
conjunto de mitos históricos em torno da fundação e glória de Roma. 
 
SINOPSE DA MITOLOGIA GRECO-ROMANA 
 
AULA 3 – A LITERATURA GREGA ANTIGA 
HOMERO E OS GÊNEROS LITERÁRIOS DA ANTIGUIDADE 
 
 Nesta aula, vamos conhecer a maior e mais duradoura das muitas contribuições das culturas antigas, 
grega e romana, a literatura e a arte. Os gregos são os criadores dos modelos literários que ainda se 
desenvolvem no Ocidente: a poesia épica, a lírica e a tragédia. Em prosa e verso os gregos possuem o mérito de 
ter influenciado os rumos das letras ocidentais. 
 Nesta aula, surge o nome de Homero, pai das letras gregas e ocidentais, com suas famosíssimas obras, a 
Odisseia e a Ilíada, que chegarão a Roma, inaugurando a arte latina, com o mestre Virgílio, em Eneida. Vamos às 
letras antigas? 
 
A LITERATURA GREGA ANTIGA: HOMERO E OS GÊNEROS LITERÁRIOS DA ANTIGUIDADE 
 
 Os gregos são os criadores dos modelos literários que ainda se desenvolvem no Ocidente: a poesia épica 
e lírica e a tragédia. Em prosa e verso, os gregos possuem o mérito de ter influenciado os rumos das letras 
ocidentais. 
 Nesta aula, surge o nome de Homero, pai das letras gregas e ocidentais, com suas famosíssimas obras, a 
Odisseia e a Ilíada, que chegarão a Roma, inaugurando a arte latina, com o mestre Virgílio, em Eneida. 
 Segundo Jorge Piqué (2009), para entendermos a importância capital da obra homérica é preciso 
contextualizar as características mais relevantes das sociedades greco-latinas do período clássico: 
O Legado Clássico, ou Herança Clássica, que recebemos da Antiguidade greco-latina poderia ser sintetizado em 
quatro grandes temas: 
1. Os gregos e romanos criaram e aperfeiçoaram os maiores gêneros da literatura ocidental e 
influenciaram fortemente muitas literaturas posteriores, especialmente a partir do 
Renascimento. 
2. Criaram sistemas políticos e jurídicos que desenvolveram os princípios da justiça, liberdade 
política e democracia. 
3. A filosofia grega é o fundamento do pensamento ocidental; especialmente por meio de Platão e 
Aristóteles. 
4. Suas artes plásticas (pintura, cerâmica, escultura) e arquitetura continuam a atrair a admiração 
depois de mais de 2.000 anos. 
 A obra homeriana da Odisseia e da Ilíada é o parâmetro do poema épico antigo, por causa de sua 
vinculação às raízes primitivas e populares da Grécia arcaica. 
 Os gregos narraram suas memórias ao Longo dos tempos, de modo anônimo, até que o poeta e 
cantador Homero as colecionasse e as compendiasse, fazendo também com que elas, citadas por filósofos e 
poetas, se tornassem obra escrita. 
 Por isso mesmo, a poesia épica possui os traços das narrativas de fundo histórico. Um ensaio previsto na 
obra do grande Heródoto, como ciência do discurso de fatos e da memória da civilização grega. 
 Os poemas homêricos possuem tom eloquente em seus versos (hexâmetros) e duração das vogais, 
como se tivessem sido leitos para serem falados em voz alta. Pois até o período helenístico, a ritmação própia 
da poesia indicava que estavam associados á literatura e música, que depois do III. séc. a. C tomarão rumos 
diversos. 
 Nos festivais religiosos e nos folgedos populares estariam escondidas as suas raízes? Pela alta qualidade 
literária, Odisseia e Ilíada representavam a culminância de uma longa tradição de composições poéticas orais. 
E, mesmo referindo-se em linhas gerais aos traços da sociedade micênica, estes poemas foram, provavelmente, 
compostos durante o século -VIII, no fim da Idade das Trevas. Para os gregos e também para nós, os dois mais 
importantes autores de epopeias (poemas em versos épicos) foram Homero (c. -750) e Hesíodo (c. -700). 
 Segundo Piquet (2008), pode-se dividir em três períodos o desenvolvimento literário na Grécia. 
 As obras da literatura grega antiga são datadas entre o séc. VIII a.C. e o séc. IV d. C., ou seja, 
aproximadamente 1200 anos de tradição literária ininterrupta. No curso nos concentraremos especificamente 
no período arcaico, quando foi composta a Ilíada. 
 No período arcaico da história grega, surgem dois importantes gêneros literários, que terão 
continuidade até os dias de hoje, a poesia épica e a poesia Lírica: 
 A poesia "Lírica" (séc. VII e VI a.C.): Representada por autores como Alceu, Safo, Estesícoro, Alcmano, 
etc... Surge junto com a filosofia dos pré-socráticos (Tales, Heráclito, Parmênides,Demócrito, etc...). Estas são as 
primeiras obras em prosa, embora alguns filósofos também utilizassem a poesia. A poesia era a única forma de 
expressão literária. 
 A Poesia Épica (séc. VIII a.C): se conservamnela reminiscências que remontam à Guerra de Troia e à 
época micênica (séc. XII a.C.). É poesia épica a epopeia homérica, representada nos dois poemas, 
a Ilíada e Odisseia. Tradicionalmente vinculada à poesia épica está também a Teogonia, de Hesíodo, e seu 
poema didático, Os Trabalhos e os Dias. 
 
PERÍODO CLÁSSICO (SÉC. V-IV A.C.) 
 
 Tradicionalmente, o período é delimitado por dois acontecimentos marcantes. 
 Se inicia em 480 a.C., com a vitória dos gregos sobre os persas e finaliza em 338 a.C., com Filipe da 
Macedônia, o pai de Alexandre, conquistando Atenas. 
 O chamado "Século de Péricles", quando Atenas é a mais importante cidade e grande centro cultural da 
Grécia. Temos nas letras o desenvolvimento do Teatro (tragédia), com os três grandes autores, Ésquilo, 
Sófocles, Eurípides, e da História, com Heródoto e Tucídides. 
 O séc. IV a.C: É quando surge a filosofia de Platão e Aristóteles, a Comédia chega ao seu ápice com 
Aristófanes e a Oratória ganha destaque com Ésquines e Demóstenes. 
 
PERÍODO HELENÍSTICO (338 A.C - 30 A.C) E GRECO-ROMANO 
 
 Inicia-se com a hegemonia macedônica sobre a Grécia, devido às conquistas de Alexandre, o Grande. 
 Outros centros de atividade, como Alexandria e Pérgamo, substituem Atenas. 
 Novos gêneros são criados, como a novela. Roma conquista a Grécia e recebe sua influência, que 
retransmite para o mundo, especialmente nas regiões orientais. Autores como Apolodoro (mitógrafo), 
Menandro (comediógrafo), Calímaco (poeta lírico), são representativos dessa época. 
 A épica ressurge com Apolônio de Rodes, autor da Argonautica. É nesse período que, primeiro, o Velho 
Testamento é traduzido do hebraico para o grego e, mais tarde, o Novo Testamento é escrito em grego koiné, 
um dialeto derivado do grego ático. 
 Sobre o nome de Homero, não há consenso de que ele tenha realmente existido ou de que tenha 
escrito qualquer uma das duas epopeias, tradicionalmente chamadas de poemas homéricos. Para o historiólogo 
Heródoto (484-425 a.C.), Homero teria vivido 400 anos antes dele (Hdt. 2.53). 
 Os estudos recentes, porém, situam a data de composição da Ilíada e da Odisseia no fim da Idade das 
Trevas (c. -750) ou no início do Período Arcaico (-750/-713). 
 O uso predominante do dialeto iônico sugere que o autor dos poemas veio provavelmente da Iônia. Que 
ele era um aedo cego nascido especificamente em Quios ou em outro lugar da região e se chamava Homero, 
porém, não tem qualquer comprovação histórica. 
 A autoria dos poemas homéricos que permanece ‘quaestio disputatae’ (discussão irresoluta), desde o 
Período Helenístico, pode ser resumida assim: 
 Qual dos poemas é o mais antigo? 
 Teriam sido criadas a partir da união de vários poemas isolados? 
 Seriam a Ilíada e a Odisseia obras de um só poeta? 
 Seria "Homero" o nome atribuído a algum poeta anônimo que organizou uma extensa e antiga tradição 
oral? 
 Teria sido "Homero" um poeta genial que simplesmente se baseou em temas da tradição oral de 
diversas épocas? 
 Seriam os dois poemas, como os conhecemos, modificações tardias dos poemas originalmente 
compostos? 
 É indiscutível, no entanto, sua influência sobre toda a literatura ocidental. A Eneida, de Virgílio (-30/-19), 
Os Lusíadas, de Camões (1572) e o Ulisses, de Joyce (1921) são apenas alguns dos numerosos exemplos de 
influência direta. 
 
OS GÊNEROS LITERÁRIOS DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA GREGA 
 
POESIA ÉPICA 
 
 Cantada por gerações inumeráveis de poetas cantores, os ‘aedos’, discutida por Filósofos como Platão, a 
obra homérica representa uma potente memória da nação grega. 
 Naquele momento, a poesia grega não era o que atualmente chamamos de "poesia". Não havia rimas e 
sim uma estruturação do verso em sílabas longas e breves, de tal modo que a declamação adquiria uma 
musicalidade muito própria à língua grega. 
 E os versos eram sempre acompanhados de música, pois para os gregos a poesia e a música andavam 
sempre juntas. 
• Homero (séc. VIII a.C.) - Ilíada, Odisseia. 
• Hesíodo (c. 700 a.C.) - Teogonia, Os Trabalhos e os Dias. 
 
A ODISSEIA 
 
 Segundo Janko, 1982, a Odisseia foi composta, possivelmente, entre 743 e 713 a.C., alguns anos depois 
da Ilíada. O título do poema deriva do nome do principal protagonista, Odisseu, herói grego mais conhecido 
entre nós pelo nome romano, Ulisses. 
 Enquanto a Ilíada é uma história de guerra, a Odisseia é basicamente uma história de viagens 
fantásticas. Nela, [Homero] relata as aventuras de Odisseu após a Guerra de Troia. Durante dez anos o herói 
tenta retornar a Ítaca, seu reino, onde o aguardam ansiosos, o pai Laerte, a esposa Penélope e o filho Telêmaco; 
numerosas aventuras, porém, retardam sua volta. Em Ítaca, a esposa (Penélope) e o filho (Telêmaco) são 
constantemente pressionados por pretendentes ao trono e à esposa de Odisseu, tido como desaparecido. 
 O poema começa no vigésimo ano de sua partida para Troia (dez anos de guerra, mais dez anos de 
viagens), e as aventuras dos anos anteriores são contadas pelo próprio Odisseu. No final, é claro, Odisseu 
consegue retornar ao lar e à família, matar todos os pretendentes e recuperar seu reino. 
 
A POESIA LÍRICA 
 
 Esta forma literária nasceu da fusão do poema épico com o instrumento que a acompanhava, a lira. As 
formas foram então se diversificando; variedades e novas técnicas surgiram, como: a ode, a elegia, os epitáfios, 
as canções, as baladas e outras mais que se desenvolveriam posteriormente como o soneto e o madrigal. 
A primeira característica da poesia lírica é a maior liberdade quanto ao número de sílabas dos versos. 
Ela também foi de grande influência sobre a poesia dramática, que se apresentava com duplo caráter: épico e 
lírico (objetivo/subjetivo). 
 
HESÍODO 
 
 Hesíodo (gr. 'HσÍοδος) é o mais antigo poeta grego no início do Período Arcaico. A sua obra poética 
pode ser considerada como poesia épica. Na Antiguidade, Hesíodo era tão considerado quanto Homero. 
 Através de “Os Trabalhos e os Dias”, sabe-se que ele viveu em Ascra, na Beócia, no final do século - VIII 
ou início do século - VII (c. -700), período de crise agrícola e social. Filho de um imigrante de Cime, na Ásia 
Menor, que se tornou agricultor e vivia com dificuldade em uma pequena propriedade rural próxima do Monte 
Hélicon. 
 A exemplo do pai, Hesíodo viveu de sua pequena propriedade rural, mas parece ter recebido 
treinamento de rapsodo e, certamente, conhecia os poemas homéricos. Como os poemas homéricos, sua obra 
parece ser uma coletânea de mitos e tradições conservados oralmente — no caso, tradições da Beócia, região 
em que viveu. Hesíodo foi, no entanto, o primeiro a utilizar suas próprias experiências como tema de poesia e a 
cantar a vida simples do homem do campo. 
 Rapsodo (em grego clássico ραψῳδός / rhapsôidós) é o nome dado a um artista popular ou cantor que, 
na antiga Grécia, ia de cidade em cidade recitando poemas (principalmente epopeias). 
 
AS CARACTERÍSTICAS DA POESIA ÉPICA LATINA 
VIRGÍLIO 
 
 Uma epopeia por encomenda 
 Bucólicas (poema pastoril) e Geórgicas (poema agrícola) haviam dado fama a Virgílio. Por isso, o 
imperador Augusto encomendou-lhe a composição de um poema épico que cantasse a glória e o poder de 
Roma. Um poema que rivalizasse e, quiçá, superasse Homero, e também que cantasse, indiretamente, a 
grandeza de César Augusto. 
 Assim, Virgílio elaborou um trabalho que, além de labor linguístico e conteúdo poético, é também 
propaganda política. 
 ENEIDA 
 Muitos dos episódios na Eneida, que narra um tempo mitico, têm uma correspondência síncrona com a 
atualidade de Augusto. 
 Por exemplo, o escudo de Eneias, simbolizando a batalha do Ácio, quando Otávio 
Augusto derrotou Marco Antônio em 36 a.C. e a previsão de Anquises, no Hades, sobre as glórias de Marcelo, 
filho de Otávia, irmã do imperador. 
 Virgílio concluiu a Eneida em 19 a.C.. A obra está completa mas não está ainda prontasegundo o seu 
criador. Virgílio gostaria ainda de visitar os Lugares que aparecem no poema e revisar os versos dos cantos 
finais. Mas adoeceu e, às portas da morte, pediu a dois amigos que queimassem a obra por não estar ainda 
perfeita. 
 O grande poema, já conhecido de alguns amigos coevos, não foi destruído para nossa felicidade e 
fortuna literária. Sem a epopeia virgiliana, não haveria Orlando Furioso, O Paraíso Perdido, Os Lusíadas, dentre 
outros grandes clássicos da literatura mundial. 
 Composta por 12 cantos, num total de 9826 versos, a Eneida, a maior obra do poeta Virgílio (Publius 
Virgilius Maro, 70-19 a.C.) é considerada, simultaneamente, uma obra de tom mitológico e histórico. 
 Mitológico, porque narra a história do herói Eneias, utilizando-se de lendas tradicionais do povo 
romano. Histórico, porque utiliza este argumento para exaltar Roma e Augusto, procurando valorizar tanto os 
feitos do imperador quanto os feitos mais remotos do seu povo. 
 Desta forma, o poeta conseguiu realizar a tarefa que Augusto lhe incumbira, compondo a epopeia latina 
por excelência, capaz de equiparar-se à Ilíada e à Odisseia, consagradas epopeias homéricas. 
 Todavia, esta não era a única preocupação da Eneida: Virgílio procurou retratar, também, os valores e 
virtudes que fundamentavam a sociedade latina, fazendo, assim, uma síntese das correntes de pensamento em 
difusão em Roma, e as práticas religiosas que prevaleceram de 44 a.C. a 14 d. C., época de Augusto, considerada 
a de maior prosperidade para a religião romana. 
 
A POESIA TRÁGICA GREGA 
A POESIA LÍRICA NA GRÉCIA ANTIGA 
 
 A poesia lírica foi a expressão literária mais marcante do Período Arcaico, ligada diretamente ao 
desenvolvimento social da pólis e ao florescimento cultural que acompanhou o processo de migração grega 
para a Ásia Ocidental e para as ilhas do Egeu. 
 A qualificação "lírica", usada até hoje, foi criada durante o Período Helenístico; na época clássica era 
correntemente usada a palavra "mélica" (gr. μελικn), que vem de μελος, "canto acompanhado de música", de 
onde se formou a palavra portuguesa melodia. 
 Recorria-se também com frequência à palavra "ode" (gr. wιδn), que significa canto. Havia dois tipos 
principais: a lírica monódica, declamada em geral pelo próprio poeta acompanhado pela música de um só 
instrumento (a lira, por exemplo); e a lírica coral, apresentada por um coro, com ou sem acompanhamento 
musical. 
 Os mais importantes viveram entre a primeira metade do século -VII e a primeira metade do século -V, 
nas primeiras décadas do Período Clássico. Segundo os eruditos alexandrinos, havia um cânone de nove poetas 
líricos, cujos nomes foram conservados pela Antologia Palatina (AP 9.571): 
 
 
 Muitos outros poetas importantes têm sido estudados e divulgados nos últimos anos, graças a 
descobertas papirológicas. Com exceção das odes triunfais de Píndaro e de Baquílides, no entanto, somente uns 
poucos poemas completos e outros tantos fragmentos chegaram até nós. 
 
A ELEGIA 
 
 
 É uma das formas mais antigas. Conservou fortes ligações com a poesia épica, sua antecessora, e deve 
ter sido em sua origem um canto litúrgico acompanhado de música para, entre outras coisas, enterros e 
banquetes fúnebres. O metro utilizado era o dístico elegíaco. Havia vários tipos de poesia elegíaca: 
 
 O declamador era, em geral, acompanhado por um tocador de aulos. Entre os principais representantes 
estão Calino de Éfeso, Tirteu de Esparta, Mimnermo de Cólofon, Sólon de Atenas e Teógnis de Mégara. 
 
O IAMBO 
 
 A poesia iâmbica é também bastante antiga e se caracterizava pelo tom pessoal, pela alegria de viver e 
pela sátira, o que a distancia significativamente da poesia épica. O acompanhamento habitual era também o 
aulos; esse gênero, no entanto, nem sempre era apresentado com acompanhamento musical. 
 O metro mais usado era o trímetro iâmbico, embora nas sátiras em geral também se usasse o dístico 
elegíaco com certa frequência. Principais representantes: Arquíloco de Paros, Semônides de Amorgos e Hipônax 
de Éfeso. O mais antigo e o mais considerado pelos antigos foi Arquíloco. 
 
A CANÇÃO 
 
 A poesia cantada com acompanhamento musical, também conhecida por ode ligeira e mélica, muitas 
vezes se confunde com a própria denominação genérica "lírica monódica". 
 Os poetas mélicos cantavam principalmente o amor e os prazeres da vida e, além de cantar, tocavam 
geralmente também o bárbitos, instrumento semelhante à lira, mas com sete cordas ao invés de quatro. 
 A métrica desses poemas era muito variada e habitualmente característica de cada autor. Os versos 
eram agrupados em estrofes[1] e cada tipo de estrofe recebeu, em geral, o nome do poeta que a utilizava: 
sáfica (Safo de Lesbos), alcaica (Alceu de Mitilene), e anacreôntica (Anacreonte de Teos). 
 
ELEMENTOS ESSENCIAIS DA TRAGÉDIA GREGA 
 
 HIBRIS - Sentimento que conduz os heróis da tragédia à violação da ordem estabelecida através de uma 
ação ou comportamento que se assume como um desafio aos poderes instituídos (leis dos deuses, leis da 
cidade, leis da família, leis da natureza). 
 PATHOS - Sofrimento, progressivo, do(s) protagonista(s), imposto pelo Destino (Anankê) e executado 
pelas Parcas (Cloto, que presidia ao nascimento e sustinha o fuso na mão; Láquesis, que fiava os dias da vida e 
os seus acontecimentos; Átropos, a mais velha das três irmãs, que, com a sua tesoura fatal, cortava o fio da 
vida), como consequência da sua ousadia. 
 ÁGON - Conflito (a alma da tragédia) que decorre da hybris desencadeada pelo(s) protagonista(s) e que 
se manifesta na luta contra os que zelam pela ordem estabelecida. 
 ANANKÉ - É o Destino. Preside às Parcas e encontra-se acima dos próprios deuses, aos quais não é 
permitido desobedecer-lhe. 
 PERIPÉCIA - Segundo Aristóteles, "Peripécia é a mutação dos sucessos no contrário". Assim, poderemos 
considerar um acontecimento imprevisível que altera o normal rumo dos acontecimentos da ação dramática, ao 
contrário do que a situação até então poderia fazer esperar. 
 ANAGNÓRISE (RECONHECIMENTO) - Segundo Aristóteles, "o reconhecimento, como indica o próprio 
significado da palavra, é a passagem do ignorar ao conhecer, que se faz para a amizade ou inimizade das 
personagens que estão destinadas para a dita ou a desdita." Aristóteles acrescenta: "A mais bela de todas as 
formas de reconhecimento é a que se dá juntamente com a peripécia, como, por exemplo, no Édipo." O 
reconhecimento pode ser a constatação de acontecimentos acidentais, trágicos, mas, quase sempre, se traduz 
na identificação de uma nova personagem, como acontece com a figura do Romeiro no Frei Luís de Sousa. 
 CATÁSTROFE - Desenlace trágico, que deve ser indiciado desde o início, uma vez que resulta do conflito 
entre a hybris (desafio da personagem) e a anankê (destino), conflito que se desenvolve num crescendo de 
sofrimento (pathos) até ao clímax (ponto culminante). Segundo Aristóteles, a catástrofe "é uma ação perniciosa 
e dolorosa, como o são as mortes em cena, as dores veementes, os ferimentos e mais casos semelhantes." 
 KATHARSIS - Purificação das emoções e paixões (idênticas às das personagens), efeito que se pretende 
da tragédia, através do terror (phobos) e da piedade (eleos) que deve provocar nos espectadores. 
 
TRAGÉDIA 
 
 A tragédia, a mais antiga obra literária representada por atores em espaço especializado, o teatro, é um 
dos mais importantes gêneros literários legados pela Grécia Antiga. Do século -IV em diante, a tragédia entrou 
em franco declínio e só iria recuperar parte de seu antigo esplendor dois milênios depois - mas as obras de 
Shakespeare (1564/1616), de Racine (1639/1699) e de outros autores são, na realidade, formas evoluídas da 
tragédia. 
“Ter inventado a tragédia é um glorioso mérito, e esse mérito pertence aos gregos”. 
(ROMILLY, 1998) 
 
 O gênero trágico, em suaforma mais pura, só subsiste na obra dos três grandes poetas atenienses: 
 Ésquilo (-525/-456) 
 Sófocles (-496/-405) 
 Eurípides (-485/-406) 
 Das oitenta tragédias compostas por Ésquilo restam-nos, desgraçadamente, apenas sete; das cento e 
vinte de Sófocles, temos igualmente apenas sete; dentre as oitenta obras dramáticas de Eurípides, somente 
dezessete tragédias e um drama satírico sobreviveram. 
 
OS GRANDES TRAGIÓGRAFOS GREGOS 
 
 “Ésquilo foi o primeiro a elevar de um para dois o número dos atores; diminuiu a importância do coro e 
fez do diálogo protagonista” 
 
(ARISTÓTELES, PO. 1449 A.15) 
 
 O mais antigo dos poetas trágicos cuja obra chegou até nossos dias. Aristóteles sustentava que foi ele o 
verdadeiro criador da tragédia ática e, para os atenienses, era uma verdadeira instituição. 
 Embora somente tragédias inéditas fossem habitualmente admitidas nos festivais de Atenas, depois da 
morte de Ésquilo suas obras eram frequentemente reapresentadas — às custas da cidade — e chegaram a ser 
premiadas várias vezes nos concursos. 
 As mais importantes fontes de informações sobre a vida de Ésquilo são a ‘Vita anônima’. Sabe-se de 
certo apenas que nasceu em -525 em Elêusis, perto de Atenas, e que morreu em -456 na Sicília, em Gela. 
 Era provavelmente de família aristocrática e seu pai chamava-se Eufórion. Segundo a tradição, lutou 
contra os persas em Maratona (-490) e em Salamina (-480). 
 Já em vida, seu prestígio era grande. A tradição registra pelo menos duas e talvez três viagens à Sicília, 
sede de algumas das mais poderosas poles da época, para apresentar suas peças: a primeira em -476/-475, a 
segunda provavelmente entre -471 e -456 e, com certeza, lá estava ele em -456, quando morreu. 
 Seu túmulo tornou-se local de peregrinação e, em meados do século -IV, uma estátua sua foi colocada 
no centro do teatro de Dioniso, em Atenas. 
 Ésquilo reduziu a primitiva importância do coro e acrescentou um segundo ator, tornando possível o 
diálogo entre os personagens e a ação dramática. É provável que tenha também introduzido aperfeiçoamentos 
no vestuário e nos cenários, a julgar pela dificuldade técnica de algumas de suas encenações. 
 Em As Rãs, comédia representada em -405, Aristófanes compara Ésquilo e Eurípides, com vantagem 
para o primeiro. Apesar do tom jocoso, várias características da obra esquiliana são reconhecidas e 
mencionadas. É um raro testemunho da impressão que o poeta causou naqueles que viveram (quase) em sua 
época. 
 
SÓFOCLES 
 
 Sófocles, o segundo dos poetas trágicos canônicos, foi ainda em vida o mais bem sucedido autor de 
tragédias do século -V. Consta que obteve o maior número de vitórias nos concursos dramáticos de Atenas. 
 Os atenienses veneravam Ésquilo e compreendiam apenas em parte Eurípides; mas amavam Sófocles 
apaixonadamente. 
 Desde sua primeira vitória, aos 28 anos, Sófocles foi festejado e homenageado como o maior dos poetas 
trágicos. De acordo com a tradição biográfica, participou ativamente da vida pública de Atenas. 
 Nasceu perto de Atenas, em Colono, por volta de -496; era de família abastada, mas não aristocrática; o 
pai chamava-se Sófilos. Viveu sempre em Atenas e lá morreu, nonagenário, em -406/-405. 
 Era bem apessoado e afável; consta que foi amigo de Péricles e de Heródoto e que Íofon, seu filho, e 
Áriston, seu neto, foram tragediógrafos de renome. Diz-se que, meses antes de sua morte, ao saber que 
Eurípides morrera, vestiu o coro de preto e, em lágrimas, deu ao público a notícia. 
 
CARACTERÍSTICAS DA OBRA 
 
 A poesia de Sófocles é simples e elegante, nobre mas sem pompa; algumas das mais belas linhas da 
poesia grega são de sua autoria. 
 O personagem sofocliano é um ser humano ideal, dotado dos mais elevados atributos humanos. Seu 
caráter, habilmente delineado pelo poeta, frequentemente contrasta com o de outros personagens. Como se 
costuma dizer, ao teocentrismo de Ésquilo opunha-se o antropocentrismo de Sófocles. 
 Das tragédias sobreviventes, apenas o Filoctetes pôde ser datado com precisão. Note-se que Édipo 
Tirano é mais conhecida pela tradução incorreta, Édipo Rei. 
 Édipo Rei (mais corretamente: Édipo Tirano) — de Sófocles é, entre nós, a mais célebre e a mais 
representada das tragédias gregas. Tanto o filósofo Aristóteles, na Antiguidade, quanto os dramaturgos 
franceses do século XVII consideravam-na a mais bem construída das tragédias gregas. 
 A data exata desta tragédia de 1530 versos não é conhecida; estima-se a primeira apresentação entre -
429 e -425. Sabe-se que Sófocles foi contemplado em segundo lugar no concurso dramático e que o primeiro 
lugar coube a um certo Filocles, possivelmente sobrinho de Ésquilo. 
 Na poderosa cidade de Tebas reinavam Édipo, o matador da Esfinge, e a rainha Jocasta. Diante de uma 
grave epidemia, o rei consulta o Oráculo de Delfos e descobre que a causa da peste é a presença na cidade do 
desconhecido assassino de Laio, rei anterior e primeiro marido de Jocasta. 
 Ao investigar a morte do antigo rei, ocorrida anos antes, Édipo acaba descobrindo que Laio era seu pai; 
que ele, Édipo, o havia matado e que estava, portanto, casado com a própria mãe. Jocasta, desesperada, se 
mata; Édipo cega a si mesmo e parte para o exílio. 
 
MEDEIA 
 
 A tragédia Medeia foi representada pela primeira vez nas Dionísias Urbanas de -431, ano em que 
começou a Guerra do Peloponeso. Nesta tragédia, Eurípides nos transmitiu um dos mais interessantes e mais 
emocionantes retratos das forças antagônicas que governam a alma humana. 
 Medeia, a personagem principal, luta com todas as forças e todas as armas contra as adversidades que a 
acometem. Jasão e Medeia, expulsos de Iolco após a morte de Pélias, vivem agora em Corinto com seus dois 
filhos. 
 O rei de Corinto, Creonte, convence Jasão a abandonar Medeia e se casar com sua filha; para tanto, 
expulsa Medeia e os dois filhos da cidade. Egeu, rei de Atenas, concede asilo a Medeia, mas a feiticeira decide 
se vingar de Jasão. Primeiro, através de um ardil, mata Creonte e a filha dele; a seguir, mata os próprios filhos e 
foge, finalmente, em um carro alado cedido pelo deus Hélio, seu avô. 
 
A IMITAÇÃO TRÁGICA 
 
 J.P. Vernant, em seus estudos sobre tragédia, diz que seu domínio próprio: “situa-se nessa zona 
fronteiriça em que os atos humanos articulam-se com as potências divinas... pode bem continuar a escrever 
peças, inventando ele mesmo a trama segundo um modelo que crê conforme às obras de seus grandes 
predecessores...” , mas não haverá mais o especificamente trágico após essa época. 
 No século III a.C, Aristóteles, na Poética, texto cuja intenção é expor a essência da tragédia, irá defini-la 
como uma arte (téchne) entre muitas outras, e sendo a arte, imitação (mímesis), diz: “... A tragédia é imitação 
de uma ação nobre e completa (práxeos spoudaías kaì teleías) tendo uma certa grandeza (mégethos)... 
 A imitação de uma ação é mito (mýthos). Nomeio mito (mýthos) a síntese de ações (sýnthesin tôn 
pragmáton); nomeio caráter (éthe) as ações que permitem que qualifiquemos aqueles que agem; e afinal, digo 
que pensamento (diánoian) é o que nas palavras ditas traz um exposto ou exprime um conhecimento 
(gnómen)...”. 
 A palavra teatro tem derivação dos verbos theatrídzo (expor para todos verem, daí, expor em cena) e 
theáomai (contemplar). O substantivo theatós significa o que é visível, digno de ser contemplado. 
 
AULA 4 – OS MESTRES DA FILOSOFIA ANTIGA 
PLATÃO E ARISTÓTELES 
 
 Nesta aula, estudaremos as condições da aparição do pensamento filosófico de Platão e o Mundo das 
Ideias, de Aristóteles, de Epicuro e o Estoicismo, terminando com as tendências ecléticas de Marco Túlio Cícero. 
 
 Filosofia é uma forma de saber que até hoje influencia a maneira de pensar e agir nas culturas 
contemporâneas. 
 
A FILOSOFIA GREGA 
 
 Na Grécia antiga, em tomo do século VI a.C, nascia uma forma depensar e agir que modificou a história 
da humanidade. Trata-se da filosofia grega, originária em Atenas, em contraste com o ‘pensamento mítico’ e 
suas ‘explicações’ do universo cósmico e social na Grécia antiga, até então, regras para a convivência social na 
sociedade arcaica. 
 Neste sentido, a Filosofia representa a causa das profundas mudanças sociais ocorridas em 
consequência de sua recepção pela sociedade grega, mas ao mesmo tempo, é a consequência de processos 
sociais e culturais, verdadeiras metamorfoses na mentalidade grega que abandonava definitivamente a fase 
arcaica. 
 Então, como explicar o surgimento e a função do pensamento filosófico? 
 Quais foram as relações entre o pensamento racional e o mítico? 
 “Uma sociedade é um sistema de relações entre homens, atividades práticas que se organizam no plano 
da produção, da troca, do consumo, em primeiro lugar, e depois em todos os outros níveis e em todos os outros 
setores. E na concretude de sua existência, os homens também se definem pela rede de práticas que os ligam 
uns aos outros e da qual eles aparecem, em cada momento da história, ao mesmo tempo como autores e como 
produtos”. (VERNANT, 2002, p.54). 
 Entre os estudiosos deste fenômeno está Jean-Pierre Vernant (1914-2007). Ele enfatizou em seus 
estudos a questão das condições históricas que possibilitaram o nascimento da Filosofia; este ‘milagre’ 
evolutivo, um fenômeno ímpar entre as sociedades antigas: 
 Além disso, ele irá influenciar o pensamento moderno, convencido erroneamente de que o pensamento 
filosófico fora a derrocada do mito e da religião na sociedade grega. 
 Vernant iniciou suas pesquisas sobre a antiguidade grega buscando reformular as bases sobre quais 
eram colocadas a questão sobre a emergência do pensamento racional no âmbito da cultura grega antiga. 
 Até então, ela era colocada sobre o signo do “milagre grego”, no qual a irrupção do pensamento 
racional era vista como manifestação da genialidade, sendo expressão do espírito, de uma capacidade 
completamente nova que não possuiria pontos de contato com a materialidade religiosa, mítica, pré-lógica que 
a teria antecedido. A ideia de milagre reforçava a concepção de mudança abrupta que não guardaria relações 
com as condições sociais, econômicas e políticas. 
 Assim, o milagre grego não seria a contrapartida de condições sociais objetivas, mas um fenômeno 
vindo de fora das relações sociais concretas. Era a racionalidade grega vista como manifestação de um espírito 
absoluto, existente fora da história, de suas lutas reais e concretas, que se manifestava pelos homens e não 
como uma criação sua. 
 Foi essa explicação a-histórica da irrupção do racionalismo grego que Vernant buscou reformular em 
seu trabalho “As Origens do Pensamento Grego”, pois para ele a história do espírito não seria uma história 
puramente individual, nem uma história no ar: ela teria raízes na vida material e social dos homens, excluindo 
tanto o acaso quanto a predestinação. 
 Segundo Vernant. a racionalidade grega, como se manifestou no período clássico, não poderia ser 
tomada como obra de um ‘espírito metafísico’ e ‘a-histórico’ que existisse fora das relações humanas, mas sim 
como uma obra humana. 
 
PERIODIZAÇÃO DA FILOSOFIA GREGA NA ANTIGUIDADE 
 
 Neste sentido, a Filosofia como forma de pensamento histórico pode ser objeto de uma investigação 
material, em forma de cronologia, que estabeleça os passos de seu desenvolvimento e seus principais atores: os 
filósofos. 
 
1º PERÍODO: PRÉ-SOCRÁTICO 
 
 O primeiro período (-600/-400) é marcado pela reflexão sobre a estrutura do mundo natural pelo 
desenvolvimento da argumentação filosófica. Ou cosmologia (cosmos = mundo racionalizado, a natureza 
entendida como conjunto de leis que regem a realidade. Sua interpretação através dos fenômenos ‘naturais’ é 
chamada de Filosofia do mundo ou ciência do mundo). 
 
 A reflexão sobre a origem e a organização do universo é denominada Cosmologia (do gr. κoσμος, 
"ordem"). 
 Os filósofos pré-socráticos, os mais antigos pensadores a lidar com esse tema, procuravam um princípio 
lógico e racional que explicasse como a s coisas surgem e desaparecem ciclicamente enquanto a Natureza 
permanece a mesma, e acreditavam que esse "elemento" atuava tanto no mundo físico como nos seres 
humanos. 
 
A COSMOLOGIA E CIVILIZAÇÃO GREGAS 
 
 Os gregos antigos começaram a desenvolver o ‘método científico’ de investigação. A ciência passou a ter 
uma forte conotação experimental e o cientista passou a ser um investigador. 
 Como vimos anteriormente, por Vernant, vários fatores culturais e históricos específicos presentes na 
civilização grega permitiram que o método científico pudesse se instalar entre os filósofos da Grécia antiga. 
 Podemos destacar alguns destes fatores: 
 A estrutura da ‘ecclesia’ que permitia um ‘Fórum’ Social de franca discussão. 
 Economia marítima desenvolvida pelos gregos evitava o isolamento e o provincianismo o tempo 
todo, assim a sociedade grega dispunha de influências multiculturais. 
 A difusão da língua grega que propiciava aos eruditos e cientistas gregos grande circulação pelo 
mundo ao redor. 
 Embora a filosofia tenha nascido e se desenvolvido nas prósperas ‘Poleis’ (Cidades-Estado), localizadas 
fora do continente grego, o mais importante personagem da Filosofia Grega foi o ateniense Sócrates (469/-399). 
 Ele foi contemporâneo do político Péricles, do poeta trágico Eurípides e do médico Hipócrates de Cós. 
 Sua contribuição à Filosofia foi tão importante que é costume dividir historicamente os pensadores 
gregos em "pré-socráticos" e "pós-socráticos". 
 Seguem-se os filósofos pré-socráticos mais destacados: 
 
 OS PITAGÓRICOS: 
 
 Por ter sido um filósofo da fase não escrita da história da Filosofia grega, Pitágoras e seus seguidores, os 
pitagóricos, estão envolvidos em tamanha quantidade de lendas que é muito difícil separar a realidade do mito. 
 O PENTAGRAMA ERA O SÍMBOLO DA ESCOLA PITAGÓRICA. 
 Independentemente de provarmos ou não a sua existência histórica, destaca-se a importância do 
"pitagorismo": A doutrina desenvolvida no final do século VI constituída por um complexo amálgama de 
números, matemática e música, misticismo e cosmologia, e ética. 
 Nome: Pitágoras de Samos 
 Nasceu: no V° século a.C o "mais hábil filósofo grego" (Hdt. 4.95), é considerado o fundador do 
pitagorismo. 
 Cidade natal: Pitágoras nasceu c. -570 em Samos, no litoral da Ásia Menor; seu pai era Mnesarco, um 
mercador fenício, e sua mãe era samiana. 
 Discípulo: de Ferécides de Siros (D.L. 1.118), de acordo com Diógenes Laércio. 
 Vida: Consta, finalmente, que emigrou entre -540 e -522 para a cidade de Crotona, na península italiana, 
por discordar da tirania de Polícrates. 
 Dedicação: Dedicou-se também à matemática e à teoria musical. 
 Morreu: No fim da vida, desentendimentos políticos obrigaram-no a emigrar para Metaponto, ao norte 
de Crotona, onde morreu por volta de -495. 
 
A CONFRARIA PITAGÓRICA 
 
 Ele criou uma confraria ou irmandade em Crotona que reunia cerca de trezentos jovens, que viviam 
separadamente dos outros cidadãos e mantinham os bens em comum. A irmandade era aparentemente um 
"clube" de pessoas que cultivavam um estilo de vida particular e exclusivo, com seus rituais e segredos. 
 Exercícios físicos, música e estudos referentes à teoria musical e à matemática, assim como sua 
aplicação à natureza do Universo, aparentemente também faziam parte do "currículo". 
 Atribuía-se aos números um significado místico e, para eles, a τετρακτύς, "número quaternário" (o 
número 10, formado pela adição dos quatro primeiros números: 1+2+3+4) era o fundamento de todas as coisas. 
 
 A despeito de algumas oposições nem sempre pacíficas, os discípulos e seguidores de Pitágoras 
continuaram difundindo sua doutrina e desenvolvendo atividades políticas em várias cidades do sul da Itália

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