Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Primeira Prova - Integrac¸a˜o Semestre 2018/2 - Prof. Ricardo M. S. Rosa 30 de outubro de 2018 Obs: Sejam claros nas suas repostas e fac¸am as devidas justificativas. Boa sorte! 1.a Questa˜o: Considere a medida de Lebesguem e a sequeˆncia (En)n2N dos conjuntos En = 2n�1�1[ j=0 2j 2n , 2j + 1 2n � . (1) Determine explicitamente o conjunto lim infn!1En. lim infn!1En = {0}. (2) Determine explicitamente o conjunto lim supn!1En. lim supn!1En = [0, 1). (3) Dado um intervalo [a, b] com 0 a < b 1, mostre que lim n!1 m([a, b] \ En) = b� a 2 . Considere n 2 N tal que 2nb > 1. Sejam j1 o menor inteiro tal que j1 � 2n�1a e j2 o maior inteiro tal que j2 2n�1b+1/2, de modo que 2(j1� 1)/2n < a 2j1/2n e (2j2 � 1)/2n b < (2j2 + 1)/2n. Assim,[ j1jj2�1 2j 2n , 2j + 1 2n � ⇢ [a, b] \ En ⇢ [ j1�1jj2 2j 2n , 2j + 1 2n � , o que nos da´ b� a 2 � 3 2n+1 < j2 � j1 2n m([a, b] \ En) j2 � j1 + 2 2n b� a 2 + 5 2n+1 . Portanto, limn!1m([a, b] \ En) = (b� a)/2. (4) Dado um conjunto mensura´vel A ⇢ [0, 1] qualquer, mostre que lim n!1 m(A \ En) = 1 2 m(A). Como m(A) e´ finito, dado " > 0, existe um nu´mero finito de intervalos dis- juntos Qj = [aj, bj] ⇢ [0, 1], j = 1, . . . , J , satisfazendo m(A4 F ) < ", onde F = [jQj e A4 F e´ a diferenc¸a sime´trica entre A e F . Pelo item anterior, para cada j, existe Nj tal que |m(Qj \ En)�m(Qj)/2| "/J . Usando que |m(A)�m(F )| m(F 4 A) < " e |m(A \ En)�m(F \ En)| m(F 4 A) < " 2 obtemos |m(A \ En)� 1 2 m(A)| 3" 2 + JX j=1 ����m(Qj \ En)� 12m(Qj) ���� 5"2 , para n � N = maxj Nj. Como " > 0 e´ arbitra´rio, obtemos limn!1m(A \ En) = m(A)/2. 2.a Questa˜o: Dada uma func¸a˜o real f definida no intervalo [0, 1], considere a func¸a˜o f ? definida por f ?(x) = sup xy1 f(y), 8x 2 [0, 1]. (1) Mostre que se ('n)n2N e´ uma sequeˆncia de func¸o˜es definidas em [0, 1] que converge pontualmente para f e 'n(x) f(x), para todo x 2 [0, 1] e todo n 2 N, enta˜o a sequeˆncia ('?n)n2N converge pontualmente para f ?. Para cada x 2 [0, 1], como ' f em todos os pontos de [0, 1], temos '?n(x) = supxy1 '(x) supxy1 f(x) f ?(x). Por outro lado, dado " > 0, existe y0, x y0 1 tal que f(y0) > f ?(x) � "/2. Como 'n(y0) converge para f(y0), obtemos 'n(y0) > f(y0) � "/2 > f ?(x) � ", para n suficientemente grande. Portanto, f ?(x) � '?n(x) = supxy1 'n(y) � 'n(y0) > f ?(x) � ", para n suficientemente grande. Como " > 0 e´ arbitra´rio, isso implica em limn!1 '?n(x) = f ?(x), para todo x 2 [0, 1]. (2) Mostre que se ' e´ uma func¸a˜o simples em [0, 1], enta˜o '? e´ uma func¸a˜o escada. Seja ' = PJ j=1 aj�Ej , onde aj 2 R e os conjuntos Ej sa˜o Lebesgue men- sura´veis e disjuntos. Para cada j, seja bj = supEj, com b0 = 0. Sem perda de generalidade, podemos reordenar os conjuntos de tal forma que 0 = b0 b1 · bJ 1. Dessa forma, obtemos '? = PJ j=1 cj�Ij , onde cj = max{0, aj, . . . , aJ} e cada Ij e´ um intervalo com extremos bj�1 e bj, sendo aberto ou fechado a` esquerda ou a` direita dependendo de bj�1 na˜o per- tencer ou pertencer a Ej�1 e de bj pertencer ou na˜o a Ej, respectivamente. Outra maneira e´ escrever '(x) = PJ j=1 aj�Ej com 0 < aj < . . . < aJ e EJ ⇢ . . . ⇢ E1, J 2 N. Nesse caso, '?(x) = PJ j=1 cj�Ij , onde cj = max{0, aj} e Ij = [0, bj), se bj = supEj com bj /2 Ej ou Ij = [0, bj], se bj = maxEj. (3) Mostre que se f e´ mensura´vel e na˜o-negativa, enta˜o f ? tambe´m e´ mensura´vel. Sendo f mensura´vel e na˜o-negativa, existe uma sequeˆncia de func¸o˜es simples 'n que converge para f pontualmente e com 0 'n f . Segue, enta˜o, que '?n ! f ? pontualmente. Ale´m disso, como 'n e´ simples, temos '?n escada, por- tanto mensura´vel. Logo, f ?, sendo o limite pontual de func¸o˜es mensura´veis, tambe´m e´ mensura´vel. 3 (4) Deˆ um exemplo de uma func¸a˜o real f em [0, 1] e de uma sequeˆncia ('n)n2N de func¸o˜es reais em [0, 1] tais que a sequeˆncia converge pontualmente para f mas ('?n)n2N na˜o converge para f ? em um conjunto de medida positiva. Por exemplo, f(x) = 0 e 'n(x) = max{0, 1� n|x� 1 + 1/n|}, para x 2 [0, 1], de forma que '?n ! �[0,1), pontualmente, enquanto que f ? ⌘ 0. 3.a Questa˜o: Seja E ⇢ [0, 1] um subconjunto mensura´vel em relac¸a˜o a` medida de Lebesguem em R e seja a > 0. Considere a func¸a˜o f dada por f(t) = m(E\[t, t+a]), para todo t 2 [0, 1]. (1) Mostre que f e´ absolutamente cont´ınua em [0, 1]. Para todo 0 < h < a e t 2 [0, 1], temos E \ [t+ h, t+ h+ a] = (E \ [t+ h, t+ a)) [ (E \ [t+ a, t+ h+ a]) = ((E \ [t, t+ a)) \ (E \ [t, t+ h)) [ (E \ [t+ a, t+ h+ a]), de modo que f(t+ h) = f(t)�m(E \ [t, t+ h)) +m(E \ [t+ a, t+ h+ a]) Logo, |f(t+ h� f(t)| max{m(E \ [t, t+ h)),m(E \ [t+ a, t+ h+ a])} h, mostrando que f e´ Lipschitz cont´ınua, portanto absolutamente cont´ınua. (2) Escreve uma decomposic¸a˜o de f da forma f = g � h onde g e h sa˜o na˜o- decrescentes. f(t) = m(E \ [t, t+ a]) = m(E \ [0, t+ a])�m(E \ [0, t]) = g(t)� h(t), onde g(t) = m(E \ [0, t+ a]) e h(t) = m(E \ [0, t]). (3) Mostre que f 0 = �E�a � �E quase sempre, onde �E�a e �E sa˜o as func¸o˜es caracter´ısticas dos respectivos conjuntos E � a = {t� a; t 2 E} e E. Temos, usando, em particular, a invariaˆncia da medida de Lebesgue por translac¸o˜es, que f(t) = m(E \ [t, t+ a]) = m((E \ [0, t+ a]) \ (E \ [0, t)) = m(E \ [0, t+ a])�m(E \ [0, t)) = m(E \ [0, a]) +m(E \ [a, t+ a])�m(E \ [0, t]) = m(E \ [0, a]) +m((E � a) \ [0, t])�m(E \ [0, t]) = f(0) + Z t 0 (�E�a(s)� �E(s)) dm(s). Como �E�a � �E e´ integra´vel, segue, novamente, que f e´ absolutamente cont´ınua e, pelo Teorema da Diferenciac¸a˜o de Lebesgue, que f 0 = �E�a � �E quase sempre. Observe que, em relac¸a˜o a` decomposic¸a˜o f = g � h no item anterior, temos g(t) = f(0) + R t 0 �E�a(s) dm(s) e h(t) = R t 0 �E(s) dm(s).
Compartilhar