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Departamento de Microbiologia e Parasitologia Instituto Biomédico Universidade Federal Fluminense Prof Rafael B. Varella Hepatite Definição: “inflamação do fígado que pode ter diferentes causas.” “séricas” HEPATITES VIRAIS Entericamente transmissíveis Parenteralmente transmissíveis E NANB B D Etiologia das Hepatites Virais GBV-C, TT, SEN, outras??? Década 70 90 C A Os vírus das hepatites Transmissão entérica Vírus da hepatite A (HAV) Fam. Picornaviridae Vírus da hepatite E (HEV) Fam. Hepeviridae Transmissão parenteral Vírus da hepatite B (HBV) Fam. Hepadnaviridae Vírus da hepatite C (HCV) Fam. Flaviviridae Vírus da hepatite D (HDV) Deltaviridae PATOGENIA DAS HEPATITES - Inaparente : (50-90%) -Aparente: febre, mialgia, fadiga, náuseas, cefaléia, icterícia -Mecanismo: - Infecção dos hepatócitos disfunção hepática (lise dos hepatócitos) sinais e sintomas recuperação cronificação complicações ( icterícia, febre, níveis séricos de bilirrubina, hepatomegalia, colúria) Formas de transmissão da Hepatite A: -ingestão de água ou alimentos contaminados - mãos contaminadas - contato indireto (fômites) - parenteral (rara devido ao tempo virêmico reduzido) Hepatite A Capsídeo VPg RNA •Família: Picornaviridae •Gênero: Hepatovirus • Partículas de 27 a 32 nm •RNA fita simples (+) 7.5 Kb Epidemiologia da Hepatite A Partícula viral estável no ambiente Eliminação viral nas fezes no P.I em grandes quantidades Infecção assintomática em crianças Ampla disseminação do HAV no ambiente Condições sanitárias precárias Tropismo do vírus da hepatite A no organismo BILE FEZES AQUISIÇÃO ORAL ATRAVESSA O INTESTINO VIREMIA FÍGADO Quadro clínico • P.I: 30 dias (10-50 dias) – grande eliminação de vírus nas fezes • Fase prodrômica: (dias a semanas) – perda de apetite, fadiga, dor abdominal, náusea e vômito, febre, diarréia, acolia fecal, colúria • Fase ictérica: icterícia, febre, altos níveis séricos de bilirrubina, hepatomegalia • Fase de convalescência: remissão dos sintomas com evolução para cura (1 a 2 meses). • Icterícia por grupo etário: < 6 anos: < 10% 6 – 14 anos: 40-50% > 14 anos: 70-80% (CDC, 2006) BR: prevalencia variando entre 32 a 38% em menores de 10 anos Prevenção e controle da hepatite A • Saneamento básico • Higiene pessoal • Imunoglobulina • Vacina (15 meses de idade ou até 5 anos): Inativada Altamente imunogênica Eficácia pré e pós-exposição Virus da hepatite A (HAV) Vírus da hepatite E (HEV) Características comuns: Transmisssão pela via fecal-oral Infecção autolimitada e assintomática em boa parte dos casos Manisfestação clínica, quando presente, bastante similar Hepatite E no Brasil O Brasil é uma área de baixa endemicidade para hepatite E A infecção pelo HEV é endêmica em diversas suinoculturas no Brasil A infecção crônica pelo HEV já foi identificada em pacientes imunocomprometidos Hepatite B em números • 2 bilhões de infectados pelo HBV; • Possibilidade de evolução para a forma crônica: 350 milhões de portadores crônicos; • 1-2 milhões de óbitos/ano; • O HCC o 5o tipo mais freqüente de câncer no mundo; • 45% população mundial vive em áreas de alta prevalência do HBV (África subsaariana e Ásia). • Brasil: estimativa de 14 mi de casos Prevalência de HBsAg 8% - Alta 2-7% - Intermediário <2% - Baixa Distribuição geográfica da infecção crônica pelo HBV HBcAg HBeAg Virus da Hepatite B (HBV) HBsAg (envelope) HBcAg (core) DNA TR DNA fd parcialmente duplo + TR Capsídeo icosaédrico: HBcAg Envelope: HBsAg Genoma: 3.200 pb 4 genes sobrepostos: 7 proteínas Características físico-químicas do HBV Inativação do HBV O HBV é 100 vezes mais infeccioso do que o HIV • Hipoclorito de sódio (500mg cloro livre/L) • Autoclavação 121oC/20 min • Forno 160oC/1 h • Infecciosidade mantida à 30°C-32°C / 6 meses • Sexual (DST) • Parenteral • Vertical • Intrafamiliar Incubação de 30 a 180 dias Vias de transmissão do HBV Curso clínico da hepatite B em adultos Período de incubação: 30 a 180 dias (média de 70 dias). As suas manifestações iniciais são inespecíficas em geral, mais prolongada do que as observadas na hepatite A, com o paciente apresentando quadro semelhante a gripe, abrangendo astenia, mal estar, anorexia, náuseas e/ou vômitos e febre baixa, com duração de três a 10 dias. Prevenção e controle da hepatite B • Uso de preservativos • Triagem de sangue e órgãos • Esterilização: agulhas (piercings, tatuagens), alicates de unha • Vacinação [ao nascer e aos 2, 4 e 6 meses (com a pentavalente); irrestrito] • Tratamento: critérios virológicos e clínicos Hepatite B e Delta HBsAg HBcAg HBeAg RNAsf – (1,7kb) HDV Ag 18 mi. de casos no mundo Cerca de 5%-10% dos HBsAg+ Hepatite C Envelope Core Glicoproteinas do Envelope (E1 e E2) 55-65 nm RNA viral • Família Flaviviridae • Partícula viral esférica: 30-60 nm de diâmetro; • Genoma RNA, fita simples positiva (9.6 Kb) O vírus da Hepatite C M. E. do HCV Dados epidemiológicos: • 200 milhões de pessoas afetadas pelo HCV em todo o mundo (3,3% da população mundial) • 70%-85% apresentam infecção crônica pelo HCV • 4-20% desenvolverão cirrose em cerca de 20-40 anos • Dos casos sintomáticos, 2/3 evoluem para o HCC • Maior causa de transplante hepático no mundo • No Brasil, em doadores de sangue, a prevalência da hepatite C é de cerca de 1,2%, com diferenças regionais. • Cerca de 120mil casos diagnosticados (10 mil/ano) • No Egito, por exemplo, a prevalência chega a 15% ou mais da população Modos de Transmissão da hepatite C • Comuns • UDIs • Transfusões de sangue antes de '93 • Acidentes com agulhas • Incomuns • Tatuagens • Transmissão sexual • Transmissão perinatal • Piercing Mesmo excluídas todos os fatores de risco anteriores, a transmissão esporádica, ou sem modo conhecido, é responsável por pelo menos 12% dos casos. HCV na prática laboratorial e hospitalar • 10X mais transmissível que o HIV • Cerca de 1000 casos de transmissão ocupacional de HCV/ano • Vírus permance viável por cerca de 5 dias T.A. • Não há conduta profilática pós-exposição • Acidentes pérfuro-cortantes (78%), seguido de contato com mucosa (16,9%), contato com pela não-íntegra (3,7%) estão entre os fatores mais comuns de transmissão (Ciorlia e Zanetta, 2007) • O sangue é o material mais associado à transmissão (70,2%) História natural da Infecção pelo HCV O tempo de incubação (entre o contato com o vírus até o desenvolvimento da hepatite aguda) é de 15 a 60 dias (média de 45 a 55 dias), Tratamento Hepatite C • As terapias clássicas curavam cerca de 50% dos pacientes recém- tratados, exigindo de 6 a 12 meses de injeções associadas a efeitos colaterais. • Novos medicamentos (daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir) liberados pelo SUS em 2015 possuem menos efeitoscolaterais e maior efetividade (acima de 90%), além de serem administrados por VO. Seleção de doadores de tecido, órgão e sangue Modificação de comportamento de alto risco Precauções com material pérfuro-cortante Prevenção da Hepatite C HIV/Aids Rafael B. Varella Disciplina de Virologia UFF HIV e Aids Histórico • A Aids foi descrita como uma entidade clínica em 1981 nos EUA • Barré-Sinousi e col. em 1983 isolaram o vírus denominando-o de “vírus associado à linfadenopatia” (LAV) • Em 1986, o HIV-2 foi identificado por Clavel e col. • Em 1997 a terapia antirretroviral potente foi disponibilizada • Timothy Ray Brown, conhecido como o “Paciente de Berlim” foi o 1º caso confirmado de cura da doença em 2007 • Origem: O vírus da imunodeficiência humana • O HIV é um membro da família Retroviridae e sub-família Lentivirinae A B C D F G H J K HIV Tipo 2 Tipo 1 Grupo M Grupo O Grupo N Grupo P A-H Apenas 40% tem acesso à TARV (1% em 2000) Epidemia de HIV/Aids Segundo a OMS, profissionais do sexo feminino são 14 vezes mais propensas a adquirir o HIV do que outras mulheres, os HSH são 19 vezes mais propensos a ter o HIV do que a população em geral, e os homens transsexuais têm quase 50 vezes mais probabilidade do que os outros adultos a ter HIV. Para os usuários de drogas injetáveis, os riscos de infecção pelo HIV podem ser 50 vezes maiores do que na população em geral. 2.1 million [1.8 million–2.4 million] people became newly infected with HIV (end 2015) Cerca de 5700 infecções/dia Segundo modelagem matemática, tais percentuais poderiam eliminar a epidemia em 2030 (UNAIDS) PEP e PrEP • PEP (profilaxia pós-exposição): emergência • PrEP (profilaxia pré-exposição): pessoas de alto risco de aquisição (disponível em 2017) Após a exposição, a pessoa tem de 4 a 72 horas para iniciar o tratamento Dados do Brasil • De acordo com o novo boletim epidemiológico, cerca de 734 mil pessoas vivem com HIV e AIDS hoje no país, sendo 48 mil casos/ano. Desse total, 83% (589 mil) foram diagnosticadas • A maior concentração dos casos de aids no Brasil está entre os indivíduos com idade entre 25 a 39 anos em ambos os sexos • A taxa de detecção entre os homens é superior a das mulheres, sendo até 2,4 vezes maior para a faixa etária de 20 a 24 anos • Destaca-se o aumento da taxa em jovens de 15 a 24 anos, observando-se, entre aqueles com 15 a 19 anos, um aumento de 120,0% e entre os de 20 a 24, de 75,9%, no período de 2004 a 2013: nascidos pós anos 90 • Entre aqueles com 35 a 39 anos e 40 a 44 anos, observa-se uma tendência significativa de queda da taxa de 2004 para 2013 Transmissão • Relacionado a fatores de risco biológicos e comportamentais • Biológicos: concentração de vírus nos fluídos biológicos estágio da doença (1os 6 meses) integridade e vulnerabilidade da mucosa co-infecções outros • Comportamentais: multiplicidade de parceiros não uso de preservativos intercurso anal compartilhamento de seringas • Formas de transmissão: sexual parenteral vertical REPLICAÇÃO VIRAL • Diversas mutações genéticas são geradas durante a replicação do HIV pela Transcriptase Reversa (TR): Não existência de uma função exonuclease 3' - 5' • Paralelamente, observam-se altas taxas de recombinação e rearranjo durante a replicação, aumentando a variabilidade genética do vírus. Evolução natural da infecção por HIV - doença crônica progressiva - infecção aguda: sintomática em 50-90% dos indivíduos - Fase assintomática (fase crônico-inflamatória) - Fase sintomática/Aids ~ 70% com Aids em 10 anos ~ 20% evolução rápida ~ 1% evolução lenta (não-progressores) Imunopatogênese da infecção • Característica principal: perda progressiva do controle imunológico sobre patógenos e neoplasias • Infecção preferencial: LT CD4+ ativados • Reservatório: LT em repouso, MO, monócitos, glia, CD • Tais células podem manter populações virais mesmo na presença da TARV A TARV Antes da HAART ... depois da HAART Cura à vista? A Questão da cura funcional • "Berlin patient”: indivíduo HIV-pos que recebeu tx de medula de indivíduo CCR5∆32 CURA ESTERILIZANTE • “Mississipy baby”: criança nascida HIV-pos que, após receber terapia tripla, não apresenta sinais de infecção ativa: INFECÇÃO ATIVA AGORA • “Visconti patients”: grupo de 14/70 indivíduos que receberam TARV na infecção aguda e após 7 anos não apresentam mais sintomas. • "sustained remission that doesn't require therapy" • Resistência aos ARVs: transmitidas (6% a 16%) ou geradas ao longo da doença Por que não é possível erradicar o vírus (ainda)? • Alta taxa de mutação e recombinação viral • Alta carga viral • Manutenção do pró-vírus em reservatórios (“santuários”) de forma latente ou em replicação • Geração de poucos anticorpos neutralizantes • ?????? Tratamentos em desenvolvimento • Uso de anticorpos potentes e de amplo expectro anti-Env (3BNC117) • Uso de vacinas terapêuticas + vacinas estimulantes • Transfusão de células tronco CCR5 deficientes • Terapia “shock and kill”: drogas anti-latência + eliminação das células infectadas Mais info
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